Esta pesquisa de opinião realizada pela FDC tem como objetivo avaliar as expectativas de líderes de grandes e médias empresas. Semestralmente, usaremos este instrumento para coletar informações relacionadas às questões estratégicas de seus negócios e sobre as suas percepções acerca do estado atual e desempenho futuro da economia brasileira.
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The CEOs Vision 2 (Janeiro de 2015)1
Apresentação
Esta pesquisa de opinião realizada pela FDC tem como objetivo avaliar as expectativas de
líderes de grandes e médias empresas. Semestralmente, usaremos este instrumento para
coletar informações relacionadas às questões estratégicas de seus negócios e sobre as suas
percepções acerca do estado atual e desempenho futuro da economia brasileira.
Público alvo e Metodologia
Participam desta pesquisa presidentes, vice-presidentes e diretores de grandes e médias
empresas. Na primeira rodada realizada em agosto de 2014 participaram 118 executivos sendo
34 respondentes de grandes empresas e 84 respondentes de médias empresas, sendo 72
destes os principais executivos de suas empresas.
Nessa segunda rodada, realizada durante o mês de janeiro de 2015, com executivos
selecionados a partir da base de contatos abrangendo C Levels de empresas de médio e grande
porte. Os resultados para grandes e médias empresas foram analisados comparativamente.
A pesquisa de opinião estrutura-se em onze questões fechadas, cujas respostas buscam
permitir asserções sobre as percepções de líderes de organizações de médio e grande porte
sobre questões estratégicas de seus negócios e o estado atual e desempenho futuro da
economia brasileira. Além disso, há uma questão aberta, em que os candidatos são
questionados sobre as medidas iniciais que o novo governo deveria priorizar para melhorar as
condições competitivas do país.
Resultados da segunda rodada de aplicação
No total, 100 respondentes de empresas completaram o questionário online. Com relação ao
porte das empresas participantes: 7,0% faturam até R$ 16 milhões por ano; 23,0% têm
faturamento anual entre R$ 16 milhões e R$ 90 milhões; 21,0% faturam entre R$ 90 milhões
R$ 300 milhões; 18,0% entre R$ 300 milhões e R$ 800 milhões por ano; e 31% tem
faturamento anual acima de R$ 800 milhões. Considerando o número de funcionários, 41%
dos respondentes afirmaram que suas empresas possuíam mais de mil colaboradores.
De acordo com a classificação de porte de empresa adotada pelo BNDES, 44 respondentes, dos
quais 40 são CEOs, são de empresas consideradas de médio porte, que faturam entre 16 e 300
milhões por ano, enquanto 49 respondentes, dos quais 42 são CEOs, disseram trabalhar em
organizações classificadas como empresas de grande porte, que faturam mais de R$ 300
milhões por ano.
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Equipe Responsável: Carlos Arruda – Professor de Inovação e Competitividade, Samir Lótfi –
Professor de Estratégia Empresarial, Dalila Machado – Analista de Parcerias, Mariana Drumond
de Lima – Bolsista de Pesquisa
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Como o objetivo da survey é avaliar as percepções dos líderes sobre a economia e seu impacto
no desempenho de suas empresas, a análise dos resultados vai se tornar mais rica à medida
que a série histórica se consolidar, permitindo a análise de movimentos e realizações de
expectativas. Os resultados desta segunda rodada de aplicação permitem fazer algumas
inferências e observar alguns movimentos e tendências que serão, ou não, confirmados nas
próximas pesquisas.
1. Desempenho da economia e desempenho das empresas nos últimos seis meses:
Tabela 1: Desempenho da economia e desempenho das empresas
Indicador
2º semestre de 2014 1º semestre de 2014
Grandes empresas Médias empresas Grandes empresas Médias empresas
Desempenho da economia 2,14 1,90 1,97 2,28
Desempenho da empresa 3,52 3,48 3,21 3,28
Alavancagem empresarial 64,49% 83,16% 62,90% 43,80%
Em uma avaliação que variava entre “Muito Ruim” (nota 1) e “Muito Bom” (nota 5), os CEOs
de empresas consultadas indicaram que a economia nos últimos seis meses teve um
desempenho ruim, atingindo uma média de 2,14 no caso de respondentes de grandes
empresas e 1,90 para respondentes de organizações de médio porte. Apesar de a economia
ter sido considerada fraca no último semestre, o desempenho empresarial foi considerado
moderado por ambas as amostras, com média de 3,52 e 3,48 para as organizações de grande e
médio porte, respectivamente. A alavancagem empresarial, um indicador (proxy) de
superação empresarial calculado a partir do percentual da performance empresarial em
relação as condições econômicas, chegou a 64,49% para empresas grandes e 83,16% para
empresas de médio porte nesse período, o que indica que as organizações melhoraram sua
capacidade competitiva ainda que a percepção sobre o cenário econômico tenha sido pouco
favorável. Um movimento interessante com relação à pesquisa anterior é que tal indicador
tinha sido bem menor para as organizações de menor porte, que atingiram o patamar de
43,8%, enquanto para as grandes empresas esse indicador chegou a 62,9%, como explícito na
Tabela 1. Tais dados podem indicar que as condições econômicas dos últimos seis meses
foram menos favoráveis às organizações de médio porte, porém tais organizações
conseguiram manter seu desempenho, mesmo em um contexto adverso.
