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V e t e r i n a r i a n D o c s
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Obstetrícia
Fertilização
Maturação Oocitária
Objetivo: finalidade de preparar o oócito, ocorre no ovário no período pré ovulatório
(pico de LH).
Ex.: o ciclo estral da vaca é de 21 dias e esta passa 21 dias se preparando para
liberar um ovócito (célula feminina especializada para ser fertilizada para continuar o
desenvolvimento do embrião).
*Necessita-se que o ovócito se prepare para a fertilização e isto ocorre no ovário no
período pré-ovulatório, depois haverá pico de LH, reinício da meiose até metáfase II.
Fases: nuclear, citoplasmática e expansão do cumulus.
01-Nuclear
Reinício da Meiose até Metáfase II.
02-Citoplasmática
Haverá um reajuste das organelas (ribossomos adjacentes aos cromossomos);
03-Expansão Cumulus
Perda da comunicação oócito-cumulus. O oócito sempre esta rodeado com as
células do cumulus, as células do cumulus tem processo de foliculogênese até o
momento da ovulação. Há a expansão das células do cumulus, estas células alteram todo
o seu material genético. Há o acúmulo de RNA e proteínas no citoplasma que são
necessários para as primeiras divisões embrionárias, até que o genoma do embrião
esteja ativo. As células do cumulus são haploides com o corpúsculo polar I no espaço
perivitelínico.
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Formação da Estrutura de Bloqueio
Após a fecundação do óvulo haverá a formação da estrutura de bloqueio dos
grânulos corticais, que tem a finalidade de bloquear a polispermia. O posicionamento
periférico dos grânulos corticais tem a função de bloqueio, depois que um
espermatozoide penetra no oócito tem-se uma reação na zona pelúcida impedindo que
outros também penetrem.
Maturação Espermática
Objetivo: fornecer capacidade de locomoção e fecundação aos espermatozoides.
Fases: epididimária, capacitação e reação acrossomal.
01-Capacitação Espermática: inicialmente começa a preparação de sua membrana para
fazer a reação acrossomal e o espermatozoide adquire um estado de hipermotilidade. No
momento da ejaculação o macho deve estar como uma célula pronta para percorrer um
longo trajeto desde o sítio da ejaculação até a ampola do oviduto, porém, no momento
da ejaculação o espermatozoide não está totalmente pronto para fertilizar, necessitando
sofrer a capacitação espermática e reação acrossomal.
Há remoção do colesterol e glicosaminoglicanas da superfície celular.
02-Acrossoma do Espermatozóide: é um ‘capacete’ com enzimas de finalidade
promover o contato entre a membrana citoplasmática do ovócito com a do
espermatozoide. O ovócito está protegido pela zona pelúcida a qual é uma capa
glicoproteica, então o espermatozoide deve romper esta proteção por meio de suas
enzimas e conseguir penetrar no ovócito.
*O ejaculado possui alto teor de colesterol, glicosaminoglicanos e outros constituintes
do plasma seminal.
**Limite de sobrevivência do espermatozoide em bovinos é de 24 horas.
***Caninos possuem o maior tempo de sobrevivência de espermatozoide, cerca de 5 a 7
dias, pois a cadela ovula ovócito imaturo.
Interação do Espermatozoide e Oócito
A vida fértil dos gametas impõe sincronismo entre a inseminação e ovulação.
Tabela 1. Longevidade dos gametas em diferentes espécies.
Longevidade (h) Bovino Equino Ovino Suíno
Espermatozóide 30 a 48 72 a 120 30 a 48 34 a 72
Oócito 20 a 24 6 a 8 16 a 24 8 a 10
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A fertilização em mamíferos requer eventos críticos como: migração
espermática entre as células do cumulus oophorus, união espermática e migração
através da zona pelúcida e fusão das membranas plasmáticas do espermatozoide e do
oócito.
Local de Interação
Figura 1.Local de fertilização.
Local: ampola.
União do Espermatozóide
Depende da ligação específica a receptores presentes na zona pelúcida: ZP1,
ZP2 e ZP3. Essa ligação ocorre apenas com espermatozoides de acrossoma intacto.
A penetração ocorre após liberação de enzimas acrossomais que fazem a lise da
zona pelúcida.
Após penetração a cabeça do espermatozoide atinge o espaço peri-vitelínico do
oócito e ocorre a fusão da membrana plasmática do espermatozoide (região equatorial
da cabeça) e a membrana vitelínica.
Após isto há o bloqueio da poliespermia através da liberação de grânulos
corticais no espaço peri-vitelínico e ‘endurecimento’ da zona pelúcida.
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Figura 2. Interação do espermatozoide com o oócito.
Formação de Pró-Núcleos e Singamia
Na penetração do espermatozoide, o oócito completa a meiose e expele o
corpúsculo polar. Os cromossomos são englobados por um pró-núcleo. O envelope
nuclear do espermatozoide desintegra-se e há descondensação da cromatina
(protaminas). A cromatina paterna é envolvida por um novo envelope formando o pró-
núcleo masculino.
Ambos pró-núcleos migram para o centro do oócito (rearranjos na estrutura
citoesquelética) e quando eles estão próximos, os envelopes se dispersam permitindo a
integração dos cromossomos.
Então ocorre a síntese do DNA e a primeira divisão de clivagem.
Clivagem
Divisões mitóticas que iniciam no zigoto formando blastômeros. Há a redução
do volume citoplasmático e aumento do volume dos núcleos e quantidade de material
genético.
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Duas células
Quatro células
Oito células
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Dezesseis células
Trinta e duas células
Mórula
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Jovem blastocisto
Blastocisto
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Blastocisto expandido
Blastocisto em eclosão
Blastocisto eclodido
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Reconhecimento Materno da Gestação
Sinal do reconhecimento materno da gestação.
Tabela 2. Sinal para reconhecimento materno da gestação.
Espécies Sinal
Equinos PGE2
Maioria das espécies Sinal luteostático do concepto
Cães e gatos Não dependem de sinal específico
*Requerimento crítico é a manutenção da progesterona pelo corpo lúteo.
Progesterona (P4): função principal e indispensável para o estabelecimento da prenhes.
O rP4 (receptor de progesterona) é expressado no epitélio e no estroma endometrial
durante a fase luteal inicial. Também induz a secreção de proteínas pelas glândulas
endometriais (proteínas do leite uterino).
Momento do reconhecimento nas diferentes espécies:
Tabela 3.Momento do reconhecimento materno.
Espécie Tempo (dias)
Bovino 16 e 17
Ovino 12 a 13
Suíno 10 a 12
Equino 12 a 16*
01-Ruminantes
Mecanismo de ação: interação entre o interferon tau (INF-t) e a progesterona. O
interferon tau inibe a ação luteolítica da PGF2α (receptores E2 e ocitocina).
Período crítico: entre o 15º e 18º dia devido a fase de liberação de PGF2α.
02-Suínos
Mecanismo de ação: produção de estradiol pelo concepto (há a necessidade de
pelo menos dois conceptos em cada corno). A produção de PGF2α ocorre normalmente,
mas o estradiol faz com que esse seja desviado (redirecionamento exócrino).
*Há possibilidade de efeito do interferon-tau (IFNt tipo II).
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Período: 10 a 15 dias que os conceptos produzem estrógeno em quantidade
necessária para desencadear a sinalização inicial para o reconhecimento da gestação. O
segundo período de alta produção de estrógeno ocorre entre os dias 15 e 25-30. Estas
duas fases de secreção são necessárias para consolidar o redirecionamento exócrino
prolongado de PGF2α.
03-Equinos
Mecanismo de ação: a produção de estradiol pelo embrião associadas ao
aumento da progesterona levam a um aumento considerável na produção de
uteroferrinas. O embrião move-se rapidamente entre os cornos antes de se fixar no 16º
dia. A migração embrionária transcornual faz com que as células endometriais entrem
em contato com a uteroferrina que suprime a síntese de PGF2α.
04-Caninos e Felinos
Mecanismo de ação: não é necessário um sinal específico pelo concepto.
Implantação Embrionária
Requerimento básico para nutrição e proteção do concepto. O blastocisto tem
capacidade de implantação devido ao trofectoderma de anexar e aderir ao epitélio
luminal.
Aspectos Anatômicos e Celulares da Implantação Embrionária
Blastocisto: blastocele, trofoblasto e embrioblasto.
Mucosa endometrial: epitélio mono/pseudoestratificado separado do estroma conjuntivo
por uma membrana basal.
Estroma endometrial: altamente vascularizado, contendo glândulas com ductos que se
abrem no lúmen. Tem baixa atividade antes da ovulação e alta a partir do 4º dia de
gestação (suínos o pico de atividade se dá pelo 6º, 7º dia).
Epitélio luminal: células secretoras com microvilosidades concentradas nas aberturas
das glândulas. A atividade mitótica varia conforme o ciclo estral.
Função: síntese e secreção e/ou transporte de inúmeras proteínas e substâncias
histotróficas (complexos enzimáticos, fatores de crescimento, citocinas, linfocinas,
proteínas de transporte, etc.).
Glândulas uterinas: particularmente importante nas espécies com período de pré-
implantação prolongado (bovinos, suínos, ovinos e equinos).
Todas as mudanças na proliferação e diferenciação celular do endométrio são
hormônio celular.
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Implantação Embrionária
Alongamento do blastocisto
Ocorre em ruminantes domésticos e suínos. O blastocisto se torna tubular com
filamentos e é fundamental para a produção do interferon-tau (IFNt) em ruminantes.
O alongamento não é observado em roedores, equinos, primatas e roedores.
*Equino não faz o alongamento, mantém sua forma esférica até os dias 17 e 19, quando
se adapta à forma da luz uterina.
Ocorre no 11º dia em ovinos, no 13º dia em bovinos e no 10º dia em suínos.
Interação das células do trofoblasto com o epitélio luminal
Centrica: trofoblasto com grande contato, mas sem penetração. Ocorre em
bovinos, suínos, ovinos, coelhos, caninos e alguns marsupiais.
Excêntrica: epitélio luminal é invadido pelas células do trofoblasto. Ocorre em
ratos, hamsters e camundongos.
Intrínseca: trofoblasto alcança o estroma endometrial. Ocorre em humanos.
Migração Intrauterina e Espaçamento
Essencial para a sobrevivência embrionária nas espécies com grande número de
filhotes.
Se dá por contrações moduladas peristálticas do miométrio, estimuladas pelo
embrião.
É raro em ovinos e bovinos.
Nos equinos ocorre 13 migrações ao dia entre os dias 10 e 16 da gestação,
podendo ocorrer até o 30º dia.
Fases da Implantação Embrionária
01-Rompimento da zona pelúcida
Ocorre acúmulo de líquido no interior da blastocele levando ao aumento da
pressão.
O trofoblasto e o epitélio luminal possuem enzimas proteolíticas que lisam a
zona pelúcida.
02-Aposição
Interdigitação entre projeções citoplasmáticas do trofectoderma e os microvilos
do epitélio luminal.
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Há intima associação entre o trofectoderma e as células do endométrio, até uma
adesão estável. Tem-se progressiva interdigitação entre os microvilos dos epitélios
luminal e do trofoblasto.
03-Adesão e Pré-Implantação
Moléculas de adesão e implantação: glicoproteínas do trofoblasto (glicocalix).
Há alterações bioquímicas (composição e distribuição) durante o processo de
anexamento: mucina 1 (MUC1), integrinas adesivas, osteopontinas e moléculas de
adesão celular glicosiladas (GlyCAM-1).
Placenta
Formação da Placenta
Função: local fundamental de trocas de nutrientes e gases entre a mãe e o feto, e é
constituída de uma porção fetal e outra materna. Também tem função de proteção
térmica e mecânica, nutrição e produção de hormônios (progesterona, estrógeno,
lactogênio placentário e hCG).
Porção materna: originária do endométrio (decídua);
Porção fetal: originária do saco coriônico;
Desenvolvimento: inicialmente ocorre com a proliferação do trofoblasto, do saco
coriônico e das vilosidades coriônicas. As vilosidades coriônicas são áreas aumentadas
na união materno-fetal e tem a função de aproximar vasos sanguíneos maternos e fetais.
Há a justaposição das vilosidades coriônicas com as criptas da mucosa uterina.
Nos ruminantes, suínos e equinos a implantação e placentação não é invasiva
(aposições celulares).
Nos carnívoros é pouca invasiva ao passo que em humanos ocorre completa
implantação do embrião no endométrio (nidação).
Classificação das Placentas
Coriônica: primeiro passo para o desenvolvimento placentário.
Coriovitelínica: membrana coriônica conectada à circulação fetal por vasos do saco
vitelínico.
Vitelínica: epitélio do saco vitelínico contém vasos conectados à circulação fetal.
Ocorre em peixes e anfíbios.
Coriolantoidea: membrana coriônica conectada à circulação fetal por vasos do
alantoide. Ocorre na maioria dos mamíferos. A placenta corioalantoidea pode ser
classificada nos animais através do padrão das vilosidades coriônicas, da barreira
materno-fetal e da perda ou não de tecido materno durante o parto.
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Tabela 4. Classificação das placentas nas diferentes espécies.
Figura 3. Desenho esquemático das diferentes placentas.
Nutrição e Metabolismo Fetal
Há suprimento continuo de nutrientes da mãe através da placenta. O feto
sintetiza todas as suas proteínas a partir de aminoácidos maternos.
Funções Gerais da Placenta
Apresenta grande complexidade bioquímica, pois exerce funções múltiplas
relacionadas com as funções efetuadas no adulto pelos: pulmões, rins, hipófise, ovários,
fígado e intestino.
