SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 6
“A Era das Revoluções” – Eric Hobsbawm

Não obstante ter sido já publicada em 1962, a presente obra de Eric
Hobsbawm, merece ser amplamente divulgada, quer pela sua análise astuta e autoritária
sobre a Revolução Francesa e a Revolução Industrial Inglesa, quer por ser uma obra
actualizada e que se encontra devidamente fundamentada.
O título da obra remete-nos para uma época conturbada, levando-nos a pensar
num rompimento radical do sistema político vigente ou no modo tradicional de pensar e
de agir. De facto, o autor ao introduzir este título na obra pretende demonstrar que as
revoluções duais ocorridas no período ente 1789 e 1848, levaram a transformações
profundas tanto no espaço europeu como também noutros locais do mundo. Por outro
lado, o título apelativo leva a uma maior curiosidade por parte dos leitores relativamente
aos temas que são debatidos na obra.
Como referi anteriormente, o livro encontra-se dividido em duas partes, na
primeira parte retrata os acontecimentos, isto é, as causas que levaram às revoluções
duais e a análise das mesmas encontrando-se dividido em sete capítulo, na segunda
parte da obra, é retratado as consequências ou os resultados das revoluções duais
encontrando-se dividido em nove capítulos.
No primeiro capítulo – sob o título “ O Mundo na década de 1780” Hobsbawm faz uma abordagem histórica do mundo que antecede as revoluções duais de
forma a gerar uma maior compreensão e tornar mais claro o tema, este achava que “
uma transformação tão profunda não podia ser compreendida sem se recuar na história
muito para além de 1789, ou das décadas que imediatamente a precederam”
(Hobsbawm, 2001)[1]. Neste capítulo introdutório, o autor traça as características de
uma sociedade pré-industrial, de uma forma muito cuidada e completa. Para além de
referenciar as características geográficas ( o mundo era “mais pequeno do que o nosso”
porque não se conhecia o interior dos continentes e “maior do que o nosso” porque a
dificuldade de locomoção era muito maior sobretudo pelos transportes por via terrestre),
demográficas( crescimento da população apesar de esta representar apenas 1/3 da
população actual),sociais( vivíamos num mundo predominantemente rural, onde a
actividade agrícola era predominante, os feudos e a servidão ainda existiam apesar de
ter diminuído a sua importância na europa ocidental e culturais, políticas, Hobsbawm
acrescenta a sua abordagem marxista, concedendo um maior enfâse ao estudo das
formas de produção e propriedade agrícola, lavrador e comerciante levando os leitores a
fixarem-se principalmente nas questões económicas onde os modos de produção são o
ponto de partida para as transformações da realidade. Hobsbawm também menciona
assuntos mais relacionados com a tendência do pensamento, o iluminismo, em que
devia o seu progresso à produção, comércio e da racionalidade económica e científica.
Os seus slogans, liberdade, igualdade e fraternidade, como Hobsbawm afirma “
tornaram-se os ideais da revolução francesa”.[2]
No segundo capítulo – “A Revolução Industrial” - Hobsbawm discute as razões
que levaram ao pioneirismo britânico analisando e comparando a Inglaterra com outros
países, sobretudo a França, examinando a componente tecnológica, científica,
económica e social acabando por argumentar que os acontecimentos que levaram à
Revolução Industrial Inglesa “ocorreram de forma empírica, causal, não planeada”
(HOBSBAWM, 2001)[3], como por exemplo, a Inglaterra já possuía uma política
governamental que fomentava o lucro privado e o desenvolvimento económico, a
agricultura já se destinava predominantemente ao mercado e as manufacturas já se
haviam disseminado por um interior não feudal. Jean-Pierre Rioux[4] vai ao encontro
das ideias de Hobsbawm mas acrescenta o facto de a Inglaterra ter escapado aos danos
da conjuntura e das crises do século XVII e acima de tudo a grande capacidade de
adaptação por parte da agricultura, comércio, manufactura e finanças. A indústria do
algodão é objecto de uma cuidadosa análise e ponderação por parte de Hobsbawm, pois
para ele a Revolução Industrial Britânica assentou neste aspecto sendo a “primeira
indústria a ser revolucionada” (HOBSBAWM,2001)[5]. O autor ao abordar este
assunto, analisa vários aspectos, por exemplo o facto do comércio colonial ter criado a
indústria algodoeira e alimentá-la, os empresários começaram a adoptar a mecanização
na produção principalmente quando o algodão sofria a falta de mão-de-obra barata e
eficiente. Jean-Pierre Rioux vai ao encontro do autor afirmando que escassez de mãode-obra, principalmente na indústria do algodão levou à inovação técnica em que só a
máquina podia dividir o trabalho, reduzir os custos de produção e economizar braços[6],
já T.S.Ashton refere alguns mecanismos utilizados nesta industria como a introdução de
um melhoramento simples no tear, a lançadeira que economiza imenso trabalho,
permitindo que um só tecelão fizesse panos com uma largura em que antes era
necessário dois homens[7]. Hobsbawm esboça-se sobre o crescimento económico da
Grã-Bretanha, destacando a sua dependência face à indústria algodoeira uma vez que
esta conseguia dominar os movimentos de toda a economia. Sendo um marxista por
natureza e indo ao encontro das ideias de Karl Marx, o capitalismo seria um produto da
Revolução Industrial Inglesa e não a sua causa. Hobsbawm não se limita apenas a
detalhar os factores que levaram à Revolução Industrial, este faz uma abordagem mais
profunda e marxista analisando o impacte desta revolução na ordem social dedicando
uma grande parte do capítulo da Revolução Industrial a este assunto. Segundo o autor, a
transição para a nova economia, alterou a cosmologia tradicional criando uma série de
problemas sociais, miséria e descontentamento. De seguida, Hobsbawm revela a
importância da produção do ferro em que o autor refere que esta indústria é modesta e
T.S. Ashton vai mais longe ao mencionar que a Grã-Bretanha encontrava-se dependente
do estrangeiro no que se refere ao ferro em barra[8], relativamente ao carvão,
Hobsbawm afirma que em 1800 Inglaterra gerava 90% da produção mundial, estando
por isso em vantagem em relação aos outros países. Hobsbawm afirma a importância
destas industriam na transformação das indústrias de bens de capital, nomeadamente a
ferroviária. O autor contínua a sua argumentação falando da “revolução agrícola”
focando-se nas suas consequências apesar de não se expressar muito sobre este assunto
servindo em parte para justificar a crescente mão-de-obra que foi liberta para a
indústria. Hobsbawm acaba por se focar no capital humano para as indústrias, em que
era difícil conseguir um número suficiente de trabalhadores com as necessárias
qualificações e habilidades em que o operário tinha que aprender a trabalhar de uma
