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Rio+10:
o Brasil na cúpula
sobre desenvolvimento
sustentável
                                                   influência positiva e moderadora em favor de
                                                   consensos que atendam às prioridades dos
                                                   países em desenvolvimento e que encaminhem
                                                   de forma construtiva as grandes questões
                                                   ambientais tratadas no plano internacional.
                                                   Tem o Brasil, assim, um diálogo frutífero tanto
                                                   com os países em desenvolvimento quanto com
                                                   os países desenvolvidos.
   O tema do meio ambiente e seu tratamento           Por todas essas razões, o Brasil é sempre
multilateral são para o Brasil questões            visto como um dos principais atores nas
fundamentais, não apenas pelo interesse            tratativas internacionais sobre esses temas e
internacional e pelas crescentes implicações que   nossas posições são, invariavelmente, acolhidas
vemos das atividades humanas sobre o meio          com respeito e atenção. Essa percepção decorre
ambiente, mas sobretudo pelo fato de estar         de nossas credenciais próprias, ligadas ao peso
vinculado ao tema do desenvolvimento – que         político e econômico do país, mas também das
permanece como a grande necessidade e              riquezas e da diversidade de nosso patrimônio
aspiração nacional. A questão ambiental é hoje     ambiental.
ineludível em vários campos da atividade              No tratamento de temas afetos ao meio
humana e constitui sem dúvida uma das áreas        ambiente e ao desenvolvimento sustentável é
que compõem a “agenda da opinião pública”          imprescindível abordar a Conferência das
contemporânea.                                     Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
                                                   Desenvolvimento – a Conferência do Rio, de
   No campo internacional, o Brasil tem um
                                                   1992. A Conferência do Rio mudou o eixo da
papel importante a desempenhar no que diz
                                                   discussão sobre o desenvolvimento ao
respeito ao bom encaminhamento das questões
                                                   contextualizá-la numa visão global que coloca
ambientais. Isso se deve tanto à transcendência    as relações Norte-Sul sob o signo da
do tema para uma necessidade interna básica –      cooperação. No Rio de Janeiro, há quase dez
o desenvolvimento nacional – quanto à nossa        anos, escreveu-se uma das páginas mais
condição própria – talvez única – de país de       significativas do multilateralismo e da
grandes dimensões e potencialidades, mas           determinação dos povos de buscar um futuro
também de imensos contrastes econômicos e          comum fundado na paz e na construção da
sociais.                                           prosperidade. Para o Brasil, recordar a
   Contamos, em alguns setores, com                Conferência do Rio, significa também reafirmar
características de país industrializado e em       o comprometimento do País com o
outros apresentamos graves índices de pobreza.     desenvolvimento sustentável a partir de uma
Tais condições, se representam um grande           visão que transcende nossos interesses
desafio    interno,     representam     também     específicos para incluir nossas expectativas
possibilidades externas, em termos tanto de        quanto à ação da comunidade internacional.
acesso a recursos e tecnologia quanto de              A idéia do desenvolvimento sustentável é um


                                                                                                     7
conceito heurístico – tem múltiplas dimensões.     Os princípios consagrados na Declaração do Rio
    Associa a preocupação ambiental à não menos        sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento e na
    legítima preocupação com a economia e a            Declaração de Florestas, bem como os
    erradicação da pobreza. A variável ambiental       compromissos da Agenda 21, ainda enfrentam o
    deve sempre estar presente de maneira positiva     teste da vontade política de se adotarem novas
    no estímulo e na sustentabili-                                         atitudes, novas metodologias
    dade do desenvolvimento – e Tornar o desenvolvimento e de se empregarem novos
    não como instrumento abusi-       sustentável uma alavanca meios que promovam a
    vo de cerceamento econômico                                            melhoria da qualidade de
    ou entrave comercial.              de modernização requer vida das populações sem que
       O desenvolvimento susten-        conferir-lhe condições             isso implique custos que hoje
    tável, enquanto conceito, é               sistêmicas de                temos a consciência de serem
    universal, mas, enquanto expe-                                         inaceitáveis do ponto de vista
    riência, expõe sua dimensão
                                            competitividade.               ambiental. Por outro lado, a
    local. No campo da implemen-                                           realidade política tem eviden-
    tação, ainda somos vítimas do                                          ciado que muitas das expec-
    paradoxo do excesso de poder                                           tativas que tínhamos, em
    e do excesso de impotência. Excesso de poder que   1992, para colocar a cooperação internacional
    se reflete na concentração limitada de recursos    em novas bases, não têm sido plenamente
    financeiros, tecnológicos e de conhecimento,       satisfeitas e que os compromissos assumidos nos
    cujo acesso pelos países em desenvolvimento        instrumentos emanados da Conferência não têm
    ainda conhece severos impedimentos. Excesso        sido honrados em sua totalidade.
