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O AUTO DA COMPADECIDA:
Analise comparativa da peça e da obra cinematográfica de Guel
Arraes
Universidade de São Paulo, Cultura Brasileira, junho 2015
Ivan Jules Chavaren n°USP: 9139233
2
Sumário
Apresentação da obra e do autor: ............................................................................................... 3
Ariano Vilar Suassuna:........................................................................................................... 3
O Auto Da Compadecida (a peça): ............................................................................................ 4
1) A história: .................................................................................................................... 4
2) As personagens:........................................................................................................... 4
3) Analise post-leitura...................................................................................................... 6
O Auto Da Compadecida: O filme (a versão de 2000) .............................................................. 7
1) Em Geral...................................................................................................................... 7
2) As personagens............................................................................................................ 8
3) Crítica do filme (e conclusão) ..................................................................................... 9
Bibliografia: ............................................................................................................................. 11
3
Apresentação da obra e do autor:
Ariano Vilar Suassuna:
Nascido em 1927 em João Pessoa (Paraíba) e morte
o 24 de julho 2014 em Recife (Pernambuco), Adriano
Suassuna era um ensaísta, poeta, dramaturgo assim como uma
figura emblemática do teatro Brasileiro e da cultura
Nordestina. Ele era filho do presidente de estado 1
João
Suassuna.
A sua obra foi marcada por vários acontecimentos da sua vida. Seu pai foi assassinato
por motivos políticos no Rio de Janeiro em 1930, o que provocou a mudança da sua família
para Taperoá (no estado de Paraíba), a cidade na que ocorre a peça O auto da Compadecida e
que foi também a cidade na que ele montou uma das suas primeiras peças como Torturas de
um coração (1953). Ariano Suassuna conseguiu os seus estudos de direito na Faculdade de
Direito de Recife em 1950, mas formou-se também em filosofia na Universidade Católica de
Pernambuco de 1957 a 1959. A filosofia foi uma influência maior das peças de Ariano
Suassuna, assim como a religião na sua vida, ele foi calvinista, posteriormente agnóstico e
converteu-se ao catolicismo, o que marcou definitivamente a sua obra.
“Jesus ás vezes se disfarça de mendigo pra testar a bondade dos homens” (O Auto Da
Compadecida).
A sua infância no Norte influenciou também O Auto Da Compadecida assim como
certos dos seus poemas. Ariano Suassuna era um grande defensor da cultura Nordestina e
idealizador do movimento Armorial, uma iniciativa artística que tinha por âmbito de criar uma
arte erudito a partir da cultura popular Nordestina através toda as suas formas de expressões
(danças, arte plásticas, teatro, cinema, arquitetura). O que podemos observar no seu jeito de
caricaturar a sociedade e usar dos códigos orais, sócias e culturais para moldar os seus
personagens e as características deles. Além disso, na peça O Auto Da Compadecida temos
referências aos cordéis em diálogos.
1
Equivalente do título de governador antes da constituição de 1937.
4
O Auto Da Compadecida (a peça):
1) A história:
A história ocorre na cidade de Taperoá, seguimos as
peripécias de João Grilo e Chicó, dois empregados de uma
padaria. Os dois personagens, um esperto, o outro é mentiroso
vão tentar tirar vantagem de várias situações: Pegar uma
herança no testamento de um cachorro, enganar o padeiro
assim como o sacristão, o padre e o bispo. Depois de uma
ataca de cangaceiros, todos (exceto Chicó) encontram-se
frente a um demônio e jesus para ser julgados. Durante o
processo João Grilo vai pedir ajuda da Compadecida no julgamento dos atos de cada um, que
vão ser perdoados. A peça se acaba por a ressurreição de João Grilo enquanto Chicó e um
palhaça estavam indo para enterrá-lhe. A peça acaba-se por uma tomada de consciência de João
Grilo que decide devolver o dinheiro que Chicó prometeu à Compadecida no caso que João
volte.
2) As personagens:
A peça se abre com o anuncio e a narração de um palhaço, o que é típico do teatro
popular (uma forma que podemos nomeadamente encontrar em várias outras formas de teatro
popular Europeu como por exemplo a Comedia Dell’Arte), esse personagem não interfere
direito na história exceto no enterramento de João Grilo na que ele ajuda Chicó para levar o
corpo. Na peça a narração do palhaço é o ponto importante da encenação pois é ele que liga as
diferentes partes da história e que faz interação entre o público e a peça.
Os dois personagens centrais são João Grilo e Chico dois “amarelos” que são amigos
e empregados da padaria. João é um personagem esperto, que vive e tira proveito dos outros
criando confusões, ele é decidiu se vingar dos seus empregadores que o deixaram sem ajuda e
quase sem comida enquanto ele estava doente além de ser esperto João Grilo é vingador.