maneira adequada à indústria tendo um ritmo diário ininterrupto para além deste
aspecto, refere a importância da utilização da mão-de-obra feminina e infantil. Marianne
Roth vai mais longe ao afirmar, que a revolução industrial permitiu o nascimento de um
proletariado moderno.[9] Hobsbawm ao falar sobre a revolução industrial, reveste o seu
discurso com inúmeros exemplos que ajudam o leitor a ter uma maior percepção e
impacto que a revolução industrial teve não só na Inglaterra mas também noutros locais
do mundo, para além disto os exemplos introduzem uma maior dinâmica no discurso
permitindo que este não se torne aborrecido.
No terceiro capitulo – sob o título de “ A Revolução Francesa” – Hobsbawm
refere a importância da Revolução Francesa na medida em como ela difundiu a sua
política e ideologia pelo resto do mundo. Inicialmente o autor compara a Revolução
Francesa com outras revoluções suas contemporâneas como por exemplo, a revolução
americana. Desta forma ele pretendia demonstrar a unicidade da Revolução Francesa
recorrendo ao facto da França ser um poderoso e populoso estado europeu, do facto de
ter sido a única revolução social de massas, por ter sido uma revolução ecuménica
sendo um marco em todos os países “permanecendo assim a revolução do seu tempo e a
mais destacada do seu tipo” (HOBSBAWM, 2001)[10]. Hobsbawm explica de uma
forma simples e recorrendo a exemplos, o contexto histórico, político e social que levou
à revolução; a decadência da aristocracia feudal, a exploração das classes populares
sobretudo camponesas, a crise nas instituições em que se verificava uma enorme
incapacidade financeira e política, crises económicas e agrícolas e o facto de a França
ter participado na guerra Americana no entanto, o autor reforça as ideias do liberalismo
clássico imprimidas no grupo consenso de ideias gerais, a burguesia que imprimiria ao
movimento revolucionário uma unidade efectiva. Albert Sobul, historiador que analisa
as questões da revolução francesa vai ao encontro do que Hobsbawm declarando “ os
progressos do conhecimento positivos e o impulso conquistador da filosofia das luzes
abalaram as bases ideológicas da ordem estabelecida.”[11] Como marxista, Hobsbawm
ao analisar a Revolução Francesa, demonstra uma especial atenção pela luta das classes
e o banditismo. O autor ao focar-se na revolução francesa examinou os quatro períodos
que marcaram esta revolução: a Assembleia Constituinte, a Assembleia Legislativa, a
Convenção e o Directório referindo os principais acontecimentos que sucederam. A
descrição destes períodos é bastante rica, oferecendo-nos uma ampla visão da
revolução. Segundo o autor a Revolução Francesa ao longo destes quatro períodos
sofreu profundas transformações como foi o caso da Queda da Bastilha, símbolo do
poder monárquico, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão que de acordo
com o autor veio a inspirar a revolução americana, aprovou-se a Assembleia
Constituinte introduzindo-se mudanças profundas, o começo da República Jacobina do
Ano I e II em que foi marcada por um período de terror, com um efeito sobre-humano
levado a cabo no ano II por Robespierre, posteriormente a sua morte levou ao termino
desta República marcando a era do Termidor e mais tarde a ascensão do Napoleão.
No final da primeira parte da obra o autor refere o aparecimento dos
movimentos nacionalistas em que reflectia as forças poderosas que nos anos de 1830
iam adquirindo consciência política em resultado da dupla revolução.
Na segunda parte da obra, o autor menciona os resultados que estas duas
revoluções reflectiram na sociedade, economia, política, dividindo os capítulos
referentes à segunda parte pelos temas que ele achou mais pertinentes. A terra segundo
o autor, determinou a vida e morte de quase todos os seres humanos entre 1789 e
1848[12], consequentemente o impacto da dupla revolução sobre a propriedade rústica,
arrendamento de terras e sobre a agricultura constitui um fenómeno catastrófico. A
Revolução Francesa contribuiu para uma revolução das relações agrárias, acabando com
o feudalismo e levou a que as terras possuíssem vários tipos de proprietários
camponeses. No período que vai de 1789 a 1848 foi marcado por mudanças
fundamentais, forte crescimento demográfico, verificou-se uma transformação
importante nas comunicações e o desenvolvimento do comércio e a migração. Os EUA
e uma parte considerável da Europa Ocidental e Central acabam por entrar na era da
Revolução Industrial, o autor destaca o caso Francês que possui um enorme potencial
em termos de marketing e em inovações técnicas.
Segundo o autor, as duas revoluções permitiram a abertura de carreiras ao talento, à
energia, astúcia, ao trabalho árduo e à ganância mais conhecida por self-made man.
Durante o período da dupla revolução verifica-se um florescimento das artes,
verificando-se a propagação de acontecimentos artísticos entre as diferentes nações.
Desenvolvem-se certas artes e géneros como por exemplo o romance, a música também
sofre profundas transformações destacando-se Mozart, Beethoven entre muitos outros, a
escultura atingiu a proeminência do século XVIII e o mesmo da arquitectura.
A dupla revolução fez com que os artistas se inspirassem nas questões públicas e que
nelas se deixassem envolver. As ciências reflectem também de modo particular a dupla
revolução, apesar de Hobsbawm afirmar que a ciência não se possa analisar apenas com
a dupla revolução mas em parte esta colocou-lhes questões específicas, abriu-lhe novas
possibilidades e as confrontou com novos problemas. A ciência beneficiou do incentivo
à educação científica e técnica, alargou o número de cientistas e os resultados nas
ciências e envolveu novos países e povos. Segundo o autor, neste período houve
progressos na física, química, astronomia, a revolução das ciências sociais.
Enfim, com uma parte da obra dedicada às mudanças que ocorreram após as
revoluções duais, percebe-se como em parte, estas duas revoluções transformaram a
resto da europa e o resto do mundo, o autor dá de propositadamente exemplos de vários
países, mesmo fora da europa de forma a demonstrar que esta transformação foi global e
que modificou a forma de ser e de estar das sociedades.
[1] Hobsbawm, Eric, A Era das Revoluções p. 12
[2] Idem, A Era das Revoluções, p 31
[3] Idem, op. Cit., p60
[4]RIOUX, Jean-Pierre, A Revolução Industrial pp 67-69
[5] HOBSBAWM, Eric, A Era das Revoluções, p 46
[6] RIOUX, Jean-Pierre,A Revolução Industrial p 69
[7] ASHTON, T. S., A Revolução Industrial
[8] Idem, Op.Cit,p 69
[9] ROTH, Marianne, A origem do capitalismo: a revolução industrial em Inglaterra p 23
[10]HOBSBAWM, Eric, A Era das Revoluções, p 64
[11] SOBOUL, Albert, A Revolução Francesa , p 74
[12] HOBSBAWM, Eric, A Era das Revoluções, p 153

