1. HISTÓRIA, ARTE E CRIATIVIDADE: DAS TECNOLOGIAS À APRENDIZAGEM EM CONTEXTO
2011/2012
Narrativa Visual
No Verão de 1900 estava El-Rei D. Carlos, a rainha D.ª Amélia e seus filhos Luís Filipe e
Manuel desfrutando umas maravilhosas férias no Palácio de Veraneio em Cascais.
O dia amanheceu soalheiro e o jardim interior convidava os jovens infantes à
brincadeira. Cabra-cega foi a escolhida. A alegria imperava e o som das juvenis gargalhadas
ecoava no claustro. Foi então que se ouviu uma voz:
- Que divertidos estais! Quem me dera poder sair daqui e participar nas vossas
brincadeiras!
Luís Filipe estacou e procurou perceber de onde vinha a voz.
- Parece-me vir do leão que está na fonte. – Afirma Manuel com admiração.
- Sim, sou eu. – Confirma a estátua.
Os príncipes, incrédulos, aproximam-se. O leão desabafa, lamenta a sua triste sorte de
estátua. Tanta coisa para fazer e ele ali, parado, a “jorrar” água, uma tarefa tão desinteressante
e pouco digna para um animal da sua importância …
Luís Filipe, curioso, pergunta-lhe como poderiam brincar com ele.
O leão responde:
- Brincar, brincar…, não é possível, mas tenho muitas histórias para vos contar! Antes de
vir para cá, passei por outros lugares, conheci muita gente, vi muita coisa e…
- Viste o quê? Conta-nos. - Pedem os infantes curiosos.
- Não sejam apressados. Contar a minha história seria demasiado fácil. Mas… é aí que
eu posso entrar na vossa brincadeira.
- Como? – perguntaram os jovens em uníssono.
- Vou propor-vos um desafio. – disse a estátua- Mas, primeiro, têm que prometer
guardar segredo. Ninguém deverá saber que falo, senão perderei, para sempre, o dom de
comunicar com as crianças.
Os infantes juraram segredo e escutaram-no atentamente.
- Este é um espaço especial… Observem-no com atenção. Olhem à vossa volta e
tentem descobrir os segredos que ele esconde… Cada segredo levará a uma estória…
(a continuidade da narrativa será da responsabilidade dos intervenientes na atividade…)
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Registo Final – Ação de Formação: História, Arte e Criatividade – 2011/2012
2. HISTÓRIA, ARTE E CRIATIVIDADE: DAS TECNOLOGIAS À APRENDIZAGEM EM CONTEXTO
2011/2012
Registo Atividade em Aula – História, Arte e Criatividade
Título/Tema do trabalho:
Cont’Arte
Unidade/Subunidade: Designação da Unidade/Subunidade Didática (se aplicável):
2.2 — O MUNDO ROMANO NO APOGEU DO IMPÉRIO
O Mediterrâneo romano nos séculos I e II (a arte romana)
4.2 — A CULTURA PORTUGUESA FACE AOS MODELOS EUROPEUS
Do românico ao gótico.
Destinatários: Duração da Museu Condes Castro Guimarães | 2012
atividade:
Alunos do 7º ano de
escolaridade 90 Minutos
Introdução:
A Casa Museu dos Condes de Castro Guimarães foi construída como Casa de Veraneio nos
finais do séc. XIX e evidencia características duma arquitetura revivalista com elementos
neoromânicos, neogóticos, neoárabes e neomanuelinos. Uma vez que os destinatários eram
alunos de 7º ano, optámos por desenvolver um jogo que permitisse despertar a atenção e
estimular a criatividade, ao mesmo tempo que, ao ser desenvolvido em grupo, possibilitaria a
partilha, a discussão, a reflexão e a tomada de decisões. Como a atividade requeria amplitude
de espaço, decidimos implementá-la no claustro, um espaço aberto, de planta quadrangular,
emoldurado por arcos de volta perfeita assentes em colunas decoradas, os quais constituem um
ponto de partida para abordar a temática selecionada: a arte românica (relacionando-a com a
arte romana e reconhecendo-a no neoromânico).