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Metabolismo: é fonte de nutrientes e energia para o embrião. Reserva fetal de
glicogênio até o 3º mês e possui atividades anabólicas e catabólicas comparáveis ao
parênquima hepático.
Transferência: passagem de nutrientes, oxigênio, água, hormônios e anticorpos para o
feto. Catabólitos, água, gás carbônico e hormônios fetais para a mãe.
Função Endócrina da Placenta
A secreção endócrina placentária ocorre pelo sinciciotrofoblasto o qual atua
como uma glândula endócrina e produz gonadotrofinas, somatotrofina coriônica e
esteroides.
hCG: gonadotrofina coriônica humana.
hCS: somatotrofina coriônica humana (também denominado hormônio lactogênio
placentário).
Progesterona: assume parte da função do corpo lúteo na manutenção da gestação
(integridade do endométrio).
Estrógeno: determina aumento da sensibilidade do miométrio à ocitocina. Aumenta no
final da gestação e está relacionado ao mecanismo desencadeador do parto.
Feto com Alo-Implante
Imunologicamente o feto é um alo-implante e deveria enfrentar a rejeição
materna. Isso não ocorre pois os tecidos fetais são tolerados pois genes do complexo
MHC e antígenos são suprimidos pelo córion e também o endométrio suprime a
resposta imune, tornando o útero um espaço imunologicamente privilegiado.
Membranas Extraembrionárias
-Cório e membrana cório-alantóide: placenta.
-Cavidade alantoide
-Cavidade amniótica
-Saco vitelínico
-Cordão umbilical
Líquidos Fetais
Líquido amniótico: tem função de proteção mecânica, crescimento e movimentação
fetal, manutenção da temperatura e homeostase bioquímica do feto.
Líquido alantóideano: tem função de excreção e manutenção osmótica.
*Os líquidos fetais também tem a função de lavar e lubrificar o canal do parto.
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Volumes
Bovinos e Equinos: 20 litros;
Pequenos ruminantes: 5 litros;
Carnívoros e Suínos: 0,5 litro;
Cordão Umbilical
Córion: ligação materno-fetal;
Cordão Umbilical: faz a ligação do feto à placenta. É formado a partir do alantoide e
vesícula vitelínica, possui artérias e veias. Tem a função de nutrição e respiração do
embrião.
Gestação
Definição
Estado particular das fêmeas, decorrente da fecundação de um ou mais óvulos,
sua placentação e evolução, até a sua expulsão.
Tipos
-Normal ou patológica;
-Única ou múltipla;
-Tópica ou ectópica.
Duração
Tabela 5. Duração da gestação nas diferentes espécies.
O período de gestação da vaca pode variar entre 270 a 290 dias, entretanto, a
média é de 284 dias.
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Para calcular a provável data do parto pode-se empregar a seguinte fórmula: a
partir da data de cobertura subtrair 3 meses e adicionar 14 dias.
Ex: inseminação artificial dia 20/03/2012 então a provável data do parto
seria 04/01/2013.
Manutenção da Gestação
Suínos e Caprinos: o corpo lúteo é essencial para durante todo o período da gestação.
Ovinos: a atividade do corpo lúteo é indispensável nos primeiros 55 dias.
Bovinos: o corpo lúteo é essencial até os 150 – 215 dias de gestação, posteriormente a
produção de progesterona é assumida pela placenta.
Equinos: há presença de corpos lúteos acessórios a partir dos 40 dias de gestação, por
estímulo do eCG. Com 140 dias de gestação os corpos lúteos original e acessórios
regridem. A gestação então é mantida mesmo com baixos níveis de progesterona.
Carnívoros: corpo lúteo com vida longa, igual ao período da gestação.
Estruturas Derivadas dos Folhetos Germinativos
Ectoderme:
Ectoderma Superficial: epiderme, pelos, unhas, cascos, esmalte dentário,
glândulas cutâneas e mamárias e adeno-hipófise.
Neuroderma: glânglios e nervos, células pigmentares, mesênquima da cabeça,
cérebro, medula e neuro-hipófise.
Mesoderma:
Lateral: tecido conjuntivo, músculos, vísceras, membranas serosas, tecido
hematopoético, baço, córtex adrenal, sistemas cardiovascular e linfático.
Intermediário: sistema urogenital.
Notocorda: núcleo pulposo das vértebras.
Paraaxial (somitos): cartilagens, ossos, músculos e tecido conjuntivo denso.
Endoderma: trato digestivo, fígado, pâncreas, alantoide, sistema respiratório, derivados
epiteliais da faringe, bolsas branquiais e derivados epiteliais da tireóide.
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Desenvolvimento Fetal
Figura 4. Gráfico do desenvolvimento fetal.
Diagnóstico de Gestação
-Importância: diferenciação do estado gestacional fisiológico de alterações patológicas,
evitando erros iatrogênicos.
Sinais Diagnósticos
Comportamento Materno:
-Cessação da atividade estral (não retorno ao cio);
-Aumento do apetite;
-Aumento do peso (anabolismo);
-Temperamento mais dócil;
Sinais Clínicos:
-Aumento de volume abdominal;
-Desenvolvimento da glândula mamária;
Palpação Abdominal:
-Palpação da vesícula gestacional e mais tardiamente o feto;
-Balotamento fetal;
Palpação Retal:
-Útero: assimetria, aumento de volume (presença de vesícula gestacional), dupla
parede, flutuação, placentônios e balotamento fetal;
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-Ovários: presença de corpo lúteo;
-Artéria Uterina Média: aumento de volume e presença de frêmito;
Vaginoscopia:
-Colo Uterino: pálido, fechado e com presença de tampão mucoso;
Diagnóstico por Imagem/Som:
-Scan A: detecta presença de fluídos;
-Doppler: detecta ruídos cardíacos, fluxo placentário e fluxo do cordão
umbilical;
-Scan B (ultrassonografia): observação direta dos anexos fetais e do próprio feto;
Testes Laboratoriais:
-Microscopia:
-Muco Cervical: granulação e condensação;
-Histologia: citologia vaginal;
-Bioquímica:
-Dosagem Hormonal: progesterona (soro e leite), estrógeno (urina), eCG
e relaxina;
Métodos Cirúrgicos: laparotomia ou laparoscopia
Diagnóstico de Gestação por Espécie
01-Égua: (tempo gestação : 340 dias)
*Única espécies em que o concepto está envolto em uma cápsula glicoprotéica;
01.1-Palpação Retal:
-Cérvix: alongada, firme e tubular (a partir do 16º dia);
-Útero:
1º mês: útero reativo à manipulação (contração) e na cavidade pélvica;
2º mês: corno gestante começa a apresentar leve assimetria (variando de
5 a 15cm), presença de flutuação e corno gestante e não gestante ainda tensos.
Útero ainda na cavidade pélvica;
3º mês: útero relaxado caindo para a cavidade abdominal, aumento na
distensão (25cm) e a distinção entre o corpo e corno se torna menos evidente;
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4º mês: fase de descida, útero relaxado e com claro balotamento.
Ligamento largo distendido com ovários tracionados em posição medial;
5/6º mês: aumento da distensão do ligamento largo e ovários mais
próximos;
7º ao 11º mês: fase de subida, clara palpação do feto (feto reage a
manipulação) e feto insinuado na cavidade pélvica;
-Ovários:
-Início da gestação até o 40º dia: somente presença de corpo lúteo;
-Entre o 40º e 90º dia: presença de corpo lúteo e folículos;
-Após o 90º dia até o final da gestação: corpo lúteo;
*Se tiver folículos maiores que 5mm não está gestante;
-Artéria Uterina Média: verificada a partir do 5º mês;
01.2-Ultrassonografia:
10º ao 14º dia: observa-se vesícula gestacional, está vesícula migra pelo útero (5mm);
14º ao 20º dia: observa-se vesícula vitelínica com 15mm e com parada na migração.
21º dia: observação do embrião
23/24º dias: observação dos movimentos cardíacos;
30º dia: embrião no meio da vesícula;
33º dia: embrião no terço superior da vesícula;
36º dia: embrião em posição dorsal na vesícula;
40º dia: embrião no meio da vesícula com cordão umbilical;
41º ao 60º dia: feto em posição ventral na vesícula (verifica-se movimentos fetais);
01.3-Hormonal:
-Progesterona: entre 18º e 23º dia (confirmação de não gestação);
-eCG: presente somente em éguas prenhes, entretanto, após a formação dos
cálices endometriais, o eCG mantém-se elevado mesmo após a morte do feto. O teste
deve ser feito entre 50º e 100º dia (ideal);
-Sulfato de Estrona: detectável no soro, leite, urina e fezes após o 4º mês. No
soro, o pico ocorre aos 60 dias, antes dos 60 dias pode ocorre falso positivo (resíduos do
estro);
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-Estrógenos (gônada fetal): teste de Cuboni (fluorescência na urina) e deve ser
feito a partir do 100º dia;
02-Vaca: (tempo gestação: 285 dias)
02.1-Palpação Retal:
-Cérvix:
-Até 2º mês: fechada;
-3º mês em diante: cérvix com tampão mucoso evidente e no final da
gestação tem-se a liquefação deste tampão mucoso
-Útero:
-1º mês: cornos sem assimetria;
-2º mês: leve assimetria do corno gestante com efeito de dupla parede,
feto já pode ser palpado;
-3º mês: útero caindo para cavidade abdominal e placentônios são
semelhantes à ervilhas (difícil de serem palpados);
-4º mês: semelhante ao 3º mês, com balotamento interno positivo e
placentônios com 2cm de diâmetro (fácil palpação);
-5º/6º mês: totalmente na cavidade abdominal, cérvix presa no assoalho
da cavidade pélvica e difícil palpação do feto no 5º mês, já no 6º mês torna-se
palpável. Tem-se movimentos flutuantes e placentônios entre 3 e 4cm;
-7º ao 9º mês: prova do balotamento externo positiva pelo flanco direito,
feto reage a manipulação, feto começa a voltar para cavidade pélvica e
placentônios grandes (4 a 6cm);
-Ovários:
-1º mês: corpo lúteo palpável;
-Entre 2º mês e 4º mês: corpo lúteo ipsilateral (localizado do mesmo lado
onde houve a ovulação);
-A partir do 5º mês: a palpação é desnecessária;
-Artéria Uterina Média:
-4º mês: perceptível;
02.2-Ultrassonografia:
-13º ao 19º dia: observa-se vesícula embrionária;
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-20º ao 24º dia: observa-se o embrião;
-24º ao 27º dia: observam-se os batimentos cardíacos;
-30º ao 32º dia: observa-se o âmnion;
-28º ao 34º dia: verificam-se os membros;
-40º dia: verifica-se a coluna vertebral;
-42º ao 50º dia: presença de movimentos fetais;
-60º dia: presença de placentônios em todo o útero;
02.3-Hormônios, Antígenos e outras Proteínas:
-Sulfato de Estrona: verifica-se no plasma, urina e leite entre o 72º e 100º de
gestação;
-Prova de Cuboni: estrógeno (gonada fetal) detectado na urina a partir do 100º
dia;
-Progesterona: pelos testes de RIA ou ELISA com soro u leite e é realizado entre
o 20º e 25º após a cobertura (100% de confirmação);
-Lactogênio Placentário (somatotrofina coriônica): a partir do 110º dia;
-Proteínas B: específicas para gestação (PSP-B e PSP-60), são detectadas no
soro a partir do 24º e 34º dia;
-Proteínas Associadas à Gestação (PAG): detectáveis a partir do 34º dia (entre
87 e 98% de precisão);
-Fator Precoce da Prenhes (EPF): detectado a partir de 6 a 24 horas após a
concepção (em ovinos);
03-Cabra e Ovelha: (tempo gestação : 150 dias);
03.1-Palpação Reto-Abdominal: visa a palpação de obstáculo entre um bastão
introduzido por via retal e a mão do operador no abdômen.
03.2-Biópsia Vaginal: baixa praticidade na execução;
03.3-Radiografia: esqueleto radiopaco com cerca de 65 dias;
03.4-Laparotomia: com uma incisão no flanco e outra paramediana ventral e cranial ao
úbere e executa-se a palpação com dois dedos com 42º dias de gestação;
03.5-Hormônios:
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-Sulfato de Estrona: detectável no leite, soro ou urina por RIE ou ELISA entre o
40º e 50º dia;
-Progesterona: detectável no leite ou soro a partir do 21º dia;
-PAG: após 21 dias da cobertura.
-INFt: cabra a partir de 16 dias e ovelhas entre 12 e 21 dias.
03.6-Métodos Ultrassônicos:
-Scan A: transabdominal a partir do 50º dia após a cobertura;
-Scan B: transretal (25º a 30º dia) e transabdominal (a partir do 40º dia);
-Doppler: transabdominal (a partir do 50º dia) e transretal é mais precoce;
03.7-Palpação Abdominal: apenas em gestação avançada e com animal em jejum;
04-Porca: (tempo de gestação : 114 dias);
04.1-Palpação Retal: a partir do 30º dia verifica-se aumento de volume e presença de
frêmito da artéria uterina média;
04.2-Hormônios:
-Prostaglandina F2α: baixos níveis entre 13 e 15 dias.
-Progesterona: altos níveis entre 17 e 24 dias.