Weitere ähnliche Inhalte

Was ist angesagt?

A expansão urbana e suas consequências
A expansão urbana e suas consequênciasA expansão urbana e suas consequências
A expansão urbana e suas consequências
Carla Teixeira
 
Neoliberalismo globalizacao
Neoliberalismo globalizacaoNeoliberalismo globalizacao
Neoliberalismo globalizacao
João Couto
 
Um mundo superpovoado
Um mundo superpovoadoUm mundo superpovoado
Um mundo superpovoado
Joana Melo
 

Was ist angesagt? (20)

2 A Cidade
2  A Cidade2  A Cidade
2 A Cidade
 
A contrarreforma
A contrarreformaA contrarreforma
A contrarreforma
 
Circularidade Cultural
Circularidade CulturalCircularidade Cultural
Circularidade Cultural
 
A Era das Revoluções
A Era das RevoluçõesA Era das Revoluções
A Era das Revoluções
 
Guerra hispano americana
Guerra hispano americanaGuerra hispano americana
Guerra hispano americana
 
Revolução Francesa
Revolução FrancesaRevolução Francesa
Revolução Francesa
 
A expansão urbana e suas consequências
A expansão urbana e suas consequênciasA expansão urbana e suas consequências
A expansão urbana e suas consequências
 
Neoliberalismo globalizacao
Neoliberalismo globalizacaoNeoliberalismo globalizacao
Neoliberalismo globalizacao
 
Revolução russa
Revolução russaRevolução russa
Revolução russa
 
NEP
NEPNEP
NEP
 
O ILUMINISMO
O ILUMINISMOO ILUMINISMO
O ILUMINISMO
 
Nacionalismo
NacionalismoNacionalismo
Nacionalismo
 
1 antigo regime e revolução inglesa
1  antigo regime e revolução inglesa1  antigo regime e revolução inglesa
1 antigo regime e revolução inglesa
 
URSS
URSSURSS
URSS
 
Um mundo superpovoado
Um mundo superpovoadoUm mundo superpovoado
Um mundo superpovoado
 
Revolução cubana
Revolução cubanaRevolução cubana
Revolução cubana
 
Crises Do Capitalismo
Crises Do CapitalismoCrises Do Capitalismo
Crises Do Capitalismo
 
Escola dos annales
Escola dos annalesEscola dos annales
Escola dos annales
 
Conflitos Regionais
Conflitos RegionaisConflitos Regionais
Conflitos Regionais
 
Milagre japones
Milagre japonesMilagre japones
Milagre japones
 

Andere mochten auch

Exercícios - história
Exercícios - históriaExercícios - história
Exercícios - história
Isabella Silva
 
A era da incerteza os costumes e a moral do alto capitalismo
A era da incerteza os costumes e a moral do alto capitalismoA era da incerteza os costumes e a moral do alto capitalismo
A era da incerteza os costumes e a moral do alto capitalismo
Rafael Silva
 
7 aula 17 neocolonialismo
7   aula 17 neocolonialismo7   aula 17 neocolonialismo
7 aula 17 neocolonialismo
profdu
 