2. Expectativas para a economia e desempenho das empresas nos próximos seis meses:
Tabela 2: Expectativas para o desempenho da economia e desempenho das empresas
Indicador
1º semestre de 2015 2º semestre de 2014
Grandes empresas Médias empresas Grandes empresas Médias empresas
Expectativa para a economia 2,14 2,07 2,12 2,49
Projeção para a empresa 3,02 3,14 2,82 3,36
Perspectiva de alavancagem 41,12% 51,69% 33,30% 34,90%
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Em uma projeção que variava de “Muito Pior” (nota 1) a “Muito Melhor” (nota 5), os
respondentes indicaram que a economia nos próximos seis meses deve ter uma performance
igual ou pior do que no 2º semestre de 2014, com uma perspectiva para o desempenho da
economia de 2,14 no caso de respondentes de grandes empresas e 2,07 para participantes de
médias empresas. Os CEOs das organizações participantes acreditam que suas empresas
devem atingir um padrão de performance abaixo do que no período anterior, com uma nota
média de 3,02 para organizações de grande porte e 3,14 para organizações de médio porte, o
que indica uma menor capacidade de alavancagem empresarial (41,12% para grandes
empresas e 51,69% para médias).
Com a evolução desta survey poderemos avaliar melhor a capacidade de previsão dos
executivos. Se compararmos a previsão realizada em agosto passado observamos que os
executivos de médias empresas tenderam a ser mais otimistas em relação a projeção da
economia (projeção: nota 2,49, realizado: 1,90) enquanto seus pares de grandes empresas
fizeram projeções mais próximas da avaliação posterior (projeção: 2,12, realizado: 2,14). Por
outro lado ambos grupos foram mais pessimistas em suas projeções do que na realização de
resultados em suas próprias empresas.
3. Estratégias empresariais e análise de forças e fraquezas
A FDC perguntou aos líderes das organizações quais as principais estratégias adotadas pelas
empresas e quais os três fatores mais significativos que influenciaram positiva e
negativamente o desempenho de suas organizações, nos últimos seis meses.
Com relação à estratégia empresarial, o ‘aumento da participação em mercados nos quais a
empresa já atua’ obteve a maioria das indicações, tendo sido apontada por 38,3% dos
respondentes de grandes empresas e por 35,7% das médias como a principal estratégia
empresarial adotada no período analisado. Tal resultado difere-se da primeira rodada de
aplicação da survey, conduzido no segundo semestre de 2014, quando a principal estratégia
empresarial apontada pelos respondentes foi a busca por ‘eficiência operacional com redução
de custos’, que obteve 41,1% das indicações dos respondentes de empresas de grande porte e
43,1% das indicações dos respondentes de empresas de médio porte. Nesse semestre, tal
estratégia também ficou em primeiro lugar em empresas de grande porte, porém empatado
com a estratégia de aumento de mercado (38,1%), enquanto que para empresas de médio
porte, essa estratégia ficou em segundo lugar (26,2%).
