Este documento descreve a implementação de um novo programa de Português para o Ensino Básico em Portugal, com ênfase nos 1o e 2o ciclos. O programa privilegia um desenvolvimento integrado das atividades e áreas do saber, visando facultar aos alunos competências essenciais para o seu crescimento. Organiza-se em dois momentos no 1o ciclo, com foco na comunicação oral e escrita. No 2o ciclo espera-se um maior domínio da língua e autonomia dos alunos.
5. Este ciclo privilegia um desenvolvimento integrado nas actividades e áreas do saber. Visa facultar aos alunos a apropriação de procedimentos e instrumentos de acesso à informação, nomeadamente a utilização das TIC (tecnologias da informação e comunicação) e de construção do conhecimento, bem como aprendizagens significativas, essenciais no seu crescimento pessoal e social.
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7. Embora se constitua um ciclo único, entende-se aqui que o 1.º Ciclo compreende, pela sua especificidade dois momentos: Primeiro momento : Composto pelos dois anos iniciais as aprendizagens devem desenvolver nos alunos comportamentos verbais e não verbais adequados a situações de comunicação com diferentes graus de formalidade. A comunicação oral desempenha, nesta etapa, uma dupla função: uma função de carácter adaptativo ao novo ambiente escolar e à consequente integração dos alunos numa nova comunidade de aprendizagem;
8. uma função de capacitação dos alunos para se exprimirem de modo mais fluente e ajustado às situações (p. ex.: relatando acontecimentos, retendo a informação relevante, formulando perguntas e respostas, etc.). É também neste momento em que os alunos tomam consciência das relações essenciais entre a língua falada e a língua escrita.
9. Nele apresentam-se como fundamentais: a aprendizagem de novas convenções sobre o modo como o texto escrito se organiza, o uso correcto da pontuação, o alargamento do repertório lexical e o domínio de uma sintaxe mais elaborada. Em simultâneo, deve processar-se a aprendizagem gradual de procedimentos de compreensão e de interpretação textual, associados à promoção do desenvolvimento linguístico dos alunos, à sua formação como leitores e à ampliação do conhecimento experiencial sobre a vida e sobre o mundo.
10. Compreensão do oral: 1.º e 2.º anos - Saber escutar para reproduzir pequenas mensagens e para cumprir ordens e pedidos. - Prestar atenção a breves discursos sobre assuntos que lhe são familiares, retendo o essencial da mensagem. - Compreender o essencial de histórias contadas, de poemas e de textos da tradição oral. 3.º e 4.º anos - Saber escutar, para organizar e reter informação essencial, discursos breves em português padrão com algum grau de formalidade. - Distinguir entre facto e opinião, informação implícita e explícita, o que é essencial do que é acessório.
11. 1.º e 2. Anos - Falar de forma clara e audível. - Esperar a sua vez, saber pedir a palavra. - Formular pedidos e perguntas tendo em conta a situação e o interlocutor. - Narrar situações vividas e imaginadas. 3.º e 4.º anos - Pedir e tomar a palavra e respeitar o tempo de palavra dos outros. - Planificar e apresentar exposições breves sobre temas variados. - Produzir breves discursos orais em português padrão com vocabulário e estruturas gramaticais adequados.