7 aula 21 os empreendimentos do barão de mauá
7   aula 21 os empreendimentos do barão de mauá7   aula 21 os empreendimentos do barão de mauá
7 aula 21 os empreendimentos do barão de mauá
profdu
 
7 aula 18 lei das terras de 1850
7   aula 18 lei das terras de 18507   aula 18 lei das terras de 1850
7 aula 18 lei das terras de 1850
profdu
 
7 aula 11 revolta dos malês
7   aula 11 revolta dos malês7   aula 11 revolta dos malês
7 aula 11 revolta dos malês
profdu
 
7 aula 19 o café e o processo de abolição da escravidão no brasil
7   aula 19 o café e o processo de abolição da escravidão no brasil7   aula 19 o café e o processo de abolição da escravidão no brasil
7 aula 19 o café e o processo de abolição da escravidão no brasil
profdu
 
7 aula 10 primeiro reinado brasileiro
7   aula 10 primeiro reinado brasileiro7   aula 10 primeiro reinado brasileiro
7 aula 10 primeiro reinado brasileiro
profdu
 
7 aula 7 economia e sociedade brasileira colonial
7   aula 7 economia e sociedade brasileira colonial7   aula 7 economia e sociedade brasileira colonial
7 aula 7 economia e sociedade brasileira colonial
profdu
 
7 aula 3 formação e independência dos eua
7   aula 3 formação e independência dos eua7   aula 3 formação e independência dos eua
7 aula 3 formação e independência dos eua
profdu
 
7 aula 5 formação e independência da américa espanhola
7   aula 5 formação e independência da américa espanhola7   aula 5 formação e independência da américa espanhola
7 aula 5 formação e independência da américa espanhola
profdu
 
7 aula 6 revolução francesa
7   aula 6 revolução francesa7   aula 6 revolução francesa
7 aula 6 revolução francesa
profdu
 
7 aula 16 segundo reinado brasileiro
7   aula 16 segundo reinado brasileiro7   aula 16 segundo reinado brasileiro
7 aula 16 segundo reinado brasileiro
profdu
 
7 aula 12 a consolidação da independência dos eua
7   aula 12 a consolidação da independência dos eua7   aula 12 a consolidação da independência dos eua
7 aula 12 a consolidação da independência dos eua
profdu
 
7 aula 9 a corte portuguesa no brasil
7   aula 9 a corte portuguesa no brasil7   aula 9 a corte portuguesa no brasil
7 aula 9 a corte portuguesa no brasil
profdu
 
7 aula 15 a industrialização no século 19
7   aula 15 a industrialização no século 197   aula 15 a industrialização no século 19
7 aula 15 a industrialização no século 19
profdu
 
7 aula 4 revoluções inglesas
7   aula 4 revoluções inglesas7   aula 4 revoluções inglesas
7 aula 4 revoluções inglesas
profdu
 
7 aula 14 unificação política da itália e da alemanha
7   aula 14 unificação política da itália e da alemanha7   aula 14 unificação política da itália e da alemanha
7 aula 14 unificação política da itália e da alemanha
profdu
 
7 aula 13 movimentos políticos e organização operária no século 19
7   aula 13 movimentos políticos e organização operária no século 197   aula 13 movimentos políticos e organização operária no século 19
7 aula 13 movimentos políticos e organização operária no século 19
profdu
 

Andere mochten auch (20)

A era das revoluções
A era das  revoluçõesA era das  revoluções
A era das revoluções
 
Exercícios - história
Exercícios - históriaExercícios - história
Exercícios - história
 
A era da incerteza os costumes e a moral do alto capitalismo
A era da incerteza os costumes e a moral do alto capitalismoA era da incerteza os costumes e a moral do alto capitalismo
A era da incerteza os costumes e a moral do alto capitalismo
 
7 aula 17 neocolonialismo
7   aula 17 neocolonialismo7   aula 17 neocolonialismo
7 aula 17 neocolonialismo
 
7 aula 21 os empreendimentos do barão de mauá
7   aula 21 os empreendimentos do barão de mauá7   aula 21 os empreendimentos do barão de mauá
7 aula 21 os empreendimentos do barão de mauá
 
7 aula 18 lei das terras de 1850
7   aula 18 lei das terras de 18507   aula 18 lei das terras de 1850
7 aula 18 lei das terras de 1850
 
7 aula 11 revolta dos malês
7   aula 11 revolta dos malês7   aula 11 revolta dos malês
7 aula 11 revolta dos malês
 
7 aula 19 o café e o processo de abolição da escravidão no brasil
7   aula 19 o café e o processo de abolição da escravidão no brasil7   aula 19 o café e o processo de abolição da escravidão no brasil
7 aula 19 o café e o processo de abolição da escravidão no brasil
 
7 aula 10 primeiro reinado brasileiro
7   aula 10 primeiro reinado brasileiro7   aula 10 primeiro reinado brasileiro
7 aula 10 primeiro reinado brasileiro
 
7 aula 7 economia e sociedade brasileira colonial
7   aula 7 economia e sociedade brasileira colonial7   aula 7 economia e sociedade brasileira colonial
7 aula 7 economia e sociedade brasileira colonial
 
7 aula 3 formação e independência dos eua
7   aula 3 formação e independência dos eua7   aula 3 formação e independência dos eua
7 aula 3 formação e independência dos eua
 
7 aula 5 formação e independência da américa espanhola
7   aula 5 formação e independência da américa espanhola7   aula 5 formação e independência da américa espanhola
7 aula 5 formação e independência da américa espanhola
 
7 aula 6 revolução francesa
7   aula 6 revolução francesa7   aula 6 revolução francesa
7 aula 6 revolução francesa
 
