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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE FERNANDÓPOLIS
     FACULDADES INTEGRADAS DEFERNANDÓPOLIS




                 APARECIDA MEIRA DA SILVA
                JEANNE DOS SANTOS RIBEIRO
                  LARISSA LÍMOLI LAVESO
                PEDRO VITOR BOZELI CEZARE




AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE EFAVIRENZ EM USUÁRIOS
        DA REDE PÚBLICA DE SAÚDE DE FERNANDÓPOLIS




                     FERNANDÓPOLIS
                           2011
APARECIDA MEIRA DA SILVA
                JEANNE DOS SANTOS RIBEIRO
                  LARISSA LÍMOLI LAVESO
                PEDRO VITOR BOZELI CEZARE




AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE EFAVIRENZ EM USUÁRIOS
        DA REDE PÚBLICA DE SAÚDE DE FERNANDÓPOLIS




                      Trabalho de conclusão de curso apresentado à
                      Fundação Educacional de Fernandópolis como
                      requisito parcial para obtenção do título de
                      bacharel em farmácia.

                      Orientador: Prof. MSc. Giovanni Carlos de
                      Oliveira
                      Co-orientador: Dr. Márcio César Reino Gaggini




         FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE FERNANDÓPOLIS
                   FERNANDÓPOLIS – SP
                           2011
APARECIDA MEIRA DA SILVA
                      JEANNE DOS SANTOS RIBEIRO
                          LARISSA LÍMOLI LAVESO
                      PEDRO VITOR BOZELI CEZARE




 AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE EFAVIRENZ EM USUÁRIOS
            DA REDE PÚBLICA DE SAÚDE DE FERNANDÓPOLIS




                                Trabalho de conclusão de curso apresentado à
                                Fundação Educacional de Fernandópolis como
                                requisito parcial para obtenção do título de
                                bacharel em farmácia.



           Examinadores                    Assinatura           Conceito
Prof. MSc. Giovanni Carlos de
Oliveira
Prof. MSc. Roney Eduardo Zaparoli


Profa. Vanessa Maira Rizzato
Silveira




                                         Aprovada em 21 de novembro de 2011.




                   Prof. MSc. Giovanni Carlos de Oliveira
                      Presidente da Banca Examinadora
Dedicamos este trabalho primeiramente a Deus, pois
sem ele, nada seria possível, e nossos sonhos não
seriam concretizados.
Aos nossos pais, que sempre nos deram apoio, e
estiveram   presentes    acreditando   em   nosso
potencial, nos incentivando na busca de novas
realizações e descobertas.
AGRADECIMENTOS


      Agradecemos, primeiramente, ao Professor MSc. Giovanni Carlos de Oliveira,
por ter-nos auxiliado durante todo o período de realização deste trabalho, por seu
empenho e dedicação como nosso orientador, e ainda, na qualidade de professor
pelo seu compromisso em nos passar em sala de aula a cada dia um pouco mais de
seu conhecimento.
      Agradecemos ao Dr. Márcio César Reino Gaggini pelo apoio, confiança
colaboração, pois sem as mesmas a realização deste trabalho não teria sido
possível.
      Agradecemos ainda a toda a equipe da unidade de saúde Cadip, pelo
respeito, paciência e colaboração para conosco.
"Não conheço ninguém que conseguiu realizar seu
sonho, sem sacrificar feriados e domingos pelo
menos uma centena de vezes.
[...]
O sucesso é construído à noite! Durante o dia você
faz o que todos fazem. Mas, para obter um resultado
diferente da maioria, você tem que ser especial. Se
fizer igual a todo mundo, obterá os mesmos
resultados. Não se compare à maioria, pois,
infelizmente ela não é modelo de sucesso.
Se você quiser atingir uma meta especial, terá que
estudar no horário em que os outros estão tomando
chope com batatas fritas. Terá de planejar, enquanto
os outros permanecem à frente da televisão. Terá de
trabalhar enquanto os outros tomam sol à beira da
piscina.
A realização de um sonho depende de dedicação,
há muita gente que espera que o sonho se realize
por mágica, mas toda mágica é ilusão, e a ilusão não
tira ninguém de onde está, em verdade a ilusão é
combustível dos perdedores pois...
Quem quer fazer alguma coisa, encontra um meio.
Quem não quer fazer nada, encontra uma desculpa."


                                Roberto Shinyashiki
RESUMO


A síndrome da imunodeficiência adquirida, ou AIDS, foi descoberta em 1980 e desde
então acomete um número crescente de infectados a cada ano, o que evidencia a
sua importância em saúde pública. É causada pelo vírus HIV, da família retrovírus,
como é chamada vulgarmente. Os retrovírus contem RNA que quando na forma
livre, pela ação da enzima transcriptase reversa, integra-se a dupla fita de DNA da
célula hospedeira. A doença AIDS passa a ser caracterizada a partir do
desenvolvimento de infecções oportunistas. Sua transmissão só acontece através de
contato com fluidos corpóreos de portadores do vírus. Segundo o Ministério da
Saúde Brasileiro, seu tratamento deve incluir um coquetel de três drogas, que são:
efavirenz + zidovudina + lamivudina (esquema preferencial); ou então zidovudina +
lamivudina + lopinavir potencializado com ritonavir (esquema alternativo). O objetivo
deste trabalho foi avaliar a eficácia de efavirenz, um inibidor não-nucleosídeo da
transcriptase reversa, utilizado para garantir supressão virológica do HIV e
manutenção das células do sistema imunológico, os linfócitos CD4+. O método
utilizado foi uma pesquisa exploratória nos prontuários baseada na análise dos
resultados dos exames dos pacientes em tratamento com o medicamento na
unidade do Cadip da cidade de Fernandópolis, com foco voltado para tratados à
longo prazo, especialmente períodos superiores à sete anos. A pesquisa contou com
uma amostra de 118 prontuários, porém a população efetiva foi de 48, já que
prontuários que não continham pelo menos um dos dados necessários para a
avaliação, foram descartados. Analisando os dados encontrados, evidenciou-se uma
maior taxa de pacientes do sexo masculino, de 45 a 54 anos em tratamento, sendo
que entre homens e mulheres, a quantidade que faz uso de Efavirenz acima de 7
anos se mostrou de grande relevância, entretanto a média de tempo de tratamento
corresponde a ± 5 anos. As médias de primeiro CD4 são de ± 244,95 células/mm³
associadas a quantificações de carga viral superiores a 100.000 cópias/mm³, já ao
analisar os últimos exames encontramos médias de CD4 ± 474,37 células/mm³
relacionadas agora com quantificações abaixo, do mínimo detectável, resultado
esperado após inicio da TARV, contrariando a afirmativa de alguns autores, que
avaliam como negativa a sua eficácia á longo prazo.

Palavras-chave: Efavirenz. AIDS. Tratamento. Antirretroviral.
ABSTRACT


The acquired immunodeficiency syndrome, or AIDS, was discovered in 1980 and
since then affects a growing number of people infected each year, highlighting its
importance in public health. It is caused by HIV, the retrovirus family, as it is
commonly called. Retroviruses contain RNA as in free form by the action of the
enzyme reverse transcriptase, is part of the double-stranded DNA of the host cell.
The disease AIDS is to be measured based on the development of opportunistic
infections. Its transmission occurs only through contact with body fluids of virus
carriers. According to the Brazilian Ministry of Health, treatment must include a
cocktail of three drugs, which are: zidovudine + lamivudine + efavirenz (preferred
regimen) or zidovudine + lamivudine + lopinavir boosted with ritonavir (alternative
scheme). The objective of this study was to evaluate the effectiveness of efavirenz, a
non-nucleoside reverse transcriptase inhibitors, used to ensure HIV virologic
suppression and maintenance of immune cells, CD4 + lymphocytes. The method
used was an exploratory research in the records based on analysis of test results of
patients treated with the drug unit Cadip in the city of Ferndale, with a focus toward
long-term treated, especially for periods longer than seven years. The survey
covered a sample of 118 medical records, but the actual population was 48, since
medical records that did not contain at least one of the necessary data for evaluation,
were discarded. Analyzing the findings, there was a higher rate of male patients, 45
to 54 years in treatment, and between men and women, the amount that makes use
of efavirenz over 7 years proved of great relevance, however the average treatment
time corresponding to ± 5 years. Mean first CD4 are ± 244.95 cells / mm ³ associated
with quantification of viral load over 100,000 copies / mm ³, since the last review the
tests found mean CD4 ± 474.37 cells / mm ³ now with related measurements below
the minimum detectable, a result expected after initiation of ART, contrary to the
assertion of some authors who evaluate how negative its long-term efficacy.

Keywords: Efavirenz. AIDS. Treatment. Antiretroviral therapy.
LISTA DE FIGURAS


Figura 1 – Taxa de incidência (100.000 hab.) dos casos de AIDS segundo faixa
etária e sexo .............................................................................................................. 14
Figura 2 – Estrutura química do Efavirenz .............................................................. 27
Figura 3 – Taxa de infectados em tratamento com efavirenz divididos por faixa etária
e sexo (n=48) ........................................................................................................... 45
Figura 4 – Período de diagnóstico e tratamento (n=48)........................................... 46
Figura 5 – Comparativo entre primeira e última quantificação de carga viral .......... 48
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS


3TC – Lamivudina
AIDS – Acquired Immunodeficiency Syndrome (Síndrome da Imunodeficiência
Adquirida)
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária
ARV – Antiretroviral (Antirretroviral)
AUC – Area under the curve (Área subjacente à curva)
AZT – Zidovudina
Cmáx – Concentração máxima do fármaco
Cmín – Concentração mínima do fármaco
DNA – Deoxyribonucleic Acid (Ácido Desoxirribonucleico)
DST – Sexually Transmitted Disease (Doença Sexualmente Transmissíveis)
EFZ – Efavirenz
HAART – Highly Active Antiretroviral Therapy (Terapia Antiretroviral Altamente Ativa)
HIV – Human Immunodeficiency Virus (Vírus da Imunodeficiência Humana)
IP/r – Inibidor de protease potencializado com ritonavir
ITRN – Nucleoside Reverse Transcriptase Inhibitor (Inibidor Nucleosídeo da
Transcriptase Reversa)
ITRNN – Non-nucleoside reverse transcriptase inhibitors (Inibidor da Transcriptase
Reversa Não Nucleosídeo)
MSD – Merck Sharp & Dohme
OMC – Organização Mundial do Comércio
OMS – Organização Mundial de Saúde
OPAS – Organização Pan-Americana de Saúde
RNA – Ribonucleic Acid (Ácido Ribonucleico)
TARV – Terapia Antiretroviral
TR – Transcriptase Reversa
TRIPS – Trade-Related Aspects of Intellectual Property Rights (Acordo sobre os
Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio)
SUMÁRIO


INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 12
1 AIDS ...................................................................................................................... 14
1.1 FATOS IMPORTANTES ..................................................................................... 15
1.2 TRANSMISSÃO ................................................................................................. 18
1.3 SINTOMAS ......................................................................................................... 18
1.4 DIAGNÓSTICO .................................................................................................. 19
1.4.1 Janela Imunológica ....................................................................................... 21
1.5 TRATAMENTO ................................................................................................... 22
1.6 PREVENÇÃO ..................................................................................................... 26
2 EFAVIRENZ .......................................................................................................... 28
2.1 LICENCIAMENTO COMPULSÓRIO .................................................................. 30
2.1.1 Patentes .......................................................................................................... 30
2.1.2 Acordo TRIPS ................................................................................................ 31
2.1.3 O Caso do Efavirenz ...................................................................................... 34
2.2 CARACTERÍSTICAS FARMACOLÓGICAS ....................................................... 36
2.2.1 Farmacocinética ............................................................................................ 36
2.2.1.1 Absorção ...................................................................................................... 36
2.2.1.2 Distribuição ................................................................................................... 37
2.2.1.3 Biotransformação ......................................................................................... 37
2.2.1.4 Eliminação .................................................................................................... 38
2.2.2 Farmacodinânica ........................................................................................... 39
2.2.3 Eficácia ........................................................................................................... 39
2.2.4 Interações medicamentosas ........................................................................ 39
2.2.5 Reações Adversas ......................................................................................... 40
3 MÉTODOS ............................................................................................................ 42
3.1 O CAMPO DE PESQUISA ................................................................................. 42
3.2     CARACTERIZAÇÃO                     GERAL          DA       UNIDADE            DE      SAÚDE           ONDE         SE
DESENVOLVEM                      AS         AÇÕES                      DO          PROGRAMA                   NACIONAL
DST/AIDS.................................................................................................................. 44
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 46
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 50
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 51
ANEXO A.................................................................................................................. 57
ANEXO B ................................................................................................................. 61
ANEXO C ................................................................................................................. 62
12

                                 INTRODUÇÃO


      O vírus da imunodeficiência humana (HIV) desde o início da década de 80
despertou a atenção das autoridades em saúde, por todo o mundo, por ter
acometido de forma pandêmica, um número crescente de pessoas infectadas.
Sabe-se que a síndrome causada pelo vírus, a AIDS, é uma doença causada por
este retrovírus que destrói progressivamente os linfócitos CD4 +, um tipo de
leucócito, célula pertencente ao sistema imunológico sendo responsável por
proteger o organismo de doenças. O HIV invade estas células incorporando o seu
material genético, RNA viral, ao DNA da célula, se reproduzindo no interior desta,
destruindo-a e liberando novas partículas virais que irão continuar este ciclo
(BRASIL, 2011a; PEÇANHA; ANTUNES, 2002).
      O conhecimento do ciclo do HIV permitiu que fossem desenvolvidas
drogas antirretrovirais (ARV), que podem ser divididas em: (a) inibidores da
transcriptase reversa nucleosídeos (ITRN) e não nucleosídeos (ITRNN), as quais
atuam na fase inicial do ciclo, impedindo a formação do DNA a partir do RNA; (b)
inibidores da protease (IP), que atuam no final do ciclo, impedindo a maturação
da partícula viral; (c) inibidores da fusão (IF), impedindo a entrada do vírus na
célula sadia; (d) inibidores da entrada que atuam impedindo a ligação do vírus ao
receptor CD4+ ou aos co-receptores CCR5 ou CXC4; e (e) inibidores da
integrase, que impedem que o pro-vírus recém-produzido pela TR integre o
genoma da célula hospedeira (SABINO; BARRETO; SANABANI, 2005).
      O foco deste trabalho é o estudo de um dos fármacos utilizados no
tratamento do HIV/AIDS, um inibidor não-nucleosídeo da transcriptase reversa
chamado, efavirenz (EFZ), com o objetivo de avaliar a resposta terapêutica e
imunológica em longo prazo, já que alguns estudos avaliam como satisfatória a
resposta provocada pelo EFZ por um prazo de sete anos (RAKHMANINA;
ANKER, 2010).
      A pesquisa foi realizada no Centro de atendimento a doenças infecciosas e
parasitárias – Cadip, analisando dados pré-determinados nos prontuários dos
pacientes, sendo colhidos somente os dados que seriam de utilização científica,
necessários para a realização do então trabalho proposto, na tentativa de
estabelecer se o tratamento com EFZ ainda é eficaz a longo prazo.
13



      No Brasil, passou pelo processo de licenciamento compulsório no ano
de 2007, e atualmente é produzido por laboratórios oficiais coordenados por
Farmanguinhos (CHAVES, 2007).
      Este fármaco é recomendado pelo Ministério da Saúde Brasileiro para a
terapia de adultos virgens de tratamento e crianças e adolescentes maiores
dos três anos de idade e pesando mais de 40 kg, sendo utilizados em esquema
de combinação com dois inibidores de transcriptase reversa nucleosídeo, que
por também recomendação do Ministério da Saúde, no Brasil, são zidovudina
(AZT) e lamivudina (3TC) (BRASIL, 2008; BRASIL, 2009; BRASIL, 2010d;
EFAVIRENZ, 2009).
      O Ministério da Saúde recomenda este esquema como preferencial para
terapia inicial, e como terapia alternativa o uso de AZT+3TC+Lopinavir/ritonavir
(LPV/r), sendo este último um inibidor de protease potencializado (IP/r)
(BRASIL, 2008).
      Este trabalho é composto por dois capítulos. O primeiro aborda a
Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), onde traz os fatos importantes
de toda a historia da doença, sintetiza os meios de transmissão, sintomas,
diagnóstico citando os tipos de testes laboratoriais preconizados pelo Ministério
da Saúde realizados para detecção do vírus, também esclarece a janela
imunológica, cita o tratamento e as classes terapêuticas para cada individuo,
diferenciando crianças, adultos, gestantes e por fim as medidas de prevenção.
      O segundo capítulo traz o licenciamento compulsório, a farmacocinética
e a farmacodinâmica de EFZ, um ITRNN que faz parte do tratamento de HIV,
abrangendo toda a parte de absorção, distribuição, biotransformação,
eliminação, interações medicamentosas e reações adversas do fármaco.
Consta ainda em anexo dados de estudos realizados avaliando e descrevendo
sua eficácia, sensibilidade in vitro do HIV, resistência ao medicamento,
resistência cruzada a outros agentes ARVs.
14

1 SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA (AIDS)



      A síndrome da imunodeficiência humana, doença pandêmica, é causada
pelo vírus HIV, da família Retroviridae (chamado vulgarmente de retrovírus),
pertencente a subfamília Lentivirinae. Os retrovírus contêm RNA que quando
na forma livre, pela ação da enzima TR, integra-se a dupla fita de DNA da
célula hospedeira. Mais especificamente a infecção pelo HIV inicia-se após a
ligação da proteína gp120 com o receptor da célula CD4 +, permitindo a entrada
do vírus através da membrana da célula, reação esta última mediada pela gp41
(PEÇANHA; ANTUNES, 2002; SABINO; BARRETO; SANABANI, 2005).
      A doença AIDS passa a ser caracterizada a partir do desenvolvimento
de   infecções   oportunistas,   destacando-se    as    infecções   recorrentes
ocasionadas por fungos, que aparecem geralmente na pele, boca e garganta;
diarréia crônica há mais de 30 dias com perda de peso; pneumonia;
tuberculose      disseminada;      neurotoxoplasmose;        neurocriptococose;
citomegalovirose e pneumocistose; que podem ser fatais num paciente com
grave depressão do sistema imune (HANSON; WHITE, 2004; BRASIL, 2011a;
BONASSER; MASUR; MARQUES, 2005).
      Inicialmente a AIDS era vinculada a homens com prática homossexual, e
foi disseminado nos países industrializados e na América Latina, rapidamente
entre mulheres, crianças e homens com prática heterossexual, e de acordo
com o dado publicado da UNAIDS, no ano de 2010, 33,3 milhões de pessoas
estavam infectada pelo HIV no mundo (SANTOS et al., 2002).
      No Brasil, o índice de casos acumulados desde 1980 até junho de 2010
revela que 592.914 pessoas sofrem da síndrome de imunodeficiência
adquirida; sendo estes os principais responsáveis pelo aumento do número de
portadores a cada ano. No país, a razão entre os sexos desde o ano de 2002 é
de 15 homens para cada 10 mulheres infectadas. Quando é feita uma
avaliação quanto à idade, encontra-se em maior proporção de casos a faixa
que compreende dos 40 aos 49 anos, porém a faixa com maior incidência, em
2009, compreende aos 35 a 39 anos com 46,7 casos por 100.000 habitantes,
situação esta ilustrada no gráfico abaixo (BRASIL, 2010b).
15



Figura 1 – Taxa de incidência (100.000 hab.) dos casos de AIDS segundo
faixa etária e sexo.




       Fonte: BRASIL, 2010b.



