Este boletim da Associação Fraternitas Movimento discute a esperança como um antídoto contra as crises. Apresenta um convite para participar no 33o Encontro Nacional da Fraternitas que irá falar sobre a esperança com base na Bíblia. Também lista livros recentemente publicados por associados da Fraternitas, incluindo um livro sobre a história da Associação Lavrense de Apoio ao Diminuído Intelectual.
1. espiral da
ANO xiII -
fraternitas moviment
ternit
N.º
vimento
boletim da associação fraternitas mo vimento
N.º 48 JULHO/SETEMBRO
- JULHO/SETEMBRO de 2012
Esper ança, antídoto contr a as crises
Esperança, antídot contra crises
A
Fernando Félix nossa irmã desolação. - falta de fé, esperança e
amor, básicamente, também faz parte da nossa
T
enho ouvido repetida a vários sócios a palavra vida. A crise dos encontros com as realidades som-
«péssimismo», e sempre associada ao futuro da brias da vida é a coroa da mesma moeda que é a nossa reali-
Fraternitas. Parece que se perdeu com o passar dos dade pessoal.
anos e com o declinar do tempo aquele entusiasmo dos pri- Isto é, a vida tem sonhos, utopias, experiências belas e,
meiros tempos, dos anos em que o Padre Filipe Figueiredo também, medos, monstros e amarguras. E brotam pergun-
andava entre nós, movia corações e congregava pessoas à tas, que podem ser santas ou insidiosas: “Será que valeu a
volta do sonho de reunir os padres dispensados num movi- pena ter entregue a Deus e aos outros o melhor da minha
mento, com as suas mulheres e filhos. vida?... Não foi uma loucura e utopia o que até agora tentei
Todavia, também sabemos que a idade avançada é uma viver?... Que ganhei?... Onde estão os frutos de tanto trabalho
idade madura, caracterizada por determinantes específicos tais e esforço? Os outros perceberam, recolheram e vão dar uso
como interioridade, responsabilidade, sabedoria, e, particu- e continuidade ao que eu fiz?...”
larmente, quando diminuem as forças, abre-se a possibilida-
de de confiar mais nos outros, além de, claro, em Deus. Um meu tio costuma dizer. «Aos 70 anos
Ou seja, à desesperança do pessimismo, haveremos de
contrapor o optimismo da esperança, apoiada na confiança.
faço o mesmo que fazia aos 18. Na altura,
Muitos sócios da Fraternitas já viveram a primeira metade fazia o que podia; agora... também faço o
da vida, outros estão a atravessar a fronteira e são poucos os que posso..»
mais novos.
Os da meia-idade lutam por sobreviver no mundo em
T
odas estas palavras querem ser um convite a parti
tempos de crise. Há muita agitação, por causa, sobretudo, das cipar no nosso 33.º Encontro Nacional da
questões do emprego, das incertezas na economia, da preo- Fraternitas, que se realiza de 5 a 7 de outubro, des-
cupação com o futuro dos filhos e, também, com os sinais ta vez no Norte, em Devesas, Vila Nova de Gaia (ver página
de fraqueza da saúde que começam a manifestar-se. 9 deste jornal). Iremos falar da Esperança, percorrendo a Bí-
Os de idade mais avançada chegaram ao tempo em que o blia, para continuarmos a percorrer os caminhos da nossa
“eu” é obrigado a olhar, não tanto para fora, mas para essa vida e os trajetos do mundo onde nos movemos.
outra realidade, imensa e profunda, de sua vida interior. É a Nas crises de desalento e desesperança, a vida parece per-
idade em que se sente não ter forças para nada, sente-se o dida. As forças, que antes se tinham e que lutavam em nosso
cansaço, fazem-se balanços da vida. E é do eu, contemplativo, favor, vão-se debilitando e acabando. Mas o que não acaba é
que nasce a vontade e disponibilidade para rezar, para dar a experiência do que realmente somos, temos e queremos.
conselho, para encorajar. No meio deste tipo de crise, corre-se o perigo de nos
Em todas as idades há perguntas ainda a precisar de res- distanciarmos de tudo e de todos, de nos isolarmos no nos-
postas, há sentimentos de insegurança pelos caminhos ainda so pequeno mundo, de termos a impressão de que algo mui-
não experimentados, há a incertezas e confuões, tantas vezes to importante se perdeu.
por causa de expetativas frustradas. Perguntemo-nos: «Onde está e o que vale a intimidade
A virtude de viver em sociedade, em pequenas comuni- com Deus, que nos conduziu até aqui?... Onde estão aqueles
dades - como a família, o grupo, a associação, o movimento gestos generosos cheios de “santa loucura”?
- é que a partilha das experiências impede de perder tempos Um meu tio costuma dizer. «Aos 70 anos faço o mesmo
preciosos e montes de energia, quando, cada um, procura que fazia aos 18. Na altura, fazia o que podia; agora... tam-
por si só, as respostas, as vitórias. bém faço o que posso..»
2. 2 espiral
Livros de associados da Fraternitas
editados em 2012 e em 2003-2005
Vamos anunciando as obras lite- Dividi a citada obra em três fases, a taríamos que tal evento ficasse perpetu-
rárias com base nos dados dispo- saber: - 1ª Fase (1980/1987), em que se ado através de um livro, com a história
níveis no secretariado. O critério fala da génese embrionária da ALADI, desta Instituição, com uma certa profun-
tem sido, então, os que vão sendo focando-se figuras que muito fizeram didade e rigor, em que sejam relatadas
publicados recentemente e o por esta Instituição, sensibilizando e di- todas as ocorrências havidas desde a sua
biénio ou o triénio, consoante a
namizando toda a comunidade lavrense conceção até ao presente.”
abundância da produção literária,
“recuando” no tempo. No último e parte da população matosinhense; Após madura reflexão, aceitei “embar-
número, devido à homenagem a - 2ª Fase (1987/1994), período do car” em tão ambiciosa aposta, devido ao
Henrique Maria dos Santos, arranque decisivo e ganhador, com ações objetivo em vista: falar sobre algo que, de
dedicámo-nos “apenas” à sua múltiplas e marcantes, a começar pela uma maneira incontornável, foca e coloca
obra – “ Aventura Feliz”. elaboração, aprovação e publicação em Lavra como possuidora de uma Associa-
Diário da República dos respetivos es- ção deveras singular – a ALADI –, plas-
Urtélia Silva
Urtélia Silv tatutos; mada num genuíno humanismo cristão,
- 3ª Fase (1994/até...2012), período condimentado por uma saudável partilha
“ALADI - 25 ANOS A DIMI- que começou pela inauguração do Lar de alto quilate e de bairrismo sadio.
