1. ENCONTRO SERTANEJO DOS ESTUDANTES DE ADMINISTRAÇÃO
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Gestão Ambiental: Uma Análise Do Posicionamento E Dos Princípios Ambientais De
uma Padaria Situada Na Cidade De Guadalupe-PI
Marina Bezerra da Silva1
ÁREA TEMÁTICA: SUSTENTABILIDADE
RESUMO
A Gestão Ambiental tem se intensificado nos últimos períodos pelas diversas empresas e
ramos de atividade. A panificação, porém, é uma atividade que em geral se encontra atrasada
em relação à esta nova concepção. Esta pesquisa se caracteriza como bibliográfica e como um
estudo de caso, onde se analisam pensamentos referentes à temática e se estuda uma Padaria
de acordo com o Quadro de North (1992) e os Princípios de Gestão Ambiental, da CCI
(1990). A empresa apresenta, de acordo com o Quadro de North, uma postura intermediária,
de acordo com a escala de 1 a 5, não sendo totalmente amigável nem extremamente agressiva.
De acordo com os Princípios da CCI, ainda está atrasada, tendo muito que melhorar em
relação às ações ecologicamente corretas que devem ser adotadas. A pressão popular e
governamental se faz necessária, através de uma mudança na conscientização, e ainda no
incentivo em relação aos recursos ecologicamente corretos, tanto para a atividade de padaria,
quanto para outros ramos empresariais, que também ainda se encontram em atraso.
PALAVRAS-CHAVE: GESTÃO AMBIENTAL. QUADRO DE NORTH. PRINCÍPIO
DE GESTÃO AMBIENTAL.
ABSTRACT
Environmental management hasintensified in recent times
bythevariouscompaniesandindustries. The bakery, however, is an activity that is generally
lagging behind this new design. This research is characterized as literature and as a case
study, which analyzes thoughts regarding the issue and is considering a Bakery in accordance
with the Framework for North (1992) and the Principles of Environmental Management, the
ICC (1990). The company has, according to Table North an intermediate position, according
to a scale of 1 to 5, being extremely aggressive or totally friendly. According to the principles
of the ICC, is still lagging behind, with major improvements in relation to environmentally
friendly actions that must be taken. Public pressure and government is necessary, through a
shift in consciousness, and yet the incentive for environmentally friendly resources for both
the bakery activity, and for other business branches, which also still in arrears.
KEY-WORDS: ENVIRONMENTAL MANAGEMENT. NORTH TABLE. PRINCIPLE
OF ENVIRONMENTAL MANAGEMENT.
1. INTRODUÇÃO
1
Discente de graduação do curso bacharelado em administração de empresas da ufpi/cafs
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A humanidade tem se desenvolvido economicamente com atividades que
provocam danos ambientais cada vez maiores. Isto tem feito com que novas correntes de
pensamento e grupos de pressão acerca do assunto tenham aparecido nas últimas décadas a
fim de amenizar as problemáticas ambientalistas.
Conceitos como desenvolvimento sustentável e responsabilidade social
apareceram para conscientizar a população e as organizações de que é necessário estar alerta
aos futuros grandes impactos que podem se desenvolver. É necessária a consciência de que é
possível concomitantemente ter-se a indústria, os serviços, e até mesmo a extração,em
formatos saudáveis ao ambiente e, assim, responsabilizar-se pelo consumo ecologicamente
correto dos recursos que se empregam nessas atividades.
As panificadoras, de modo geral, são vistas de forma negativa em relação à causa
ambiental, pois quase sempre utilizam processos poluentes e desperdiçam muitos materiais na
sua área produtiva e de vendas. Apesar disso, com a adoção de algumas atitudes nessas
organizações, é possível que se tenha a lucratividade e o beneficiamento da causa
ambientalista.
Assim, o presente trabalho tem como objetivo geral analisar um empresa do ramo
de panificação, situada em Guadalupe, Piauí, a fim de observar os seus processos de gestão,
de produção e de vendas, detectando as particularidades dos processos que interferem positiva
e negativamente na causa ambiental.
