1) Investir na bolsa de valores se tornará cada vez mais importante no Brasil à medida que as taxas de juros continuarem a cair.
2) Há três formas de investir na bolsa: individualmente, em clubes de investimento ou por meio de fundos de investimento.
3) Antes de começar a investir na bolsa, é importante conhecer seu perfil de investidor, ter um horizonte de longo prazo e diversificar seus investimentos.
Guia para iniciantes começarem a investir na bolsa
1. Um guia para quem planeja começar a investir na bolsa
Caso as taxas de juros continuem a cair nos próximos anos, aplicar em renda variável vai se tornar praticamente obrigatório no
Brasil
Créditos: http://exame.abril.com.br/seu-dinheiro/acoes/noticias/guia-quem-planeja-comecar-investir-bolsa-575786?page=1&slug_name=guia-
quem-planeja-comecar-investir-bolsa-575786
São Paulo - Se antigamente existia a cultura de
que quem investe em bolsa de valores é
especulador ou milionário e que os fundos de
renda fixa são uma forma segura e viável de
multiplicar o patrimônio, hoje em dia esse
panorama já começa a mudar. A imensa maioria
dos agentes do mercado financeiro acredita que,
se o Brasil continuar a dar certo, os juros pagos
por investimentos em fundos de renda fixa ou DI
tendem a ser cada vez menores.
Aplicar ao menos uma parte do patrimônio em
bolsa passará a ser, portanto, praticamente
obrigatório - seja para garantir uma
aposentadoria confortável, seja para obter o retorno necessário para comprar um bem no futuro. "A tendência é
que a taxa de juros caia cada vez mais, e será mais difícil ganhar dinheiro com a renda fixa", explica Paulo Mazon,
diretor de varejo da Win Trade.
Se o Brasil deixar de ser o paraíso dos juros altos, há uma série de razões para acreditar que a bolsa será o
caminho a ser seguido por quem tem dinheiro para investir. O primeiro deles é a experiência internacional. Nos
Estados Unidos, mais de 90 milhões de pessoas físicas aplicam em ações. No Japão, são 27 milhões. A meta da
BM&FBovespa é elevar o número de pequenos investidores de 500.000 para 5 milhões em cinco anos.
Outro motivo para as pessoas irem à bolsa é que, no longo prazo, os investimentos em renda variável costumam
ser os mais rentáveis. "Neste tipo de mercado, o investidor, além de receber bons dividendos, irá se beneficiar do
crescimento da economia do país e de suas grandes empresas", diz Mazon.
Por último, investimentos em bolsa oferecem uma liquidez maior que outras opções de aplicações com algum
risco. Quem opta por investir nas maiores empresas da bolsa pode comprar e vender papéis quando quiser sem
ter de se sujeitar a pagar comissões e impostos altos nem ter de pagar um prêmio se tiver pressa em se desfazer
de algum ativo.
O principal inconveniente da bolsa é o risco. Ninguém sabe quando o mercado vai subir ou cair - nem mesmo os
melhores gestores e investidores do mundo. Portanto, a compra de ações só é recomendada para quem não
planeja mexer no dinheiro por alguns anos - já que haverá tempo suficiente para que eventuais perdas sejam
recuperadas.
Como começar
É possível investir na bolsa de três maneiras diferentes. Uma delas é individualmente. A pessoa deve procurar
uma corretora para intermediar as operações, transmitindo as ordens de compra e venda de papéis. Nesse caso, a
decisão de investimento cabe a pessoa física, que optará por comprar ou vender determinada ação.
Outra maneira é formando um clube de investimentos com amigos ou membros da família. O grupo procura a
corretora que irá administrar os negócios e elege um membro para ficar em contato direto com o corretor. Esse
membro poderá ou não tomar decisão em nome dos outros membros do clube – é o estatuto que vai definir a
quem cabe, em última instância, o direito de decidir que papéis comprar.
E, por fim, pode-se ainda investir através de um fundo de investimentos. Compram-se cotas de fundos de ações
que são administrados por gestores profissionais independentes ou ligados a alguma instituição financeira. E é o
gestor que procura as melhores oportunidades na bolsa - no caso, ações a preços baixos ou com bom potencial de
retorno.
