O câncer é o crescimento desordenado de células que invadem tecidos e podem se espalhar. Pode ser causado por fatores ambientais como tabaco, sol e vírus, além de fatores genéticos. Exames como análises de sangue e imagens podem ajudar no diagnóstico e estadiamento da doença.
Abordagem Atual no Diagnostico dos Tumores Ovarianos
O que é o câncer
1. O que é o câncer?
Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em
comum o crescimento desordenado (maligno) de células que invadem os
tecidos e órgãos, podendo espalhar-se (metástase) para outras regiões do
corpo.
Dividindo-se rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e
incontroláveis, determinando a formação de tumores (acúmulo de células
cancerosas) ou neoplasias malignas. Por outro lado, um tumor benigno
significa simplesmente uma massa localizada de células que se multiplicam
vagarosamente e se assemelham ao seu tecido original, raramente constituindo
um risco de vida.
Os diferentes tipos de câncer correspondem
aos vários tipos de células do corpo. Por
exemplo, existem diversos tipos de câncer
de pele porque a pele é formada de mais
de um tipo de célula. Se o câncer tem início
em tecidos epiteliais como pele ou mucosas
ele é denominado carcinoma. Se começa
em tecidos conjuntivos como osso, músculo
ou cartilagem é chamado de sarcoma.
Outras características que diferenciam os
diversos tipos de câncer entre si são a
velocidade de multiplicação das células e a
capacidade de invadir tecidos e órgãos
vizinhos ou distantes (metástases).
O que causa o câncer?
As causas de câncer são variadas, podendo ser externas ou internas ao
organismo, estando ambas inter-relacionadas. As causas externas relacionam-
se ao meio ambiente e aos hábitos ou costumes próprios de um ambiente
social e cultural. As causas internas são, na maioria das vezes, geneticamente
pré-determinadas, estão ligadas à capacidade do organismo de se defender das
agressões externas. Esses fatores causais podem interagir de várias formas,
aumentando a probabilidade de transformações malignas nas células normais.
De todos os casos, 80% a 90% dos cânceres estão associados a fatores
ambientais. Alguns deles são bem conhecidos: o cigarro pode causar câncer de
pulmão, a exposição excessiva ao sol pode causar câncer de pele, e alguns
vírus podem causar leucemia. Outros estão em estudo, como alguns
componentes dos alimentos que ingerimos, e muitos são ainda completamente
desconhecidos.
O envelhecimento traz mudanças nas células que aumentam a sua
suscetibilidade à transformação maligna. Isso, somado ao fato de as células
das pessoas idosas terem sido expostas por mais tempo aos diferentes fatores
de risco para câncer, explica em parte o porquê de o câncer ser mais freqüente
nesses indivíduos.Os fatores de risco ambientais de câncer são denominados
cancerígenos ou carcinógenos. Esses fatores atuam alterando a estrutura
genética (DNA) das células.
O surgimento do câncer depende da intensidade e duração da exposição das
2. células aos agentes causadores de câncer. Por exemplo, o risco de uma pessoa
desenvolver câncer de pulmão é diretamente proporcional ao número de
cigarros fumados por dia e ao número de anos que ela vem fumando.
Fatores de risco de natureza ambiental
Os fatores de risco de câncer podem ser encontrados no meio ambiente ou
podem ser herdados. A maioria dos casos de câncer (80%) está relacionada ao
meio ambiente, no qual encontramos um grande número de fatores de risco.
Entende-se por ambiente o meio em geral (água, terra e ar), o ambiente
ocupacional (indústrias químicas e afins) o ambiente de consumo (alimentos,
medicamentos) o ambiente social e cultural (estilo e hábitos de vida).
As mudanças provocadas no meio ambiente pelo próprio homem, os 'hábitos' e
o 'estilo de vida' adotados pelas pessoas, podem determinar diferentes tipos de
câncer.