5
Chicó é um personagem covarde, que gosta de contar mentiras, geralmente que
“aconteceram para” e que acaba suas histórias por “não sei, eu sei só que era assim”. As
mentiras deles foram inspiradas ao Autor pelos cordéis e as fabulas populares que eles contam,
e também das histórias provindo da tradição oral Nordestina. Esses dois personagens são a
origem de quase todos os acontecimentos, principalmente João Grilo que cria mentiras para sair
de situação provocadas por outras mentiras.
Os outros personagens são também estereótipos, com o padeiro que é a figura do
marido corno na cultura popular, a mulher do padeiro, estereotipo da mulher pobre que ficou
casada com um homem rico. O padre, o sacristão e o bispo são estereótipos também que tem
uma função de denunciação também. A denunciação de uma instituição religiosa poderosa na
sociedade Nordestina da época, esses personagens não hesitem transgredir regras religiosas
(benzer um cachorro ou um motor de carro) para dinheiro, ou também falsificar citações
bíblicas para o seu próprio interesse (aproveitando da credulidade dos outros), a única figura
religiosa não corrupta é o frade. Como outras personagens caricaturais há também o Coronel,
persona autoritária e burra. Todos esses personagens estão na mesma categoria pois eles
representam todos códigos sociais do lugar e da região, e também porque todos foram
enganados por João Grilo em algum momento da peça.
Outras personagens típicas da cultura Nordestina, os cangaceiros, que no meio da peça.
Eles são bandidos emblemáticos dessa região Norte, e na peça podemos observar que eles têm
um papel especial. Eles roubam a cidade e vão matar cada personagem levando-lhes face a cada
um dos seus maus lados e pecados. Podemos quase afirmar que eles representem um primeiro
julgamento para os outros personagens, cada um vai tentar corromper o capitão na esperança
que ele deixe-lhes vivendo, mas isso vai só aumentar a sua raiva.
Com a chegada da parte do processo vemos aparecer outros personagens, primeiro o
Encourado (o equivalente do demônio) representado seguinte as indicações da encenação, é
vestido de vaqueiro. Ele tem o papel da parte da acusação durante o julgamento. Depois vem
Manuel, uma encarnação de Jesus, aparecido de forma de um negro, o que vai revelar a
personalidade racista de alguns personagens (através dessa encena encontramos de novo um
retrato critico a sociedade assim como as instituições religiosas). Ele tem um papel de arbitro
omnisciente, ouvindo as acusações e julgando da capacidade de cada um de ir para o céu. Vem
o ultimo personagem chave, a mãe do senhor, chamada aqui a Compadecida. Ela é a compaixão
mesma, que levar em consideração as causas e cada um que explicam os atos maus feitos por
cada personagem, que seja a violência dos cangaceiros causada pelo assassinato dos seus pais
6
ou o fato que João Grilo tenta enganar por sobrevivência (que vai quase ser a causa para cada
um, sobrevivência ao ambiente social do pobre, da mulher enganada...). Ela é a forma divina a,
mas humana porque se baseia na experiência da vida mesma para julgar dos atos, um pouco
como uma bondade natural.
3) Analise post-leitura
Essa peça mistura com um jeito elegante a filosofia religiosa e teatro profano, além
disso eu diria mesmo o fundo religioso é moral do tema do perdão na forma profana do estilo
cômico (com processo caricatural). Cada personagem tem uma vaga importante e sobre tudo
traço forte (o caráter, o jeito de se exprimir), mas essa exageração é o que dá uma certa dimensão
humana e imperfeita. Podemos compreender que essa obra foi muito importante, pois é o
testemunho de uma certa sociedade, durante uma época, num certo lugar. Do mesmo jeito que
a comedia Dell’Arte na França e na Itália, um estilo cômico e popular geralmente apresentado
na rua, representando também através suas personagens estereótipos sociais e culturais,
escondendo a crítica traz do humor. Os textos, livros, peças são o que moldam a cultura de um
pais ou de uma região, e o auto da compadecida faz parte disso, as obras que permitiram
construir a identidade Nordestina e Brasileira. Podemos dizer que fez conhecer um pouco mais
essa cultura pois foi traduzida por vários públicos (em Inglês, Alemão, Francês).
Mediamos também o impacto de uma obra a sua capacidade a inspirar e tomar uma
certa imortalidade. Para o Auto Da Compadecida a sua sobrevivência está segura. Com três
adaptações no cinema e uma minissérie para um canal da Rede Globo. Os dois filmes os mais
antigos são mais fiéis a adaptação, encontremos também essa encenação com o palhaço. A
minissérie deu à luz ao filme de 2000 que foi realizado por Guel Arraes. Esse último pegou
mais liberdade com o roteiro original da peça.