    de impotência ante a incapacidade da                  Não foi definida uma agenda para a Cúpula
    comunidade internacional de galvanizar os          Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável
    recursos existentes para diminuir de maneira       (Joanesburgo, de 26 de agosto a 4 de setembro
    eficaz as distâncias dentro e entre as             de 2002), por ocasião de sua convocação. Essa
    sociedades, o que agrava a insustentabilidade.     agenda está sendo objeto de negociações no
       Tornar o desenvolvimento sustentável uma        âmbito do Comitê Preparatório da Conferência.
    alavanca de modernização requer conferir-lhe       No contexto preparatório para a Rio+10, o
    condições sistêmicas de competitividade. A         Brasil sediou, no Rio de Janeiro, em outubro de
    internalização do mundo na vida das sociedades     2001, uma Reunião Regional dos Países da
    promovida pela regulamentação multilateral do      América Latina e do Caribe, em nível
    desenvolvimento sustentável não se pode dar de     ministerial. Naquela ocasião, os países da
    maneira seletiva. A persistência, nos mercados     região acordaram uma plataforma para as
    desenvolvidos, de subsídios à agricultura, bem     negociações em âmbito global, em que se sugere
    como de barreiras não tarifárias, reforçam a       como tema central de Joanesburgo a busca de
    busca da competitividade por meio de práticas      uma nova globalização e de um desenvolvimento
    predatórias, que os governos devem-se esforçar     sustentável inclusivo e eqüitativo.
    por reverter.                                         É importante ter presente que, na
       Completada uma década da conclusão dos          Conferência do Rio, a comunidade internacional
    históricos acordos do Rio, a busca do              assumiu um compromisso político de dupla
    desenvolvimento sustentável mostra-nos a           natureza, a saber: a internalização, por meio da
    inter-relação entre conceitos e realidade.         legislação e de outras práticas administrativas,


8
dos parâmetros de desenvolvimento sustentável      para a construção de uma agenda de trabalho
acordados na Agenda 21 e nas declarações e         para a Rio+10 em temas que vêm,
convenções então adotadas; e a provisão de         progressivamente, se impondo à atenção da
cooperação financeira, tecnológica e técnica aos   comunidade internacional, tais como, poluição
países em desenvolvimento.                         urbana; padrões de produção e de consumo;
   A Rio + 10, portanto, deve ter seu escopo       fontes alternativas de energia; eficiência
demarcado pela avaliação da implementação          energética; ecoturismo; e disponibilidade de
dos compromissos assumidos em 1992, na             recursos humanos, financeiros, tecnológicos e
Conferência do Rio. No entender do Brasil, cabe    institucionais adequados. Tais temas já fazem
ter presente as circunstâncias históricas que      parte da Agenda 21, mas poderiam ser
permitiram o consenso no Rio, em 1992, em          aprofundados e ganhar maior relevância.
torno da Agenda 21. Esse consenso deve ser            Os temas a serem tratados na Cúpula de
preservado; qualquer idéia de se duplicar a        Joanesburgo apresentam, para o Brasil, elevado
Agenda 21 em Joanesburgo pode comprometer          interesse estratégico. Nas negociações
o êxito da Conferência. Tampouco deve a            internacionais, o Itamaraty, em estreita
Conferência de Joanesburgo envolver o              coordenação com os Ministérios setoriais, tem
lançamento de qualquer novo processo nego-         buscado defender posições coerentes e
ciador, especialmente em razão da necessidade      construtivas nos diversos foros e processos
de ainda se cumprirem os compromissos              negociadores decorrentes dos compromissos e
assumidos no Rio, há dez anos                      estruturas acordados na Conferência do Rio.
   A exemplo da Conferência do Rio, a reunião         Sobretudo, a Cúpula de Joanesburgo deve
de Joanesburgo, não obstante a natureza            resultar na renovação do compromisso político e
técnica que permeia muitos dos temas a serem       do apoio para o desenvolvimento sustentável de
debatidos, será uma reunião de natureza            forma consistente, inter alia, com o princípio
eminentemente político-diplomática. Servirá        das     responsabilidades    comuns,     porém
para estabelecer as diretrizes que deverão         diferenciadas, tendo como fundamento a
orientar os esforços nacionais e a ação            responsabilidade histórica e ineludível, por
internacional nos anos vindouros no campo          parte dos países desenvolvidos, em razão dos
ambiental. Por esse motivo, ao estabelecer a       insustentáveis padrões de desenvolvimento que
Comissão Interministerial sobre a Rio+10, o        marcam o avanço de suas sociedades.
