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ISSN 1516-7860




                                    Semente esverdeada de soja e sua
                                    qualidade fisiológica



          38                        Introdução
                                    A qualidade da semente de soja, principalmente em regiões tropicais, pode ser
Circular
Técnica
                                    influenciada por diversos fatores, que ocorrem antes e durante a colheita e em
                                    todas as demais etapas de produção. Dentre esses fatores destacam-se os danos
                                    mecânicos, causados nas operações de colheita e de beneficiamento, danos causa-
                                    dos por percevejos e deterioração por intempéries. Esse último fator abrange, entre
                                    outras condições, períodos de seca, extremos de temperatura durante a maturação
                                    e fortes flutuações das condições de umidade ambiente, facilitando o aparecimento
                                    de semente com altos índices de deterioração por umidade (França-Neto et al.,
                                    2000).

                                    A deterioração por umidade está diretamente relacionada à exposição da semente a
                                    um clima quente e úmido, durante as fases de maturação. A potencialização dos
                                    danos ocorre devido a um longo período de exposição da semente no campo, que,
                                    por sua vez, está relacionada à variação e à desuniformidade na maturação, dentro
                                    da população de plantas num campo da mesma cultivar. Esse problema pode ser
                                    maior em campos com áreas extensas, onde plantas em diferentes locais podem
                                    alcançar a maturidade fisiológica em tempos diferentes, podendo ocorrer simultane-
                                    amente semente já deteriorada ou imatura.
                 Londrina, PR
                Agosto, 2005
                                    Plantas imaturas, sujeitas a estresses bióticos ou abióticos, que resultam em morte
                                    prematura ou maturação forçada, poderão produzir semente e grão esverdeados, o
                Autores             que resultará em acentuada redução das suas qualidades, além de severa redução da
                 J.B. França-Neto   produtividade da lavoura.
      Pesquisador, Embrapa Soja
                   Cx. Postal 231
 CEP 86001-970, Londrina, PR,       A safra 2004/05 de soja, no Brasil, foi caracterizada pela ocorrência de secas e veranicos
     jbfranca@cnpso.embrapa.br      em diversas regiões dos estados do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, do Paraná,
                       G.P. Pádua
                   Embrapa/UFLA
                                    de São Paulo, do Mato Grosso do Sul e na região Sul de Mato Grosso e Goiás. Esse fato
                       Lavras, MG   resultou em acentuadas perdas de produtividade e, na produção de semente e grão
                  gpadua@ufla.br    esverdeados de soja (Figura 1).
              M.L.M. de Carvalho
                            UFLA    Especificamente no Mato Gros-
               mlaenemc@ufla.br     so, Zorato et al. (2003a, 2003b)
                         O. Costa
               Sementes Adriana     têm relatado a ocorrência desse
                 Alto Garças, MT    problema em sementes com ín-
 odair@sementesadriana.com.br
                  P.S.R. Brumatti
                                    dices preocupantes.
               Sementes Adriana
patricia@sementesadriana.com.br     No presente documento, serão
               F.C. Krzyzanowski
                    Embrapa Soja    abordados os principais fatores
           fck@cnpso.embrapa.br     que podem resultar na produ-
                    N.P. da Costa
                    Embrapa Soja    ção de semente de soja esver-
        nilton@cnpso.embrapa.br     deada. Além disso, serão ilus-
                    A.A. Henning
                    Embrapa Soja
                                    trados os seus efeitos sobre a
     henning@cnpso.embrapa.br       qualidade fisiológica da semen-
                    D.P. Sanches    te e também as alternativas
   J.B.T. - Máquinas Mecânicas
                     Londrina, PR   existentes no beneficiamento da
                                                                        FIG. 1. Sementes esverdeadas de soja, resultantes da
            sanches@londrina.net    mesma, visando a redução de                 ocorrência de seca e altas temperaturas durante
                                    sua ocorrência em lotes de se-              a fase final de enchimento de grão. Foto: J.B.
                                    mente de soja.                              França Neto
2 Semente esverdeada de soja e sua qualidade fisiológica




 Fatores que predispõem a soja à                                           O índice de ocorrência de semente esverdeada dentro
 expressão de semente esverdeada                                           da planta pode variar dependendo do posicionamento
                                                                           das vagens na planta. Na safra 2002/03, na região de
 Semente de soja pode apresentar a coloração esver-                        Alto Garças, MT, foi observado que plantas de soja da
 deada, resultado de diversos fatores. Existem genótipos                   cv. MG/BR 46 (Conquista), que tiveram morte prema-
 em cuja semente a clorofila é retida no tegumento,                        tura e maturação forçada devido à ocorrência de
 mesmo quando madura. Essa é uma característica ge-                        fusariose nas raízes, apresentaram maior concentra-
 nética, explicada por Palmer & Kilen (1987).                              ção de semente esverdeada em seu terço inferior
                                                                           (21,2%) em relação ao terço superior, onde foram cons-
 A intensidade da ocorrência de semente esverdeada                         tatados 3,5% de esverdeamento (Figura 2).
 em um lote é variável, em função do tipo, da intensida-
 de e de quando ocorre(m) o(s) estresse(s) que resulta(m)                  O manejo inadequado de lavouras de soja também pode
 na morte prematura ou na maturação forçada da plan-                       resultar na produção de semente esverdeada. A distri-
 ta. Depende também da suscetibilidade genética da                         buição inadequada de calcário ou de fertilizantes pode
 cultivar.                                                                 ocasionar problemas de maturação desuniforme, o que,
                                                                           por sua vez, resultará na colheita de semente imatura e
 Em campo, algumas cultivares apresentam maior                             esverdeada, mesclada com semente amarela e madura.
 suscetibilidade à produção de semente esverdeada,
 quando submetidas ao mesmo nível de estresse. No                          Outra prática de manejo que pode resultar nesse pro-
 Mato Grosso, uma das cultivares mais sensíveis ao pro-                    blema é a dessecação em pré-colheita. Semente
 blema é a FMT Arara Azul.                                                 esverdeada poderá ocorrer, caso o dessecante venha a
                                                                           ser aplicado antes do estádio ideal, ou quando a sua
 Estresses ambientais, que resultam na morte pre-                          aplicação é necessária para corrigir situações em que
 matura da planta ou em maturação forçada da mes-                          exista desuniformidade de maturação de plantas. Essa
 ma, podem ocasionar a produção de semente                                 prática também é ressaltada por Zorato et al. (2003b)
 esverdeada: doenças de raiz, como fusarioses, de                          como possível fator que contribui para a produção de
 colmo, como o cancro da haste, e de folhas, como                          semente esverdeada. Na safra 2004/05, plantas de soja
 a ferrugem asiática; intenso ataque de insetos, prin-                     da cv. MG/BR 46 (Conquista), também sujeitas à ocor-
 cipalmente percevejos sugadores; déficit hídrico                          rência de fusariose nas raízes, apresentaram maior con-
 (seca ou veranico) durante as fases finais de enchi-                      centração de semente esverdeada em seu terço inferi-
 mento de grãos e de maturação, principalmente se                          or. A aplicação de dessecantes realizada antecipada-
 associado com elevadas temperaturas; e ocorrência                         mente à maturidade fisiológica (R7) resultou em maior
 de geada intensa, que pode resultar na morte pre-                         expressão do problema nos terços médio e inferior das
 matura da planta.                                                         plantas (Figura 3).


