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Fatores metabólicos na fadiga

Autores: Mark Hargreaves

PONTOS PRINCIPAIS

- A manutenção da força muscular durante o exercício depende da geração de energia química (ATP) por
meio de metabolismo não oxidativo (anaeróbico) e oxidativo (aeróbico).
- A manutenção da força muscular durante o exercício depende da geração de energia química (ATP) por
meio de metabolismo não oxidativo (anaeróbico) e oxidativo (aeróbico).
- A fadiga se desenvolve quando os compostos necessários para produzir o ATP terminam ou quando os
subprodutos do metabolismo se acumulam no músculo
- Essas alterações metabólicas podem causar fadiga por meio da ação nos processos neurais que ativam os
músculos e isso pode comprometer tanto o sistema nervoso central como o periférico.
- As reduções dos níveis musculares de ATP, creatinafosfato e glicogênio, além da baixa disponibilidade
de glicose no sangue podem comprometer o desempenho dos músculos esqueléticos. A glicemia baixa
também pode afetar as funções desempenhadas pelo sistema nervoso central.
- Os aumentos nos níveis intramusculares de magnésio, ADP, fosfato inorgânico, íon de hidrogênio, e
espécies reativas de oxigênio podem comprometer a função muscular. O aumento da amônia e a
hipertermia também podem contribuir para a fadiga, provavelmente em conseqüência de efeitos no
sistema nervoso central.
- Programas adequados de treinamento e intervenções nutricionais acentuam a resistência à fadiga e ao
desempenho de exercícios por meio da melhoria da capacidade de músculos manterem a produção de
ATP.




INTRODUÇÃO

A adenosina trifosfato (ATP) é a fonte imediata de energia química para a contração muscular. Como os
depósitos intramusculares de ATP são pequenos, a regeneração contínua de ATP é fundamental para a
manutenção da produção de força muscular durante o desempenho sustentável no exercício. Em
condições de produção de muita energia (como aquelas observadas durante o exercício de sprint de alta
intensidade), isso é obtido por meio da produção não oxidativa de ATP (anaeróbica) seguido de uma
quebra de creatinafosfato (PCr) ou da degradação do glicogênio muscular em lactato. Quando há uma
baixa produção de energia para desempenho prolongado de endurance, o metabolismo oxidativo ou
aeróbico dos carboidratos (glicogênio muscular e glicose presente no sangue) e de lipídios (ácidos graxos
derivados de depósitos de triglicérides, nos músculos ou no tecido adiposo) oferece praticamente todo
ATP necessário para processos celulares que dependem de energia dentro do músculo esquelético. Esses
processos metabólicos e sua importância durante o exercício já foram bem descritos (Covle, 2000; Sahlin
et al., 1998). Atenção considerável foi dada aos mecanismos potenciais de fadiga responsáveis pelo
declínio da força e/ou da produção de energia pelo músculo esquelético durante o exercício e o papel que
os fatores metabólicos desempenham nessas alterações. Esses fatores metabólicos podem ser
categorizados de forma abrangente como a depleção de substratos de energia (ATP e outros compostos
bioquímicos utilizados na produção de ATP) e acúmulo de derivados metabólicos




(Tabela 1).
REVISÃO DA LITERATURA

Potenciais locais de fadiga

A fadiga é um processo multifatorial que reduz o desempenho no exercício e no esporte. Pode ser
definido, de forma mais ampla, como a incapacidade de manter a força e energia necessárias ou esperadas
ou como uma redução na capacidade de gerar força ou energia. Embora a fadiga possa envolver muitos
sistemas orgânicos, os músculos esqueléticos e sua capacidade de gerar força têm sido o foco de atenção.
Dessa forma, na busca de potenciais locais de fadiga, é necessário considerar as etapas envolvidas na
ativação do músculo esquelético. Essas etapas estão resumidas na Figura 1 e representam potenciais
locais de fadiga ou processos que podem ser comprometidos pela depleção do substrato e/ou pelo




acúmulo de derivados metabólicos.
Os cientistas que investigam o exercício costumam considerar tanto os mecanismos centrais como os
periféricos na etiologia da fadiga e, na verdade, os dois níveis contribuem para uma redução do
desempenho dos músculos esqueléticos durante o exercício. Informações mais detalhadas sobre os
aspectos da fadiga central e periférica podem ser encontradas em duas abrangentes revisões (Fitts, 1994;
Gandevia, 2001).




Depleção do Substrato
A disponibilidade reduzida dos principais agentes bioquímicos envolvidos na produção de energia podem
limitar a oferta de ATP durante o exercício e comprometer os músculos esqueléticos e a função do
sistema nervoso central. Esses substratos incluem PCr, o glicogênio muscular e a glicose sanguínea.

ATP. Vários estudos demonstram que a concentração de ATP em amostras de fibras musculares mistas é
relativamente bem protegida durante o exercício intenso, com uma queda de 30-40%. No entanto, nas
análises de fibras musculares individuais, os níveis de ATP podem cair significativamente nas fibras tipo
II, após exercícios intensos e limitar a capacidade dessas fibras em contribuir para o desenvolvimento de
energia (Casey et al., 1996). Além disso, pode haver uma redução temporal e espacial na disponibilidade
de ATP dentro do micro-ambiente local de algumas das principais enzimas dependentes de ATP (miosina
ATPase, Na+/K+ ATPase, Ca2+ ATPase do retículo sarcoplasmático) e dentro dos canais de liberação de
Ca2+ do retículo sarcoplasmático. Essa diminuição de ATP pode contribuir para a fadiga conforme
demonstrado em ratos por Dutka e Lamb (2004). Nesse experimento, uma redução na concentração de
ATP afetou o acoplamento excitação-contração e a produção de força em fibras musculares esqueléticas
desprovidas de membrana. Em seres humanos, durante os exercícios de alta intensidade e de curta
duração, e nos últimos estágios de exercícios prolongados mais extenuantes, grandes aumentos nos
subprodutos gerados pela quebra do ATP implicam que as taxas de utilização de ATP podem ser maiores
que as taxas de ressíntese de ATP (Sahlin et al., 1998).