Presidente da República instruiu o Ministério         Espera-se, portanto, que essa renovação de
das Relações Exteriores a presidi-la, com o        compromissos se traduza, de um lado, em uma
propósito de que a formulação das posições a       maior disposição em prover cooperação
serem defendidas pelo Brasil seja subsidiada       financeira e tecnológica voltadas a favorecer a
pelo conhecimento e pela experiência               adoção de modelos de desenvolvimento
acumulada, desde 1992, pelos Ministérios           sustentável nos países em desenvolvimento e, de
setoriais e entidades vinculadas, bem como por     outro, em uma maior disposição em incorporar
representantes da sociedade civil organizada, o    o     desenvolvimento     sustentável     como
que assegura à Comissão as necessárias             preocupação primordial no desenho e execução
transparência e representatividade.                de políticas públicas.
   Do ponto de vista brasileiro, a Agenda 21          A Rio+10 deve, assim, propiciar o
deve ser vista como um todo e servir de base       desenvolvimento de parcerias para o



                                                                                                     9
desenvolvimento sustentável, seja pelo reforço    e abertura de mercados.
     da cooperação internacional, seja pela               A Cúpula terá também o grande desafio de
     intensificação do engajamento do setor privado    gerar consenso e ações eficazes no plano social.
     em ações claramente marcadas pela                 Tendo em vista tentativas de singularizar o
     sustentabilidade respaldadas pela abertura dos    debate sobre a pobreza na Cúpula de
     mercados e que, além de gerarem empregos e        Joanesburgo, cabe destacar que a pobreza não é
     renda, adotem tecnologias ambientalmente          causa maior da degradação ambiental, mas
     saudáveis. Esses dois eixos de ação devem ter     resultado direto das falhas e desequilíbrios
     como resultado último o incremento da             prevalecentes nas estruturas econômicas e
     competitividade das sociedades e das empresas     sociais sobre as quais se pautou o desenvol-
     num mundo globalizado.                            vimento liderado pelas sociedades industria-
        A participação do setor privado é              lizadas. A degradação do meio ambiente surge
     fundamental nas discussões sobre a Rio+10.        muito mais em resultado dos padrões de
     Nesse contexto, não se pode ignorar que os        consumo e de produção promovidos pela socie-
     países em desenvolvimento realizaram, nos         dade industrial. A sustentabilidade desses
     últimos dez anos, profundas refor mas             padrões é que deve ser avaliada prioritaria-
     estruturais para atrair investimentos externos,   mente em relação aos impactos ambientais.
     tecnologia, e propiciar melhor rentabilidade         A pobreza é, no entanto, inadmissível, pois
     para a assistência financeira internacional; ao   incompatível com a dignidade humana. É
     lado dessas reformas, houve uma abertura de       conseqüência de um crescimento anômalo que
     mercado, permitindo maior competição de           induz à exploração predatória dos bens e
     produtos estrangeiros em seus mercados            serviços ambientais, seja para manter o
     internos. Todavia, esses esforços não encontram   desperdício da fartura, seja para tentar
     simetria nos países desenvolvidos, cujos          contornar as privações dos que pouco ou nada
     mercados ainda se encontram fechados a            possuem. O desafio global para o milênio que se
     produtos oriundos dos países em desenvol-         inicia – e sobre o qual se debruçará a Cúpula de
     vimento. Isso torna questionável o discurso       Joanesburgo – é o de conciliar a erradicação da
     sobre o desenvolvimento sustentável centrado      pobreza com a superação de padrões insusten-
     apenas em prescrições para um dos termos da       táveis de consumo e produção. As duas metas
     parceria global, especialmente com realce à       são hoje – como eram há dez anos – insepará-
     pobreza como causa da degradação ambiental.       veis para se alcançar a sustentabilidade global.
        A Conferência de Joanesburgo deve buscar          Especial atenção deve ser conferida à
     avaliar como os países industrializados estão     premência de não se aprofundar o desequilíbrio
     caminhando para a sustentabilidade, tendo         entre ricos e pobres, em nível nacional, regional
     presente o princípio das responsabilidades        e internacional. O desenvolvimento sustentável
     comuns mas diferenciadas. Cumpre, por             não é uma receita única, mas seus ingredientes
     conseguinte, abordar a dimensão econômica do      necessitam ser aplicados em doses suficientes e
     desenvolvimento sustentável, especialmente no     adequadas a cada tecido social para que as
     que tange aos padrões de produção e consumo       transformações que todos almejamos possam
     prevalecentes nas economias avançadas, a          ser realidade.