NUIR A DIFERENÇA”, Residencial e com a assinatura de pro- Escrevera Fernando Pessoa, insigne
Boaventura Santos Silveira (2012), im- tocolos para o funcionamento deste e poeta português do séc. XX, que, a res-
pressão da gráfica Imprensa Portuguesa do CAO pela Segurança Social. peito de qualquer obra digna e
– Porto, 320 páginas]. CONVITE/DESAFIO A UM enaltecedora do ser humano, existe o
Obrigado a COMPROMISSO (páginas 9 e 10): As contributo sistemático e decisivo de duas
Boaventura Silveira, obras, na maioria dos casos, ilustram os coordenadas – a vontade de Deus e o
que já nos preparou pensamentos, as emoções e, sobretudo, acarinhar dum sonho pela pessoa –,
o que se apresenta. os sonhos, os quais, ao passarem pelo condensado no seguinte verso inserido
Do autor: «Na coração, normalmente motivam as pes- na sua famosa “Mensagem” (II Parte,
freguesia de Lavra soas e as levam a concretizá-los no seu no poema intitulado “O Infante”, cons-
(concelho de dia a dia. Foi precisamente o que se pas- tituído por três quadras), considerada a
Matosinhos), em sou com o nascimento da “Associação joia dos seus escritos poéticos:
abril de 1987, fora Lavrense de Apoio ao Diminuído Inte- “Deus quer, o homem sonha e a obra
criada uma institui- lectual” (ALADI), que, em abril de 2012, nasce” (1º verso da 1ª quadra). Acabaria
ção para deficientes mentais, com a se- completa 25 anos de existência ao ser- o dr. Joaquim José Fernandes Branco por
guinte denominação: Associação viço dos mais frágeis da comunidade solicitar os meus préstimos para esta
Lavrense de Apoio ao Diminuído Inte- lavrense, assim como das freguesias e ação. Aceitei, embora reconhecendo em
lectual (ALADI). concelhos limítrofes. mim próprio uma certa ousadia/atrevi-
No início deste ano de 2012, a pedido Há tempos, a atual Direção da mento. Porém, estava em causa uma es-
insistente da atual direção, escrevi a histó- ALADI, na pessoa do seu presidente, pecífica entidade, reconhecida e
ria da ALADI, para comemorar os seus dr. Joaquim José Fernandes Branco, me referenciada pela sua forte e exclusiva de-
25 anos de vida. Foi atribuído a esta obra comunicou que era intenção dos respon- dicação aos mais necessitados de tecido
o título “ALADI - 25 anos a diminuir a sáveis desta nobre Instituição espoletar social, cuja existência depende da conju-
diferença”. É um livro em e. Esta casa uma comemoração condigna, por oca- gação de uma real e contínua interação
acolhe 60 utentes (em regime de interna- sião das BODAS DE PRATA desta entre os que podem e os que precisam.
to), a que acrescem mais 50 no Centro de Obra, verdadeiramente humanitária e Imbuído dum sincero espírito de ser-
Atividades Ocupacionais (CAO). No pró- com um inquestionável pendor e cariz viço, aceitei o repto, presumindo, de ante-
ximo mês de setembro um novo módulo de solidariedade social, a qual ocupa um mão, que não me faltaria uma prestimosa
será solenemente inaugurado, em que no lugar cimeiro no íntimo de todos aque- colaboração das muitas pessoas a quem
Lar respetivo serão admitidos mais 24 ele- les que a conhecem mais de perto. irei recorrer, para a obtenção de dados
mentos, enquanto que no CAO poderão E, a seguir, em jeito de pedido, lan- indispensáveis, que pretendo registar, para
ser aceites mais 20 utentes. çou-me um convite…desafiador: “Gos- os transmitir aos vindouros.»
3. l
espiral 3
PREFÁCIO escrito por D. Manuel após espaço. Assim a ALADI, em La- que não pode ser assim, nem deveria ser,
Clemente, Bispo do Porto: «Nos 25 anos vra e onde chegue. mesmo que fosse materialmente viável.
da ALADI (Associação Lavrense de Como no Antigo Testamento, tam- Com os autênticos profetas, concentra-
Apoio ao Diminuído Intelectual) pedem- bém agora no Novo em que estamos e mos o olhar e o coração no que real-
me breves palavras de introdução a este no que à profecia respeita. No tempo mente vale e verdadeiramente acontece,
trabalho do Dr. Boaventura Santos dos vários Isaías, as atenções estavam em cada ser humano, um por um, novo
Silveira, tão evocativo e meritório como mais viradas para os palácios dos reis e ou velho, saudável ou enfermo, mais ou
outros da sua escrita. Particularmente as suas obras, grandes ou pequenas, menos capacitado. E percebemos que
meritório, aliás, por descrever um quar- combinações e tratados, glórias e reve- nada vale tanto como isso mesmo, nada
to de século da ALADI, Obra que par- zes das políticas… Menos para o que os compensa tanto como a entreajuda, o
ticularmente avulta, em Lavra e não só. profetas divinamente diziam, sobre a carinho oferecido, o serviço humilde da
Não poderia deixar de as dar, como aqui retidão face a Deus e aos outros, o bem- pequenez de todos, a persistência no ser-
vão, em simplicidade convicta. orar e o bem-fazer. viço, que comprova o amor.
Mérito também para a atual Direção, Nas duas décadas e meia que a Em 2012 sabemos, não tendo des-
encabeçada pelo Dr. Joaquim José ALADI já viveu, também grandes fac- culpa nem álibi para não o saber, entre
Fernandes Branco, que não quis esque- tos e enormes promessas encheram no- os escombros de tanta ilusão. Há 2000
cer os que sonharam e guiaram a ticiários e distraíram vidas, muitas vidas. anos, o futuro do mundo não se jogava
ALADI, desde o saudoso P.e Dr. Ma- Promessas em catadupa, de paraísos à em Roma, nem sequer em Atenas, ou
nuel Domingos da Silva Lopes e o Prof. mão e geralmente a crédito; figuras me- em qualquer outro pólo da atração ge-
Júlio da Silva Oliveira. Destes e outros diáticas de diversos setores, por diver- ral. Jogava-se e ganhava-se nos discre-
nomes, tão justamente lembrados, dá o sas razões, melhores ou piores… Tudo tos gestos em que Jesus resumia o Céu e
autor vasta referência ao longo das pá- se previu e parecia possível, com uma a Terra na caridade autêntica do serviço
ginas que se seguem. Junte-se a minha condição prévia: a de se ser apto e ca- a todos, honrando a humanidade onde
devotada homenagem também. paz para produzir e consumir, com ela mais doía: nos pobres de todas as
A palavra que especialmente aqui cânones apertados de esteticismo à pobrezas, nos pequenos mais esqueci-
deixo é sobre o cariz “profético” que a Hollywood. O produzir redundava dos, marginalizados e sós.
ALADI sobremaneira tem. E explico- mesmo em “produzir-se” a si mesmo, O que louvo, agradeço e sublinho,
o: “Profecia” é palavra de Deus, dita no segundo tais cânones e expectativas al- nos 25 anos da ALADI, é isto mesmo:
mundo para bem dos homens. Há quem tas. Sacrifícios, a manterem-se, eram nes- a profecia do futuro, proferida e escrita
a oiça e a transmita fielmente, sendo as- ta linha e apenas nela. Chamavam-lhe, na vida de todos os seus sucessivos res-
sim profeta, como o foi Jesus Cristo, por vezes, “qualidade de vida”, como ponsáveis, colaboradores e benfeitores,
por máxima razão. Há, muito felizmen- se a vida em si mesma – toda e qualquer como na vida de quantos serviu e serve.
te, quem participe do Espírito de Jesus vida humana – não tivesse qualidade Obrigado, ALADI, por nos mostra-
Cristo e se torne assim em profecia e bastante e só por si. res também “os novos céus e a nova
evangelho, tempo após tempo e espaço Em 2012 sabemos que não é assim, terra!”»