                                       Cv. Conquista 2003                                                          Cv. Conquista 2005


                              25       21,2                                                        25              20,8
       Sementes Esverdeadas




                                                                            Sementes Esverdeadas




                              20                                                                   20
                                                      13,9
                              15                                                                   15      11,6                 9,7
                                                                                    (%)
                (%)




                              10                                                                   10
                                                                                                                          6,3                 2,2
                                                                    3,5                             5
                              5                                                                                                         2,2           Dessecada
                                                                                                    0
                              0                                                                         Inferior
                                                                                                                                                    Não Dessecada
                                   Inferior       Médio         Superior                                              Médio
                                                                                                                                      Superior
                                              Terço da Planta                                               Terço da Planta


 FIG. 2. Variação da ocorrência do índice de semente                       FIG. 3. Variação da ocorrência do índice de semente esver-
         esverdeada em plantas de soja da cv. MG/BR 46                             deada em plantas de soja da cv. MG/BR 46 (Conquis-
         (Conquista), que tiveram morte prematura e matu-                          ta), que tiveram morte prematura e maturação forçada
         ração forçada devido à ocorrência de fusariose nas                        devido à ocorrência de fusariose nas raízes, com e
         raízes, de acordo com o posicionamento na planta.                         sem a aplicação de dessecante em pré-colheita, de
         Fonte: Sementes Adriana (2005), dados não publi-                          acordo com o posicionamento na planta. Fonte:
         cados.                                                                    Sementes Adriana (2005), dados não publicados.
Semente esverdeada de soja e sua qualidade fisiológica 3




A colheita antecipada da soja, com grau de umidade         enquanto as clorofilidas e os feoforbídeos (sem fitol)
entre 17% a 20%, é prática de uso corriqueiro entre        são hidrofílicos (Belitz & Grosch, 1988).
os produtores de semente de soja, em regiões tropi-
cais, visando à produção de semente de alta qualidade.     Degradação das clorofilas
Esse procedimento pode também resultar na colheita
de semente imatura e esverdeada. Porém, essa semen-        Para a maioria das espécies de semente, a quantidade
te, por ser de tamanho maior, devido ao maior conteú-      de clorofila diminui durante o processo de maturação.
do de água, pode ser facilmente removida da massa de       Ao mesmo tempo, a cor da semente muda de verde
semente pela máquina de pré-limpeza.                       para a cor característica, dependendo da espécie e da
                                                           cultivar.

Pigmentos das plantas                                      Apesar da importância da transformação da clorofila
                                                           em seus derivados durante o amadurecimento da soja,
Há três grupos principais de pigmentos associados às       pouco se conhece sobre o mecanismo de degradação
fotorrespostas fundamentais na planta: as clorofilas,      do pigmento nessa semente (Ward et al., 1995), du-
envolvidas na fotossíntese; o fitocromo, relacionado       rante o processo de maturação e armazenamento.
com mudanças morfogenéticas, como a percepção do
fotoperíodo e provavelmente também com os ritmos           Sob circunstâncias normais, a planta amadurece e a
diários que afetam alguns movimentos da planta; e os       enzima clorofilase degrada as clorofilas, resultando na
carotenóides, envolvidos com o fototropismo.               coloração normal da semente de soja. No verão, quan-
                                                           do o clima é quente e seco, durante os últimos estádi-
As clorofilas a e b, juntamente com alguns carotenóides,   os de maturação da semente, a atividade desta enzima
funcionam como pigmentos “antena” para captar a            é influenciada. Acredita-se que, com a morte prematu-
energia luminosa necessária para a fotossíntese. Qui-      ra da planta e, conseqüentemente, a maturação força-
micamente, a clorofila é um composto heterocíclico         da da semente, a atividade da enzima clorofilase cessa
com estrutura tetra-pirrólica chamado porfirina (Bobbio    antes de toda a clorofila ser degradada.
& Bobbio, 1989), que ocorre numa variedade de molé-
culas orgânicas naturais. É uma mistura de duas subs-      Os níveis de clorofila presentes na semente, na fase de
tâncias relacionadas, clorofila a (verde azulada) e clo-   colheita, são afetados igualmente pelo genótipo e pe-
rofila b (verde amarelada), que se encontram sempre        las condições climáticas, principalmente a temperatu-
na proporção 1:3 (clorofila a : clorofila b), (Bobbio &    ra, no período de maturação da semente (Mc Gregor,
Bobbio, 1989). A única diferença entre elas é que o        1991). Resultados indicam que a degradação da cloro-
radical metil (-CH3) na cadeia lateral da clorofila a é    fila está relacionada com os níveis de teor de água e de
substituída por um grupo aldeído (-CHO) na clorofila b.    etileno (Heaton & Marangoni, 1996), atuando esses
                                                           três fatores simultaneamente durante a maturação da
Os pigmentos que captam luz, clorofilas a e b, e as        semente. Duas cultivares podem apresentar o mesmo
enzimas requeridas para as reações luminosas encon-        teor de clorofila sem que apresentem necessariamente
tram-se incrustadas nas membranas tilacóides dos           a mesma taxa de etileno ou de teor de água.
cloroplastos, associadas a proteínas. Somente depois
de ser produzida a clorofila é que pode ocorrer a
fotossíntese (Gross, 1991).                                Efeitos da coloração esverdeada no
                                                           grão de soja e seus derivados
O átomo central de Mg é facilmente removido da cloro-
fila, principalmente em condições ácidas, sendo subs-      Diferentes graus da coloração verde podem ocorrer em
tituído por hidrogênio, formando as feofitinas, de cor     sementes de soja, dependendo da fase e da intensida-
verde-oliva (Bobbio & Bobbio, 1992), insolúveis em         de dos estresses, que possam causar a morte ou a
água. Enzimas presentes nos vegetais, como a               maturação forçada da planta: se a morte prematura da
clorofilase, hidrolisam o grupo fitila formando a          planta ocorrer no final da fase de enchimento de grãos,
clorofilida, verde, mas mais solúvel em água que a clo-    a coloração verde estará confinada ao tegumento e
rofila. Os produtos resultantes da perda do grupo fitila   poderá diminuir durante o armazenamento, se ocorrer
e do Mg+2, os feoforbídeos, têm cor verde acastanha-       no início ou no meio da fase de enchimento de grãos,
da e sofrem possivelmente transformações oxidativas        essa coloração se distribuirá por toda a semente e per-
que dão origem a produtos incolores de degradação          manecerá estável, mesmo após o armazenamento
(Bobbio & Bobbio, 1992). As clorofilas e as feofitinas     (Wiebold, 2002, citado por Mandarino, 2005). Bohner
são lipossolúveis em decorrência de sua porção fitol,      (2005), trabalhando nos EUA, descreveu dois tipos de
4 Semente esverdeada de soja e sua qualidade fisiológica