1.1 FATOS IMPORTANTES


Tabela 1 – Histórico da doença

Ano      Fatos importantes
1977     Primeiros casos da doença começam a aparecer nos EUA, Haiti e
         África Central, porém ainda não denominados como AIDS.
1980     No Brasil surge, em São Paulo, o primeiro caso da doença, porém
         ainda não classificada como tal.
1981     Primeiros casos em jovens homossexuais, a doença recebe o nome
         de Câncer Gay ou peste-gay.
1982     A síndrome é relacionada ao sangue e identificada também em
         mulheres, homens heterossexuais, usuários de droga, hemofílicos,
         receptores de transfusão de sangue, e bebês. Soube-se também que
         o fator de possível transmissão era por contato sexual, uso de drogas
         ou exposição a sangue e derivados contaminados.
1983     Relato de casos em profissionais da saúde. Nos EUA são relatados
         3.000 casos, com 1.283 óbitos, e no Brasil registram-se dois casos de
         AIDS, e então cria-se em São Paulo o Programa de Controle e
         Prevenção da AIDS. A equipe de Luc Montaigner isola e caracteriza o
         retrovírus LAV (vírus associado a Linfodenopatia), como causador da
         AIDS.
1984     A equipe de Robert Gallo, isola o vírus HTLV-III, o qual afirma ser o
         causador da AIDS, com isso inicia-se a disputa pela primazia da
         descoberta, porém mais tarde determinou-se que ambas as
16

       classificações, LAV e HTLV-III, se referiam ao mesmo vírus, e então
       foi chamado de HIV.
1985   I Conferência Internacional de AIDS, em Atlanta.
       Surge no mercado o primeiro teste para diagnóstico do anti-HIV.
       No Brasil acontece o primeiro caso de transmissão vertical, e é
       fundado o Grupo de Apoio e Prevenção à AIDS (GAPA).
1986   A OMS lança uma ação global contra a AIDS.
       No Brasil, é criado o Programa Nacional de DST/ AIDS e também a
       Fundação da Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA).
       Ocorre a II Conferência Internacional de AIDS em Paris, onde são
       relatados os resultados das primeiras experiências com AZT.
1987   São apontados pela OMS 127 países com casos de AIDS.
       No Brasil os casos notificados chegam a 2.775, e o primeiro Centro
       de Orientação Sorológica (COAS) é fundado. É lançado o teste
       Western blot.
1988   É diagnosticado o primeiro caso na população indígena, e nesse ano
       o número de casos no Brasil chega a 4.535. Há também a fundação
       do Centro de Referência e Treinamento em AIDS.
1989   Os casos de AIDS notificados no Brasil chegam ao número de 6.295.
       Surge um novo ARV, a didanosina (ddI). É fundado o Grupo Pela
       Vida (Valorização Integração e Dignidade dos Doentes de AIDS),
       pelo escritor Hebert Daniel
1990   Mais de 307.000 novos casos são reportados à OMS.
1991   Surge um terceiro ARV o zalcitabina (ddC). A OMS anuncia que 10
       milhões de pessoas estão infectadas com o HIV pelo mundo, e no
       Brasil já são 11.805 casos.
1992   Inicia-se a combinação de duas drogas para o tratamento. O
       Ministério da Saúde inclui os procedimentos para o tratamento da
       AIDS na tabela do SUS e há inclusão da infecção pelo HIV no código
       internacional de doenças (CID). O médico americano Robert Gallo e
       francês Luc Montagnier chegam a um acordo definitivo sobre o
       crédito da descoberta do vírus.
1993   Inicio da notificação da AIDS no Sistema Nacional de Notificação de
       Doenças (SINAN). O Brasil passa a produzir o AZT. A OMS aponta
       mais de 10.000 casos novos por dia.
1994   Há a definição para diagnosticar casos de AIDS em crianças.
1995   Uma nova classe de drogas, os IP, é aprovada nos EUA, os
       medicamentos zerti e epivir, outros ITR, são lançados. Estudos
       revelam que a combinação de drogas reduz a progressão da
       infecção.
1996   O Programa Nacional de DST e AIDS lança o primeiro consenso em
       TARV. Surge o coquetel, terapêutica usando o esquema triplo de
       ARV. No Brasil o número de casos soma 22.343. Neste ano o
       Programa Global de AIDS – OMS, transforma-se no Programa
       Conjunto das Nações Unidas em HIV-AIDS (UNAIDS).
1997   A UNAIDS prevê 30.000.000 pessoas infectadas e 16.000 novos
       casos/dia. É Implantada a Rede Nacional de Laboratórios para o
       monitoramento de pacientes com HIV em TARV, com a realização de
       exames de carga viral e contagem de células CD4 +. Já são 22.593
17

        casos de AIDS no Brasil.
1998    Começa nos EUA o primeiro teste de um produto candidato à vacina
        anti-HIV/AIDS.
1999    Há a redução da taxa de mortalidade e de morbidade decorrente do
        uso dos ARV. Testes genéticos mostram que o HIV é bastante similar
        ao SIV, que infecta os chimpanzés, mas não os deixa doentes.
        Inicia-se a produção nacional de 3TC e da combinação AZT + 3TC.
2000     Acontece a 13ª Conferência Internacional sobre AIDS, em Durban,
        na África do Sul. È realizado o I Fórum em HIV/AIDS e DST da
        América Latina, no Rio de Janeiro.
2001    Aprovação dos testes de genotipagem, usado para identificar a
        resistência do HIV ante as drogas que compõem o coquetel. O HIV
        Vaccine Trials Network (HVTN) planeja testes com vacina em vários
        países, entre eles o Brasil.
2002    Mais da metade dos municípios brasileiros têm casos notificados de
        AIDS. É criado o Fundo Global para o Combate a AIDS, Tuberculose
        e Malária. A 14ª Conferência Internacional sobre AIDS é realizada em
        Barcelona.
2003    O Programa Nacional de DST/AIDS recebe US$ 1 milhão da
        Fundação Bill & Melinda Gates como reconhecimento às ações de
        prevenção e assistência no país.
2004    Recife reúne quatro mil participantes em três congressos
        simultâneos: o V Congresso Brasileiro de Prevenção em DST/AIDS, o
        V Congresso da Sociedade Brasileira de Doenças Sexualmente
        Transmissíveis e AIDS e o I Congresso Brasileiro de AIDS.
2005     A ONU anuncia recorde de portadores de HIV, são 40,3 milhões de
        pessoas infectadas.
2006    Os registros de AIDS no Brasil ultrapassam 433.000 casos. Em
        Toronto ocorre a 16ª Conferência Mundial sobre AIDS. O Brasil reduz
        em mais de 50% o número de casos de transmissão vertical.
2007    Em maio, o Brasil decreta o licenciamento compulsório do EFZ.
2008    Conclui-se o processo de nacionalização de um teste que permite
        detectar a presença do HIV em apenas 15 minutos. É realizado o VII
        Congresso Brasileiro de Prevenção das DST e AIDS, em
        Florianópolis.
2009    O Programa Nacional de DST e AIDS torna-se departamento da
        Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde e o
        Programa Nacional para a Prevenção e Controle das Hepatites Virais
        é integrado a ele. São notificados 544.846 casos de AIDS no país.
2010     É realizado o VIII Congresso Brasileiro de Prevenção das DST e
        AIDS, em Brasília.
2011    O número de casos acumulados, desde 1980 até junho de 2011 no
        Brasil, é de 608.230 mil infectados. Passa a ser observado agora
        aumento nos casos entre a população mais jovem.

Fonte: BRASIL, 2011a; SOUZA, 2008. Adaptado.
18

1.2 TRANSMISSÃO



       A transmissão só acontece através de contato com fluidos corpóreos de
pacientes portadores do vírus da AIDS, pois estes são considerados
potencialmente infectantes. Neste caso, consideram-se fluidos corpóreos
infectantes líquidos como o sangue, sêmen, secreção vaginal, o líquido
cefalorraquidiano e leite materno. Outros líquidos como lágrimas, urina e saliva
contêm carga de HIV muito baixa, e não são capazes de causar infecção
(MANUAL MERCK, 2011; BRASIL, 2011a).
       A transmissão pode ocorrer das seguintes formas:
      Relações sexuais com uma pessoa infectada, durante as quais a
       membrana mucosa da boca, da vagina ou do reto é exposta aos líquidos
       corpóreos;
      Injeção ou infusão de sangue contaminado, como ocorre nas
       transfusões de sangue, no compartilhamento de agulhas contaminadas
       ou em uma picada acidental com uma agulha contaminada;
      Transferência do vírus da mãe infectada ao filho, antes do nascimento,
       durante o parto ou através da amamentação;
      Acidentes com instrumentos que furam ou cortam, não esterilizados.
       (MANUAL MERCK, 2011; BRASIL, 2008).
       A presença de lesões na pele ou em mucosas pode aumentar a
suscetibilidade à infecção pelo vírus, do mesmo modo que a presença de
herpes, sífilis ou outras doenças sexualmente transmissíveis que possam
produzir soluções de continuidade na pele também aumentam a probabilidade
de contaminação (MINAS GERAIS, 2006; BRASIL, 2011a).



1.3 SINTOMAS



       A AIDS tem seus sintomas divididos em estágios, ou fases. A primeira
fase, chamada também de infecção aguda, corresponde ao período de
incubação do vírus até o surgimento dos primeiros sinais da doença, podendo
ter duração de 3 a 6 semanas, e entre este período inicia-se a produção de
anticorpos anti-HIV. Após o vírus se estabelecer no organismo a infecção
19

começa a se manifestar por sintomas comuns, como febre, mal-estar, erupções
cutâneas e linfonodos aumentados, sinais estes que podem durar de 3 a 14
dias, quando geralmente, esses sintomas desaparecem, entretanto há
permanência dos linfonodos aumentados. Neste período, o individuo infectado,
já é considerado infectante (GRANATO; CARRARO, 2005; BRASIL, 2011a).
         A fase seguinte é caracterizada pelo amadurecimento e morte do vírus
que acontece de forma equilibrada, o chamado período assintomático, onde o
organismo não passa para o estado doentio, porém com o ataque contínuo as
células de defesa a resposta destas diminuem tornando o organismo vulnerável
as infecções (BRASIL, 2011a).
         A fase sintomática inicial é caracterizada pela alta redução dos linfócitos
CD4+ que chegam a ficar abaixo de 200 unidades por mm³ de sangue. Em
adultos saudáveis, esse valor varia entre 800 a 1.200 unidades. Os sintomas
mais comuns desta fase são: febre, diarreia, suores noturnos e emagrecimento
(FLEXNER, 2006; GRANATO; CARRARO, 2005).
         A baixa imunidade permite o aparecimento de doenças oportunistas, que
recebem esse nome por se aproveitarem da fraqueza do organismo para se
instalarem. Com isso, atinge-se o estágio mais avançado da doença, a AIDS.
Quem chega a essa fase, por não saber ou não seguir o tratamento indicado
pelos médicos, pode sofrer de hepatites virais, tuberculose, pneumonia,
toxoplasmose e alguns tipos de câncer. A morte em decorrência a AIDS é rara,
geralmente ela é causada pelos efeitos cumulativos de muitas infecções
oportunistas ou tumores. Os microrganismos e as doenças que normalmente
representam uma pequena ameaça aos indivíduos sadios podem rapidamente
levar à morte pacientes com AIDS, especialmente quando a contagem de
linfócitos CD4+ é inferior a 50 células mm³ de sangue (GRANATO; CARRARO,
2005).



1.4 DIAGNÓSTICO



         O diagnóstico de HIV é feito através da realização de testes laboratoriais
de amostras de sangue do paciente. Um dos testes realizados é o ELISA
(Enzime Linked Immuno Sorbent Assay), através deste exame, é possível
20

detectar a presença de anticorpos contra o HIV em uma amostra, o resultado
do exame é rotineiramente confirmado por outros exames. Este teste é feito
com uma placa de plástico que contém proteínas do HIV absorvidas ou fixadas
nas cavidades em que cada amostra de soro ou plasma será adicionada. Após
uma sequência de etapas, em que são adicionados diferentes tipos de
reagentes, o resultado é fornecido por meio de leitura óptica, em um
equipamento denominado leitora de Elisa. (BRASIL, 2011a; MANUAL MERCK,
2011).
         Quando o resultado do ELISA indica uma infecção pelo HIV, o passo
seguinte consiste na realização de exames mais acurados. São usados como
testes confirmatórios, o Western Blot, o Teste de Imunofluorescência indireta
para o HIV-1 e o imunoblot. É necessário realizar os testes confirmatórios, pois,
algumas vezes, os exames podem dar resultados falso-positivos em
consequência de algumas doenças, como artrite reumatoide, doença
autoimune e alguns tipos de câncer (BRASIL, 2011a).
         Para a realização do Western Blot, o teste confirmatório preconizado
pelo Ministério da Saúde brasileiro, utiliza-se uma tira de nitrocelulose em que
serão fixadas proteínas do HIV, o soro ou plasma do paciente é adicionado,
ficando em contato com a tira de nitrocelulose, depois da adição de vários tipos
de reagentes, o resultado é fornecido por meio de leitura visual, pelo
profissional do laboratório. Este teste também identifica anticorpos contra o
HIV, mas é mais específico que o ELISA. Quando o resultado do Western Blot
for positivo, é absolutamente certo que o indivíduo apresenta a infecção pelo
HIV (GRANATO; CARRARO, 2005; BRASIL, 2008).


                      Os testes confirmatórios são feitos com a mesma amostra e o
                      resultado definitivo é fornecido ao paciente. Se o resultado for
                      positivo, o paciente será informado e chamado para mais um teste
                      com uma amostra diferente. Esse é apenas um procedimento padrão
                      para que o mesmo não tenha nenhuma dúvida da sua sorologia.
                      Independentemente do resultado do exame, positivo ou negativo, o
                      paciente é encaminhado ao aconselhamento pós-teste – conversa
                      com o profissional do Centro de Testagem e Aconselhamento ou do
                      posto de saúde que orienta sobre prevenção, tratamento e outros
                      cuidados com a saúde (BRASIL, 2011a).


         Há também o Teste Rápido, que possui esse nome, por permitir a
detecção de anticorpos anti-HIV na amostra de sangue do paciente em até 30
21

minutos podendo ser realizado no momento da consulta. Os testes rápidos
permitem que o paciente, no mesmo momento que faz o teste, tenha
conhecimento do resultado e receba o aconselhamento independente do
diagnóstico. O teste rápido é preferencialmente adotado em populações que
moram em locais de difícil acesso, em gestantes que não fizeram o
acompanhamento no pré-natal e em situações de acidentes no trabalho
(BRASIL, 2011a).
      No Brasil a portaria nº 151, de 14 de outubro de 2009, da Secretaria de
Vigilância em Saúde, instaura requisitos mínimos e procedimentos obrigatórios
nas instituições de saúde pública e privada em relação aos testes de
diagnóstico de HIV. Essa portaria foi instaurada,...


                    ...considerando a necessidade de se criar alternativas para a ampliação
                    do acesso ao diagnóstico da infecção pelo HIV, em atendimento aos
                    princípios da equidade e da integralidade da assistência, bem como da
                    universalidade de acesso aos serviços de saúde do Sistema Único de
                    Saúde - SUS; Considerando a necessidade do diagnóstico rápido da
                    infecção pelo HIV em situações especiais; Considerando que a
                    identificação dos indivíduos infectados pelo HIV é importante porque
                    permite o acompanhamento precoce nos serviços de saúde e
                    possibilita a melhora na qualidade de vida; Considerando que a
                    definição do estado sorológico de um indivíduo infectado pelo HIV é
                    fundamental para a sua maior proteção e para o controle da infecção e
                    da disseminação do vírus; e Considerando que o diagnóstico
                    sorológico da infecção pelo HIV deve ser realizado em indivíduos com
                    idade acima de 18 meses (BRASIL, 2009).



1.4.1 Janela imunológica



      O período de janela imunológica é o intervalo de tempo entre a infecção
pelo vírus da AIDS e o início da produção de anticorpos anti-HIV no sangue,
que então serão identificados através de exames, o que confirmará a infecção
pelo vírus, entretanto, o tempo exato para seu aparecimento depende de vários
fatores, relacionados ao hospedeiro e ao agente viral, dentre outros (BRASIL,
2011a).
      Esses anticorpos podem estar presentes em níveis baixos durante a
infecção recente, mas o período de identificação do contágio pelo vírus
depende do tipo de exame (quanto à sensibilidade e especificidade) e da
reação do organismo do indivíduo. Na maioria dos casos, a sorologia positiva é
22

constatada de 30 a 60 dias após a exposição ao HIV, por isso o Ministério da
Saúde recomenda que o teste anti-HIV seja realizado 60 dias após uma
possível infecção, porém, existem casos em que esse tempo pode ser maior
(BRASIL, 2005a).
      Se um teste de HIV é feito durante o período da janela imunológica, há a
possibilidade de apresentar um falso resultado negativo, portanto, é
recomendado esperar mais 30 dias e fazer o teste novamente. Neste período é
importante que o paciente tome alguns cuidados, como não ter relações
sexuais sem uso de preservativo e não compartilhar seringas e agulhas, pois
se esta pessoa estiver realmente infectada, ela é potencialmente infectante
para outras pessoas (BRASIL, 2011a; BRASIL, 2008).



1.5 TRATAMENTO



      Desde a aprovação do AZT, a primeira droga para o tratamento da aids,
em 1987, até julho de 2004, o arsenal terapêutico para enfrentar o HIV/aids
incluía 18     ARV liberados pelo FDA (Food and Drug Administration). Com
esses medicamentos é possível chegar a 1.333 combinações entre eles,
conhecidas como coquetéis (BRASIL, 2005b). Entretanto, conforme diz Sarita
(2011) a possibilidade de numerosos regimes poderem ser criados, suas
vantagens e desvantagens potenciais de cada um deles necessitam ser
consideradas no contexto de um paciente individual. A troca de esquema
terapêutico é feita quando há intolerância à medicação ou em virtude de falha
terapêutica.
      Peçanha e Antunes (2002) afirmam que o ciclo de replicação do HIV
apresenta diversos eventos exclusivamente relacionados a componentes virais,
que podem ser utilizados como alvos para intervenção farmacológica,
entretanto os ARV disponíveis atualmente também se apresentam com
diversas formas de ação, uns atuam inibindo a ligação no sítio da enzima TR,
outros na inibição alostérica da TR e ainda há os que inibem por competição a
ligação da protease (BARREIRO, 2007).
      Os principais objetivos do TARV (terapia antirretroviral) são: (a) reduzir
morbidade e mortalidade associadas ao HIV; (b) melhorar a qualidade de vida
23

do portador do vírus; (c) preservar e quando possível restaurar o sistema
imunológico; e (d) suprimir de forma sustentada a replicação viral (BRASIL,
2008).
         A TARV deve ser iniciada quando as devidas avaliações, clínica e
laboratorial forem realizadas, determinando, dessa forma, o grau de
imunodeficiência existente e o risco de progressão da doença. Como a
contagem de linfócitos CD4+ é o principal marcador prognóstico da infecção
pelo HIV, não há necessidade de tratamento farmacológico em pacientes com
contagens de linfócitos CD4+ acima de 500 células/mm3, o tratamento deve ser
recomendado para indivíduos, com contagem de linfócitos CD4+ próxima ou
inferior a 350 células/mm3, pois nesta faixa o risco de progressão para AIDS é
maior, especialmente se associada à carga viral plasmática elevada (maior que
100.000 cópias/mm3), entretanto a escolha de iniciar o tratamento é do
paciente (MINAS GERAIS, 2006; SARITA, 2011).
         De acordo com as diretrizes atuais (BRASIL, 2008) a terapia inicial deve
sempre incluir combinações de três drogas como descreve o esquema
terapêutico abaixo:


    Quadro 1 – Esquemas TARV preconizados pelo Ministério da Saúde.

                   Esquemas preferências para terapia inicial

                      Preferencial            2 ITRN + ITRNN

                       Alternativo             2 ITRN + IP/r

                 Fonte: BRASIL, 2008.


   Segundo Rakhmanina e Anker (2010) esses dois esquemas de combinação
são os mais utilizados por serem baseados em estudos que demonstraram em
seus resultados que estes regimes suprimem os níveis de RNA do HIV e
aumentam as células CD4+ na maioria dos pacientes, e porque são, em geral,
de posologia mais simples, o que provavelmente facilita a adesão ao
tratamento.
         O esquema preferencial consiste no uso de AZT, 3TC e EFZ, ele passou
a ser proposto, pois, estudos realizados comprovaram que em pacientes
24

virgens de tratamento as taxas virológicas foram equivalentes as taxas obtidas
quando usa-se a terapia com inibidores de protease ou inibidores de preotease
potencializados com ritonavir (IP/r); em relação a posologia do fármaco EFZ,
que por ter longa meia-vida permite maior comodidade ao paciente pela
flexibilidade no horário de tomada, porém esse beneficio tem estreita relação
com o maior risco de falha no caso de haver esquecimento de tomada. Outro
grande benefício observado nestes estudos é que eventos adversos e
interações medicamentosas clinicamente significativas ocorreram com menor
frequência neste tipo de esquema. Em comparação a outro inibidor não-
nucleosídeo da transcripatse reversa (ITRNN) , a nevirapina, o uso de EFZ é
preferencial por ser menos hepatotóxico que esta, não requer ajuste de dose e
pode ser usado quando o paciente faz tratamento de uma infecção oportunista,
como a tuberculose (CHERSICH et al., 2006; BRASIL, 2008; FLEXNER, 2006).
      Entretanto os Inibidores de protease potencializados com ritonavir (IP/r)
oferecem menor probabilidade de desenvolvimento de resistência, ou seja,
requer maior número de mutações do que para resistência ao ITRNN,
enquanto uma única mutação para este último resulta em resistência completa
ao EFZ e a nevirapina (RAKHMANINA; ANKER, 2010; MAGGIOLO, 2011;
BRASIL, 2008).
      Para pacientes portadoras de HIV e gestantes ou então em idade fértil e
com intenção de engravidar, o Ministério da Saúde, enquadra o EFZ na classe
D do FDA, pois ele apresenta, principalmente no primeiro trimestre de
gestação, alto poder teratogênico (BRASIL, 2010d).
      Em estudos realizados em animais a longo-prazo para carcigenocidade
pode-se observar a presença de adenomas e carcinomas hepatocelulares e
adenomas alveolares/bronquiolares pulmonares em camundongos fêmeas,
mas não em camundongos machos, e nos estudo de teratogenicidade quadros
de anencefalia, anoftalmia,    microftalmia foram evidentes no macaco-
caranguejeiro. Em humanos foram relatados quatro casos de anomalias
congênitas do sistema nervoso central em crianças expostas ao EFZ no
primeiro trimestre de gestação, três apresentaram mielomeningocele, uma
herniação congênita dos tecidos meníngeos e da medula espinhal, devido a
defeito ósseo na coluna vertebral; e um má-formação de Dandy-Walker, uma
anormalidade congênita do sistema nervoso central, caracterizada por
25

deficiência do desenvolvimento das estruturas médias cerebelares, dilatação
do quarto ventrículo e deslocamento ascendente dos seios transversais,
tentório e tórcula (BRASIL, 2008; BRASIL, 2010; BRASIL, 2005a).
       Por isso, para esta classe de pacientes é indicado o uso de nevirapina
em substituição ao EFZ. Para as gestantes com carga viral indetectável pode-
se ainda recomendar a troca para um inibidor da protease potencializado com
ritonavir (IP/r) como reforço farmacológico, preferencialmente lopinavir/r
(BRASIL, 2008; HANSON; WHITE, 2004). Chersich e colaboradores (2006)
afirma que regimes de tratamento triplo, como o que usa AZT+3TC+EFZ,
quando iniciados após o primeiro trimestre de gravidez e interrompido depois
do parto, são uma importante e potencial alternativa para a redução de
transmissão vertical, em mulheres grávidas que ainda não necessitam de
tratamento.
      O uso de EFZ em crianças deve somente ser realizado em crianças
acima de 3 anos e acima de 10 kg, e adolescentes; crianças abaixo dos três
anos devem fazer uso de nevirapina. O objetivo principal do TARV em crianças
e adolescentes é a máxima supressão e sustentada da replicação viral,
buscando restaurar e preservar a função imunológica, manter ou retomar o
crescimento e desenvolvimento, reduzir morbidade e mortalidade, tudo isso
associado a melhor qualidade de vida, já que diversos estudos demonstram
que crianças e adolescentes por responder bem a TARV, podendo usar o
mesmo esquema durante anos (BRASIL, 2009).
      No caso de ocorrer falha terapêutica, caracterizada pela elevação dos
níveis de carga viral acima de 5.000 cópias/mL e/ou redução nos níveis de
células CD4+ e/ou ocorrência de infecção oportunista, em vigência de TARV
regular. Nesse caso, o esquema ARV deve ser alterado, preferencialmente
após realização de teste de genotipagem para o HIV, o qual detecta a presença
de mutações nas cepas majoritárias do HIV que estão relacionadas à
resistência a cada um dos medicamentos (FLEXNER, 2006; LOMAR;
DIAMENT, 2005; BRASIL, 2008).
      Contudo, além do tratamento farmacológico é necessário cuidados com
o   paciente    como     aconselhamento,     orientação    e    principalmente
acompanhamento clínico e laboratorial, é muito importante que o paciente
tenha total suporte de familiares e amigos, e se estes não forem possíveis pode
26

ser tornar necessário um acompanhamento psicossocial profissional (MINAS
GERAIS, 2006).
   O Ministério da Saúde, afirma que:


                   Os primeiros seis meses de terapia anti-retroviral correspondem a um
                   período critico para o futuro do tratamento; e o apoio é fundamental e
                   deve ser dado de forma individualizada, conforme as necessidades de
                   cada paciente. São recomendáveis consultas clinicas frequentes – no
                   período entre duas e três semanas após o início da terapia – e
                   posteriormente com intervalos mais longos entre as reavaliações, a
                   medida que o paciente se adapta a nova rotina. Nos casos de
                   diagnóstico tardio e de pessoas com comprometimento clínico e
                   dificuldades sociais importantes, as reavaliações devem ser ainda mais
                   frequentes. Após o início da TARV é recomendável realizar
                   hemograma, plaquetometria, perfil lipídico e provas de avaliação
                   hepática (TGO e TGP) em até 30 dias, particularmente nas situações
                   de deficiência imunológica grave. Posteriormente, os controles
                   periódicos podem ser realizados a cada três a quatro meses (BRASIL,
                   2008).