“AUTOTRANSCENDÊNCIA – e aos ventos. Na perplexidade desta se- as pessoas, numa partilha total do que o
terceiro passo existencial”, Manuel Joa- gunda década do século XXI, em que estudo lhe revela, a reflexão aprofunda
quim Cristo Martins (julho, 2012), Pau- todas as estruturas da sociedade pare- e a experiência consagra. Na sua peda-
linas Editora, 263 páginas. cem desmoronar-se, esta trilogia traz a gogia peculiar, surpreende-nos com a
Na CONTRACAPA, o autor: “Este mensagem de que a Humanidade não síntese dos seus diagramas, com a pro-
é o terceiro livro da nossa trilogia. Em está num beco sem saída. Ao fundo do fundidade das
Autoconhecimento, o primeiro passo túnel já vislumbramos os pardos suas explicações e
existencial, propusemo-nos descobrir o verdejantes do reinado do Homem In- com a simplicida-
nosso Ser. Em Autoconsciência, o se- tegral que nos oferece a vivência plena, de da sua lingua-
gundo passo existencial, propusemo-nos em progresso e em paz, porque ilumi- gem. O seu cam-
centrarmo-nos no Ser. Em Autotrans- nada pelo projeto «HOMEM» do nos- po de ação tem
cendência, o terceiro passo existencial, so Deus.” sido largo e diver-
propomos construirmo-nos no Ser. O Ainda na CONTRACAPA, Vasco sificado: empre-
Ser dos humanos é a sua «estrutura espi- Ventura: “Cristo Martins faz do huma- sas, escolas, insti-
ritual», é a «rocha» do Evangelho, sobre nismo o seu sacerdócio, quer através dos tuições, associa-
a qual toda a construção resiste à chuva seus livros quer no contacto direto com ções…”
4. 4 espiral
“O CÉU: ONDE DEUS NOS “ A MARGEM DA TRANSCENDÊNCIA – UM
ESPERA PARA SEMPRE”, Fran- ESTUDO DA POESIA DE RUY BELO”, Manuel
cisco Sousa Monteiro (2004), Editori- António Silva Ribeiro (2004), com o patrocínio da Fun-
al A.O.- Braga, 216 páginas. dação Calouste Gulbenkian e da Fundação para a Ciên-
www.jesuitas.pt/AO. cia e do Ensino Superior.
Também no Espiral nº 15, abril-ju- No Espiral nº 15, abril/junho de 2004, na página 6,
nho de 2004, página 6, consta a notícia consta a notícia da sua publicação e alguns dados adici-
da sua publicação e alguns dados adici- onais, transcrevendo-se: «Leiam-se a Voz Portucalense
onais. Acrescenta-se a partir do livro: de 19.5.2004 e a Brotéria de Julho.2004.»
DEDI-
CATÓRIA
do autor - “
A todos os
que me pre- “MARCOS- O EVANGELISTA habituados à deificação de imperadores
cederam na DO ANO B / algumas notas e de heróis. No caso, tratava-se, como
fé, na glória intodutórias”, Artur da Cunha Olivei- já vimos, de que não era um homem
e estão uni- ra (2003), edição do autor, União Grá- que se fizera Deus, mas um Deus que
dos ao infi- fica Angrense, Açores, 75 páginas]. assumira verdadeiramente a natureza
nito Amor Na INTRODUÇÃO, o autor: «(…) humana. É mesmo este um dos aspec-
de Deus. E aquilo que é preciso dizer antes de tos que mais falta faz na evangelização e
A todos mais é que a leitura litúrgica, uma vez na espiritualidade da Igreja Católica: a
os que co- que fragmentada, jamais nos poderá dar centralidade da pessoa de Jesus de Na-
migo crêem um retrato perfeito do autor nem a zaré, em que se fez homem o Verbo de
em Jesus Cristo e O amam. exacta ideia do que é a sua obra. O que Deus. «E o Verbo fez-Se homem e veio
A todos os que até ao fim dos tem- está pois em causa, neste momento, é habitar connosco» (Jo 1, 14a).
pos gozarão a glória na unidade do in- aproveitar a ocasião para dar a conhe- Enfim, a Humanidade foi assumida,
finito Amor de Deus Trino. cer um pouco quem é Marcos e algu- pessoalmente, pela Divindade, passan-
Ao P. Filipe de Figueiredo, instru- mas características e temas do segundo do então a realizar-se, como se se tra-
mento de Deus no meu caminho para dos quatro evangelistas da nossa Bíblia tasse de um sacramento – sinal eficaz,
Ele e que agora, no céu, há-de ler este (…)”. aquilo que nos revela Gn 1, 27: «Deus
livro, no Coração de Deus, para sem- Em CONCLUSÃO, o autor: “(…) criou o ser humano à sua imagem».”
pre. (…) “ O estilo de Marcos é um estilo vivo, re-
Na CONTRACAPA, um trecho do alista, quase testemunhal, em que os as-
Prefácio, pelo P. Peter Stillwell – “Tra- pectos humanos de Jesus merecem-lhe
ta-se de uma meditação tranquila que um interesse e atenção que não se en-
por vezes se transforma em oração de contram nos outros evangelistas, sobre-
acção de graças ou de louvor. O ritmo tudo nos sinópticos Mateus e Lucas.
é o do próprio espírito, soprando onde Sinal de quê? Se se não trata apenas
quer. As várias partes da obra não obe- de modismos literários, Marcos e Pe-
decem, portanto, à sequência de uma dro interessaram-se, na sua obra de evan-
argumentação lógica nem a uma siste- gelização aos Romanos, em acentuar a
matização escolar. Mais parecem um rio, humanidade de Jesus. Romanos aliás
espraiando os braços em delta, antes de
mergulhar no mar. Com efeito, o lugar O Secretariado agradece os dados relativos a quaisquer livros publica-
para onde a reflexão caminha, nunca está dos pelos associados. Igualmente agradecemos, de novo, a M.J. Cristo
em dúvida. O autor enuncia-o claramen- Martins (associado até dezembro de 2011, continuando a sê-lo de e no
te nas primeiras páginas da introdução. coração), que tão gentilmente nos ofereceu o seu terceiro livro. Leve-
mos este bendito fruto do rendimento dos talentos que Deus vos conce-
É «o nosso êxtase de amor por Deus
deu (e outras obras) para os Encontros Nacionais!... Parabéns aos au-
… ‘face a face’… finalmente, sem véus, tores e seus colaboradores.
sem hesitações nem negações, para todo A nossa profunda gratidão.
o sempre…»” Os exemplares foram cedidos pelos autores ao Secretariado, podendo
ser solicitados pelos sócios.
5. l
espiral 5
Jesus e/ou Cris to Deus… seguiam Jesus. Jesus voltou-se
e, notando que eles o seguiam, pergun-
tou-lhes: “Que pretendeis?” Eles disse-
Artur
Artur Oliveira Deus para levar a cabo um desígnio di- ram-lhe: “Rabi – que quer dizer Mestre
vino. É o caso do rei persa, Ciro, en- – onde moras?”. Ele respondeu-lhes:
J
ESUS (em hebraico Yešu`a) é quanto escolhido por Yahweh para li- “Vinde e vereis”. Foram, pois, e viram
nome teofórico de pessoa. Quer bertar os Judeus do cativeiro da onde morava e ficaram com Ele nesse
dizer: na sua composição entra babilónia: Eis o que diz o Senhor a Ciro, dia. Era ao cair da tarde. André, o ir-
um elemento proveniente do nome de seu ungido (messias/cristo), a quem to- mão de Simão Pedro, era um dos dois
Deus (neste caso, Yahweh, que foi como mou pelas mãos… (Is 45, 1), como o que ouviram João e seguiram Jesus. En-
o Senhor do Universo Se nomeou a Moi- dos patriarcas. Nunca, porém, se usa na controu primeiro o seu irmão Simão, e
sés naquela célebre teofania do Monte Bíblia do Antigo Testamento o termo disse-lhe: “Encontrámos o Messias!” –
Horeb (Ex 3, 14) e um elemento do “messias” (em grego, “cristo”), como que quer dizer Cristo (Jo 1, 36-41). O
substantivo “ajuda” ou “salvação” que, nome de pessoa. Por outro lado, a ex- mesmo (Messias/Cristo) se lê no episó-
em hebraico, é išu`ah. Foi, com efeito, pressão “ungido de Yahweh”, que se dio da Samaritana (Jo 4, 25).