     partir de uma visão abrangente das inter-            A Cúpula de Joanesburgo ocorrerá num
     relações entre investimento, combate à pobreza    momento marcado pelo reforço da solidariedade



10
internacional para combater as ameaças à            se avançou e o quanto ainda se precisa fazer
segurança. As respostas aos desafios no campo       para tornar realidade o desenvolvimento
da segurança requerem que a solidariedade se        sustentável. Esse conceito-síntese consubstan-
concretize de modo simétrico na solução dos         ciou a mensagem kantiana da Conferência de
desafios pendentes consubstanciados no              1992 que reconhece a importância, do ponto de
cumprimento dos compromissos assumidos na           vista da humanidade, da consolidação de uma
Agenda 21, bem como nas convenções e                visão de futuro orientada para um novo patamar
declarações consagradas unanimemente no Rio         de convivência internacional. Essa visão, entre-
de Janeiro.                                                            tanto, requer para sua
   A globalização e o desen-           O desenvolvimento               implementação uma coope-
volvimento sustentável têm sustentável é uma questão ração em termos grocianos,
em comum o sentido da mu-                                              isto é, centrada na interde-
                                 global, em que os objetivos pendência construtiva das
dança. Mas têm igualmente
em comum a característica            são convergentes e as             soberanias.
de serem conceitos sobre os          responsabilidades são                Nas palavras do Presi-
quais não há uma interpre-                                             dente Fernando Henrique
tação única que possa
                                        comuns, embora                 Cardoso, a dinâmica da
embasar a ação política. Glo-              diferenciadas.              questão ambiental “tem que
balização, desenvolvimento e                                           ser cultural”1. Enfrentar os
sustentabilidade têm signifi-                                          desafios que o desenvolvi-
cados diferentes para distin-                                          mento sustentável nos oferece
tos grupos sociais ou correntes políticas.          somente será possível se infundirmos uma nova
   Todavia, mesmo nessa incerteza epistemo-         consciência acerca da natureza estratégica do
lógica, o consenso de que são inadequados os        meio ambiente. A necessidade de novas vias
padrões até agora seguidos para o uso da            para a cooperação tanto no campo da proteção
natureza e do meio ambiente impõe que a             da natureza quanto da promoção do desenvol-
comunidade científica e o arsenal tecnológico       vimento está em sintonia com os anseios de uma
propiciem conhecimento para que sejam               geração sensível à necessidade de se proteger o
encontradas opções racionais para os impasses       meio ambiente e ao imperativo de se acelerar a
que as sociedades enfrentam. O aprofundamento       afirmação da eqüidade social. É auspicioso ver
da interdependência entre as sociedades acen-       a valorização das instâncias intergover-
tuou o caráter transformador e a importância        namentais e a ampliação da presença da
política do conhecimento. O desenvolvimento         sociedade civil na definição do esforço para
sustentável tem seu fundamento na combinação        superar práticas predatórias e promover alter-
entre a engenhosidade política e o apoio da         nativas mais sustentáveis de promoção da
ciência para a compreensão de fenômenos que         prosperidade e do bem-estar.
até há pouco sequer freqüentavam nossa                 Nos dez anos desde a realização da
imaginação.                                         Conferência do Rio solidificou-se a convicção
   O desenvolvimento sustentável é uma questão      sobre o equilíbrio imprescindível que deve haver
global, em que os objetivos são convergentes e      entre a utilização de recursos ambientais e
as responsabilidades são comuns, embora             naturais e o progresso econômico e social.
diferenciadas. À luz desse preceito, a Cúpula de    A discussão sobre os caminhos do desenvolvi-
Joanesburgo servirá para avaliarmos o quanto        mento teve grande ascendência sobre o



                                                                                                       11
cotidiano dos cidadãos e sobre a moldagem da    natureza às atividades humanas e a determinação
     sociedade. Com base nesse significado da noção  política de enfrentar os desafios ambientais. A
     de desenvolvimento para nosso tecido social     crescente certeza científica sobre o efeito das
     cabe afirmar, como o fiz em 1992, que “o        ações humanas na degradação do meio ambiente
     pressuposto do desenvolvimento sustentável é o  urge a implementação das medidas saneadoras
     próprio desenvolvimento”.                                           acordadas no plano global e
        Conferências    como     a         “O pressuposto do            invalida opções unilaterais
     Cúpula de Joanesburgo servem desenvolvimento sustentável pela inércia.
     para que busquemos racio-
     nalizar a ação em meio à
                                    é o próprio desenvolvimento” pelo fenômeno da marcada
                                                                            Em nossa época,
                                                                                              globali-
     incerteza da compreensão.                                           zação e seu impacto em
     Cumpre, assim, avançar no                                           nossas sociedades, devemos
     entendimento entre os dife-                                         ter como princípio norteador
     rentes atores para traduzir no concreto as      a construção de uma globalização sustentável,
     decisões tomadas no Rio e que ainda carecem de  inclusiva e eqüitativa. Nossa ação para a Confe-
     implementação plena. Cumpre, ainda, ter         rência de Joanesburgo deve ser orientada por
     presente que, na formulação das respostas ao    uma visão de futuro que aproxime a realidade
     desafio do desenvolvimento sustentável, enfren- social e normativa consagradora de valores
     tamos tempos diferentes entre as reações da     compartilhados dos ideais que nos inspiram.