O ‘desenvolvimento de novos produtos e serviços’ destacou-se como a terceira estratégia
empresarial mais adotada pelas empresas de médio porte, com 21,4% dos respondentes, e
para as grandes organizações essa estratégia teve apenas 7,1% dos votos. Diferentemente
desse resultado, no período passado tal estratégia havia sido amplamente citada por empresas
de grande porte. Nesse semestre, se destacaram ainda a ‘expansão para novos mercados
nacionais’, que aparece em seguida, com 7,1% das indicações nas grandes empresas e 9,5%
para as médias, e a ‘expansão para novos mercados internacionais’, que foi indicado por 4,8%
dos respondentes como a principal estratégia empresarial adotada pelas organizações de
médio e grande porte. No período anterior, tal estratégia não obteve nenhuma citação dos
respondentes tanto do grupo de empresas de grande porte quanto nas de médio porte. A
‘concentração e crescimento via fusão e aquisição’ registrou 4,8% das menções para
empresas de grande porte e 2,4% nas empresas médias. O ‘ganho de escala com crescimento
da oferta de produtos’ não foi considerado como principal estratégia empresarial por nenhum
4. 4
respondente nessa rodada. No ano anterior, essa estratégia foi citada por 2,8% dos
respondentes de grandes organizações e por 4,2% dos respondentes de empresas de médio
porte.
A Tabela 3 mostra os resultados relativos às estratégias empresariais dos dois períodos.
Tabela 3: Principais estratégias empresariais apontadas
Principal Estratégia Empresarial
2015/01
Empresas de
grande porte
2015/01
Empresas de
médio porte
2014/02
Empresas de
grande porte
2014/02
Empresas de
médio porte
Aumento da participação em mercados nos quais a empresa já atua 38,1% 35,7% 25,6% 30,5%
Eficiência operacional com redução de custos 38,1% 26,2% 41,1% 43,1%
Desenvolvimento de novos produtos / serviços 7,1% 21,4% 16,1% 5,6%
Expansão para novos mercados nacionais 7,1% 9,5% 8,6% 16,6%
Expansão para novos mercados internacionais 4,8% 4,8% 0,0% 0,0%
Concentração e crescimento via fusão e aquisição 4,8% 2,4% 5,8% 0,0%
Ganhos de escala com crescimento da oferta de produtos 0,0% 0,0% 2,8% 4,2%
Sobre os fatores do ambiente interno de suas empresas que contribuíram ou não para o
desempenho das organizações nos últimos seis meses, os destaques positivos para as
empresas de grande porte nesse período foram, em ordem decrescente: (i) a capacidade de
planejamento e execução da empresa; (ii) o relacionamento com clientes; (iii) a solidez
financeira da empresa; (iv) a cultura da empresa; e (v) a governança da empresa. Os destaques
positivos para as empresas de médio porte nesse mesmo período foram, em ordem
decrescente: (i) o relacionamento com clientes; (ii) a capacidade de planejamento e execução
da empresa; (iii) a solidez financeira da empresa; (iv) a cultura da empresa; e (v) a qualidade
das pessoas da empresa. Na análise anterior, realizada no segundo semestre de 2014, ‘a
solidez financeira da empresa’ e ‘a qualidade das pessoas da empresa’ foram os principais
pontos positivos apontados como impulsores do desempenho das grandes empresas, segundo
os respondentes. Já para as empresas de médio porte, os principais aspectos positivos
destacados foram ‘o relacionamento com clientes’ e ‘a solidez financeira da empresa’.
Já os pontos considerados negativos para o desempenho das grandes organizações foram, em
ordem decrescente: (i) os custos fixos da empresa; (ii) os custos financeiros da operação; (iii) o
custo dos produtos / serviços vendidos; (iv) os sistemas de logística e distribuição; e (v) a
capacidade de planejamento e execução da empresa. Os pontos considerados negativos para
o desempenho das médias organizações foram, em ordem decrescente: (i) os custos fixos da
empresa; (ii) o custo dos produtos/serviços vendidos; (iii) os custos financeiros da operação;
(iv) a capacidade de planejamento e execução da empresa e (v) os processos de produção. No
período anterior, os respondentes das empresas de grande porte apontaram ‘o custo dos
produtos / serviços vendidos’ e ‘os custos fixos da empresa’ como os principais fatores que
influenciaram negativamente o desempenho das organizações. Já os participantes de
empresas de médio porte, indicaram ‘os custos fixos da empresa’ e ‘os custos financeiros da
operação’ como os principais pontos críticos do ambiente interno.