PCr. Um outro fosfato de alta energia, a creatina-fosfato -- PCr, desempenha um papel fundamental
como auxiliar na reposição de ATP durante a atividade muscular (PCr + ADP <=> Cr + ATP). Os níveis
de PCr no músculo podem ser quase totalmente depletados totalmente após o exercício máximo
(Bogdanis et al., 1995; Casey et al., 1996), e essa depleção contribui para o rápido declínio na produção
de energia observada durante o referido exercício (Sahlin et al., 1998). A recuperação da capacidade de
geração de energia após o exercício máximo está intimamente ligado à ressíntese de PCr (Bogdanis et al.,
1995). A maior disponibilidade de PCr no músculo é uma possível explicação do melhor desempenho
durante os exercícios de alta intensidade como observado algumas vezes após a suplementação dietética
de creatina (Casey & Greenhaff, 2000). Os níveis de PCr podem também estar diminuídos em grande
parte das fibras musculares no ponto de fadiga durante os exercícios sub-máximos prolongados
coincidindo com a depleção de glicogênio muscular, talvez refletindo uma incapacidade de manter uma
taxa suficiente de ressíntese de ATP (Sahlin et al., 1998). No entanto, outros estudos não observaram
essas alterações em fosfatos de alta energia com exercícios prolongados (Baldwin et al., 2003).

Glicogênio muscular. A associação entre a fadiga e as reduções nos depósitos de glicogênio muscular
durante exercícios prolongados e extenuantes foi observada de forma consistente por praticamente 40
anos (Hermansen et al., 1967). Estudos anteriores realizados na Escandinávia relatavam a prática de
técnica de supersaturação de glicogênio (glycogen loading) que podem melhorar o desempenho dos
exercícios de endurance em eventos que duram menos que 90 min (Hawley et al., 1997). A
disponibilidade de glicogênio muscular também pode ser importante para a manutenção de exercícios de
alta intensidade e intermitentes (Balsom et al., 1999). Apresentou-se a hipótese de a ligação entre a
depleção de glicogênio muscular e a fadiga muscular represente uma incapacidade de manter uma taxa
suficiente de ressíntese de ATP, secundária à disponibilidade reduzida de piruvato e dos principais
intermediários metabólicos (Sahlin et al. 1990). Por outro lado, um outro estudo observou pouca alteração
dos níveis musculares de ATP, PCr, ou intermediários metabólicos após o exercício até causar fadiga com
diferentes disponibilidades de glicogênio no músculo antes do exercício (Baldwin et al., 2003). Não se
pode excluir a possibilidade de que ocorra depleção de glicogênio em pontos principais dentro do
músculo, algo impossível de ser determinado em uma amostra de biópsia muscular. Por outro lado, é
possível que a depleção de glicogênio cause fadiga por outros mecanismos além do metabolismo
energético do músculo comprometido. Por exemplo, observou-se que a depleção de glicogênio muscular
pode comprometer o acoplamento contração-excitação (Chin & Allen, 1997; Stephenson et al., 1999).
Independentemente do(s) mecanismo(s) subjacente(s), existe uma forte associação entre a depleção de
glicogênio muscular e a fadiga durante os exercícios prolongados e extenuantes.

Glicemia. Na ausência da suplementação de glicose (por exemplo, por meio de ingestão de carboidratos),
os níveis de glicemia declinam progressivamente durante exercícios prolongados, assim como há
depleção dos níveis de glicogênio hepático. A disponibilidade reduzida de glicose no sangue está
associada às taxas reduzidas de oxidação de carboidratos e fadiga, e o aumento dos níveis de glicose por
meio de ingestão de carboidratos aumenta a oxidação desses nutrientes e melhora do desempenho no
endurance (Coyle et al., 1983, 1986). Parte disso pode ocorrer devido a uma maior captação de glicose no
músculo (McConell et al., 1994) e ao aumento do equilíbrio energético muscular (Spencer et al., 1991),
mas não parece estar ligado à atenuação da utilização do glicogênio muscular (Coyle et al., 1986). Como
a glicose é o principal substrato para o cérebro, a glicemia baixa (hipoglicemia) também pode reduzir a
captação de glicose no cérebro e assim contribuir à fadiga central (Nybo & Secher, 2004). Dessa forma, o
benefício ergogênico da ingestão de carboidratos durante os exercícios prolongados extenuantes pode ser
decorrente de um melhor balanço energético cerebral e da manutenção do papel do sistema nervoso
central (Nybo & Secher, 2004). Estudos recentes também observaram melhoria na função física e mental
com a ingestão de carboidratos durante exercícios intermitentes como aqueles que se aplicam em esportes
coletivos (Welsh et al., 2002; Winnick et al., 2005).

Acúmulo de Derivados Metabólicos

A ativação das vias metabólicas que produzem ATP também resulta em aumento dos níveis musculares e
plasmáticos de vários derivados metabólicos que contribuem potencialmente para a fadiga durante o
exercício. Entre eles estão magnésio (Mg2+), ADP, fosfato inorgânico (Pi), lactato e íon de hidrogênio
(H+), amônia (NH3), espécies reativas de oxigênio e calor.

Mg2+, ADP, Pi. Durante a quebra rápida da ATP e PCr, há um aumento nos níveis de Mg2+, APD e Pi
dentro do músculo esquelético. O aumento de Mg2+ pode inibir a liberação de Ca2+ do retículo
sarcoplásmico e comprometer a produção da força, principalmente em combinação com níveis reduzidos
de ATP no músculo (Dutka & Lamb, 2004). Concentrações elevadas de ADP no músculo podem reduzir
a força e retardar o relaxamento muscular prejudicando os miofilamentos contráteis e a captação de Ca2+
captação no retículo sarcoplasmático (MacDonald & Stephenson, 2004). Um aumento em Pi também
reduz a força contrátil e a liberação de Ca2+ daquela estrutura. Esse último efeito parece ser devido à
precipitação de fosfato de cálcio dentro do retículo sarcoplasmático (Allen & Westerblad, 2001). Os
aumentos de ADP como de Pi também reduzem a liberação de energia durante a quebra de ATP (Sahlin
et al., 1998).