 semente esverdeada. Se o tegumento apresenta cor            e temperaturas amenas (19ºC das 17:00 h às 08:00 h;
 verde e os cotilédones, cor amarela, essa semente será      24ºC das 08:00 h às 10:00 h; 26ºC das 10:00 h às
 classificada como “Classe 2”; se toda a semente apre-       14:00 h; e 24ºC das 14:00 h às 17:00 h). A semente
 senta coloração esverdeada, será classificada como          foi colhida em R8. Constatou-se que estresse hídrico
 “Semente Danificada”. Apenas essa última classe es-         intenso associado com temperaturas elevadas em R6
 tará sujeita a resultar em deságios ao preço pago aos       resultam em elevados percentuais de semente
 produtores de soja americanos. No Brasil, lotes de grãos    esverdeada; estresse hídrico intenso, a partir de R6,
 com mais de 10,0% de semente esverdeada, estão              quando associado com temperaturas amenas, não re-
 sujeitos a esse deságio.                                    sultam na ocorrência de índices significativos de se-
                                                             mente esverdeada; esses estresses, a partir de R7, já
 Os efeitos da coloração esverdeada sobre a qualidade        não resultam na ocorrência de problemas de semente
 dos grãos de soja e de seus derivados estão ampla-          esverdeada; semente esverdeada apresenta peso de
 mente descritos em revisão realizada por Mandarino          100 sementes menor em relação às sementes amare-
 (2005). Nessa revisão, é relatado que grão verde apre-      las.
 senta basicamente o mesmo percentual de proteína que
 grão maduro, entretanto, em média, apresentam de 2%         O efeito marcante da temperatura durante a fase de
 a 3% a menos de óleo, óleo esse que apresentará mai-        maturação e dessecação das sementes e seus efeitos
 or acidez, além de ter um custo maior de refino, pois a     sobre a expressão de sementes esverdeadas em soja
 remoção da clorofila do óleo exige processos específi-      foram também relatados por França Neto et al. (1997).
 cos. Como as clorofilas são potentes agentes oxidantes,     Semente de soja da cv. Kirby, colhida aos 42 dias após
 a qualidade do óleo contaminado com clorofila poderá        R2-floração plena, quando dessecada lentamente por
 ser prejudicada, caso o mesmo seja armazenado na            um período de sete dias sobre uma série de sete solu-
 presença de luz. Além disso, grãos verdes proporcio-        ções salinas saturadas à temperatura de 25ºC, apre-
 nam um menor rendimento na produção de isolados             sentou índices de germinação em laboratório superio-
 protéicos.                                                  res a 90%, mesmo apresentando 100% de esver-
                                                             deamento. Assim, pode-se estimar que, em situações
 Dessa maneira, é fundamental que se faça a remoção          de temperatura amena, caso o processo de dessecação
 da clorofila dos produtos de soja e de seus derivados       da semente seja suave (lento), a semente, mesmo ver-
 ou, então, que a ocorrência de grão verde seja evitada.     de, poderá germinar sem grandes problemas. Isso já
 A presença dos pigmentos, mesmo em pequenas quan-           não acontece em situações extremas, onde a
 tidades, aumenta o custo de refinação do óleo e reduz       dessecação é rápida, resultando em perda da capaci-
 o valor comercial do grão. Os lotes com grão nessas         dade germinativa.
 condições não podem ser comercializados no mercado
 internacional, fato que se torna relevante frente ao
 enorme volume de exportação.                                Efeitos de semente esverdeada sobre
                                                             a qualidade fisiológica da mesma
 Efeitos da época da ocorrência de                           São poucos os trabalhos na literatura que abordam os
 estresses de déficit hídrico e elevadas                     efeitos de semente esverdeada sobre sua qualidade
 temperaturas sobre a expressão de                           fisiológica. Costa et al. (2001) estudaram esses efei-
 semente esverdeada                                          tos em semente de soja das cvs. MG/BR 46 (Conquis-
                                                             ta), BRS 138, CD 201 e Emgopa 302, com índices de
 Em experimentos realizados em conjunto com a Uni-           0%, 10%, 20%, 30% e 100% de semente
 versidade Federal de Lavras (UFLA) e a Embrapa Soja         esverdeada. Concluíram que lotes de semente, com
 (dados não publicados), plantas de soja da cv. CD 206       percentuais de semente verde superiores a 10% ge-
 foram expostas a condições de estresse térmico e dé-        ralmente podem ter problemas de qualidade fisiológi-
 ficit hídrico em condições de fitotron, a partir de R6 ou   ca. A incidência de semente verde teve relação direta
 R7. Foram avaliadas quatro condições de disponibilida-      com os índices de deterioração por umidade, detecta-
 de hídrica do solo: sem restrição; 30% umidade              dos pelo teste de tetrazólio (Figuras 4 e 5). À medida
 gravimétrica (UG); 20% UG; e sem água.                      que ocorrem acréscimos dos níveis de semente ver-
                                                             de, em lotes de elevado padrão fisiológico, normal-
 Duas Dois Dois regimes de temperatura foram aplica-         mente observa-se redução acentuada da germinação,
 dos às plantas: temperaturas elevadas (28ºC das 17:00       do vigor (Figura 6) e da viabilidade da mesma. Resul-
 h às 08:00 h; 32ºC das 08:00 h às 10:00 h; 36ºC das         tados semelhantes foram também relatados por Medina
 10:00 h às 14:00 h; e 32ºC das 14:00 h às 17:00 h);         et al. (1997), no IAC, por Pupim et al. (2005), na
Semente esverdeada de soja e sua qualidade fisiológica 5




                         100                                                                100
 TZ-Det. Umidade (6-8)




                          80                                                                80




                                                                       TZ-Vigor (%)
                          60                                                                60
          (%)




                          40                                                                40
                          20                                                                20
                           0                                                                 0
                               0    20       40    60     80    100                               0        20        40        60        80       100
                                     Semente Esverdeada (%)                                                     Semente Esverdeada (%)

                         CD 201    BRS 138    Conquista   EMG-302                             CD 201        BRS 138       Conquista     EMG-302

FIG. 4. Índice de deterioração por umidade nível (6-8)                FIG. 6. Índice de vigor determinado pelo teste de tetrazólio
        detectado pelo teste de tetrazólio em sementes de                     em sementes de soja das cultivares CD 201, BRS
        soja das cultivares CD 201, BRS 138, MG/BR 46                         138, MG/BR 46 (Conquista) e Emgopa 302 com
        (Conquista) e Emgopa 302 com diferentes índices de                    diferentes índices de sementes esverdeadas. Fonte:
        sementes esverdeadas. Fonte: Costa et al. (2001).                     Costa et al. (2001).


                                                                      tal. Assim como constatado por Costa et al. (2001),
                                                                      observou-se que os índices de deterioração por umida-
                                                                      de, detectados pelo teste de tetrazólio, estão direta-
                                                                      mente relacionados com os índices de semente
                                                                      esverdeada. Houve redução linear de viabilidade (Figu-
                                                                      ra 7), germinação e vigor da semente com o aumento
                                                                      dos índices de semente esverdeada. Ficou evidente,
                                                                      pelo teste de condutividade elétrica (Figura 8), que se-
                                                                      mente esverdeada, por apresentar maiores índices de
                                                                      lixiviação de solutos, apresenta seus sistemas de mem-
                                                                      branas celulares desorganizados, fruto da maturação
                                                                      forçada e da morte prematura das plantas. Concluiu-se
                                                                      que lotes de semente de soja, submetidos a estresses
                                                                      ambientais durante as fases de maturação e pré-co-
                                                                      lheita e que apresentem mais de 9% de semente esver-
FIG. 5. Sementes de soja esverdeadas (esquerda) e amarelas            deada, não devem ser utilizados para a semeadura.
        (direita) da cultivar CD 206, com ilustração da
        coloração das mesmas com o sal de tetrazólio.
        Observe as sérias lesões de deterioração por umidade
        verificadas nas sementes esverdeadas. Foto: J.B.
                                                                                            100
        França Neto.
                                                                                             90
                                                                                             80
                                                                       TZ-Viabilidade (%)




                                                                                             70
UFLA e por Zorato et al. (2003a, 2003b), na                                                  60
APROSMAT. Zorato et al. (2003a) relataram também                                             50
um menor potencial de armaze-nabilidade de semente                                           40
esverdeada de soja.                                                                          30
                                                                                             20
Estudos mais detalhados foram realizados por Pádua et                                        10
al. (2005), em cooperação entre a UFLA, Sementes                                              0
Adriana e Embrapa Soja. Semente de soja das cvs.                                                  0        20     40       60      80             100
                                                                                                             Semente Esverdeada (%)
Tucunaré e CD 206, com 12 índices de semente
esverdeada (0%, 3%, 6%, 9%, 12%, 15%, 20%,                                                                   Tucunaré       CD 206
30%, 40%, 50%, 75% e 100%), foi estudada quanto
                                                                      FIG. 7. Índice de viabilidade determinado pelo teste de
à germinação, à viabilidade (tetrazólio), ao vigor (enve-                     tetrazólio em sementes de soja das cultivares
lhecimento acelerado, tetrazólio e condutividade elétri-                      Tucunaré e CD 206 com diferentes índices de
ca) e quanto às concentrações de clorofilas a, b e to-                        sementes esverdeadas. Fonte: Pádua et al. (2005).
6 Semente esverdeada de soja e sua qualidade fisiológica




                                                                                                           Original = 13 % Sem. Esverdeada
                                  350
    Cond. Elétrica (µmhos/cm/g)




                                  300                                                                 25




                                                                                    Esverdeadas (%)
                                  250                                                                 20
                                  200                                                                 15




                                                                                         Sem.
                                  150                                                                 10
                                  100                                                                 5
                                  50                                                                  0
                                                                                                              6        6,5         7         7,5
                                   0
                                                                                                                      Peneira (mm)
                                        0   20     40       60      80   100
                                              Semente Esverdeada (%)
                                             Tucunaré    CD 206                FIG. 9. Percentual de sementes esverdeadas da cv. MG/BR
                                                                                       46 (Conquista), após a estratificação do lote de
 FIG. 8. Condutividade elétrica (µmhos/cm/g) determinada em                            sementes em quatro tamanhos distintos. Fonte:
         sementes de soja das cultivares Tucunaré e CD 206                             Sementes Adriana e Embrapa Soja (2005), dados não
         com diferentes índices de sementes esverdeadas.                               publicados.
         Fonte: Pádua et al. (2005).