Tabagismo
Hábitos Alimentares
Alcoolismo
Hábitos Sexuais
Medicamentos
Fatores Ocupacionais
Radiação solar
Hereditariedade
São raros os casos de cânceres que se devem exclusivamente a fatores
hereditários, familiares e étnicos, apesar de o fator genético exercer um
importante papel na oncogênese. Um exemplo são os indivíduos portadores de
retinoblastoma que, em 10% dos casos, apresentam história familiar deste
tumor.
Alguns tipos de câncer de mama, estômago e intestino parecem ter um forte
componente familiar, embora não se possa afastar a hipótese de exposição dos
membros da família a uma causa comum. Determinados grupos étnicos
parecem estar protegidos de certos tipos de câncer: a leucemia linfocítica é
rara em orientais, e o sarcoma de Ewing é muito raro em negros.
10 dicas para a redução dos fatores de risco
Como surge o câncer?
As células que constituem os animais são formadas por três partes: a
membrana celular, que é a parte mais externa; o citoplasma (o corpo da
célula); e o núcleo, que contêm os cromossomas, que, por sua vez, são
compostos de genes. Os genes são arquivos que guardam e fornecem
instruções para a organização das estruturas, formas e atividades das células
no organismo. Toda a informação genética encontra-se inscrita nos genes,
numa "memória química" - o ácido desoxirribonucleico (DNA). É através do
DNA que os cromossomas passam as informações para o funcionamento da
célula.
Uma célula normal pode sofrer alterações no DNA dos genes. É o que
chamamos mutação genética. As células cujo material genético foi alterado
passam a receber instruções erradas para as suas atividades. As alterações
podem ocorrer em genes especiais, denominados protooncogenes, que a
3. princípio são inativos em células normais. Quando ativados, os protooncogenes
transformam-se em oncogenes, responsáveis pela malignização (cancerização)
das células normais. Essas células diferentes são denominadas cancerosas.
Como se comportam as células cancerosas
Como é o processo de carcinogênese
Como o organismo se defende
http://www1.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=322
Exames Complementares no Diagnóstico do Câncer
A anamnese e o exame físico são a base do diagnóstico clínico e constituem os
elementos orientadores da indicação de exames complementares.
São múltiplas as finalidades dos exames complementares na área da oncologia.
A solicitação destes exames visa a avaliar o tumor primário, as funções
orgânicas, a ocorrência simultânea de outras doenças e a extensão da doença
neoplásica (estadiamento). Além disso, os exames complementares são
indicados para detecção de recidivas, controle da terapêutica e rastreamento
em grupos de risco. Os exames utilizados para diagnosticar e estadiar o câncer
são, na maioria, os mesmos usados no diagnóstico de outras doenças. Assim é
que os exames laboratoriais, de registros gráficos, endoscópicos e radiológicos,
inclusive os ultra-sonográficos e de medicina nuclear, constituem meios pelos
quais se obtêm a avaliação anatômica e funcional do paciente, a avaliação do
tumor primário e suas complicações loco-regionais e à distância.
Alguns tumores se caracterizam pela produção de substâncias, cuja dosagem é
usada como meio diagnóstico, como parâmetro de estadiamento, como
controle da terapêutica e como fator prognóstico. Essas substâncias são
conhecidas como marcadores tumorais. Os principais marcadores de valor
clínico reconhecido e os tumores a que correspondem estão relacionados no
quadro a seguir. É necessário ressaltar que, dependendo da dosagem desses
marcadores, eles podem ser interpretados como de resultado normal, suspeito
ou patológico.
Alguns marcadores tumorais de valor clínico reconhecido
Marcador Problemas Específicos
Antígeno Tumores do trato gastrintestinal
carcinoembrionário
Alfa-fetoproteína Tumor do fígado, tumores embrionários
Gonadotrofina coriônica Tumores embrionários e placentários
Tirocalcitonina Carcinoma medular de tiróide
Beta-2- Microglobulina Mieloma múltiplo e linfoma maligno
CA 125 Carcinoma de ovário
CA 15-3 Carcinoma de mama
CA 19-9 Carcinoma de pâncreas, vias biliares e tubo
digestivo
CA 72-4 Carcinoma de estômago e adenocarcinoma
mucinoso de ovário
HTG Carcinoma de tireóide
4. PAP Carcinoma prostático
PSA Carcinoma prostático
SCC Carcinoma epidermóide do colo uterino,
cabeça e pescoço, esôfago e pulmão
TPA Carcinoma de bexiga
Indicação Criteriosa de Exames Complementares
Deve-se avaliar cuidadosamente uma série de fatores antes da solicitação dos
exames complementares, pois a realização de múltiplos exames não significa,
obrigatoriamente, maior acerto diagnóstico. Verifica-se, freqüentemente, uma
solicitação excessiva de exames, o que acarreta aumento dos custos da
assistência à saúde. Deve-se notar também que, ao contrário da opinião
corrente, o fato de um serviço dispor de aparelhos sofisticados não significa,
necessariamente, que o padrão da assistência prestada seja superior.