O investidor será informado periodicamente pelo gestor sobre os resultados do investimento, mas pouco poderá
influir na tomada de decisão. É necessário, portanto, procurar algum gestor com boa reputação no mercado antes
de entregar-lhe o dinheiro. Especialistas recomendam verificar no site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
2. se os responsáveis por determinado fundo são profissionais reconhecidos pelo órgão.
E, se você tenha tempo e interesse em estudar o mercado de ações e decidir gerir os próprios investimentos, o
primeiro passo é escolher uma corretora. Erra quem decide contratar a corretora que oferece apenas o menor
preço para o envio de ordens para a compra e a venda de ações.
Estrutura de aconselhamento, distribuição de relatórios de analistas, realização de cursos, ajuda na montagem de
operações para a proteção da carteira e estabilidade do sistema são alguns diferenciais importantes que tornam
determinadas corretoras mais interessantes do que outras. "É bom avaliar o número de empresas que a corretora
tem analistas para cobrir, pois só nesses casos o investidor poderá contar com orientação", alerta Hélio Pio,
gerente comercial da ÁgoraInvest.
Depois que tiver escolhido a corretora, o investidor passa para a parte burocrática. Será necessário abrir uma
conta na corretora na qual ele irá depositar o montante a ser investido. A corretora será remunerada sempre que
o investidor comprar ou vender algum ativo por meio de uma comissão fixa ou um percentual da transação.
Algumas instituições também cobram uma taxa pela custódia dos papéis comprados, que será repassada à
Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC). Por último, a cada transação será necessário pagar
emolumentos à BM&FBovespa.
O beabá do mercado
Quando o critério é o tamanho da empresa, existem três tipos de ações. As chamadas "blue chips", ou ações de
primeira linha, são as mais aconselhadas para investidores iniciantes. Com bons índices de liquidez e volume de
negócios na bolsa, essas ações são provenientes de grandes companhias, de boa credibilidade no mercado.
Já ações ditas de segunda linha são papéis menos negociados que as primeiras. Por fim, existem as ações de
terceira linha, com liquidez ainda menor e pertencentes a médias ou pequenas empresas.
Depois, escolhe-se qual a modalidade da ação. Boa parte das companhias tem papéis preferenciais e ordinários.
Se a ação for preferencial, o investidor terá prioridade sobre os demais na distribuição de dividendos, mas, em
compensação, não poderá participar da tomada de decisão em assembleias de acionistas.
Isso quer dizer que, se a diretoria da empresa decidir vendê-la por um preço abaixo do valor de mercado, por
exemplo, o investidor não poderá votar contra a operação. As ações preferenciais podem ser identificadas quando
há a sigla PN após o nome da empresa ou pelo número 4 no código de negociação. As preferenciais da Petrobras,
por exemplo, podem ser chamadas de Petrobras PN ou pelo código PETR4.
Já as ações conhecidas como ordinárias dão direito a voto. O investidor poderá participar de todas as assembleias
convocadas para que uma empresa decida sobre seu próprio futuro. Em geral, essa é a ação que costuma ser
detida pelo acionista controlador da companhia. De certa forma, os minoritários ficam mais protegidos ao comprar
este tipo de ação, porque dificilmente o dono de uma empresa irá tomar uma decisão que prejudique a ele
mesmo.
Entender os termos usados no mercado financeiro, no entanto, é apenas o começo do trabalho do investidor. A
BM&FBOVESPA aconselha analisar três pontos antes de escolher as ações que irão formar sua carteira de
investimentos: a rapidez com que um papel pode ser comprado ou vendido elo preço de mercado (liquidez), o
potencial de retorno (também conhecido no jargão de mercado como "upside") e o risco ("downside").
O grande problema é fazer uma análise de todos esses fatores com uma quantidade bastante limitada de
informações. Todas as companhias listadas só podem divulgar informações relevantes ao mercado como um todo.