Lactato, H+. A rápida quebra de glicogênio e glicose no músculo durante o exercício intenso causa um
grande aumento na produção do ácido lático. De forma geral, o íon lactato não parece ter qualquer efeito
negativo significativo na capacidade de geração de força pelo músculo esquelético, embora existam dados
conflitantes na literatura. Uma conseqüência mais importante é o aumento na concentração intramuscular
de H+ (pH reduzido e acidose) que está associado a uma alta taxa de quebra de ATP, a produção não-
oxidativa de ATP e os movimentos de íons fortes (por exemplo, K+) através da membrana celular do
músculo. Há uma ampla crença de que o aumento de H+ pode interferir no acoplamento excitação-
contração e na produção de força nos miofilamentos. No entanto, em muitas das preparações de músculos
isolados estudados em temperaturas fisiológicas, a acidose não parece exercer efeito negativo
significativo. Compatíveis com essas descobertas são as observações de que a força isométrica máxima
(Sahlin & Ren, 1989) e a energia dinâmica (Bogdanis et al., 1995) se recuperam com relativa rapidez
após exercício intenso, apesar de um pH muscular constantemente baixo. Em contraste, a capacidade de
manter a força isométrica e a produção de energia em seres humanos é comprometida pela acidose, sendo
que uma possível explicação seria o turnover reduzido de ATP (Sahlin & Ren, 1989). Deve-se notar que
no músculo esquelético humano, a acidose pode inibir a quebra de glicogênio (Spriet et al., 1989) e a
produção oxidativa de ATP (Jubrias et al., 2003). Além disso, a ingestão de bicarbonato de sódio, um
agente alcalinizante, retarda o tempo necessário para o surgimento da fadiga durante os exercícios de alta
intensidade após sprints repetidos (Costill et al., 1984), embora seja difícil separar os vários mecanismos
que contribuem para a fadiga nessas condições. Observa-se também que uma adaptação fundamental ao
treinamento de sprint (Sharp et al., 1986) e ao treinamento de alta–intensidade com intervalos (Weston et
al., 1997) reflete-se no aumento na capacidade tampão do músculo esquelético.

Amônia (NH3). A Amônia pode ser produzida pelo músculo esquelético como um derivado da quebra de
ATP ou de aminoácidos. Durante o exercício, existe um aumento da liberação de NH3 pela contração dos
músculos esqueléticos para dentro do sangue e um aumento correspondente nos níveis plasmáticos de
NH3. Como a NH3 pode cruzar a barreira hematoencefálica, o aumento de NH3 plasmático aumenta a
captação cerebral de NH3, e isso pode influenciar os neurotransmissores cerebrais e causar a fadiga
central (Nybo & Secher, 2004). É necessário mais estudos para examinar o papel da NH3 na etiologia da
fadiga. No entanto, a ingestão de carboidrato atenua o acúmulo de NH3 plasmático (Snow et al., 2000) e a
captação de NH3 no cérebro (Nybo & Secher, 2004) durante exercícios prolongados, e esse é um
potencial mecanismo subjacente ao efeito ergogênico da ingestão de carboidratos.
Um outro aspecto da fadiga central durante exercícios prolongados envolve as potenciais interações entre
o metabolismo dos aminoácidos de cadeia ramificada (BCAA; leucina, isoleucina e valina), a captação de
triptofano cerebral e os níveis de serotonina no cérebro. O triptofano é um precursor da serotonina e a
captação de triptofano no cérebro está relacionada tanto à concentração de triptofano livre no plasma
quanto à razão das concentrações plasmáticas de triptofano livre e BCAA. Durante o exercício, uma
queda nos níveis plasmáticos de BCAA e um aumento de triptofano no plasma pode causar um aumento
nos níveis de serotonina no cérebro e a fadiga central (Nybo & Secher, 2004). Sugeriu-se a ingestão de
BCAA como uma estratégia para manter os níveis de BCAA no plasma e a reduzir a captação de
triptofano no cérebro, mas isso não parece ser eficaz (Van Hall et al., 1995). Uma estratégia melhor é a
ingestão carboidratos, que prejudica o aumento de ácidos graxos livres no plasma induzido pelos
exercícios. Como os ácidos graxos livres e o triptofano competem pelos pontos de ligação da albumina no
plasma, o nível reduzido de ácidos graxos livres durante o exercício com a ingestão de carboidratos
atenua o aumento da razão entre triptofano livre e BCAA (Davis et al., 1992).

Espécies reativas de oxigênio. Durante o exercício, espécies reativas de oxigênio como peróxido de
hidrogênio e ânions superóxidos podem ser produzidos pelo metabolismo oxidativo e outras reações
celulares (Reid, 2001). Em níveis baixos, Esses metabólitos podem desempenhar um papel importante na
regulação da função dos músculos esqueléticos, mas seu acúmulo em níveis mais altos está associado à
fadiga (Barclay & Hansel, 1991; Moopanar & Allen, 2005). Há vários antioxidantes enzimáticos
(dismutase superóxido, catalase, glutiona peroxidase) dentro do músculo esquelético que degradam as
espécies reativas de oxigênio e há antioxidantes não-enzimáticos como a glutationa reduzida, ?-caroteno e
vitaminas E e C que podem neutralizar as espécies reativas de oxigênio (Reid, 2001). A administração do
composto N-acetilcisteína pode aumentar os antioxidantes não-enzimáticos no músculo esquelético. Esse
efeito está associado à redução da fadiga durante a estimulação muscular (Reid et al., 1994) e ao aumento
do desempenho de endurance no ciclismo em indivíduos treinados (Medved et al., 2004). Estudos com a
suplementação de vitaminas E e C são contraditórias, mas os níveis de antioxidantes enzimáticos
endógenos aumentam com o treinamento.

Calor. Somente 20% do consumo de oxigênio durante o exercício é convertido em trabalho mecânico,
enquanto aproximadamente 80% resulta em calor, o principal derivado metabólico de exercícios
extenuantes. Apesar de a maior parte desse calor ser dissipado, em exercício de alta intensidade e quando
a temperatura e/ou umidade ambientais encontram-se aumentadas, pode haver um aumento significativo
da temperatura central do corpo (hipertermia) que pode causar a fadiga e, em casos extremos, a morte. A
hipertermia pode comprometer tanto os processos centrais quanto os periféricos envolvidos na produção
de força muscular e da energia (Nybo & Secher, 2004; Todd et al., 2005) e comprometer o desempenho
de exercícios de sprint (Drust et al., 2005) e de endurance (Gonzalez-Alonso et al., 1999). As estratégias
para minimizar o impacto negativo da temperatura central e muscular elevada no desempenho de
exercícios incluem a aclimatização ao calor, o pré-resfriamento (Gonzalez-Alonso et al., 1999) e a
ingestão de líquidos (Hamilton et al., 1991).

