4. O Cenário:
O atual cenário que pode ser identificado
como um momento de crise -do grego Krisis -
um momento de busca de alternativas, saídas
necessárias que devem se oferecer a uma
situação.
A sociedade narcísica e individualista vê tudo
como uma extensão de seu braço, tudo pode
ser seu objeto, incluindo o outro.
5. A criança
Tentar conhecer a criança.
As crianças em idade escolar, especialmente as de
seis anos de idade, não possuem todas as
características do pensamento lógico de um adulto.
A criança se manifesta copiando o universo adulto. As
maneiras de agir de um membro de seu grupo familiar são
imitadas. Essa imitação, porém, não garante que a criança
tenha apreensão e consciência dos gestos e palavras que
ela repete.
No entanto a incorporação de padrões culturais não se
encontra fechada na criança que passa por uma fase
constante de desenvolvimento e aquisição de conhecimento.
6. Mas como iniciar o processo de
questionamento da realidade
com crianças, que como já foi
mencionado encontra-se em
fase de desenvolvimento?
7. Captar os fatores de interesse em
comum entre crianças e filosofia.
O fator de interesse emocional:
Os afetos de raiva, simpatia, alegria,
prazer, angustia, entre outros fazem
parte da vivência pessoal da criança e
norteiam suas escolhas e
manifestações.
O fator de interesse moral:
O que ela interroga?
Para a criança a moral é saber julgar o que é
bom ou ruim, certo ou errado, de verdade ou
de mentira, que faz bem ou que faz mal, o
que pode lhe dar prazer e a que preço.
8. “Segundo Piaget, toda moral consiste num sistema de regras,
e a essência de toda moralidade deve ser procurada no
respeito que o indivíduo adquire por essas regras”. (Telma
Pileggi Vinha)
“Para Piaget, o mais importante não é possuir esse ou aquele
valor moral, mas sim o motivo pelo qual aceitamos ou
seguimos esses valores”.
10. Os dilemas morais são notoriamente um
bom vínculo para estabelecer entre o
professor e as crianças uma linha comum
de interesse, uma ferramenta que
também ajuda no desenvolvimento lógico
e moral da criança, além de ajudar na
descentralização do egocentrismo infantil
presente nos alunos de seis anos.
“Os dilemas morais são pequenas
histórias que revelam um conflito
moral, solicitando assim uma decisão
individual: a pessoa deve pensar sobre
qual a melhor solução para o dilema e
fundamentar sua decisão na forma de
raciocínios morais e logicamente
válidos”.[Telma Pileggi Vinha]
11. Atenção
A moralidade vista deste aspecto serve à
filosofia, mas não a excede. O discurso
filosófico libera uma série de outras
possibilidades e discussões em seu
campo.
12. O diálogo e a investigação. Sócrates e as crianças.
“Conhece-te a ti mesmo”. “A Inscrição no templo de Apolo –
significa que o conhecimento não é um estado (o estado de
sabedoria), mas um processo, uma busca, uma procura da
verdade.
“Diferentemente dos sofistas, Sócrates não se apresenta como
professor. Pergunta, não responde. Indaga, não ensina. Não faz
preleções, mas introduz o diálogo como busca da
verdade”.[Marilena Chauí]
13. “Sócrates trabalha de tal maneira
que o interlocutor possa responder:
vem de nós mesmos (a
verdade), isto é do juízo que
fazemos sobre as coisas. Se temos
dificuldade para encontrá-la é
porque vivemos como autômatos
que obedecem cegamente a ordens
externas, isto é, porque aceitamos
passivamente os preconceitos
estabelecidos”.
O diálogo socrático suscita no
interlocutor o desejo de
investigação e questionamento.
(Marilena Chauí).
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17. A Filosofia: As expressões artísticas, a
problematização e a (des)construção da
subjetividade.
18.
19. “Uma tela, como Ceci n´est pás une pipe de Magritte, ou como
outra qualquer, não existe para afirmar, mas para interrogar o
seu espectador e criar novas espacialidades, suscitar novas
interpretações sobre o mundo. Assim como o livro é para o
narrador de D. Quixote de La Mancha uma máquina de soadas
sonhadas invenções. Sendo pintura, escultura ou cinema, a
arte não tem a função de afirmar placidamente os sentidos e
engessá-los para todo o sempre, pelo contrário, ela pretende
sempre amolecer os sentidos, dar novas e contínuas formas a
eles. D. Quixote quis copiar as palavras que leu para
reinterpretar as coisas do mundo, mas a cópia já não era
cópia, já era interpretação”. (Marisa Martins Gama Khalil)
21. A problematização do filme:
Quem é Kiriku?
Ele tem idéias?
Quando ele as têm?
Como ele nasce?
O que te chamou a atenção?
O que ele faz na história?
Ele é diferente de você?
O que ele tem de parecido com você?
O que você não entendeu do filme?
22. O pensar. O que é?
“O que distingue o pensamento é que ele é totalmente diferente
do conjunto das representações implicadas em um
comportamento; ele também é diferente do campo das atitudes
que podem determiná-lo. O pensamento não é o que se
presentifica em uma conduta e lhe dá um sentido: é, sobretudo,
aquilo que permite tomar uma distância em relação a essa
maneira de fazer ou de reagir, e tomá-la como objeto de
pensamento e interrogá-la sobre seu sentido, suas condições e
seus fins. O pensamento é liberdade em relação aquilo que se
faz, o movimento pelo qual dele nos separamos, constituímo-lo
como objeto e pensamo-lo como problema”. (Foucault)
25. Eu vejo uma roda.
Eu vejo pessoas brincando.
Eu vejo pessoas dançando.
26. Por fim o discurso
filosófico se ligando a
outros discursos e num
processo de troca com a
criança quer permitir que
essa criança se perca do
que já representa e
experimente a indagação
brincalhona de como ela
fala, como ela se
representa, como ela
interpreta, de como o
mundo a sua volta se
manifesta. Enfim, que ela
se reinvente na sala de
aula e quem sabe fora
dela.
27. O estilo e o estilete.
“O senhor... Mire e veja: o mais
importante e bonito, do mundo, é isto:
que as pessoas não estão sempre
iguais, ainda não foram terminadas –
mas que elas vão sempre mudando.
Afinam ou desafinam”. (Guimarães
Rosa).