este o significado de Jesus supostamen- aplicava ao soberano reinante, só no úl- A verdade é que se estava, então, na
te manifestado em sonhos a José: Ela timo século pré-cristão é que principiou expectativa do Messias, o libertador, o rei
(Maria) dará à luz um filho ao qual da- a ser usada com referência ao prometi- descendente de David que restituiria a an-
rás o nome de Jesus, porque Ele salvará do redentor de Israel, que se concebia tiga soberania ao Povo de Israel, o qual,
o povo dos seus pecados” (Mt 1, 21). como rei. Daí passou à linguagem dos de há mais de meio milénio, andava sujei-
Jesus quer, pois dizer: “O Senhor rabinos e aos escritos do Novo Testa- to ao domínio de povos estrangeiros
(Yahweh) salva”, ou, “o Senhor ajuda”. mento: o aguardado redentor de Israel (Assíria, Babilónia, Síria, Roma). Havia
É, portanto, nome de pessoa. é designado por o Messias, ou o Cristo, mesmo quem se preparava para a revolta
Foram quase uma dúzia as pessoas em grego. Veja-se esta significativa pas- contra Roma. Inclusivamente, no número
que na Bíblia se chamaram Jesus, desde sagem do IV Evangelho: dois dos dis- dos Doze Apóstolos poderá ter havido
um levita (2 Cor 31, 15), no reinado de cípulos de João Baptista, ouvindo o seu um desses: Simão, o Zelota (Mt 10, 4; Lc
Ezequias (716-687 a. C.), e um repatria- mestre tratar Jesus por Cordeiro de 6, 15) ou Cananeu (Mc 3, 18).
do da Babilónia (Esd 2, 5), no tempo Estranhamente ou não, já depois
de Ciro (531-529 a. C.), rei persa, até da morte do Senhor Jesus e da reve-
um descendente de David (Lc 3, 29) e lação de que Ele continuava existin-
um colaborador do apóstolo Paulo (Cl do, a morte não O vencera (Ressur-
4, 11). Nome exclusivamente de pes- reição), naquela criação literária lucana
soa, o que não acontece com Cristo que, do desaparecimento definitivo do
no Antigo Testamento, nunca aparece Senhor Jesus (Ascensão) os discípu-
como tal. E, no Novo Testamento, va- los ainda perguntavam: “Senhor é
mos já ver como e por que se usa Cris- agora que vais restaurar o Reino de
to como, supostamente, o nome pes- Israel?” (Act 1, 6). E foram os cris-
soal do Senhor Jesus. tãos helenistas, nomeadamente quan-
C
RISTO deriva do adjecti do a primitiva Comunidade dos dis-
vo grego Christós/ê/ón
que, por sua vez, vem do Designações bíblicas do Senhor Jesus
verbo chriô cujo significado é “ungir”.
Designação
Cristo, em grego, é pois, aquele que foi
Jesus Cristo Senhor Jesus Senhor Jesus Nosso Senhor Jesus de
ungido, que recebeu a unção própria dos
Jesus Cristo Cristo Jesus Cristo Nazaré
reis e dos sacerdotes. Na Bíblia usa-se
Autor
cristo para traduzir o hebraico mašiah
Marcos 71 6 1 4 - - 3
ou o aramaico mešiha, donde nos veio
Mateus 159 12 - 1 - - 4
o termo “messias”. Com este termo de
Lucas
“messias” se designa no Antigo Testa-
Evangelho 92 12 1 - - - 3
mento todo o homem que foi consa-
Actos 30 8 12 16 4 2 6
grado a Deus por meio de uma unção
João 242 17 - 3 - - 3
(reis e sumos sacerdotes) ou também,
Paulo 20 226 9 222 2 5 -
que foi especialmente escolhido por
6. 6 espiral
cípulos do Senhor Jesus se separou do Ju-
daísmo, e porque menos ligados à tradi-
VII Encontro Mundial
ção judaica, que passaram a usar Cristo
como segundo nome próprio de Jesus.
Foi em Antioquia que, pela primeira vez,
das Famílias
os discípulos começaram a ser tratados Reflexão de Mons. Bruno Forte
pelo nome de “cristãos” (Act 11, 26). Tal- que participou do encontro das
vez pudessem ter vindo a ser denomina- famílias, em Milão, com uma nu-
dos “jesuânicos”. Mas não. Os eventuais merosa delegação.
“jesuânicos” passam a ser “cristãos”, e o
eventual “Jesuanismo” deu-nos o Cristia-
B
ento XVI concluiu, em Mi
nismo, para o que contribuiu não pouco lão, o VII Encontro Mundial
o apostolado paulino (Veja-se, por exem- das Famílias com o tema “A
plo: Rm 6, 4.8-9; 8, 17; 1 Cor 1.12- família, o trabalho, a festa, que decorreu
13.17.22-24). Pelo Quadro seguinte po- de 30 maio a 3 junho de 2012.
demos ficar sabendo como o Senhor Je- Trata-se de um evento com uma
sus foi nomeado nos Evangelhos, nos mensagem forte e atual. Para entendê-
Actos e em Paulo. Nos primeiros, predo- lo, parto de algumas frases da carta que
mina o nome Jesus: 594 vezes, contra ape- o Santo Padre enviou para a
nas 20 em Paulo. Cristo: só 55 vezes nos convocatória: “Nos nossos dias, a or-
Evangelhos e Actos e 226 em Paulo. ganização do trabalho, pensada e atuada
Concluindo: Jesus e Cristo são a em função da concorrência de merca-
mesma pessoa. Mas quem? Homens de do e do máximo lucro, e a concepção
Israel, escutai estas palavras: Jesus de da festa como ocasião de evasão e de
Nazaré, Homem acreditado por Deus consumo, contribuem para desagregar
junto de vós, com milagres, prodígios e a família e a comunidade e para difun-
sinais que Deus realizou no meio de vós dir um estilo de vida individualista. Por tes e jovens podem aprender a amar a
por seu intermédio… Deus ressuscitou- isso, é necessário promover uma refle- Deus e ao próximo, e os idosos, raízes
o, libertando-o dos grilhões da morte xão e um compromisso que visem con- preciosas, podem à sua vez sentir-se
pois não era possível que ficasse sob o ciliar as exigências e os tempos de tra- amados. A família é, assim, sujeito ativo
domínio da morte (Act.2,22-24), pro- balho com aqueles da família e recupe- no caminho da comunidade cristã e da
clamou Pedro no dia do Pentecostes. rar o sentido verdadeiro da festa, espe- sociedade civil, não somente destinatá-
Era esta a fé e a cristologia da primitiva cialmente do domingo, dia do Senhor e ria de iniciativas, mas protagonista do
Comunidade Cristã. Assim, podemos dia do homem, dia da família, da co- bem comum em cada um dos seus com-
afeiçoar-nos pelo nome Jesus como pelo munidade e da solidariedade.” ponentes.