7
O Auto Da Compadecida: O filme (a versão de 2000)
1) Em Geral
O sinopse do filme é assim : O enredo do filme se
desenvolve com ambientação no sertão nordestino em torno
de dois personagens principais: João Grilo (Matheus
Nachtergale), um sertanejo mentiroso e Chicó (Selton
Mello), o maior covarde da região. Ambos são muito pobres
e sobrevivem de pequenos negócios e saques enquanto
vagam pelo sertão. Em um desses golpes, eles se envolvem
com Severino de Aracaju (Marco Nanini), um
temido cangaceiro, que os persegue pela região. A salvação
da dupla acontece com a aparição da Nossa Senhora
(Fernanda Montenegro).
Como vemos na sinopse e no filme mesmo a intriga é fiel, seguimos também as
tramoias do João Grilo e Chicó cujo são ponto de começo de cada situação burlesca por culpa
das mentiras do João com a cumplicidade do seu amigo para sobreviver na cidade de Taperoá.
Se baseando na versão longa as intrigas estão também no filme (na versão corta a encena do
gato que “descome dinheiro” foi omitida). Mas temos a trama geral e os acontecimentos chaves
(testamento do cachorro, a primeira punição pelos cangaceiros, o julgamento) respeitam a trama
da obra original, o executivo do filme tirou só alguns personagens e adicionou outros
personagens assim como situações para alguns (a paixão do Chicó para a filha do coronel que
não está presente na peça, e o palhaço não está presente na narração, temos só um anunciador
na rua que grita “o auto da compadecida”, mais eu desenvolverei essas liberdades pegada por
Guel Arraes falando dos personagens e na crítica. Além dessas mudanças podemos observar
mudanças na cronologia da história também, por exemplo no começo do filme, os dois
companheiros (João e Chicó) trabalham para o padre (ajudam a uma projeção de uma versão
antiga da Paixão do Cristo enquanto o espetáculo como começa pela procuro do padre para
benzer o cachorro morte. É só depois desse trampo que eles vão procurar o emprego na padaria,
ao contrário da versão teatral na que João e Chicó trabalham na padaria desde seis anos já. Há
também a doença de João que aparece como uma anedota que é a causa do seu desejo de
8
vingança contra os seus empregadores. No filme essa encena tem lugar e serve também de
ligação com a morte cachorra (que morre por culpa que o João inverteu o prato dele com a
comida da cachorra). Isso não trai a história original, mas ao contrário ênfase as condições de
“amarelos” e o tratamento recebido pela parte do padeiro e da mulher dele.
Têm vários acontecimentos assim que encontram explicações no filme. Por exemplo
o fato que o capitão Severino de Aracaju Sabe muitos detalhes dos habitantes da cidade. Na
peça não temos explicações claras sobre isso, é por que os cangaceiros e o julgamento deles
sobre aparecem na peça quase como um primeiro julgamento divino (por uma pessoa
omnisciente). No filme vemos o capitão no começo fantasiado de mendigo (então não
conhecido do espectador como capitão) que se faz afastar da igreja pelo padre, e que explica
que ele estava observando a cidade e os habitantes nessa fantasia de mendigo antes de matar os
outros personagens.
O final do filme foi completamente trocado na versão de Guel Arraes, João reaparece
no nosso mundo (não temos encenas de ressureição) comendo e falando com Chicó e a filha do
Coronel, recusando comida a Jesus que aparece de forma de um mendigo negro com a filha do
coronel que dá para ele falando a João “Imagina esse mendigo fosse Jesus”, uma referência ao
racismo de João (quando Jesus aparece de forma de um negro no Julgamento João fala “e
imaginava o senhor menos queimado”).
Além dessas mudanças de roteiro, as verdadeiras mudanças se encontram nas
personagens mesma.
2) As personagens
Como foi dito, as personagens mudam na versão cinematográfica de 2000, nem no
fundo nem na forma mais na profundidade acordada a certas caraterísticas deles que o autor
quis apoiar e desenvolver. As funções de certos personagens adicionados dão lugar a encenas
adicionais inspiradas por outras peças de Ariano Suassuna e por outras peças e histórias de
outros autores.