                                                                               Outros trabalhos de pesquisa, realizados em conjunto
 Remoção de semente esverdeada na                                              entre a empresa J.B.T. Máquinas Mecânicas (Londri-
 operação de beneficiamento                                                    na, PR) e a Embrapa Soja (dados não publicados), mos-
                                                                               traram que a utilização de máquinas que realizam a
 Muitas vezes, o produtor de semente colhe lotes com                           separação de semente por diferenças de coloração,
 semente esverdeada. Existe algum procedimento na                              podem ser eficientes na remoção de semente
 Unidade de Beneficiamento de Sementes (UBS) que                               esverdeada do lote de semente. Semente de soja das
 permita a remoção de semente verde dos lotes de se-                           cvs. CD 202 e BRS 184 com 15,7% e 20,1% de se-
 mente, visando o seu aproveitamento? A seguir, serão                          mente verde, respectivamente, foi avaliada em uma
 relatados resultados de experimentos que visaram res-                         máquina Seletron SM-500, monocromática, com ca-
 ponder a esse questionamento.                                                 pacidade de 300 kg/h. Utilizando um fundo de contras-
                                                                               te específico (fundo 95), após a passagem pela máqui-
 Conforme demonstrado em estudos realizados recen-                             na, o lote de semente de CD 202 terminou com cerca
 temente pela empresa Sementes Adriana e pela                                  de 10% de semente esverdeada e a BRS 184, após
 Embrapa Soja (dados não publicados), a estratificação                         duas passadas, com 12%. Com três passadas (fundo
 de semente de soja por tamanho favorece a concen-                             100 modificado), esse lote ficou com menos de 9% de
 tração de semente esverdeada nas peneiras de me-                              semente esverdeada (Figuras 10 e 11).
 nor calibre: semente de soja da cv. MG/BR 46 (Con-
 quista) com índice médio de semente esverdeada de                             Em relação às máquinas separadoras por cor, existem
 13%, após classificação em quatro tamanhos em                                 no mercado diversos marcas e modelos, que fazem a
 peneiras de furo redondo, apresentou 19% de se-                               separação com base em uma, duas ou três cores e
 mente verde para a peneira 6,0 mm, 11% para a 6,5                             têm a capacidade de produção variando de 60 kg/h a
 mm, 7% para a 7,0 mm e 5% para a 7,5 mm, evi-                                 5,0 t/h.
 denciando que um maior percentual de semente
 esverdeada se concentra nos calibres menores de
 semente, que poderão ser descartados (Figura 9).                              Considerações finais
 Na seqüência do beneficiamento, essa semente clas-
 sificada por tamanho passou por mesa de gravidade                             Nos resultados relatados, ficaram evidentes que a ocor-
 e verificou-se que esse equipamento não foi eficaz                            rência do fenômeno de esverdeamento da semente de
 na remoção de semente esverdeada dos lotes de se-                             soja prejudica a sua qualidade fisiológica, bem como a
 mente.                                                                        sua presença interfere negativamente na qualidade do
                                                                               lote. Foram comprovados os efeitos de diversos
 A separadora em espiral pode também auxiliar na re-                           estresses bióticos e abióticos na sua expressão. Entre-
 moção de sementes esverdeadas do lote de sementes,                            tanto, estudos adicionais são necessários, para melhor
 uma vez que muitas dessas sementes apresentam-se                              esclarecer a sua ocorrência, principalmente no que se
 deformadas ou alongadas.                                                      refere às possíveis respostas quanto à suscetibilidade
Semente esverdeada de soja e sua qualidade fisiológica 7




                                                                                                             17,3                                                        20,1
                        18             15,7                                                                                                                   20




                                                                                                                                       Sementes Esverdeadas
                        16                                                                                                  14                                18                          16,2
      Esverdeadas (%)


                        14                                12,3                               11,7                                                             16
                                                                                                                                                                                                          12,6         12,7
         Sementes




                        12                                                   10,3                                                                             14                                                                           12
                        10                                                                                                                                    12
                                                                                                                                                                                                                                                         8,7




                                                                                                                                               (%)
                         8                                                                                                                                    10
                         6                                                                                                                                     8
                         4                                                                                                                                     6
                         2                                                                                                                                     4
                         0                                                                                                                                     2
                             nh
                                  a
                                                o9
                                                     0
                                                                   o9
                                                                        5              00              10              20                                      0
                        mu                 nd                 nd                  o1              o1              o1
                   te                 Fu                 Fu                  nd              nd              nd                                                    ha               1X               2X           2X                 X               X
                es                                                      Fu              Fu              Fu                                                    un               00               00           95                 d2              d3
            T                                                                                                                                             m                1                1            o                 Mo              Mo
                                                                                                                                                      ste          un
                                                                                                                                                                        do
                                                                                                                                                                                    un
                                                                                                                                                                                         do           nd            10
                                                                                                                                                                                                                       0
                                                                                                                                                                                                                                    10
                                                                                                                                                                                                                                       0
                                                                                                                                               Te                                                Fu
                                                CD 202: Seletron SM-500                                                                                        F                F
                                                                                                                                                                                                           Fd
                                                                                                                                                                                                                o
                                                                                                                                                                                                                           Fd
                                                                                                                                                                                                                                o

                                                                                                                                                                               BRS 184: Seletron SM-500
FIG. 10. Percentual de sementes esverdeadas da cv. CD 202,
         após a passagem pela máquina selecionadora por
                                                                                                                                 FIG. 11. Percentual de sementes esverdeadas da cv. BRS
         cores Seletron SM-500, com cinco fundos de
                                                                                                                                          184, após uma, duas ou três passadas pela máquina
         contraste de cor. Fonte: J.B.T. Máquinas Mecânicas
                                                                                                                                          selecionadora por cores Seletron SM-500, com três
         e Embrapa Soja (2005), dados não publicados.
                                                                                                                                          fundos de contraste de cor. Fonte: J.B.T. Máquinas
                                                                                                                                          Mecânicas e Embrapa Soja (2005), dados não
                                                                                                                                          publicados.
de diferentes cultivares de soja ao problema. Além dis-
so, verifica-se a premência da execução de outros es-
tudos, que visem a remoção de semente esverdeada                                                                                 HENNING, A.A.; COSTA, N.P. Tecnologia de produção
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                                                                                                                                 GROSS, J. Pigments in vegetables chlorophylls and
Referências                                                                                                                      carotenoids. New York: Van Nostrand Reinhold, 1991. 351p.

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                                                                                                                                 tissues. Trends in Food Science & Technology,
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2005.                                                                                                                            Informativo ABRATES, Curitiba, v.7, n.1/2, p.36, jul/
                                                                                                                                 ago. 1997. Número especial, ref. 006. Edição dos
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MESQUITA, C.M.; KRZYZANOWSKI, F.C.; HENNING,                                                                                     do Iguaçu, ago. 1997.
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                                                                                                                                 Science and Technology, Zurich, v.19, p.107-116, 1991.
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                                                                                                                                 tolerância de sementes esverdeadas em lotes de se-
FRANÇA-NETO, J.B.; KRZYZANOWSKI, F.C.;                                                                                           mentes de soja. Informativo ABRATES, Pelotas, v.15,
8 Semente esverdeada de soja e sua qualidade fisiológica




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 formativo ABRATES, v.15, n.1/2/3, p.238, ago. 2005.                               ZORATO, M.F.; PESKE, S.T.; TAKEDA, C.; FRANÇA-
 Número especial. Edição dos Resumos do XIV Congres-                               NETO, J.B. Sementes de soja que retém clorofila e
 so Brasileiro de Sementes, Foz do Iguaçu, ago. 2005.                              qualidade fisiológica. Informativo ABRATES, Londrina,
                                                                                   v.13, n.3, p.295, set. 2003b. Número Especial,
 WARD, K.; SCARTH, R.; DAUN, J.K.; VESSEY, J.K.                                    ref.466. Edição dos Resumos do XIII Congresso Brasi-
 Chorophyll degradation in summer oilseed rape and                                 leiro de Sementes, 2003, Gramado, set. 2003.