termo Cristo. Só que os resultados não Estas palavras subentendem uma alta Para que isso aconteça, o pacto con-
serão os mesmos. Enquanto que, afei- visão do valor e do papel da família: os jugal, que é a base da família, deve ser
çoando-nos pelo nome Jesus, constituí- esposos unidos no sacramento do ma- vivido de acordo com algumas regras
mos uma como que relação pessoal e trimónio são imagem da Trindade divi- fundamentais: o respeito da pessoa do
uma vivência mais íntima com Ele, as- na, do Deus que é amor e, por isso outro; o esforço para entender melhor
sim como um mais eficaz compromis- mesmo, relação e unidade do Pai, que as suas razões; o saber tomar a iniciativa
so com a Sua Mensagem; preferindo a eternamente ama, do Filho, que é eter- de pedir e oferecer perdão; a transpa-
denominação Cristo já não é bem a re- namente amado, e do Espírito, vínculo rência recíproca; o respeito pelos filhos
lação com a pessoa mas com a entida- do amor eterno. Nesta unidade como pessoas livres e a capacidade de
de, e é mais fácil deixarmo-nos levar profundíssima cada um é si mesmo, en- oferecer a eles razões de vida e de espe-
pelo formalismo e contentarmo-nos quanto acolhe totalmente o outro. À luz rança; o deixar-se questionar pelas suas
com a aceitação de dogmas, de cânones, deste modelo, a vocação matrimonial é esperanças, sabendo escutá-los e dialo-
de rituais e de tradições. Há muito por vista como unidade plena e fiel dos dois, gando com eles; a oração, com a qual
aí quem encha a boca com “Cristo, Cris- comunhão responsável e fecunda de pedir a Deus a cada dia um amor mai-
to, Cristo”, mas não seja capaz de, por pessoas livres, abertas à graça e ao dom or, buscando ser um para o outro, e jun-
si, dar de graça – digamos – um copo da vida aos outros. tos, para os filhos, dom e testemunho
de água a quem tem sede, como Seio do futuro, a família é escola de Dele.
indubitavelmente faria o Senhor Jesus. vida e de fé, na qual crianças, adolescen- Um estilo de vida semelhante não é
7. l
espiral 7
nem fácil, nem óbvio, e muitas vezes as viver o trabalho, por um lado cheio de miliar" (aniversários, onomásticos...), até
condições concretas da existência ten- responsabilidade pela construção da casa celebrar fielmente como família o en-
dem a enfraquecê-lo: pensemos na pos- comum (trabalhar bem, com consciên- contro com Deus no domingo, dia do
sível fragilidade psicológica e afetiva nas cia e dedicação, qualquer que seja a tare- Senhor, encontro de graça capaz de pro-
relações entre os dois e em família; no fa que se tenha); por outro lado, em es- duzir frutos profundos e surpreenden-
empobrecimento na qualidade dos re- pírito de solidariedade para os mais fra- tes. Quem vive a festa, é estimulado a
lacionamentos que pode conviver com cos, tutelar e promover a dignidade de exercitar a gratuidade, experimentando
triângulos amorosos aparentemente es- cada um. Nesta luz, compreende-se ple- como seja verdadeiro que existe mais
táveis e normais; no normal stress origi- namente como a falta de trabalho seja alegria em dar do que receber! A festa
nado pelos hábitos e pelos ritmos im- uma ferida grave na pessoa, na família e nos ensina como amar seja viver o dom
postos pela organização social, pelos no bem comum, e porque a segurança de si tanto nas escolhas de fundo da exis-
tempos de trabalho, pelas exigências de e a qualidade das relações humanas no tência, quanto nos gestos humildes da
mobilidade; pela cultura de massa vei- trabalho sejam exigência moral que deve vida quotidiana, aprendendo a dizer pa-
culada pelos meios de comunicação que ser respeitada e promovida pelo indiví- lavras de amor e a ter gestos correspon-
influenciam e corroem as relações fami- duo, começando pelas instituições e pe- dentes, que jorrem de um coração gra-
liares, invadindo a vida da família com las empresas. to e alegre.
mensagens que banalizam a relação con- A propósito da festa, por fim, deve- A negação da festa, especialmente do
jugal. Sem uma contínua, recíproca aco- se evidenciar o quanto ela ajude ao cres- domingo, é por isso um atentado ao
lhida dos dois, abrindo-se um ao outro, cimento da comunhão familiar: nascen- bem precioso da harmonia e da fideli-
não poderá haver fidelidade duradoura do do reconhecimento dos dons rece- dade conjugal e familiar: e é significati-
nem alegria plena: “A flor do primeiro bidos, que abraçam os bens da vida vo que esta mensagem ressoe por Mi-
amor murcha, se não supera a prova da terrena, as maravilhas do amor recípro- lão, capital vital e laboral da economia e
fidelidade” (Soren Kierkegaard). Torna- co, a festa educa o coração à gratidão e da produção do País. Apostar na famí-
se então mais do que nunca vital conju- à gratuidade. Onde não há festa, não há lia fundada sobre o matrimónio e aber-
gar o compromisso cotidiano em famí- gratidão, e onde não há gratidão, o dom ta ao dom dos filhos e esforçar-se para
lia com as condições que o sustentem se perde! É necessário aprender, então, promover as condições de trabalho e
no âmbito do trabalho e na experiência a respeitar e celebrar a festa, principal- de respeito para a festa, que ajudem na
da festa. mente como tempo de perdão recebi- sua serenidade e crescimento, é contri-
Cada trabalho – manual, profissio- do e doado, pela vida renovada pela buir para o bem de todos, livrando-se
nal e doméstico – tem plena dignidade: maravilha agradecida, até se tornar ca- de lógicas muitas vezes redutivas e con-
por isso é justo e correto respeitar cada pazes de viver os dias feriais com o co- fusas com relação ao seu valor de célula
uma dessas formas, também nas esco- ração de festa. decisiva da sociedade e do seu amanhã.
lhas de vida que os esposos são chama- Isso é possível, se começa-se da aten- É a mensagem que de Milão parte hoje
dos a fazer pelo bem da família e espe- ção às festas que marcam o “léxico fa- para a Itália e para o mundo inteiro!
cialmente dos filhos. Contribui para o
bem da família tanto quem trabalha em
casa, quanto quem trabalha fora! Claro,
o trabalho apresenta muitas vezes aspec-
tos de cansaço, que – segundo a fé cristã
– o Filho de Deus quis fazer próprio
para redimí-los e sustentá-los de dentro,
como lembra uma página belíssima do
Concílio Vaticano II: ele “trabalhou com
mãos de homem, pensou com mente
de homem, agiu com vontade de ho-
mem, amou com coração de homem”
(Gaudium et Spes, 22).