RESUMO

A produção aumentada de ATP por meio das vias metabólicas oxidativa e não-oxidativa no músculos
esquelético é essencial para manutenção da força e energia durante o exercício. No entanto, a depleção de
substrato e o acúmulo de derivados metabólicos são as potenciais causas de fadiga. A disponibilidade
reduzida de PCr pode limitar a produção de energia durante os exercícios de sprint, enquanto a depleção
de carboidratos é a principal limitação ao desempenho no endurance. Durante o sprint, quantias
aumentadas de Pi e H+ podem contribuir para a fadiga e durante os exercícios prolongados extenuantes, o
acúmulo de NH3, espécies reativas de oxigênio e calor podem limitar o desempenho. Programas de
treinamento adequados e intervenções nutricionais são possíveis estratégias para aumentar a resistência à
fadiga e melhorar o desempenho nos exercícios.

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Exerc. 37: 306-315.

SUPLEMENTO

CONTROLANDO A FADIGA NOS ESPORTES

A fadiga é um processo multifatorial. A depleção de fontes energéticas, incluindo a adenosina trifosfato
(ATP), a creatinafosfato (PCr), além de carboidratos (CHO) como o glicogênio muscular e a glicose do
sangue, pode contribuir para a fadiga. A fadiga também pode ser causada pelo acúmulo de derivados
metabólicos, incluindo o fosfato inorgânico (Pi), íons de hidrogênio (H+), principalmente ácido lático,
amônia (NH3), peróxido de hidrogênio e outras espécies reativas de oxigênio (ROS) e calor. A tabela S1
resume os potenciais fatores metabólicos na fadiga durante alguns eventos esportivos.


Estratégias para aumentar a resistência à fadiga

Treinamento. Talvez a melhor estratégia para aumentar a resistência à fadiga seja participar de
treinamentos específicos para cada esporte que promovam adaptações que melhoram o desempenho.
Essas adaptações a vários tipos de treinamento incluem, entre outros, o aumento da massa muscular e da
capacidade tampão do músculo e maior depósito de fontes de energia nos músculos, o aumento da síntese
de proteínas que transportam compostos energéticos pelas membranas celulares, aumento da capacidade
da mitocôndria nos músculos para produzir energia de forma oxidativa e maior capacidade de utilizar
carboidratos em exercícios de alta intensidade, e maior capacidade de oxidação de gordura com uma
redução concomitante na utilização de carboidratos na mesma produção de energia.

Nutrição. As estratégias nutricionais também são eficazes para melhorar o desempenho nos exercícios. O
consumo de refeições ricas em carboidratos para carregar os músculos com glicogênio melhora o
desempenho nos eventos de endurance que duram mais de aproximadamente 90 minutos. A ingestão de
carboidratos durante os exercícios também melhorar o desempenho por agir tanto no cérebro quanto nos
músculos para manter a função física e mental. Outras práticas nutricionais que também podem modificar
os fatores metabólicos associados com a fadiga incluem suplementação dietética de creatina, ingestão de
bicarbonato e suplementação de anti-oxidantes. No entanto, a literatura de pesquisas é menos conclusiva
sobre essas intervenções, pelo menos no que se refere à suplementação de carboidratos.
As estratégias para minimizar o desenvolvimento de hipertermia durante exercícios extenuantes no calor
e, consequentemente, melhorar o desempenho, incluem a aclimatação, o resfriamento pré-exercício e a
ingestão adequada de líquidos durante o exercício.


OUTRAS REFERÊNCIAS SUGERIDAS
Hawley, J.A., E.J. Schabort, T.D. Noakes, and S.C. Dennis (1997). Carbohydrate-loading and exercise
performance. Sports Med. 24: 73-81.
Kubukeli, Z.N., T.D. Noakes, and S.C. Dennis (2002). Training techniques to improve endurance
exercise performance. Sports Med. 32: 489-509.

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Fatores metabólicos na fadiga