-Sulfato de Estrona: na urina e detectável a partir do 21º a 33º dia de gestação
(1º pico) e entre o 70º e 80º dia (2º pico)
04.3-Métodos Ultrassônicos:
-Scan A: entre 30 e 75º dia;
-Doppler: verifica-se os batimentos pela artéria uterina média (50 a 100bpm);
-Scan B: observam-se vesículas amnióticas no 18º dia, embriões entre o 25º e
32º dia e movimentos fetais no 60º dia;
05-Cadela: (tempo de gestação : 63 dias)
05.1-Sinais Maternos:
-Aumento de peso (evidente após a 5ª semana);
-Aceleração da freqüência respiratória (evidente após a 5ª semana);
-Glândula mamária:
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-35º dia: ruborização da base dos mamilos (tetas engurgitadas);
-45º dia: tetas longas e tumefeitas;
-50º dia: hipertrofia da glândula mamária e presença de secreção aquosa ou leite;
05.2-Palpação Transabdominal: útero não palpável até 21 dias;
-24º ao 28º dia: verifica-se regiões firmes com contorno esférico;
-28º ao 30º dia: verifica-se regiões esféricas, facilmente palpáveis (1,5 a 3,5cm);
-Após o 31º dia: os istmos que separam as ampolas se dilatam, não sendo
possível a individualização das mesmas;
-42º ao 50º dia: acentuado desenvolvimento fetal (crânios palpáveis);
05.3-Auscultação: somente nos últimos 15 dias de gestação (ritmo de galope e entre 180
e 240bpm);
05.4-Hormônios:
-Progesterona: não confirma gestação, apenas atividade lútea;
-Prolactina: entre 20 e 30 dias;
-Relaxina: entre 26 e 31 dias;
05.5-Radiografia: determina-se o número de fetos (considerando o crânio), os fetos são
visíveis entre o 42º e 52º dias de gestação na cadela e entre 38º e 43º dia na gata e é
difícil em pacientes obesos;
05.6-Ultrassônicos:
-Doppler: verifica-se presença de ruídos cardíacos entre 32º e 39º dia de
gestação com 200bpm;
-Scan B: a partir da 3ª semana é possível a identificação das vesículas
embrionárias;
*Determinação da idade gestacional:
Até 40 dias:
IG = (6 x DVG) + 20
IG = (3 x CCC) + 27
IG = (6 x DCA) + (3x DCO) + 30
DAP (dias antes do parto) = 65 – IG
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Acima de 40 dias:
IG = (15 x DCA) + 20
IG = (7 x DCO) + 29
Legenda: IG (idade gestacional), DCA (diâmetro da cabeça), DCO (diâmetro do corpo),
DVG (diâmetro da vesícula), CCC (comprimento crânio-caudal) e DAP (dias antes do
parto).
Patologias da Gestação de Origem nos Anexos Fetais
01-Hidropsia dos Envoltórios Fetais
Definição
Acúmulo exagerado de líquidos fetais, cuja quantidade normal é de 20 litros em
grandes animais.
Classificação
Hidroalantóide: ocorre um aumento de líquido no alantoide.
Hidroâmnio: alterações observadas na bolsa e líquido amniótico.
Hidroâmnio-Hidroalantóide: forma mista envolvendo tanto o amnio quanto o
alantoide.
Ocorrência
Hidroalantóide: 85 a 90%;
Hidroâmnio: 2 a 3 %;
Hidroâmnio-Hidroalantóide: não ultrapassa 7 %;
Etiologia
-Malformações fetais (anencefalia, hidrocefalia e monstro duplo);
-Distúrbio hepato-renal nos fetos (hidronefrose);
-Torções ou compressões do cordão umbilical;
Fatores Predisponentes
Produção ou transferência de embriões.
Sinais Clínicos
Forma leve: ligeiro aumento bilateral do volume abdominal.
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Forma moderada: abdômen em forma típica de tonel (pelo aumento de volume
uterino e compressão de órgãos), taquipnéia, dispneia, taquicardia e distúrbios
digestivos.
Forma grave: aumento exagerado e característico da cavidade abdominal,
distúrbios cardiorrespiratórios, inapetência, diminuição da ruminação, dificuldade de
defecar e urinar e desidratação intensa.
Diferença entre Hidroalantóide e Hidroâmnio
Hidroalantóide
-Abdome com distensão rápida (5 a 20 dias), de forma arredondada, distendido e
tenso. Difícil palpação de fetos e placentomas.
-O líquido apresenta características de transudato.
-Os fetos são normais, porém fracos e pequenos.
-Placenta com aspecto normal, mas com número reduzido de placentomas.
-Há rápida reposição de líquido pós drenado.
-Geralmente ocorre retenção placentária e metrite.
-Prognóstico reservado a ruim.
Hidroâmnio
-Abdome com distensão lenta (semanas a meses), com forma de pera e pouco
tenso. Maior facilidade de palpar feto e placentomas.
-Fetos geralmente anômalos.
-Placenta normal.
-Há lenta reposição de líquido pós drenado.
-Eventualmente ocorre retenção placentária e metrite.
-Prognóstico bom a reservado.
Complicações
Antes do parto: prolapso de vagina, paraplegia, hérnia abdominal ou ruptura de
parede, ruptura de útero e colapso.
Pós-parto: atonia de útero com retenção de membranas e diminuição da
produção leiteira ou até agalaxia.
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Diagnóstico
-Anamnese e História Clínica;
-Sinais Clínicos (aumento característico abdominal, flutuação sem presença de
feto, útero em forma de balão e tensão da parede uterina com impossibilidade de palpar
partes do feto ou placentomas).
Diagnóstico Diferencial
Ascite (líquido na porção ventral do abdome e útero com formato normal),
hidrometra (acúmulo de secreção serosa) e prenhes múltipla patológica.
02-Molas
Definição
Processos patológicos placentários, causando morte embrionária, em seu estágio
primitivo de desenvolvimento. Geralmente o embrião é absorvido. Os anexos fetais
continuam se desenvolvendo.
Ocorre em bovinos, caninos e suínos.
Etiologia
Tumoral, traumática ou malformação fetal.
Tipos
Mola cística: anexos fetais se transformam em bolsa, com conteúdo líquido
(bovinos e ovinos)
Mola vilosa: crescimento exuberante das vilosidades do córion
Mola hemorrágica: ocorre morte traumática do embrião, ocorrendo hemorragia
placentária, sendo q o coágulo envolve o produto.
Mola hidatiforme: vilosidades coriônicas sofrem degeneração cística,
recobrindo-se, total ou parcialmente, com cistos pedunculados ou sésseis (bovinos e
ovinos).
Mola carnosa: é uma fase de desenvolvimento hemorrágico, onde a primeira
perde a cor intensa, ficando com um aspecto cárneo.
Diagnóstico
-Anamnese e História Clínica;
-Sinais Clínicos (corrimento hemorrágico durante a gestação e prenhes
prolongada);
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Tratamento
Aborto terapêutico e limpeza.
03-Amorphous globosus
Definição
É uma estrutura de pele e pelos coberta por uma estrutura que contém gordura,
tecido conjuntivo e pode ter cartilagem e osso. Parecem ser um zigoto imperfeito e são
parasitos na placenta de um gêmeo normal.
Ocorrência
Maior frequência em ruminantes.
Etiologia
Pode estar associada a enfermidades ou por estase sanguínea na circulação
placentária.
04-Corrimento Vaginal Durante a Gestação
04.1-Corrimento hemorrágico: pode ser ocasionado por ruptura de hematomas
ou varizes vaginais, traumatismos durante a cópula, hemorragias de bexiga e sistema
urinário e metrorragias por traumatismos.
04.2-Corrimento seroso, muco-purulento e purulento: pode ser ocasionado por
alterações vaginais (Ex.: fibromas, causando corrimento seroso) e processos
inflamatórios na vagina, cérvix ou útero.
05-Placentite (Edema dos Envoltórios Fetais)
Etiologia
-Traumática;
-Infecciosa (via hematógena, linfática ou vaginal).
Complicações
Complicações no puerpério, aborto, parto prematuro, retenção de placenta e
esterilidade.
Diagnóstico
-Anamnese e História Clínica;
-Sinais Clínicos;
-Exames Complementares:
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-Macroscopia dos envoltórios fetais.
-Microbiológico;
-Sorologia;
Tratamento
Preventivo.
06-Pseudociese (Pseudogestação)
Definição
Distúrbio no qual a fêmea não gestante comporta-se com se estivesse prenhe, em
trabalho de parto ou parida.
Ocorrência
Cadelas e gatas com cobertura infértil.
Etiologia
Especula-se que sua manifestação seja uma característica evolutiva herdada pelo
cão doméstico, que em matilha mostrava-se vantajosa, permitindo que a fêmea
dominante fosse capaz de caçar enquanto seus filhotes eram amamentados por outras
fêmeas do grupo.
Patogenia
Ocorre na fase de diestro do ciclo estral e há o desencadeamento da pseudociese
manifesta é atribuído ao aumento nas concentrações e/ou na sensibilidade individual à
prolactina, associadas a um declínio mais rápido que o normal dos níveis séricos de
progesterona.
Sinais Clínicos
Verifica-se aumento de peso e volume corporal, tumefação de vulva, corrimento
vaginal viscoso, esconde-se e prepara ninho, edema mamário com secreção láctea e
desenvolvimento de mama e secreção de pré-colostro.
Tratamento
Por se tratar de uma condição autolimitante muitas vezes não requer tratamento,
ou o tratamento pode ser apenas conservativo fazendo uso de um colar elizabetano, para
evitar que o animal estimule a secreção láctea pela lambedura das mamas, ou pela
restrição da ingestão hídrica por 5 a 7 noites, devendo-se avaliar a função renal
previamente.
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Nos casos de comportamentos maternos exacerbados, a atenção do animal deve
ser desviada com estímulo à atividade física. Nas situações em que os animais se
mostrem agressivos, deve-se realizar tranquilização, evitando drogas do grupo dos
fenotiazínicos.
Pode-se utilizar bloqueadores da prolactina com a Cabergolina (agonista
dopaminérgico).
07-Prenhes Múltipla Patológica
Fisiologia Normal
Equinos e bovinos normalmente são uníparos e partos gemelares ocorrem em 2 e
1,5% respectivamente.
Pequenos ruminantes podem ter entre 1 a 3 fetos, suínos entre 10 e 12 fetos,
cadelas de médio a grande porte 6 a 10 fetos, cadelas de pequeno porte entre 2 a 4 fetos
e gatas entre 2 a 5 fetos.
Etiologia
-Divisão embrionária;
-Monozigóticos;
Sinais Clínicos
Verifica-se taquipnéia e respiração superficial por compressão do diafragma,
perturbações digestivas (compressão e deslocamento de órgãos do sistema digestivo),
perturbações cardio circulatórias (edemas e transudações cavitárias por compressão dos
vasos sangüíneos), enfraquecimento da gestante, distúrbios metabólicos, decúbito
permanente, alterações mecânicas no parto (insuficiência das contrações e atonia do
útero e retenção de placenta).
Formas
-Primária
-Secundária.
Evolução
Há a ruptura do útero com ruptura do cordão umbilical e morte do feto. A
gestação prossegue na cavidade abdominal .
Morte do feto e mumificação e aderências do feto ao intestino ou à parede
abdominal.
Neoplacentação.
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Diagnóstico
-Anamnese e História Clínica;
-Sinais Clínicos;
-Exames Complementares:
-Palpação transretal.
-Palpação da cavidade abdominal.
-Cirúrgico: laparotomia exploratório.
-Radiografia ou ultrassonografia.
Tratamento
Varia de acordo com o momento da gestação.
Pode-se proceder com a intervenção cirúrgica (cesariana prematura) ou indução
do parto, visando a garantia de vida da mãe.
Prognóstico
Desfavorável.
08-Prenhes Ectópica
Etiologia
Falha no transporte do embrião para o oviduto ou ruptura uterina.
Diagnóstico
-Anamnese e História Clínica;
-Sinais Clínicos;
-Exames Complementares:
-Palpação transretal;
-Radiografia;
Prognóstico
Desfavorável;
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Patologias da Gestação de Origem Materna
01-Inversão e Prolapso Vaginal/Cervical
Tipos
-Prolapso vaginal: geralmente parcial.
-Prolapso cervico vaginal.
Ocorrência
Afeta principalmente ruminantes, mas pode afetas todas as espécies
esporadicamente.
Etiologia
-Predisposição hereditária (Hereford);
-Flacidez dos ligamentos devido a estrógenos;
-Fêmeas idosas ou com alto número de partos (relaxamento progressivo);
-Decúbito prolongado;
-Distensão exagerada do útero;
-Tenesmos;
-Confinamento (falta de exercícios);
-Inclinação dos pisos;
-Cistos ovarianos;
-Alimentação rica em estrógenos (pastagem de trevo);
-Separação forçada na cópula ou macho muito maior (caninos);
-Geralmente associado a prolapso retal na porca;
-Aumento da pressão intra abdominal;
Classificação
Grau I: verifica-se apenas uma prega e pode ser que não haja irritação das
mucosas. É visível em decúbito.
Grau II: verifica-se prolapso mas sem visualização da cérvix. Visível em estação
e decúbito.
Grau III: verifica-se prolapso com exposição da cérvix.
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Sinais Clínicos
Verifica-se exposição da vagina (parcial ou total), tenesmos, inquietação, lesões
da porção evertida, prolapso retal, congestão venosa passiva, vulvite, vaginite e
cervicite.
Complicações
Há o agravamento do quadro com o avanço da prenhes, tem-se infecção das
mucosas, pode-se ter necrose, hematomas e prolapso de reto e bexiga.
