Grécia continua sob pressão financeira devido aos altos spreads entre as obrigações gregas e alemãs. A probabilidade de o FMI intervir na Grécia aumentou dado que o pacote de ajuda da zona euro apresenta incertezas. O BCE manteve as taxas de juro, mas continua a reduzir estímulos quantitativos.
1. Macrometria Abril 2010
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09 de Abril de 2010
Comentário semanal: Grécia continua sob pressão. Probabilidade de intervenção do
FMI sobe.
Os spreads entre as Obrigações Gregas e Alemãs subiram esta semana para níveis históricos por-
que o receio de o Estado Grego entrar em default aumentou. Aumentou assim também a proba-
bilidade de uma intervenção do FMI na Grécia, dado que o pacote de apoio financeiro anunciado
pelos Estados-membros da Zona Euro ainda tem muitas incertezas, nomeadamente no que diz
respeito às taxas de juro que seriam aplicadas aos empréstimos bilaterais.
Spreads da Grécia sobem para máximos de 10 anos
Grécia continua sob pressão, probabilidade 4.5
Diferença entre OT Gregas e Alemãs a 10 anos, %
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de intervenção do FMI sobe.
3.5
Na Quinta-feira, o spread das Obrigações do Tesouro
3 Portugal
(OT) a 10 anos atingiu 7,508%, assinalando uma gran- Grécia
2.5
de desconfiança dos mercados relativamente à capaci- Espanha
2 Irlanda
dade de financiamento da dívida do Estado Grego. As
1.5
declarações de Trichet que afastaram a possibilidade
1
de default ou incumprimento por parte da Grécia
0.5
assim como uma saída da Zona Euro ajudaram a acal-
0
mar os mercados. No entanto, os riscos permanecem 07 08 09 10
muito elevados e a confiança dos mercados está por Fonte: BCE e Bancos Centrais Nacionais , os dados ed Março e Abril 2010 são os últimos disponíveis
um fio.
A principal incerteza do mercado relativamente à solvabilidade do Estado Grego está relacionada com o
pacote de ajuda financeira anunciado pelos países da Zona Euro dia 25 de Março. Nas últimas semanas tor-
nou-se óbvio que o pacote carece de mais explicações, nomeadamente no que diz respeito à taxa de juro a
que os empréstimos bilaterais dos Estados-membros seriam feitos. A utilização taxas de mercado, que se
situam actualmente acima dos 7%, implicaria um esforço titânico para a Grécia, provavelmente insustentá-
vel em termos redução do défice primário, num contexto de contracção do PIB para evitar que a dívida
pública suba descontroladamente.
Perante as incertezas do plano de ajuda da Zona Euro, os mercados antecipam que há uma probabilidade
elevada de a Grécia pedir formalmente apoio ao FMI este fim-de-semana. Isso traria alguma tranquilidade
aos mercados de Obrigações, mas poderia pôr mais pressão sobre o euro, já que criaria a percepção de que a
Zona Euro não pode (ou não quer) resolver os problemas dos seus Estados-membros mais fragilizados.
BCE deixa taxa de refinanciamento em 1% e continua a retirar estímulo quantitativo
Na Quinta-feira, o BCE deixou a taxa de refinanciamento inalterada em 1%, como era antecipado pelos
analistas e pelos mercados. Um inquérito da Bloomberg mostra que a maioria dos analistas espera agora
que o BCE comece a aumentar a taxa de refinanciamento apenas em 2011.
Apesar das dificuldades impostas pela situação na Grécia, o BCE continuou a anunciar a gradual redução
das medidas quantitativas. A última medida refere-se à aplicação a partir de 1 de Janeiro de 2011 de hair-
cuts (ou seja prémios de risco) superiores aos habituais 0,5% aos títulos de categoria BBB que são utiliza-
dos como colateral nas operações de refinanciamento.
Inês Domingos
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