12. TEXTOS LITERÁRIOS E PARALITERÁRIOS: TEXTOS NÃO LITERÁRIOS: . narrativas de literatura portuguesa clássica e contemporânea (originais ou adaptações) . narrativas de literaturas de países de língua oficial portuguesa (originais ou adaptações) . narrativas de literatura universal, clássica e contemporânea (originais ou adaptações) . textos de literatura popular e tradicional (cancioneiro, contos, mitos, fábulas, lendas…) . narrativas de literatura para a infância, portuguesas e estrangeiras: . textos dos media (notícia, reportagem, entrevista, publicidade) . textos de manuais escolares; textos científicos; textos de enciclopédias, de glossários, de dicionários… . cartas, correio electrónico, SMS, convites, avisos, recados . blogue, fórum . textos instrucionais: regulamentos, receitas, regras, normas . índices, ficheiros, catálogos . roteiros, mapas, legendas . planos, agendas, esquemas, gráficos
13. TEXTOS LITERÁRIOS E PARALITERÁRIOS: TEXTOS NÃO LITERÁRIOS: - de aventuras - fantásticas - com forte ligação ao real . textos dramáticos . poemas, canções . biografias; autobiografias . descrições, retratos, auto-retratos . banda desenhada . diários; memórias . relatos de viagem . relato histórico . adaptações para filmes e séries de televisão de obras de literatura para infância ou outras adequadas e esta faixa etária.
14. No que se refere à escrita , a aprendizagem das correspondências som/letra e a compreensão das diferentes funções da escrita serão o ponto de partida, sempre em estreita relação com a aprendizagem da leitura. A aprendizagem da escrita implica o desenvolvimento de três competências: a competência gráfica (relativa ao desenho das letras); a competência ortográfica (relativa ao domínio das convenções da escrita); a competência compositiva (relativa aos modos de organização das expressões linguísticas para formar um texto). As duas primeiras competências devem ser automatizadas o mais cedo possível para permitir à criança maior disponibilidade para investir nas tarefas que dizem respeito à competência compositiva.
15. Consideram-se 3 fases no processo de produção de textos: A Planificação – Aqui equaciona-se o objectivo da comunicação, o tipo de texto mais adequado, geram-se ideias e elabora-se um plano. A textualização – Corresponde à redacção do texto segundo um plano previamente elaborado. Seleccionamos o vocabulário, organizamos as frases, a organização das palavras em frases, em parágrafos e em texto, ou seja, fazemos com que o texto seja coerente. A revisão – Fazemos uma leitura para aperfeiçoamento do texto. A realização destas tarefas não é linear podendo ocorrer em diferentes momentos do processo de escrita. Aquando da textualização realizam-se também tarefas de planificação e revisão.
16. Para o desenvolvimento da autonomia da escrita, numa fase inicial, o espaço sala de aula deve conter referencias expostos que possibilitem à criança descobrir, de forma cada vez mais autónoma, a informação que precisa para produzir os seus escritos. A partir de textos escritos pelas crianças promover-se-á a reflexão em interacção, orientada pelo professor, com vista à expansão e ao aperfeiçoamento dos mesmos.
17. Os alunos devem viver situações variadas, aprendendo a produzir diferentes tipos de texto para que desenvolvam da melhor maneira a competência da escrita. As situações da escrita criadas deverão ser o mais expressivas possível para que as crianças interiorizem as diferentes funcionalidades da escrita e se apropriem dos diferentes tipos de texto. Para valorizar as produções dos alunos deverão ser criadas contornos que possibilitem a sua divulgação, nomeadamente blogues, jornais de turma e de escola etc. O papel do professor deverá ser de regulador, orientador e de apoio.
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22. Este ciclo privilegia um desenvolvimento integrado nas actividades e áreas do saber. Visa facultar aos alunos a apropriação de procedimentos e instrumentos de acesso à informação, nomeadamente a utilização das TIC (tecnologias da informação e comunicação) e de construção do conhecimento, bem como aprendizagens significativas, essenciais no seu crescimento pessoal e social.
29. Compreensão do oral: No segundo ciclo espera-se que, como no primeiro ciclo, o aluno seja capaz de escutar, para organizar e reter informação, sendo que a extensão dos discursos, assim como o seu grau de formalidade estão sujeitos a uma maior complexidade. Pretende-se, igualmente, que o aluno, para além de distinguir factos de opiniões, esteja apto a interpretar, emitir e fundamentar opiniões e argumentos, adoptando uma postura mais reflexiva e crítica.
