1. A Floresta me chamou!
Profa. Lúcia Gomes Aragão
Manaus-Amazonas- Brasil
2. A terra sagrada é meu abrigo,
Sou sangue deste reduto, não tem como
negar. Quem ousa negar?
Um dia saí, fui conhecer outras tribos.
Quando estive por lá, senti o vento sul,
conheci os nativos brancos e dormi. A
saudade nasceu, cresceu e floresceu – foi
tomando conta de todo meu eu.
Sabia que estava na hora de retornar, os
rios, florestas, ventanias e temporais me
assopravam os ouvidos, me avisando que
era hora.
3. Toda minha natureza sentia saudades de
minha presença
Não questionei, não retruquei, nem
pestanejei
Somente obedeci e cumpri o que meu povo
pedia.
Um dia retornei, não chorei e nem lagrimei
O rio ao me ver, disse: “me respeite e me
chame de pai”.
A Mãe mata, Floresta mãe!
4. O banzeiro cheio de banzos me chama de
filha.
O vento sopra ao meu ouvido e sussurra
que também é parte de mim.
A floresta pula de lá, me agarra em seus
braços e diz: “você é de cá e nada vai
nos separar”.
Minha cultura me sustenta e me orgulho ao
subir os rios numa noite enluarada,
Eu na proa do barco embarco numa viagem
só minha.
5. Sou da terra, dos rios, sou daqui. Tenho
orgulho de ti mãe natureza.
Não ousem me chamar de fraca, medrosa ou
covarde
Não ousem me falar de preguiça, moleza ou
banzo,
Sou filha de índio e tenho no sangue o
trabalho à seu tempo. Tanto à seu tempo
que sobra tempo para brincar de viver.
Hoje, lembro do tempo que passou, mas
somente eu vivi e sobrevivi
e estou consciente que morrerei aqui.
Notas do Editor
Um dia retornei, não chorei e nem lagrimeiO rio ao me ver, disse