O João Grilo é o mesmo nos seus traços gerais, tem só o lado vingador com a morte
da cachorra que revela mais e apoia a condição, tratamento, e essa necessidade de sobrevivência
de João, que é também totalmente ligada à sua esperteza. O Chicó fica o mesmo, mentiroso que
9
inventa cada historias incríveis e covarde (ele não tem relações com a mulher do padeiro por
culpa do medo de estar pegado pelo marido no filme). Mas o seu encontro com a filha do
Coronel vai mudar certos aspectos dele, como uma certa coragem que ele vai pegar para segurar
a sua possível relação com a filha do Coronel (que é desejada também por um Oficio do exército
e um outro homem importante). Ele está até mentindo para o Coronel sobre a sua condição
social enquanto uma convida na casa dele para falar da sua relação com a filha. Essa encena da
também um apoio ao combate dos personagens para conseguir a felicidade. Essa românica e o
personagem da filha de Antônio Morais provem de uma outra obra de Ariano Suassuna que se
chama Torturas de um coração, a diferencia é que ela se chama Marieta nessa peça.
A personagem de Antônio Morais foi desenvolvida também pela influência de uma
outra obra, O Mercador de Venezia de William Shakespeare, no seu jeito de negociar uma lasca
de couro das costas de Chicó. O seu jeito mesmo, ele tem essa truculência de Coronel do sertão
incorporada no seu jeito de tomar uma pinga num só gole por exemplo.
Outros personagens que ganharam em profundidade é a mulher do padeiro, com a sua
safadeza acentuada por encenas com um de os seus amantes. Assim como a Compadecida que
ao contrário dos outros filmes está representada como uma mulher madura e experimentada no
domínio da vida.
O padeiro e o bispo são iguais à versão original e pegaram as caraterísticas (sobre tudo
o padre) do sacristão da versão teatral.
3) Crítica do filme (e conclusão)
O filme recebeu uma crítica positiva. Na minha opinião é igual. Uma adaptação
cinematográfica deve ser igual a original nas generalidades mas deve ter também o traço do
autor que adapta. Nesse sentido Guel Arraes conseguiu adicionando encenas nunca por
causalidade pois, como foi dito antes, isso dá um apoio a situação de cada personagem ficando
na logica original. Mesmo coisas que parecem não importante podem encontrar uma ligação o
uma significação, como por exemplo os trechos da versão antiga da Paixão do Cristo, podemos
fazer a ligação entre “O homem que se levou a combater o império Romano” e a situação de
João Grilo e Chicó, sozinhos num mundo corrupto tentando sobreviver por todo jeito. Esse
sentido foi muito puxado por Guel Arraes e faz sentido. Assim como as mudanças cronológicas
e as explicações dadas através das personagens. A obra fica moderna tirando um pouco do
fantástico (nos acontecimentos e a maneira que eles aparecem). De um ponto de vista artístico,
10
é bom, os planos da cidade e das paisagens nós transportam no sertão dos anos 50 com um lado
pitoresco prazeroso. São também os atores, todos estão perfeitamente atuando os personagens
e temos mesmo a impressão que por exemplo não podemos ver o João Grilo e o Chicó com
outros atores que Matheus Natchergaele e Selton Mello que conseguiram uma performance
surpreendente tão eles dão vida a esses personagens. Para os outros atores é o mesmo, cada um
tem o seu lugar e os papeis parecem estar feitos e escritos para eles. Sobre tudo sentemos a
mesma alegria e a sátira como na peça original.
Por conclusão uma obra adaptada deve ser fiel sem ficar uma cópia do original, mas
além disso era um projeto ambicioso da parte de Guel Arraes de adaptar numa versão moderna
da obra de Ariano Suassuna. Isso é um exercício que falhou muito na história do cinema, como
por exemplo a adaptação moderna da novela francesa Fanfan la Tulipe cuja adaptação ficou
um nanar2
. O Auto Da Compadecida de 2000 conseguiu ter uma notoriedade igual à peça
original pelos seus prêmios. Além de fazer uma adaptação Guel Arraes deu um sopro novo à
obra, fazendo uma versão moderna que dá vontade conhecer a original que era satírica, cultural
e espiritual. Com esse filme o realizador permitiu a essa obra atravessar o tempo respeitando os
códigos, o ambiente e a moral colocada pelo autor original. No meu sentido é todo que merece
uma obra maior que marcou uma época e um povo.
2
Nanar : Termo emprestado ao Francês do século 19 que designava no começo uma peça de teatro ruim pelas
críticas, com o tempo esse termo designa um filme que tira todo o seu interesso no fato que ele é zoado pela
baixa qualidade da sua realização.
11
Bibliografia:
 Ariano Suassuna: O Auto da Compadecida, Rio de janeiro: Agir, 2001.
 Guel Arraes e Adriana Falcão: O Auto da compadecida,Globo Filme, 2000.
 Claudio Bezerra: Do teatro ao cinema-três olhares no Auto da Compadecida,
Universidade Católica do Pernambuco.