1.6 PREVENÇÃO



      As medidas de prevenção podem ser basicamente definidas como
antagonista aos modos de transmissão. Porém a âmbito nacional pode-se
destacar as medidas que o governo adota para conter a disseminação da
doença, os programas de educação á população sobre a transmissão do vírus
na tentativa de modificar comportamentos de risco, e a campanha “Previna-se”
do Ministério da Saúde, que distribui preservativo gratuitamente em diversos
eventos e diariamente na rede pública de saúde (BRASIL, 2011a; MANUAL
MERCK, 2011).

      Pode-se dizer também que além de prevenir a transmissão do HIV para
outras pessoas, as medidas preventivas também podem evitar a reinfecção e a
aquisição de outros agravos, como Sífilis, vírus da hepatite B (HBV) e/ou vírus
da hepatite C (HCV) (RESENDE, 2005). Entre as medidas que devem ser
sistematicamente realizadas na atenção aos portadores do HIV estão:
    Aconselhar o paciente para reduzir as situações de risco relacionadas a
       exposições sexuais e uso de drogas, incluindo práticas orais
       desprotegidas;
27


      Pesquisar sintomas e tratar DST, reduzindo o risco de reinfecção pelo
       HIV;
      Estimular a avaliação das parcerias sexuais;
      Discutir sobre uso de álcool e outras drogas na perspectiva da redução
       de danos, quando pertinente;
      Disponibilizar insumos de prevenção e orientar o portador sobre o uso
       correto dos mesmos.
       (BRASIL, 2011a; BRASIL, 2008)


   No entanto, as medida de prevenção propriamente ditas podem ser
resumidas conforme o quadro a seguir:


   Quadro 2 – Estratégias para prevenção de contaminação pelo HIV

                          Estratégias para prevenção do HIV

  Para os indivíduos não infectados              Abstinência sexual
                                                 Sexo protegido
  Para os indivíduos HIV positivos               Abstinência sexual
                                                 Sexo protegido
                                                 Evitar a gravidez
                                                 Não doar sangue ou órgãos
                                                 Notificar o(s) parceiro(s) (anterior e
                                                  atual).
  Para os usuários de drogas                     Deixar de compartilhar ou reutilizar
                                                  agulhas
                                                 Participar de programas de
                                                  tratamento para usuários de droga
  Para os profissionais                          Utilizar luvas de látex sempre que
                                                  houver possibilidade de contato
                                                  com líquidos corpóreos
                                                 Utilizar e descartar as agulhas de
                                                  modo adequado
  Fonte: MANUAL MERCK, 2011.
28

2 EFAVIRENZ



      A estrutura química do EFZ, apresentada logo abaixo, foi descoberta
pela Merck Research Laboratories, em 1992, e licenciada para a empresa
DuPont Merck Pharmaceutical, hoje Bristol-Myers Squibb Company, em 1994
para o desenvolvimento e marketing em determinados países. Foi aprovada
pelo FDA em 21 de setembro de 1998, registrada na Anvisa em três de
novembro de 1998, e distribuído pelo Ministério da Saúde brasileiro desde
agosto de 1999 (BRASIL, 2010a; MERCK & Co, 2002).


                 Figura 2 – Estrutura química do efavirenz




                          Fonte: BARREIRO, 2007.


      Sua molécula, 1,4-diidro-2H-3,1benzoxazin-2-ona é opticamente ativa e
com massa molecular de 315, 68. Possui aparência de pó cristalino branco ou
levemente amarelado com faixa de fusão de 136ºC – 141ºC, sendo
praticamente insolúvel em água, mas, solúvel em metanol e diclorometano
(CLERCQ, 2001 apud VIANA et al., 2006; FLEXNER, 2006).
      O EFZ é um inibidor seletivo não nucleosídeo da transcriptase reversa
(ITRNN) de primeira geração, do vírus da imunodeficiência humana tipo 1 (HIV-
1), um componente muito importante da terapia antiretoviral altamente ativa
(HAART) no tratamento da infecção causada por este, a Aids. Sua eficácia foi
estabelecida por vários estudos, randomizados e observacionais, em pacientes
virgens de tratamento, incluindo aqueles com infecção avançada (EFAVIRENZ,
2009; RAKHMANINA; ANKER, 2011).
      Ele contribui no aumento da sobrevida do paciente infectado pelo vírus,
sendo amplamente utilizados em virtude de sua conveniência, eficiência e sua
29

tolerabilidade a longo prazo. Este fármaco inibe de forma não competitiva a
enzima TR do HIV-1, por sua característica específica no que diz respeito a
matriz e trifosfatos básicos ou nucleosídeos, com um pequeno componente de
inibição competitiva (CHERSICH et al., 2010; RAKHMANINA; ANKER, 2011).
      O EFZ foi aprovado em processo acelerado pelo FDA para uso em
combinação com outros agentes ARV, com base nos resultados de ensaios
clínicos. Ele é considerado o ITRNN preferencial, como parte de HAART inicial,
exceto para mulheres grávidas (especialmente durante o primeiro trimestre) ou
em mulheres em idade fértil que estão planejando engravidar ou que são
sexualmente ativas e não fazem uso de métodos contraceptivos eficazes e
consistentes. Além disso, EFZ é usado também na profilaxia pós-exposição
para prevenir a transmissão do HIV em profissionais de saúde e outros
indivíduos com exposição não-ocupacional ao HIV (RAKHMANINA; ANKER,
2010). Segundo Flexner (2006), estudos clínicos prospectivos randomizados
comprovaram que nenhum esquema ARV até hoje produziu resposta ao longo
prazo mais satisfatória do que qualquer esquema contendo EFZ.
      A Bristol-Myers Squibb tem direitos de comercialização exclusivos do
EFZ nos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, República da Irlanda, França,
Espanha, Itália e Alemanha, sob a marca STOCRIN® e nos outros países sob
a marca SUSTIVA®. Através de suas subsidiárias e parceiros de marketing, a
MSD tem direitos exclusivos de comercialização em todos os outros países do
mundo (MERCK & Co, 2002).
      No Brasil, está presente na RENAME desde a publicação da Portaria nº
1.587, de 3 de setembro de 2002. Teve seu licenciamento compulsório
decretado desde o ano de 2007 pelo Governo Federal Brasileiro, que desde o
ano   de   2009   produz   pelos   seus laboratórios oficiais liderados por
Farmanguinhos, a demanda necessária para suprir a necessidade do país
(CHAVES, 2006).
      Chaves (2007) especula que a MSD investiu uma quantia aproximada de
US$ 800 milhões para desenvolver o EFZ. Somente com as vendas ao Brasil a
empresa, em 2006, faturou US$ 40,6 milhões, valor que sozinho representa 5%
do que foi investido. Já no ano de 2004, este medicamento alcançou a venda
mundial de US$ 621 milhões e foi o ARV mais prescrito nos Estados Unidos.
Considerando que o EFZ é um fármaco consumido em todo o mundo já há
30

alguns anos, é possível constatar que o gasto inicial já foi suprido e que os
lucros da farmacêutica devem ultrapassar duas casas de milhão.



2.1 LICENCIAMENTO COMPULSÓRIO



2.1.1 Patentes



      Para entendermos todo o processo de concessão de licença
compulsória, necessitamos entender alguns termos e aspectos relacionados.
Começamos falando sobre as patentes. Criada no século XIX, patente é um
título de propriedade temporária sobre uma invenção ou modelo de utilidade,
outorgados pelo estado aos inventores ou autores ou outras pessoas físicas ou
jurídicas detentoras de direitos sobre a criação. Em contrapartida, o inventor se
obriga a revelar detalhadamente todo o conteúdo técnico da matéria protegida
pela patente (BRASIL, 2011c).
      Na prática o requerimento de patente sobre invenção, descoberta ou
inovação, ou ainda algo que seja original, é uma forma de assegurar a
propriedade intelectual do requerente. Quando a patente é requerida o seu
detentor tem o direito de explorá-la comercialmente e exclusivamente por um
período já pré-determinado (COUTINHO, 2007).
      O seguinte artigo da Lei 9.279/96 esclarece o que, especificamente, não
está disponível para patenteamento, e por exclusão, revela o que é
patenteável:


                      Art. 10. Não se considera invenção nem modelo de utilidade:
                      I - descobertas, teorias científicas e métodos matemáticos;
                      II - concepções puramente abstratas;
                      III - esquemas, planos, princípios ou métodos comerciais, contábeis,
                      financeiros, educativos, publicitários, de sorteio e de fiscalização;
                      IV - as obras literárias, arquitetônicas, artísticas e científicas ou
                      qualquer criação estética;
                      V - programas de computador em si;
                      VI - apresentação de informações;
                      VII - regras de jogo;
                      VIII - técnicas e métodos operatórios ou cirúrgicos, bem como
                      métodos terapêuticos ou de diagnóstico, para aplicação no corpo
                      humano ou animal; e
                      IX - o todo ou parte de seres vivos naturais e materiais biológicos
                      encontrados na natureza, ou ainda que dela isolados, inclusive o
31

                      genoma ou germoplasma de qualquer ser vivo natural e os
                      processos biológicos naturais (BRASIL, 1996).


      Portanto os medicamentos são passíveis de patente, sendo capaz de
suprir, na sua comercialização, os gastos com pesquisa, tecnologia,
desenvolvimento, testes e ensaios clínicos, e isto é o que confere a detentora o
poder de definir a política de preços que esta empresa deseja praticar. Porém,
no caso de medicamentos, a própria legislação patentária brasileira prevê, no
Art. 229-C da Lei 10.196/01, a qual altera e acresce dispositivos a Lei 9.279/96,
que para obter a concessão de patente para produtos e processos
farmacêuticos é necessário atender as especificações da ANVISA, Agência
Nacional de Vigilância Sanitária, pois só ela possui competência para conceder
o registro para comercialização, e mediante este registro a empresa pode
comercializar seu produto (COUTINHO, 2007; RODRIGUES; SOLER, 2009).
      Para a exploração de patente por um terceiro, o Art. 68 da Lei 9.929/96
prevê que o titular de patente ou o depositante poderá celebrar contrato de
licença para exploração (BRASIL, 1996).
      Quando há a concessão da licença para exploração, o seu detentor
recebe uma remuneração referente a uma porcentagem da venda deste
produto explorado na forma de “Royalties” (CHAVES, 2007).
      Segundo Coutinho (2007) há três espécies de licenças: a voluntária –
quando o titular da patente realiza contrato de licença para exploração, e
aquele concede poderes ao licenciado para defender os interesses da patente;
oferta de licença – quando o titular requer ao INPI, Instituto Nacional da
Propriedade Industrial, que oferte sua patente para que esta seja explorada,
tendo, contudo, possibilidade de ser cancelada em certos casos; e a licença
compulsória prevista pelos artigos 68 a 74 da lei nº 9.279/96, segundo estes,
ficam sujeitos a ela o titular que: exercer seus direitos de forma abusiva;
praticar abusos de direito econômico; que não explore o objeto da patente, por
falha na sua fabricação, em território brasileiro; que não utilize o processo
patenteado em sua integralidade; ou que não o comercialize de forma a
satisfazer às necessidades do mercado.


2.1.2. Acordo TRIPS
32

      Em 1883, onze países fundaram a Convenção de Paris na busca de
estabelecer regras e padrões globais buscando proteger suas marcas e
patentes, posteriormente houveram várias revisão, as quais o Brasil sempre
respeitava atualizando sua legislação, porém com foco nos interesses
nacionais (RODRIGUES; SOLER, 2009) .
      O Brasil sendo um país integrante da OMC, Organização Mundial do
Comércio, devia também respeitar o que propunha o Acordo sobre os Aspectos
dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio, ou Acordo
TRIPS (Trade-Related Aspects of Intellectual Property Rights), que entrou em
vigor em janeiro de 1995, e tem como objetivo a aplicação das normas de
proteção dos direitos referentes a propriedade intelectual, buscando diminuir as
barreiras do comércio internacional. Além de outras disposições ele prevê
padrões mínimos quanto à questão de patentes, para isso, os países
participantes deveriam elaborar e implantar legislações patentárias condizentes
aos princípios do acordo TRIPS (COUTINHO, 2007; CHAVES, 2007).
      Neste momento, o Brasil teve que se adequar aos vários acordos da
OMC, e por sua vez, no ano de 1996 promulgou a Lei n° 9.279, que trata
especificamente sobre as patentes. A Lei nº 9.279/96 dispõe sobre os direitos e
obrigações sobre propriedade industrial seguindo todas as determinações
exigidas pelo Acordo TRIPS, obrigando se ao mesmo a partir de janeiro de
2000, quando o prazo para adequação dos países em desenvolvimento se
encerrou. Neste mesmo ano os Estados Unidos passaram a contestar a
legislação patentária brasileira por conta dos itens que discriminam a questão
da licença compulsória prevista nos seguintes artigos:


             Art. 68. O titular ficará sujeito a ter a patente licenciada compulsoriamente se
             exercer os direitos dela decorrentes de forma abusiva, ou por meio dela
             praticar abuso de poder econômico, comprovado nos termos da lei, por decisão
             administrativa ou judicial.
             Art. 71. Nos casos de emergência nacional ou interesse público, declarados em
             ato do Poder Executivo Federal, desde que o titular da patente ou seu
             licenciado não atenda a essa necessidade, poderá ser concedida, de ofício,
             licença compulsória, temporária e não exclusiva, para a exploração da patente,
             sem prejuízo dos direitos do respectivo titular (BRASIL, 1996).


      Segundo Rodrigues e Soler (2009), para os EUA, os artigos em questão
feriam regras internacionais e não garantia que uma patente seria respeitada,
requerendo então que fossem retirados. A respeito do Art. 68 os Estados
33

Unidos afirmavam que se este fosse aplicado, as empresas detentoras dos
direitos patentários poderiam ser severamente prejudicadas, pois o preço
cobrado por seus produtos embutem custos com pesquisa e desenvolvimento,
profissionais, e todas as tecnologias investidas; e por fim, referente ao Art. 71
são questionados os termos como “emergência nacional” e “interesse público”
por serem expressões sem significado delimitado, ou seja, podem ocorrer
diversas interpretações em relação a estas expressões. O Brasil se defendia
alegando     que   os   Estados   Unidos   estavam    adotando    uma    postura
excessivamente protecionista aos lucros de sua indústria farmacêutica, o que
prejudicava os esforços do governo brasileiro, que se baseava na produção de
remédios genéricos mais baratos afim de garantir o acesso ao medicamento
por toda a população – neste momento a lei dos genéricos já estava em vigor
no Brasil.
       Entretanto, a Lei de patentes estava conforme as regras da OMC, a
legislação implantada pelo Brasil atendia aos interesses do país, sem
desrespeitar o que era proposto nos acordos internacionais. No Acordo TRIPS
o licenciamento compulsório está previsto no Art. 31, e entre suas alíneas
confirma que quando fundado no interesse público deve ser concedido para
uso não comercial, exploração não exclusiva, e de forma temporária, ou seja,
deve ter o prazo de vigência determinado, podendo, entretanto, ser prorrogado,
perdurando enquanto existir o interesse público. Ressalta-se que, de qualquer
forma, esta assegurada a remuneração devida ao detentor da patente
(BRASIL, 2011b).
       Quando a declaração de Doha sobre o TRIPS e Saúde pública, foi
assinada pelos participantes da OMC, reafirmou-se o direito dos países de
proteger a saúde pública por meio da utilização, por exemplo, de licenças
compulsórias quando há a necessidade de garantir o acesso ao medicamento,
pois nos países desenvolvidos este mecanismo é utilizado a fim de impedir
práticas anticompetitivas tanto na área tecnológica, quanto na área
farmacêutica (RODRIGUES; SOLER, 2009; SOARES; CORREA, 2010).
       Os países conflitantes fecharam um acordo no ano de 2001, os EUA
retirando suas queixas sobre os artigos 68 e 71 da Lei nº 9.279/96 e por outro
lado o Brasil se comprometeu em comunicar a empresa detentora da patente
qualquer possível intenção de se utilizar deste recurso de licenciamento ou
34

pedido de “quebra de patente”, com certa antecedência (RODRIGUES;
SOLER, 2009; COUTINHO, 2007).



2.1.3 O caso do Efavirenz



      No ano de 2007 o Governo Federal oficializou a importância do
medicamento EFZ para o tratamento de pacientes com AIDS no país,
licenciando compulsoriamente o medicamento. Ao declarar seu interesse o
país se baseou no artigo 31 do Acordo TRIPS e no fato de que o EFZ é um
fármaco indispensável no tratamento do HIV/AIDS, e que o número de
infectados no Brasil é crescente a cada ano, e com essa medida o Brasil
garantiria que não houvesse desabastecimento no Programa Nacional de
DST/AIDS. Porém antes de declarar seu interesse no licenciamento, o Governo
Federal brasileiro passou por um longo período de negociação com o
laboratório MSD buscando a redução dos preços praticados, que no ano de
2006 era de US$1,59/comprimido ou custo anual de US$580 por paciente
(CHAVES, 2007; HOIRISCH, 2010).
      O país tentou uma negociação favorável para o contrato do ano de 2007,
baseando-se no fato de que outros países adquiriam o mesmo produto por
preços menores, porém a empresa não demonstrou interesse em baixar seus
preços, levando assim ao fim das negociações (CHAVES, 2007; RODRIGUES;
SOLER, 2009).
       A empresa não levou em consideração a demanda brasileira crescente,
o compromisso com acesso universal ao medicamento, e o fato do EFZ ser um
medicamento de primeira escolha para o tratamento da AIDS, conforme o
protocolo atual. A MSD, durante as negociações, propôs um acordo de
cooperação, segundo o qual haveria a transferência de tecnologia para
Farmanguinhos com conclusão somente em 2011, sendo que a licença se
encerraria   no   ano   seguinte   2012,   e   até   a   completa   transferência
Farmanguinhos estaria autorizada somente a produzir as embalagens
primárias e secundárias e sua rotulagem. Por este acordo, haveria uma
diminuição de 12% no valor do fármaco, porcentagem esta que representa o
valor, somente, da isenção tributária da importação dos insumos, que por este
35

mesmo acordo deveriam ser comprados da própria CD4+. Analisada a proposta,
conclui-se que este acordo de cooperação não atendia ao interesse nacional
sobre o medicamento, e por isso foi recusado pelo Governo Federal do Brasil
(BRASIL, 2011b).
      A empresa então propôs uma redução de 2% no preço, continuando a
não atender as expectativas do país, o qual pedia preços iguais aos praticados
para com a Tailândia, que segundo o Ministério da Saúde era de US$ 20,21
por frasco com 30 comprimidos de 600mg; para apresentação em 200mg em
frasco de 30 comprimidos US$ 24,41; e para a solução oral de 180mL, o país
aceitava os preços praticados para os países de primeira categoria, ou seja,
US$ 16,92 por frasco de 30mg/ml, porém, novamente a empresa se recusou
(RODRIGUES; SOLER, 2009; BRASIL, 2011b).
      As negociações que se iniciaram em novembro de 2006, terminaram
sem nenhuma decisão, mas ao declarar o interesse público, a empresa que se
mostrava irredutível fez uma última proposta de redução de 30% do valor pago
pelo Brasil, entretanto, o governo não aceitou a proposta e declarou o
licenciamento compulsório, importando, primeiramente, versões genéricas da
Índia, para depois dar início à produção local pagando uma taxa de 1,5% de
royalties a MSD, até o ano de 2012, quando nesta data poderá ser prorrogada
a licença compulsória se o interesse público continuar (BRASIL, 2011b).
      Neste ano em que foi feito o licenciamento compulsório do EFZ ele era o
medicamento ARV usado em 38% dos pacientes em tratamento, e para o ano
de 2007, a expectativa era de 200 mil infectados e destes 75 mil fariam
tratamento com EFZ. A política de preços da MSD baseia-se no IDH (Índice de
desenvolvimento humano) e/ou na taxa de infectados pelo HIV, com isso os
custos variam de US$ 277,40 a US$ 697,00 por paciente/ano, porém no Brasil
os preços para este fármaco, mesmo com um número crescente de novos
casos no país, os preços se mantinham iguais desde o ano de 2003 e a
empresa detentora não demonstrou, em momento algum, interesse em instituir
uma nova política de preços (RODRIGUES; SOLER, 2009; COUTINHO, 2007;
BRASIL, 2010).
      O Brasil recebeu através do Fundo das Nações Unidas para a Infância
(UNICEF) e da Organização Pan-americana da Saúde (OPAS) propostas de
fornecimento do EFZ 600 mg por laboratórios pré-qualificados pela OMS com
36

preços variando entre US$163,22 por paciente/ ano ou US$ 0,4472/comprimido
a US$ 166,36 por paciente por ano ou US$ 0,4558/comprimido. Estes preços
permitiriam uma contenção de gastos, somente com o EFZ 600mg, de 2007 a
2012, data da expiração da patente, um valor de US$ 236.852.000,00
comparando o preço ofertado pelo MSD de redução de 2% ao país, aos
oferecidos pelos laboratórios indianos pré-qualificados pela OMS, calculado já
com a estimativa de infectados até este ano, o que garantiria o não
desabastecimento do Programa Nacional de DST/AIDS (BRASIL, 2011b;
CHAVES, 2007).
      O primeiro lote do medicamento genérico chegou ao Brasil em julho de
2007, já com uma economia de US$ 30 milhões de reais. O processo de
compra deste primeiro lote ficou a cargo do UNICEF, o segundo ficou sob
responsabilidade da OPAS. Os laboratórios Indianos selecionados foram o
Aurobindo e o Ranbaxy, o último lote comprado foi entregue em março de
2008, pois a carga total de 27 milhões de comprimidos entregues em sete lotes
garantiria o acesso até março de 2009, a partir desta data é Farmanguinhos
que está disponibilizando ao Ministério da Saúde o medicamento EFZ, sendo
acompanhado pelo Comitê Técnico Regulatório da ANVISA, todo o processo
de desenvolvimento, produção e registro no Brasil do EFZ (CHAVES, 2007).
      Rodrigues e Soler (2009) afirmam que esta medida garante ao Brasil,
além de economia, credibilidade na negociação de preço de medicamentos e
fortalece a produção nacional de fármacos e transferência de tecnologia.



