O documento discute o tema da viagem na visão espiritual, descrevendo-a como uma experiência fora do corpo onde a pessoa sente que sua consciência está separada do corpo físico. Ele lista vários tipos de projeções e níveis de lucidez, além de habilidades que podem ser desenvolvidas, como viagem na visão espiritual, invisibilidade e presciência. Finalmente, discute métodos como a assunção de forma-deus e o uso de uma nuvem mística para transferir a consciência.
2. O que é Viagem na Visão Espiritual
É o nome que se dá aos fenômenos em que percebemos a consciência
fora do corpo, ou extracorpórea. Durante o fato em si, a pessoa tem a nítida
sensação da consciência estar afastada do seu corpo físico, e em alguns
casos, a pessoa chega a ver a si mesma à distância.
Estas experiências podem ser sentidas por qualquer pessoa, e pro
diversos motivos ou meios, tais como: estados alterados de consciência,
por meio do sono, via meditação profunda, técnicas de relaxamento, ou
ainda involuntariamente, durante episódios de paralisia do sono, traumas,
variações abruptas da atividade emocional e estresse, Experiência de
quase-morte, privação sensorial, estimulação elétrica do giro angular direito
do cérebro, estimulação eletromagnética, experiências de ilusão de ótica
controladas, e através de efeitos neurofisiológicos por indução química
(drogas).
3. Outros nomes para o mesmo fato
AKE (experiência fora do corpo), aventura extracorpórea, deambulação
astral, desancoramento da consciência, descorporificação, desdobramento,
desdobramento astral (gnose), desdobramento espiritual (espiritismo),
desligamento do corpo, deslocamento da consciência, disjunção, EEC
(experiência extracorporal), EFDC (experiência fora do corpo), episódio fora
do corpo, experiência astral, jornada astral, jornada da alma, meia-morte,
OOBE ou OBE (Out-of-Body Experience) (EUA), OBP ou OOBP (out-of-
body projection) (EUA), projeção astral (teosofia), projeção da alma,
projeção consciente, projeção do corpo psíquico ou emocional (AMORC),
sonho astral, sonho lúcido, transe onírico, viagem espiritual, visão
espiritual, viagem na visão espiritual, viagem extra-sensorial, videha
(Índia), vôo xamânico.
4. Tipos de projeções
* Projeção em tempo-real: quando o projetor projetaria-se para fora do corpo físico e
cairia num suposto plano mais próximo ao plano físico, vivenciando tudo ao seu redor.
Numa projeção considerada perfeita, ele poderia encontrar consigo mesmo ao virar uma
esquina.
* Projeção involuntária: ocorreria com a maioria das pessoas que acordariam dentro
dos sonhos sem sua própria vontade. Ou ainda durante o estágio de pré-sono.
* Experiência quase-morte: seria a experiência ocorrida quando, devido a uma doença
grave ou acidente, a pessoa sofre o chamado "estado de quase morte".
* Projeção voluntária: este tipo de experiência poderia ser induzida através de técnicas
projetivas, meditação, amparo de supostas entidades extra-físicas, entre outras.
* Scrying: O termo mais ou menos traduzido seria como visualização, e provoca o
deslocamento da consciência para fora do corpo, mas normalmente amparado por um
objetivo físico como espelho, bola de cristal, cartas do tarot, etc.
* Assunção de Forma-deus: É quando o praticante desloca sua consciência para
assumir a consciência de uma divindade. Faz parte da chamada magia simpática.
* Invisibilidade: É quando o praticante cria uma nuvem de ocultação ao seu redor, ou
alguma outra forma de fascinação ou ainda distração, para não ser percebido.
5. Níveis de lucidez
* Projeção inconsciente: ocorre quando o
praticante sai do corpo totalmente inconsciente.
Seria um "sonâmbulo extrafísico". A maioria
absoluta da população do planeta faria esta
projeção durante o sono ou cochilo e estas seriam
posteriormente relatadas como sonhos.