     Professor Celso Lafer
     Ministro de Estado das Relações Exteriores; Vice-Presidente da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
     Desenvolvimento – a Rio 92
     1 CARDOSO, Fernando Henrique. O Presidente Segundo o Sociólogo: entrevista a Roberto Pompeu de Toledo. São
       Paulo: Companhia das Letras, 1998, p. 163.



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  • 1.
  • 2. Rio+10: o Brasil na cúpula sobre desenvolvimento sustentável influência positiva e moderadora em favor de consensos que atendam às prioridades dos países em desenvolvimento e que encaminhem de forma construtiva as grandes questões ambientais tratadas no plano internacional. Tem o Brasil, assim, um diálogo frutífero tanto com os países em desenvolvimento quanto com os países desenvolvidos. O tema do meio ambiente e seu tratamento Por todas essas razões, o Brasil é sempre multilateral são para o Brasil questões visto como um dos principais atores nas fundamentais, não apenas pelo interesse tratativas internacionais sobre esses temas e internacional e pelas crescentes implicações que nossas posições são, invariavelmente, acolhidas vemos das atividades humanas sobre o meio com respeito e atenção. Essa percepção decorre ambiente, mas sobretudo pelo fato de estar de nossas credenciais próprias, ligadas ao peso vinculado ao tema do desenvolvimento – que político e econômico do país, mas também das permanece como a grande necessidade e riquezas e da diversidade de nosso patrimônio aspiração nacional. A questão ambiental é hoje ambiental. ineludível em vários campos da atividade No tratamento de temas afetos ao meio humana e constitui sem dúvida uma das áreas ambiente e ao desenvolvimento sustentável é que compõem a “agenda da opinião pública” imprescindível abordar a Conferência das contemporânea. Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – a Conferência do Rio, de No campo internacional, o Brasil tem um 1992. A Conferência do Rio mudou o eixo da papel importante a desempenhar no que diz discussão sobre o desenvolvimento ao respeito ao bom encaminhamento das questões contextualizá-la numa visão global que coloca ambientais. Isso se deve tanto à transcendência as relações Norte-Sul sob o signo da do tema para uma necessidade interna básica – cooperação. No Rio de Janeiro, há quase dez o desenvolvimento nacional – quanto à nossa anos, escreveu-se uma das páginas mais condição própria – talvez única – de país de significativas do multilateralismo e da grandes dimensões e potencialidades, mas determinação dos povos de buscar um futuro também de imensos contrastes econômicos e comum fundado na paz e na construção da sociais. prosperidade. Para o Brasil, recordar a Contamos, em alguns setores, com Conferência do Rio, significa também reafirmar características de país industrializado e em o comprometimento do País com o outros apresentamos graves índices de pobreza. desenvolvimento sustentável a partir de uma Tais condições, se representam um grande visão que transcende nossos interesses desafio interno, representam também específicos para incluir nossas expectativas possibilidades externas, em termos tanto de quanto à ação da comunidade internacional. acesso a recursos e tecnologia quanto de A idéia do desenvolvimento sustentável é um 7
  • 3. conceito heurístico – tem múltiplas dimensões. Os princípios consagrados na Declaração do Rio Associa a preocupação ambiental à não menos sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento e na legítima preocupação com a economia e a Declaração de Florestas, bem como os erradicação da pobreza. A variável ambiental compromissos da Agenda 21, ainda enfrentam o deve sempre estar presente de maneira positiva teste da vontade política de se adotarem novas no estímulo e na sustentabili- atitudes, novas metodologias dade do desenvolvimento – e Tornar o desenvolvimento e de se empregarem novos não como instrumento abusi- sustentável uma alavanca meios que promovam a vo de cerceamento econômico melhoria da qualidade de ou entrave comercial. de modernização requer vida das populações sem que O desenvolvimento susten- conferir-lhe condições isso implique custos que hoje tável, enquanto conceito, é sistêmicas de temos a consciência de serem universal, mas, enquanto expe- inaceitáveis do ponto de vista riência, expõe sua dimensão competitividade. ambiental. Por outro lado, a local. No campo da implemen- realidade política tem eviden- tação, ainda somos vítimas do ciado que muitas das expec- paradoxo do excesso de poder tativas que tínhamos, em e do excesso de impotência. Excesso de poder que 1992, para colocar a cooperação internacional se reflete na concentração limitada de recursos em novas bases, não têm sido plenamente financeiros, tecnológicos e de