2.2 CARACTERÍSTICAS FARMACOLÓGICAS



2.2.1 Farmacocinética



2.2.1.1 Absorção



      O   EFZ      é   bem absorvido   pelo   trato   gastrointestinal   e   atinge
concentrações      plasmáticas   máximas   que   variam    de   505,12mg/ml      a
2872,9mg/ml do fármaco, dentro de 5 horas após a administração de doses
37

únicas de 100mg a 1600mg administradas via oral a voluntários não infectados.
Para pacientes que estão em estado de nível de carga viral controlado, as
concentrações plasmáticas foram alcançadas de 6 a 7 dias (EFAVIRENZ,
2009).
         Segundo Rakhmanina e Anker (2010) e Flexner (2006) o aumento da
Cmáx e a curva da concentração plasmática de EFZ em relação ao tempo, são
proporcionais à dose para 200, 400, 600 mg. Os aumentos são menos
proporcionais para a doses elevadas, como a de 1600 mg, o que evidencia a
menor absorção.
         O EFZ pode ser administrado com ou sem a presença de alimentos,
entretanto,    a    sua   biodisponibilidade     aumenta   entre   22%   e   17%,
respectivamente, em refeições com alto teor de gordura, em uma dose única
de 600mg, ou com uma refeição de composição normal em relação a
biodisponibilidade da dose de 600mg administrada em jejum. Recomenda-se
ainda que inicialmente o fármaco deve ser tomado ao deitar, para que possa
haver redução dos efeitos colaterais. (EFAVIRENZ, 2009; FLEXNER, 2006).



2.2.1.2 Distribuição



         Flexner (2006) e Kuchenbecker (2006) relata que taxas entre
aproximadamente 99,5 – 99,75% da dose de EFZ se ligam as proteínas
plasmáticas,       predominantemente    a      albumina,   em   consequência,   as
concentrações no líquor variam de 0,26% a 1,19% (média 0,69%) da
concentração plasmática correspondente. Essa proporção é aproximadamente
3 vezes maior que a fração livre de EFZ no plasma. O referido autor ressalta
que a importância clínica dessa baixa penetração no SNC não está bem
esclarecida, visto que os principais efeitos tóxicos do EFZ envolvem o SNC.



2.2.1.3 Biotransformação



         Estudos realizados demostraram que o EFZ é metabolizado por via
hepática, e convertido em metabólitos hidroxilados inativos ao HIV-1 pelo
38

sistema do citocromo P450. Estudos in vitro demostraram que CYP3A4 e
CYP2B6 são as principais isoenzimas relacionadas ao metabolismo do EFZ
com contribuição parcial a CYP2A6 (RAKHMANINA; ANKER, 2010).
      O EFZ demonstrou induzir as enzimas do citocromo P450, o que resulta
na indução do seu próprio metabolismo. Doses múltiplas de 200-400 mg ao dia
durante 10 dias resultaram em acúmulo menor do que o previsto (22-42% mais
baixo) e em meia-vida terminal mais curta de 40-55 horas (meia-vida da dose
única: de 52-76 horas) (EFAVIRENZ, 2009).
      Maggiolo   (2011),   Rakhmanina    e   Anker (2010) relatam que       a
concentração plasmática de EFZ é aumentada em pacientes com o genótipo
homozigoto G516T de CYP2B6, frequentes em pacientes de ascendência
africana, indicando que seja necessário o ajuste da dose, sem que haja
comprometimento da supressão virológica. Em crianças, o polimorfismo G516T
também afeta a depuração do EFZ. Entretanto, os dados atuais sobre os
efeitos dos polimorfismos CYP2B6 para EFZ no resultado clínico é limitado,
assim como o seu impacto na resposta virológica e imunológica a longo prazo.



2.2.1.4 Eliminação



      EFZ tem meia vida terminal relativamente longa, pelo menos 52 horas
para após administração de doses únicas e de 40 – 55 horas para doses
múltiplas, o que possibilita a tomada única. Maggiolo (2010) ressalta que ao
administrar EFZ em combinação com didanosina e emtricitabina, a meia vida
dele passa a ser de aproximadamente 24 horas, entretanto a combinação
continua sendo eficaz e bem tolerada em terapia em longo prazo.
      Em porcentagem, doses radioativamente marcadas puderam ser
recuperadas de 14 a 34% na urina e menos de 1% foi excretada na forma
inalterada, e entre 16 a 61% nas fezes, principalmente na forma inalterada
(RAKHMANINA; ANKER, 2010).
      Em relação ao paciente com comprometimento renal, pode-se afirmar
que o impacto na excreção do EFZ deve ser mínimo, já que menos de 1% da
droga foi excretada na forma inalterada, entretanto, não há estudos realizados
39

que abordam mais profundamente esta questão , assim como, para pacientes
com comprometimento hepático (EFAVIRENZ, 2009).



2.2.2 Farmacodinâmica



      EFZ é um inibidor não competitivo seletivo da TR do HIV-1, porém ele
não atua com efeito inibitório sobre TR do HIV-2 ou DNA polimerases celulares
alfa, beta, gama ou delta. O medicamento se liga diretamente à TR e inibe o
RNA-viral e DNA-dependentes atividades DNA polimerase por perturbar o sítio
catalítico. Apesar do complexo droga-enzima podem continuar a ligar trifosfato
desoxinucleótidos e catalisar sua incorporação ao DNA viral recém-formando,
em um ritmo mais lento (EFAVIRENZ, 2009).
       Segundo Rakhmanina e Anker (2010) a supressão em longo prazo da
replicação do HIV tem sido associada com a manutenção de concentrações
mínimas >1 mcg/mL em adultos e crianças, enquanto as concentrações
mínimas superiores a 4 mcg/mL têm risco adverso aumentado comprovado ao
sistema nervoso central, quais os efeitos podem levar à interrupção do TARV.



2.2.3 Eficácia


      Conforme descrito na própria bula do medicamento, a eficácia do EFZ foi
descrita a partir de estudos clínico (ANEXO A).



2.2.4 Interações medicamentosas



      As seguintes medicações não podem ser tomadas juntas com efavirenz:
astemizol, cisaprida, terfenadina, midazolam, triazolam e derivados do ergot. A
administração desses medicamentos com efavirenz pode causar efeitos
adversos graves e/ou risco de vida. Não é recomendado tomar produtos
contendo erva de São João (Hypericum perforatum) com efavirenz, pois eles
podem diminuir o seu efeito ou de outros medicamentos utilizados para tratar a
infecção causada pelo HIV (EFAVIRENZ, 2009).
40

      O   EFZ    diminui    as concentrações de         fenobarbital,   fenitoína   e
carbamazepina. São necessários cuidados especiais quando o paciente está
em uso de claritrominicina, rifampicina e metadona (FLEXNER, 2006;
KUCHENBECKER, 2006).
      Efavirenz nunca deve ser usado isoladamente; deve ser sempre
administrado em combinação com outros medicamentos anti-HIV, como os
inibidores de proteases (nelfinavir e indinavir) e os inibidores da ITRNs. A dose
de indinavir deve ser aumentada quando efavirenz e indinavir forem
administrados concomitantemente. O uso de efavirenz com saquinavir não é
recomendado (EFAVIRENZ, 2009).



2.2.5 Reações adversas


      O EFZ foi geralmente bem tolerado em estudos clínicos que envolveram
mais de 9.000 pacientes. Em um subgrupo de 1.008 pacientes que receberam
600 mg ao dia de EFZ em combinação com inibidores da protease e/ou ITRNs
em estudos clínicos controlados, os efeitos indesejáveis relacionados ao
tratamento relatados mais freqüentemente, cuja gravidade foi no mínino
moderada, e que ocorreram em pelo menos 5% dos pacientes foram: erupção
cutânea (11,6%), tontura (8,5%), náuseas (8,0%), cefaléia (5,7) e fadiga
(5,5%). A frequência dos relatos de náuseas foi mais alta nos grupos controle
(EFAVIRENZ, 2009).
      Sarita (2010) e Flexner (2006) destacam como principais efeitos
adversos do EFZ a erupção cutânea e os efeitos colaterais no sistema nervoso
central, como tonturas e sonhos vívidos, sendo transitórios e gerenciáveis na
maioria dos pacientes, os quais afetam pelo menos 53% dos pacientes em
tratamento com o fármaco.
      Outros efeitos indesejáveis relacionados ao tratamento e clinicamente
significativos, porém menos freqüentes, relatados em todos os estudos clínicos
incluem: reações alérgicas, coordenação anormal, ataxia, confusão, estupor,
vertigem, vômitos, diarréia, hepatite, diminuição da concentração, insônia,
ansiedade,   alteração     do   padrão   de   sonhos,     sonolência,    depressão,
41

pensamentos anormais, agitação, amnésia, delírios, labilidade emocional,
euforia, alucinações e psicoses (EFAVIRENZ, 2009; KUCHENBECKER, 2006).
      Outros efeitos indesejáveis, relatados por meio de farmacovigilância,
incluem neuroses, reações paranóides, convulsões, prurido, dor abdominal,
visão turva, ginecomastia e insuficiência hepática. O tipo e a freqüência dos
efeitos indesejáveis em crianças foram, em geral, similares aos observados em
pacientes adultos, à exceção da erupção cutânea, que foi mais frequente e
geralmente mais grave nas crianças do que nos adultos (EFAVIRENZ, 2009).
42

3 MÉTODO



       Este estudo foi realizado através de pesquisa de dados em prontuários
de pacientes infectados pelo HIV que recebem TARV de EFZ em associação
com medicamentos da mesma classe terapêutica, sendo geralmente AZT +
3TC.
       O estudo baseia-se na análise de dados dos pacientes em tratamento e
acompanhamento pelo CADIP da cidade de Fernandópolis.
       Os dados analisados são referentes ao sexo, idade, data do diagnóstico
do vírus, data do início do tratamento com EFZ, contagem de células CD4+ e
carga viral acompanhados da data de realização do primeiro e último exame
realizado que constavam no prontuário. Outros dados, como associação com
outros fármacos e mudança de esquema terapêutico também foram
registrados.
       A análise inicial contou com um número total de 118 prontuários de
pacientes em tratamento com EFZ em qualquer tipo de combinação, porém a
amostra efetiva para realização desse trabalho foi de 48 prontuários, pois
pacientes que não continham em seus prontuários, qualquer um dos dados
necessários foram descartados para aumentar a confiabilidade e diminuir a
margem de erro do trabalho.



3.1 CAMPO DE PESQUISA


       A cidade de Fernandópolis, está localizada no extremo noroeste de São
Paulo, a 555 km da capital paulista. Ocupando uma área de 549,5 km²,
incluindo o distrito de Brasitânia que se localiza a 21 km da cede. O município é
considerado referência em uma microregião de 13 municípios, com grande
representação educacional principalmente no quesito ensino superior, que se
encontra em crescente expansão. Na área da saúde, Fernandópolis também
encontra-se como centro de referência, não só para municípios situados em
sua microregião, mas também para municípios de regiões vizinhas, como
Triângulo Mineiro, Mato Grosso do Sul e até sul de Goiás (FERNANDÓPOLIS,
2002 apud PINTO NETO, 2004).
43

      A população do município é de 64.696 habitantes. A densidade
demográfica é de 112,3 habitantes por km² com uma taxa anual de crescimento
de 1,08%. A cidade está dividida em “100 bairros”. A taxa de urbanização é de
95,9% (BRASIL, 2011c). O abastecimento de água do município é realizado
pela empresa Sabesp, que inclui o Distrito de Brasitânia, e cobre 94,4% da
malha urbana dos imóveis residenciais; quanto à rede coletora de esgoto, que
também inclui o Distrito de Brasitânia, cobre 98% do município, totalizando
20.959 ligações (PINTO NETO, 2004; FERNANDÓPOLIS, 2011).
      A coleta de lixo hospitalar/farmacêutico é realizada por uma empresa
terceirizada, diariamente, sendo o mesmo encaminhado para São José do Rio
Preto para destinação adequada. O lixo em Fernandópolis é recolhido e levado
ao aterro sanitário da cidade (FERNANDÓPOLIS, 2011).
      A rede de Serviços de Saúde do município é constituída por diversos
equipamentos de caráter privado, filantrópico, público estadual e municipal. O
município adotou dentro do processo de descentralização/ municipalização da
saúde, a Gestão Plena da Atenção Básica Ampliada. A Diretoria Municipal de
Saúde é constituída por um diretor (gestor), uma Coordenadoria de
Enfermagem, uma Coordenadoria Odontológica, um Serviço de Vigilância
Epidemiológica e um Serviço de Vigilância Sanitária, entre outras áreas (PINTO
NETO, 2004).
      A rede hospitalar é constituída por um hospital privado de pequeno porte
e um hospital filantrópico (Santa Casa da Misericórdia) de médio porte,
conveniado ao SUS, e é a principal referência hospitalar da região. A rede de
saúde pública estadual é constituída de um Ambulatório de Especialidades e
dois Laboratórios do SUS que atendem aos usuários do SUS dos treze
municípios da micro-região. Também está situado na cidade, um Núcleo de
Hemoterapia, subordinado ao Hemocentro de Ribeirão Preto, que atende
aproximadamente cinqüenta municípios (PINTO NETO, 2004).
      A rede de saúde publica municipal está constituída por nove Unidades
Básicas de Saúde (Atendimento médico, odontológico e vacinação), uma delas
situada no distrito de Brasitânia, seis Programas da Saúde da Família (PSF),
treze Estratégia Saúde da Família (ESF), um Centro de Atendimento de
Doenças Infecto-Parasitárias (CADIP), um Centro de Atendimento Psico-Social
(CAPS), um Programa Sentinela, um Central de Atendimento a Saúde, onde
44

está    instalado    o   Consórcio    Intermunicipal     para   consultas   médicas
especializadas, coleta do exame do pezinho e sala para aplicação de
imunobiológicos (CISARF) e uma Central de Saúde onde funciona a Diretoria
Municipal de Saúde. Ainda, esta em construção um ambulatório de
especialidades médicas (AME) e um centro de reabilitação da rede Lucy
Montoro, e os serviços do atendimento móvel de urgência (SAMU) e o
Ambulatório de álcool e drogas (FERNANDÓPOLIS, 2011).
        Em toda rede pública de saúde do município, são distribuídas
gratuitamente preservativos, folders de conscientização, assim como cartazes
divulgando os testes rápidos para diagnósticos e aconselhamento para
pacientes considerados grupo de risco, além das ações promovidas pela
prefeitura do município (FERNANDÓPOLIS, 2011).



3.2 CARACTERIZAÇÕES GERAIS DA UNIDADE DE SAÚDE ONDE SE
DESENVOLVEM AS AÇÕES DO PROGRAMA NACIONAL DST/AIDS.



        O CADIP foi inaugurado em dezembro de 2001, localizado em um bairro
periférico da cidade, de fácil acesso. Sua estrutura é constituída por uma sala
de recepção com sanitários, uma farmácia, uma sala de fisioterapia, um
consultório odontológico, três consultório sendo um deles ginecológico com
sanitário, outro com sala de biopsia e curativos, uma sala de vacina, uma sala
administrativa e de reuniões, deposito, área para estudos e trabalhos, sanitário,
área de limpeza e desinfecção de material, copa e área de serviços.
Recentemente a unidade passou por obras de adequação para garantia de
acessibilidade por portadores de deficiência e idosos (PINTO NETO, 2004;
FERNANDÓPOLIS, 2011).
        Esta unidade municipal é gerenciada pela Diretoria Municipal de Saúde,
serve como referência aos treze municípios da micro-região de Fernandópolis,
onde é oferecido atendimento ambulatorial, das sete às 17 horas, e das 19 às
23     horas, de    segundas   às    sextas-feiras,    aos   suspeitos,   doentes   e
comunicantes de doenças infecto-contagiosas e parasitárias, que conta com os
principais programas: Programa de Controle das DST/AIDS, Programa de
Controle da Tuberculose, Programa de Controle das Hepatites Virais e
45

Programa de Eliminação da Hanseníase. A unidade conta com uma equipe de
multiprofissionais, altamente capacitados, treinados e especializados para o
manejo de pacientes com doenças infecto contagiosas (PINTO NETO, 2004;
FERNANDÓPOLIS, 2011).
      Na sua inauguração foi elaborado, pelo então secretario de saúde
juntamente com a equipe da unidade, um documento titulado “Elenco sãs
atividades a serem desenvolvidas no CADIP”, com o intuito que as ações
desenvolvidas na unidade, atendessem as normatizações dos programas
referentes às especialidades tratadas. Neste documento também consta que a
unidade se constitui em “espaço para estudos e realização de pesquisas de
graduação e pós-graduação em todos os níveis” (FERNANDÓPOLIS, 2002
apud PINTO NETO, 2004).
46

   4 RESULTADOS E DISCUSSÃO



      Dos pacientes que estão em tratamento com EFZ na unidade e tiveram
seus prontuários analisados e dados validados para a realização do trabalho
notou-se a maior incidência da infecção no sexo masculino, correspondente a
60% do total, sendo superior em 20% quando comparado com a incidência no
sexo feminino, que correspondeu a 40% dos casos.
      A média de idade dos infectados em tratamento é de ± 43,14 anos,
porém quando os dados são distribuídos por faixa etária e entre os sexos nota-
se que no sexo masculino a maior taxa de infectados em tratamento está entre
45 a 54 anos; já no sexo feminino a faixa etária de maior incidência está entre
as mulheres mais jovens de 35 a 44 anos (Gráfico 2).
      Quando esses dados são comparados a nível Brasil, confirma-se um
maior número de infectados do sexo masculino, 385.818 casos e 207.080 para
mulheres; porém conforme mostrado no gráfico 1, a faixa de maior incidência
da população brasileira está entre 40 e 49 anos, tanto para homens quantos
para mulheres (BRASIL, 2010b).


Figura 3 – Taxa de infectados em tratamento com efavirenz divididos por
faixa etária e sexo (n=48)




  Fonte: Elaboração própria.
47



      No Gráfico 3 os dados como tempo de diagnóstico e tratamento foram
relacionados conforme preconizado pelo Ministério da Saúde e praticado pelo
Cadip de Fernandópolis. Os pacientes sintomáticos independentes de carga
viral ou contagem de CD4+, pacientes assintomáticos com contagem de CD4 + ≤
350 células/mm³, gestantes (independente da presença de sintomas e da
contagem CD4+) e para pacientes com contagem de CD4 + entre 350-500
células/mm³ na presença de co-infecções; o tratamento deve ser instituído
rapidamente, podendo ser mantido por longos períodos quando há adesão,
pois conforme evidenciado por Kelley et al. (2009) pacientes que iniciam a
TARV tardiamente, quando as células CD4 + estão abaixo de 200 células/mm³;
mesmo após longos períodos de tratamento com medicamentos o sistema
imunológico   não   consegue    se   reestabelecer   para   novamente   atingir
                               +.
concentrações normais de CD4
      A média observada em relação ao tempo de tratamento e diagnóstico é
de ± 5 anos, entretanto, a quantidade de pacientes em tratamento por um
período   ≥ 7 anos pode ser considerada de grande relevância para o trabalho.


          Figura 4 – Período de diagnóstico e tratamento (n=48)




      Fonte: Elaboração própria.



      O teste para detecção da primeira carga viral é realizado no primeiro
momento quando o paciente procura a unidade, sendo mais comum o
encaminhamento por outros ramos médicos, a partir da suspeita devido as
48

sintomas apresentados, prévia exposição de risco ou decorrente da presença
de co-infecções.
      O Gráfico 4 compara os resultados observados no momento em que a
pesquisa foi realizada, quanto à taxa de carga viral a partir do momento que é
detectada a infecção pelo HIV, à taxa de carga viral do último exame relatado
no prontuário do paciente já em tratamento. Pacientes em tratamento devem
ter seus exames laboratoriais monitorados a cada três ou quatro meses, sendo
os exames como contagem de carga viral e CD4 + os mais importantes.
Entretanto, por mais que os agentes comunitários e equipe da unidade tentem
embutir nos pacientes em tratamento esta necessidade nem todos o fazem, por
isso foram selecionados os prontuários que mais se adequam ao proposto.
      Conforme mostrado no Gráfico 4, é mais comum a detecção primária de
altas taxas de carga viral, que acima de 100.000 cópias/mm³ já estão na faixa
de passível de tratamento. Dos prontuários analisados 29%, ou seja, 14
pacientes estavam acima desta faixa no momento da detecção do HIV. Ainda
neste primeiro momento é também recomendado o exame para contagem de
células CD4+, que nos prontuários analisados estavam em média de ± 244,95
células/mm³, o que também esta na faixa de passível de tratamento, que como
citada anteriormente é ≤ 350 células/mm³.
      Os dados demonstrados no Gráfico 4, representam também o último
exame de quantificação de carga viral realizado pelos pacientes já em TARV
com qualquer esquema contendo EFZ, sendo possível constatar que ao
contrario do que foi apresentado em relação a primeira carga viral, as
contagens acima de 100.000 cópias/mm³ agora representam somente 8% (4
pacientes) do total, e as contagens que representavam os resultados
esperados, inferior ao limite mínimo detectável, passou a representar 75% (35
pacientes). Neste momento também fez-se a contagem da média de CD4 + que
aumentou para o número de ± 474,37 células/mm³, demonstrando assim a
eficácia do tratamento.
      Assim como demonstrado no estudo clínico randomizado ACTG 384,
descrito por Lok et al. (2010); pacientes em tratamento com efavirenz +
lamivudina + zidovudina por período superior a sete anos mostraram
significativas melhoras em seus exames clínicos, sendo os maiores aumentos
49

relatados durante os primeiros anos de tratamento, de um a dois anos; seguido
de poucas mudanças de três a sete anos.



  Figura 5 – Comparativo entre primeira e última quantificação de carga
                                   viral.