              Circular          Exemplares desta edição podem ser adquiridos na:    Comitê de    Presidente: João Flávio Veloso Silva
          Técnica, 38           Embrapa Soja                                       Publicações   Secretário Executivo: Regina Maria Villas Bôas de C. Leite
                                Rod. Carlos João Strass - Acesso Orlando Amaral
                                Cx. Postal 231                                                   Membros: Alexandre Magno Brighenti dos Santos,
                                86001-970 - Londrina, PR                                         Antonio Ricardo Panizzi, Clara Beatriz Hoffmann-Campo,
                                Fone: (43) 3371-6000 - Fax: 3371-6100                            Décio Luiz Gazzoni, George Gardner Brown,
                                Home page: http://www.cnpso.embrapa.br                           Ivan Carlos Corso, Léo Pires Ferreira, Waldir Pereira Dias
                                e-mail: sac@cnpso.embrapa.br
   Ministério da Agricultura,                                                      Expediente    Supervisor editorial: Odilon Ferreira Saraiva
  Pecuária e Abastecimento      1a edição
                                1a impressão 08/2005: tiragem 3000 exemplares                    Normalizador bibliográfico: Ademir Benedito Alves de Lima
                    Governo
                     Federal    Todos os direitos reservados (Lei no 9610)                       Diagramação: Neide Makiko Furukawa
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Circular38