conhecimento, satisfeitas e que os compromissos assumidos nos cujo acesso pelos países em desenvolvimento instrumentos emanados da Conferência não têm ainda conhece severos impedimentos. Excesso sido honrados em sua totalidade. de impotência ante a incapacidade da Não foi definida uma agenda para a Cúpula comunidade internacional de galvanizar os Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável recursos existentes para diminuir de maneira (Joanesburgo, de 26 de agosto a 4 de setembro eficaz as distâncias dentro e entre as de 2002), por ocasião de sua convocação. Essa sociedades, o que agrava a insustentabilidade. agenda está sendo objeto de negociações no Tornar o desenvolvimento sustentável uma âmbito do Comitê Preparatório da Conferência. alavanca de modernização requer conferir-lhe No contexto preparatório para a Rio+10, o condições sistêmicas de competitividade. A Brasil sediou, no Rio de Janeiro, em outubro de internalização do mundo na vida das sociedades 2001, uma Reunião Regional dos Países da promovida pela regulamentação multilateral do América Latina e do Caribe, em nível desenvolvimento sustentável não se pode dar de ministerial. Naquela ocasião, os países da maneira seletiva. A persistência, nos mercados região acordaram uma plataforma para as desenvolvidos, de subsídios à agricultura, bem negociações em âmbito global, em que se sugere como de barreiras não tarifárias, reforçam a como tema central de Joanesburgo a busca de busca da competitividade por meio de práticas uma nova globalização e de um desenvolvimento predatórias, que os governos devem-se esforçar sustentável inclusivo e eqüitativo. por reverter. É importante ter presente que, na Completada uma década da conclusão dos Conferência do Rio, a comunidade internacional históricos acordos do Rio, a busca do assumiu um compromisso político de dupla desenvolvimento sustentável mostra-nos a natureza, a saber: a internalização, por meio da inter-relação entre conceitos e realidade. legislação e de outras práticas administrativas, 8
  • 4. dos parâmetros de desenvolvimento sustentável para a construção de uma agenda de trabalho acordados na Agenda 21 e nas declarações e para a Rio+10 em temas que vêm, convenções então adotadas; e a provisão de progressivamente, se impondo à atenção da cooperação financeira, tecnológica e técnica aos comunidade internacional, tais como, poluição países em desenvolvimento. urbana; padrões de produção e de consumo; A Rio + 10, portanto, deve ter seu escopo fontes alternativas de energia; eficiência demarcado pela avaliação da implementação energética; ecoturismo; e disponibilidade de dos compromissos assumidos em 1992, na recursos humanos, financeiros, tecnológicos e Conferência do Rio. No entender do Brasil, cabe institucionais adequados. Tais temas já fazem ter presente as circunstâncias históricas que parte da Agenda 21, mas poderiam ser permitiram o consenso no Rio, em 1992, em aprofundados e ganhar maior relevância. torno da Agenda 21. Esse consenso deve ser Os temas a serem tratados na Cúpula de preservado; qualquer idéia de se duplicar a Joanesburgo apresentam, para o Brasil, elevado Agenda 21 em Joanesburgo pode comprometer interesse estratégico. Nas negociações o êxito da Conferência. Tampouco deve a internacionais, o Itamaraty, em estreita Conferência de Joanesburgo envolver o coordenação com os Ministérios setoriais, tem lançamento de qualquer novo processo nego- buscado defender posições coerentes e ciador, especialmente em razão da necessidade construtivas nos diversos foros e processos de ainda se cumprirem os compromissos negociadores decorrentes dos compromissos e assumidos no Rio, há dez anos estruturas acordados na Conferência do Rio. A exemplo da Conferência do Rio, a reunião Sobretudo, a Cúpula de Joanesburgo deve de Joanesburgo, não obstante a natureza resultar na renovação do compromisso político e técnica que permeia muitos dos temas a serem do apoio para o desenvolvimento sustentável de debatidos, será uma reunião de natureza forma consistente, inter alia, com o princípio eminentemente político-diplomática. Servirá das responsabilidades comuns, porém para estabelecer as diretrizes que deverão diferenciadas, tendo como fundamento a orientar os esforços nacionais e a ação responsabilidade histórica e ineludível, por internacional nos anos vindouros no campo parte dos países desenvolvidos, em razão dos ambiental. Por esse motivo, ao estabelecer a insustentáveis padrões de desenvolvimento que Comissão Interministerial sobre a Rio+10, o marcam o avanço de suas sociedades. Presidente da República instruiu o Ministério Espera-se, portanto, que essa renovação de das Relações Exteriores a presidi-la, com o compromissos se traduza, de um lado, em uma propósito de que a formulação