7 aula 16 segundo reinado brasileiro
7   aula 16 segundo reinado brasileiro7   aula 16 segundo reinado brasileiro
7 aula 16 segundo reinado brasileiro
 
7 aula 12 a consolidação da independência dos eua
7   aula 12 a consolidação da independência dos eua7   aula 12 a consolidação da independência dos eua
7 aula 12 a consolidação da independência dos eua
 
7 aula 9 a corte portuguesa no brasil
7   aula 9 a corte portuguesa no brasil7   aula 9 a corte portuguesa no brasil
7 aula 9 a corte portuguesa no brasil
 
7 aula 15 a industrialização no século 19
7   aula 15 a industrialização no século 197   aula 15 a industrialização no século 19
7 aula 15 a industrialização no século 19
 
7 aula 4 revoluções inglesas
7   aula 4 revoluções inglesas7   aula 4 revoluções inglesas
7 aula 4 revoluções inglesas
 
7 aula 14 unificação política da itália e da alemanha
7   aula 14 unificação política da itália e da alemanha7   aula 14 unificação política da itália e da alemanha
7 aula 14 unificação política da itália e da alemanha
 
7 aula 13 movimentos políticos e organização operária no século 19
7   aula 13 movimentos políticos e organização operária no século 197   aula 13 movimentos políticos e organização operária no século 19
7 aula 13 movimentos políticos e organização operária no século 19
 

Ähnlich wie A era das revoluções - Eric Hobsbawm

Movimento operario
Movimento operarioMovimento operario
Movimento operario
pcgpnl
 
Exercício Revolucao Francesa e Era Napoleânica.docx
Exercício Revolucao Francesa e Era Napoleânica.docxExercício Revolucao Francesa e Era Napoleânica.docx
Exercício Revolucao Francesa e Era Napoleânica.docx
RAFAELASCARI1
 
historia_exercicios_idade_contemporanea_revolucao_francesa.pdf
historia_exercicios_idade_contemporanea_revolucao_francesa.pdfhistoria_exercicios_idade_contemporanea_revolucao_francesa.pdf
historia_exercicios_idade_contemporanea_revolucao_francesa.pdf
RAFAELASCARI1
 
Revolução russa palestra i
Revolução russa   palestra iRevolução russa   palestra i
Revolução russa palestra i
Rui Costa Pimenta
 
Trabalho boemia x burguesia
Trabalho   boemia x burguesiaTrabalho   boemia x burguesia
Trabalho boemia x burguesia
Douglas Lacerda
 
A Belle Époque e suas influências na Europa e no mundo
A Belle Époque e suas influências na Europa e no mundoA Belle Époque e suas influências na Europa e no mundo
A Belle Époque e suas influências na Europa e no mundo
VanessaAlbuquerque38
 

Ähnlich wie A era das revoluções - Eric Hobsbawm (20)

Capitalismo
CapitalismoCapitalismo
Capitalismo
 
114 316-1-pb (1)
114 316-1-pb (1)114 316-1-pb (1)
114 316-1-pb (1)
 
9º ano matutino historia geral
9º ano matutino historia geral9º ano matutino historia geral
9º ano matutino historia geral
 
Movimento operario
Movimento operarioMovimento operario
Movimento operario
 
A era dos impérios: Eric Hobsbawn
A era dos impérios: Eric Hobsbawn A era dos impérios: Eric Hobsbawn
A era dos impérios: Eric Hobsbawn
 
RERUM NOVARUM, O ESPÍRITO DO CAPITALISMO E O SURGIMENTO DO SERVIÇO SOCIAL
 RERUM NOVARUM, O ESPÍRITO DO CAPITALISMO E O SURGIMENTO DO SERVIÇO SOCIAL  RERUM NOVARUM, O ESPÍRITO DO CAPITALISMO E O SURGIMENTO DO SERVIÇO SOCIAL
RERUM NOVARUM, O ESPÍRITO DO CAPITALISMO E O SURGIMENTO DO SERVIÇO SOCIAL
 
Revolução industrial texto de aprofundamento
Revolução industrial   texto de aprofundamentoRevolução industrial   texto de aprofundamento
Revolução industrial texto de aprofundamento
 
Revolução industrial texto de aprofundamento
Revolução industrial   texto de aprofundamentoRevolução industrial   texto de aprofundamento
Revolução industrial texto de aprofundamento
 
Exercício Revolucao Francesa e Era Napoleânica.docx
Exercício Revolucao Francesa e Era Napoleânica.docxExercício Revolucao Francesa e Era Napoleânica.docx
Exercício Revolucao Francesa e Era Napoleânica.docx
 
FACELI - DIREITO - 2° período - Curso de Homem, cultura e sociedade - 03 - Po...
FACELI - DIREITO - 2° período - Curso de Homem, cultura e sociedade - 03 - Po...FACELI - DIREITO - 2° período - Curso de Homem, cultura e sociedade - 03 - Po...
FACELI - DIREITO - 2° período - Curso de Homem, cultura e sociedade - 03 - Po...
 
historia_exercicios_idade_contemporanea_revolucao_francesa.pdf
historia_exercicios_idade_contemporanea_revolucao_francesa.pdfhistoria_exercicios_idade_contemporanea_revolucao_francesa.pdf
historia_exercicios_idade_contemporanea_revolucao_francesa.pdf
 
Live int 07mai
Live int 07maiLive int 07mai
Live int 07mai
 
slide 1 serie revolucoes da modernidade.pptx
slide 1 serie revolucoes da modernidade.pptxslide 1 serie revolucoes da modernidade.pptx
slide 1 serie revolucoes da modernidade.pptx
 