  • 1. ISSN 1516-7860 Semente esverdeada de soja e sua qualidade fisiológica 38 Introdução A qualidade da semente de soja, principalmente em regiões tropicais, pode ser Circular Técnica influenciada por diversos fatores, que ocorrem antes e durante a colheita e em todas as demais etapas de produção. Dentre esses fatores destacam-se os danos mecânicos, causados nas operações de colheita e de beneficiamento, danos causa- dos por percevejos e deterioração por intempéries. Esse último fator abrange, entre outras condições, períodos de seca, extremos de temperatura durante a maturação e fortes flutuações das condições de umidade ambiente, facilitando o aparecimento de semente com altos índices de deterioração por umidade (França-Neto et al., 2000). A deterioração por umidade está diretamente relacionada à exposição da semente a um clima quente e úmido, durante as fases de maturação. A potencialização dos danos ocorre devido a um longo período de exposição da semente no campo, que, por sua vez, está relacionada à variação e à desuniformidade na maturação, dentro da população de plantas num campo da mesma cultivar. Esse problema pode ser maior em campos com áreas extensas, onde plantas em diferentes locais podem alcançar a maturidade fisiológica em tempos diferentes, podendo ocorrer simultane- amente semente já deteriorada ou imatura. Londrina, PR Agosto, 2005 Plantas imaturas, sujeitas a estresses bióticos ou abióticos, que resultam em morte prematura ou maturação forçada, poderão produzir semente e grão esverdeados, o Autores que resultará em acentuada redução das suas qualidades, além de severa redução da J.B. França-Neto produtividade da lavoura. Pesquisador, Embrapa Soja Cx. Postal 231 CEP 86001-970, Londrina, PR, A safra 2004/05 de soja, no Brasil, foi caracterizada pela ocorrência de secas e veranicos jbfranca@cnpso.embrapa.br em diversas regiões dos estados do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, do Paraná, G.P. Pádua Embrapa/UFLA de São Paulo, do Mato Grosso do Sul e na região Sul de Mato Grosso e Goiás. Esse fato Lavras, MG resultou em acentuadas perdas de produtividade e, na produção de semente e grão gpadua@ufla.br esverdeados de soja (Figura 1). M.L.M. de Carvalho UFLA Especificamente no Mato Gros- mlaenemc@ufla.br so, Zorato et al. (2003a, 2003b) O. Costa Sementes Adriana têm relatado a ocorrência desse Alto Garças, MT problema em sementes com ín- odair@sementesadriana.com.br P.S.R. Brumatti dices preocupantes. Sementes Adriana patricia@sementesadriana.com.br No presente documento, serão F.C. Krzyzanowski Embrapa Soja abordados os principais fatores fck@cnpso.embrapa.br que podem resultar na produ- N.P. da Costa Embrapa Soja ção de semente de soja esver- nilton@cnpso.embrapa.br deada. Além disso, serão ilus- A.A. Henning Embrapa Soja trados os seus efeitos sobre a henning@cnpso.embrapa.br qualidade fisiológica da semen- D.P. Sanches te e também as alternativas J.B.T. - Máquinas Mecânicas Londrina, PR existentes no beneficiamento da FIG. 1. Sementes esverdeadas de soja, resultantes da sanches@londrina.net mesma, visando a redução de ocorrência de seca e altas temperaturas durante sua ocorrência em lotes de se- a fase final de enchimento de grão. Foto: J.B. mente de soja. França Neto
  • 2. 2 Semente esverdeada de soja e sua qualidade fisiológica Fatores que predispõem a soja à O índice de ocorrência de semente esverdeada dentro expressão de semente esverdeada da planta pode variar dependendo do posicionamento das vagens na planta. Na safra 2002/03, na região de Semente de soja pode apresentar a coloração esver- Alto Garças, MT, foi observado que plantas de soja da deada, resultado de diversos fatores. Existem genótipos cv. MG/BR 46 (Conquista), que tiveram morte prema- em cuja semente a clorofila é retida no tegumento, tura e maturação forçada devido à ocorrência de mesmo quando madura. Essa é uma característica ge- fusariose nas raízes, apresentaram maior concentra- nética, explicada por Palmer & Kilen (1987). ção de semente esverdeada em seu terço inferior (21,2%) em relação ao terço superior, onde foram cons- A intensidade da ocorrência de semente esverdeada tatados 3,5% de esverdeamento (Figura 2). em um lote é variável, em função do tipo, da intensida- de e de quando ocorre(m) o(s) estresse(s) que resulta(m) O manejo inadequado de lavouras de soja também pode na morte prematura ou na maturação forçada da plan- resultar na produção de semente esverdeada. A distri- ta. Depende também da suscetibilidade genética da buição inadequada de calcário ou de fertilizantes pode cultivar. ocasionar problemas de maturação desuniforme, o que, por sua vez, resultará na colheita de semente imatura e Em campo, algumas cultivares apresentam maior esverdeada, mesclada com semente amarela e madura. suscetibilidade à produção de semente esverdeada, quando submetidas ao mesmo nível de estresse. No Outra prática de manejo que pode resultar nesse pro- Mato Grosso, uma das cultivares mais sensíveis ao pro- blema é a dessecação em pré-colheita. Semente blema é a FMT Arara Azul. esverdeada poderá ocorrer, caso o dessecante venha a ser aplicado antes do estádio ideal, ou quando a sua Estresses ambientais, que resultam na morte pre- aplicação é necessária para corrigir situações em que matura da planta ou em maturação forçada da mes- exista desuniformidade de maturação de plantas. Essa ma, podem ocasionar a produção de semente prática também é ressaltada por Zorato et al. (2003b) esverdeada: doenças de raiz, como fusarioses, de como possível fator que contribui para a produção de colmo, como o cancro da haste, e de folhas, como semente esverdeada. Na safra 2004/05, plantas de soja a ferrugem asiática; intenso ataque de insetos, prin- da cv. MG/BR 46 (Conquista), também sujeitas à ocor- cipalmente percevejos sugadores; déficit hídrico rência de fusariose nas raízes, apresentaram maior con- (seca ou veranico) durante as fases finais de enchi- centração de semente esverdeada em seu terço inferi- mento de grãos e de maturação, principalmente se or. A aplicação de dessecantes realizada antecipada- associado com elevadas temperaturas; e ocorrência mente à maturidade fisiológica (R7) resultou em maior de geada intensa, que pode resultar na morte pre- expressão do problema nos terços médio e inferior das matura da planta. plantas (Figura 3). Cv. Conquista 2003 Cv. Conquista 2005 25 21,2 25 20,8 Sementes Esverdeadas Sementes Esverdeadas 20 20 13,9 15 15 11,6 9,7 (%) (%) 10 10 6,3 2,2 3,5 5 5 2,2 Dessecada 0 0 Inferior Não Dessecada Inferior Médio Superior Médio Superior Terço da Planta Terço da Planta FIG. 2. Variação da ocorrência do índice de semente FIG. 3. Variação da ocorrência do índice de semente esver- esverdeada em plantas de soja da cv. MG/BR 46 deada em plantas de soja da cv. MG/BR 46 (Conquis- (Conquista), que tiveram morte prematura e matu- ta), que tiveram morte prematura e maturação forçada ração forçada devido à ocorrência de fusariose nas devido à ocorrência de fusariose nas raízes, com e raízes, de acordo com o posicionamento na planta. sem a aplicação de dessecante em pré-colheita, de Fonte: Sementes Adriana (2005), dados não publi- acordo com o posicionamento na planta. Fonte: cados. Sementes Adriana (2005), dados não publicados.
  • 3. Semente esverdeada de soja e sua qualidade fisiológica 3 A colheita antecipada da soja, com grau de umidade enquanto as clorofilidas e os feoforbídeos (sem fitol) entre 17% a 20%, é prática de uso corriqueiro entre são hidrofílicos (Belitz & Grosch, 1988). os produtores de semente de soja, em regiões tropi- cais, visando à produção de semente de alta qualidade. Degradação das clorofilas Esse procedimento pode também resultar na colheita de semente imatura e esverdeada. Porém, essa semen- Para a maioria das espécies de semente, a quantidade te, por ser de tamanho maior, devido ao maior conteú- de clorofila diminui durante o processo de maturação. do de água, pode ser facilmente removida da massa de Ao mesmo tempo, a cor da semente muda de verde semente pela máquina de pré-limpeza. para a cor característica, dependendo da espécie e da cultivar. Pigmentos das plantas Apesar da importância da transformação da clorofila em seus derivados durante o amadurecimento da soja, Há três grupos principais de pigmentos associados às pouco se conhece sobre o mecanismo de degradação fotorrespostas fundamentais na planta: as clorofilas, do pigmento nessa semente (Ward et al., 1995), du- envolvidas na fotossíntese; o fitocromo, relacionado rante o processo de maturação e armazenamento. com mudanças morfogenéticas, como a percepção do fotoperíodo e provavelmente também com os ritmos Sob circunstâncias normais, a planta amadurece e a diários que afetam alguns movimentos da planta; e os enzima clorofilase degrada as clorofilas, resultando na carotenóides, envolvidos com o fototropismo. coloração normal da semente de soja. No verão, quan- do o clima é quente e seco, durante os últimos estádi- As clorofilas a e b, juntamente com alguns carotenóides, os de maturação da semente, a atividade desta enzima funcionam como pigmentos “antena” para captar a é influenciada. Acredita-se que, com a morte prematu- energia luminosa necessária para a fotossíntese. Qui- ra da planta e, conseqüentemente, a maturação força- micamente, a clorofila é um composto heterocíclico da da semente, a atividade da enzima clorofilase cessa com estrutura tetra-pirrólica chamado porfirina (Bobbio antes de toda a clorofila ser degradada. & Bobbio, 1989), que ocorre numa variedade de molé- culas orgânicas naturais. É uma mistura de duas subs- Os níveis de clorofila presentes na semente, na fase de tâncias relacionadas, clorofila a (verde azulada) e clo- colheita, são afetados igualmente pelo genótipo e pe- rofila b (verde amarelada), que se encontram sempre las