 VICTOR, Adriana: LINS, Juliana. Ariano Suassuna. Um perfil biográfico. São
Paulo: Jorge Zahar, 2007.

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Análise comparativa da peça O Auto da Compadecida e sua adaptação cinematográfica de 2000

  • 1. 1 O AUTO DA COMPADECIDA: Analise comparativa da peça e da obra cinematográfica de Guel Arraes Universidade de São Paulo, Cultura Brasileira, junho 2015 Ivan Jules Chavaren n°USP: 9139233
  • 2. 2 Sumário Apresentação da obra e do autor: ............................................................................................... 3 Ariano Vilar Suassuna:........................................................................................................... 3 O Auto Da Compadecida (a peça): ............................................................................................ 4 1) A história: .................................................................................................................... 4 2) As personagens:........................................................................................................... 4 3) Analise post-leitura...................................................................................................... 6 O Auto Da Compadecida: O filme (a versão de 2000) .............................................................. 7 1) Em Geral...................................................................................................................... 7 2) As personagens............................................................................................................ 8 3) Crítica do filme (e conclusão) ..................................................................................... 9 Bibliografia: ............................................................................................................................. 11
  • 3. 3 Apresentação da obra e do autor: Ariano Vilar Suassuna: Nascido em 1927 em João Pessoa (Paraíba) e morte o 24 de julho 2014 em Recife (Pernambuco), Adriano Suassuna era um ensaísta, poeta, dramaturgo assim como uma figura emblemática do teatro Brasileiro e da cultura Nordestina. Ele era filho do presidente de estado 1 João Suassuna. A sua obra foi marcada por vários acontecimentos da sua vida. Seu pai foi assassinato por motivos políticos no Rio de Janeiro em 1930, o que provocou a mudança da sua família para Taperoá (no estado de Paraíba), a cidade na que ocorre a peça O auto da Compadecida e que foi também a cidade na que ele montou uma das suas primeiras peças como Torturas de um coração (1953). Ariano Suassuna conseguiu os seus estudos de direito na Faculdade de Direito de Recife em 1950, mas formou-se também em filosofia na Universidade Católica de Pernambuco de 1957 a 1959. A filosofia foi uma influência maior das peças de Ariano Suassuna, assim como a religião na sua vida, ele foi calvinista, posteriormente agnóstico e converteu-se ao catolicismo, o que marcou definitivamente a sua obra. “Jesus ás vezes se disfarça de mendigo pra testar a bondade dos homens” (O Auto Da Compadecida). A sua infância no Norte influenciou também O Auto Da Compadecida assim como certos dos seus poemas. Ariano Suassuna era um grande defensor da cultura Nordestina e idealizador do movimento Armorial, uma iniciativa artística que tinha por âmbito de criar uma arte erudito a partir da cultura popular Nordestina através toda as suas formas de expressões (danças, arte plásticas, teatro, cinema, arquitetura). O que podemos observar no seu jeito de caricaturar a sociedade e usar dos códigos orais, sócias e culturais para moldar os seus personagens e as características deles. Além disso, na peça O Auto Da Compadecida temos referências aos cordéis em diálogos. 1 Equivalente do título de governador antes da constituição de 1937.
  • 4. 4 O Auto Da Compadecida (a peça): 1) A história: A história ocorre na cidade de Taperoá, seguimos as peripécias de João Grilo e Chicó, dois empregados de uma padaria. Os dois personagens, um esperto, o outro é mentiroso vão tentar tirar vantagem de várias situações: Pegar uma herança no testamento de um cachorro, enganar o padeiro assim como o sacristão, o padre e o bispo. Depois de uma ataca de cangaceiros, todos (exceto Chicó) encontram-se frente a um demônio e jesus para ser julgados. Durante o processo João Grilo vai pedir ajuda da Compadecida no julgamento dos atos de cada um, que vão ser perdoados. A peça se acaba por a ressurreição de João Grilo enquanto Chicó e um palhaça estavam indo para enterrá-lhe. A peça acaba-se por uma tomada de consciência de João Grilo que decide devolver o dinheiro que Chicó prometeu à Compadecida no caso que João volte. 2) As personagens: A peça se abre com o anuncio e a narração de um palhaço, o que é típico do teatro popular (uma forma que podemos nomeadamente encontrar em várias outras formas de teatro popular Europeu como por exemplo a Comedia Dell’Arte), esse personagem não interfere direito na história exceto no enterramento de João Grilo na que ele ajuda Chicó para levar o corpo. Na peça a narração do palhaço é o ponto importante da encenação pois é ele que liga as diferentes partes da história e que faz interação entre o público e a peça. Os dois personagens centrais são João Grilo e Chico dois “amarelos” que são amigos e empregados da padaria. João é um personagem esperto, que vive e tira proveito dos outros criando confusões, ele é decidiu se vingar dos seus empregadores que o deixaram sem ajuda e quase sem comida enquanto ele estava doente além de ser esperto João Grilo é vingador.