das posições a maior disposição em prover cooperação serem defendidas pelo Brasil seja subsidiada financeira e tecnológica voltadas a favorecer a pelo conhecimento e pela experiência adoção de modelos de desenvolvimento acumulada, desde 1992, pelos Ministérios sustentável nos países em desenvolvimento e, de setoriais e entidades vinculadas, bem como por outro, em uma maior disposição em incorporar representantes da sociedade civil organizada, o o desenvolvimento sustentável como que assegura à Comissão as necessárias preocupação primordial no desenho e execução transparência e representatividade. de políticas públicas. Do ponto de vista brasileiro, a Agenda 21 A Rio+10 deve, assim, propiciar o deve ser vista como um todo e servir de base desenvolvimento de parcerias para o 9
  • 5. desenvolvimento sustentável, seja pelo reforço e abertura de mercados. da cooperação internacional, seja pela A Cúpula terá também o grande desafio de intensificação do engajamento do setor privado gerar consenso e ações eficazes no plano social. em ações claramente marcadas pela Tendo em vista tentativas de singularizar o sustentabilidade respaldadas pela abertura dos debate sobre a pobreza na Cúpula de mercados e que, além de gerarem empregos e Joanesburgo, cabe destacar que a pobreza não é renda, adotem tecnologias ambientalmente causa maior da degradação ambiental, mas saudáveis. Esses dois eixos de ação devem ter resultado direto das falhas e desequilíbrios como resultado último o incremento da prevalecentes nas estruturas econômicas e competitividade das sociedades e das empresas sociais sobre as quais se pautou o desenvol- num mundo globalizado. vimento liderado pelas sociedades industria- A participação do setor privado é lizadas. A degradação do meio ambiente surge fundamental nas discussões sobre a Rio+10. muito mais em resultado dos padrões de Nesse contexto, não se pode ignorar que os consumo e de produção promovidos pela socie- países em desenvolvimento realizaram, nos dade industrial. A sustentabilidade desses últimos dez anos, profundas refor mas padrões é que deve ser avaliada prioritaria- estruturais para atrair investimentos externos, mente em relação aos impactos ambientais. tecnologia, e propiciar melhor rentabilidade A pobreza é, no entanto, inadmissível, pois para a assistência financeira internacional; ao incompatível com a dignidade humana. É lado dessas reformas, houve uma abertura de conseqüência de um crescimento anômalo que mercado, permitindo maior competição de induz à exploração predatória dos bens e produtos estrangeiros em seus mercados serviços ambientais, seja para manter o internos. Todavia, esses esforços não encontram desperdício da fartura, seja para tentar simetria nos países desenvolvidos, cujos contornar as privações dos que pouco ou nada mercados ainda se encontram fechados a possuem. O desafio global para o milênio que se produtos oriundos dos países em desenvol- inicia – e sobre o qual se debruçará a Cúpula de vimento. Isso torna questionável o discurso Joanesburgo – é o de conciliar a erradicação da sobre o desenvolvimento sustentável centrado pobreza com a superação de padrões insusten- apenas em prescrições para um dos termos da táveis de consumo e produção. As duas metas parceria global, especialmente com realce à são hoje – como eram há dez anos – insepará- pobreza como causa da degradação ambiental. veis para se alcançar a sustentabilidade global. A Conferência de Joanesburgo deve buscar Especial atenção deve ser conferida à avaliar como os países industrializados estão premência de não se aprofundar o desequilíbrio caminhando para a sustentabilidade, tendo entre ricos e pobres, em nível nacional, regional presente o princípio das responsabilidades e internacional. O desenvolvimento sustentável comuns mas diferenciadas. Cumpre, por não é uma receita única, mas seus ingredientes conseguinte, abordar a dimensão econômica do necessitam ser aplicados em doses suficientes e desenvolvimento sustentável, especialmente no adequadas a cada tecido social para que as que tange aos padrões de produção e consumo transformações que todos almejamos possam prevalecentes nas economias avançadas, a ser realidade. partir de uma visão abrangente das inter- A Cúpula de Joanesburgo ocorrerá num relações entre investimento, combate à pobreza momento marcado pelo reforço da solidariedade 10