Tem ainda como objetivos específicos a classificação da mesma como amigável
ou agressiva, de acordo com o quadro de Posicionamento de Empresas em relação à questão
ambiental, de North (1992);explicar a origem, desenvolvimento e situação atual da empresa
em relação às suas estruturas e à causa ambiental; e analisar a empresa em relação aos
Princípios de gestão ambiental, da Câmara de Comércio Internacional (1990).
A seguir será feita uma revisão acerca dos assuntos aqui tratados, como gestão
ambiental, sustentabilidade, o Quadro de North (1992) e os Princípios de Gestão Ambiental
da CCI (1990), e a história da Padaria. Posteriormente, será feito um estudo de caso nesta
empresa, em relação às variáveis do Quadro de North e os princípios supracitados.
2. GESTÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
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O papel das organizações temse expandido para uma maior abrangência e
valorização das questões de caráter social e político (Donaire, 2009). É assim que vem sendo
introduzida nas empresas a questão ecológica, através da qual o ambiente passa a ser tratado
de um modo mais correto e menos prejudicial que antes.
As funções administrativas, como planejamento, organização, controle e direção,
são visualizadas em um novo prisma, onde a sustentabilidade e a gestão ambiental são levadas
em consideração a cada atividade realizada. Barbieri (2007) afirma que Gestão Ambiental é o
conjunto das diretrizes e atividades administrativas e operacionais realizadas com o objetivo
de obter efeitos positivos sobre o meio ambiente, quer reduzindo ou eliminando os danos ou
problemas causados pelas ações humanas, quer evitando que eles surjam.
Donaire (2009), dessa, forma, afirma que as organizações interessadas em
equacionar seu envolvimento com a questão ambiental necessitam incorporar em seu
planejamento estratégico um adequado programa de gestão ambiental que possa
compatibilizar os objetivos organizacionais com os demais objetivos da organização.
A Sustentabilidade aparece também como um termo que vem a reforçar o
planejamento e a execução ecologicamente corretos das atividades organizacionaisDe acordo
com Azevedo (2012), é a gestão capaz de suprir as necessidades de uma sociedade, sem
comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações.
Floriano (2007), num mesmo sentido, afirma que sustentabilidade se trata da
garantia de que os recursos naturais se mantenham com a qualidade e quantidade dos níveis
originais ao longo do tempo epermita que as futuras gerações encontrem as mesmas
condiçõespara sua sobrevivência que a atual.
Surgem, dessa forma, vários métodose artifícios para se diagnosticarem e
analisarem as políticas e ações de gestão ambiental das empresas, verificando seu
posicionamento e alinhamento em relação à causa. Dentre eles estão o Quadro de North
(1992) e os Princípios De Gestão Ambiental, elaborados pela CCI (1992).
2.1.1. QUADRO DE NORTH (1992)
O Quadro de North, de 1992, faz uma análise relativa ao posicionamento da
empresa em relação à questão ambiental, em vários aspectos da atividade operacional e
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administrativa da mesma, classificando-a com amigável ou agressiva, numa escala de 1(um) a
5 (cinco).
Donaire (2009) diz que o Quadro de North serve para se avaliar o perfil da
organização segundo as variáveis que o mesmo considera, indicando-se para cada um destes
quesitos colocados, se a empresa apresenta características amigáveis ou agressivas ao meio
ambiente.
De acordo com Zapparoliet al (2009), na extremidade direita do quadro de análise
encontram-se empresas que possuem baixa poluição, denominadas por “empresas amigas” e
cujo posicionamento pode ser caracterizado como pró-ativo, visto que elas desenvolvem
políticas voltadas para a preservação do meio ambiente. Já na outra extremidade está o
posicionamento das empresas que são mais avessas à causa ambiental e consequentemente,
mais reativas em relação às pressões populares. Elas contam com uma alta poluição nos seus
processos de produção como também dão pouca ou nenhuma ênfase à questão ambiental em
sua política interna, denominadas por “empresas agressivas”.