  • 1. Fatores metabólicos na fadiga Autores: Mark Hargreaves PONTOS PRINCIPAIS - A manutenção da força muscular durante o exercício depende da geração de energia química (ATP) por meio de metabolismo não oxidativo (anaeróbico) e oxidativo (aeróbico). - A manutenção da força muscular durante o exercício depende da geração de energia química (ATP) por meio de metabolismo não oxidativo (anaeróbico) e oxidativo (aeróbico). - A fadiga se desenvolve quando os compostos necessários para produzir o ATP terminam ou quando os subprodutos do metabolismo se acumulam no músculo - Essas alterações metabólicas podem causar fadiga por meio da ação nos processos neurais que ativam os músculos e isso pode comprometer tanto o sistema nervoso central como o periférico. - As reduções dos níveis musculares de ATP, creatinafosfato e glicogênio, além da baixa disponibilidade de glicose no sangue podem comprometer o desempenho dos músculos esqueléticos. A glicemia baixa também pode afetar as funções desempenhadas pelo sistema nervoso central. - Os aumentos nos níveis intramusculares de magnésio, ADP, fosfato inorgânico, íon de hidrogênio, e espécies reativas de oxigênio podem comprometer a função muscular. O aumento da amônia e a hipertermia também podem contribuir para a fadiga, provavelmente em conseqüência de efeitos no sistema nervoso central. - Programas adequados de treinamento e intervenções nutricionais acentuam a resistência à fadiga e ao desempenho de exercícios por meio da melhoria da capacidade de músculos manterem a produção de ATP. INTRODUÇÃO A adenosina trifosfato (ATP) é a fonte imediata de energia química para a contração muscular. Como os depósitos intramusculares de ATP são pequenos, a regeneração contínua de ATP é fundamental para a manutenção da produção de força muscular durante o desempenho sustentável no exercício. Em condições de produção de muita energia (como aquelas observadas durante o exercício de sprint de alta intensidade), isso é obtido por meio da produção não oxidativa de ATP (anaeróbica) seguido de uma quebra de creatinafosfato (PCr) ou da degradação do glicogênio muscular em lactato. Quando há uma baixa produção de energia para desempenho prolongado de endurance, o metabolismo oxidativo ou aeróbico dos carboidratos (glicogênio muscular e glicose presente no sangue) e de lipídios (ácidos graxos derivados de depósitos de triglicérides, nos músculos ou no tecido adiposo) oferece praticamente todo ATP necessário para processos celulares que dependem de energia dentro do músculo esquelético. Esses processos metabólicos e sua importância durante o exercício já foram bem descritos (Covle, 2000; Sahlin et al., 1998). Atenção considerável foi dada aos mecanismos potenciais de fadiga responsáveis pelo declínio da força e/ou da produção de energia pelo músculo esquelético durante o exercício e o papel que os fatores metabólicos desempenham nessas alterações. Esses fatores metabólicos podem ser categorizados de forma abrangente como a depleção de substratos de energia (ATP e outros compostos bioquímicos utilizados na produção de ATP) e acúmulo de derivados metabólicos (Tabela 1).
  • 2. REVISÃO DA LITERATURA Potenciais locais de fadiga A fadiga é um processo multifatorial que reduz o desempenho no exercício e no esporte. Pode ser definido, de forma mais ampla, como a incapacidade de manter a força e energia necessárias ou esperadas ou como uma redução na capacidade de gerar força ou energia. Embora a fadiga possa envolver muitos sistemas orgânicos, os músculos esqueléticos e sua capacidade de gerar força têm sido o foco de atenção. Dessa forma, na busca de potenciais locais de fadiga, é necessário considerar as etapas envolvidas na ativação do músculo esquelético. Essas etapas estão resumidas na Figura 1 e representam potenciais locais de fadiga ou processos que podem ser comprometidos pela depleção do substrato e/ou pelo acúmulo de derivados metabólicos. Os cientistas que investigam o exercício costumam considerar tanto os mecanismos centrais como os periféricos na etiologia da fadiga e, na verdade, os dois níveis contribuem para uma redução do desempenho dos músculos esqueléticos durante o exercício. Informações mais detalhadas sobre os aspectos da fadiga central e periférica podem ser encontradas em duas abrangentes revisões (Fitts, 1994; Gandevia, 2001). Depleção do Substrato A disponibilidade reduzida dos principais agentes bioquímicos envolvidos na produção de energia podem limitar a oferta de ATP durante o exercício e comprometer os músculos esqueléticos e a função do sistema nervoso central. Esses substratos incluem PCr, o glicogênio muscular e a glicose sanguínea. ATP. Vários estudos demonstram que a concentração de ATP em amostras de fibras musculares mistas é relativamente bem protegida durante o exercício intenso, com uma queda de 30-40%. No entanto, nas análises de fibras musculares individuais, os níveis de ATP podem cair significativamente nas fibras tipo II, após exercícios intensos e limitar a capacidade dessas fibras em contribuir para o desenvolvimento de energia (Casey et al., 1996). Além disso, pode haver uma redução temporal e espacial na disponibilidade de ATP dentro do micro-ambiente local de algumas das principais enzimas dependentes de ATP (miosina ATPase, Na+/K+ ATPase, Ca2+ ATPase do retículo sarcoplasmático) e dentro dos canais de liberação de Ca2+ do retículo sarcoplasmático. Essa diminuição de ATP pode contribuir para a fadiga conforme demonstrado em ratos por Dutka e Lamb (2004). Nesse experimento, uma redução na concentração de ATP afetou o acoplamento excitação-contração e a produção de força em fibras musculares esqueléticas desprovidas de membrana. Em seres humanos, durante os exercícios de alta intensidade e de curta duração, e nos últimos estágios de exercícios prolongados mais extenuantes, grandes aumentos nos subprodutos gerados pela quebra do ATP implicam que as taxas de utilização de ATP podem ser maiores que as taxas de ressíntese de ATP (Sahlin et al., 1998). PCr. Um outro fosfato de alta energia, a creatina-fosfato -- PCr, desempenha um papel fundamental como auxiliar na reposição de ATP durante a atividade muscular (PCr + ADP <=> Cr + ATP). Os níveis