Relacionam-se a seguir alguns exemplos de equívocos freqüentemente
cometidos com relação a exames complementares:
• solicitação de cintilografia hepatesplênica para detecção de metástases
hepáticas, quando este exame não tem valor diagnóstico para esta finalidade.
• solicitação de seriografia esôfagogastroduodenal, em lugar de
duodenopancreatografia, para avaliação de tumor de cabeça de pâncreas.
• solicitação de exame ultra-sonográfico de abdômen que apresenta drenos,
feridas abertas, suturas recentes etc., já que estas condições invalidam o
exame.
• indicação de procedimento invasivo para avaliar a ressecabilidade de tumor,
quando o caso não tem indicação de tratamento cirúrgico.
• solicitação, no mesmo caso, tanto de ultra-sonografia como de tomografia
computadorizada do abdômen para detectar metástases hepáticas, quando um
só desses exames é suficiente para alcançar tal finalidade.
É importante lembrar que, conforme já mencionado, os exames devem ser
solicitados de acordo com o comportamento biológico do tumor, ou seja, o seu
grau de invasão e os órgãos para os quais ele origina metástases, quando se
procura avaliar a extensão da doença.
http://www1.inca.gov.br/conteudo_view.asp?ID=50
Marcadores Tumorais
Breves Noções de Cancerologia
Avanços recentes em genética molecular vieram permitir um melhor conhecimento da génese do cancro.
Sendo a proliferação das células normais um processo altamente regulado por diferentes tipos de genes,
na base da carcinogénese poderá estar a formação de oncogenes por activação dos chamados
protooncogenes, a inactivação dos genes supressores de tumor, ou a coincidência destes dois
mecanismos.
Em termos simples, pode dizer-se que no cancro se verifica um «crescimento relativamente autónomo de
tecido». Esse crescimento é determinado por acção dum carcinogénio, que pode ter natureza física (ex.
radiação), química (ex. um hidrocarbonado policíclico) ou biológica (ex. um vírus).
A célula tumoral obedece a um ciclo celular que embora desregulado é composto, como nas células
normais, por 4 fases dependentes da quantidade de ADN presente e das mitoses: 1) G0G1 – fase de
quiescência com 2 n cromossomas; 2) S – fase de síntese de ADN; 3) G2 – fase breve de quiescência
5. com 4 n cromossomas; e 4) M – mitose. De acordo com estas 4 fases, a rapidez maior ou menor da
evolução dum tumor dependerá da percentagem de células quiescentes (G0G1) relativamente ao número
total de células tumorais, da percentagem de células na fase de síntese de ADN e da duração de cada
fase do ciclo, especialmente da G0G1.
Do ponto de vista histológico, os tecidos cancerosos apresentam mais semelhanças com o tecido fetal do
que com o tecido adulto e podem ser classificados como 1) bem diferenciados, 2) pouco diferenciados ou
3) anaplásticos, sem forma definida.
Definição de Marcador Tumoral
Um marcador tumoral (MT) é uma substância usada como indicador de malignidade, que pode estar
presente nas células tumorais, ou ser libertada pelo tumor ou ainda ser produzida pelo organismo
hospedeiro em resposta à presença do tumor.