Van der linden história do trabalho
Van der linden história do trabalhoVan der linden história do trabalho
Van der linden história do trabalho
 
8o ano história 2 trimestre p2 revisaço sem gabarito
8o ano história 2 trimestre p2 revisaço sem gabarito8o ano história 2 trimestre p2 revisaço sem gabarito
8o ano história 2 trimestre p2 revisaço sem gabarito
 
Unidade 8 burgueses proletários classes medias e camponeses
Unidade 8 burgueses proletários classes medias e camponesesUnidade 8 burgueses proletários classes medias e camponeses
Unidade 8 burgueses proletários classes medias e camponeses
 
Revolução russa palestra i
Revolução russa   palestra iRevolução russa   palestra i
Revolução russa palestra i
 
Trabalho boemia x burguesia
Trabalho   boemia x burguesiaTrabalho   boemia x burguesia
Trabalho boemia x burguesia
 
O CAPITAL.pdf
O CAPITAL.pdfO CAPITAL.pdf
O CAPITAL.pdf
 
A Belle Époque e suas influências na Europa e no mundo
A Belle Époque e suas influências na Europa e no mundoA Belle Époque e suas influências na Europa e no mundo
A Belle Époque e suas influências na Europa e no mundo
 

Kürzlich hochgeladen

19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
marlene54545
 
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemáticaSlide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
sh5kpmr7w7
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
HELENO FAVACHO
 

Kürzlich hochgeladen (20)

6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
 
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
 
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
 
A Revolução Francesa. Liberdade, Igualdade e Fraternidade são os direitos que...
A Revolução Francesa. Liberdade, Igualdade e Fraternidade são os direitos que...A Revolução Francesa. Liberdade, Igualdade e Fraternidade são os direitos que...
A Revolução Francesa. Liberdade, Igualdade e Fraternidade são os direitos que...
 
Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptxEducação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
 
Sistema de Bibliotecas UCS - Cantos do fim do século
Sistema de Bibliotecas UCS  - Cantos do fim do séculoSistema de Bibliotecas UCS  - Cantos do fim do século
Sistema de Bibliotecas UCS - Cantos do fim do século
 
EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA INCLUSIVA
EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA INCLUSIVAEDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA INCLUSIVA
EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA INCLUSIVA
 
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMPRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
 
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfApresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
 
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
 
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º anoCamadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º ano
 
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemáticaSlide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
 
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
 
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptx
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptxCartão de crédito e fatura do cartão.pptx
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptx
 
Pesquisa Ação René Barbier Livro acadêmico
Pesquisa Ação René Barbier Livro  acadêmicoPesquisa Ação René Barbier Livro  acadêmico
Pesquisa Ação René Barbier Livro acadêmico
 
Produção de Texto - 5º ano - CRÔNICA.pptx
Produção de Texto - 5º ano - CRÔNICA.pptxProdução de Texto - 5º ano - CRÔNICA.pptx
Produção de Texto - 5º ano - CRÔNICA.pptx
 
Plano de aula Nova Escola períodos simples e composto parte 1.pptx
Plano de aula Nova Escola períodos simples e composto parte 1.pptxPlano de aula Nova Escola períodos simples e composto parte 1.pptx
Plano de aula Nova Escola períodos simples e composto parte 1.pptx
 
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de HotéisAbout Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
 
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.pptaula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
 