  • 5. 5 Chicó é um personagem covarde, que gosta de contar mentiras, geralmente que “aconteceram para” e que acaba suas histórias por “não sei, eu sei só que era assim”. As mentiras deles foram inspiradas ao Autor pelos cordéis e as fabulas populares que eles contam, e também das histórias provindo da tradição oral Nordestina. Esses dois personagens são a origem de quase todos os acontecimentos, principalmente João Grilo que cria mentiras para sair de situação provocadas por outras mentiras. Os outros personagens são também estereótipos, com o padeiro que é a figura do marido corno na cultura popular, a mulher do padeiro, estereotipo da mulher pobre que ficou casada com um homem rico. O padre, o sacristão e o bispo são estereótipos também que tem uma função de denunciação também. A denunciação de uma instituição religiosa poderosa na sociedade Nordestina da época, esses personagens não hesitem transgredir regras religiosas (benzer um cachorro ou um motor de carro) para dinheiro, ou também falsificar citações bíblicas para o seu próprio interesse (aproveitando da credulidade dos outros), a única figura religiosa não corrupta é o frade. Como outras personagens caricaturais há também o Coronel, persona autoritária e burra. Todos esses personagens estão na mesma categoria pois eles representam todos códigos sociais do lugar e da região, e também porque todos foram enganados por João Grilo em algum momento da peça. Outras personagens típicas da cultura Nordestina, os cangaceiros, que no meio da peça. Eles são bandidos emblemáticos dessa região Norte, e na peça podemos observar que eles têm um papel especial. Eles roubam a cidade e vão matar cada personagem levando-lhes face a cada um dos seus maus lados e pecados. Podemos quase afirmar que eles representem um primeiro julgamento para os outros personagens, cada um vai tentar corromper o capitão na esperança que ele deixe-lhes vivendo, mas isso vai só aumentar a sua raiva. Com a chegada da parte do processo vemos aparecer outros personagens, primeiro o Encourado (o equivalente do demônio) representado seguinte as indicações da encenação, é vestido de vaqueiro. Ele tem o papel da parte da acusação durante o julgamento. Depois vem Manuel, uma encarnação de Jesus, aparecido de forma de um negro, o que vai revelar a personalidade racista de alguns personagens (através dessa encena encontramos de novo um retrato critico a sociedade assim como as instituições religiosas). Ele tem um papel de arbitro omnisciente, ouvindo as acusações e julgando da capacidade de cada um de ir para o céu. Vem o ultimo personagem chave, a mãe do senhor, chamada aqui a Compadecida. Ela é a compaixão mesma, que levar em consideração as causas e cada um que explicam os atos maus feitos por cada personagem, que seja a violência dos cangaceiros causada pelo assassinato dos seus pais
  • 6. 6 ou o fato que João Grilo tenta enganar por sobrevivência (que vai quase ser a causa para cada um, sobrevivência ao ambiente social do pobre, da mulher enganada...). Ela é a forma divina a, mas humana porque se baseia na experiência da vida mesma para julgar dos atos, um pouco como uma bondade natural. 3) Analise post-leitura Essa peça mistura com um jeito elegante a filosofia religiosa e teatro profano, além disso eu diria mesmo o fundo religioso é moral do tema do perdão na forma profana do estilo cômico (com processo caricatural). Cada personagem tem uma vaga importante e sobre tudo traço forte (o caráter, o jeito de se exprimir), mas essa exageração é o que dá uma certa dimensão humana e imperfeita. Podemos compreender que essa obra foi muito importante, pois é o testemunho de uma certa sociedade, durante uma época, num certo lugar. Do mesmo jeito que a comedia Dell’Arte na França e na Itália, um estilo cômico e popular geralmente apresentado na rua, representando também através suas personagens estereótipos sociais e culturais, escondendo a crítica traz do humor. Os textos, livros, peças são o que moldam a cultura de um pais ou de uma região, e o auto da compadecida faz parte disso, as obras que permitiram construir a identidade Nordestina e Brasileira. Podemos dizer que fez conhecer um pouco mais essa cultura pois foi traduzida por vários públicos (em Inglês, Alemão, Francês). Mediamos também o impacto de uma obra a sua capacidade a inspirar e tomar uma certa imortalidade. Para o Auto Da Compadecida a sua sobrevivência está segura. Com três adaptações no cinema e uma minissérie para um canal da Rede Globo. Os dois filmes os mais antigos são mais fiéis a adaptação, encontremos também essa encenação com o palhaço. A minissérie deu à luz ao filme de 2000 que foi realizado por Guel Arraes. Esse último pegou mais liberdade com o roteiro original da peça.