Do ponto de vista bioquímico, os MT são geralmente proteínas ligadas a hidratos de carbono ou a lípidos,
que podem comportar-se como antigénios celulares (ex. CA 125), hormonas (ex. calcitonina), enzimas
(ex. NSE) ou proteínas séricas (ex. imunoglobulinas monoclonais).
Consoante o marcador, o seu doseamento pode ser levado a cabo nas células, no sangue ou em
secreções.
História
O primeiro marcador tumoral referido foi a proteína de Bence-Jones, descoberta em 1847 e identificada
mais de 100 anos depois como a cadeia leve monoclonal da imunoglobulina segregada pelos plasmócitos
do mieloma múltiplo. Já neste século, entre fins dos anos 20 e os anos 60 descobriram-se hormonas,
enzimas, isoenzinas e outras proteínas, das quais algumas se utilizaram no diagnóstico do cancro.
Na década de 60, iniciou-se a análise de cromossomas nos tecidos tumorais e surgiram os primeiros
marcadores onco-fetais, como a a-fetoproteína (AFP) em 1963 e o antigénio carcino-embrionário (CEA)
em 1965.
Na década de 70, surgem os anticorpos monoclonais que a breve trecho foram aplicados à detecção de
antigénios onco-fetais e de antigénios de linhas celulares próprias dos tumores como, entre outros, os CA
125, CA 15-3 e CA 549, que serão referidos adiante.
Mais recentemente, os avanços da genética molecular, incluindo o uso de sondas e de anticorpos
monoclonais para detectar alterações cromossómicas, estão a permitir estudar os marcadores tumorais a
nível molecular, incluso a nível dos oncogenes e dos genes supressores.
Um MT ideal deveria ser 1) específico do respectivo tumor, 2) libertado proporcionalmente ao volume do
tecido tumoral, 3) detectável num estádio precoce da doença e 4) doseável com fiabilidade. Porém. como
essa substância ideal não existe na prática o valor diagnóstico dum MT depende da sua especificidade e
da sua sensibilidade.
O marcador será tanto mais específico quanto mais baixa for a probabilidade de fornecer resultados
positivos falsos, e tanto mais sensível, quanto maior for a probabilidade de fornecer resultados positivos
nos casos confirmados de tumor (Fig. 1).
A - PSA detectado com um reagente «ideal»
6. B - PSA detectado com os reagentes actualmente disponíveis
Fig. 1 - Em A, o facto de não haver sobreposição das curvas com o reagente «ideal», permitiria 100% de especificidade e de
sensibilidade. Em B, há intersecção das duas curvas, o que acarreta a possibilidade de se obterem resultados positivos ou
negativos falsos.
Com base nos valores da especificidade e sensibilidade dum determinado marcador constrói-se a curva
ROC («receiver operating characteristic»). Sobrepondo as curvas ROC de variados marcadores pode
escolher-se o mais «predictive». Os «predictive values» dum marcador, que podem ser positivos ou
negativos, são outras características que permitem avaliar a sua utilidade clínica.
O «cut-off» de cada marcador é o limite superior da concentração do mesmo no plasma de pessoas
saudáveis ou com doenças benignas.
Já existem na actualidade variadíssimos MT e pode prever-se que num futuro breve o seu número será
aumentado, tornando mais fácil o diagnóstico, despiste e monitorização do cancro. No QUADRO I,
referem-se alguns dos MT mais frequentemente utilizados na rotina médica.