Diagnóstico
-Anamnese e História Clínica;
-Sinais Clínicos (inspeção visual);
Diagnóstico Diferencial
Prolapso de bexiga com ou sem ruptura vaginal (égua), cistos das glândulas de
Bartolin e hematoma de vulva.
Tratamento
Posição quadrupedal, lavagem do períneo e região prolapsada, anestesia
epidural, lubrificação e redução e contenção pelos métodos de Flessa, Bühner ou
fixação do cervix no tendão pré-púbico.
Em ovinos pode-se utilizar o ewe spoon após a redução do prolapso
adequadamente. Com este aparato a ovelha pode parir normalmente
02-Torção Uterina
Definição
Rotação do útero sobre seu eixo longitudinal.
Etiologia
Maior predisposição nos bovinos devido ao tipo de fixação do útero na cavidade
abdominal, assimetria do útero, útero na cavidade abdominal, maneira de levantar dos
bovinos, quantidade de líquidos fetais em relação ao tamanho do feto, flacidez da
musculatura abdominal e contrações uterinas.
Ocorrência
Pode ocorrer em suínos, felinos, caninos, bovinos, equinos e pequenos
ruminantes. É mais frequente em bovinos e é raro em pequenos animais e em equinos.
Tipos
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Ligeira: até 90º de rotação.
Moderada: entre 90º e 180º de rotação.
Grave: acima de 180º de rotação.
Sinais Clínicos
Ligeira: sinais dolorosos pouco intensos e pode ocorrer reversão espontânea.
Moderada a Grave: proporcional ao grau de torção.
Diagnóstico
-Anamnese e História Clínica;
-Sinais Clínicos;
-Exames Complementares:
-Palpação transretal;
Tratamento
Manobras obstétricas: rotação da vaca a qual é colocada em decúbito lateral
esquerdo e tem as 4 patas amarradas (método de Schaffer).
03-Ruptura Uterina antes do Parto
Ocorrência
Pode ocorrer por complicação da torção uterina e quando há fetos enfisematosos.
Etiologia
-Diminuição da resistência da parede uterina.
-Movimentos enérgicos do feto.
Sinais Clínicos
Verifica-se sinais agudos de distúrbios digestivos, feto na cavidade abdominal o
qual é envolvido e encapsulado pelo mesentério.
Diagnóstico
-Anamnese e História Clínica;
-Sinais Clínicos;
-Exames Complementares:
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-Palpação Retal;
Prognóstico
Reservado a ruim.
*A fertilidade do animal fica comprometida.
Tratamento
Cirúrgico: retirada do feto e dos anexos fetais.
Patologias da Gestação de Origem Embrionária/Fetal
01-Mortalidade Embrionária
Etapas
Precoce: ocorre antes do período de implantação (abaixo dos 21 dias) e resulta
na repetição do cio em intervalos regulares.
Tardio: ocorre após o processo de reconhecimento dos embriões e há o
prolongamento do intervalo entre cios (inte-estro).
*Aborto: ocorre a partir do período de ossificação do feto. Em bovinos após os 43 dias
de vida.
Etiologia
-Anormalidades genéticas (alta consanguinidade);
-Falha no aporte hormonal (principalmente progesterona);
-Falha no reconhecimento materno da prenhes;
-Ambiental (temperatura extrema e fome);
-Infecções (Ex.: Campylobacter);
-Fatores químicos;
-Fatores imunológicos;
-Fatores exógenos (fitoestrógenos e deficiência de vitamina A);
01.1-Mumificação Fetal
Definição
Morte fetal com ausência de contaminação bacteriana, sendo feita a reabsorção
dos fluídos e envoltórios fetais.
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Tipos
-Papirácea;
-Hemática;
Ocorrência
Frequente em bovinos e suínos.
Etiologia
-Comprometimento do fluxo sanguíneo (torção uterina, seguida de compressão
do cordão umbilical e consequente interrupção da alimentação fetal);
-Traumatismos;
-Fatores hereditários (consanguinidade de porcas, raça Guernsey);
-Deficiência na placentação;
-Presença de toxinas na alimentação.
Patogenia
Há reabsorção dos líquidos fetais, levando ao ressecamento e aderência da
placenta à parede uterina e assim endurecimento do feto. Em fêmeas multíparas há a
eliminação do feto morto junto com os normais.
Sinais Clínicos
Vacas apresentam gestação prolongada e não tem parição, anestro e vaca com
aparência de prenha devido a influência da progesterona.
Diagnóstico
-Anamnese e História Clínica;
-Sinais Clínicos;
-Exames Complementares:
-Ultrassonografia;
-Palpação retal (presença de massa dura no útero e prova do beliscamento
negativa);
Tratamento
-PGF2α para luteólise e assim indução da expulsão;
-Enucleaçao manual do corpo lúteo (não recomendado);
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-Remoção manual do feto via vaginal com lubrificação (difícil remoção);
-Cesariana;
-OSH em cadelas;
-Descarte do animal;
Prognóstico
Favorável e há grande chance de restabelecer a fertilidade.
01.2-Maceração Fetal
Definição
Morte fetal com destruição dos tecidos moles na presença de contaminação
bacteriana.
Patogenia
Há a morte fetal com posterior regressão do corpo lúteo (por produção de
PGF2α, pois o útero sente-se agredido), tem-se então a abertura da cérvix e
contaminação uterina causando deterioração pelas bactérias.
Sinais Clínicos
Verifica-se desconforto abdominal, diminuição gradativa do apetite e
emagrecimento, corrimento vaginal de coloração variável e odor fétido,
comprometimento do estado geral devido a septicemia e toxemia, peritonites devido a
perfuração uterina pelos ossos, seguido de aderências, dispneia e as vezes hipertermia e
diminuição generalizada da produção.
Diagnóstico
-Anamnese e História Clínica;
-Sinais Clínicos;
-Exames Complementares:
-Palpação retal (identificação da massa, principalmente ossos);
-Vaginoscopia;
-Radiografia;
Tratamento
-Aplicação de estrógenos (duas aplicações com intervalo de 48 horas);
-PGF2α;
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-OSH em cadelas e gatas;
-Lavagens uterinas com soluções anti-sépticas;
-Descarte dos animais;
Prognóstico
Reservado à ruim.
01.3-Feto Enfisematoso
Definição
Morte fetal com a presença de agentes bacterianos anaeróbicos específicos.
Início e origem semelhantes à maceração.
Sinais Clínicos
Verifica-se desconforto abdominal, diminuição gradativa do apetite e
emagrecimento, corrimento vaginal de coloração variável e odor fétido,
comprometimento do estado geral devido a septicemia e toxemia, dispneia e as vezes
hipertermia e diminuição generalizada da produção. Pode-se verificar criptação na
palpação transretal.
Tratamento
Esvaziamento uterino com lubrificação (mucilagem) com auxílio da fetotomia.
Em cadelas pode-se proceder a OSH.
02-Monstros Fetais
Patologias
-Schistosoma reflexum.
-Agnathia.
-Perosomus elmbis.
-Monocephalus tetrapus tetrabrachius.
-Parasitic limbs.
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03-Outros
-Hidrocefalia;
-Anasarca;
-Hemimelia tibial
Parto Eutócico e Estática Fetal
Estágios do Parto
01-Fase prodrômica ou de preparação: tem-se contração uterina, relaxamento e
dilatação da cérvix, feto adota posição de nascimento e corioalantóide entra na vagina.
Preparação para o parto: verifica-se hipertrofia da glândula mamária precoce,
relaxamento dos ligamentos pélvicos sacro ilíacos, relaxamento e aumento da vulva e
eliminação do tampão mucoso.
Duração: em grandes ruminantes é bastante variável, entre 4 a 24 horas, em
pequenos ruminantes é entre 6 e 12 horas, em suínos entre 12 e 24 horas, em cadelas
entre 4 e 24 horas e gatas entre 2 e 12 horas.
Sinais: intranquilidade, interrupção da alimentação, andar em círculos, deita e
levanta rapidamente, cauda elevada e tremores musculares ocasionais. Em suínos pode-
se verificar também preparação do ninho e decúbito lateral imediatamente antes do
parto iniciar. Em cadelas e gatas verifica-se também desejo de fazer ninho, tremores,
ofego, observar o flanco, lambedura de vulva, aumento da glândula mamária e queda da
temperatura.
02-Fase da expulsão do produto: as contrações uterinas continuam com posterior
rompimento do corioalantóide, o feto entra no canal do parto, começam as contrações
abdominais, o âmnio entra na vagina e há a expulsão do feto.
Duração: em grandes ruminantes varia entre 30 minutos e 4 horas, em pequenos
ruminantes é entre 1 e 4 horas, em suínos varia de 30 minutos a 4 horas e tem-se
intervalo de 15 minutos entre leitões, em cadelas o primeiro filhote nasce 6 horas após o
início do 2º estágio e o intervalo entre filhotes varia entre 5 e 60 minutos, em gatas
ocorre da mesma maneira do que em cadelas.
*Feto sobrevive por até 12 horas durante o segundo estágio do parto.
**Intervalo superior a 2 horas entre leitões indica distocia.
***A secreção verde escura em cadelas é devido ao rompimento do hematoma marginal
da placenta zonular.
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03-Fase de expulsão dos envoltórios fetais: perda da circulação placentária, ocorre a
deiscência e separação placentária, continuam as contrações uterinas e abdominais e a
placenta é expelida.
Duração: em grandes ruminantes é de 12 horas e cadelas e gatas até 2 horas.
Dinâmica do Parto em Multíparas
-Contração de fibras circulares logo após o último feto.
-Contração das fibras longitudinais.
-Expulsão do feto.
-Relaxamento das fibras circulares.
-Reinício do processo no corno oposto.
Fisiologia do Parto
Quem controla o processo é o feto, produzindo corticoides fetais causando
estresse, a placenta não consegue suprimir o feto e há aporte insuficiente de oxigênio.
O corticoide fetal baixa os níveis de progesterona placentária ativando uma
enzima que converte progesterona em estrógeno, assim a musculatura uterina adquire
tônus, excitabilidade do miometrio e estimula a produção de prostaglandinas.
Também há a ação da relaxina e estrógeno atuando na cérvix e causando
relaxamento.
Esta liberação de corticoides pelo feto ocorre antes do nascimento, entre 3 a 10
dias antes do parto.
Vias Fetais
01-Via fetal dura: composta pelo ílio, ísquio, púbis e sacro.
O tempo em cada estágio é importante para se ter conhecimento se o parto está
ocorrendo no tempo esperado ou está distócicos.
Égua: parto rápido, pelve é curta e tem porção plana no assoalho, o canal do
parto é circular e facilita a passagem do feto.
Vaca: canal do parto com formato oval, comprido, assoalho somente na porção
caudal e útero tem que fazer um ‘caminho’ subindo o que predispões a distocia.
Outras espécies: canal do parto arredondado e com pouco comprimento.
02-Via fetal mole: compostas de 3 barreiras (cérvix, anéis circulares e rima vulvar).
Deve-se avaliar a posição do feto dentro do canal do parto.
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Orientação do Feto no Momento do Parto
01-Apresentação: relação entre o eixo longo do feto e o eixo longo da fêmea (posição
da coluna).
Longitudinal: anterior (cabeça em contato com o canal do parto) e posterior
(membros posteriores em contato com canal do parto)
Transversal: dorsal (coluna vertebral em contato com canal do parto) e ventral
(membros do feto em contato com o canal do parto).
Vertical: dorsal e ventral.
02-Posição: superfície do canal do parto materno sobre o qual a coluna vertebral do feto
se apoia.
Dorsal;
Ventral;
Lateral (esquerda e direita)
03-Atitude e postura: é a disposição da cabeça, pescoço e membros do feto.
Estendido;
Flexionado;
Orientação do Feto no Momento do Parto nas Diferentes Espécies
01-Bovinos:
Apresentação: longitudinal anterior.
Posição: dorsal.
Atitude: estendida.
02-Ovinos e Caprinos
Apresentação: longitudinal anterior ou posterior.
Posição: dorsal.
Atitude: estendida.
03-Suínos
Apresentação: longitudinal anterior ou posterior.
Posição: dorsal.
Atitude: flexão de membros.
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04-Cadela e Gata
Apresentação: longitudinal anterior ou posterior.
Posição: dorsal.
Atitude: estendida.
Interferência no Parto Normal
Bovinos: bezerro nasce cerca de 2 horas após o aparecimento do âmnio na vulva. Feto
sobrevive por até 8 horas durante o segundo estágio. A partir de 2 horas pode ter risco
para o bezerro.
Deve-se intervir no parto quando o tempo se prolongar acima do normal e
quando houver parto gemelar.
Suínos: deve-se intervir quando há alterações de parâmetros como: intervalo do parto
entre filhotes, número de filhotes, fêmeas nulíparas.
A indução do parto pode ser feita com aplicação de PGF2α (em torno de 20 a 30
horas antes da data requerida para o parto) e ocitocina.
Égua: tem-se sinal de proximidade do parto muito rápido e pode ter secreção nas bordas
do teto. A expulsão é rápida, cerca de 30 minutos no máximo e a placenta demora entre
1 a 3 horas para ser expulsa.
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Referências Bibliográficas
HAFEZ, Reprodução Animal. 7° edição, São Paulo: Editora Manole, 2004.
CAIXETA E.S. FAGUNDES N.S. CAIXETA M.S. PYLES E.S. Desenvolvimento
Embrionário Inicial Eqüino – Revisão. Revista portuguesa de Ciências Veterinárias,
2008.