  • 7. 7 O Auto Da Compadecida: O filme (a versão de 2000) 1) Em Geral O sinopse do filme é assim : O enredo do filme se desenvolve com ambientação no sertão nordestino em torno de dois personagens principais: João Grilo (Matheus Nachtergale), um sertanejo mentiroso e Chicó (Selton Mello), o maior covarde da região. Ambos são muito pobres e sobrevivem de pequenos negócios e saques enquanto vagam pelo sertão. Em um desses golpes, eles se envolvem com Severino de Aracaju (Marco Nanini), um temido cangaceiro, que os persegue pela região. A salvação da dupla acontece com a aparição da Nossa Senhora (Fernanda Montenegro). Como vemos na sinopse e no filme mesmo a intriga é fiel, seguimos também as tramoias do João Grilo e Chicó cujo são ponto de começo de cada situação burlesca por culpa das mentiras do João com a cumplicidade do seu amigo para sobreviver na cidade de Taperoá. Se baseando na versão longa as intrigas estão também no filme (na versão corta a encena do gato que “descome dinheiro” foi omitida). Mas temos a trama geral e os acontecimentos chaves (testamento do cachorro, a primeira punição pelos cangaceiros, o julgamento) respeitam a trama da obra original, o executivo do filme tirou só alguns personagens e adicionou outros personagens assim como situações para alguns (a paixão do Chicó para a filha do coronel que não está presente na peça, e o palhaço não está presente na narração, temos só um anunciador na rua que grita “o auto da compadecida”, mais eu desenvolverei essas liberdades pegada por Guel Arraes falando dos personagens e na crítica. Além dessas mudanças podemos observar mudanças na cronologia da história também, por exemplo no começo do filme, os dois companheiros (João e Chicó) trabalham para o padre (ajudam a uma projeção de uma versão antiga da Paixão do Cristo enquanto o espetáculo como começa pela procuro do padre para benzer o cachorro morte. É só depois desse trampo que eles vão procurar o emprego na padaria, ao contrário da versão teatral na que João e Chicó trabalham na padaria desde seis anos já. Há também a doença de João que aparece como uma anedota que é a causa do seu desejo de
  • 8. 8 vingança contra os seus empregadores. No filme essa encena tem lugar e serve também de ligação com a morte cachorra (que morre por culpa que o João inverteu o prato dele com a comida da cachorra). Isso não trai a história original, mas ao contrário ênfase as condições de “amarelos” e o tratamento recebido pela parte do padeiro e da mulher dele. Têm vários acontecimentos assim que encontram explicações no filme. Por exemplo o fato que o capitão Severino de Aracaju Sabe muitos detalhes dos habitantes da cidade. Na peça não temos explicações claras sobre isso, é por que os cangaceiros e o julgamento deles sobre aparecem na peça quase como um primeiro julgamento divino (por uma pessoa omnisciente). No filme vemos o capitão no começo fantasiado de mendigo (então não conhecido do espectador como capitão) que se faz afastar da igreja pelo padre, e que explica que ele estava observando a cidade e os habitantes nessa fantasia de mendigo antes de matar os outros personagens. O final do filme foi completamente trocado na versão de Guel Arraes, João reaparece no nosso mundo (não temos encenas de ressureição) comendo e falando com Chicó e a filha do Coronel, recusando comida a Jesus que aparece de forma de um mendigo negro com a filha do coronel que dá para ele falando a João “Imagina esse mendigo fosse Jesus”, uma referência ao racismo de João (quando Jesus aparece de forma de um negro no Julgamento João fala “e imaginava o senhor menos queimado”). Além dessas mudanças de roteiro, as verdadeiras mudanças se encontram nas personagens mesma. 2) As personagens Como foi dito, as personagens mudam na versão cinematográfica de 2000, nem no fundo nem na forma mais na profundidade acordada a certas caraterísticas deles que o autor quis apoiar e desenvolver. As funções de certos personagens adicionados dão lugar a encenas adicionais inspiradas por outras peças de Ariano Suassuna e por outras peças e histórias de outros autores. O João Grilo é o mesmo nos seus traços gerais, tem só o lado vingador com a morte da cachorra que revela mais e apoia a condição, tratamento, e essa necessidade de sobrevivência de João, que é também totalmente ligada à sua esperteza. O Chicó fica o mesmo, mentiroso que