A era das revoluções - Eric Hobsbawm

  • 1. “A Era das Revoluções” – Eric Hobsbawm Não obstante ter sido já publicada em 1962, a presente obra de Eric Hobsbawm, merece ser amplamente divulgada, quer pela sua análise astuta e autoritária sobre a Revolução Francesa e a Revolução Industrial Inglesa, quer por ser uma obra actualizada e que se encontra devidamente fundamentada. O título da obra remete-nos para uma época conturbada, levando-nos a pensar num rompimento radical do sistema político vigente ou no modo tradicional de pensar e de agir. De facto, o autor ao introduzir este título na obra pretende demonstrar que as revoluções duais ocorridas no período ente 1789 e 1848, levaram a transformações profundas tanto no espaço europeu como também noutros locais do mundo. Por outro lado, o título apelativo leva a uma maior curiosidade por parte dos leitores relativamente aos temas que são debatidos na obra. Como referi anteriormente, o livro encontra-se dividido em duas partes, na primeira parte retrata os acontecimentos, isto é, as causas que levaram às revoluções duais e a análise das mesmas encontrando-se dividido em sete capítulo, na segunda parte da obra, é retratado as consequências ou os resultados das revoluções duais encontrando-se dividido em nove capítulos. No primeiro capítulo – sob o título “ O Mundo na década de 1780” Hobsbawm faz uma abordagem histórica do mundo que antecede as revoluções duais de forma a gerar uma maior compreensão e tornar mais claro o tema, este achava que “ uma transformação tão profunda não podia ser compreendida sem se recuar na história muito para além de 1789, ou das décadas que imediatamente a precederam” (Hobsbawm, 2001)[1]. Neste capítulo introdutório, o autor traça as características de uma sociedade pré-industrial, de uma forma muito cuidada e completa. Para além de referenciar as características geográficas ( o mundo era “mais pequeno do que o nosso” porque não se conhecia o interior dos continentes e “maior do que o nosso” porque a dificuldade de locomoção era muito maior sobretudo pelos transportes por via terrestre), demográficas( crescimento da população apesar de esta representar apenas 1/3 da população actual),sociais( vivíamos num mundo predominantemente rural, onde a actividade agrícola era predominante, os feudos e a servidão ainda existiam apesar de ter diminuído a sua importância na europa ocidental e culturais, políticas, Hobsbawm acrescenta a sua abordagem marxista, concedendo um maior enfâse ao estudo das
  • 2. formas de produção e propriedade agrícola, lavrador e comerciante levando os leitores a fixarem-se principalmente nas questões económicas onde os modos de produção são o ponto de partida para as transformações da realidade. Hobsbawm também menciona assuntos mais relacionados com a tendência do pensamento, o iluminismo, em que devia o seu progresso à produção, comércio e da racionalidade económica e científica. Os seus slogans, liberdade, igualdade e fraternidade, como Hobsbawm afirma “ tornaram-se os ideais da revolução francesa”.[2] No segundo capítulo – “A Revolução Industrial” - Hobsbawm discute as razões que levaram ao pioneirismo britânico analisando e comparando a Inglaterra com outros países, sobretudo a França, examinando a componente tecnológica, científica, económica e social acabando por argumentar que os acontecimentos que levaram à Revolução Industrial Inglesa “ocorreram de forma empírica, causal, não planeada” (HOBSBAWM, 2001)[3], como por exemplo, a Inglaterra já possuía uma política governamental que fomentava o lucro privado e o desenvolvimento económico, a agricultura já se destinava predominantemente ao mercado e as manufacturas já se haviam disseminado por um interior não feudal. Jean-Pierre Rioux[4] vai ao encontro das ideias de Hobsbawm mas acrescenta o facto de a Inglaterra ter escapado aos danos da conjuntura e das crises do século XVII e acima de tudo a grande capacidade de adaptação por parte da agricultura, comércio, manufactura e finanças. A indústria do algodão é objecto de uma cuidadosa análise e ponderação por parte de Hobsbawm, pois para ele a Revolução Industrial Britânica assentou neste aspecto sendo a “primeira indústria a ser revolucionada” (HOBSBAWM,2001)[5]. O autor ao abordar este assunto, analisa vários aspectos, por exemplo o facto do comércio colonial ter criado a indústria algodoeira e alimentá-la, os empresários começaram a adoptar a mecanização na produção principalmente quando o algodão sofria a falta de mão-de-obra barata e eficiente. Jean-Pierre Rioux vai ao encontro do autor afirmando que escassez de mãode-obra, principalmente na indústria do algodão levou à inovação técnica em que só a máquina podia dividir o trabalho, reduzir os custos de produção e economizar braços[6], já T.S.Ashton refere alguns mecanismos utilizados nesta industria como a introdução de um melhoramento simples no tear, a lançadeira que economiza imenso trabalho, permitindo que um só tecelão fizesse panos com uma largura em que antes era necessário dois homens[7]. Hobsbawm esboça-se sobre o crescimento económico da Grã-Bretanha, destacando a sua dependência face à indústria algodoeira uma vez que esta conseguia dominar os movimentos de toda a economia. Sendo um marxista por
  • 3. natureza e indo ao encontro das ideias de Karl Marx, o capitalismo seria um produto da Revolução Industrial Inglesa e não a sua causa. Hobsbawm não se limita apenas a detalhar os factores que levaram à Revolução Industrial, este faz uma abordagem mais profunda e marxista analisando o impacte desta revolução na ordem social dedicando uma grande parte do capítulo da Revolução Industrial a este assunto. Segundo o autor, a transição para a nova economia, alterou a cosmologia tradicional criando uma série de problemas sociais, miséria e descontentamento. De seguida, Hobsbawm revela a importância da produção do ferro em que o autor refere que esta indústria é modesta e T.S. Ashton vai mais longe ao mencionar que a Grã-Bretanha encontrava-se dependente do estrangeiro no que se refere ao ferro em barra[8], relativamente ao carvão, Hobsbawm afirma que em 1800 Inglaterra gerava 90% da produção mundial, estando por isso em vantagem em relação aos outros países. Hobsbawm afirma a importância destas industriam na transformação das indústrias de bens de capital, nomeadamente a ferroviária. O autor contínua a sua argumentação falando da “revolução agrícola” focando-se nas suas consequências apesar de não se expressar muito sobre este assunto servindo em parte para justificar a crescente mão-de-obra que foi liberta para a indústria. Hobsbawm acaba por se focar no capital humano para as indústrias, em que era difícil conseguir um número suficiente de trabalhadores com as necessárias qualificações e habilidades em que o operário tinha que aprender a trabalhar de uma maneira adequada à indústria tendo um ritmo diário ininterrupto para além deste aspecto, refere a importância da utilização da mão-de-obra feminina e infantil. Marianne Roth vai mais longe ao afirmar, que a revolução industrial permitiu o nascimento de um proletariado moderno.