* Projeção semiconsciente: ocorre quando o grau de consciência é
intermediário, e a pessoa fica sonhando acordado fora do corpo, totalmente
iludido por suas ideias oníricas. Conhecido também como sonho lúcido.
(diferenciar)
* Projeção consciente: ocorre quando o praticante sai do corpo e mantém a
sua consciência durante todo o decorrer da experiência extracorpórea. São
poucos que dominaram esta projeção.
6. Dificuldades:
Muitos autores modernos, ao falarem sobre a Projeção Astral ou
Desdobramento falam da grande dificuldade de se projetar de forma consciente e
dominando todos os passos do processo. Cada autor oferece um método diferente
desde relaxamento, a rituais e ainda o uso de drogas alucinógenas como
alternativas viáveis.
No entanto, atribuímos essa dificuldade primeiramente pela falta de disciplina
dos praticantes, o alto grau de ansiedade, a falta de concentração e de práticas
meditativas, que poderiam facilitar o processo.
Devemos ainda comentar que mais do que o método, a tentativa de se
racionalizar o processo é em grande parte o responsável pelo fracasso é o
excesso de pensamentos (cabeça pesada).
Quando optamos pelo termo “viagem na visão espiritual”, o fizemos pois o
mesmo é muito mais amplo nas suas perspectivas do que meramente uma
viagem astral ou desdobramento.
7. Algumas habilidades desenvolvidas
● Viagem na visão espiritual;
● Scrying;
● Transferência de consciência;
● Onipresença;
● Kwisatz Haderach (Duna) - Presciência, encurtador de caminhos;
● Vôo Xamânico;
● Invisibilidade.
8. Kwisatz Haderach
Conhecido também como “aquele que pode estar em muitos lugares ao
mesmo tempo.” A frase Kwisatz Haderach veio originalmente do Hebreu
( , קפיצתהַדר ֶךHaDérech originalmente do Hebraico Tiberiano e Qifîṣáṯ do
ְ ֶ ַ ִ ְ ̄
Hebraico padrão). No judaísmo, o termo está especialmente associado com o
movimento cabalista, que é usado para descrever a habilidade de saltar
instantaneamente de um lugar para outro sem se mover, atribuído a vários
homens santos (tzadiqim). O termo é usado em alguns dos trabalhos de
Shmuel Yosef Agnon, um escritor Israelita que ganhou o prêmio Nobel de
literatura de 1966 (mesmo ano em que Duna ganhou os prêmios Hugo e
Nebula). Em uma história de Agnon baseada em um dos contos dos cabalistas
acima mencionados, a um Rabbi justo (Tzadiq) é dado o dom de “Kfitzat
Haderech” que o usa para entrar na Tesouraria do império de Habsburg, e
saltar de volta para o seu shtetl (aldeia judia), despercebido por qualquer um.
Mais tarde, quando o Imperador planejou criar um decreto prejudicial aos
Judeus, o Rabbi usou seu poder de “Kfitzat Haderech” a fim saltar para câmara
de audiências e bater no Imperador com sua vara, sendo visível (e tangível) ao
Imperador, mas invisível a seus conselheiros e protetores.
9. A Nuvem
Historicamente existem vários relatos que associam a transferência de
consciência através de uma luz, ou nuvem, ou ainda um tipo de vapor. Ela e
principalmente utilizada para os casos de invisibilidade, mas também aparece em
relatos de viagens na visão espiritual, e expansão da consciência.
“Dizem que Hércules, filho de Zeus e de uma mortal, acabou com sua vida em
uma pira funerária no Monte Eta, pira essa que foi acesa por um pastor nômade
chamado Péias, o qual se encontrava de passagem. Enquanto a pira queimava,
continua a história, “uma nuvem passou sobre Hércules e com o estrondo de um
trovão levou-o para o céu. Depois do que ele e tornou imortal”. - Apollodorus, The
Library, traduzido por Sir James Frazer, Loeb Classic Library, 1921.