Inspirando-se no Evangelho, é pos-
sível, então, formar-se como homens e
mulheres capazes de fazer do próprio
trabalho um caminho de crescimento
para si e para os outros, apesar de to-
dos os desafios contrários. Isso requer
8. 8 espiral
A nova evangelização
e os novos profetas da desgraça
A reflexão é de Enzo Bianchi, se há em nós uma humanização que da qual fazemos parte: uma humanida-
monge e teólogo italiano, prior e ocorre na sinergia entre a graça do Se- de já não cristã, mas que devemos ou-
fundador da Comunidade de Bose, nhor – isto é, o Espírito Santo – e o vir nas suas manifestações mais impres-
num artigo publicado na revista nosso espírito, então nós devemos sionantes e nos seus gemidos. Como
Jesus, de agosto de 2012.
testemunhá-lo, anunciá-lo a quem nos Igreja, devemos nos exercer a uma lei-
J
á está próxima a celebração do pede conta do nosso modo de viver, tura sábia da História, sem ceder à ten-
Sínodo dos Bispos que irá refle dessa esperança que nos habita (cf. 1Pd tação de assumir posições defensivas,
tir sobre o tema da evangeliza- 3, 15), dessa prática do amor que Jesus de encastelar-nos em cidadelas que for-
ção de modo a poder dar indicações à nos pede para viver quotidianamente. çosamente contam com o número e
Igreja universal, indicações que depois Então, é inútil procurar estratégias ou com os recintos: é fácil ceder a essa falta
deverão ser concretizadas, traduzidas e táticas de nova evangelização, é pernici- de fé no Senhor da História, o Senhor
realizadas de modo diferenciados e es- oso ter medo da nossa fraqueza devida amante dos seres humanos, o Senhor,
pecífico nas diversas áreas culturais do a uma diminuição numérica, mas não de que "quer que todos os seres humanos
mundo. No entanto, continua sendo ver- significado, é mundano esperar em um sejam salvos" (1Tm 2, 4), e se tornar
dade que esse tema, quando é anuncia- retorno da cristandade tranquilizante dos profetas da desgraça, como advertia
do como "nova evangelização", diz res- tempos passados. João XXIII há 50 anos atrás, no início
peito sobretudo ao Ocidente europeu e Mas então o que devemos procurar, do Concílio.
norte-americano, as terras de mais ou como devemos nos mover nesse êxo- Devemos ouvir para aprender, na
menos antiga cristianização, terras em que do de uma terra que deixamos para trás consciência da autonomia da História e
se viveu uma sólida pertença às Igrejas para nos dirigir rumo a uma margem na liberdade da humanidade que, no
cristãs, mas que hoje – depois do fenó- que não conhecemos, mas que sabemos entanto, continua sendo querida por
meno da secularização e do desencanto que é um horizonte habitado pela po- Deus, composta por pessoas cada uma
religioso – estão contaminadas pelo in- tência de Jesus ressuscitado e vivo, à es- “criada à imagem de Deus” (cf. Gn 1,
diferentismo. pera do nosso desembarque para iniciar 26): esse selo impresso por Deus em
Nas últimas décadas, caíram as ide- um outro êxodo, para passar de êxodo cada ser humano, justo ou pecador, nun-
ologias portadoras de uma esperança em êxodo até o reino? ca poderá falhar. Trata-se também de
messiânica intra-humana, fracassou a Acredito que, acima de tudo, deve- não alimentar ingenuidade, de não ser
transmissão da fé cristã pela geração que mos mudar a nossa atitude para com a desprovido de humanidade, mas capaz
está desaparecendo às novas gerações humanidade em que estamos imersos e de discernir a presença do mal reconhe-
que se assomam ao horizonte, tornou- cendo, porém, o caminho de humani-
se muito fraco o anúncio do evangelho zação e de autocorreção do qual o ser
como boa notícia aqui e hoje. humano é capaz, como nos recorda
Eis, portanto, a urgência de repensar Christoph Theobald.
as palavras de Jesus, que enviava os seus É nesse espaço em que a Igreja en-
discípulos em missão no mundo inteiro contra o mundo na escuta e no diálogo
(cf. Mc 16, 15), até as extremidades da recíproco que os cristãos munidos de
terra (cf. Atos 1, 8), entre todos os po- uma fé madura, exercitada, pensada, di-
vos e até o fim dos tempos (cf. Mt 28, zem e vivem o evangelho, acima de tudo
19-20). Isso na convicção de que o nos- como escola de humanidade, caminho
so tempo, a contemporaneidade – o de humanização: cristãos que sabem
único tempo que conhecemos ao viver despertar confiança naqueles que encon-
imersos neles – é sempre um "momen- tram, naqueles dos quais se fazem pró-
to favorável" para o anúncio da boa no- ximos; cristãos que sabem discernir nos
tícia de Jesus Cristo, o único Filho de outros a fé humana que os habita e aos
Deus e o autêntico homem. quais podem doar palavras, atitudes e
No tempo oportuno ou não opor- ações que narram Jesus de Nazaré.
tuno (eúkairos – Ákairos, cf. 2 Tm 4, 2), A crise de fé hoje, antes de ser crise
página oficial na Internet: www.fraternitas.pt * e-mail: direccao@fraternitas.pt * blogue: http://fraternitasmovimento.blogspo
9. l
espiral 9
Convocatória
33.º ENCONTRO NACIONAL
Local: Seminário Redentorista Cristo-Rei,
em Devesas (Vila Nova de Gaia)
Tema: “A ESPERANÇA como fio condutor na narrativa Bíblica”
Orientador: Pe. Rui Santiago, c.s.s.r.
PROGRAMA ALOJAMENTO
Dia 5 (sexta-feira) Diária por pessoa:
20h00 – Jantar, antecedido de - 37 • (quarto individual);
acolhimento. - 30• (quarto duplo ou triplo).
21h15 – Apresentação do Dormida e pequeno-almoço:
orientador e lançamento do tema. - 26• (quarto individual);
- 21• (duplo ou triplo).
de fé em Deus, é uma crise de confian- Dia 6 (sábado) - Refeição:
ça humana, é a falta de confiança nos 8h30 – Pequeno – Almoço. – Almoço ou jantar: 10 •.
outros, na vida, no futuro e, acima de 9h00 – Laudes.
tudo, é fraqueza em acreditar no amor 9h45 – Plenário/Grupos. COMO CHEGAR
(cf. 1Jo 4, 16). Apenas em um terreno 11h00 – Intervalo. O Seminário situa-se na rua Vis-
tão humanizado e predisposto, Deus 11h30 - Plenário/Grupos. conde das Devesas, n.º 684, em Vila
pode então realizar o que só Ele é ca- 13h00 – Almoço. Nova de Gaia.
paz de operar: doar a fé, isto é, iniciar 15h00 – Plenário/ Grupos. É possivel obter a rota na
uma relação com quem ouve a sua pa- 16h45 – Intervalo. Internet, na página maps.google.pt.
lavra, que quem encontra Jesus Cristo, 17h30 - Plenário/Grupos. Ali, clica-se em «Obter direcções»,
porque “a fé nasce da escuta” (Rm 10, 19h00 – Vésperas. Eucaristia. escreve-se o endereço de origem e o
17). 20h00 – Jantar. do destino, e o programa traça o
Então, a Igreja encontrará em seu li- 21h15 – Serão: partilha de vida. melhor percurso.
miar aqueles que desejam e pedem para Tertúlia.
ser introduzidos em Jesus Cristo, que INSCRIÇÕES
pedem para se tornar o seu corpo atra- Dia 7 (domingo) Secretariado: Urtélia Silva
vés do Batismo e da Eucaristia... Assim 8h30 – Pequeno-almoço. Rua Prof. Carlos Alberto Pinto de
ocorre a geração em Cristo e na Igreja, 9h00 – Laudes. Abreu, 33, 2ºEsq.
assim a evangelização se torna evento 9h45 – Plenário. 3040-245 Coimbra
de encontro, de relação viva entre Deus 12h00 – Eucaristia, com ensaio Telefones 239 001 605; 914754706
e o ser humano: no tecido de relações prévio. (até às 21h15m)
humanas quotidianas entre cristão teste- 13h00 – Almoço secretariado@fraternitas.pt
munha evangelizador e o ser humano
de hoje. A evangelização, de fato, sem-
pre depende do testemunho pessoal de
NOTA DE TESOURARIA: QUOTAS E SOLIDARIEDADE
quem evangeliza: o evangelho, a boa 1. Ninguém é indiferente às neces- gue a quem precisa! Mandem o
notícia só acontece no encontro, na re- sidades dos outros. comprovativo e dêem conhecimento da
lação com uma pessoa. 2. Só é possível continuar a acorrer finalidade.