[9] Hobsbawm ao falar sobre a revolução industrial, reveste o seu discurso com inúmeros exemplos que ajudam o leitor a ter uma maior percepção e impacto que a revolução industrial teve não só na Inglaterra mas também noutros locais do mundo, para além disto os exemplos introduzem uma maior dinâmica no discurso permitindo que este não se torne aborrecido. No terceiro capitulo – sob o título de “ A Revolução Francesa” – Hobsbawm refere a importância da Revolução Francesa na medida em como ela difundiu a sua política e ideologia pelo resto do mundo. Inicialmente o autor compara a Revolução Francesa com outras revoluções suas contemporâneas como por exemplo, a revolução americana. Desta forma ele pretendia demonstrar a unicidade da Revolução Francesa recorrendo ao facto da França ser um poderoso e populoso estado europeu, do facto de ter sido a única revolução social de massas, por ter sido uma revolução ecuménica
  • 4. sendo um marco em todos os países “permanecendo assim a revolução do seu tempo e a mais destacada do seu tipo” (HOBSBAWM, 2001)[10]. Hobsbawm explica de uma forma simples e recorrendo a exemplos, o contexto histórico, político e social que levou à revolução; a decadência da aristocracia feudal, a exploração das classes populares sobretudo camponesas, a crise nas instituições em que se verificava uma enorme incapacidade financeira e política, crises económicas e agrícolas e o facto de a França ter participado na guerra Americana no entanto, o autor reforça as ideias do liberalismo clássico imprimidas no grupo consenso de ideias gerais, a burguesia que imprimiria ao movimento revolucionário uma unidade efectiva. Albert Sobul, historiador que analisa as questões da revolução francesa vai ao encontro do que Hobsbawm declarando “ os progressos do conhecimento positivos e o impulso conquistador da filosofia das luzes abalaram as bases ideológicas da ordem estabelecida.”[11] Como marxista, Hobsbawm ao analisar a Revolução Francesa, demonstra uma especial atenção pela luta das classes e o banditismo. O autor ao focar-se na revolução francesa examinou os quatro períodos que marcaram esta revolução: a Assembleia Constituinte, a Assembleia Legislativa, a Convenção e o Directório referindo os principais acontecimentos que sucederam. A descrição destes períodos é bastante rica, oferecendo-nos uma ampla visão da revolução. Segundo o autor a Revolução Francesa ao longo destes quatro períodos sofreu profundas transformações como foi o caso da Queda da Bastilha, símbolo do poder monárquico, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão que de acordo com o autor veio a inspirar a revolução americana, aprovou-se a Assembleia Constituinte introduzindo-se mudanças profundas, o começo da República Jacobina do Ano I e II em que foi marcada por um período de terror, com um efeito sobre-humano levado a cabo no ano II por Robespierre, posteriormente a sua morte levou ao termino desta República marcando a era do Termidor e mais tarde a ascensão do Napoleão. No final da primeira parte da obra o autor refere o aparecimento dos movimentos nacionalistas em que reflectia as forças poderosas que nos anos de 1830 iam adquirindo consciência política em resultado da dupla revolução. Na segunda parte da obra, o autor menciona os resultados que estas duas revoluções reflectiram na sociedade, economia, política, dividindo os capítulos referentes à segunda parte pelos temas que ele achou mais pertinentes. A terra segundo o autor, determinou a vida e morte de quase todos os seres humanos entre 1789 e 1848[12], consequentemente o impacto da dupla revolução sobre a propriedade rústica, arrendamento de terras e sobre a agricultura constitui um fenómeno catastrófico. A
  • 5. Revolução Francesa contribuiu para uma revolução das relações agrárias, acabando com o feudalismo e levou a que as terras possuíssem vários tipos de proprietários camponeses. No período que vai de 1789 a 1848 foi marcado por mudanças fundamentais, forte crescimento demográfico, verificou-se uma transformação importante nas comunicações e o desenvolvimento do comércio e a migração. Os EUA e uma parte considerável da Europa Ocidental e Central acabam por entrar na era da Revolução Industrial, o autor destaca o caso Francês que possui um enorme potencial em termos de marketing e em inovações técnicas. Segundo o autor, as duas revoluções permitiram a abertura de carreiras ao talento, à energia, astúcia, ao trabalho árduo e à ganância mais conhecida por self-made man. Durante o período da dupla revolução verifica-se um florescimento das artes, verificando-se a propagação de acontecimentos artísticos entre as diferentes nações. Desenvolvem-se certas artes e géneros como por exemplo o romance, a música também sofre profundas transformações destacando-se Mozart, Beethoven entre muitos outros, a escultura atingiu a proeminência do século XVIII e o mesmo da arquitectura. A dupla revolução fez com que os artistas se inspirassem nas questões públicas e que nelas se deixassem envolver. As ciências reflectem também de modo particular a dupla revolução, apesar de Hobsbawm afirmar que a ciência não se possa analisar apenas com a dupla revolução mas em parte esta colocou-lhes questões específicas, abriu-lhe novas possibilidades e as confrontou com novos problemas. A ciência beneficiou do incentivo à educação científica e técnica, alargou o número de cientistas e os resultados nas ciências e envolveu novos países e povos. Segundo o autor, neste período houve progressos na física, química, astronomia, a revolução das ciências sociais. Enfim, com uma parte da obra dedicada às mudanças que ocorreram após as revoluções duais, percebe-se como em parte, estas duas revoluções transformaram a resto da europa e o resto do mundo, o autor dá de propositadamente exemplos de vários países, mesmo fora da europa de forma a demonstrar que esta transformação foi global e que modificou a forma de ser e de estar das sociedades.
  • 6. [1] Hobsbawm, Eric, A Era das Revoluções p. 12 [2] Idem, A Era das Revoluções, p 31 [3] Idem, op. Cit., p60 [4]RIOUX, Jean-Pierre, A Revolução Industrial pp 67-69 [5] HOBSBAWM, Eric, A Era das Revoluções, p 46 [6] RIOUX, Jean-Pierre,A Revolução Industrial p 69 [7] ASHTON, T. S., A Revolução Industrial [8] Idem, Op.Cit,p 69 [9] ROTH, Marianne, A origem do capitalismo: a revolução industrial em Inglaterra p 23 [10]HOBSBAWM, Eric, A Era das Revoluções, p 64 [11] SOBOUL, Albert, A Revolução Francesa , p 74 [12] HOBSBAWM, Eric, A Era das Revoluções, p 153