As informações publicadas geralmente não são de fácil entendimento para quem não tem um conhecimento
aprofundado de contabilidade. E nenhuma empresa tem a estrutura necessária para tirar individualmente dúvidas
de todos os potenciais investidores.
Decididas quais e quantas ações serão compradas, chega a hora de passar a ordem para a corretora. O investidor
pode fazer isso pela internet (via home broker) ou por telefone - essa última opção pode ser mais cara. Três tipos
de operações podem ser contratadas: ordem a mercado, ordem limitada e ordem casada.
A ordem a mercado apenas especifica a quantidade e o tipo de ações que serão compradas. Se houver uma
pessoa interessada em vender a ação pelo preço oferecido, a transação é fechada. A ordem limitada, por sua vez,
executa a compra da ação por um preço igual ou melhor que o especificado pelo investidor.
Já a ordem casada, como o próprio nome diz, "casa" uma ordem de compra e uma de venda e são executadas
3. simultaneamente. Assim que a ordem, enviada pela corretora à bolsa, for executada, o investidor passa a ser,
finalmente, dono daquela ação e, de certa maneira, sócio da empresa emissora do papel.
Antes de começar
Muita gente começa a investir na bolsa em um momento de alta, ganha dinheiro durante algum tempo e, quando
o mercado vira, perde tudo o que havia ganho e muito mais. Por isso, são incontáveis os casos de investidores
que deixaram a bolsa após menos de um ano. Abaixo o Portal EXAME publica as principais dicas de especialistas
para não perder dinheiro por falta de experiência com a bolsa:
Conheça a si mesmo
Antes de qualquer movimento, você precisa saber qual é o seu perfil de investidor (clique aqui e faça o teste).
Saber qual o grau de tolerância você tem a riscos e quanto tempo pretende manter o investimento antes de
resgatá-lo vão lhe ajudar a escolher as melhores ações para sua recém-criada carteira.
Só invista com horizonte de longo prazo
Separe o que faz parte do seu pé de meia do montante que pode investir. E nunca utilize uma quantia de dinheiro
que você sabe que irá precisar em pouco tempo. Renda variável, dizem especialistas, é sinônimo de longo prazo.
Escolha uma boa corretora
Para saber se a corretora é boa, consulte o site da CVM e cheque se ela tem os registros pertinentes para operar.
Observe qual o nível de abrangência dos serviços que presta (Quantas empresas cobre? Que empresas são
essas?) e, por fim, escolha aquela cuja equipe considere a mais bem preparada para lhe atender.
Não invista todo seu dinheiro na bolsa
Agora que você já tem o capital do investimento separado e uma boa corretora, pode pensar na porcentagem que
irá aplicar em renda variável e quanto irá manter na renda fixa.
Compre ações aos poucos
Não entre pesado na bolsa logo de cara. Comece aplicando na renda variável no máximo 20% de seu capital e
mantenha os outros 80% em renda fixa ou em poupança. Nada de ir com sede ao pote e arriscar tudo. Você pode
ganhar muito dinheiro, mas pode perder tudo também.
Aposte também em dividendos
Eleve a frequência e os valores do investimento somente à medida que seus conhecimentos da bolsa
amadureçam. Mantenha aplicações constantes e programadas, como uma poupança. E não se esqueça de comprar
também ações de empresas que podem não possuir um enorme potencial de crescimento, mas que pagam bons
dividendos. "É o que deixa alguém rico", explica Mazon, da WinTrade.
Mantenha-se informado
Saiba tudo o que puder a respeito das empresas cujas ações compõem sua carteira de investimento. Escolha as
ações de companhias com boa governança e que estejam inseridas em setores da economia nos quais você
acredita.
Tenha paciência
Aplicar na bolsa não é sinônimo de dinheiro rápido no curto prazo. Às vezes é necessário esperar um bom tempo
para obter bons lucros. Lembre-se do que diz Warren Buffett, talvez o homem que mais ganhou dinheiro em
bolsa. Segundo ele, o mercado acionário é uma forma eficiente de transferir dinheiro do apressado para o
paciente.