10. Moisés, o legislador judaico utiliza-se desse método conforme atestam relatos
a respeito: “Quando Moisés se dirigia para o lugar em que desaparecia da vista de
todos, estes seguiram-no chorando, mas Moisés acenou com as mãos para todos
aqueles que se encontravam longe dele, ordenando que ficassem distantes e em
silêncio. Seguiu, então, acompanhado pelo Senado, pelo Sumo-sacerdote Eleazar
e Josué, o comandante. Assim que chegaram à montanha chamada Abarim...
Moisés dissolveu o Senado... quando uma nuvem surgiu subitamente sobre ele e
Moisés desapareceu”. - Josephus, Antiquities of the Jews, Kregel Publishing
Company, 1971.
Algumas lendas rabínicas dizem que não apenas desapareceu numa nuvem,
mas também subiu ao céu. Paralelos existem em várias religiões, e também Buda,
Krishna, Rama, Lao-Kiun e Zoroastro ascenderam aos céus, lista na qual
podemos incluir Jesus. H. Spencer Lewis acreditava que a nuvem neste caso, era
uma nuvem mística e que Jesus desapareceu, permanecendo, de fato, em terra. E
este argumento é suficiente para vincular a nuvem ao fenômeno de deslocamento
de consciência.
11. E por que a nuvem?
Uma resposta relativamente fácil de explicar isso utilizando uma explicação
conforme Don Juan a Carlos Castañeda sobre o Poder Individual. Em suma, o
magista não possui poder suficiente para projetar uma imagem eidolon (imagem
quase perfeita do original) capaz de corporificar o praticante.
Outra questão a se considerar a este respeito vem justamente de pretender
economizar energia pessoal (Qi), e utilizar-se de métodos como a criação de uma
nuvem através da queima de generosas porções de incenso durante o ritual.
12. O Método da Nuvem
H. Spencer Lewis, fundador da AMORC, diz que a invisibilidade é produzida
através de nuvens. Diz ele que “nuvens ou corpos de névoa... podem ser
chamados do invisível para cercar uma pessoa e assim escondê-la da visão de
outros” e também que “está é uma demonstração frequentemente feita para
provar a atividade de muitas leis cósmicas e espirituais”.
Expediente semelhante é relatado no livro Drácula, de Bram Stocker quando o
personagem se faz ocultar por uma nuvem saída de seus pés e em diversos
momentos utiliza do obscurecimento da Lua por uma nuvem para ocultar-se na
escuridão.
A Hermetic Order of the Golden Dawn também utiliza o método das nuvens,
propondo que o magista deve cercar-se com um “Manto de Escuridão e de
Mistério”. Este manto é explicitamente descrito como semelhante “à nuvem ou
véu”.
Note-se aqui que tanto a Golden Dawn quanto a AMORC usam técnicas
semelhantes para atingir a invisibilidade, e ambas reivindicam para si o título de
rosacruzes, e os Rosacruzes do Manifesto do séc. XVII se autodenominavam “Os
Invisíveis.”
13. Assunção de Forma-deus
A Assunção era a forma pela qual os iniciados da Golden Dawn
para penetrar de forma íntima uma planta, um cristal, imagem
divina, etc. Como uma forma de desenvolvimento mental.
Uma forma de começar é preferencialmente com um objeto
inanimado. Uma bola de cristal, um cubo ou algo do gênero como
uma bandeja polida podem ser formas interessantes no início da
prática. Este é tanto o princípio do scrying quanto da Assunção.
Isto acontece porque em ambos os casos, a técnica usada é
basicamente a transferência de consciência.
No começo da prática, o magista inicia focando toda sua
atenção na bola de cristal, por exemplo. Depois de algum tempo, a
visão irá se turvar, e o magista se sentirá tremendamente atraído
para o objeto no qual fixa sua atenção.
14. Quando se está no início da prática, não convém utilizar uma figura complexa,
como uma carta de Tarot O ideal é sempre começar de forma simples. No máximo
o diagrama da Árvore das Vidas será já de bom tamanho.
Através da concentração/hiperfoco, o praticante irá se sentir atraído física e
mentalmente ao objeto escolhido. À medida em que conseguir melhorar sua
concentração, melhores serão as sensações.