  • 6. internacional para combater as ameaças à se avançou e o quanto ainda se precisa fazer segurança. As respostas aos desafios no campo para tornar realidade o desenvolvimento da segurança requerem que a solidariedade se sustentável. Esse conceito-síntese consubstan- concretize de modo simétrico na solução dos ciou a mensagem kantiana da Conferência de desafios pendentes consubstanciados no 1992 que reconhece a importância, do ponto de cumprimento dos compromissos assumidos na vista da humanidade, da consolidação de uma Agenda 21, bem como nas convenções e visão de futuro orientada para um novo patamar declarações consagradas unanimemente no Rio de convivência internacional. Essa visão, entre- de Janeiro. tanto, requer para sua A globalização e o desen- O desenvolvimento implementação uma coope- volvimento sustentável têm sustentável é uma questão ração em termos grocianos, em comum o sentido da mu- isto é, centrada na interde- global, em que os objetivos pendência construtiva das dança. Mas têm igualmente em comum a característica são convergentes e as soberanias. de serem conceitos sobre os responsabilidades são Nas palavras do Presi- quais não há uma interpre- dente Fernando Henrique tação única que possa comuns, embora Cardoso, a dinâmica da embasar a ação política. Glo- diferenciadas. questão ambiental “tem que balização, desenvolvimento e ser cultural”1. Enfrentar os sustentabilidade têm signifi- desafios que o desenvolvi- cados diferentes para distin- mento sustentável nos oferece tos grupos sociais ou correntes políticas. somente será possível se infundirmos uma nova Todavia, mesmo nessa incerteza epistemo- consciência acerca da natureza estratégica do lógica, o consenso de que são inadequados os meio ambiente. A necessidade de novas vias padrões até agora seguidos para o uso da para a cooperação tanto no campo da proteção natureza e do meio ambiente impõe que a da natureza quanto da promoção do desenvol- comunidade científica e o arsenal tecnológico vimento está em sintonia com os anseios de uma propiciem conhecimento para que sejam geração sensível à necessidade de se proteger o encontradas opções racionais para os impasses meio ambiente e ao imperativo de se acelerar a que as sociedades enfrentam. O aprofundamento afirmação da eqüidade social. É auspicioso ver da interdependência entre as sociedades acen- a valorização das instâncias intergover- tuou o caráter transformador e a importância namentais e a ampliação da presença da política do conhecimento. O desenvolvimento sociedade civil na definição do esforço para sustentável tem seu fundamento na combinação superar práticas predatórias e promover alter- entre a engenhosidade política e o apoio da nativas mais sustentáveis de promoção da ciência para a compreensão de fenômenos que prosperidade e do bem-estar. até há pouco sequer freqüentavam nossa Nos dez anos desde a realização da imaginação. Conferência do Rio solidificou-se a convicção O desenvolvimento sustentável é uma questão sobre o equilíbrio imprescindível que deve haver global, em que os objetivos são convergentes e entre a utilização de recursos ambientais e as responsabilidades são comuns, embora naturais e o progresso econômico e social. diferenciadas. À luz desse preceito, a Cúpula de A discussão sobre os caminhos do desenvolvi- Joanesburgo servirá para avaliarmos o quanto mento teve grande ascendência sobre o 11
  • 7. cotidiano dos cidadãos e sobre a moldagem da natureza às atividades humanas e a determinação sociedade. Com base nesse significado da noção política de enfrentar os desafios ambientais. A de desenvolvimento para nosso tecido social crescente certeza científica sobre o efeito das cabe afirmar, como o fiz em 1992, que “o ações humanas na degradação do meio ambiente pressuposto do desenvolvimento sustentável é o urge a implementação das medidas saneadoras próprio desenvolvimento”. acordadas no plano global e Conferências como a “O pressuposto do invalida opções unilaterais Cúpula de Joanesburgo servem desenvolvimento sustentável pela inércia. para que busquemos racio- nalizar a ação em meio à é o próprio desenvolvimento” pelo fenômeno da marcada Em nossa época, globali- incerteza da compreensão. zação e seu impacto em Cumpre, assim, avançar no nossas sociedades, devemos entendimento entre os dife- ter como princípio norteador rentes atores para traduzir no concreto as a construção de uma globalização sustentável, decisões tomadas no Rio e que ainda carecem de inclusiva e eqüitativa. Nossa ação para a Confe- implementação plena. Cumpre, ainda, ter rência de Joanesburgo deve ser orientada por presente que, na formulação das respostas ao uma visão de futuro que aproxime a realidade desafio do desenvolvimento sustentável, enfren- social e normativa consagradora de valores tamos tempos diferentes entre as reações da compartilhados dos ideais que nos inspiram. Professor Celso Lafer Ministro de Estado das Relações Exteriores; Vice-Presidente da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – a Rio 92 1 CARDOSO, Fernando Henrique. O Presidente Segundo o Sociólogo: entrevista a Roberto Pompeu de Toledo. São Paulo: Companhia das Letras, 1998, p. 163. 12