MARTINS L.R. LOPES M.D. Pseudociese Canina. Rev Bras Reprod Anim, Belo
Horizonte, v.29, n.3/4, p.137-141, jul./dez. 2005.

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Fertilização e Desenvolvimento Embrionário

  • 1. V e t e r i n a r i a n D o c s www.veterinariandocs.com.br 1 www.veterinariandocs.com.br Obstetrícia Fertilização Maturação Oocitária Objetivo: finalidade de preparar o oócito, ocorre no ovário no período pré ovulatório (pico de LH). Ex.: o ciclo estral da vaca é de 21 dias e esta passa 21 dias se preparando para liberar um ovócito (célula feminina especializada para ser fertilizada para continuar o desenvolvimento do embrião). *Necessita-se que o ovócito se prepare para a fertilização e isto ocorre no ovário no período pré-ovulatório, depois haverá pico de LH, reinício da meiose até metáfase II. Fases: nuclear, citoplasmática e expansão do cumulus. 01-Nuclear Reinício da Meiose até Metáfase II. 02-Citoplasmática Haverá um reajuste das organelas (ribossomos adjacentes aos cromossomos); 03-Expansão Cumulus Perda da comunicação oócito-cumulus. O oócito sempre esta rodeado com as células do cumulus, as células do cumulus tem processo de foliculogênese até o momento da ovulação. Há a expansão das células do cumulus, estas células alteram todo o seu material genético. Há o acúmulo de RNA e proteínas no citoplasma que são necessários para as primeiras divisões embrionárias, até que o genoma do embrião esteja ativo. As células do cumulus são haploides com o corpúsculo polar I no espaço perivitelínico.
  • 2. 2 www.veterinariandocs.com.br Formação da Estrutura de Bloqueio Após a fecundação do óvulo haverá a formação da estrutura de bloqueio dos grânulos corticais, que tem a finalidade de bloquear a polispermia. O posicionamento periférico dos grânulos corticais tem a função de bloqueio, depois que um espermatozoide penetra no oócito tem-se uma reação na zona pelúcida impedindo que outros também penetrem. Maturação Espermática Objetivo: fornecer capacidade de locomoção e fecundação aos espermatozoides. Fases: epididimária, capacitação e reação acrossomal. 01-Capacitação Espermática: inicialmente começa a preparação de sua membrana para fazer a reação acrossomal e o espermatozoide adquire um estado de hipermotilidade. No momento da ejaculação o macho deve estar como uma célula pronta para percorrer um longo trajeto desde o sítio da ejaculação até a ampola do oviduto, porém, no momento da ejaculação o espermatozoide não está totalmente pronto para fertilizar, necessitando sofrer a capacitação espermática e reação acrossomal. Há remoção do colesterol e glicosaminoglicanas da superfície celular. 02-Acrossoma do Espermatozóide: é um ‘capacete’ com enzimas de finalidade promover o contato entre a membrana citoplasmática do ovócito com a do espermatozoide. O ovócito está protegido pela zona pelúcida a qual é uma capa glicoproteica, então o espermatozoide deve romper esta proteção por meio de suas enzimas e conseguir penetrar no ovócito. *O ejaculado possui alto teor de colesterol, glicosaminoglicanos e outros constituintes do plasma seminal. **Limite de sobrevivência do espermatozoide em bovinos é de 24 horas. ***Caninos possuem o maior tempo de sobrevivência de espermatozoide, cerca de 5 a 7 dias, pois a cadela ovula ovócito imaturo. Interação do Espermatozoide e Oócito A vida fértil dos gametas impõe sincronismo entre a inseminação e ovulação. Tabela 1. Longevidade dos gametas em diferentes espécies. Longevidade (h) Bovino Equino Ovino Suíno Espermatozóide 30 a 48 72 a 120 30 a 48 34 a 72 Oócito 20 a 24 6 a 8 16 a 24 8 a 10
  • 3. 3 www.veterinariandocs.com.br A fertilização em mamíferos requer eventos críticos como: migração espermática entre as células do cumulus oophorus, união espermática e migração através da zona pelúcida e fusão das membranas plasmáticas do espermatozoide e do oócito. Local de Interação Figura 1.Local de fertilização. Local: ampola. União do Espermatozóide Depende da ligação específica a receptores presentes na zona pelúcida: ZP1, ZP2 e ZP3. Essa ligação ocorre apenas com espermatozoides de acrossoma intacto. A penetração ocorre após liberação de enzimas acrossomais que fazem a lise da zona pelúcida. Após penetração a cabeça do espermatozoide atinge o espaço peri-vitelínico do oócito e ocorre a fusão da membrana plasmática do espermatozoide (região equatorial da cabeça) e a membrana vitelínica. Após isto há o bloqueio da poliespermia através da liberação de grânulos corticais no espaço peri-vitelínico e ‘endurecimento’ da zona pelúcida.
  • 4. 4 www.veterinariandocs.com.br Figura 2. Interação do espermatozoide com o oócito. Formação de Pró-Núcleos e Singamia Na penetração do espermatozoide, o oócito completa a meiose e expele o corpúsculo polar. Os cromossomos são englobados por um pró-núcleo. O envelope nuclear do espermatozoide desintegra-se e há descondensação da cromatina (protaminas). A cromatina paterna é envolvida por um novo envelope formando o pró- núcleo masculino. Ambos pró-núcleos migram para o centro do oócito (rearranjos na estrutura citoesquelética) e quando eles estão próximos, os envelopes se dispersam permitindo a integração dos cromossomos. Então ocorre a síntese do DNA e a primeira divisão de clivagem. Clivagem Divisões mitóticas que iniciam no zigoto formando blastômeros. Há a redução do volume citoplasmático e aumento do volume dos núcleos e quantidade de material genético.
  • 9. 9 www.veterinariandocs.com.br Reconhecimento Materno da Gestação Sinal do reconhecimento materno da gestação. Tabela 2. Sinal para reconhecimento materno da gestação. Espécies Sinal Equinos PGE2 Maioria das espécies Sinal luteostático do concepto Cães e gatos Não dependem de sinal específico *Requerimento crítico é a manutenção da progesterona pelo corpo lúteo. Progesterona (P4): função principal e indispensável para o estabelecimento da prenhes. O rP4 (receptor de progesterona) é expressado no epitélio e no estroma endometrial durante a fase luteal inicial. Também induz a secreção de proteínas pelas glândulas endometriais (proteínas do leite uterino). Momento do reconhecimento nas diferentes espécies: Tabela 3.Momento do reconhecimento materno. Espécie Tempo (dias) Bovino 16 e 17 Ovino 12 a 13 Suíno 10 a 12 Equino 12 a 16* 01-Ruminantes Mecanismo de ação: interação entre o interferon tau (INF-t) e a progesterona. O interferon tau inibe a ação luteolítica da PGF2α (receptores E2 e ocitocina). Período crítico: entre o 15º e 18º dia devido a fase de liberação de PGF2α. 02-Suínos Mecanismo de ação: produção de estradiol pelo concepto (há a necessidade de pelo menos dois conceptos em cada corno). A produção de PGF2α ocorre normalmente, mas o estradiol faz com que esse seja desviado (redirecionamento exócrino). *Há possibilidade de efeito do interferon-tau (IFNt tipo II).
  • 10. 10 www.veterinariandocs.com.br Período: 10 a 15 dias que os conceptos produzem estrógeno em quantidade necessária para desencadear a sinalização inicial para o reconhecimento da gestação. O segundo período de alta produção de estrógeno ocorre entre os dias 15 e 25-30. Estas duas fases de secreção são necessárias para consolidar o redirecionamento exócrino prolongado de PGF2α. 03-Equinos Mecanismo de ação: a produção de estradiol pelo embrião associadas ao aumento da progesterona levam a um aumento considerável na produção de uteroferrinas. O embrião move-se rapidamente entre os cornos antes de se fixar no 16º dia. A migração embrionária transcornual faz com que as células endometriais entrem em contato com a uteroferrina que suprime a síntese de PGF2α. 04-Caninos e Felinos Mecanismo de ação: não é necessário um sinal específico pelo concepto. Implantação Embrionária Requerimento básico para nutrição e proteção do concepto. O blastocisto tem capacidade de implantação devido ao trofectoderma de anexar e aderir ao epitélio luminal. Aspectos Anatômicos e Celulares da Implantação Embrionária Blastocisto: blastocele, trofoblasto e embrioblasto. Mucosa endometrial: epitélio mono/pseudoestratificado separado do estroma conjuntivo por uma membrana basal. Estroma endometrial: altamente vascularizado, contendo glândulas com ductos que se abrem no lúmen. Tem baixa atividade antes da ovulação e alta a partir do 4º dia de gestação (suínos o pico de atividade se dá pelo 6º, 7º dia). Epitélio luminal: células secretoras com microvilosidades concentradas nas aberturas das glândulas. A atividade mitótica varia conforme o ciclo estral. Função: síntese e secreção e/ou transporte de inúmeras proteínas e substâncias histotróficas (complexos enzimáticos, fatores de crescimento, citocinas, linfocinas, proteínas de transporte, etc.). Glândulas uterinas: particularmente importante nas espécies com período de pré- implantação prolongado (bovinos, suínos, ovinos e equinos). Todas as mudanças na proliferação e diferenciação celular do endométrio são hormônio celular.
  • 11. 11 www.veterinariandocs.com.br Implantação Embrionária Alongamento do blastocisto Ocorre em ruminantes domésticos e suínos. O blastocisto se torna tubular com filamentos e é fundamental para a produção do interferon-tau (IFNt) em ruminantes. O alongamento não é observado em roedores, equinos, primatas e roedores. *Equino não faz o alongamento, mantém sua forma esférica até os dias 17 e 19, quando se adapta à forma da luz uterina. Ocorre no 11º dia em ovinos, no 13º dia em bovinos e no 10º dia em suínos. Interação das células do trofoblasto com o epitélio luminal Centrica: trofoblasto com grande contato, mas sem penetração. Ocorre em bovinos, suínos, ovinos, coelhos, caninos e alguns marsupiais. Excêntrica: epitélio luminal é invadido pelas células do trofoblasto. Ocorre em ratos, hamsters e camundongos. Intrínseca: trofoblasto alcança o estroma endometrial. Ocorre em humanos. Migração Intrauterina e Espaçamento Essencial para a sobrevivência embrionária nas espécies com grande número de filhotes. Se dá por contrações moduladas peristálticas do miométrio, estimuladas pelo embrião. É raro em ovinos e bovinos. Nos equinos ocorre 13 migrações ao dia entre os dias 10 e 16 da gestação, podendo ocorrer até o 30º dia. Fases da Implantação Embrionária 01-Rompimento da zona pelúcida Ocorre acúmulo de líquido no interior da blastocele levando ao aumento da pressão. O trofoblasto e o epitélio luminal possuem enzimas proteolíticas que lisam a zona pelúcida. 02-Aposição Interdigitação entre projeções citoplasmáticas do trofectoderma e os microvilos do epitélio luminal.
  • 12. 12 www.veterinariandocs.com.br Há intima associação entre o trofectoderma e as células do endométrio, até uma adesão estável. Tem-se progressiva interdigitação entre os microvilos dos epitélios luminal e do trofoblasto. 03-Adesão e Pré-Implantação Moléculas de adesão e implantação: glicoproteínas do trofoblasto (glicocalix). Há alterações bioquímicas (composição e distribuição) durante o processo de anexamento: mucina 1 (MUC1), integrinas adesivas, osteopontinas e moléculas de adesão celular glicosiladas (GlyCAM-1). Placenta Formação da Placenta Função: local fundamental de trocas de nutrientes e gases entre a mãe e o feto, e é constituída de uma porção fetal e outra materna. Também tem função de proteção térmica e mecânica, nutrição e produção de hormônios (progesterona, estrógeno, lactogênio placentário e hCG). Porção materna: originária do endométrio (decídua); Porção fetal: originária do saco coriônico; Desenvolvimento: inicialmente ocorre com a proliferação do trofoblasto, do saco coriônico e das vilosidades coriônicas. As vilosidades coriônicas são áreas aumentadas na união materno-fetal e tem a função de aproximar vasos sanguíneos maternos e fetais. Há a justaposição das vilosidades coriônicas com as criptas da mucosa uterina. Nos ruminantes, suínos e equinos a implantação e placentação não é invasiva (aposições celulares). Nos carnívoros é pouca invasiva ao passo que em humanos ocorre completa implantação do embrião no endométrio (nidação). Classificação das Placentas Coriônica: primeiro passo para o desenvolvimento placentário. Coriovitelínica: membrana coriônica conectada à circulação fetal por vasos do saco vitelínico. Vitelínica: epitélio do saco vitelínico contém vasos conectados à circulação fetal. Ocorre em peixes e anfíbios. Coriolantoidea: membrana coriônica conectada à circulação fetal por vasos do alantoide. Ocorre na maioria dos mamíferos. A placenta corioalantoidea pode ser classificada nos animais através do padrão das vilosidades coriônicas, da barreira materno-fetal e da perda ou não de tecido materno durante o parto.
  • 13. 13 www.veterinariandocs.com.br Tabela 4. Classificação das placentas nas diferentes espécies. Figura 3. Desenho esquemático das diferentes placentas. Nutrição e Metabolismo Fetal Há suprimento continuo de nutrientes da mãe através da placenta. O feto sintetiza todas as suas proteínas a partir de aminoácidos maternos. Funções Gerais da Placenta Apresenta grande complexidade bioquímica, pois exerce funções múltiplas relacionadas com as funções efetuadas no adulto pelos: pulmões, rins, hipófise, ovários, fígado e intestino.