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4. Desafios competitivos do ambiente externo
Quanto aos desafios competitivos enfrentados pelas organizações, os participantes da survey
foram estimulados a avaliar os três fatores críticos do ambiente externo que mais
influenciaram o desempenho geral das empresas nos últimos seis meses. De uma listagem de
17 itens, os executivos das grandes empresas apontaram o ‘crescimento da economia’ como o
principal desafio para a competitividade das organizações. Em seguida, o item ‘intervenções
do governo’, que aparece como um desafio crescente para as organizações seguido dos itens
‘cenário político-institucional’, ‘taxas de câmbio’ e ‘preços internacionais das commodities’
em quinto. Para executivos de empresas de médio porte, o ‘crescimento da economia’
também aparece como o principal desafio para a competitividade das organizações no último
semestre seguido dos itens ‘cenário político-institucional’, ‘nível de competição no setor /
indústria’, ‘intervenções do governo’ e ‘taxas de juros’.
A principal diferença das análises desse período quando comparadas aos resultados anteriores
é o fato de o ‘crescimento da economia’ ter sido apontado como o principal fator crítico do
período anterior para as empresas de grande porte, com um com nível de relevância bem
superior ao segundo colocado, ‘nível de competição no setor / indústria’. No período atual, os
níveis de relevância dos primeiros colocados foram próximos, como pode ser observado no
Gráfico 1.
Gráfico 1: Análise de 2015/01 - Comparação dos desafios competitivos das organizações de grande e
médio porte
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Mudanças nos mercados globais
Influência de produtos / serviços substitutos
Mudanças tecnológicas
Entrada de novas empresas
Mudanças nos hábitos de consumo
Taxas de investimentos na economia
Desregulamentações
Taxas de inflação
Questões climáticas
Mudanças fiscais
Nível de competição no setor / indústria
Taxas de juros
Preços internacionais das commodities
Taxas de cambio
Cenário político-institucional
Intervenções do governo
Crescimento da economia
Empresas de médio porte Empresas de grande porte
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5. Medidas iniciais demandadas ao novo governo Dilma
Considerando o cenário político recém-definido após as eleições de outubro de 2014, foi
incluída, nesta rodada da pesquisa uma pergunta aberta em que os participantes eram
convidados a propor as medidas mais urgentes esperadas ou recomendadas para o novo
governo da Presidente Dilma. As respostas foram analisadas e categorizadas em 11 principais
categorias.
Dentre as medidas mais citadas está a necessidade de realização de uma reforma fiscal e
tributária, apontada por 36 respondentes como algo fundamental à melhoria da
competividade das empresas no Brasil. Em segundo lugar, com 22 citações, os participantes
apontaram a necessidade de garantir estabilidade econômica. Tal aspecto também é
resultado do agrupamento de citações vinculadas ao controle da inflação, estabilidade cambial
e mudanças na política econômica. Em terceiro lugar, com um número bem menor de
respostas (16), foram feitas menções aos investimentos em infraestrutura por parte do
governo. Alguns respondentes ressaltaram ainda a necessidade de ações no sentido de
resgatar a credibilidade do governo. A necessidade de flexibilização das leis trabalhistas e de
investimentos em políticas de desenvolvimento industrial e produtividade também foram
apontadas como condição para a melhoria da competitividade.
A Tabela 4 mostra as principais medidas governamentais recomendadas como importantes na
retomada da competitividade empresarial.
Tabela 4: Principais estratégias empresariais apontadas
Ordem Categoria Número de Citações
1 Fazer ajuste/reforma fiscal e tributária 36
2 Garantir estabilidade econômica 22
3 Investir em infraestrutura 16
4 Resgatar a credibilidade do governo 13
5 Flexibilizar leis trabalhistas 12
6 Investir em políticas de desenvolvimento industrial e produtividade 10
7 Equilibrar as contas públicas 9
8 Reduzir a burocracia 9
9 Fazer reforma política 7
10 Reduzir intervenções do governo 7
11 Combater efetivamente a corrupção 5
Em resumo
A pesquisa de opinião realizada durante o mês de janeiro de 2015 com a participação de 100
líderes de medias e grandes empresas indica que as perspectivas da economia para o primeiro
semestre deve repetir o comportamento do 2º semestre de 2014 sendo que os fatores mais
crítico para medias e grandes empresas devem ser o baixo crescimento da economia e as
intervenções do governo. Em um ambiente de baixo crescimento as estratégias propostas
deixaram de ser prioritariamente de “busca de eficiência e redução de custos” para “aumento
de participação em mercados já conhecidos”. Para 2015 alguns executivos (poucos) apontam
também a adoção de estratégias de “expansão para mercados internacionais”. Para destravar
a economia os participantes sugerem que o governo da Presidente Dilma aproveite o início do
2º mandato promovendo reformas e ajustes no sistema fiscal e tributário e garantindo a
estabilidade econômica.