  • 3. de PCr no músculo podem ser quase totalmente depletados totalmente após o exercício máximo (Bogdanis et al., 1995; Casey et al., 1996), e essa depleção contribui para o rápido declínio na produção de energia observada durante o referido exercício (Sahlin et al., 1998). A recuperação da capacidade de geração de energia após o exercício máximo está intimamente ligado à ressíntese de PCr (Bogdanis et al., 1995). A maior disponibilidade de PCr no músculo é uma possível explicação do melhor desempenho durante os exercícios de alta intensidade como observado algumas vezes após a suplementação dietética de creatina (Casey & Greenhaff, 2000). Os níveis de PCr podem também estar diminuídos em grande parte das fibras musculares no ponto de fadiga durante os exercícios sub-máximos prolongados coincidindo com a depleção de glicogênio muscular, talvez refletindo uma incapacidade de manter uma taxa suficiente de ressíntese de ATP (Sahlin et al., 1998). No entanto, outros estudos não observaram essas alterações em fosfatos de alta energia com exercícios prolongados (Baldwin et al., 2003). Glicogênio muscular. A associação entre a fadiga e as reduções nos depósitos de glicogênio muscular durante exercícios prolongados e extenuantes foi observada de forma consistente por praticamente 40 anos (Hermansen et al., 1967). Estudos anteriores realizados na Escandinávia relatavam a prática de técnica de supersaturação de glicogênio (glycogen loading) que podem melhorar o desempenho dos exercícios de endurance em eventos que duram menos que 90 min (Hawley et al., 1997). A disponibilidade de glicogênio muscular também pode ser importante para a manutenção de exercícios de alta intensidade e intermitentes (Balsom et al., 1999). Apresentou-se a hipótese de a ligação entre a depleção de glicogênio muscular e a fadiga muscular represente uma incapacidade de manter uma taxa suficiente de ressíntese de ATP, secundária à disponibilidade reduzida de piruvato e dos principais intermediários metabólicos (Sahlin et al. 1990). Por outro lado, um outro estudo observou pouca alteração dos níveis musculares de ATP, PCr, ou intermediários metabólicos após o exercício até causar fadiga com diferentes disponibilidades de glicogênio no músculo antes do exercício (Baldwin et al., 2003). Não se pode excluir a possibilidade de que ocorra depleção de glicogênio em pontos principais dentro do músculo, algo impossível de ser determinado em uma amostra de biópsia muscular. Por outro lado, é possível que a depleção de glicogênio cause fadiga por outros mecanismos além do metabolismo energético do músculo comprometido. Por exemplo, observou-se que a depleção de glicogênio muscular pode comprometer o acoplamento contração-excitação (Chin & Allen, 1997; Stephenson et al., 1999). Independentemente do(s) mecanismo(s) subjacente(s), existe uma forte associação entre a depleção de glicogênio muscular e a fadiga durante os exercícios prolongados e extenuantes. Glicemia. Na ausência da suplementação de glicose (por exemplo, por meio de ingestão de carboidratos), os níveis de glicemia declinam progressivamente durante exercícios prolongados, assim como há depleção dos níveis de glicogênio hepático. A disponibilidade reduzida de glicose no sangue está associada às taxas reduzidas de oxidação de carboidratos e fadiga, e o aumento dos níveis de glicose por meio de ingestão de carboidratos aumenta a oxidação desses nutrientes e melhora do desempenho no endurance (Coyle et al., 1983, 1986). Parte disso pode ocorrer devido a uma maior captação de glicose no músculo (McConell et al., 1994) e ao aumento do equilíbrio energético muscular (Spencer et al., 1991), mas não parece estar ligado à atenuação da utilização do glicogênio muscular (Coyle et al., 1986). Como a glicose é o principal substrato para o cérebro, a glicemia baixa (hipoglicemia) também pode reduzir a captação de glicose no cérebro e assim contribuir à fadiga central (Nybo & Secher, 2004). Dessa forma, o benefício ergogênico da ingestão de carboidratos durante os exercícios prolongados extenuantes pode ser decorrente de um melhor balanço energético cerebral e da manutenção do papel do sistema nervoso central (Nybo & Secher, 2004). Estudos recentes também observaram melhoria na função física e mental com a ingestão de carboidratos durante exercícios intermitentes como aqueles que se aplicam em esportes coletivos (Welsh et al., 2002; Winnick et al., 2005). Acúmulo de Derivados Metabólicos A ativação das vias metabólicas que produzem ATP também resulta em aumento dos níveis musculares e plasmáticos de vários derivados metabólicos que contribuem potencialmente para a fadiga durante o exercício. Entre eles estão magnésio (Mg2+), ADP, fosfato inorgânico (Pi), lactato e íon de hidrogênio (H+), amônia (NH3), espécies reativas de oxigênio e calor. Mg2+, ADP, Pi. Durante a quebra rápida da ATP e PCr, há um aumento nos níveis de Mg2+, APD e Pi dentro do músculo esquelético. O aumento de Mg2+ pode inibir a liberação de Ca2+ do retículo sarcoplásmico e comprometer a produção da força, principalmente em combinação com níveis reduzidos de ATP no músculo (Dutka & Lamb, 2004). Concentrações elevadas de ADP no músculo podem reduzir a força e retardar o relaxamento muscular prejudicando os miofilamentos contráteis e a captação de Ca2+ captação no retículo sarcoplasmático (MacDonald & Stephenson, 2004). Um aumento em Pi também reduz a força contrátil e a liberação de Ca2+ daquela estrutura. Esse último efeito parece ser devido à precipitação de fosfato de cálcio dentro do retículo sarcoplasmático (Allen & Westerblad, 2001). Os aumentos de ADP como de Pi também reduzem a liberação de energia durante a quebra de ATP (Sahlin et al., 1998). Lactato, H+. A rápida quebra de glicogênio e glicose no músculo durante o exercício intenso causa um
  • 4. grande aumento na produção do ácido lático. De forma geral, o íon lactato não parece ter qualquer efeito negativo significativo na capacidade de geração de força pelo músculo esquelético, embora existam dados conflitantes na literatura. Uma conseqüência mais importante é o aumento na concentração intramuscular de H+ (pH reduzido e acidose) que está associado a uma alta taxa de quebra de ATP, a produção não- oxidativa de ATP e os movimentos de íons fortes (por exemplo, K+) através da membrana celular do músculo. Há uma ampla crença de que o aumento de H+ pode interferir no acoplamento excitação- contração e na produção de força nos miofilamentos. No entanto, em muitas das preparações de músculos isolados estudados em temperaturas fisiológicas, a acidose não parece exercer efeito negativo significativo. Compatíveis com essas descobertas são as observações de que a força isométrica máxima (Sahlin & Ren, 1989) e a energia dinâmica (Bogdanis et al., 1995) se recuperam com relativa rapidez após exercício intenso, apesar de um pH muscular constantemente baixo. Em contraste, a capacidade de manter