Objetivos pedagógicos:
- Consolidar conhecimentos adquiridos;
- Estabelecer relações entre diferentes momentos históricos;
- Reconhecer o estilo neoromânico evidenciado na arquitetura e nos elementos decorativos do
claustro;
- Identificar elementos arquitetónicos de influência românica e de influência romana;
- Desenvolver o gosto pela arte, nas suas diferentes manifestações;
- Desenvolver a comunicação oral e escrita aplicando vocabulário específico do tema em estudo;
- Desenvolver competências no âmbito das diferentes literacias (visual e escrita);
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3. HISTÓRIA, ARTE E CRIATIVIDADE: DAS TECNOLOGIAS À APRENDIZAGEM EM CONTEXTO
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- Promover o trabalho colaborativo entre os discentes;
- Desenvolver competências sócio-afetivas, expressivas e criativas;
- Educar o olhar;
Ferramentas e Recursos:
- Narrativa visual;
- Bloco de notas;
- Lápis, caneta, borracha;
- Jogo de pistas (Post it coloridos e envelopes)
- Máquina fotográfica;
Operacionalização:
A atividade teria lugar em dois espaços: num espaço não formal de educação (museu) e na sala
de aula.
No museu, iniciar-se-ia com a leitura duma narrativa visual com final aberto. Seguidamente, seria
apresentada a tarefa a realizar, a qual começa com um desafio: Em grupo, os alunos terão de
procurar pistas escondidas. Cada grupo deverá encontrar 5 papéis, cada um com uma palavra
diferente (5 conceitos relacionados com a temática em estudo). Terminada esta tarefa, devem
dirigir-se à professora para receber novas instruções. Desta vez ser-lhes-á pedido que definam
uma palavra diferente, mas capaz de se relacionar com as 5 que descobriram. Concluída a
tarefa, reúnem-se os grupos e cada um apresenta as respetivas palavras, identificando-as no
espaço, fotografando-as, e explicando o seu significado ao grupo/turma. Para concluir, a
professora solicita a cada grupo que, utilizando as 6 palavras disponíveis e aplicando os
conteúdos adquiridos sobre o tema, dê continuidade à narrativa com a qual se iniciou a
actividade. No final, cada grupo apresentará in loco, sob a forma de leitura, o resultado do seu
trabalho à turma.
Na escola, os alunos, com a colaboração da professora de Educação Visual (EV), poderão
ilustrar a sua estória, utilizando a sua memória visual apoiada pelas fotografias que tiraram. Os
trabalhos poderão ser corrigidos com a colaboração da disciplina de Língua Portuguesa (LP)
para posterior compilação num E-Book, que não só poderá ser projetado no LCD da Biblioteca
Escolar para divulgação à comunidade, como passará a fazer parte do acervo documental da
escola.
Avaliação:
- Observação direta com registo em grelha própria;
- Aplicação e articulação de conceitos evidenciada no trabalho escrito;
- Avaliação interdisciplinar de acordo com as tarefas solicitadas e realizadas nas disciplinas de
LP e EV;
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Reflexão Individual:
A ação de formação, e a última atividade em particular, serviu sobretudo para me lembrar que o
conhecimento não é uma linha contínua. É preciso parar, olhar para o que já se tem e aceitar novos
ângulos e combinações. Foi deste tipo de atenção que retirei mais benefícios. A atividade em si pareceu-
me adequada e um exercício perfeitamente exequível na minha realidade profissional.
A imaginação é a nossa fantástica máquina do tempo, que nos permite viajar por diferentes mundos,
épocas, saberes, que nos enriquecem e alargam a nossa própria mundividência. Foi isto que senti com
as narrativas e as atividades desenvolvidas pelos diferentes grupos de trabalho.
As sensações vivenciadas foram muito boas, assim como o trabalho desenvolvido em equipa, e deu-nos
a possibilidade de poder estar do lado de lá do Museu na planificação e dinamização de uma atividade de
aprendizagem em contexto.
Estas formações permitem-nos redescobrir a nossa essência e levar os nossos alunos a sentirem o gosto
e o afeto pela História e pelos seus personagens, porque através da magia da narrativa conseguimos
fazê-los viajar connosco e, no fim teremos alunos mais motivados e interessados em aprofundar o seu
conhecimento relativamente ao “passado”!!!