Mas e por que praticar hiperfoco se eu desejo apenas a projeção?
Simples. Pois à medida em que o praticante evoluir na sua prática, sua
consciência irá se transferir para o objeto. Ou seja, minha mente se transfere para
o objeto em questão. Se for a esfera, normalmente ela agirá como um portal para
o outro local em que se deseja realmente estar. No caso de uma pirâmide
Enochiana como já foi trabalhado em outro momento, foca-se não na superfície da
pirâmide, mas “dentro” da mesma. A partir do momento em que se entra na
pirâmide, é como se uma nova realidade se descortinasse. Então, sob a guia do
anjo, inicia-se a jornada. Cremos que este exemplo seja suficiente para justificar a
necessidade da concentração e do hiperfoco.
15. Falando-se na Assunção de Harpócrates, convém comentar um pouco sobre
ele. Segundo Wallis Budge, Harpócrates era um deus que representa o sol que se
levanta.
Para se assumir a forma-deus, em primeiro lugar deve-se conhecer bem suas
descrições e seus atributos, até que forme uma imagem bastante clara do mesmo,
até de olhos abertos.
Quando chegar neste ponto convém preparar o seu templo e após as devidas
preparações, faça a abertura do ritual, e visualize a imagem do deus diante de si.
Troque sinais com a divindade e faça a afirmação de que são um só:
“Hoor-per-kraat, Senhor do Silêncio, Hoor-per-kraat, Senhor do Lótus
Sagrado, oh tu, que se levantou em vitória das cabeças dos moradores infernais
nas águas de onde todas as coisas foram criadas, eu te invoco em nome de
Kheper-Rá e pelo poder de Osíris.
Veja! Ele está em mim, e eu nele. O lótus é meu enquanto me levanto como
fez Hoor-per-kraat do firmamento das Águas. Porque EU SOU Hoor-per-kraat, o
Senhor do Silêncio no trono do Lótus. Eu sou Rá completamente coberto, Kheper-
Rá não manifesto para o Homem”.
Visualize que o deus se aproxima de você e está se virando para assumir a
posição exata de onde você está. A partir deste momento, vocês serão um só.
16. Outro efeito possível deste ritual é que o Manto de Ocultação, o “Ovo
Preto-Azulado de Harpócrates”, conforme designam os manuscritos da Golden
Dawn, poderá se formar ao seu redor, escondendo-o da visão dos homens.
Aleister Crowley experimentou este ritual quando esteve no México,
descrevendo o resultado dessa operação no seu Confessions: “Alcancei um ponto
onde minha reflexão física em um espelho se tornou fraca e trêmula. Isso deu-me
a impressão de imagens cinematográficas interrompidas dos primeiros tempos”.
A nuvem se forma durante a Assunção de Harpócrates porque diz-se que
ele próprio é circundado por ela. E devemos lembrar que a nuvem é Akasa
concentrada, e Akasa é o espaço.
17. Referências
Budge, E. A. W., The Gods of the Egyptians, Dover Publications, 1968.
Doane, Bible Myths and Their Parallels in Other Religions, New Hyde Park, University
Books, 1971.
Crowley, Aleister, Confessions. Arkana, 1986.
Lewis, H. Spencer, The Mystical Life of Jesus. AMORC, 1971.
Rosa, Anderson, Enochiano - Magia Angelical, CIH, 2005
Rosa, Anderson, CODEX-10 Usando uma Esfera de cristal para Scrying, CIH, 2000
Richards, Steve, Invisibilidade, Hemus, 1982
Regardie, Israel, The Golden Dawn, Llewellyn Publications, 1971.
http://www.cih.org.br
http://pt.wikipedia.org/wiki/Giro_do_c%C3%ADngulo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Proje%C3%A7%C3%A3o_da_consci%C3%AAncia
http://www.psiqweb.med.br/site/DefaultLimpo.aspx?
area=ES/VerDicionario&idZDicionario=598