Os homens e as mulheres de hoje a casos de verdadeira necessidade se 4. Também podem depositar na
continuam a perguntar: Como viver? partilharmos também. Por isso, não es- mesma conta bancária o valor da quota
Nós não lhes respondemos procuran- perem que lhes batam expressamente anual de sócio: 30 euros - casal; 20 euros
do novos métodos mais refinados, não à porta. Decidam-se: partilhem com os - pessoa singular; ou contribuir para o
respondemos com a expectativa de um outros através da Fraternitas. boletim «Espiral».
percurso fácil: tentamos apenas viver a 3. Vão à caixa do multibanco mais 5. Contactem o tesoureiro
fé e, portanto, despertar confiança, sem próxima e façam uma transferência Fernando Neves
ter medo, porque o Senhor está con- interbancária para a conta n.º 0033 0000 Av. Nova, n.º 22
nosco, e quanto mais nos sentimos fra- 4521 8426 660 05. O montante depen- 3770-355 PALHAÇA.
cos, mais opera em nós a sua força (2 de apenas da vossa consciência. A Di- Telefones 234 752 139; 968 946 913
Cor 12). recção da Fraternitas fará com que che- E-Mail: tesouraria@fraternitas.pt.
ot.com * e-mail: secretariado@fraternitas.pt * página oficial na Internet: www.fraternitas.pt * e-mail: tesouraria@fraternitas.pt
10. 10 espiral
Igreja Ortodoxa na Rússia
“O maior problema é o regresso do
homem aos seus próprios valores”
Versando a situação da Igreja na Rússia, Isabella Campbell-Wessig e Rudolf Schermann entrevistaram o
padre or todo x o russo ANDREJ LORGUS, que es tudou Teologia e Psicologia. Fundou uma Faculdade de Psico-
ortodox LOR
ORGUS, estudou Teologia Fundou Faculdade
Univerersidade Ortodox Russa Teólogo, Moscov Para
logia na Univ er sidade Or todox a R ussa de S. João o Teólogo, em Mosco v o. Par a além de Psicologia, ensina
Cristã Linguística Ortodox Também assegura assistência pastoral para
Antropologia Cris tã e Linguís tica Or todo x a. Também assegur a a assis tência pas tor al a um Lar par a pessoas
diminuídas mentais. Montou ali uma capela onde é celebrada missa uma vez por semana. Andrej Lorgus é
casado e tem dois filhos adultos.
Kirche In, p.
Publicado em Kirche In , 12/2002, p. 26,27.
Tradução de João Simão
Kirche In: Sabe-se que existem do homem aos seus próprios valores, à KI: Como foi que chegou à sua
atualmente tensões entre a Igreja or- sua consciência de ser humano, pois a fé e à sua vocação?
todoxa e a Igreja católica romana. herança do passado é diametralmente L: Os meus pais não eram crentes,
Em seu entender, qual é a causa des- oposta ao retomar desta consciência. mas alguns dos meus antepassados vi-
sas tensões? Não são os valores económicos que nham de famílias sacerdotais. Porém,
Lorgus: Sei que há de facto tensões e devem estar no primeiro plano, mas sim durante muito tempo não soube nada
também leio o que sobre elas se escreve valores como amor, vida, saúde, fé, sa- disso. Os meus pais ocultaram esses fac-
nos meios de comunicação. Mas na mi- ber. tos, já que era muito perigoso contar isso
nha atividade, quer pastoral quer como às crianças. Foi só durante os meus
conferencista, não me sinto minima- tempos de Universidade que me tor-
mente afetado por elas. nei crente.
KI: Na Rússia houve sempre uma KI: Como foi que lá chegou?
ligação muito forte entre a Igreja e L: Foi um impulso interior, mas,
o Estado. Pode-se dizer que a Igre- naturalmente, essa aproximação não
ja ortodoxa é a Igreja do Estado? aconteceu de repente, cresceu lenta-
L: De forma alguma. O Estado está mente. Provavelmente foi o amor à
mais orientado para uma colaboração minha esposa, aos meus filhos.
com a Europa e com as outras Igrejas, KI: Era possível, na clandesti-
ao passo que, dentro da Igreja ortodo- nidade, ter acesso a literatura reli-
xa, há um ambiente que rejeita essas ten- giosa?
dências. Tanto a Igreja ortodoxa como L: A minha geração cresceu com
o povo mantêm uma atitude de textos copiados. Quando descobría-
ceticismo face à Europa. Subsistem ain- mos obras literárias, copiávamos os
da no povo tendências nacionalistas livros e emprestávamo-los uns aos
contrárias a uma abertura ao exterior. outros. Foi assim que, põe exemplo, li
Há naturalmente um motivo psicológi- um romance de Soljenitzyn numa noi-
co para isso, que assenta no facto de a te, porque tinha de restituir as folhas
Rússia ser de tal modo grande que o KI: Estes valores foram atropela- no dia seguinte.
resto do mundo quase desaparece da dos durante os setenta anos de regi-
consciência das pessoas. me soviético? Houve células onde KI: Para viver no regime soviéti-
eles tivessem podido sobreviver? co como homem crente era necessá-
KI: Numa conferência em Viena, L: O regime conduziu à destruição ria uma grande dose de coragem.
mencionou a existência duma crise total destes valores todos. Mas, realmen- Qual era o perigo que se corria sen-
antropológica na sociedade russa. te, também existiram essas células, for- do crente?
Em que consiste essa crise? madas por personalidades e famílias in- L: Os meus amigos e eu dissemos
L: O maior problema é o regresso dividuais. abertamente que tínhamos sido
11. l
espiral 11
batizados. A consequência foi a nossa
expulsão da Juventude Comunista. Além
disso, foi-nos instaurado um processo,
que, aliás, não chegou a ser concluído.
KI: Há hoje na Rússia sinais de
crescimento religioso na sociedade?
L: A renovação religiosa é um pro-
cesso muito trabalhoso e difícil. No en-
tanto, não se podem ignorar os sinais de
crescimento. Qualquer visitante pode ver
que, na Rússia, por toda a parte igrejas e
conventos estão a ser recuperados e isto
apesar de o povo viver com extremas
dificuldades. As pessoas partilham da
seguinte opinião: mesmo que passemos
mal, queremos que, ao menos na Igreja,
as coisas estejam bem. disciplina não é nem de religião nem de de afluência aos estabelecimentos de
ética. A Igreja tem vindo a reclamar ensino eclesiástico, mas a escassez de pa-
KI: Qual é a relação dos jovens constantemente um ensino religioso pro- dres é, apesar disso, muito grande. Tal
com a Igreja? priamente dito, mas esbarra com a opo- situação pode explicar-se tendo em aten-
L: Eu não posso julgar a atitude dos sição dos funcionários educativos e tam- ção que a pastoral ainda está em fase de
jovens em geral face à Igreja, mas estão bém duma grande parte dos intelectuais estruturação. Temos hoje cerca de 20.000
muito bem representada na Igreja. russos. Quando o Patriarca uma vez se paróquias, mas precisaríamos de 200 mil.