Dentre as variáveis analisadas estão: Ramo de atividade da empresa; produtos;
processo; conscientização ambiental; padrões ambientais; comprometimento gerencial; nível
de capacidade do pessoal; capacidade da área de P&D; e capital.
2.1.2. PRINCÍPIOS DE GESTÃO AMBIENTAL, DA CCI (1992)
São Princípios criados pela Câmara de Comércio Internacional (CCI),
reconhecendo que a proteção ambiental se inclui entre as principais prioridades a serem
buscadas por qualquer negócio (Donaire, 2009).
Para Filho (2000), eles possuem uma abordagem sistêmica da questão ambiental
na empresa, partindo dessa estrutura o conceito de Sistema de Gestão Ambiental (SGA), onde
a atividade ambiental está vinculada a todas as atividades da empresa.
Pronvinciali e Saraiva (2010) afirmam que o objetivo da CCI foi obter o
comprometimento das empresas com a melhoria do desempenho ambiental, o que eleva seu
potencial competitivo. Estes princípios permitem avaliar o compromisso da empresa em
relação ao ambiente. Os mesmos estão descritos no Quadro 1.
Quadro 1 – Princípios de Gestão Ambiental, da CCI (1990)
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PRINCÍPIOS DE GESTÃO AMBIENTAL – CCI (1990)
Prioridade
Organizacional
- Reconhecer que a questão ambiental está entre as principais prioridades da
empresa e que ela é uma questão-chave para o Desenvolvimento Sustentado.
- Estabelecer políticas, programas e práticas no desenvolvimento das operações que
sejam adequadas ao meio ambiente.
Gestão
Integrada
- Integrar as políticas, programas e práticas ambientais intensamente em todos os
negócios como elementos indispensáveis de administração em todas suas funções.
Processo
de Melhoria
- Continuar melhorando as políticas corporativas, os programas e a performance
ambiental, tanto no mercado interno quanto externo, levando em conta o
desenvolvimento tecnológico, o conhecimento científico, as necessidades dos
consumidores e os anseios da comunidade, tendo como ponto de partida as
regulamentações ambientais.
Educação
do Pessoal
- Educar, treinar e motivar o pessoal, no sentido de que possam desempenhar suas
tarefas de forma responsável em relação ao ambiente.
Prioridade
de Enfoque
- Considerar as repercussões ambientais antes de iniciar nova atividade ou projeto e
antes de construir novos equipamentos e instalações adicionais ou de abandonar
alguma unidade produtiva.
Produtos
E Serviços
- Desenvolver e fabricar produtos e serviços que não sejam agressivos ao ambiente
e que sejam seguros em sua utilização e consumo, que sejam eficientes no consumo
de energia e de recursos naturais e que possam ser reciclados, reutilizados ou
armazenados de forma segura.
Orientação ao
Consumidor
- Orientar e, se necessário, educar consumidores, distribuidores e o público em
geral sobre o correto e seguro uso, transporte, armazenagem e descarte dos produtos
produzidos.
Equipamentos e
Operacionalização
- Desenvolver, desenhar e operar máquinas e equipamentos levando em conta o
eficiente uso de água, energia e matérias-primas, o uso sustentável dos recursos
renováveis, a minimização dos impactos negativos ao ambiente e a geração de
poluição e o uso responsável e seguro dos resíduos existentes.
Pesquisa - Conduzir ou apoiar projetos de pesquisas que estudem os impactos ambientais das
matérias-primas, produtos, processos, emissões e resíduos associados ao processo
produtivo da empresa, visando à minimização de seus efeitos.
Enfoque
Preventivo
- Modificar a manufatura e o uso de produtos ou serviços e mesmo os processos
produtivos, de forma consistente com os mais modernos conhecimentos técnicos e
científicos, no sentido de prevenir as sérias e irreversíveis degradações do meio
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ambiente.