  • 14. 14 www.veterinariandocs.com.br Metabolismo: é fonte de nutrientes e energia para o embrião. Reserva fetal de glicogênio até o 3º mês e possui atividades anabólicas e catabólicas comparáveis ao parênquima hepático. Transferência: passagem de nutrientes, oxigênio, água, hormônios e anticorpos para o feto. Catabólitos, água, gás carbônico e hormônios fetais para a mãe. Função Endócrina da Placenta A secreção endócrina placentária ocorre pelo sinciciotrofoblasto o qual atua como uma glândula endócrina e produz gonadotrofinas, somatotrofina coriônica e esteroides. hCG: gonadotrofina coriônica humana. hCS: somatotrofina coriônica humana (também denominado hormônio lactogênio placentário). Progesterona: assume parte da função do corpo lúteo na manutenção da gestação (integridade do endométrio). Estrógeno: determina aumento da sensibilidade do miométrio à ocitocina. Aumenta no final da gestação e está relacionado ao mecanismo desencadeador do parto. Feto com Alo-Implante Imunologicamente o feto é um alo-implante e deveria enfrentar a rejeição materna. Isso não ocorre pois os tecidos fetais são tolerados pois genes do complexo MHC e antígenos são suprimidos pelo córion e também o endométrio suprime a resposta imune, tornando o útero um espaço imunologicamente privilegiado. Membranas Extraembrionárias -Cório e membrana cório-alantóide: placenta. -Cavidade alantoide -Cavidade amniótica -Saco vitelínico -Cordão umbilical Líquidos Fetais Líquido amniótico: tem função de proteção mecânica, crescimento e movimentação fetal, manutenção da temperatura e homeostase bioquímica do feto. Líquido alantóideano: tem função de excreção e manutenção osmótica. *Os líquidos fetais também tem a função de lavar e lubrificar o canal do parto.
  • 15. 15 www.veterinariandocs.com.br Volumes Bovinos e Equinos: 20 litros; Pequenos ruminantes: 5 litros; Carnívoros e Suínos: 0,5 litro; Cordão Umbilical Córion: ligação materno-fetal; Cordão Umbilical: faz a ligação do feto à placenta. É formado a partir do alantoide e vesícula vitelínica, possui artérias e veias. Tem a função de nutrição e respiração do embrião. Gestação Definição Estado particular das fêmeas, decorrente da fecundação de um ou mais óvulos, sua placentação e evolução, até a sua expulsão. Tipos -Normal ou patológica; -Única ou múltipla; -Tópica ou ectópica. Duração Tabela 5. Duração da gestação nas diferentes espécies. O período de gestação da vaca pode variar entre 270 a 290 dias, entretanto, a média é de 284 dias.
  • 16. 16 www.veterinariandocs.com.br Para calcular a provável data do parto pode-se empregar a seguinte fórmula: a partir da data de cobertura subtrair 3 meses e adicionar 14 dias. Ex: inseminação artificial dia 20/03/2012 então a provável data do parto seria 04/01/2013. Manutenção da Gestação Suínos e Caprinos: o corpo lúteo é essencial para durante todo o período da gestação. Ovinos: a atividade do corpo lúteo é indispensável nos primeiros 55 dias. Bovinos: o corpo lúteo é essencial até os 150 – 215 dias de gestação, posteriormente a produção de progesterona é assumida pela placenta. Equinos: há presença de corpos lúteos acessórios a partir dos 40 dias de gestação, por estímulo do eCG. Com 140 dias de gestação os corpos lúteos original e acessórios regridem. A gestação então é mantida mesmo com baixos níveis de progesterona. Carnívoros: corpo lúteo com vida longa, igual ao período da gestação. Estruturas Derivadas dos Folhetos Germinativos Ectoderme: Ectoderma Superficial: epiderme, pelos, unhas, cascos, esmalte dentário, glândulas cutâneas e mamárias e adeno-hipófise. Neuroderma: glânglios e nervos, células pigmentares, mesênquima da cabeça, cérebro, medula e neuro-hipófise. Mesoderma: Lateral: tecido conjuntivo, músculos, vísceras, membranas serosas, tecido hematopoético, baço, córtex adrenal, sistemas cardiovascular e linfático. Intermediário: sistema urogenital. Notocorda: núcleo pulposo das vértebras. Paraaxial (somitos): cartilagens, ossos, músculos e tecido conjuntivo denso. Endoderma: trato digestivo, fígado, pâncreas, alantoide, sistema respiratório, derivados epiteliais da faringe, bolsas branquiais e derivados epiteliais da tireóide.
  • 17. 17 www.veterinariandocs.com.br Desenvolvimento Fetal Figura 4. Gráfico do desenvolvimento fetal. Diagnóstico de Gestação -Importância: diferenciação do estado gestacional fisiológico de alterações patológicas, evitando erros iatrogênicos. Sinais Diagnósticos Comportamento Materno: -Cessação da atividade estral (não retorno ao cio); -Aumento do apetite; -Aumento do peso (anabolismo); -Temperamento mais dócil; Sinais Clínicos: -Aumento de volume abdominal; -Desenvolvimento da glândula mamária; Palpação Abdominal: -Palpação da vesícula gestacional e mais tardiamente o feto; -Balotamento fetal; Palpação Retal: -Útero: assimetria, aumento de volume (presença de vesícula gestacional), dupla parede, flutuação, placentônios e balotamento fetal;
  • 18. 18 www.veterinariandocs.com.br -Ovários: presença de corpo lúteo; -Artéria Uterina Média: aumento de volume e presença de frêmito; Vaginoscopia: -Colo Uterino: pálido, fechado e com presença de tampão mucoso; Diagnóstico por Imagem/Som: -Scan A: detecta presença de fluídos; -Doppler: detecta ruídos cardíacos, fluxo placentário e fluxo do cordão umbilical; -Scan B (ultrassonografia): observação direta dos anexos fetais e do próprio feto; Testes Laboratoriais: -Microscopia: -Muco Cervical: granulação e condensação; -Histologia: citologia vaginal; -Bioquímica: -Dosagem Hormonal: progesterona (soro e leite), estrógeno (urina), eCG e relaxina; Métodos Cirúrgicos: laparotomia ou laparoscopia Diagnóstico de Gestação por Espécie 01-Égua: (tempo gestação : 340 dias) *Única espécies em que o concepto está envolto em uma cápsula glicoprotéica; 01.1-Palpação Retal: -Cérvix: alongada, firme e tubular (a partir do 16º dia); -Útero: 1º mês: útero reativo à manipulação (contração) e na cavidade pélvica; 2º mês: corno gestante começa a apresentar leve assimetria (variando de 5 a 15cm), presença de flutuação e corno gestante e não gestante ainda tensos. Útero ainda na cavidade pélvica; 3º mês: útero relaxado caindo para a cavidade abdominal, aumento na distensão (25cm) e a distinção entre o corpo e corno se torna menos evidente;
  • 19. 19 www.veterinariandocs.com.br 4º mês: fase de descida, útero relaxado e com claro balotamento. Ligamento largo distendido com ovários tracionados em posição medial; 5/6º mês: aumento da distensão do ligamento largo e ovários mais próximos; 7º ao 11º mês: fase de subida, clara palpação do feto (feto reage a manipulação) e feto insinuado na cavidade pélvica; -Ovários: -Início da gestação até o 40º dia: somente presença de corpo lúteo; -Entre o 40º e 90º dia: presença de corpo lúteo e folículos; -Após o 90º dia até o final da gestação: corpo lúteo; *Se tiver folículos maiores que 5mm não está gestante; -Artéria Uterina Média: verificada a partir do 5º mês; 01.2-Ultrassonografia: 10º ao 14º dia: observa-se vesícula gestacional, está vesícula migra pelo útero (5mm); 14º ao 20º dia: observa-se vesícula vitelínica com 15mm e com parada na migração. 21º dia: observação do embrião 23/24º dias: observação dos movimentos cardíacos; 30º dia: embrião no meio da vesícula; 33º dia: embrião no terço superior da vesícula; 36º dia: embrião em posição dorsal na vesícula; 40º dia: embrião no meio da vesícula com cordão umbilical; 41º ao 60º dia: feto em posição ventral na vesícula (verifica-se movimentos fetais); 01.3-Hormonal: -Progesterona: entre 18º e 23º dia (confirmação de não gestação); -eCG: presente somente em éguas prenhes, entretanto, após a formação dos cálices endometriais, o eCG mantém-se elevado mesmo após a morte do feto. O teste deve ser feito entre 50º e 100º dia (ideal); -Sulfato de Estrona: detectável no soro, leite, urina e fezes após o 4º mês. No soro, o pico ocorre aos 60 dias, antes dos 60 dias pode ocorre falso positivo (resíduos do estro);
  • 20. 20 www.veterinariandocs.com.br -Estrógenos (gônada fetal): teste de Cuboni (fluorescência na urina) e deve ser feito a partir do 100º dia; 02-Vaca: (tempo gestação: 285 dias) 02.1-Palpação Retal: -Cérvix: -Até 2º mês: fechada; -3º mês em diante: cérvix com tampão mucoso evidente e no final da gestação tem-se a liquefação deste tampão mucoso -Útero: -1º mês: cornos sem assimetria; -2º mês: leve assimetria do corno gestante com efeito de dupla parede, feto já pode ser palpado; -3º mês: útero caindo para cavidade abdominal e placentônios são semelhantes à ervilhas (difícil de serem palpados); -4º mês: semelhante ao 3º mês, com balotamento interno positivo e placentônios com 2cm de diâmetro (fácil palpação); -5º/6º mês: totalmente na cavidade abdominal, cérvix presa no assoalho da cavidade pélvica e difícil palpação do feto no 5º mês, já no 6º mês torna-se palpável. Tem-se movimentos flutuantes e placentônios entre 3 e 4cm; -7º ao 9º mês: prova do balotamento externo positiva pelo flanco direito, feto reage a manipulação, feto começa a voltar para cavidade pélvica e placentônios grandes (4 a 6cm); -Ovários: -1º mês: corpo lúteo palpável; -Entre 2º mês e 4º mês: corpo lúteo ipsilateral (localizado do mesmo lado onde houve a ovulação); -A partir do 5º mês: a palpação é desnecessária; -Artéria Uterina Média: -4º mês: perceptível; 02.2-Ultrassonografia: -13º ao 19º dia: observa-se vesícula embrionária;
  • 21. 21 www.veterinariandocs.com.br -20º ao 24º dia: observa-se o embrião; -24º ao 27º dia: observam-se os batimentos cardíacos; -30º ao 32º dia: observa-se o âmnion; -28º ao 34º dia: verificam-se os membros; -40º dia: verifica-se a coluna vertebral; -42º ao 50º dia: presença de movimentos fetais; -60º dia: presença de placentônios em todo o útero; 02.3-Hormônios, Antígenos e outras Proteínas: -Sulfato de Estrona: verifica-se no plasma, urina e leite entre o 72º e 100º de gestação; -Prova de Cuboni: estrógeno (gonada fetal) detectado na urina a partir do 100º dia; -Progesterona: pelos testes de RIA ou ELISA com soro u leite e é realizado entre o 20º e 25º após a cobertura (100% de confirmação); -Lactogênio Placentário (somatotrofina coriônica): a partir do 110º dia; -Proteínas B: específicas para gestação (PSP-B e PSP-60), são detectadas no soro a partir do 24º e 34º dia; -Proteínas Associadas à Gestação (PAG): detectáveis a partir do 34º dia (entre 87 e 98% de precisão); -Fator Precoce da Prenhes (EPF): detectado a partir de 6 a 24 horas após a concepção (em ovinos); 03-Cabra e Ovelha: (tempo gestação : 150 dias); 03.1-Palpação Reto-Abdominal: visa a palpação de obstáculo entre um bastão introduzido por via retal e a mão do operador no abdômen. 03.2-Biópsia Vaginal: baixa praticidade na execução; 03.3-Radiografia: esqueleto radiopaco com cerca de 65 dias; 03.4-Laparotomia: com uma incisão no flanco e outra paramediana ventral e cranial ao úbere e executa-se a palpação com dois dedos com 42º dias de gestação; 03.5-Hormônios:
  • 22. 22 www.veterinariandocs.com.br -Sulfato de Estrona: detectável no leite, soro ou urina por RIE ou ELISA entre o 40º e 50º dia; -Progesterona: detectável no leite ou soro a partir do 21º dia; -PAG: após 21 dias da cobertura. -INFt: cabra a partir de 16 dias e ovelhas entre 12 e 21 dias. 03.6-Métodos Ultrassônicos: -Scan A: transabdominal a partir do 50º dia após a cobertura; -Scan B: transretal (25º a 30º dia) e transabdominal (a partir do 40º dia); -Doppler: transabdominal (a partir do 50º dia) e transretal é mais precoce; 03.7-Palpação Abdominal: apenas em gestação avançada e com animal em jejum; 04-Porca: (tempo de gestação : 114 dias); 04.1-Palpação Retal: a partir do 30º dia verifica-se aumento de volume e presença de frêmito da artéria uterina média; 04.2-Hormônios: -Prostaglandina F2α: baixos níveis entre 13 e 15 dias. -Progesterona: altos níveis entre 17 e 24 dias. -Sulfato de Estrona: na urina e detectável a partir do 21º a 33º dia de gestação (1º pico) e entre o 70º e 80º dia (2º pico) 04.3-Métodos Ultrassônicos: -Scan A: entre 30 e 75º dia; -Doppler: verifica-se os batimentos pela artéria uterina média (50 a 100bpm); -Scan B: observam-se vesículas amnióticas no 18º dia, embriões entre o 25º e 32º dia e movimentos fetais no 60º dia; 05-Cadela: (tempo de gestação : 63 dias) 05.1-Sinais Maternos: -Aumento de peso (evidente após a 5ª semana); -Aceleração da freqüência respiratória (evidente após a 5ª semana); -Glândula mamária:
  • 23. 23 www.veterinariandocs.com.br -35º dia: ruborização da base dos mamilos (tetas engurgitadas); -45º dia: tetas longas e tumefeitas; -50º dia: hipertrofia da glândula mamária e presença de secreção aquosa ou leite; 05.2-Palpação Transabdominal: útero não palpável até 21 dias; -24º ao 28º dia: verifica-se regiões firmes com contorno esférico; -28º ao 30º dia: verifica-se regiões esféricas, facilmente palpáveis (1,5 a 3,5cm); -Após o 31º dia: os istmos que separam as ampolas se dilatam, não sendo possível a individualização das mesmas; -42º ao 50º dia: acentuado desenvolvimento fetal (crânios palpáveis); 05.3-Auscultação: somente nos últimos 15 dias de gestação (ritmo de galope e entre 180 e 240bpm); 05.4-Hormônios: -Progesterona: não confirma gestação, apenas atividade lútea; -Prolactina: entre 20 e 30 dias; -Relaxina: entre 26 e 31 dias; 05.5-Radiografia: determina-se o número de fetos (considerando o crânio), os fetos são visíveis entre o 42º e 52º dias de gestação na cadela e entre 38º e 43º dia na gata e é difícil em pacientes obesos; 05.6-Ultrassônicos: -Doppler: verifica-se presença de ruídos cardíacos entre 32º e 39º dia de gestação com 200bpm; -Scan B: a partir da 3ª semana é possível a identificação das vesículas embrionárias; *Determinação da idade gestacional: Até 40 dias: IG = (6 x DVG) + 20 IG = (3 x CCC) + 27 IG = (6 x DCA) + (3x DCO) + 30 DAP (dias antes do parto) = 65 – IG
  • 24. 24 www.veterinariandocs.com.br Acima de 40 dias: IG = (15 x DCA) + 20 IG = (7 x DCO) + 29 Legenda: IG (idade gestacional), DCA (diâmetro da cabeça), DCO (diâmetro do corpo), DVG (diâmetro da vesícula), CCC (comprimento crânio-caudal) e DAP (dias antes do parto). Patologias da Gestação de Origem nos Anexos Fetais 01-Hidropsia dos Envoltórios Fetais Definição Acúmulo exagerado de líquidos fetais, cuja quantidade normal é de 20 litros em grandes animais. Classificação Hidroalantóide: ocorre um aumento de líquido no alantoide. Hidroâmnio: alterações observadas na bolsa e líquido amniótico. Hidroâmnio-Hidroalantóide: forma mista envolvendo tanto o amnio quanto o alantoide. Ocorrência Hidroalantóide: 85 a 90%; Hidroâmnio: 2 a 3 %; Hidroâmnio-Hidroalantóide: não ultrapassa 7 %; Etiologia -Malformações fetais (anencefalia, hidrocefalia e monstro duplo); -Distúrbio hepato-renal nos fetos (hidronefrose); -Torções ou compressões do cordão umbilical; Fatores Predisponentes Produção ou transferência de embriões. Sinais Clínicos Forma leve: ligeiro aumento bilateral do volume abdominal.