condições climáticas, principalmente a temperatu- na proporção 1:3 (clorofila a : clorofila b), (Bobbio & ra, no período de maturação da semente (Mc Gregor, Bobbio, 1989). A única diferença entre elas é que o 1991). Resultados indicam que a degradação da cloro- radical metil (-CH3) na cadeia lateral da clorofila a é fila está relacionada com os níveis de teor de água e de substituída por um grupo aldeído (-CHO) na clorofila b. etileno (Heaton & Marangoni, 1996), atuando esses três fatores simultaneamente durante a maturação da Os pigmentos que captam luz, clorofilas a e b, e as semente. Duas cultivares podem apresentar o mesmo enzimas requeridas para as reações luminosas encon- teor de clorofila sem que apresentem necessariamente tram-se incrustadas nas membranas tilacóides dos a mesma taxa de etileno ou de teor de água. cloroplastos, associadas a proteínas. Somente depois de ser produzida a clorofila é que pode ocorrer a fotossíntese (Gross, 1991). Efeitos da coloração esverdeada no grão de soja e seus derivados O átomo central de Mg é facilmente removido da cloro- fila, principalmente em condições ácidas, sendo subs- Diferentes graus da coloração verde podem ocorrer em tituído por hidrogênio, formando as feofitinas, de cor sementes de soja, dependendo da fase e da intensida- verde-oliva (Bobbio & Bobbio, 1992), insolúveis em de dos estresses, que possam causar a morte ou a água. Enzimas presentes nos vegetais, como a maturação forçada da planta: se a morte prematura da clorofilase, hidrolisam o grupo fitila formando a planta ocorrer no final da fase de enchimento de grãos, clorofilida, verde, mas mais solúvel em água que a clo- a coloração verde estará confinada ao tegumento e rofila. Os produtos resultantes da perda do grupo fitila poderá diminuir durante o armazenamento, se ocorrer e do Mg+2, os feoforbídeos, têm cor verde acastanha- no início ou no meio da fase de enchimento de grãos, da e sofrem possivelmente transformações oxidativas essa coloração se distribuirá por toda a semente e per- que dão origem a produtos incolores de degradação manecerá estável, mesmo após o armazenamento (Bobbio & Bobbio, 1992). As clorofilas e as feofitinas (Wiebold, 2002, citado por Mandarino, 2005). Bohner são lipossolúveis em decorrência de sua porção fitol, (2005), trabalhando nos EUA, descreveu dois tipos de
  • 4. 4 Semente esverdeada de soja e sua qualidade fisiológica semente esverdeada. Se o tegumento apresenta cor e temperaturas amenas (19ºC das 17:00 h às 08:00 h; verde e os cotilédones, cor amarela, essa semente será 24ºC das 08:00 h às 10:00 h; 26ºC das 10:00 h às classificada como “Classe 2”; se toda a semente apre- 14:00 h; e 24ºC das 14:00 h às 17:00 h). A semente senta coloração esverdeada, será classificada como foi colhida em R8. Constatou-se que estresse hídrico “Semente Danificada”. Apenas essa última classe es- intenso associado com temperaturas elevadas em R6 tará sujeita a resultar em deságios ao preço pago aos resultam em elevados percentuais de semente produtores de soja americanos. No Brasil, lotes de grãos esverdeada; estresse hídrico intenso, a partir de R6, com mais de 10,0% de semente esverdeada, estão quando associado com temperaturas amenas, não re- sujeitos a esse deságio. sultam na ocorrência de índices significativos de se- mente esverdeada; esses estresses, a partir de R7, já Os efeitos da coloração esverdeada sobre a qualidade não resultam na ocorrência de problemas de semente dos grãos de soja e de seus derivados estão ampla- esverdeada; semente esverdeada apresenta peso de mente descritos em revisão realizada por Mandarino 100 sementes menor em relação às sementes amare- (2005). Nessa revisão, é relatado que grão verde apre- las. senta basicamente o mesmo percentual de proteína que grão maduro, entretanto, em média, apresentam de 2% O efeito marcante da temperatura durante a fase de a 3% a menos de óleo, óleo esse que apresentará mai- maturação e dessecação das sementes e seus efeitos or acidez, além de ter um custo maior de refino, pois a sobre a expressão de sementes esverdeadas em soja remoção da clorofila do óleo exige processos específi- foram também relatados por França Neto et al. (1997). cos. Como as clorofilas são potentes agentes oxidantes, Semente de soja da cv. Kirby, colhida aos 42 dias após a qualidade do óleo contaminado com clorofila poderá R2-floração plena, quando dessecada lentamente por ser prejudicada, caso o mesmo seja armazenado na um período de sete dias sobre uma série de sete solu- presença de luz. Além disso, grãos verdes proporcio- ções salinas saturadas à temperatura de 25ºC, apre- nam um menor rendimento na produção de isolados sentou índices de germinação em laboratório superio- protéicos. res a 90%, mesmo apresentando 100% de esver- deamento. Assim, pode-se estimar que, em situações Dessa maneira, é fundamental que se faça a remoção de temperatura amena, caso o processo de dessecação da clorofila dos produtos de soja e de seus derivados da semente seja suave (lento), a semente, mesmo ver- ou, então, que a ocorrência de grão verde seja evitada. de, poderá germinar sem grandes problemas. Isso já A presença dos pigmentos, mesmo em pequenas quan- não acontece em situações extremas, onde a tidades, aumenta o custo de refinação do óleo e reduz dessecação é rápida, resultando em perda da capaci- o valor comercial do grão. Os lotes com grão nessas dade germinativa. condições não podem ser comercializados no mercado internacional, fato que se torna relevante frente ao enorme volume de exportação. Efeitos de semente esverdeada sobre a qualidade fisiológica da mesma Efeitos da época da ocorrência de São poucos os trabalhos na literatura que abordam os estresses de déficit hídrico e elevadas efeitos de semente esverdeada sobre sua qualidade temperaturas sobre a expressão de fisiológica. Costa et al. (2001) estudaram esses efei- semente esverdeada tos em semente de soja das cvs. MG/BR 46 (Conquis- ta), BRS 138, CD 201 e Emgopa 302, com índices de Em experimentos realizados em conjunto com a Uni- 0%, 10%, 20%, 30% e 100% de semente versidade Federal de Lavras (UFLA) e a Embrapa Soja esverdeada. Concluíram que lotes de semente, com (dados não publicados), plantas de soja da cv. CD 206 percentuais de semente verde superiores a 10% ge- foram expostas a condições de estresse térmico e dé- ralmente podem ter problemas de qualidade fisiológi- ficit hídrico em condições de fitotron, a partir de R6 ou ca. A incidência de semente verde teve relação direta R7. Foram avaliadas quatro condições de disponibilida- com os índices de deterioração por umidade, detecta- de hídrica do solo: sem restrição; 30% umidade dos pelo teste de tetrazólio (Figuras 4 e 5). À medida gravimétrica (UG); 20% UG; e sem água. que ocorrem acréscimos dos níveis de semente ver- de, em lotes de elevado padrão fisiológico, normal- Duas Dois Dois regimes de temperatura foram aplica- mente observa-se redução acentuada da germinação, dos às plantas: temperaturas elevadas (28ºC das 17:00 do vigor (Figura 6) e da viabilidade da mesma. Resul- h às 08:00 h; 32ºC das 08:00 h às 10:00 h; 36ºC das tados semelhantes foram também relatados por Medina 10:00 h às 14:00 h; e 32ºC das 14:00 h às 17:00 h); et al. (1997), no IAC, por Pupim et al. (2005), na
  • 5. Semente esverdeada de soja e sua qualidade fisiológica 5 100 100 TZ-Det. Umidade (6-8) 80 80 TZ-Vigor (%) 60 60 (%) 40 40 20 20 0 0 0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100 Semente Esverdeada (%) Semente Esverdeada (%) CD 201 BRS 138 Conquista EMG-302 CD 201 BRS 138 Conquista EMG-302 FIG. 4. Índice de deterioração por umidade nível (6-8) FIG. 6. Índice de vigor determinado pelo teste de tetrazólio detectado pelo teste de tetrazólio em sementes de em sementes de soja das cultivares CD 201, BRS soja das cultivares CD 201, BRS 138, MG/BR 46 138, MG/BR 46 (Conquista) e Emgopa 302 com (Conquista) e Emgopa 302 com diferentes índices de diferentes índices de sementes esverdeadas. Fonte: sementes esverdeadas. Fonte: Costa et al. (2001). Costa et al. (2001). tal. Assim como constatado por Costa et al. (2001), observou-se que os índices de deterioração por umida- de, detectados pelo teste de tetrazólio, estão direta- mente relacionados com os índices de semente esverdeada. Houve redução linear de viabilidade (Figu- ra 7), germinação e vigor da semente com o aumento dos índices de semente esverdeada. Ficou evidente, pelo teste de condutividade elétrica (Figura 8), que se- mente esverdeada, por apresentar maiores índices de lixiviação de solutos, apresenta seus sistemas de mem- branas celulares desorganizados, fruto da maturação forçada e da morte prematura das plantas. Concluiu-se que lotes de semente de soja, submetidos a estresses ambientais durante as fases de maturação e pré-co- lheita e que apresentem mais de 9% de semente esver- FIG. 5. Sementes de soja esverdeadas (esquerda) e amarelas deada, não devem ser utilizados para a semeadura. (direita) da cultivar CD 206, com ilustração da coloração das mesmas com o sal de tetrazólio. Observe as sérias lesões de deterioração por umidade verificadas nas sementes esverdeadas. Foto: J.B. 100 França Neto. 90 80 TZ-Viabilidade (%) 70 UFLA e por Zorato et al. (2003a, 2003b), na 60 APROSMAT. Zorato et al. (2003a) relataram também 50 um menor potencial de armaze-nabilidade de semente 40 esverdeada de soja. 30 20 Estudos mais detalhados foram realizados por Pádua et 10 al. (2005), em cooperação entre a UFLA, Sementes 0 Adriana e Embrapa Soja. Semente de soja das cvs. 0 20 40 60 80 100 Semente Esverdeada (%) Tucunaré e CD 206, com 12 índices de semente esverdeada (0%, 3%, 6%, 9%, 12%, 15%, 20%, Tucunaré CD 206 30%, 40%, 50%, 75% e 100%), foi estudada quanto FIG. 7. Índice de viabilidade determinado pelo teste de à germinação, à viabilidade (tetrazólio), ao vigor (enve- tetrazólio em sementes de soja das cultivares lhecimento acelerado, tetrazólio e condutividade elétri- Tucunaré e CD 206 com diferentes índices de ca) e quanto às concentrações de clorofilas a, b e to- sementes esverdeadas. Fonte: Pádua et al. (2005).