Fonte: Elaboração própria.
50

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS



         A análise dos dados buscadas junto aos prontuários dos pacientes em
tratamento permitiu contradizer a afirmativa de Rakhmanina e Anker (2010), o
qual afirma em seu trabalho que a eficácia do medicamento EFZ, tem eficiência
somente para sete anos. Após avaliar os dados obtidos pode-se constatar que
existem pacientes que fazem tratamento com EFZ em associação com outros
fármacos na unidade, sendo os mais comuns a associação com AZT e 3TC,
por um período ≥ de sete anos em quantidade expressiva, havendo até
pacientes em tratamento por 10 anos, e ainda apresentando resposta favorável
quanto à manutenção das taxas de carga viral e células CD4+.
         Isto confirma o pressuposto pelo Ministério da Saúde onde descreve que
a manutenção do mesmo esquema terapêutico pode ser mantida por vários
anos em pacientes que aderem corretamente ao tratamento proposto (BRASIL,
2010).
         Entretanto, observando ainda os dados contidos nos prontuários pode-
se constatar que há uma grande dificuldade na manutenção do TARV, pois
diversos pacientes não fazem o controle periódico de sua carga viral e taxa de
CD4+, outros ainda abandonam o tratamento ou por problemas relacionados à
adesão ou efeitos adversos que aparecem no início do tratamento. Neste caso,
a situação é ainda mais complicada, pois, pode-se desenvolver resistência aos
ARV. Porém, a equipe da unidade que foi realizada o trabalho relata que o
paciente é aconselhado e informado sobre as vantagens e desvantagens da
TARV; o que realmente falta é conscientização por parte dos infectados.
         E considerando que em toda a comunidade o farmacêutico é o
profissional mais acessível ao paciente é neste contexto, que ressalta-se a
importância da atenção farmacêutica tentando estabelecer estratégias que
permitam ao paciente maior adesão à TARV; orientação de uso e conservação
de seus medicamentos ARV, na identificação, manejo e notificação de eventos
adversos, observância de interações medicamentosas, participação ativa nas
discussões de casos clínicos e elaboração de propostas terapêuticas, e
também no gerenciamento e abastecimento logístico para garantir acesso aos
medicamentos e insumos necessários à demanda (BRASIL, 2010).
Eficácia do Efavirenz em pacientes com HIV
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Eficácia do Efavirenz em pacientes com HIV