  • 25. 25 www.veterinariandocs.com.br Forma moderada: abdômen em forma típica de tonel (pelo aumento de volume uterino e compressão de órgãos), taquipnéia, dispneia, taquicardia e distúrbios digestivos. Forma grave: aumento exagerado e característico da cavidade abdominal, distúrbios cardiorrespiratórios, inapetência, diminuição da ruminação, dificuldade de defecar e urinar e desidratação intensa. Diferença entre Hidroalantóide e Hidroâmnio Hidroalantóide -Abdome com distensão rápida (5 a 20 dias), de forma arredondada, distendido e tenso. Difícil palpação de fetos e placentomas. -O líquido apresenta características de transudato. -Os fetos são normais, porém fracos e pequenos. -Placenta com aspecto normal, mas com número reduzido de placentomas. -Há rápida reposição de líquido pós drenado. -Geralmente ocorre retenção placentária e metrite. -Prognóstico reservado a ruim. Hidroâmnio -Abdome com distensão lenta (semanas a meses), com forma de pera e pouco tenso. Maior facilidade de palpar feto e placentomas. -Fetos geralmente anômalos. -Placenta normal. -Há lenta reposição de líquido pós drenado. -Eventualmente ocorre retenção placentária e metrite. -Prognóstico bom a reservado. Complicações Antes do parto: prolapso de vagina, paraplegia, hérnia abdominal ou ruptura de parede, ruptura de útero e colapso. Pós-parto: atonia de útero com retenção de membranas e diminuição da produção leiteira ou até agalaxia.
  • 26. 26 www.veterinariandocs.com.br Diagnóstico -Anamnese e História Clínica; -Sinais Clínicos (aumento característico abdominal, flutuação sem presença de feto, útero em forma de balão e tensão da parede uterina com impossibilidade de palpar partes do feto ou placentomas). Diagnóstico Diferencial Ascite (líquido na porção ventral do abdome e útero com formato normal), hidrometra (acúmulo de secreção serosa) e prenhes múltipla patológica. 02-Molas Definição Processos patológicos placentários, causando morte embrionária, em seu estágio primitivo de desenvolvimento. Geralmente o embrião é absorvido. Os anexos fetais continuam se desenvolvendo. Ocorre em bovinos, caninos e suínos. Etiologia Tumoral, traumática ou malformação fetal. Tipos Mola cística: anexos fetais se transformam em bolsa, com conteúdo líquido (bovinos e ovinos) Mola vilosa: crescimento exuberante das vilosidades do córion Mola hemorrágica: ocorre morte traumática do embrião, ocorrendo hemorragia placentária, sendo q o coágulo envolve o produto. Mola hidatiforme: vilosidades coriônicas sofrem degeneração cística, recobrindo-se, total ou parcialmente, com cistos pedunculados ou sésseis (bovinos e ovinos). Mola carnosa: é uma fase de desenvolvimento hemorrágico, onde a primeira perde a cor intensa, ficando com um aspecto cárneo. Diagnóstico -Anamnese e História Clínica; -Sinais Clínicos (corrimento hemorrágico durante a gestação e prenhes prolongada);
  • 27. 27 www.veterinariandocs.com.br Tratamento Aborto terapêutico e limpeza. 03-Amorphous globosus Definição É uma estrutura de pele e pelos coberta por uma estrutura que contém gordura, tecido conjuntivo e pode ter cartilagem e osso. Parecem ser um zigoto imperfeito e são parasitos na placenta de um gêmeo normal. Ocorrência Maior frequência em ruminantes. Etiologia Pode estar associada a enfermidades ou por estase sanguínea na circulação placentária. 04-Corrimento Vaginal Durante a Gestação 04.1-Corrimento hemorrágico: pode ser ocasionado por ruptura de hematomas ou varizes vaginais, traumatismos durante a cópula, hemorragias de bexiga e sistema urinário e metrorragias por traumatismos. 04.2-Corrimento seroso, muco-purulento e purulento: pode ser ocasionado por alterações vaginais (Ex.: fibromas, causando corrimento seroso) e processos inflamatórios na vagina, cérvix ou útero. 05-Placentite (Edema dos Envoltórios Fetais) Etiologia -Traumática; -Infecciosa (via hematógena, linfática ou vaginal). Complicações Complicações no puerpério, aborto, parto prematuro, retenção de placenta e esterilidade. Diagnóstico -Anamnese e História Clínica; -Sinais Clínicos; -Exames Complementares:
  • 28. 28 www.veterinariandocs.com.br -Macroscopia dos envoltórios fetais. -Microbiológico; -Sorologia; Tratamento Preventivo. 06-Pseudociese (Pseudogestação) Definição Distúrbio no qual a fêmea não gestante comporta-se com se estivesse prenhe, em trabalho de parto ou parida. Ocorrência Cadelas e gatas com cobertura infértil. Etiologia Especula-se que sua manifestação seja uma característica evolutiva herdada pelo cão doméstico, que em matilha mostrava-se vantajosa, permitindo que a fêmea dominante fosse capaz de caçar enquanto seus filhotes eram amamentados por outras fêmeas do grupo. Patogenia Ocorre na fase de diestro do ciclo estral e há o desencadeamento da pseudociese manifesta é atribuído ao aumento nas concentrações e/ou na sensibilidade individual à prolactina, associadas a um declínio mais rápido que o normal dos níveis séricos de progesterona. Sinais Clínicos Verifica-se aumento de peso e volume corporal, tumefação de vulva, corrimento vaginal viscoso, esconde-se e prepara ninho, edema mamário com secreção láctea e desenvolvimento de mama e secreção de pré-colostro. Tratamento Por se tratar de uma condição autolimitante muitas vezes não requer tratamento, ou o tratamento pode ser apenas conservativo fazendo uso de um colar elizabetano, para evitar que o animal estimule a secreção láctea pela lambedura das mamas, ou pela restrição da ingestão hídrica por 5 a 7 noites, devendo-se avaliar a função renal previamente.
  • 29. 29 www.veterinariandocs.com.br Nos casos de comportamentos maternos exacerbados, a atenção do animal deve ser desviada com estímulo à atividade física. Nas situações em que os animais se mostrem agressivos, deve-se realizar tranquilização, evitando drogas do grupo dos fenotiazínicos. Pode-se utilizar bloqueadores da prolactina com a Cabergolina (agonista dopaminérgico). 07-Prenhes Múltipla Patológica Fisiologia Normal Equinos e bovinos normalmente são uníparos e partos gemelares ocorrem em 2 e 1,5% respectivamente. Pequenos ruminantes podem ter entre 1 a 3 fetos, suínos entre 10 e 12 fetos, cadelas de médio a grande porte 6 a 10 fetos, cadelas de pequeno porte entre 2 a 4 fetos e gatas entre 2 a 5 fetos. Etiologia -Divisão embrionária; -Monozigóticos; Sinais Clínicos Verifica-se taquipnéia e respiração superficial por compressão do diafragma, perturbações digestivas (compressão e deslocamento de órgãos do sistema digestivo), perturbações cardio circulatórias (edemas e transudações cavitárias por compressão dos vasos sangüíneos), enfraquecimento da gestante, distúrbios metabólicos, decúbito permanente, alterações mecânicas no parto (insuficiência das contrações e atonia do útero e retenção de placenta). Formas -Primária -Secundária. Evolução Há a ruptura do útero com ruptura do cordão umbilical e morte do feto. A gestação prossegue na cavidade abdominal . Morte do feto e mumificação e aderências do feto ao intestino ou à parede abdominal. Neoplacentação.
  • 30. 30 www.veterinariandocs.com.br Diagnóstico -Anamnese e História Clínica; -Sinais Clínicos; -Exames Complementares: -Palpação transretal. -Palpação da cavidade abdominal. -Cirúrgico: laparotomia exploratório. -Radiografia ou ultrassonografia. Tratamento Varia de acordo com o momento da gestação. Pode-se proceder com a intervenção cirúrgica (cesariana prematura) ou indução do parto, visando a garantia de vida da mãe. Prognóstico Desfavorável. 08-Prenhes Ectópica Etiologia Falha no transporte do embrião para o oviduto ou ruptura uterina. Diagnóstico -Anamnese e História Clínica; -Sinais Clínicos; -Exames Complementares: -Palpação transretal; -Radiografia; Prognóstico Desfavorável;
  • 31. 31 www.veterinariandocs.com.br Patologias da Gestação de Origem Materna 01-Inversão e Prolapso Vaginal/Cervical Tipos -Prolapso vaginal: geralmente parcial. -Prolapso cervico vaginal. Ocorrência Afeta principalmente ruminantes, mas pode afetas todas as espécies esporadicamente. Etiologia -Predisposição hereditária (Hereford); -Flacidez dos ligamentos devido a estrógenos; -Fêmeas idosas ou com alto número de partos (relaxamento progressivo); -Decúbito prolongado; -Distensão exagerada do útero; -Tenesmos; -Confinamento (falta de exercícios); -Inclinação dos pisos; -Cistos ovarianos; -Alimentação rica em estrógenos (pastagem de trevo); -Separação forçada na cópula ou macho muito maior (caninos); -Geralmente associado a prolapso retal na porca; -Aumento da pressão intra abdominal; Classificação Grau I: verifica-se apenas uma prega e pode ser que não haja irritação das mucosas. É visível em decúbito. Grau II: verifica-se prolapso mas sem visualização da cérvix. Visível em estação e decúbito. Grau III: verifica-se prolapso com exposição da cérvix.