NATUREZA LOCAL VALORES
NOME
QUÍMICA DE SÍNTESE DE REFERÊNCIA
Glicoproteína Não fumadores
Antigénio carcino- Mucosa intestinal
_____ <5,4 µg/L
-embrionário do embrião
Antigénio Fumadores
CEA e do feto
onco--fetal <7,2 µg/L
7. Glicoproteína
Alpha -1-
_____ Saco vitelino
-fetoproteína <20,0 µg/L
Antigénio e fígado fetal
AFP
onco-fetal
Antigénio específico da Glicoproteína
Canais excretores da
próstata _____ <5,0 µg/L
próstata
PSA Enzima
Glicoproteína
Células do carcinoma da
Antigénio 15-3 do cancro _____
mama e algumas células <37,0 KU/L
CA 15-3 Antigénio associado ao
epiteliais
tumor
Glicolípido, relacionado
Antigénio com o grupo sanguíneo Epitélio do tracto gastro-
hidrocarbonado Lewis intestinal do feto;
<37,0 KU/L
19-9 _____ carcinomas variados;
CA 19-9 Antigénio associado ao muitas células mucosas
tumor
Pré-menopausa
Membranas de variados
Glicoproteína 3,6 - 54,6 KU/L
carcinomas do ovário;
Antigénio 125 do cancro _____ Pós-menopausa
epitélio normal da árvore
CA 125 Antigénio associado ao 3,9 - 68,6 KU/L
brônquica do feto e do
tumor Gravidez
adulto
10,5 - 71,8 KU/L
Variados tecidos,
Fragmento
CYFRA 21-1 especialmente 0,25-3,3 µg/L
da citoqueratina 19
pulmões
Sinciciotrofoblastos da
Gonadotropina placenta; células
Glicoproteína
coriónica germinativas de
_____ <5 UI/L
humana estruturas trofoblásticas;
Hormona
ß-HCG células gigantes de
seminomas
Células C
Calcitonina Polipeptídeo <50,0 pg/mL
da tireóide
Polipeptídeo
Antigénio 72-4 do cancro _____
Células epiteliais <4,6 KU/L
CA 72-4 Antigénio associado ao
tumor
Lizosimas de células Adulto
Fosfátase ácida epiteliais Principalmente na <4,0 U/L
prostática _____ próstata Criança
Enzima <3,5 U/L
Dímero da enzima
Enólase específica dos
enólase Neurónios; eritrócitos;
neurónios <12,5 µg/mL
_____ plaquetas
NSE
Enzima
QUADRO I - Alguns dos marcadores tumorais mais frequentemente utilizados
Uso dos marcadores tumorais em alguns tumores sólidos
A circunstância dos MT possuirem duma maneira geral baixa especificidade e baixa sensibilidade, limita a
sua aplicação em clínica. Na prática, só excepcionalmente são utilizados no diagnóstico de tumores
localizados e na localização do tumor primitivo nos casos de adenocarcinormas metastizados. Também
raramente permitem estabelecer um prognóstico. Exceptuam-se para este fim alguns marcadores
estrictamente celulares, como é o caso dos receptores do estradiol e da progesterona no cancro da
mama.
Os MT já são, porém, largamente utilizados em clínica para avaliar a evolução do tumor antes e
sobretudo após a instituição da terapêutica médica ou cirúrgica. De facto, se a determinação isolada de
um marcador só raramente tem interesse, as análises seriadas no tempo permitem confirmar uma
remissão, detectar o aparecimento de metástases ou de recidivas e avaliar a eficácia ou não eficácia da
terapêutica instituída.
8. Indicam-se a seguir quais os MT plasmáticos mais frequentemente utilizados no estudo de alguns
tumores sólidos. Estes serão apresentados pela ordem decrescente da sua incidência na população
geral.
Carcinoma Brônquico
O marcador CYFRA 21-1 permite separar doenças benignas de doenças malignas do pulmão com uma
especificidade de 95%. É também o marcador de eleição para o carcinoma brônquico de células não
pequenas. Já no caso do carcinoma de células pequenas, a enólase específica dos neurónios (NSE)
apresenta maior sensibilidade.
Outros marcadores, como o CEA, o TPA e o TPS revelaram-se menos sensíveis no caso do carcinoma
brônquico.
Cancro da mama
O marcador de eleição é o CA 15-3, seguido pelo CEA. O uso combinado destes dois marcadores
aumenta a sensibilidade quer para o diagnóstico primário, quer para a detecção precoce de metástases.
A monitorização da evolução da doença e da resposta terapêutica pode também fazer-se com o CA 15-3
e o CEA ou só com um deles, se individualmente apresentarem valores elevados.
Carcinoma colo-rectal
O CEA é o marcador mais utilizado neste carcinoma, pois o seu nível sérico apresenta boa correlação
com o desenvolvimento tumoral e com o aparecimento de metástases ósseas, hepáticas ou pulmonares.