a força isométrica e a produção de energia em seres humanos é comprometida pela acidose, sendo que uma possível explicação seria o turnover reduzido de ATP (Sahlin & Ren, 1989). Deve-se notar que no músculo esquelético humano, a acidose pode inibir a quebra de glicogênio (Spriet et al., 1989) e a produção oxidativa de ATP (Jubrias et al., 2003). Além disso, a ingestão de bicarbonato de sódio, um agente alcalinizante, retarda o tempo necessário para o surgimento da fadiga durante os exercícios de alta intensidade após sprints repetidos (Costill et al., 1984), embora seja difícil separar os vários mecanismos que contribuem para a fadiga nessas condições. Observa-se também que uma adaptação fundamental ao treinamento de sprint (Sharp et al., 1986) e ao treinamento de alta–intensidade com intervalos (Weston et al., 1997) reflete-se no aumento na capacidade tampão do músculo esquelético. Amônia (NH3). A Amônia pode ser produzida pelo músculo esquelético como um derivado da quebra de ATP ou de aminoácidos. Durante o exercício, existe um aumento da liberação de NH3 pela contração dos músculos esqueléticos para dentro do sangue e um aumento correspondente nos níveis plasmáticos de NH3. Como a NH3 pode cruzar a barreira hematoencefálica, o aumento de NH3 plasmático aumenta a captação cerebral de NH3, e isso pode influenciar os neurotransmissores cerebrais e causar a fadiga central (Nybo & Secher, 2004). É necessário mais estudos para examinar o papel da NH3 na etiologia da fadiga. No entanto, a ingestão de carboidrato atenua o acúmulo de NH3 plasmático (Snow et al., 2000) e a captação de NH3 no cérebro (Nybo & Secher, 2004) durante exercícios prolongados, e esse é um potencial mecanismo subjacente ao efeito ergogênico da ingestão de carboidratos. Um outro aspecto da fadiga central durante exercícios prolongados envolve as potenciais interações entre o metabolismo dos aminoácidos de cadeia ramificada (BCAA; leucina, isoleucina e valina), a captação de triptofano cerebral e os níveis de serotonina no cérebro. O triptofano é um precursor da serotonina e a captação de triptofano no cérebro está relacionada tanto à concentração de triptofano livre no plasma quanto à razão das concentrações plasmáticas de triptofano livre e BCAA. Durante o exercício, uma queda nos níveis plasmáticos de BCAA e um aumento de triptofano no plasma pode causar um aumento nos níveis de serotonina no cérebro e a fadiga central (Nybo & Secher, 2004). Sugeriu-se a ingestão de BCAA como uma estratégia para manter os níveis de BCAA no plasma e a reduzir a captação de triptofano no cérebro, mas isso não parece ser eficaz (Van Hall et al., 1995). Uma estratégia melhor é a ingestão carboidratos, que prejudica o aumento de ácidos graxos livres no plasma induzido pelos exercícios. Como os ácidos graxos livres e o triptofano competem pelos pontos de ligação da albumina no plasma, o nível reduzido de ácidos graxos livres durante o exercício com a ingestão de carboidratos atenua o aumento da razão entre triptofano livre e BCAA (Davis et al., 1992). Espécies reativas de oxigênio. Durante o exercício, espécies reativas de oxigênio como peróxido de hidrogênio e ânions superóxidos podem ser produzidos pelo metabolismo oxidativo e outras reações celulares (Reid, 2001). Em níveis baixos, Esses metabólitos podem desempenhar um papel importante na regulação da função dos músculos esqueléticos, mas seu acúmulo em níveis mais altos está associado à fadiga (Barclay & Hansel, 1991; Moopanar & Allen, 2005). Há vários antioxidantes enzimáticos (dismutase superóxido, catalase, glutiona peroxidase) dentro do músculo esquelético que degradam as espécies reativas de oxigênio e há antioxidantes não-enzimáticos como a glutationa reduzida, ?-caroteno e vitaminas E e C que podem neutralizar as espécies reativas de oxigênio (Reid, 2001). A administração do composto N-acetilcisteína pode aumentar os antioxidantes não-enzimáticos no músculo esquelético. Esse efeito está associado à redução da fadiga durante a estimulação muscular (Reid et al., 1994) e ao aumento do desempenho de endurance no ciclismo em indivíduos treinados (Medved et al., 2004). Estudos com a suplementação de vitaminas E e C são contraditórias, mas os níveis de antioxidantes enzimáticos endógenos aumentam com o treinamento. Calor. Somente 20% do consumo de oxigênio durante o exercício é convertido em trabalho mecânico, enquanto aproximadamente 80% resulta em calor, o principal derivado metabólico de exercícios extenuantes. Apesar de a maior parte desse calor ser dissipado, em exercício de alta intensidade e quando a temperatura e/ou umidade ambientais encontram-se aumentadas, pode haver um aumento significativo da temperatura central do corpo (hipertermia) que pode causar a fadiga e, em casos extremos, a morte. A hipertermia pode comprometer tanto os processos centrais quanto os periféricos envolvidos na produção de força muscular e da energia (Nybo & Secher, 2004; Todd et al., 2005) e comprometer o desempenho de exercícios de sprint (Drust et al., 2005) e de endurance (Gonzalez-Alonso et al., 1999). As estratégias para minimizar o impacto negativo da temperatura central e muscular elevada no desempenho de
  • 5. exercícios incluem a aclimatização ao calor, o pré-resfriamento (Gonzalez-Alonso et al., 1999) e a ingestão de líquidos (Hamilton et al., 1991). RESUMO A produção aumentada de ATP por meio das vias metabólicas oxidativa e não-oxidativa no músculos esquelético é essencial para manutenção da força e energia durante o exercício. No entanto, a depleção de substrato e o acúmulo de derivados metabólicos são as potenciais causas de fadiga. A disponibilidade reduzida de PCr pode limitar a produção de energia durante os exercícios de sprint, enquanto a depleção de carboidratos é a principal limitação ao desempenho no endurance. Durante o sprint, quantias aumentadas de Pi e H+ podem contribuir para a fadiga e durante os exercícios prolongados extenuantes, o acúmulo de NH3, espécies reativas de oxigênio e calor podem limitar o desempenho. Programas de treinamento adequados e intervenções nutricionais são possíveis estratégias para aumentar a resistência à fadiga e melhorar o desempenho nos exercícios. REFERÊNCIAS Allen, D.G., and H. Westerblad (2001). Role of phosphate and calcium stores in muscle fatigue. J. Physiol. 536: 657-665. Baldwin, J., R.J. Snow, M.J. Gibala, A. Garnham, K. Howarth, and M.A. Febbraio (2003). Glycogen availability does not affect the TCA cycle or TAN pools during prolonged, fatiguing exercise. J. Appl. Physiol. 