  • 1. FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE FERNANDÓPOLIS FACULDADES INTEGRADAS DEFERNANDÓPOLIS APARECIDA MEIRA DA SILVA JEANNE DOS SANTOS RIBEIRO LARISSA LÍMOLI LAVESO PEDRO VITOR BOZELI CEZARE AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE EFAVIRENZ EM USUÁRIOS DA REDE PÚBLICA DE SAÚDE DE FERNANDÓPOLIS FERNANDÓPOLIS 2011
  • 2. APARECIDA MEIRA DA SILVA JEANNE DOS SANTOS RIBEIRO LARISSA LÍMOLI LAVESO PEDRO VITOR BOZELI CEZARE AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE EFAVIRENZ EM USUÁRIOS DA REDE PÚBLICA DE SAÚDE DE FERNANDÓPOLIS Trabalho de conclusão de curso apresentado à Fundação Educacional de Fernandópolis como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em farmácia. Orientador: Prof. MSc. Giovanni Carlos de Oliveira Co-orientador: Dr. Márcio César Reino Gaggini FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE FERNANDÓPOLIS FERNANDÓPOLIS – SP 2011
  • 3. APARECIDA MEIRA DA SILVA JEANNE DOS SANTOS RIBEIRO LARISSA LÍMOLI LAVESO PEDRO VITOR BOZELI CEZARE AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE EFAVIRENZ EM USUÁRIOS DA REDE PÚBLICA DE SAÚDE DE FERNANDÓPOLIS Trabalho de conclusão de curso apresentado à Fundação Educacional de Fernandópolis como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em farmácia. Examinadores Assinatura Conceito Prof. MSc. Giovanni Carlos de Oliveira Prof. MSc. Roney Eduardo Zaparoli Profa. Vanessa Maira Rizzato Silveira Aprovada em 21 de novembro de 2011. Prof. MSc. Giovanni Carlos de Oliveira Presidente da Banca Examinadora
  • 4. Dedicamos este trabalho primeiramente a Deus, pois sem ele, nada seria possível, e nossos sonhos não seriam concretizados. Aos nossos pais, que sempre nos deram apoio, e estiveram presentes acreditando em nosso potencial, nos incentivando na busca de novas realizações e descobertas.
  • 5. AGRADECIMENTOS Agradecemos, primeiramente, ao Professor MSc. Giovanni Carlos de Oliveira, por ter-nos auxiliado durante todo o período de realização deste trabalho, por seu empenho e dedicação como nosso orientador, e ainda, na qualidade de professor pelo seu compromisso em nos passar em sala de aula a cada dia um pouco mais de seu conhecimento. Agradecemos ao Dr. Márcio César Reino Gaggini pelo apoio, confiança colaboração, pois sem as mesmas a realização deste trabalho não teria sido possível. Agradecemos ainda a toda a equipe da unidade de saúde Cadip, pelo respeito, paciência e colaboração para conosco.
  • 6. "Não conheço ninguém que conseguiu realizar seu sonho, sem sacrificar feriados e domingos pelo menos uma centena de vezes. [...] O sucesso é construído à noite! Durante o dia você faz o que todos fazem. Mas, para obter um resultado diferente da maioria, você tem que ser especial. Se fizer igual a todo mundo, obterá os mesmos resultados. Não se compare à maioria, pois, infelizmente ela não é modelo de sucesso. Se você quiser atingir uma meta especial, terá que estudar no horário em que os outros estão tomando chope com batatas fritas. Terá de planejar, enquanto os outros permanecem à frente da televisão. Terá de trabalhar enquanto os outros tomam sol à beira da piscina. A realização de um sonho depende de dedicação, há muita gente que espera que o sonho se realize por mágica, mas toda mágica é ilusão, e a ilusão não tira ninguém de onde está, em verdade a ilusão é combustível dos perdedores pois... Quem quer fazer alguma coisa, encontra um meio. Quem não quer fazer nada, encontra uma desculpa." Roberto Shinyashiki
  • 7. RESUMO A síndrome da imunodeficiência adquirida, ou AIDS, foi descoberta em 1980 e desde então acomete um número crescente de infectados a cada ano, o que evidencia a sua importância em saúde pública. É causada pelo vírus HIV, da família retrovírus, como é chamada vulgarmente. Os retrovírus contem RNA que quando na forma livre, pela ação da enzima transcriptase reversa, integra-se a dupla fita de DNA da célula hospedeira. A doença AIDS passa a ser caracterizada a partir do desenvolvimento de infecções oportunistas. Sua transmissão só acontece através de contato com fluidos corpóreos de portadores do vírus. Segundo o Ministério da Saúde Brasileiro, seu tratamento deve incluir um coquetel de três drogas, que são: efavirenz + zidovudina + lamivudina (esquema preferencial); ou então zidovudina + lamivudina + lopinavir potencializado com ritonavir (esquema alternativo). O objetivo deste trabalho foi avaliar a eficácia de efavirenz, um inibidor não-nucleosídeo da transcriptase reversa, utilizado para garantir supressão virológica do HIV e manutenção das células do sistema imunológico, os linfócitos CD4+. O método utilizado foi uma pesquisa exploratória nos prontuários baseada na análise dos resultados dos exames dos pacientes em tratamento com o medicamento na unidade do Cadip da cidade de Fernandópolis, com foco voltado para tratados à longo prazo, especialmente períodos superiores à sete anos. A pesquisa contou com uma amostra de 118 prontuários, porém a população efetiva foi de 48, já que prontuários que não continham pelo menos um dos dados necessários para a avaliação, foram descartados. Analisando os dados encontrados, evidenciou-se uma maior taxa de pacientes do sexo masculino, de 45 a 54 anos em tratamento, sendo que entre homens e mulheres, a quantidade que faz uso de Efavirenz acima de 7 anos se mostrou de grande relevância, entretanto a média de tempo de tratamento corresponde a ± 5 anos. As médias de primeiro CD4 são de ± 244,95 células/mm³ associadas a quantificações de carga viral superiores a 100.000 cópias/mm³, já ao analisar os últimos exames encontramos médias de CD4 ± 474,37 células/mm³ relacionadas agora com quantificações abaixo, do mínimo detectável, resultado esperado após inicio da TARV, contrariando a afirmativa de alguns autores, que avaliam como negativa a sua eficácia á longo prazo. Palavras-chave: Efavirenz. AIDS. Tratamento. Antirretroviral.
  • 8. ABSTRACT The acquired immunodeficiency syndrome, or AIDS, was discovered in 1980 and since then affects a growing number of people infected each year, highlighting its importance in public health. It is caused by HIV, the retrovirus family, as it is commonly called. Retroviruses contain RNA as in free form by the action of the enzyme reverse transcriptase, is part of the double-stranded DNA of the host cell. The disease AIDS is to be measured based on the development of opportunistic infections. Its transmission occurs only through contact with body fluids of virus carriers. According to the Brazilian Ministry of Health, treatment must include a cocktail of three drugs, which are: zidovudine + lamivudine + efavirenz (preferred regimen) or zidovudine + lamivudine + lopinavir boosted with ritonavir (alternative scheme). The objective of this study was to evaluate the effectiveness of efavirenz, a non-nucleoside reverse transcriptase inhibitors, used to ensure HIV virologic suppression and maintenance of immune cells, CD4 + lymphocytes. The method used was an exploratory research in the records based on analysis of test results of patients treated with the drug unit Cadip in the city of Ferndale, with a focus toward long-term treated, especially for periods longer than seven years. The survey covered a sample of 118 medical records, but the actual population was 48, since medical records that did not contain at least one of the necessary data for evaluation, were discarded. Analyzing the findings, there was a higher rate of male patients, 45 to 54 years in treatment, and between men and women, the amount that makes use of efavirenz over 7 years proved of great relevance, however the average treatment time corresponding to ± 5 years. Mean first CD4 are ± 244.95 cells / mm ³ associated with quantification of viral load over 100,000 copies / mm ³, since the last review the tests found mean CD4 ± 474.37 cells / mm ³ now with related measurements below the minimum detectable, a result expected after initiation of ART, contrary to the assertion of some authors who evaluate how negative its long-term efficacy. Keywords: Efavirenz. AIDS. Treatment. Antiretroviral therapy.
  • 9. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Taxa de incidência (100.000 hab.) dos casos de AIDS segundo faixa etária e sexo .............................................................................................................. 14 Figura 2 – Estrutura química do Efavirenz .............................................................. 27 Figura 3 – Taxa de infectados em tratamento com efavirenz divididos por faixa etária e sexo (n=48) ........................................................................................................... 45 Figura 4 – Período de diagnóstico e tratamento (n=48)........................................... 46 Figura 5 – Comparativo entre primeira e última quantificação de carga viral .......... 48
  • 10. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 3TC – Lamivudina AIDS – Acquired Immunodeficiency Syndrome (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária ARV – Antiretroviral (Antirretroviral) AUC – Area under the curve (Área subjacente à curva) AZT – Zidovudina Cmáx – Concentração máxima do fármaco Cmín – Concentração mínima do fármaco DNA – Deoxyribonucleic Acid (Ácido Desoxirribonucleico) DST – Sexually Transmitted Disease (Doença Sexualmente Transmissíveis) EFZ – Efavirenz HAART – Highly Active Antiretroviral Therapy (Terapia Antiretroviral Altamente Ativa) HIV – Human Immunodeficiency Virus (Vírus da Imunodeficiência Humana) IP/r – Inibidor de protease potencializado com ritonavir ITRN – Nucleoside Reverse Transcriptase Inhibitor (Inibidor Nucleosídeo da Transcriptase Reversa) ITRNN – Non-nucleoside reverse transcriptase inhibitors (Inibidor da Transcriptase Reversa Não Nucleosídeo) MSD – Merck Sharp & Dohme OMC – Organização Mundial do Comércio OMS – Organização Mundial de Saúde OPAS – Organização Pan-Americana de Saúde RNA – Ribonucleic Acid (Ácido Ribonucleico) TARV – Terapia Antiretroviral TR – Transcriptase Reversa TRIPS – Trade-Related Aspects of Intellectual Property Rights (Acordo sobre os Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio)
  • 11. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 12 1 AIDS ...................................................................................................................... 14 1.1 FATOS IMPORTANTES ..................................................................................... 15 1.2 TRANSMISSÃO ................................................................................................. 18 1.3 SINTOMAS ......................................................................................................... 18 1.4 DIAGNÓSTICO .................................................................................................. 19 1.4.1 Janela Imunológica ....................................................................................... 21 1.5 TRATAMENTO ................................................................................................... 22 1.6 PREVENÇÃO ..................................................................................................... 26 2 EFAVIRENZ .......................................................................................................... 28 2.1 LICENCIAMENTO COMPULSÓRIO .................................................................. 30 2.1.1 Patentes .......................................................................................................... 30 2.1.2 Acordo TRIPS ................................................................................................ 31 2.1.3 O Caso do Efavirenz ...................................................................................... 34 2.2 CARACTERÍSTICAS FARMACOLÓGICAS ....................................................... 36 2.2.1 Farmacocinética ............................................................................................ 36 2.2.1.1 Absorção ...................................................................................................... 36 2.2.1.2 Distribuição ................................................................................................... 37 2.2.1.3 Biotransformação ......................................................................................... 37 2.2.1.4 Eliminação .................................................................................................... 38 2.2.2 Farmacodinânica ........................................................................................... 39 2.2.3 Eficácia ........................................................................................................... 39 2.2.4 Interações medicamentosas ........................................................................ 39 2.2.5 Reações Adversas ......................................................................................... 40 3 MÉTODOS ............................................................................................................ 42 3.1 O CAMPO DE PESQUISA ................................................................................. 42 3.2 CARACTERIZAÇÃO GERAL DA UNIDADE DE SAÚDE ONDE SE DESENVOLVEM AS AÇÕES DO PROGRAMA NACIONAL DST/AIDS.................................................................................................................. 44 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 46 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 50 REFERÊNCIAS......................................................................................................... 51
  • 12. ANEXO A.................................................................................................................. 57 ANEXO B ................................................................................................................. 61 ANEXO C ................................................................................................................. 62
  • 13. 12 INTRODUÇÃO O vírus da imunodeficiência humana (HIV) desde o início da década de 80 despertou a atenção das autoridades em saúde, por todo o mundo, por ter acometido de forma pandêmica, um número crescente de pessoas infectadas. Sabe-se que a síndrome causada pelo vírus, a AIDS, é uma doença causada por este retrovírus que destrói progressivamente os linfócitos CD4 +, um tipo de leucócito, célula pertencente ao sistema imunológico sendo responsável por proteger o organismo de doenças. O HIV invade estas células incorporando o seu material genético, RNA viral, ao DNA da célula, se reproduzindo no interior desta, destruindo-a e liberando novas partículas virais que irão continuar este ciclo (BRASIL, 2011a; PEÇANHA; ANTUNES, 2002). O conhecimento do ciclo do HIV permitiu que fossem desenvolvidas drogas antirretrovirais (ARV), que podem ser divididas em: (a) inibidores da transcriptase reversa nucleosídeos (ITRN) e não nucleosídeos (ITRNN), as quais atuam na fase inicial do ciclo, impedindo a formação do DNA a partir do RNA; (b) inibidores da protease (IP), que atuam no final do ciclo, impedindo a maturação da partícula viral; (c) inibidores da fusão (IF), impedindo a entrada do vírus na célula sadia; (d) inibidores da entrada que atuam impedindo a ligação do vírus ao receptor CD4+ ou aos co-receptores CCR5 ou CXC4; e (e) inibidores da integrase, que impedem que o pro-vírus recém-produzido pela TR integre o genoma da célula hospedeira (SABINO; BARRETO; SANABANI, 2005). O foco deste trabalho é o estudo de um dos fármacos utilizados no tratamento do HIV/AIDS, um inibidor não-nucleosídeo da transcriptase reversa chamado, efavirenz (EFZ), com o objetivo de avaliar a resposta terapêutica e imunológica em longo prazo, já que alguns estudos avaliam como satisfatória a resposta provocada pelo EFZ por um prazo de sete anos (RAKHMANINA; ANKER, 2010). A pesquisa foi realizada no Centro de atendimento a doenças infecciosas e parasitárias – Cadip, analisando dados pré-determinados nos prontuários dos pacientes, sendo colhidos somente os dados que seriam de utilização científica, necessários para a realização do então trabalho proposto, na tentativa de estabelecer se o tratamento com EFZ ainda é eficaz a longo prazo.
  • 14. 13 No Brasil, passou pelo processo de licenciamento compulsório no ano de 2007, e atualmente é produzido por laboratórios oficiais coordenados por Farmanguinhos (CHAVES, 2007). Este fármaco é recomendado pelo Ministério da Saúde Brasileiro para a terapia de adultos virgens de tratamento e crianças e adolescentes maiores dos três anos de idade e pesando mais de 40 kg, sendo utilizados em esquema de combinação com dois inibidores de transcriptase reversa nucleosídeo, que por também recomendação do Ministério da Saúde, no Brasil, são zidovudina (AZT) e lamivudina (3TC) (BRASIL, 2008; BRASIL, 2009; BRASIL, 2010d; EFAVIRENZ, 2009). O Ministério da Saúde recomenda este esquema como preferencial para terapia inicial, e como terapia alternativa o uso de AZT+3TC+Lopinavir/ritonavir (LPV/r), sendo este último um inibidor de protease potencializado (IP/r) (BRASIL, 2008). Este trabalho é composto por dois capítulos. O primeiro aborda a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), onde traz os fatos importantes de toda a historia da doença, sintetiza os meios de transmissão, sintomas, diagnóstico citando os tipos de testes laboratoriais preconizados pelo Ministério da Saúde realizados para detecção do vírus, também esclarece a janela imunológica, cita o tratamento e as classes terapêuticas para cada individuo, diferenciando crianças, adultos, gestantes e por fim as medidas de prevenção. O segundo capítulo traz o licenciamento compulsório, a farmacocinética e a farmacodinâmica de EFZ, um ITRNN que faz parte do tratamento de HIV, abrangendo toda a parte de absorção, distribuição, biotransformação, eliminação, interações medicamentosas e reações adversas do fármaco. Consta ainda em anexo dados de estudos realizados avaliando e descrevendo sua eficácia, sensibilidade in vitro do HIV, resistência ao medicamento, resistência cruzada a outros agentes ARVs.
  • 15. 14 1 SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA (AIDS) A síndrome da imunodeficiência humana, doença pandêmica, é causada pelo vírus HIV, da família Retroviridae (chamado vulgarmente de retrovírus), pertencente a subfamília Lentivirinae. Os retrovírus contêm RNA que quando na forma livre, pela ação da enzima TR, integra-se a dupla fita de DNA da célula hospedeira. Mais especificamente a infecção pelo HIV inicia-se após a ligação da proteína gp120 com o receptor da célula CD4 +, permitindo a entrada do vírus através da membrana da célula, reação esta última mediada pela gp41 (PEÇANHA; ANTUNES, 2002; SABINO; BARRETO; SANABANI, 2005). A doença AIDS passa a ser caracterizada a partir do desenvolvimento de infecções oportunistas, destacando-se as infecções recorrentes ocasionadas por fungos, que aparecem geralmente na pele, boca e garganta; diarréia crônica há mais de 30 dias com perda de peso; pneumonia; tuberculose disseminada; neurotoxoplasmose; neurocriptococose; citomegalovirose e pneumocistose; que podem ser fatais num paciente com grave depressão do sistema imune (HANSON; WHITE, 2004; BRASIL, 2011a; BONASSER; MASUR; MARQUES, 2005). Inicialmente a AIDS era vinculada a homens com prática homossexual, e foi disseminado nos países industrializados e na América Latina, rapidamente entre mulheres, crianças e homens com prática heterossexual, e de acordo com o dado publicado da UNAIDS, no ano de 2010, 33,3 milhões de pessoas estavam infectada pelo HIV no mundo (SANTOS et al., 2002). No Brasil, o índice de casos acumulados desde 1980 até junho de 2010 revela que 592.914 pessoas sofrem da síndrome de imunodeficiência adquirida; sendo estes os principais responsáveis pelo aumento do número de portadores a cada ano. No país, a razão entre os sexos desde o ano de 2002 é de 15 homens para cada 10 mulheres infectadas. Quando é feita uma avaliação quanto à idade, encontra-se em maior proporção de casos a faixa que compreende dos 40 aos 49 anos, porém a faixa com maior incidência, em 2009, compreende aos 35 a 39 anos com 46,7 casos por 100.000 habitantes, situação esta ilustrada no gráfico abaixo (BRASIL, 2010b).
  • 16. 15 Figura 1 – Taxa de incidência (100.000 hab.) dos casos de AIDS segundo faixa etária e sexo. Fonte: BRASIL, 2010b. 1.1 FATOS IMPORTANTES Tabela 1 – Histórico da doença Ano Fatos importantes 1977 Primeiros casos da doença começam a aparecer nos EUA, Haiti e África Central, porém ainda não denominados como AIDS. 1980 No Brasil surge, em São Paulo, o primeiro caso da doença, porém ainda não classificada como tal. 1981 Primeiros casos em jovens homossexuais, a doença recebe o nome de Câncer Gay ou peste-gay. 1982 A síndrome é relacionada ao sangue e identificada também em mulheres, homens heterossexuais, usuários de droga, hemofílicos, receptores de transfusão de sangue, e bebês. Soube-se também que o fator de possível transmissão era por contato sexual, uso de drogas ou exposição a sangue e derivados contaminados. 1983 Relato de casos em profissionais da saúde. Nos EUA são relatados 3.000 casos, com 1.283 óbitos, e no Brasil registram-se dois casos de AIDS, e então cria-se em São Paulo o Programa de Controle e Prevenção da AIDS. A equipe de Luc Montaigner isola e caracteriza o retrovírus LAV (vírus associado a Linfodenopatia), como causador da AIDS. 1984 A equipe de Robert Gallo, isola o vírus HTLV-III, o qual afirma ser o causador da AIDS, com isso inicia-se a disputa pela primazia da descoberta, porém mais tarde determinou-se que ambas as
  • 17. 16 classificações, LAV e HTLV-III, se referiam ao mesmo vírus, e então foi chamado de HIV. 1985 I Conferência Internacional de AIDS, em Atlanta. Surge no mercado o primeiro teste para diagnóstico do anti-HIV. No Brasil acontece o primeiro caso de transmissão vertical, e é fundado o Grupo de Apoio e Prevenção à AIDS (GAPA). 1986 A OMS lança uma ação global contra a AIDS. No Brasil, é criado o Programa Nacional de DST/ AIDS e também a Fundação da Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA). Ocorre a II Conferência Internacional de AIDS em Paris, onde são relatados os resultados das primeiras experiências com AZT. 1987 São apontados pela OMS 127 países com casos de AIDS. No Brasil os casos notificados chegam a 2.775, e o primeiro Centro de Orientação Sorológica (COAS) é fundado. É lançado o teste Western blot. 1988 É diagnosticado o primeiro caso na população indígena, e nesse ano o número de casos no Brasil chega a 4.535. Há também a fundação do Centro de Referência e Treinamento em AIDS. 1989 Os casos de AIDS notificados no Brasil chegam ao número de 6.295. Surge um novo ARV, a didanosina (ddI). É fundado o Grupo Pela Vida (Valorização Integração e Dignidade dos Doentes de AIDS), pelo escritor Hebert Daniel 1990 Mais de 307.000 novos casos são reportados à OMS. 1991 Surge um terceiro ARV o zalcitabina (ddC). A OMS anuncia que 10 milhões de pessoas estão infectadas com o HIV pelo mundo, e no Brasil já são 11.805 casos. 1992 Inicia-se a combinação de duas drogas para o tratamento. O Ministério da Saúde inclui os procedimentos para o tratamento da AIDS na tabela do SUS e há inclusão da infecção pelo HIV no código internacional de doenças (CID). O médico americano Robert Gallo e francês Luc Montagnier chegam a um acordo definitivo sobre o crédito da descoberta do vírus. 1993 Inicio da notificação da AIDS no Sistema Nacional de Notificação de Doenças (SINAN). O Brasil passa a produzir o AZT. A OMS aponta mais de 10.000 casos novos por dia. 1994 Há a definição para diagnosticar casos de AIDS em crianças. 1995 Uma nova classe de drogas, os IP, é aprovada nos EUA, os medicamentos zerti e epivir, outros ITR, são lançados. Estudos revelam que a combinação de drogas reduz a progressão da infecção. 1996 O Programa Nacional de DST e AIDS lança o primeiro consenso em TARV. Surge o coquetel, terapêutica usando o esquema triplo de ARV. No Brasil o número de casos soma 22.343. Neste ano o Programa Global de AIDS – OMS, transforma-se no Programa Conjunto das Nações Unidas em HIV-AIDS (UNAIDS). 1997 A UNAIDS prevê 30.000.000 pessoas infectadas e 16.000 novos casos/dia. É Implantada a Rede Nacional de Laboratórios para o monitoramento de pacientes com HIV em TARV, com a realização de exames de carga viral e contagem de células CD4 +. Já são 22.593
  • 18. 17 casos de AIDS no Brasil. 1998 Começa nos EUA o primeiro teste de um produto candidato à vacina anti-HIV/AIDS. 1999 Há a redução da taxa de mortalidade e de morbidade decorrente do uso dos ARV. Testes genéticos mostram que o HIV é bastante similar ao SIV, que infecta os chimpanzés, mas não os deixa doentes. Inicia-se a produção nacional de 3TC e da combinação AZT + 3TC. 2000 Acontece a 13ª Conferência Internacional sobre AIDS, em Durban, na África do Sul. È realizado o I Fórum em HIV/AIDS e DST da América Latina, no Rio de Janeiro. 2001 Aprovação dos testes de genotipagem, usado para identificar a resistência do HIV ante as drogas que compõem o coquetel. O HIV Vaccine Trials Network (HVTN) planeja testes com vacina em vários países, entre eles o Brasil. 2002 Mais da metade dos municípios brasileiros têm casos notificados de AIDS. É criado o Fundo Global para o Combate a AIDS, Tuberculose e Malária. A 14ª Conferência Internacional sobre AIDS é realizada em Barcelona. 2003 O Programa Nacional de DST/AIDS recebe US$ 1 milhão da Fundação Bill & Melinda Gates como reconhecimento às ações de prevenção e assistência no país. 2004 Recife reúne quatro mil participantes em três congressos simultâneos: o V Congresso Brasileiro de Prevenção em DST/AIDS, o V Congresso da Sociedade Brasileira de Doenças Sexualmente Transmissíveis e AIDS e o I Congresso Brasileiro de AIDS. 2005 A ONU anuncia recorde de portadores de HIV, são 40,3 milhões de pessoas infectadas. 2006 Os registros de AIDS no Brasil ultrapassam 433.000 casos. Em Toronto ocorre a 16ª Conferência Mundial sobre AIDS. O Brasil reduz em mais de 50% o número de casos de transmissão vertical. 2007 Em maio, o Brasil decreta o licenciamento compulsório do EFZ. 2008 Conclui-se o processo de nacionalização de um teste que permite detectar a presença do HIV em apenas 15 minutos. É realizado o VII Congresso Brasileiro de Prevenção das DST e AIDS, em Florianópolis. 2009 O Programa Nacional de DST e AIDS torna-se departamento da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde e o Programa Nacional para a Prevenção e Controle das Hepatites Virais é integrado a ele. São notificados 544.846 casos de AIDS no país. 2010 É realizado o VIII Congresso Brasileiro de Prevenção das DST e AIDS, em Brasília. 2011 O número de casos acumulados, desde 1980 até junho de 2011 no Brasil, é de 608.230 mil infectados. Passa a ser observado agora aumento nos casos entre a população mais jovem. Fonte: BRASIL, 2011a; SOUZA, 2008. Adaptado.
  • 19. 18 1.2 TRANSMISSÃO A transmissão só acontece através de contato com fluidos corpóreos de pacientes portadores do vírus da AIDS, pois estes são considerados potencialmente infectantes. Neste caso, consideram-se fluidos corpóreos infectantes líquidos como o sangue, sêmen, secreção vaginal, o líquido cefalorraquidiano e leite materno. Outros líquidos como lágrimas, urina e saliva contêm carga de HIV muito baixa, e não são capazes de causar infecção (MANUAL MERCK, 2011; BRASIL, 2011a). A transmissão pode ocorrer das seguintes formas:  Relações sexuais com uma pessoa infectada, durante as quais a membrana mucosa da boca, da vagina ou do reto é exposta aos líquidos corpóreos;  Injeção ou infusão de sangue contaminado, como ocorre nas transfusões de sangue, no compartilhamento de agulhas contaminadas ou em uma picada acidental com uma agulha contaminada;  Transferência do vírus da mãe infectada ao filho, antes do nascimento, durante o parto ou através da amamentação;  Acidentes com instrumentos que furam ou cortam, não esterilizados. (MANUAL MERCK, 2011; BRASIL, 2008). A presença de lesões na pele ou em mucosas pode aumentar a suscetibilidade à infecção pelo vírus, do mesmo modo que a presença de herpes, sífilis ou outras doenças sexualmente transmissíveis que possam produzir soluções de continuidade na pele também aumentam a probabilidade de contaminação (MINAS GERAIS, 2006; BRASIL, 2011a). 1.3 SINTOMAS A AIDS tem seus sintomas divididos em estágios, ou fases. A primeira fase, chamada também de infecção aguda, corresponde ao período de incubação do vírus até o surgimento dos primeiros sinais da doença, podendo ter duração de 3 a 6 semanas, e entre este período inicia-se a produção de anticorpos anti-HIV. Após o vírus se estabelecer no organismo a infecção