  • 6. 6 Semente esverdeada de soja e sua qualidade fisiológica Original = 13 % Sem. Esverdeada 350 Cond. Elétrica (µmhos/cm/g) 300 25 Esverdeadas (%) 250 20 200 15 Sem. 150 10 100 5 50 0 6 6,5 7 7,5 0 Peneira (mm) 0 20 40 60 80 100 Semente Esverdeada (%) Tucunaré CD 206 FIG. 9. Percentual de sementes esverdeadas da cv. MG/BR 46 (Conquista), após a estratificação do lote de FIG. 8. Condutividade elétrica (µmhos/cm/g) determinada em sementes em quatro tamanhos distintos. Fonte: sementes de soja das cultivares Tucunaré e CD 206 Sementes Adriana e Embrapa Soja (2005), dados não com diferentes índices de sementes esverdeadas. publicados. Fonte: Pádua et al. (2005). Outros trabalhos de pesquisa, realizados em conjunto Remoção de semente esverdeada na entre a empresa J.B.T. Máquinas Mecânicas (Londri- operação de beneficiamento na, PR) e a Embrapa Soja (dados não publicados), mos- traram que a utilização de máquinas que realizam a Muitas vezes, o produtor de semente colhe lotes com separação de semente por diferenças de coloração, semente esverdeada. Existe algum procedimento na podem ser eficientes na remoção de semente Unidade de Beneficiamento de Sementes (UBS) que esverdeada do lote de semente. Semente de soja das permita a remoção de semente verde dos lotes de se- cvs. CD 202 e BRS 184 com 15,7% e 20,1% de se- mente, visando o seu aproveitamento? A seguir, serão mente verde, respectivamente, foi avaliada em uma relatados resultados de experimentos que visaram res- máquina Seletron SM-500, monocromática, com ca- ponder a esse questionamento. pacidade de 300 kg/h. Utilizando um fundo de contras- te específico (fundo 95), após a passagem pela máqui- Conforme demonstrado em estudos realizados recen- na, o lote de semente de CD 202 terminou com cerca temente pela empresa Sementes Adriana e pela de 10% de semente esverdeada e a BRS 184, após Embrapa Soja (dados não publicados), a estratificação duas passadas, com 12%. Com três passadas (fundo de semente de soja por tamanho favorece a concen- 100 modificado), esse lote ficou com menos de 9% de tração de semente esverdeada nas peneiras de me- semente esverdeada (Figuras 10 e 11). nor calibre: semente de soja da cv. MG/BR 46 (Con- quista) com índice médio de semente esverdeada de Em relação às máquinas separadoras por cor, existem 13%, após classificação em quatro tamanhos em no mercado diversos marcas e modelos, que fazem a peneiras de furo redondo, apresentou 19% de se- separação com base em uma, duas ou três cores e mente verde para a peneira 6,0 mm, 11% para a 6,5 têm a capacidade de produção variando de 60 kg/h a mm, 7% para a 7,0 mm e 5% para a 7,5 mm, evi- 5,0 t/h. denciando que um maior percentual de semente esverdeada se concentra nos calibres menores de semente, que poderão ser descartados (Figura 9). Considerações finais Na seqüência do beneficiamento, essa semente clas- sificada por tamanho passou por mesa de gravidade Nos resultados relatados, ficaram evidentes que a ocor- e verificou-se que esse equipamento não foi eficaz rência do fenômeno de esverdeamento da semente de na remoção de semente esverdeada dos lotes de se- soja prejudica a sua qualidade fisiológica, bem como a mente. sua presença interfere negativamente na qualidade do lote. Foram comprovados os efeitos de diversos A separadora em espiral pode também auxiliar na re- estresses bióticos e abióticos na sua expressão. Entre- moção de sementes esverdeadas do lote de sementes, tanto, estudos adicionais são necessários, para melhor uma vez que muitas dessas sementes apresentam-se esclarecer a sua ocorrência, principalmente no que se deformadas ou alongadas. refere às possíveis respostas quanto à suscetibilidade
  • 7. Semente esverdeada de soja e sua qualidade fisiológica 7 17,3 20,1 18 15,7 20 Sementes Esverdeadas 16 14 18 16,2 Esverdeadas (%) 14 12,3 11,7 16 12,6 12,7 Sementes 12 10,3 14 12 10 12 8,7 (%) 8 10 6 8 4 6 2 4 0 2 nh a o9 0 o9 5 00 10 20 0 mu nd nd o1 o1 o1 te Fu Fu nd nd nd ha 1X 2X 2X X X es Fu Fu Fu un 00 00 95 d2 d3 T m 1 1 o Mo Mo ste un do un do nd 10 0 10 0 Te Fu CD 202: Seletron SM-500 F F Fd o Fd o BRS 184: Seletron SM-500 FIG. 10. Percentual de sementes esverdeadas da cv. CD 202, após a passagem pela máquina selecionadora por FIG. 11. Percentual de sementes esverdeadas da cv. BRS cores Seletron SM-500, com cinco fundos de 184, após uma, duas ou três passadas pela máquina contraste de cor. Fonte: J.B.T. Máquinas Mecânicas selecionadora por cores Seletron SM-500, com três e Embrapa Soja (2005), dados não publicados. fundos de contraste de cor. Fonte: J.B.T. Máquinas Mecânicas e Embrapa Soja (2005), dados não publicados. de diferentes cultivares de soja ao problema. Além dis- so, verifica-se a premência da execução de outros es- tudos, que visem a remoção de semente esverdeada HENNING, A.A.; COSTA, N.P. Tecnologia de produção de lotes de semente e de grão de soja, durante o de sementes. In: EMBRAPA SOJA. A cultura da soja beneficiamento. no Brasil. Londrina, 2000. 1 CD-ROM. GROSS, J. Pigments in vegetables chlorophylls and Referências carotenoids. New York: Van Nostrand Reinhold, 1991. 351p. BELITZ, H.D.; GROSCH, W. Química de los alimentos. HEATON, J.W.; MARANGONI, A.G. Chlorophyll Zaragoza: Acribia, 1988. 813p. degradation in processed foods and senescente plant tissues. Trends in Food Science & Technology, BOBBIO, F.O.; BOBBIO, P.A. Introdução à química de Amsterdam, v.7, n.1, p.8-15, 1996. alimentos. 2 ed. São Paulo: Varella, 1989. 223p. MANDARINO, J.M.G. Coloração esverdeada nos grãos BOBBIO, F.O.; BOBBIO, P.A. Química do processamento de soja e seus derivados. Londrina: Embrapa Soja, 2005. de alimentos. 2 ed. São Paulo: Varella, 1992. 151p. 4p. (Embrapa Soja. Comunicado Técnico 77). BOHNER, H. Green soybeans. Disponível em: <http:// MEDINA, P.F.; LAGO, A.A.; RAZERA, L.F.; MAEDA, www.gov.on.ca/OMAFRA/english/crops/field/news/ J.A. Composição física e qualidade de lotes de semen- croptalk/2002/ct_1102a2.htm. > Acesso em: 12 jul. tes de soja com incidência de sementes esverdeadas. 2005. Informativo ABRATES, Curitiba, v.7, n.1/2, p.36, jul/ ago. 1997. Número especial, ref. 006. Edição dos COSTA, N.P.; FRANÇA-NETO, J.B.; PEREIRA, J.E.; Resumos do X Congresso Brasileiro de Sementes, Foz MESQUITA, C.M.; KRZYZANOWSKI, F.C.; HENNING, do Iguaçu, ago. 1997. A.A. Efeito de sementes verdes na qualidade fisiológi- ca de sementes de soja. Revista Brasileira de Semen- Mc GREGOR, D.I. Influence of environment and genotype tes, Londrina, v.23, n.2, p.102-107, 2001 on rapeseed/canola seed chlorophyll content. Seed Science and Technology, Zurich, v.19, p.107-116, 1991. FRANÇA NETO, J.B.; SHATTERS, R.G. Jr.; WEST, S.H. Developmental pattern of biotinylated proteins during PÁDUA, G.P.; FRANÇA-NETO, J.B.; CARVALHO, embryogenesis and maturation of soybean seed. Seed M.L.M.; COSTA, O.; KRZYZANOWSKI, F.C.; COSTA, Science Research, Wallingford, v.7, n.4, p.377-384, 1997. N.; HENNING, A.A. Determinação do nível máximo de tolerância de sementes esverdeadas em lotes de se- FRANÇA-NETO, J.B.; KRZYZANOWSKI, F.C.; mentes de soja. Informativo ABRATES, Pelotas, v.15,
  • 8. 8 Semente esverdeada de soja e sua qualidade fisiológica n.1/2/3, p.56, ago. 2005. Número especial. Edição dos summer turnip rape during seed ripening. Canadian Resumos do XIV Congresso Brasileiro de Sementes, Journal of Plant Science, Ottawa, v.75, p.413-420, Foz do Iguaçu, ago. 2005. 1995. PALMER, R.G.; KILEN, T.C. Qualitative genetics and ZORATO, M.F.; PESKE, S.T.; TAKEDA, C.; FRANÇA- cytogenetics. In: WILCOX, J.R. (Ed.) Soybeans: NETO, J.B. Sementes esverdeadas em soja: testes al- improvement, production, and uses. Madison: American ternativos para predizer sua armazenabilidade e seu Society of Agronomy, 1987. p.135-209. efeito na produtividade. Informativo ABRATES, Lon- drina, v.13, n.3, p.295, set. 2003a. Número especial, PUPIM, T.L. CARVALHO, M.L.M.; PÁDUA, G.P.; NERY, ref. 465. Edição dos Resumos do XIII Congresso Brasi- M.C.; FRANÇA-NETO, J.B. Ocorrência de sementes leiro de Sementes, 2003, Gramado, set. 2003. verdes e qualidade fisiológica de sementes de soja. In- formativo ABRATES, v.15, n.1/2/3, p.238, ago. 2005. ZORATO, M.F.; PESKE, S.T.; TAKEDA, C.; FRANÇA- Número especial. Edição dos Resumos do XIV Congres- NETO, J.B. Sementes de soja que retém clorofila e so Brasileiro de Sementes, Foz do Iguaçu, ago. 2005. qualidade fisiológica. Informativo ABRATES, Londrina, v.13, n.3, p.295, set. 2003b. Número Especial, WARD, K.; SCARTH, R.; DAUN, J.K.; VESSEY, J.K. ref.466. Edição dos Resumos do XIII Congresso Brasi- Chorophyll degradation in summer oilseed rape and leiro de Sementes, 2003, Gramado, set. 2003. Circular Exemplares desta edição podem ser adquiridos na: Comitê de Presidente: João Flávio Veloso Silva Técnica, 38 Embrapa Soja Publicações Secretário Executivo: Regina Maria Villas Bôas de C. Leite Rod. Carlos João Strass - Acesso Orlando Amaral Cx. Postal 231 Membros: Alexandre Magno Brighenti dos Santos, 86001-970 - Londrina, PR Antonio Ricardo Panizzi, Clara Beatriz Hoffmann-Campo, Fone: (43) 3371-6000 - Fax: 3371-6100 Décio Luiz Gazzoni, George Gardner Brown, Home page: http://www.cnpso.embrapa.br Ivan Carlos Corso, Léo Pires Ferreira, Waldir Pereira Dias e-mail: sac@cnpso.embrapa.br Ministério da Agricultura, Expediente Supervisor editorial: Odilon Ferreira Saraiva Pecuária e Abastecimento 1a edição 1a impressão 08/2005: tiragem 3000 exemplares Normalizador bibliográfico: Ademir Benedito Alves de Lima Governo Federal Todos os direitos reservados (Lei no 9610) Diagramação: Neide Makiko Furukawa © Embrapa 2005