manifestou publicamente sobre o tema
KI: A Igreja russa tem muitos con- do ensino da religião, levantou-se na im- KI: A Igreja ortodoxa russa foi
fessores e mártires. Qual é a atitude prensa uma verdadeira campanha de sempre fortemente clerical. Existe
da Igreja a respeito deles e das ten- oposição, na qual cientistas e intelectuais alguma coisa como um despertar dos
sões que surgiram entre os confes- assumiram um tom muito ofensivo para leigos?
sores e aquelas pessoas que pensa- com a religião. L: Uma exigência do género da
ram que seria melhor entrar em com- “Nós Somos Igreja” ninguém a faria na
promissos com o regime? KI: Pode-se dizer que também na Rússia. Mas os leigos são bastante ativos
L: Tais tensões não são particular- Rússia há uma intelectualidade for- e conscientes. Ao envolverem-se nas
mente percetíveis, elas existem mais no te entre os fiéis da Igreja ortodoxa? questões eclesiais e religiosas, o seu prin-
subconsciente. Foram cononizados mi- L: Há uma forte intelectualidade or- cipal desejo não é alcançar protagonis-
lhares destes mártires e praticamente to- todoxa. Na era soviética os intelectuais mo, mas antes sublinhar que pertencem
das as Igrejas têm os seus próprios már- eram seguramente mais cristãos do que à Igreja.
tires, muito venerados sobretudo local- o restante povo.
mente. Há uma comissão específica que KI: E como é a tensão entre po-
ainda hoje acrescenta vários nomes à lis- KI: Como é o envolvimento soci- bres e ricos?
ta dos mártires. al da Igreja russa? L: Nos últimos dez anos a Igreja tem
L: Há princípios orientadores de um vindo a fazer boas experiências no tra-
KI: O que é que se passa com o envolvimento desta natureza, mas ainda balho com os pobres. Mas é muito difí-
ensino religioso na Rússia? faltam forças em toda a parte para levar cil chamar os ricos à razão, quando o
L: Nas escolas estatais ainda não há as coisas por diante. Atualmente a ação dinheiro lhes subiu à cabeça. No entan-
ensino religioso, mas esperamos chegar social da Igreja ortodoxa cinge-se so- to, também há pessoas ricas que desco-
lá. Há, no entanto, iniciativas de direções bretudo às prisões e aos lares de crian- briram o caminho da Igreja e se mos-
de algumas escolas a disponibilizarem o ças e de idosos. tram dispostos a reaprender a humilda-
ensino da religião como disciplina de de. Eu concordaria com a frase do bis-
opção livre. Aliás há uma matéria para KI: E como é com a falta de pa- po latino-americano Dom Helder Câ-
todos os alunos onde são ensinados os dres na Rússia? mara: “Queremos libertar os pobres da
fundamentos da cultura russa. Mas esta L: Verifica-se hoje em dia uma gran- pobreza e os ricos do egoísmo.”
12. 12 espiral
SOLIDARIEDADE
SOLIDARIED
ARIEDADE
| P.Ta Malmequeres, 4 - 3.º Esq | 2745-816 QUELU Z | E-mail: fernfelix@gmail.com
COM D. JANUÁRIO TORGAL FERREIRA
D. TORGAL
FRATERNIT
TERNITAS MOVIMENTO,
A Associação FRATERNITAS MOVIMENTO,
atr avés de associados seus, manif es ta solidariedade par a com D. Januário T. F erreir a,
atra manifes
esta para T. Ferreir
erreira,
a propósito da sua intervenção numa entrevista a uma rádio portuguesa,
em julho de 2012.
«Amigos, só vi a notícia na TVI.
Conheço o Sr. D. Januário e sei que não é homem com «Estou inteiramente de acordo com as palavras do nosso
interesses políticos. É um homem da Igreja, um homem bom, irmão J. S. sobre o significado da incómoda intervenção do
Boletim de Fraternitas Movimento | Trimestral |
honesto, com sensibilidade humana aos problemas dos ho- Sr. D. Januário. A este eu desejo manifestar a minha solidari-
QUELU
mens. Vive com preocupações com este estado de coisas. Vê edade pela coragem, oportunidade e simplicidade com que
mais do que eu. E sente-se angustiado com o rumo que as nos faz chegar a linguagem de Jesus de Nazaré.
coisas tomam. E os responsáveis calam-se, fecham os olhos, Esquecemos facilmente (bispos incluídos) que Jesus não
não tem respostas... Mas nem ao menos se inquietam e não hesitou chamar "sepulcros caiados de branco" aos hipócritas
inquietam as consciências deste país, se é que os políticos a e poderosos do seu tempo.
têm. Nunca os verdadeiros profetas foram peritos em medir
Vós estais muito mais dentro destes problemas que eu. palavras»
Não se calem, não calem o movimento. Deixem que o Espí- A.C.
rito fale, apoiem o Espírito que fala através dos profetas, «Estou plenamente de acordo com o A.C.. Só se ame-
que são incómodos...E é de lamentar se os bispos já se vie- drontam aqueles que não têm consciência das preocupações
ram demarcar de D. Januário. Lamento. Os bispos usam o da Igreja pelos mais castigados da sociedade. E talvez tam-
solidéu, mas aquilo é só ornamento, adereço, de resto vivem bém aqueles a quem não falta o pão, mesmo arrancado das
amedrontados(…). mãos de quem o fabricou com muito suor e amor.»
Por favor, ponham o movimento a andar, esclareçam os M. P.
sócios, animem-nos, estimulem-nos. Eu apoio-vos se é para
animar o Sr. D. Januário.» «Respondo a esta missiva. Ouvi com muita atenção a de-
Um abraço., núncia profética do senhor D. Januário no famigerado pro-
J.S. grama da TVI. Estou com ele, porque ele foi a voz do Espí-
rito, a voz de alguém que profeticamente exerce a sua mis-
P.Ta
são de homem da Igreja que vive os problemas e as angús-
tias de tantos irmãos pobres, desprezados e humilhados por
uma desgovernação vergonhosa, marcada pela insensibilida-
Redacção: Fernando Félix
de e pela astúcia de alguns políticos que se "governam", mas
não governam. O aparecimento do senhor Ministro da De-
fesa a meter-se no assunto e a tentar virar a opinião pública
contra o Bispo Profeta que, à semelhança de Amós, denun-
cia os erros dos governantes, fez-me recuar a meados do
século passado e reviver o que, então, foi feito ao saudoso
Bispo do Porto senhor D. António Ferreira Gomes a quem
o poder político, então vigente em Portugal, desterrou para
Roma por ter tido a coragem de dizer ao governante Salazar
que era preciso mudar de políticas. E, então como hoje, a
Conferência Episcopal reverentemente calou, consentiu, não
«Estou com a proposta do Joaquim Soares e dou a mi- levantou a voz e os senhores Bispos continuaram a ter mor-
espiral
nha adesão ao D. Januário Torgal, congratulando-me por ter domias e honrarias. Será que agora se está a preparar algo de
levantado a sua voz exprimindo a angústia que sofre o nosso semelhante? O senhor D. Januário tem razão nas denúncias
Povo com as políticas que estão a ser implementadas e de- que faz. Não ofendeu ninguém, a não ser aqueles a quem a
nunciar os aproveitamentos pessoais que ocorrem neste "pân- consciência acusa de maldade, porque a verdade incomoda.
tano" de desolação, penúria e miséria.» Ao senhor D. Januário é devido todo o apoio nesta sua mis-
Parabéns D. Januário, estamos consigo» são de denúncia das injustiças, venham elas de onde vierem.»
E.J. J.M.