94: 2181-2187. Balsom, P.D., G.C. Gaitanos, K. Söderlund, and B. Ekblom (1999). High-intensity exercise and muscle glycogen availability in humans. Acta Physiol. Scand. 165: 337-345. Barclay, J.K., and M. Hansel (1991). Free radicals may contribute to oxidative skeletal muscle fatigue. Can. J. Physiol. Pharmacol. 69: 279-284. Bogdanis, G.C., M.E. Nevill, L.H. Boobis, H.K.A. Lakomy, and A.M. Nevill (1995). 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  • 6. Medved, I., M.J. Brown, A.R. Bjorksten, K.T. Murphy, A.C. Petersen, S. Sostoric, X. Gong, and M.J. McKenna (2004). N-acetylcysteine enhances muscle cysteine and glutathione availability and attenuates fatigue during prolonged exercise in endurance-trained individuals. J. Appl. Physiol. 97: 1477-1485. Moopanar, T.R., and D.G. Allen (2005). Reactive oxygen species reduce myofi brillar Ca2+ sensitivity in fatiguing mouse skeletal muscle at 37ºC. J. Physiol. 564: 189-199. Nybo, L., and N.H. Secher (2004). Cerebral perturbations provoked by prolonged exercise. Prog. Neurobiology. 72: 223- 261. Reid, M.B. (2001). Redox modulation of skeletal muscle contraction: what we know and what we don't. J. Appl. Physiol. 90: 724-731. Reid, M.B., D.S. Stokic, S.M. Koch, F.A. Khawli, and A.A. Leis (1994). N-acetylcysteine inhibits muscle fatigue in humans. J. Clin. Invest. 94: 2468-2474. Sahlin, K., A. Katz, and S. Broberg (1990). Tricarboxylic acid cycle intermediates in human muscle during prolonged exercise. Am. J. Physiol. 259: C834-C841. Sahlin, K., and J-M. Ren (1989). Relationship of contraction capacity to metabolic changes during recovery from a fatiguing contraction. J. Appl. Physiol. 67: 648-654. Sahlin, K., M. Tonkonogi, and K. Söderlund (1998). Energy supply and muscle fatigue in humans. Acta Physiol. Scand. 162: 261-266. Sharp, R.L., D.L. Costill, W.J. Fink, and D.S. King (1986). Effects of eight weeks of bicycle ergometer sprint training on human muscle buffer capacity. Int. J. Sports Med. 7:13-17. Snow, R.J., M.F. Carey, C.G. Stathis, M.A. Febbraio, and M. Hargreaves (2000). Effect of carbohydrate ingestion on ammonia metabolism during exercise in humans. J. Appl. Physiol. 88: 1576-1580. Spencer, M.K., Z. Yan, and A. Katz (1991). Carbohydrate supplementation attenuates IMP accumulation in human muscle during prolonged exercise. Am. J. Physiol. 261: C71-C76. Spriet, L.L., M.I. Lindinger, R.S. McKelvie, G.J.F. Heigenhauser, and N.L. Jones (1989). Muscle glycogenolysis and H+ concentration during maximal intermittent cycling. J. Appl. Physiol. 66: 8-13. Stephenson, D.G., L.T. Nguyen, and G.M. Stephenson (1999). Glycogen content and excitation- contraction coupling in mechanically skinned muscle fi bres of the cane toad. J. Physiol. 519: 177-187. Todd, G., J.E. Butler, J.L. Taylor, and S.C. Gandevia (2005). Hyperthermia: a failure of the motor cortex and the muscle. J. Physiol. 563: 621-631. Van Hall, G., J.S. Raaymakers, W.H.M. Saris, and A.J.M. Wagenmakers (1995). Ingestion of branched- chain amino acids and tryptophan during sustained exercise in man: failure to affect performance. J. Physiol. 486: 789-794. Welsh, R.S., J.M. Davis, J.R. Burke, and H.G. Williams (2002). Carbohydrates and physical/mental performance during intermittent exercise to fatigue. Med. Sci. Sports Exerc. 34: 723- 731. Weston, A.R., K.H. Myburgh, F.H. Lindsay, S.C. Dennis, T.D. Noakes, and J.A. Hawley 1997). Skeletal muscle buffering capacity and endurance performance after high-intensity interval training by well- trained cyclists. Eur. J. Appl. Physiol. 75:7-13. Winnick, J.J., J.M. Davis, R.S. Welsh, M.D. Carmichael, E.A. Murphy, and J.A. Blackmon (2005). Carbohydrate feedings during team sport exercise preserve physical and CNS function. Med. Sci. Sports Exerc. 37: 306-315. SUPLEMENTO CONTROLANDO A FADIGA NOS ESPORTES A fadiga é um processo multifatorial. A depleção de fontes energéticas, incluindo a adenosina trifosfato (ATP), a creatinafosfato (PCr), além de carboidratos (CHO) como o glicogênio muscular e a glicose do sangue, pode contribuir para a fadiga. A fadiga também pode ser causada pelo acúmulo de derivados metabólicos, incluindo o fosfato inorgânico (Pi), íons de hidrogênio (H+), principalmente ácido lático, amônia (NH3), peróxido de hidrogênio e outras espécies reativas de oxigênio (ROS) e calor. A tabela S1 resume os potenciais fatores metabólicos na fadiga durante alguns eventos esportivos. Estratégias para aumentar a resistência à fadiga Treinamento. Talvez a melhor estratégia para aumentar a resistência à fadiga seja participar de treinamentos específicos para cada esporte que promovam adaptações que melhoram o desempenho. Essas adaptações a vários tipos de treinamento incluem, entre outros, o aumento da massa muscular e da capacidade tampão do músculo e maior depósito de fontes de energia nos músculos, o aumento da síntese de proteínas que transportam compostos energéticos pelas membranas celulares, aumento da capacidade da mitocôndria nos músculos para produzir energia de forma oxidativa e maior capacidade de utilizar carboidratos em exercícios de alta intensidade, e maior capacidade de oxidação de gordura com uma redução concomitante na utilização de carboidratos na mesma produção de energia. Nutrição. As estratégias nutricionais também são eficazes para melhorar o desempenho nos exercícios. O consumo de refeições ricas em carboidratos para carregar os músculos com glicogênio melhora o
  • 7. desempenho nos eventos de endurance que duram mais de aproximadamente 90 minutos. A ingestão de carboidratos durante os exercícios também melhorar o desempenho por agir tanto no cérebro quanto nos músculos para manter a função física e mental. Outras práticas nutricionais que também podem modificar os fatores metabólicos associados com a fadiga incluem suplementação dietética de creatina, ingestão de bicarbonato e suplementação de anti-oxidantes. No entanto, a literatura de pesquisas é menos conclusiva sobre essas intervenções, pelo menos no que se refere à suplementação de carboidratos. As estratégias para minimizar o desenvolvimento de hipertermia durante exercícios extenuantes no calor e, consequentemente, melhorar o desempenho, incluem a aclimatação, o resfriamento pré-exercício e a ingestão adequada de líquidos durante o exercício. OUTRAS REFERÊNCIAS SUGERIDAS Hawley, J.A., E.J. Schabort, T.D. Noakes, and S.C. Dennis (1997). Carbohydrate-loading and exercise performance. Sports Med. 24: 73-81. Kubukeli, Z.N., T.D. Noakes, and S.C. Dennis (2002). Training techniques to improve endurance exercise performance. Sports Med. 32: 489-509.