Participar nesta Ação de Formação relembrou-me a necessidade de não nos deixarmos “afogar” na rotina
da escola e na pressão do cumprimento de programas e foi um poderoso incentivo para sentir, e assim
poder transmitir aos alunos/as, o prazer de (re)pensar a História e de os/as envolver na criação de
estórias. O que me despertou maior interesse foi a ideia de trazer o museu, o local ou a peça/obra à sala
de aula e/ou a sala de aula ao museu, local ou peça/obra e, naturalmente, a participação ativa e criativa
dos/as alunos/as na descoberta dos seus significados. A atividade que desenvolvemos é pertinente e
exequível, pois sendo adaptável a todas as idades e a todos os museus, pode ser posta em prática nos
projetos imediatos.
Esta ação de formação permitiu-me alargar perspetivas na diversificação de estratégias criativas no
ensino da História, que por certo vão contribuir para um maior envolvimento dos alunos, de uma forma
apelativa e dinâmica, na construção do seu saber. O museu é um espaço de excelência para despertar a
curiosidade, a observação e educar o olhar.
A criatividade de que esta ação se revestiu é um elemento adicional para o despertar de novas
abordagens de ensino, que privilegiem a partilha como componente indispensável na formação dos
cidadãos de amanhã.
Frequentar a ação de formação “História, Arte e Criatividade: das tecnologias à aprendizagem em
contexto” deu-me possibilidade de repensar e refletir sobre novas abordagens na aprendizagem da
História. Urge reinventar o processo ensino/aprendizagem e foi isto que aconteceu. O trabalho em grupo
foi muito enriquecedor, dando-nos a possibilidade de inovar. Na verdade, foi um apelo à nossa faceta
mais criativa numa aprendizagem que deve ser mais motivadora. Portanto, também as Visitas de Estudo
a Museus...e em particular à Casa Museu dos Condes de Castro Guimarães, devem ser um espaço
desafiante e criativo para alunos e professores.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades; (…) Todo o mundo é composto de mudança; Tomando
sempre novas qualidades. Aproprio-me das palavras do poeta para afirmar que, enquanto protagonistas
da educação, necessitamos acompanhar esta mudança e desenvolver novas qualidades. A ação
“História, Arte e Criatividade: das tecnologias à aprendizagem em contexto”, pela temática e dinâmica
imposta às sessões, pode ser o primeiro passo nesse sentido. As experiências de aprendizagem que nos
proporcionou, fizeram-nos repensar as práticas, despertar a criatividade que julgávamos adormecida e
refletir sobre o caminho a seguir. Aprender em contextos não formais, neste caso numa Casa Museu, em
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5. HISTÓRIA, ARTE E CRIATIVIDADE: DAS TECNOLOGIAS À APRENDIZAGEM EM CONTEXTO
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contacto com as obras, peças, espaços, cenários reais, testemunhos ”vivos” da história, focou a nossa
atenção e criou uma envolvência que deu significado, relevância ao que estávamos a aprender.
O próximo passo é proporcionar experiências semelhantes aos alunos. Mostrar-lhes que a aprendizagem
pode acontecer em diversos contextos, e que o essencial só é, mesmo, invisível para os olhos…
É necessário mudar de paradigma ao nível da educação, não podemos ensinar hoje como aprendemos
no passado.
A frequência da ação de formação “História, Arte e Criatividade: das tecnologias à aprendizagem em
contexto”, irá contribuir, sem dúvida, para a concretização desta mudança.
Neste contexto, saliento a dinâmica implementada pelos formadores, ao longo da ação que se refletiu
num trabalho colaborativo efetivo e sistemático por parte dos formandos. O “sentir” o espaço museológico
foi o motor que “deu largas” à imaginação e permitiu a concretização de excelentes exemplos de uma
abordagem criativa do ensino da História em contexto.
Neste âmbito, o produto final que foi apresentado pelos grupos de trabalho permitirá uma interação entre
os discentes e o espaço museológico através da observação e da exploração do seu acervo.
As propostas de atividades em contexto serão assim, promotoras da aprendizagem pela descoberta e
possibilitarão que os alunos desenvolvam múltiplas competências e diferentes literacias.
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Registo Final – Ação de Formação: História, Arte e Criatividade – 2011/2012