  • 20. 19 começa a se manifestar por sintomas comuns, como febre, mal-estar, erupções cutâneas e linfonodos aumentados, sinais estes que podem durar de 3 a 14 dias, quando geralmente, esses sintomas desaparecem, entretanto há permanência dos linfonodos aumentados. Neste período, o individuo infectado, já é considerado infectante (GRANATO; CARRARO, 2005; BRASIL, 2011a). A fase seguinte é caracterizada pelo amadurecimento e morte do vírus que acontece de forma equilibrada, o chamado período assintomático, onde o organismo não passa para o estado doentio, porém com o ataque contínuo as células de defesa a resposta destas diminuem tornando o organismo vulnerável as infecções (BRASIL, 2011a). A fase sintomática inicial é caracterizada pela alta redução dos linfócitos CD4+ que chegam a ficar abaixo de 200 unidades por mm³ de sangue. Em adultos saudáveis, esse valor varia entre 800 a 1.200 unidades. Os sintomas mais comuns desta fase são: febre, diarreia, suores noturnos e emagrecimento (FLEXNER, 2006; GRANATO; CARRARO, 2005). A baixa imunidade permite o aparecimento de doenças oportunistas, que recebem esse nome por se aproveitarem da fraqueza do organismo para se instalarem. Com isso, atinge-se o estágio mais avançado da doença, a AIDS. Quem chega a essa fase, por não saber ou não seguir o tratamento indicado pelos médicos, pode sofrer de hepatites virais, tuberculose, pneumonia, toxoplasmose e alguns tipos de câncer. A morte em decorrência a AIDS é rara, geralmente ela é causada pelos efeitos cumulativos de muitas infecções oportunistas ou tumores. Os microrganismos e as doenças que normalmente representam uma pequena ameaça aos indivíduos sadios podem rapidamente levar à morte pacientes com AIDS, especialmente quando a contagem de linfócitos CD4+ é inferior a 50 células mm³ de sangue (GRANATO; CARRARO, 2005). 1.4 DIAGNÓSTICO O diagnóstico de HIV é feito através da realização de testes laboratoriais de amostras de sangue do paciente. Um dos testes realizados é o ELISA (Enzime Linked Immuno Sorbent Assay), através deste exame, é possível
  • 21. 20 detectar a presença de anticorpos contra o HIV em uma amostra, o resultado do exame é rotineiramente confirmado por outros exames. Este teste é feito com uma placa de plástico que contém proteínas do HIV absorvidas ou fixadas nas cavidades em que cada amostra de soro ou plasma será adicionada. Após uma sequência de etapas, em que são adicionados diferentes tipos de reagentes, o resultado é fornecido por meio de leitura óptica, em um equipamento denominado leitora de Elisa. (BRASIL, 2011a; MANUAL MERCK, 2011). Quando o resultado do ELISA indica uma infecção pelo HIV, o passo seguinte consiste na realização de exames mais acurados. São usados como testes confirmatórios, o Western Blot, o Teste de Imunofluorescência indireta para o HIV-1 e o imunoblot. É necessário realizar os testes confirmatórios, pois, algumas vezes, os exames podem dar resultados falso-positivos em consequência de algumas doenças, como artrite reumatoide, doença autoimune e alguns tipos de câncer (BRASIL, 2011a). Para a realização do Western Blot, o teste confirmatório preconizado pelo Ministério da Saúde brasileiro, utiliza-se uma tira de nitrocelulose em que serão fixadas proteínas do HIV, o soro ou plasma do paciente é adicionado, ficando em contato com a tira de nitrocelulose, depois da adição de vários tipos de reagentes, o resultado é fornecido por meio de leitura visual, pelo profissional do laboratório. Este teste também identifica anticorpos contra o HIV, mas é mais específico que o ELISA. Quando o resultado do Western Blot for positivo, é absolutamente certo que o indivíduo apresenta a infecção pelo HIV (GRANATO; CARRARO, 2005; BRASIL, 2008). Os testes confirmatórios são feitos com a mesma amostra e o resultado definitivo é fornecido ao paciente. Se o resultado for positivo, o paciente será informado e chamado para mais um teste com uma amostra diferente. Esse é apenas um procedimento padrão para que o mesmo não tenha nenhuma dúvida da sua sorologia. Independentemente do resultado do exame, positivo ou negativo, o paciente é encaminhado ao aconselhamento pós-teste – conversa com o profissional do Centro de Testagem e Aconselhamento ou do posto de saúde que orienta sobre prevenção, tratamento e outros cuidados com a saúde (BRASIL, 2011a). Há também o Teste Rápido, que possui esse nome, por permitir a detecção de anticorpos anti-HIV na amostra de sangue do paciente em até 30
  • 22. 21 minutos podendo ser realizado no momento da consulta. Os testes rápidos permitem que o paciente, no mesmo momento que faz o teste, tenha conhecimento do resultado e receba o aconselhamento independente do diagnóstico. O teste rápido é preferencialmente adotado em populações que moram em locais de difícil acesso, em gestantes que não fizeram o acompanhamento no pré-natal e em situações de acidentes no trabalho (BRASIL, 2011a). No Brasil a portaria nº 151, de 14 de outubro de 2009, da Secretaria de Vigilância em Saúde, instaura requisitos mínimos e procedimentos obrigatórios nas instituições de saúde pública e privada em relação aos testes de diagnóstico de HIV. Essa portaria foi instaurada,... ...considerando a necessidade de se criar alternativas para a ampliação do acesso ao diagnóstico da infecção pelo HIV, em atendimento aos princípios da equidade e da integralidade da assistência, bem como da universalidade de acesso aos serviços de saúde do Sistema Único de Saúde - SUS; Considerando a necessidade do diagnóstico rápido da infecção pelo HIV em situações especiais; Considerando que a identificação dos indivíduos infectados pelo HIV é importante porque permite o acompanhamento precoce nos serviços de saúde e possibilita a melhora na qualidade de vida; Considerando que a definição do estado sorológico de um indivíduo infectado pelo HIV é fundamental para a sua maior proteção e para o controle da infecção e da disseminação do vírus; e Considerando que o diagnóstico sorológico da infecção pelo HIV deve ser realizado em indivíduos com idade acima de 18 meses (BRASIL, 2009). 1.4.1 Janela imunológica O período de janela imunológica é o intervalo de tempo entre a infecção pelo vírus da AIDS e o início da produção de anticorpos anti-HIV no sangue, que então serão identificados através de exames, o que confirmará a infecção pelo vírus, entretanto, o tempo exato para seu aparecimento depende de vários fatores, relacionados ao hospedeiro e ao agente viral, dentre outros (BRASIL, 2011a). Esses anticorpos podem estar presentes em níveis baixos durante a infecção recente, mas o período de identificação do contágio pelo vírus depende do tipo de exame (quanto à sensibilidade e especificidade) e da reação do organismo do indivíduo. Na maioria dos casos, a sorologia positiva é
  • 23. 22 constatada de 30 a 60 dias após a exposição ao HIV, por isso o Ministério da Saúde recomenda que o teste anti-HIV seja realizado 60 dias após uma possível infecção, porém, existem casos em que esse tempo pode ser maior (BRASIL, 2005a). Se um teste de HIV é feito durante o período da janela imunológica, há a possibilidade de apresentar um falso resultado negativo, portanto, é recomendado esperar mais 30 dias e fazer o teste novamente. Neste período é importante que o paciente tome alguns cuidados, como não ter relações sexuais sem uso de preservativo e não compartilhar seringas e agulhas, pois se esta pessoa estiver realmente infectada, ela é potencialmente infectante para outras pessoas (BRASIL, 2011a; BRASIL, 2008). 1.5 TRATAMENTO Desde a aprovação do AZT, a primeira droga para o tratamento da aids, em 1987, até julho de 2004, o arsenal terapêutico para enfrentar o HIV/aids incluía 18 ARV liberados pelo FDA (Food and Drug Administration). Com esses medicamentos é possível chegar a 1.333 combinações entre eles, conhecidas como coquetéis (BRASIL, 2005b). Entretanto, conforme diz Sarita (2011) a possibilidade de numerosos regimes poderem ser criados, suas vantagens e desvantagens potenciais de cada um deles necessitam ser consideradas no contexto de um paciente individual. A troca de esquema terapêutico é feita quando há intolerância à medicação ou em virtude de falha terapêutica. Peçanha e Antunes (2002) afirmam que o ciclo de replicação do HIV apresenta diversos eventos exclusivamente relacionados a componentes virais, que podem ser utilizados como alvos para intervenção farmacológica, entretanto os ARV disponíveis atualmente também se apresentam com diversas formas de ação, uns atuam inibindo a ligação no sítio da enzima TR, outros na inibição alostérica da TR e ainda há os que inibem por competição a ligação da protease (BARREIRO, 2007). Os principais objetivos do TARV (terapia antirretroviral) são: (a) reduzir morbidade e mortalidade associadas ao HIV; (b) melhorar a qualidade de vida
  • 24. 23 do portador do vírus; (c) preservar e quando possível restaurar o sistema imunológico; e (d) suprimir de forma sustentada a replicação viral (BRASIL, 2008). A TARV deve ser iniciada quando as devidas avaliações, clínica e laboratorial forem realizadas, determinando, dessa forma, o grau de imunodeficiência existente e o risco de progressão da doença. Como a contagem de linfócitos CD4+ é o principal marcador prognóstico da infecção pelo HIV, não há necessidade de tratamento farmacológico em pacientes com contagens de linfócitos CD4+ acima de 500 células/mm3, o tratamento deve ser recomendado para indivíduos, com contagem de linfócitos CD4+ próxima ou inferior a 350 células/mm3, pois nesta faixa o risco de progressão para AIDS é maior, especialmente se associada à carga viral plasmática elevada (maior que 100.000 cópias/mm3), entretanto a escolha de iniciar o tratamento é do paciente (MINAS GERAIS, 2006; SARITA, 2011). De acordo com as diretrizes atuais (BRASIL, 2008) a terapia inicial deve sempre incluir combinações de três drogas como descreve o esquema terapêutico abaixo: Quadro 1 – Esquemas TARV preconizados pelo Ministério da Saúde. Esquemas preferências para terapia inicial Preferencial 2 ITRN + ITRNN Alternativo 2 ITRN + IP/r Fonte: BRASIL, 2008. Segundo Rakhmanina e Anker (2010) esses dois esquemas de combinação são os mais utilizados por serem baseados em estudos que demonstraram em seus resultados que estes regimes suprimem os níveis de RNA do HIV e aumentam as células CD4+ na maioria dos pacientes, e porque são, em geral, de posologia mais simples, o que provavelmente facilita a adesão ao tratamento. O esquema preferencial consiste no uso de AZT, 3TC e EFZ, ele passou a ser proposto, pois, estudos realizados comprovaram que em pacientes
  • 25. 24 virgens de tratamento as taxas virológicas foram equivalentes as taxas obtidas quando usa-se a terapia com inibidores de protease ou inibidores de preotease potencializados com ritonavir (IP/r); em relação a posologia do fármaco EFZ, que por ter longa meia-vida permite maior comodidade ao paciente pela flexibilidade no horário de tomada, porém esse beneficio tem estreita relação com o maior risco de falha no caso de haver esquecimento de tomada. Outro grande benefício observado nestes estudos é que eventos adversos e interações medicamentosas clinicamente significativas ocorreram com menor frequência neste tipo de esquema. Em comparação a outro inibidor não- nucleosídeo da transcripatse reversa (ITRNN) , a nevirapina, o uso de EFZ é preferencial por ser menos hepatotóxico que esta, não requer ajuste de dose e pode ser usado quando o paciente faz tratamento de uma infecção oportunista, como a tuberculose (CHERSICH et al., 2006; BRASIL, 2008; FLEXNER, 2006). Entretanto os Inibidores de protease potencializados com ritonavir (IP/r) oferecem menor probabilidade de desenvolvimento de resistência, ou seja, requer maior número de mutações do que para resistência ao ITRNN, enquanto uma única mutação para este último resulta em resistência completa ao EFZ e a nevirapina (RAKHMANINA; ANKER, 2010; MAGGIOLO, 2011; BRASIL, 2008). Para pacientes portadoras de HIV e gestantes ou então em idade fértil e com intenção de engravidar, o Ministério da Saúde, enquadra o EFZ na classe D do FDA, pois ele apresenta, principalmente no primeiro trimestre de gestação, alto poder teratogênico (BRASIL, 2010d). Em estudos realizados em animais a longo-prazo para carcigenocidade pode-se observar a presença de adenomas e carcinomas hepatocelulares e adenomas alveolares/bronquiolares pulmonares em camundongos fêmeas, mas não em camundongos machos, e nos estudo de teratogenicidade quadros de anencefalia, anoftalmia, microftalmia foram evidentes no macaco- caranguejeiro. Em humanos foram relatados quatro casos de anomalias congênitas do sistema nervoso central em crianças expostas ao EFZ no primeiro trimestre de gestação, três apresentaram mielomeningocele, uma herniação congênita dos tecidos meníngeos e da medula espinhal, devido a defeito ósseo na coluna vertebral; e um má-formação de Dandy-Walker, uma anormalidade congênita do sistema nervoso central, caracterizada por
  • 26. 25 deficiência do desenvolvimento das estruturas médias cerebelares, dilatação do quarto ventrículo e deslocamento ascendente dos seios transversais, tentório e tórcula (BRASIL, 2008; BRASIL, 2010; BRASIL, 2005a). Por isso, para esta classe de pacientes é indicado o uso de nevirapina em substituição ao EFZ. Para as gestantes com carga viral indetectável pode- se ainda recomendar a troca para um inibidor da protease potencializado com ritonavir (IP/r) como reforço farmacológico, preferencialmente lopinavir/r (BRASIL, 2008; HANSON; WHITE, 2004). Chersich e colaboradores (2006) afirma que regimes de tratamento triplo, como o que usa AZT+3TC+EFZ, quando iniciados após o primeiro trimestre de gravidez e interrompido depois do parto, são uma importante e potencial alternativa para a redução de transmissão vertical, em mulheres grávidas que ainda não necessitam de tratamento. O uso de EFZ em crianças deve somente ser realizado em crianças acima de 3 anos e acima de 10 kg, e adolescentes; crianças abaixo dos três anos devem fazer uso de nevirapina. O objetivo principal do TARV em crianças e adolescentes é a máxima supressão e sustentada da replicação viral, buscando restaurar e preservar a função imunológica, manter ou retomar o crescimento e desenvolvimento, reduzir morbidade e mortalidade, tudo isso associado a melhor qualidade de vida, já que diversos estudos demonstram que crianças e adolescentes por responder bem a TARV, podendo usar o mesmo esquema durante anos (BRASIL, 2009). No caso de ocorrer falha terapêutica, caracterizada pela elevação dos níveis de carga viral acima de 5.000 cópias/mL e/ou redução nos níveis de células CD4+ e/ou ocorrência de infecção oportunista, em vigência de TARV regular. Nesse caso, o esquema ARV deve ser alterado, preferencialmente após realização de teste de genotipagem para o HIV, o qual detecta a presença de mutações nas cepas majoritárias do HIV que estão relacionadas à resistência a cada um dos medicamentos (FLEXNER, 2006; LOMAR; DIAMENT, 2005; BRASIL, 2008). Contudo, além do tratamento farmacológico é necessário cuidados com o paciente como aconselhamento, orientação e principalmente acompanhamento clínico e laboratorial, é muito importante que o paciente tenha total suporte de familiares e amigos, e se estes não forem possíveis pode
  • 27. 26 ser tornar necessário um acompanhamento psicossocial profissional (MINAS GERAIS, 2006). O Ministério da Saúde, afirma que: Os primeiros seis meses de terapia anti-retroviral correspondem a um período critico para o futuro do tratamento; e o apoio é fundamental e deve ser dado de forma individualizada, conforme as necessidades de cada paciente. São recomendáveis consultas clinicas frequentes – no período entre duas e três semanas após o início da terapia – e posteriormente com intervalos mais longos entre as reavaliações, a medida que o paciente se adapta a nova rotina. Nos casos de diagnóstico tardio e de pessoas com comprometimento clínico e dificuldades sociais importantes, as reavaliações devem ser ainda mais frequentes. Após o início da TARV é recomendável realizar hemograma, plaquetometria, perfil lipídico e provas de avaliação hepática (TGO e TGP) em até 30 dias, particularmente nas situações de deficiência imunológica grave. Posteriormente, os controles periódicos podem ser realizados a cada três a quatro meses (BRASIL, 2008). 1.6 PREVENÇÃO As medidas de prevenção podem ser basicamente definidas como antagonista aos modos de transmissão. Porém a âmbito nacional pode-se destacar as medidas que o governo adota para conter a disseminação da doença, os programas de educação á população sobre a transmissão do vírus na tentativa de modificar comportamentos de risco, e a campanha “Previna-se” do Ministério da Saúde, que distribui preservativo gratuitamente em diversos eventos e diariamente na rede pública de saúde (BRASIL, 2011a; MANUAL MERCK, 2011). Pode-se dizer também que além de prevenir a transmissão do HIV para outras pessoas, as medidas preventivas também podem evitar a reinfecção e a aquisição de outros agravos, como Sífilis, vírus da hepatite B (HBV) e/ou vírus da hepatite C (HCV) (RESENDE, 2005). Entre as medidas que devem ser sistematicamente realizadas na atenção aos portadores do HIV estão:  Aconselhar o paciente para reduzir as situações de risco relacionadas a exposições sexuais e uso de drogas, incluindo práticas orais desprotegidas;
  • 28. 27  Pesquisar sintomas e tratar DST, reduzindo o risco de reinfecção pelo HIV;  Estimular a avaliação das parcerias sexuais;  Discutir sobre uso de álcool e outras drogas na perspectiva da redução de danos, quando pertinente;  Disponibilizar insumos de prevenção e orientar o portador sobre o uso correto dos mesmos. (BRASIL, 2011a; BRASIL, 2008) No entanto, as medida de prevenção propriamente ditas podem ser resumidas conforme o quadro a seguir: Quadro 2 – Estratégias para prevenção de contaminação pelo HIV Estratégias para prevenção do HIV Para os indivíduos não infectados  Abstinência sexual  Sexo protegido Para os indivíduos HIV positivos  Abstinência sexual  Sexo protegido  Evitar a gravidez  Não doar sangue ou órgãos  Notificar o(s) parceiro(s) (anterior e atual). Para os usuários de drogas  Deixar de compartilhar ou reutilizar agulhas  Participar de programas de tratamento para usuários de droga Para os profissionais  Utilizar luvas de látex sempre que houver possibilidade de contato com líquidos corpóreos  Utilizar e descartar as agulhas de modo adequado Fonte: MANUAL MERCK, 2011.
  • 29. 28 2 EFAVIRENZ A estrutura química do EFZ, apresentada logo abaixo, foi descoberta pela Merck Research Laboratories, em 1992, e licenciada para a empresa DuPont Merck Pharmaceutical, hoje Bristol-Myers Squibb Company, em 1994 para o desenvolvimento e marketing em determinados países. Foi aprovada pelo FDA em 21 de setembro de 1998, registrada na Anvisa em três de novembro de 1998, e distribuído pelo Ministério da Saúde brasileiro desde agosto de 1999 (BRASIL, 2010a; MERCK & Co, 2002). Figura 2 – Estrutura química do efavirenz Fonte: BARREIRO, 2007. Sua molécula, 1,4-diidro-2H-3,1benzoxazin-2-ona é opticamente ativa e com massa molecular de 315, 68. Possui aparência de pó cristalino branco ou levemente amarelado com faixa de fusão de 136ºC – 141ºC, sendo praticamente insolúvel em água, mas, solúvel em metanol e diclorometano (CLERCQ, 2001 apud VIANA et al., 2006; FLEXNER, 2006). O EFZ é um inibidor seletivo não nucleosídeo da transcriptase reversa (ITRNN) de primeira geração, do vírus da imunodeficiência humana tipo 1 (HIV- 1), um componente muito importante da terapia antiretoviral altamente ativa (HAART) no tratamento da infecção causada por este, a Aids. Sua eficácia foi estabelecida por vários estudos, randomizados e observacionais, em pacientes virgens de tratamento, incluindo aqueles com infecção avançada (EFAVIRENZ, 2009; RAKHMANINA; ANKER, 2011). Ele contribui no aumento da sobrevida do paciente infectado pelo vírus, sendo amplamente utilizados em virtude de sua conveniência, eficiência e sua
  • 30. 29 tolerabilidade a longo prazo. Este fármaco inibe de forma não competitiva a enzima TR do HIV-1, por sua característica específica no que diz respeito a matriz e trifosfatos básicos ou nucleosídeos, com um pequeno componente de inibição competitiva (CHERSICH et al., 2010; RAKHMANINA; ANKER, 2011). O EFZ foi aprovado em processo acelerado pelo FDA para uso em combinação com outros agentes ARV, com base nos resultados de ensaios clínicos. Ele é considerado o ITRNN preferencial, como parte de HAART inicial, exceto para mulheres grávidas (especialmente durante o primeiro trimestre) ou em mulheres em idade fértil que estão planejando engravidar ou que são sexualmente ativas e não fazem uso de métodos contraceptivos eficazes e consistentes. Além disso, EFZ é usado também na profilaxia pós-exposição para prevenir a transmissão do HIV em profissionais de saúde e outros indivíduos com exposição não-ocupacional ao HIV (RAKHMANINA; ANKER, 2010). Segundo Flexner (2006), estudos clínicos prospectivos randomizados comprovaram que nenhum esquema ARV até hoje produziu resposta ao longo prazo mais satisfatória do que qualquer esquema contendo EFZ. A Bristol-Myers Squibb tem direitos de comercialização exclusivos do EFZ nos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, República da Irlanda, França, Espanha, Itália e Alemanha, sob a marca STOCRIN® e nos outros países sob a marca SUSTIVA®. Através de suas subsidiárias e parceiros de marketing, a MSD tem direitos exclusivos de comercialização em todos os outros países do mundo (MERCK & Co, 2002). No Brasil, está presente na RENAME desde a publicação da Portaria nº 1.587, de 3 de setembro de 2002. Teve seu licenciamento compulsório decretado desde o ano de 2007 pelo Governo Federal Brasileiro, que desde o ano de 2009 produz pelos seus laboratórios oficiais liderados por Farmanguinhos, a demanda necessária para suprir a necessidade do país (CHAVES, 2006). Chaves (2007) especula que a MSD investiu uma quantia aproximada de US$ 800 milhões para desenvolver o EFZ. Somente com as vendas ao Brasil a empresa, em 2006, faturou US$ 40,6 milhões, valor que sozinho representa 5% do que foi investido. Já no ano de 2004, este medicamento alcançou a venda mundial de US$ 621 milhões e foi o ARV mais prescrito nos Estados Unidos. Considerando que o EFZ é um fármaco consumido em todo o mundo já há
  • 31. 30 alguns anos, é possível constatar que o gasto inicial já foi suprido e que os lucros da farmacêutica devem ultrapassar duas casas de milhão. 2.1 LICENCIAMENTO COMPULSÓRIO 2.1.1 Patentes Para entendermos todo o processo de concessão de licença compulsória, necessitamos entender alguns termos e aspectos relacionados. Começamos falando sobre as patentes. Criada no século XIX, patente é um título de propriedade temporária sobre uma invenção ou modelo de utilidade, outorgados pelo estado aos inventores ou autores ou outras pessoas físicas ou jurídicas detentoras de direitos sobre a criação. Em contrapartida, o inventor se obriga a revelar detalhadamente todo o conteúdo técnico da matéria protegida pela patente (BRASIL, 2011c). Na prática o requerimento de patente sobre invenção, descoberta ou inovação, ou ainda algo que seja original, é uma forma de assegurar a propriedade intelectual do requerente. Quando a patente é requerida o seu detentor tem o direito de explorá-la comercialmente e exclusivamente por um período já pré-determinado (COUTINHO, 2007). O seguinte artigo da Lei 9.279/96 esclarece o que, especificamente, não está disponível para patenteamento, e por exclusão, revela o que é patenteável: Art. 10. Não se considera invenção nem modelo de utilidade: I - descobertas, teorias científicas e métodos matemáticos; II - concepções puramente abstratas; III - esquemas, planos, princípios ou métodos comerciais, contábeis, financeiros, educativos, publicitários, de sorteio e de fiscalização; IV - as obras literárias, arquitetônicas, artísticas e científicas ou qualquer criação estética; V - programas de computador em si; VI - apresentação de informações; VII - regras de jogo; VIII - técnicas e métodos operatórios ou cirúrgicos, bem como métodos terapêuticos ou de diagnóstico, para aplicação no corpo humano ou animal; e IX - o todo ou parte de seres vivos naturais e materiais biológicos encontrados na natureza, ou ainda que dela isolados, inclusive o
  • 32. 31 genoma ou germoplasma de qualquer ser vivo natural e os processos biológicos naturais (BRASIL, 1996). Portanto os medicamentos são passíveis de patente, sendo capaz de suprir, na sua comercialização, os gastos com pesquisa, tecnologia, desenvolvimento, testes e ensaios clínicos, e isto é o que confere a detentora o poder de definir a política de preços que esta empresa deseja praticar. Porém, no caso de medicamentos, a própria legislação patentária brasileira prevê, no Art. 229-C da Lei 10.196/01, a qual altera e acresce dispositivos a Lei 9.279/96, que para obter a concessão de patente para produtos e processos farmacêuticos é necessário atender as especificações da ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, pois só ela possui competência para conceder o registro para comercialização, e mediante este registro a empresa pode comercializar seu produto (COUTINHO, 2007; RODRIGUES; SOLER, 2009). Para a exploração de patente por um terceiro, o Art. 68 da Lei 9.929/96 prevê que o titular de patente ou o depositante poderá celebrar contrato de licença para exploração (BRASIL, 1996). Quando há a concessão da licença para exploração, o seu detentor recebe uma remuneração referente a uma porcentagem da venda deste produto explorado na forma de “Royalties” (CHAVES, 2007). Segundo Coutinho (2007) há três espécies de licenças: a voluntária – quando o titular da patente realiza contrato de licença para exploração, e aquele concede poderes ao licenciado para defender os interesses da patente; oferta de licença – quando o titular requer ao INPI, Instituto Nacional da Propriedade Industrial, que oferte sua patente para que esta seja explorada, tendo, contudo, possibilidade de ser cancelada em certos casos; e a licença compulsória prevista pelos artigos 68 a 74 da lei nº 9.279/96, segundo estes, ficam sujeitos a ela o titular que: exercer seus direitos de forma abusiva; praticar abusos de direito econômico; que não explore o objeto da patente, por falha na sua fabricação, em território brasileiro; que não utilize o processo patenteado em sua integralidade; ou que não o comercialize de forma a satisfazer às necessidades do mercado. 2.1.2. Acordo TRIPS
  • 33. 32 Em 1883, onze países fundaram a Convenção de Paris na busca de estabelecer regras e padrões globais buscando proteger suas marcas e patentes, posteriormente houveram várias revisão, as quais o Brasil sempre respeitava atualizando sua legislação, porém com foco nos interesses nacionais (RODRIGUES; SOLER, 2009) . O Brasil sendo um país integrante da OMC, Organização Mundial do Comércio, devia também respeitar o que propunha o Acordo sobre os Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio, ou Acordo TRIPS (Trade-Related Aspects of Intellectual Property Rights), que entrou em vigor em janeiro de 1995, e tem como objetivo a aplicação das normas de proteção dos direitos referentes a propriedade intelectual, buscando diminuir as barreiras do comércio internacional. Além de outras disposições ele prevê padrões mínimos quanto à questão de patentes, para isso, os países participantes deveriam elaborar e implantar legislações patentárias condizentes aos princípios do acordo TRIPS (COUTINHO, 2007; CHAVES, 2007). Neste momento, o Brasil teve que se adequar aos vários acordos da OMC, e por sua vez, no ano de 1996 promulgou a Lei n° 9.279, que trata especificamente sobre as patentes. A Lei nº 9.279/96 dispõe sobre os direitos e obrigações sobre propriedade industrial seguindo todas as determinações exigidas pelo Acordo TRIPS, obrigando se ao mesmo a partir de janeiro de 2000, quando o prazo para adequação dos países em desenvolvimento se encerrou. Neste mesmo ano os Estados Unidos passaram a contestar a legislação patentária brasileira por conta dos itens que discriminam a questão da licença compulsória prevista nos seguintes artigos: Art. 68. O titular ficará sujeito a ter a patente licenciada compulsoriamente se exercer os direitos dela decorrentes de forma abusiva, ou por meio dela praticar abuso de poder econômico, comprovado nos termos da lei, por decisão administrativa ou judicial. Art. 71. Nos casos de emergência nacional ou interesse público, declarados em ato do Poder Executivo Federal, desde que o titular da patente ou seu licenciado não atenda a essa necessidade, poderá ser concedida, de ofício, licença compulsória, temporária e não exclusiva, para a exploração da patente, sem prejuízo dos direitos do respectivo titular (BRASIL, 1996). Segundo Rodrigues e Soler (2009), para os EUA, os artigos em questão feriam regras internacionais e não garantia que uma patente seria respeitada, requerendo então que fossem retirados. A respeito do Art. 68 os Estados
  • 34. 33 Unidos afirmavam que se este fosse aplicado, as empresas detentoras dos direitos patentários poderiam ser severamente prejudicadas, pois o preço cobrado por seus produtos embutem custos com pesquisa e desenvolvimento, profissionais, e todas as tecnologias investidas; e por fim, referente ao Art. 71 são questionados os termos como “emergência nacional” e “interesse público” por serem expressões sem significado delimitado, ou seja, podem ocorrer diversas interpretações em relação a estas expressões. O Brasil se defendia alegando que os Estados Unidos estavam adotando uma postura excessivamente protecionista aos lucros de sua indústria farmacêutica, o que prejudicava os esforços do governo brasileiro, que se baseava na produção de remédios genéricos mais baratos afim de garantir o acesso ao medicamento por toda a população – neste momento a lei dos genéricos já estava em vigor no Brasil. Entretanto, a Lei de patentes estava conforme as regras da OMC, a legislação implantada pelo Brasil atendia aos interesses do país, sem desrespeitar o que era proposto nos acordos internacionais. No Acordo TRIPS o licenciamento compulsório está previsto no Art. 31, e entre suas alíneas confirma que quando fundado no interesse público deve ser concedido para uso não comercial, exploração não exclusiva, e de forma temporária, ou seja, deve ter o prazo de vigência determinado, podendo, entretanto, ser prorrogado, perdurando enquanto existir o interesse público. Ressalta-se que, de qualquer forma, esta assegurada a remuneração devida ao detentor da patente (BRASIL, 2011b). Quando a declaração de Doha sobre o TRIPS e Saúde pública, foi assinada pelos participantes da OMC, reafirmou-se o direito dos países de proteger a saúde pública por meio da utilização, por exemplo, de licenças compulsórias quando há a necessidade de garantir o acesso ao medicamento, pois nos países desenvolvidos este mecanismo é utilizado a fim de impedir práticas anticompetitivas tanto na área tecnológica, quanto na área farmacêutica (RODRIGUES; SOLER, 2009; SOARES; CORREA, 2010). Os países conflitantes fecharam um acordo no ano de 2001, os EUA retirando suas queixas sobre os artigos 68 e 71 da Lei nº 9.279/96 e por outro lado o Brasil se comprometeu em comunicar a empresa detentora da patente qualquer possível intenção de se utilizar deste recurso de licenciamento ou