Fornecedores e
Subcontratados
- Promover a adoção dos princípios ambientais da empresa junto dos
subcontratados e fornecedores encorajando e assegurando, sempre que possível,
melhoramentos em suas atividades, de modo que elas sejam uma extensão das
normas utilizadas pela empresa.
Planos de
emergência
- Desenvolver e manter, nas áreas de risco potencial, planos de emergência
idealizados em conjunto entre os setores da empresa envolvidos, os órgãos
governamentais e a comunidade local, reconhecendo a repercussão de eventuais
acidentes.
Transferência de
Tecnologia
- Contribuir na disseminação e transferência das tecnologias e métodos de gestão
que sejam amigáveis ao meio ambiente junto aos setores privado e público.
Contribuição ao
Esforço Comum
- Contribuir no desenvolvimento de políticas públicas e privadas, de programas
governamentais e inciativas educacionais que visem à preservação do meio
ambiente.
Transparência de
Atitude
- Propiciar transparência e diálogo com a comunidade interna e externa,
antecipando e respondendo a suas preocupações em relação aos riscos potenciais e
impacto das operações, produtos e resíduos.
Atendimento e
Divulgação
- Medir a performanceambiental. Conduzir auditorias ambientais regulares e
averiguar se os padrões da empresa cumprem os valores estabelecidos na
legislação. Prover periodicamente informações apropriadas para a Alta
Administração, acionistas, empregados, autoridades e o público em geral.
Fonte: CCI (1990, apud Donaire, 2009)
3. HISTÓRICO DA PADARIA
A atividade empresarial da Padaria iniciou-se em 2004, com poucos funcionários,
e adotando maquinário antigo, que produzia alto consumo de energia. Havia muitas perdas em
suas matérias-primas.
Em 2007, a empresa se mudou para sua nova sede, já com novas máquinas, mais
econômicas que as passadas e com um novo gerente (com nível superior incompleto) que até
hoje administra a empresa e seus 15 funcionários.
Atualmente, produz em média 2000 pães, 100 bolos e 200 salgados, diariamente.
Assim, para manter essa média ainda há muito consumo de energia (no entanto, menor que na
antiga padaria) e muita produção de lixo, porém reutilizam e reciclam o que é possível.
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Quanto à produção, hoje possuem medidas fixas para quase todos os materiais utilizados.
No organograma da empresa, figura 1, percebe-se que não há um setor específico
para o tratamento da causa ambiental. Porém, é no nível gerencial que se situam os principais
incentivos que a empresa tem em relação à adoção do uso racional e eficiente de materiais e
energia.
Os demais níveis são compostos por pessoas de menor nível de escolaridade, que,
em geral, ainda não se alertaram para a causa ambiental e de suas responsabilidades frente ao
problema.
Figura 1 – Organograma da Padaria,situada na Cidade de Guadalupe-Pi
Fonte: Autora (2013)
A empresa possui lixeiro próprio para o despejo de seus resíduos não
reutilizados, que fica próximo à Padaria. Possui ainda lixeiros pela área interna. Isto significa
que tenta implantar a educação ambiental entre seus clientes.
4. METODOLOGIA DA PESQUISA
.
4.1. NATUREZA, TIPOLOGIA E AMPLITUDE DA PESQUISA
A presente pesquisa se caracteriza como bibliográfica, visto que faz um
levantamento teórico acerca dos assuntos aqui tratados. Configura-se, ainda, como um estudo
de caso, pois faz a análise da Padaria, avaliando sua postura em relação à causa ecológica e
ambiental, por meio de suas práticas de gestão e de ação operacional.
Possui uma natureza qualitativa e quantitativa. É quantitativa, visto que para a
Gerente
Padeiro Confeiteiro Balconistas
Sub-gerente
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aplicação do Quadro de North sobre a empresa, é necessário em cada variável fazer a
classificação da empresa numa escala que varia de 1 (mais amigável) a 5 (mais agressiva). É
qualitativa visto que apresenta uma análise qualitativa da Padaria em relação a cada uma das
variáveis do Quadro de North, e também dos Princípios de Gestão Ambiental da CCI.