  • 32. 32 www.veterinariandocs.com.br Sinais Clínicos Verifica-se exposição da vagina (parcial ou total), tenesmos, inquietação, lesões da porção evertida, prolapso retal, congestão venosa passiva, vulvite, vaginite e cervicite. Complicações Há o agravamento do quadro com o avanço da prenhes, tem-se infecção das mucosas, pode-se ter necrose, hematomas e prolapso de reto e bexiga. Diagnóstico -Anamnese e História Clínica; -Sinais Clínicos (inspeção visual); Diagnóstico Diferencial Prolapso de bexiga com ou sem ruptura vaginal (égua), cistos das glândulas de Bartolin e hematoma de vulva. Tratamento Posição quadrupedal, lavagem do períneo e região prolapsada, anestesia epidural, lubrificação e redução e contenção pelos métodos de Flessa, Bühner ou fixação do cervix no tendão pré-púbico. Em ovinos pode-se utilizar o ewe spoon após a redução do prolapso adequadamente. Com este aparato a ovelha pode parir normalmente 02-Torção Uterina Definição Rotação do útero sobre seu eixo longitudinal. Etiologia Maior predisposição nos bovinos devido ao tipo de fixação do útero na cavidade abdominal, assimetria do útero, útero na cavidade abdominal, maneira de levantar dos bovinos, quantidade de líquidos fetais em relação ao tamanho do feto, flacidez da musculatura abdominal e contrações uterinas. Ocorrência Pode ocorrer em suínos, felinos, caninos, bovinos, equinos e pequenos ruminantes. É mais frequente em bovinos e é raro em pequenos animais e em equinos. Tipos
  • 33. 33 www.veterinariandocs.com.br Ligeira: até 90º de rotação. Moderada: entre 90º e 180º de rotação. Grave: acima de 180º de rotação. Sinais Clínicos Ligeira: sinais dolorosos pouco intensos e pode ocorrer reversão espontânea. Moderada a Grave: proporcional ao grau de torção. Diagnóstico -Anamnese e História Clínica; -Sinais Clínicos; -Exames Complementares: -Palpação transretal; Tratamento Manobras obstétricas: rotação da vaca a qual é colocada em decúbito lateral esquerdo e tem as 4 patas amarradas (método de Schaffer). 03-Ruptura Uterina antes do Parto Ocorrência Pode ocorrer por complicação da torção uterina e quando há fetos enfisematosos. Etiologia -Diminuição da resistência da parede uterina. -Movimentos enérgicos do feto. Sinais Clínicos Verifica-se sinais agudos de distúrbios digestivos, feto na cavidade abdominal o qual é envolvido e encapsulado pelo mesentério. Diagnóstico -Anamnese e História Clínica; -Sinais Clínicos; -Exames Complementares:
  • 34. 34 www.veterinariandocs.com.br -Palpação Retal; Prognóstico Reservado a ruim. *A fertilidade do animal fica comprometida. Tratamento Cirúrgico: retirada do feto e dos anexos fetais. Patologias da Gestação de Origem Embrionária/Fetal 01-Mortalidade Embrionária Etapas Precoce: ocorre antes do período de implantação (abaixo dos 21 dias) e resulta na repetição do cio em intervalos regulares. Tardio: ocorre após o processo de reconhecimento dos embriões e há o prolongamento do intervalo entre cios (inte-estro). *Aborto: ocorre a partir do período de ossificação do feto. Em bovinos após os 43 dias de vida. Etiologia -Anormalidades genéticas (alta consanguinidade); -Falha no aporte hormonal (principalmente progesterona); -Falha no reconhecimento materno da prenhes; -Ambiental (temperatura extrema e fome); -Infecções (Ex.: Campylobacter); -Fatores químicos; -Fatores imunológicos; -Fatores exógenos (fitoestrógenos e deficiência de vitamina A); 01.1-Mumificação Fetal Definição Morte fetal com ausência de contaminação bacteriana, sendo feita a reabsorção dos fluídos e envoltórios fetais.
  • 35. 35 www.veterinariandocs.com.br Tipos -Papirácea; -Hemática; Ocorrência Frequente em bovinos e suínos. Etiologia -Comprometimento do fluxo sanguíneo (torção uterina, seguida de compressão do cordão umbilical e consequente interrupção da alimentação fetal); -Traumatismos; -Fatores hereditários (consanguinidade de porcas, raça Guernsey); -Deficiência na placentação; -Presença de toxinas na alimentação. Patogenia Há reabsorção dos líquidos fetais, levando ao ressecamento e aderência da placenta à parede uterina e assim endurecimento do feto. Em fêmeas multíparas há a eliminação do feto morto junto com os normais. Sinais Clínicos Vacas apresentam gestação prolongada e não tem parição, anestro e vaca com aparência de prenha devido a influência da progesterona. Diagnóstico -Anamnese e História Clínica; -Sinais Clínicos; -Exames Complementares: -Ultrassonografia; -Palpação retal (presença de massa dura no útero e prova do beliscamento negativa); Tratamento -PGF2α para luteólise e assim indução da expulsão; -Enucleaçao manual do corpo lúteo (não recomendado);
  • 36. 36 www.veterinariandocs.com.br -Remoção manual do feto via vaginal com lubrificação (difícil remoção); -Cesariana; -OSH em cadelas; -Descarte do animal; Prognóstico Favorável e há grande chance de restabelecer a fertilidade. 01.2-Maceração Fetal Definição Morte fetal com destruição dos tecidos moles na presença de contaminação bacteriana. Patogenia Há a morte fetal com posterior regressão do corpo lúteo (por produção de PGF2α, pois o útero sente-se agredido), tem-se então a abertura da cérvix e contaminação uterina causando deterioração pelas bactérias. Sinais Clínicos Verifica-se desconforto abdominal, diminuição gradativa do apetite e emagrecimento, corrimento vaginal de coloração variável e odor fétido, comprometimento do estado geral devido a septicemia e toxemia, peritonites devido a perfuração uterina pelos ossos, seguido de aderências, dispneia e as vezes hipertermia e diminuição generalizada da produção. Diagnóstico -Anamnese e História Clínica; -Sinais Clínicos; -Exames Complementares: -Palpação retal (identificação da massa, principalmente ossos); -Vaginoscopia; -Radiografia; Tratamento -Aplicação de estrógenos (duas aplicações com intervalo de 48 horas); -PGF2α;
  • 37. 37 www.veterinariandocs.com.br -OSH em cadelas e gatas; -Lavagens uterinas com soluções anti-sépticas; -Descarte dos animais; Prognóstico Reservado à ruim. 01.3-Feto Enfisematoso Definição Morte fetal com a presença de agentes bacterianos anaeróbicos específicos. Início e origem semelhantes à maceração. Sinais Clínicos Verifica-se desconforto abdominal, diminuição gradativa do apetite e emagrecimento, corrimento vaginal de coloração variável e odor fétido, comprometimento do estado geral devido a septicemia e toxemia, dispneia e as vezes hipertermia e diminuição generalizada da produção. Pode-se verificar criptação na palpação transretal. Tratamento Esvaziamento uterino com lubrificação (mucilagem) com auxílio da fetotomia. Em cadelas pode-se proceder a OSH. 02-Monstros Fetais Patologias -Schistosoma reflexum. -Agnathia. -Perosomus elmbis. -Monocephalus tetrapus tetrabrachius. -Parasitic limbs.
  • 38. 38 www.veterinariandocs.com.br 03-Outros -Hidrocefalia; -Anasarca; -Hemimelia tibial Parto Eutócico e Estática Fetal Estágios do Parto 01-Fase prodrômica ou de preparação: tem-se contração uterina, relaxamento e dilatação da cérvix, feto adota posição de nascimento e corioalantóide entra na vagina. Preparação para o parto: verifica-se hipertrofia da glândula mamária precoce, relaxamento dos ligamentos pélvicos sacro ilíacos, relaxamento e aumento da vulva e eliminação do tampão mucoso. Duração: em grandes ruminantes é bastante variável, entre 4 a 24 horas, em pequenos ruminantes é entre 6 e 12 horas, em suínos entre 12 e 24 horas, em cadelas entre 4 e 24 horas e gatas entre 2 e 12 horas. Sinais: intranquilidade, interrupção da alimentação, andar em círculos, deita e levanta rapidamente, cauda elevada e tremores musculares ocasionais. Em suínos pode- se verificar também preparação do ninho e decúbito lateral imediatamente antes do parto iniciar. Em cadelas e gatas verifica-se também desejo de fazer ninho, tremores, ofego, observar o flanco, lambedura de vulva, aumento da glândula mamária e queda da temperatura. 02-Fase da expulsão do produto: as contrações uterinas continuam com posterior rompimento do corioalantóide, o feto entra no canal do parto, começam as contrações abdominais, o âmnio entra na vagina e há a expulsão do feto. Duração: em grandes ruminantes varia entre 30 minutos e 4 horas, em pequenos ruminantes é entre 1 e 4 horas, em suínos varia de 30 minutos a 4 horas e tem-se intervalo de 15 minutos entre leitões, em cadelas o primeiro filhote nasce 6 horas após o início do 2º estágio e o intervalo entre filhotes varia entre 5 e 60 minutos, em gatas ocorre da mesma maneira do que em cadelas. *Feto sobrevive por até 12 horas durante o segundo estágio do parto. **Intervalo superior a 2 horas entre leitões indica distocia. ***A secreção verde escura em cadelas é devido ao rompimento do hematoma marginal da placenta zonular.
  • 39. 39 www.veterinariandocs.com.br 03-Fase de expulsão dos envoltórios fetais: perda da circulação placentária, ocorre a deiscência e separação placentária, continuam as contrações uterinas e abdominais e a placenta é expelida. Duração: em grandes ruminantes é de 12 horas e cadelas e gatas até 2 horas. Dinâmica do Parto em Multíparas -Contração de fibras circulares logo após o último feto. -Contração das fibras longitudinais. -Expulsão do feto. -Relaxamento das fibras circulares. -Reinício do processo no corno oposto. Fisiologia do Parto Quem controla o processo é o feto, produzindo corticoides fetais causando estresse, a placenta não consegue suprimir o feto e há aporte insuficiente de oxigênio. O corticoide fetal baixa os níveis de progesterona placentária ativando uma enzima que converte progesterona em estrógeno, assim a musculatura uterina adquire tônus, excitabilidade do miometrio e estimula a produção de prostaglandinas. Também há a ação da relaxina e estrógeno atuando na cérvix e causando relaxamento. Esta liberação de corticoides pelo feto ocorre antes do nascimento, entre 3 a 10 dias antes do parto. Vias Fetais 01-Via fetal dura: composta pelo ílio, ísquio, púbis e sacro. O tempo em cada estágio é importante para se ter conhecimento se o parto está ocorrendo no tempo esperado ou está distócicos. Égua: parto rápido, pelve é curta e tem porção plana no assoalho, o canal do parto é circular e facilita a passagem do feto. Vaca: canal do parto com formato oval, comprido, assoalho somente na porção caudal e útero tem que fazer um ‘caminho’ subindo o que predispões a distocia. Outras espécies: canal do parto arredondado e com pouco comprimento. 02-Via fetal mole: compostas de 3 barreiras (cérvix, anéis circulares e rima vulvar). Deve-se avaliar a posição do feto dentro do canal do parto.
  • 40. 40 www.veterinariandocs.com.br Orientação do Feto no Momento do Parto 01-Apresentação: relação entre o eixo longo do feto e o eixo longo da fêmea (posição da coluna). Longitudinal: anterior (cabeça em contato com o canal do parto) e posterior (membros posteriores em contato com canal do parto) Transversal: dorsal (coluna vertebral em contato com canal do parto) e ventral (membros do feto em contato com o canal do parto). Vertical: dorsal e ventral. 02-Posição: superfície do canal do parto materno sobre o qual a coluna vertebral do feto se apoia. Dorsal; Ventral; Lateral (esquerda e direita) 03-Atitude e postura: é a disposição da cabeça, pescoço e membros do feto. Estendido; Flexionado; Orientação do Feto no Momento do Parto nas Diferentes Espécies 01-Bovinos: Apresentação: longitudinal anterior. Posição: dorsal. Atitude: estendida. 02-Ovinos e Caprinos Apresentação: longitudinal anterior ou posterior. Posição: dorsal. Atitude: estendida. 03-Suínos Apresentação: longitudinal anterior ou posterior. Posição: dorsal. Atitude: flexão de membros.
  • 41. 41 www.veterinariandocs.com.br 04-Cadela e Gata Apresentação: longitudinal anterior ou posterior. Posição: dorsal. Atitude: estendida. Interferência no Parto Normal Bovinos: bezerro nasce cerca de 2 horas após o aparecimento do âmnio na vulva. Feto sobrevive por até 8 horas durante o segundo estágio. A partir de 2 horas pode ter risco para o bezerro. Deve-se intervir no parto quando o tempo se prolongar acima do normal e quando houver parto gemelar. Suínos: deve-se intervir quando há alterações de parâmetros como: intervalo do parto entre filhotes, número de filhotes, fêmeas nulíparas. A indução do parto pode ser feita com aplicação de PGF2α (em torno de 20 a 30 horas antes da data requerida para o parto) e ocitocina. Égua: tem-se sinal de proximidade do parto muito rápido e pode ter secreção nas bordas do teto. A expulsão é rápida, cerca de 30 minutos no máximo e a placenta demora entre 1 a 3 horas para ser expulsa.
  • 42. 42 www.veterinariandocs.com.br Referências Bibliográficas HAFEZ, Reprodução Animal. 7° edição, São Paulo: Editora Manole, 2004. CAIXETA E.S. FAGUNDES N.S. CAIXETA M.S. PYLES E.S. Desenvolvimento Embrionário Inicial Eqüino – Revisão. Revista portuguesa de Ciências Veterinárias, 2008. MARTINS L.R. LOPES M.D. Pseudociese Canina. Rev Bras Reprod Anim, Belo Horizonte, v.29, n.3/4, p.137-141, jul./dez. 2005.