30. Expressão oral: Enquanto que no primeiro ciclo o aluno é confrontado com a necessidade de recorrer às estruturas elementares do português padrão para se expressar, no segundo ciclo, é esperada uma maior complexidade e formalidade nas estruturas utilizadas. Não só é necessário comunicar oralmente, mas também se espera que sejam capazes de organizar o seu discurso de uma forma coerente, fundamentada e adequada aos objectivos e destinatários.
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33. Escrever para responder a diferentes propostas de trabalho, recorrendo a técnicas de selecção, registo, organização e transmissão de informação; Utilizar com autonomia processos de planificação, textualização e revisão com recurso a instrumentos de apoio e recursos informáticos; Escrever em termos pessoais e criativos, em diferentes suportes e num registo adequado ao leitor visado, adoptando as convenções próprias do tipo de texto;
34. Produzir textos coerentes e coesos em português padrão, com tema de abertura e fecho congruente, com uma demarcação clara de parágrafos e períodos e com uso correcto da ortografia e da pontuação.
35. Promover momentos específicos de trabalho em oficina de escrita, apoiando os alunos na planificação, textualização e revisão dos textos. Assim como, promover, apoiar, regular e orientar na selecção dos recursos a utilizar para a produção do texto.
36. Algumas sugestões: Actividades visando o contacto com as diferentes variedades do português; Recurso a listas de palavras para exercitar a voz e o ouvido na manipulação de sons e na identificação de fonemas; Manipulação de palavras com sequências de duas vogais que não pertencem à mesma sílaba; Reconstrução e reinvenção de palavras com base na alteração da estrutura silábica; Actividades para descoberta, comparação e distinção de diferentes processos de formação de palavras compostas; Exercícios de pronominalização; Actividades em laboratório de língua; Jogos de linguagem, leitura de poemas lúdicos, para observar e manipulação de palavras polissémicas. Consulta de dicionários e manipulação de informação lexicográfica;
37. Exercícios para o estabelecimento de relações classe-elemento e parte-todo; Participação na elaboração de glossários e listas organizadas de termos; produção de textos, em Oficina de Escrita; Transformação de frases afirmativas dos diferentes tipos em frases negativas e vice-versa. Actividades para descoberta e identificação de palavras com significado negativo que determinam a polaridade negativa nas frases em que ocorrem; Actividades de descoberta, produção ou interpretação de diferentes tipos enunciados de acordo com o objectivo discursivo, focando a atenção dos alunos nos seguintes aspectos: selecção de verbos performativos ou de verbos que exprimam adequadamente o propósito ilocutório; modo verbal; advérbios; interjeições; entoação (modo oral); sinais de pontuação (modo escrito); Transformação do discurso directo em indirecto.
42. (pp 73,94, 112, 131) Alargamento e complexificação de formas de raciocínio, de organização e de comunicação de saberes e pontos de vista: 2º Ciclo - situação nova, identificação e reconhecimento (Classes de palavras, B3, p 94); 3º Ciclo - continuação, alargamento, aprofundamento e complexidade progressivos (Classes de palavras, B3, p131)
43. Conjunto alargado de textos – escritos, falados, visuais, do quotidiano e dos média: ampliar conhecimentos, construção e partilha de uma cultura literária (pp 136 a 139).
44. (pp149 e 150) … escrita pessoal e escrita criativa, respondendo de forma concreta às dificuldades dos alunos; Alargamento do trabalho a nível linguístico e textual; Diversificação das actividades propostas aos alunos; … escreve-se para escrever melhor; Circulação dos escritos produzidos; Confronto de textos para tomada de consciência das diferentes tipologias;
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46. Descritores de desempenho/conteúdos/notas: Classes de palavras - B3 – do 1ºCiclo (p56), para B3 – do 2ºCiclo (p94) e o 3º Ciclo (p131): Alargamento, sistematização e consolidação – do geral para o particular. Nota-se o emprego de uma linguagem mais complexa e que exige maior profundidade.