Costuma normalizar algumas semanas após medidas terapêuticas eficazes, sendo o seu aumento
posterior sugestivo de recorrência ou de metastização.
Carcinoma gástrico
O marcador mais útil para acompanhar a evolução e a resposta terapêutica no carcinoma gástrico é o CA
72-4. O CEA ou o CA 19-9 apresentam neste caso menor especificidade e sensibilidade.
Com o conjunto destes três marcadores ou até só com o CA 72-4 mais o CEA atinge-se uma
sensibilidade por vezes superior a 70%.
Carcinoma prostático
Para diagnóstico, acompanhamento da evolução clínica e avaliação da resposta terapêutica no carcinoma
da próstata, o PSA é o marcador de eleição. Apresenta uma especificidade de 90% e uma sensibilidade
de 68%.
Apesar de ser um dos poucos marcadores específicos de órgão, não indica só situações de malignidade,
uma vez que pode encontrar-se elevado na hipertrofia benigna da próstata, na prostatite ou após algumas
manobras diagnósticas como o toque rectal, a cistoscopia e a coloscopia. Como também se encontra nas
glândulas parauretrais, é frequente existirem níveis baixos de PSA nas mulheres.
Carcinoma do ovário
Para monitorizar a evolução e a resposta terapêutica ou para detectar remissões ou recidivas no caso de
carcinoma do ovário o melhor marcador é o CA 125, que no carcinoma seroso pode atingir uma
sensibilidade de 92%. Apesar de praticamente não dar resultados positivos falsos é grande a
probabilidade de fornecer resultados negativos falsos.
Valores elevados de CA 125 podem encontrar-se noutros tipos de cancro, em algumas doenças
benignas, em processos inflamatórios e na gravidez.
A combinação do CA 125 com dois marcadores recentemente descritos – OVX1 e M-CSF – aumenta
para mais de 98% a probabilidade de se obterem resultados anormais em doentes com carcinoma do
ovário no estádio 1.
Carcinoma do pâncreas
O MT de eleição neste caso é o CA 19-9, embora não exista correlação entre os seus níveis sanguíneos
e a massa tumoral.
Valores «normais» de CA 19-9 não excluem a possibilidade de carcinoma prancreático. Por sua vez,
9. valores elevados deste marcador podem também ser encontrados noutras doenças malignas, em
algumas doenças benignas e até em casos de simples colostase.
Carcinoma hepatocelular
Para acompanhar a evolução e a resposta à terapêutica do carcinoma hepatocelular primário o MT
indicado é a alpha-fetoproteína (AFP).
Numa pequena percentagem de casos, o seu nível sanguíneo também está aumentado em doentes com
metástases hepáticas doutros carcinomas, como por exemplo da mama, do colon, ou do pulmão. Nestes
casos, o doseamento concomitante da AFP e dos marcadores específicos desses órgãos permite uma
boa diferenciação entre carcinoma primário e presença de metástases hepáticas. Embora as hepatites e
outras doenças benignas do fígado possam ser acompanhadas de aumentos ligeiros da AFP, esta
continua a ser o melhor marcador para a detecção precoce de carcinoma hepatocelular em doentes com
cirrosse hepática.
Outros carcinomas
O SCC (antigénio do carcioma de células escamosas) é o marcador de eleição no carcinoma do colo do
útero, nomeadamente na sua forma escamosa.
O CA 125 é o MT mais utilizado no carcinoma do ovário.
O CYFRA 21-1 é também utilizado nos carcinomas da bexiga, nomeadamente nas formas músculo--
invasivas.
No Quadro II e sob a forma gráfica, correlacionam-se variados MT com as formas de cancro em que são
mais frequentemente utilizados.
QUADRO II - Uso dos marcadores tumorais nos variados tipos de tumores. Os diâmetros dos círculos indicam o grau de
importância do marcador no caso individual dum cancro. (Adaptado de A. Fateh - Moghadam e P. Stieber, «Sensible use of
tumor markers» Ed. Roche, Basel, 1996).
http://www.labmed.pt/NotasTecnicas06.asp