  • 35. 34 pedido de “quebra de patente”, com certa antecedência (RODRIGUES; SOLER, 2009; COUTINHO, 2007). 2.1.3 O caso do Efavirenz No ano de 2007 o Governo Federal oficializou a importância do medicamento EFZ para o tratamento de pacientes com AIDS no país, licenciando compulsoriamente o medicamento. Ao declarar seu interesse o país se baseou no artigo 31 do Acordo TRIPS e no fato de que o EFZ é um fármaco indispensável no tratamento do HIV/AIDS, e que o número de infectados no Brasil é crescente a cada ano, e com essa medida o Brasil garantiria que não houvesse desabastecimento no Programa Nacional de DST/AIDS. Porém antes de declarar seu interesse no licenciamento, o Governo Federal brasileiro passou por um longo período de negociação com o laboratório MSD buscando a redução dos preços praticados, que no ano de 2006 era de US$1,59/comprimido ou custo anual de US$580 por paciente (CHAVES, 2007; HOIRISCH, 2010). O país tentou uma negociação favorável para o contrato do ano de 2007, baseando-se no fato de que outros países adquiriam o mesmo produto por preços menores, porém a empresa não demonstrou interesse em baixar seus preços, levando assim ao fim das negociações (CHAVES, 2007; RODRIGUES; SOLER, 2009). A empresa não levou em consideração a demanda brasileira crescente, o compromisso com acesso universal ao medicamento, e o fato do EFZ ser um medicamento de primeira escolha para o tratamento da AIDS, conforme o protocolo atual. A MSD, durante as negociações, propôs um acordo de cooperação, segundo o qual haveria a transferência de tecnologia para Farmanguinhos com conclusão somente em 2011, sendo que a licença se encerraria no ano seguinte 2012, e até a completa transferência Farmanguinhos estaria autorizada somente a produzir as embalagens primárias e secundárias e sua rotulagem. Por este acordo, haveria uma diminuição de 12% no valor do fármaco, porcentagem esta que representa o valor, somente, da isenção tributária da importação dos insumos, que por este
  • 36. 35 mesmo acordo deveriam ser comprados da própria CD4+. Analisada a proposta, conclui-se que este acordo de cooperação não atendia ao interesse nacional sobre o medicamento, e por isso foi recusado pelo Governo Federal do Brasil (BRASIL, 2011b). A empresa então propôs uma redução de 2% no preço, continuando a não atender as expectativas do país, o qual pedia preços iguais aos praticados para com a Tailândia, que segundo o Ministério da Saúde era de US$ 20,21 por frasco com 30 comprimidos de 600mg; para apresentação em 200mg em frasco de 30 comprimidos US$ 24,41; e para a solução oral de 180mL, o país aceitava os preços praticados para os países de primeira categoria, ou seja, US$ 16,92 por frasco de 30mg/ml, porém, novamente a empresa se recusou (RODRIGUES; SOLER, 2009; BRASIL, 2011b). As negociações que se iniciaram em novembro de 2006, terminaram sem nenhuma decisão, mas ao declarar o interesse público, a empresa que se mostrava irredutível fez uma última proposta de redução de 30% do valor pago pelo Brasil, entretanto, o governo não aceitou a proposta e declarou o licenciamento compulsório, importando, primeiramente, versões genéricas da Índia, para depois dar início à produção local pagando uma taxa de 1,5% de royalties a MSD, até o ano de 2012, quando nesta data poderá ser prorrogada a licença compulsória se o interesse público continuar (BRASIL, 2011b). Neste ano em que foi feito o licenciamento compulsório do EFZ ele era o medicamento ARV usado em 38% dos pacientes em tratamento, e para o ano de 2007, a expectativa era de 200 mil infectados e destes 75 mil fariam tratamento com EFZ. A política de preços da MSD baseia-se no IDH (Índice de desenvolvimento humano) e/ou na taxa de infectados pelo HIV, com isso os custos variam de US$ 277,40 a US$ 697,00 por paciente/ano, porém no Brasil os preços para este fármaco, mesmo com um número crescente de novos casos no país, os preços se mantinham iguais desde o ano de 2003 e a empresa detentora não demonstrou, em momento algum, interesse em instituir uma nova política de preços (RODRIGUES; SOLER, 2009; COUTINHO, 2007; BRASIL, 2010). O Brasil recebeu através do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e da Organização Pan-americana da Saúde (OPAS) propostas de fornecimento do EFZ 600 mg por laboratórios pré-qualificados pela OMS com
  • 37. 36 preços variando entre US$163,22 por paciente/ ano ou US$ 0,4472/comprimido a US$ 166,36 por paciente por ano ou US$ 0,4558/comprimido. Estes preços permitiriam uma contenção de gastos, somente com o EFZ 600mg, de 2007 a 2012, data da expiração da patente, um valor de US$ 236.852.000,00 comparando o preço ofertado pelo MSD de redução de 2% ao país, aos oferecidos pelos laboratórios indianos pré-qualificados pela OMS, calculado já com a estimativa de infectados até este ano, o que garantiria o não desabastecimento do Programa Nacional de DST/AIDS (BRASIL, 2011b; CHAVES, 2007). O primeiro lote do medicamento genérico chegou ao Brasil em julho de 2007, já com uma economia de US$ 30 milhões de reais. O processo de compra deste primeiro lote ficou a cargo do UNICEF, o segundo ficou sob responsabilidade da OPAS. Os laboratórios Indianos selecionados foram o Aurobindo e o Ranbaxy, o último lote comprado foi entregue em março de 2008, pois a carga total de 27 milhões de comprimidos entregues em sete lotes garantiria o acesso até março de 2009, a partir desta data é Farmanguinhos que está disponibilizando ao Ministério da Saúde o medicamento EFZ, sendo acompanhado pelo Comitê Técnico Regulatório da ANVISA, todo o processo de desenvolvimento, produção e registro no Brasil do EFZ (CHAVES, 2007). Rodrigues e Soler (2009) afirmam que esta medida garante ao Brasil, além de economia, credibilidade na negociação de preço de medicamentos e fortalece a produção nacional de fármacos e transferência de tecnologia. 2.2 CARACTERÍSTICAS FARMACOLÓGICAS 2.2.1 Farmacocinética 2.2.1.1 Absorção O EFZ é bem absorvido pelo trato gastrointestinal e atinge concentrações plasmáticas máximas que variam de 505,12mg/ml a 2872,9mg/ml do fármaco, dentro de 5 horas após a administração de doses
  • 38. 37 únicas de 100mg a 1600mg administradas via oral a voluntários não infectados. Para pacientes que estão em estado de nível de carga viral controlado, as concentrações plasmáticas foram alcançadas de 6 a 7 dias (EFAVIRENZ, 2009). Segundo Rakhmanina e Anker (2010) e Flexner (2006) o aumento da Cmáx e a curva da concentração plasmática de EFZ em relação ao tempo, são proporcionais à dose para 200, 400, 600 mg. Os aumentos são menos proporcionais para a doses elevadas, como a de 1600 mg, o que evidencia a menor absorção. O EFZ pode ser administrado com ou sem a presença de alimentos, entretanto, a sua biodisponibilidade aumenta entre 22% e 17%, respectivamente, em refeições com alto teor de gordura, em uma dose única de 600mg, ou com uma refeição de composição normal em relação a biodisponibilidade da dose de 600mg administrada em jejum. Recomenda-se ainda que inicialmente o fármaco deve ser tomado ao deitar, para que possa haver redução dos efeitos colaterais. (EFAVIRENZ, 2009; FLEXNER, 2006). 2.2.1.2 Distribuição Flexner (2006) e Kuchenbecker (2006) relata que taxas entre aproximadamente 99,5 – 99,75% da dose de EFZ se ligam as proteínas plasmáticas, predominantemente a albumina, em consequência, as concentrações no líquor variam de 0,26% a 1,19% (média 0,69%) da concentração plasmática correspondente. Essa proporção é aproximadamente 3 vezes maior que a fração livre de EFZ no plasma. O referido autor ressalta que a importância clínica dessa baixa penetração no SNC não está bem esclarecida, visto que os principais efeitos tóxicos do EFZ envolvem o SNC. 2.2.1.3 Biotransformação Estudos realizados demostraram que o EFZ é metabolizado por via hepática, e convertido em metabólitos hidroxilados inativos ao HIV-1 pelo
  • 39. 38 sistema do citocromo P450. Estudos in vitro demostraram que CYP3A4 e CYP2B6 são as principais isoenzimas relacionadas ao metabolismo do EFZ com contribuição parcial a CYP2A6 (RAKHMANINA; ANKER, 2010). O EFZ demonstrou induzir as enzimas do citocromo P450, o que resulta na indução do seu próprio metabolismo. Doses múltiplas de 200-400 mg ao dia durante 10 dias resultaram em acúmulo menor do que o previsto (22-42% mais baixo) e em meia-vida terminal mais curta de 40-55 horas (meia-vida da dose única: de 52-76 horas) (EFAVIRENZ, 2009). Maggiolo (2011), Rakhmanina e Anker (2010) relatam que a concentração plasmática de EFZ é aumentada em pacientes com o genótipo homozigoto G516T de CYP2B6, frequentes em pacientes de ascendência africana, indicando que seja necessário o ajuste da dose, sem que haja comprometimento da supressão virológica. Em crianças, o polimorfismo G516T também afeta a depuração do EFZ. Entretanto, os dados atuais sobre os efeitos dos polimorfismos CYP2B6 para EFZ no resultado clínico é limitado, assim como o seu impacto na resposta virológica e imunológica a longo prazo. 2.2.1.4 Eliminação EFZ tem meia vida terminal relativamente longa, pelo menos 52 horas para após administração de doses únicas e de 40 – 55 horas para doses múltiplas, o que possibilita a tomada única. Maggiolo (2010) ressalta que ao administrar EFZ em combinação com didanosina e emtricitabina, a meia vida dele passa a ser de aproximadamente 24 horas, entretanto a combinação continua sendo eficaz e bem tolerada em terapia em longo prazo. Em porcentagem, doses radioativamente marcadas puderam ser recuperadas de 14 a 34% na urina e menos de 1% foi excretada na forma inalterada, e entre 16 a 61% nas fezes, principalmente na forma inalterada (RAKHMANINA; ANKER, 2010). Em relação ao paciente com comprometimento renal, pode-se afirmar que o impacto na excreção do EFZ deve ser mínimo, já que menos de 1% da droga foi excretada na forma inalterada, entretanto, não há estudos realizados
  • 40. 39 que abordam mais profundamente esta questão , assim como, para pacientes com comprometimento hepático (EFAVIRENZ, 2009). 2.2.2 Farmacodinâmica EFZ é um inibidor não competitivo seletivo da TR do HIV-1, porém ele não atua com efeito inibitório sobre TR do HIV-2 ou DNA polimerases celulares alfa, beta, gama ou delta. O medicamento se liga diretamente à TR e inibe o RNA-viral e DNA-dependentes atividades DNA polimerase por perturbar o sítio catalítico. Apesar do complexo droga-enzima podem continuar a ligar trifosfato desoxinucleótidos e catalisar sua incorporação ao DNA viral recém-formando, em um ritmo mais lento (EFAVIRENZ, 2009). Segundo Rakhmanina e Anker (2010) a supressão em longo prazo da replicação do HIV tem sido associada com a manutenção de concentrações mínimas >1 mcg/mL em adultos e crianças, enquanto as concentrações mínimas superiores a 4 mcg/mL têm risco adverso aumentado comprovado ao sistema nervoso central, quais os efeitos podem levar à interrupção do TARV. 2.2.3 Eficácia Conforme descrito na própria bula do medicamento, a eficácia do EFZ foi descrita a partir de estudos clínico (ANEXO A). 2.2.4 Interações medicamentosas As seguintes medicações não podem ser tomadas juntas com efavirenz: astemizol, cisaprida, terfenadina, midazolam, triazolam e derivados do ergot. A administração desses medicamentos com efavirenz pode causar efeitos adversos graves e/ou risco de vida. Não é recomendado tomar produtos contendo erva de São João (Hypericum perforatum) com efavirenz, pois eles podem diminuir o seu efeito ou de outros medicamentos utilizados para tratar a infecção causada pelo HIV (EFAVIRENZ, 2009).
  • 41. 40 O EFZ diminui as concentrações de fenobarbital, fenitoína e carbamazepina. São necessários cuidados especiais quando o paciente está em uso de claritrominicina, rifampicina e metadona (FLEXNER, 2006; KUCHENBECKER, 2006). Efavirenz nunca deve ser usado isoladamente; deve ser sempre administrado em combinação com outros medicamentos anti-HIV, como os inibidores de proteases (nelfinavir e indinavir) e os inibidores da ITRNs. A dose de indinavir deve ser aumentada quando efavirenz e indinavir forem administrados concomitantemente. O uso de efavirenz com saquinavir não é recomendado (EFAVIRENZ, 2009). 2.2.5 Reações adversas O EFZ foi geralmente bem tolerado em estudos clínicos que envolveram mais de 9.000 pacientes. Em um subgrupo de 1.008 pacientes que receberam 600 mg ao dia de EFZ em combinação com inibidores da protease e/ou ITRNs em estudos clínicos controlados, os efeitos indesejáveis relacionados ao tratamento relatados mais freqüentemente, cuja gravidade foi no mínino moderada, e que ocorreram em pelo menos 5% dos pacientes foram: erupção cutânea (11,6%), tontura (8,5%), náuseas (8,0%), cefaléia (5,7) e fadiga (5,5%). A frequência dos relatos de náuseas foi mais alta nos grupos controle (EFAVIRENZ, 2009). Sarita (2010) e Flexner (2006) destacam como principais efeitos adversos do EFZ a erupção cutânea e os efeitos colaterais no sistema nervoso central, como tonturas e sonhos vívidos, sendo transitórios e gerenciáveis na maioria dos pacientes, os quais afetam pelo menos 53% dos pacientes em tratamento com o fármaco. Outros efeitos indesejáveis relacionados ao tratamento e clinicamente significativos, porém menos freqüentes, relatados em todos os estudos clínicos incluem: reações alérgicas, coordenação anormal, ataxia, confusão, estupor, vertigem, vômitos, diarréia, hepatite, diminuição da concentração, insônia, ansiedade, alteração do padrão de sonhos, sonolência, depressão,
  • 42. 41 pensamentos anormais, agitação, amnésia, delírios, labilidade emocional, euforia, alucinações e psicoses (EFAVIRENZ, 2009; KUCHENBECKER, 2006). Outros efeitos indesejáveis, relatados por meio de farmacovigilância, incluem neuroses, reações paranóides, convulsões, prurido, dor abdominal, visão turva, ginecomastia e insuficiência hepática. O tipo e a freqüência dos efeitos indesejáveis em crianças foram, em geral, similares aos observados em pacientes adultos, à exceção da erupção cutânea, que foi mais frequente e geralmente mais grave nas crianças do que nos adultos (EFAVIRENZ, 2009).
  • 43. 42 3 MÉTODO Este estudo foi realizado através de pesquisa de dados em prontuários de pacientes infectados pelo HIV que recebem TARV de EFZ em associação com medicamentos da mesma classe terapêutica, sendo geralmente AZT + 3TC. O estudo baseia-se na análise de dados dos pacientes em tratamento e acompanhamento pelo CADIP da cidade de Fernandópolis. Os dados analisados são referentes ao sexo, idade, data do diagnóstico do vírus, data do início do tratamento com EFZ, contagem de células CD4+ e carga viral acompanhados da data de realização do primeiro e último exame realizado que constavam no prontuário. Outros dados, como associação com outros fármacos e mudança de esquema terapêutico também foram registrados. A análise inicial contou com um número total de 118 prontuários de pacientes em tratamento com EFZ em qualquer tipo de combinação, porém a amostra efetiva para realização desse trabalho foi de 48 prontuários, pois pacientes que não continham em seus prontuários, qualquer um dos dados necessários foram descartados para aumentar a confiabilidade e diminuir a margem de erro do trabalho. 3.1 CAMPO DE PESQUISA A cidade de Fernandópolis, está localizada no extremo noroeste de São Paulo, a 555 km da capital paulista. Ocupando uma área de 549,5 km², incluindo o distrito de Brasitânia que se localiza a 21 km da cede. O município é considerado referência em uma microregião de 13 municípios, com grande representação educacional principalmente no quesito ensino superior, que se encontra em crescente expansão. Na área da saúde, Fernandópolis também encontra-se como centro de referência, não só para municípios situados em sua microregião, mas também para municípios de regiões vizinhas, como Triângulo Mineiro, Mato Grosso do Sul e até sul de Goiás (FERNANDÓPOLIS, 2002 apud PINTO NETO, 2004).
  • 44. 43 A população do município é de 64.696 habitantes. A densidade demográfica é de 112,3 habitantes por km² com uma taxa anual de crescimento de 1,08%. A cidade está dividida em “100 bairros”. A taxa de urbanização é de 95,9% (BRASIL, 2011c). O abastecimento de água do município é realizado pela empresa Sabesp, que inclui o Distrito de Brasitânia, e cobre 94,4% da malha urbana dos imóveis residenciais; quanto à rede coletora de esgoto, que também inclui o Distrito de Brasitânia, cobre 98% do município, totalizando 20.959 ligações (PINTO NETO, 2004; FERNANDÓPOLIS, 2011). A coleta de lixo hospitalar/farmacêutico é realizada por uma empresa terceirizada, diariamente, sendo o mesmo encaminhado para São José do Rio Preto para destinação adequada. O lixo em Fernandópolis é recolhido e levado ao aterro sanitário da cidade (FERNANDÓPOLIS, 2011). A rede de Serviços de Saúde do município é constituída por diversos equipamentos de caráter privado, filantrópico, público estadual e municipal. O município adotou dentro do processo de descentralização/ municipalização da saúde, a Gestão Plena da Atenção Básica Ampliada. A Diretoria Municipal de Saúde é constituída por um diretor (gestor), uma Coordenadoria de Enfermagem, uma Coordenadoria Odontológica, um Serviço de Vigilância Epidemiológica e um Serviço de Vigilância Sanitária, entre outras áreas (PINTO NETO, 2004). A rede hospitalar é constituída por um hospital privado de pequeno porte e um hospital filantrópico (Santa Casa da Misericórdia) de médio porte, conveniado ao SUS, e é a principal referência hospitalar da região. A rede de saúde pública estadual é constituída de um Ambulatório de Especialidades e dois Laboratórios do SUS que atendem aos usuários do SUS dos treze municípios da micro-região. Também está situado na cidade, um Núcleo de Hemoterapia, subordinado ao Hemocentro de Ribeirão Preto, que atende aproximadamente cinqüenta municípios (PINTO NETO, 2004). A rede de saúde publica municipal está constituída por nove Unidades Básicas de Saúde (Atendimento médico, odontológico e vacinação), uma delas situada no distrito de Brasitânia, seis Programas da Saúde da Família (PSF), treze Estratégia Saúde da Família (ESF), um Centro de Atendimento de Doenças Infecto-Parasitárias (CADIP), um Centro de Atendimento Psico-Social (CAPS), um Programa Sentinela, um Central de Atendimento a Saúde, onde
  • 45. 44 está instalado o Consórcio Intermunicipal para consultas médicas especializadas, coleta do exame do pezinho e sala para aplicação de imunobiológicos (CISARF) e uma Central de Saúde onde funciona a Diretoria Municipal de Saúde. Ainda, esta em construção um ambulatório de especialidades médicas (AME) e um centro de reabilitação da rede Lucy Montoro, e os serviços do atendimento móvel de urgência (SAMU) e o Ambulatório de álcool e drogas (FERNANDÓPOLIS, 2011). Em toda rede pública de saúde do município, são distribuídas gratuitamente preservativos, folders de conscientização, assim como cartazes divulgando os testes rápidos para diagnósticos e aconselhamento para pacientes considerados grupo de risco, além das ações promovidas pela prefeitura do município (FERNANDÓPOLIS, 2011). 3.2 CARACTERIZAÇÕES GERAIS DA UNIDADE DE SAÚDE ONDE SE DESENVOLVEM AS AÇÕES DO PROGRAMA NACIONAL DST/AIDS. O CADIP foi inaugurado em dezembro de 2001, localizado em um bairro periférico da cidade, de fácil acesso. Sua estrutura é constituída por uma sala de recepção com sanitários, uma farmácia, uma sala de fisioterapia, um consultório odontológico, três consultório sendo um deles ginecológico com sanitário, outro com sala de biopsia e curativos, uma sala de vacina, uma sala administrativa e de reuniões, deposito, área para estudos e trabalhos, sanitário, área de limpeza e desinfecção de material, copa e área de serviços. Recentemente a unidade passou por obras de adequação para garantia de acessibilidade por portadores de deficiência e idosos (PINTO NETO, 2004; FERNANDÓPOLIS, 2011). Esta unidade municipal é gerenciada pela Diretoria Municipal de Saúde, serve como referência aos treze municípios da micro-região de Fernandópolis, onde é oferecido atendimento ambulatorial, das sete às 17 horas, e das 19 às 23 horas, de segundas às sextas-feiras, aos suspeitos, doentes e comunicantes de doenças infecto-contagiosas e parasitárias, que conta com os principais programas: Programa de Controle das DST/AIDS, Programa de Controle da Tuberculose, Programa de Controle das Hepatites Virais e
  • 46. 45 Programa de Eliminação da Hanseníase. A unidade conta com uma equipe de multiprofissionais, altamente capacitados, treinados e especializados para o manejo de pacientes com doenças infecto contagiosas (PINTO NETO, 2004; FERNANDÓPOLIS, 2011). Na sua inauguração foi elaborado, pelo então secretario de saúde juntamente com a equipe da unidade, um documento titulado “Elenco sãs atividades a serem desenvolvidas no CADIP”, com o intuito que as ações desenvolvidas na unidade, atendessem as normatizações dos programas referentes às especialidades tratadas. Neste documento também consta que a unidade se constitui em “espaço para estudos e realização de pesquisas de graduação e pós-graduação em todos os níveis” (FERNANDÓPOLIS, 2002 apud PINTO NETO, 2004).
  • 47. 46 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Dos pacientes que estão em tratamento com EFZ na unidade e tiveram seus prontuários analisados e dados validados para a realização do trabalho notou-se a maior incidência da infecção no sexo masculino, correspondente a 60% do total, sendo superior em 20% quando comparado com a incidência no sexo feminino, que correspondeu a 40% dos casos. A média de idade dos infectados em tratamento é de ± 43,14 anos, porém quando os dados são distribuídos por faixa etária e entre os sexos nota- se que no sexo masculino a maior taxa de infectados em tratamento está entre 45 a 54 anos; já no sexo feminino a faixa etária de maior incidência está entre as mulheres mais jovens de 35 a 44 anos (Gráfico 2). Quando esses dados são comparados a nível Brasil, confirma-se um maior número de infectados do sexo masculino, 385.818 casos e 207.080 para mulheres; porém conforme mostrado no gráfico 1, a faixa de maior incidência da população brasileira está entre 40 e 49 anos, tanto para homens quantos para mulheres (BRASIL, 2010b). Figura 3 – Taxa de infectados em tratamento com efavirenz divididos por faixa etária e sexo (n=48) Fonte: Elaboração própria.
  • 48. 47 No Gráfico 3 os dados como tempo de diagnóstico e tratamento foram relacionados conforme preconizado pelo Ministério da Saúde e praticado pelo Cadip de Fernandópolis. Os pacientes sintomáticos independentes de carga viral ou contagem de CD4+, pacientes assintomáticos com contagem de CD4 + ≤ 350 células/mm³, gestantes (independente da presença de sintomas e da contagem CD4+) e para pacientes com contagem de CD4 + entre 350-500 células/mm³ na presença de co-infecções; o tratamento deve ser instituído rapidamente, podendo ser mantido por longos períodos quando há adesão, pois conforme evidenciado por Kelley et al. (2009) pacientes que iniciam a TARV tardiamente, quando as células CD4 + estão abaixo de 200 células/mm³; mesmo após longos períodos de tratamento com medicamentos o sistema imunológico não consegue se reestabelecer para novamente atingir +. concentrações normais de CD4 A média observada em relação ao tempo de tratamento e diagnóstico é de ± 5 anos, entretanto, a quantidade de pacientes em tratamento por um período ≥ 7 anos pode ser considerada de grande relevância para o trabalho. Figura 4 – Período de diagnóstico e tratamento (n=48) Fonte: Elaboração própria. O teste para detecção da primeira carga viral é realizado no primeiro momento quando o paciente procura a unidade, sendo mais comum o encaminhamento por outros ramos médicos, a partir da suspeita devido as
  • 49. 48 sintomas apresentados, prévia exposição de risco ou decorrente da presença de co-infecções. O Gráfico 4 compara os resultados observados no momento em que a pesquisa foi realizada, quanto à taxa de carga viral a partir do momento que é detectada a infecção pelo HIV, à taxa de carga viral do último exame relatado no prontuário do paciente já em tratamento. Pacientes em tratamento devem ter seus exames laboratoriais monitorados a cada três ou quatro meses, sendo os exames como contagem de carga viral e CD4 + os mais importantes. Entretanto, por mais que os agentes comunitários e equipe da unidade tentem embutir nos pacientes em tratamento esta necessidade nem todos o fazem, por isso foram selecionados os prontuários que mais se adequam ao proposto. Conforme mostrado no Gráfico 4, é mais comum a detecção primária de altas taxas de carga viral, que acima de 100.000 cópias/mm³ já estão na faixa de passível de tratamento. Dos prontuários analisados 29%, ou seja, 14 pacientes estavam acima desta faixa no momento da detecção do HIV. Ainda neste primeiro momento é também recomendado o exame para contagem de células CD4+, que nos prontuários analisados estavam em média de ± 244,95 células/mm³, o que também esta na faixa de passível de tratamento, que como citada anteriormente é ≤ 350 células/mm³. Os dados demonstrados no Gráfico 4, representam também o último exame de quantificação de carga viral realizado pelos pacientes já em TARV com qualquer esquema contendo EFZ, sendo possível constatar que ao contrario do que foi apresentado em relação a primeira carga viral, as contagens acima de 100.000 cópias/mm³ agora representam somente 8% (4 pacientes) do total, e as contagens que representavam os resultados esperados, inferior ao limite mínimo detectável, passou a representar 75% (35 pacientes). Neste momento também fez-se a contagem da média de CD4 + que aumentou para o número de ± 474,37 células/mm³, demonstrando assim a eficácia do tratamento. Assim como demonstrado no estudo clínico randomizado ACTG 384, descrito por Lok et al. (2010); pacientes em tratamento com efavirenz + lamivudina + zidovudina por período superior a sete anos mostraram significativas melhoras em seus exames clínicos, sendo os maiores aumentos
  • 50. 49 relatados durante os primeiros anos de tratamento, de um a dois anos; seguido de poucas mudanças de três a sete anos. Figura 5 – Comparativo entre primeira e última quantificação de carga viral. Fonte: Elaboração própria.
  • 51. 50 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A análise dos dados buscadas junto aos prontuários dos pacientes em tratamento permitiu contradizer a afirmativa de Rakhmanina e Anker (2010), o qual afirma em seu trabalho que a eficácia do medicamento EFZ, tem eficiência somente para sete anos. Após avaliar os dados obtidos pode-se constatar que existem pacientes que fazem tratamento com EFZ em associação com outros fármacos na unidade, sendo os mais comuns a associação com AZT e 3TC, por um período ≥ de sete anos em quantidade expressiva, havendo até pacientes em tratamento por 10 anos, e ainda apresentando resposta favorável quanto à manutenção das taxas de carga viral e células CD4+. Isto confirma o pressuposto pelo Ministério da Saúde onde descreve que a manutenção do mesmo esquema terapêutico pode ser mantida por vários anos em pacientes que aderem corretamente ao tratamento proposto (BRASIL, 2010). Entretanto, observando ainda os dados contidos nos prontuários pode- se constatar que há uma grande dificuldade na manutenção do TARV, pois diversos pacientes não fazem o controle periódico de sua carga viral e taxa de CD4+, outros ainda abandonam o tratamento ou por problemas relacionados à adesão ou efeitos adversos que aparecem no início do tratamento. Neste caso, a situação é ainda mais complicada, pois, pode-se desenvolver resistência aos ARV. Porém, a equipe da unidade que foi realizada o trabalho relata que o paciente é aconselhado e informado sobre as vantagens e desvantagens da TARV; o que realmente falta é conscientização por parte dos infectados. E considerando que em toda a comunidade o farmacêutico é o profissional mais acessível ao paciente é neste contexto, que ressalta-se a importância da atenção farmacêutica tentando estabelecer estratégias que permitam ao paciente maior adesão à TARV; orientação de uso e conservação de seus medicamentos ARV, na identificação, manejo e notificação de eventos adversos, observância de interações medicamentosas, participação ativa nas discussões de casos clínicos e elaboração de propostas terapêuticas, e também no gerenciamento e abastecimento logístico para garantir acesso aos medicamentos e insumos necessários à demanda (BRASIL, 2010).