  • 9. 9 inventa cada historias incríveis e covarde (ele não tem relações com a mulher do padeiro por culpa do medo de estar pegado pelo marido no filme). Mas o seu encontro com a filha do Coronel vai mudar certos aspectos dele, como uma certa coragem que ele vai pegar para segurar a sua possível relação com a filha do Coronel (que é desejada também por um Oficio do exército e um outro homem importante). Ele está até mentindo para o Coronel sobre a sua condição social enquanto uma convida na casa dele para falar da sua relação com a filha. Essa encena da também um apoio ao combate dos personagens para conseguir a felicidade. Essa românica e o personagem da filha de Antônio Morais provem de uma outra obra de Ariano Suassuna que se chama Torturas de um coração, a diferencia é que ela se chama Marieta nessa peça. A personagem de Antônio Morais foi desenvolvida também pela influência de uma outra obra, O Mercador de Venezia de William Shakespeare, no seu jeito de negociar uma lasca de couro das costas de Chicó. O seu jeito mesmo, ele tem essa truculência de Coronel do sertão incorporada no seu jeito de tomar uma pinga num só gole por exemplo. Outros personagens que ganharam em profundidade é a mulher do padeiro, com a sua safadeza acentuada por encenas com um de os seus amantes. Assim como a Compadecida que ao contrário dos outros filmes está representada como uma mulher madura e experimentada no domínio da vida. O padeiro e o bispo são iguais à versão original e pegaram as caraterísticas (sobre tudo o padre) do sacristão da versão teatral. 3) Crítica do filme (e conclusão) O filme recebeu uma crítica positiva. Na minha opinião é igual. Uma adaptação cinematográfica deve ser igual a original nas generalidades mas deve ter também o traço do autor que adapta. Nesse sentido Guel Arraes conseguiu adicionando encenas nunca por causalidade pois, como foi dito antes, isso dá um apoio a situação de cada personagem ficando na logica original. Mesmo coisas que parecem não importante podem encontrar uma ligação o uma significação, como por exemplo os trechos da versão antiga da Paixão do Cristo, podemos fazer a ligação entre “O homem que se levou a combater o império Romano” e a situação de João Grilo e Chicó, sozinhos num mundo corrupto tentando sobreviver por todo jeito. Esse sentido foi muito puxado por Guel Arraes e faz sentido. Assim como as mudanças cronológicas e as explicações dadas através das personagens. A obra fica moderna tirando um pouco do fantástico (nos acontecimentos e a maneira que eles aparecem). De um ponto de vista artístico,
  • 10. 10 é bom, os planos da cidade e das paisagens nós transportam no sertão dos anos 50 com um lado pitoresco prazeroso. São também os atores, todos estão perfeitamente atuando os personagens e temos mesmo a impressão que por exemplo não podemos ver o João Grilo e o Chicó com outros atores que Matheus Natchergaele e Selton Mello que conseguiram uma performance surpreendente tão eles dão vida a esses personagens. Para os outros atores é o mesmo, cada um tem o seu lugar e os papeis parecem estar feitos e escritos para eles. Sobre tudo sentemos a mesma alegria e a sátira como na peça original. Por conclusão uma obra adaptada deve ser fiel sem ficar uma cópia do original, mas além disso era um projeto ambicioso da parte de Guel Arraes de adaptar numa versão moderna da obra de Ariano Suassuna. Isso é um exercício que falhou muito na história do cinema, como por exemplo a adaptação moderna da novela francesa Fanfan la Tulipe cuja adaptação ficou um nanar2 . O Auto Da Compadecida de 2000 conseguiu ter uma notoriedade igual à peça original pelos seus prêmios. Além de fazer uma adaptação Guel Arraes deu um sopro novo à obra, fazendo uma versão moderna que dá vontade conhecer a original que era satírica, cultural e espiritual. Com esse filme o realizador permitiu a essa obra atravessar o tempo respeitando os códigos, o ambiente e a moral colocada pelo autor original. No meu sentido é todo que merece uma obra maior que marcou uma época e um povo. 2 Nanar : Termo emprestado ao Francês do século 19 que designava no começo uma peça de teatro ruim pelas críticas, com o tempo esse termo designa um filme que tira todo o seu interesso no fato que ele é zoado pela baixa qualidade da sua realização.
  • 11. 11 Bibliografia:  Ariano Suassuna: O Auto da Compadecida, Rio de janeiro: Agir, 2001.  Guel Arraes e Adriana Falcão: O Auto da compadecida,Globo Filme, 2000.  Claudio Bezerra: Do teatro ao cinema-três olhares no Auto da Compadecida, Universidade Católica do Pernambuco.  VICTOR, Adriana: LINS, Juliana. Ariano Suassuna. Um perfil biográfico. São Paulo: Jorge Zahar, 2007.