A tipologia da pesquisa é de caráter exploratório e descritivo. É exploratório, visto
que a pesquisa se baseia num referencial teórico, que dá embasamento às análises realizadas.
É, ainda, descritivo visto que faz uma análise onde mostra a situação da Padaria objeto deste
estudo de caso.
4.2. COLETA DE DADOS
Realizou-se ainda entrevista semiestruturada com o gerente e com o padeiro, para
verificação das concepções gerais acerca do processo adotado e do ambiente.
Foi relatado um breve histórico da empresa com suas respectivas melhorias e
impactos, e traçado o organograma da empresa, para que se veja em que posição estáo atual
pensamento relativo à responsabilidade social e ao desenvolvimento sustentável na empresa
analisada.
Verificaram-se, ainda, as condições das instalações físicas da empresa,
observando a adequação ou não com as necessidades ambientalistas.
4.3. TRATAMENTO DOS DADOS
O tratamento dos dados coletados na Padaria foi realizado com embasamento e
aplicação dos mesmos no Quadro de North (1992) e na análise referente aos Princípios de
Gestão Ambiental, CCI (1990). Nos dois modelos de análise, foram observados seus
processos de produção e de vendas, verificando quais as atividades que influenciam positiva e
negativamente nas causas ambientais.
Os dados resultantes da aplicação das variáveis do Quadro de North na Padaria se
encontram no Quadro 2.
Quadro 2 – Posicionamento da empresa do ramo depanificação em relação à questão
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ambiental
Empresas agressivas
Alta poluição
Classificação Empresas agressivas
Baixa poluição1 2 3 4 5
Variáveis Analisadas
1. Ramo de atividade X
2. Produtos
MP não renováveis X MP renováveis
Não há reciclagem X Reciclagem
Não há aproveitamento de resíduos X Reaproveitamento de resíduos
Poluidores X Não poluidores
Alto consumo de energia X Baixo consumo de energia
3. Processo
Poluente X Não poluentes
Resíduos perigosos X Poucos resíduos
Alto consumo de energia X Baixo consumo de energia
Ineficiente uso dos recursos X Eficiente uso dos recursos
Insalubre aos trabalhadores X Não afeta trabalhadores
4. Consciência ambiental
Consumidores não conscientes X Consumidores conscientes
5. Padrões ambientais
Baixos padrões X Altos padrões
Não obediência das restrições X Obediência às restrições
6. Comprometimento gerencial
Não comprometido X Comprometido
7. Nível de capacidade do pessoal
Baixo X Alto
Acostumado velhas tecnologias X Voltado para novas tecnologias
8. Capacidade de P&D
Baixa criatividade X Alta criatividade
Longos ciclos de desenvolvimento X Curtos ciclos de desenvolvimento
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9. Capital
Ausência de capital X Existência de capital
Pouca possibilidade de empréstimos X Alta possibilidade de empréstimos
Fonte: Quadro de North (1992, apud Donaire, 2009), modificado pela autora (2013) na aplicação à empresa
analisada.
5. RESULTADOS E ANÁLISE DOS DADOS
5.1. QUADRO DE NORTH (1992) – POSICIONAMENTO DA EMPRESA EM
RELAÇÃO À QUESTÃO AMBIENTAL
De acordo com todos os dados coletados e observação realizada foi feita a
classificação através da escala de 1 a 5 das variáveis do Quadro de North. Cada classificação
em relação às variáveis é explicada a seguir:
1- O ramo de atividade, a panificação, é um processo que em geral produz vários
resíduos prejudiciais ao ambiente, como óleo de cozinha saturado, fumaça, plásticos de
embalagens. Nesse caso, a padaria pesquisada adota algumas ações que minimizam as
consequências negativas desses insumos, fazendo com que o seu ramo não seja o mais
agressivo possível, ficando classificado com índice 2.
2- As variáveis de análise do produto ficaram distribuídas na zona intermediária,
com predominância do índice 4. Em geral utilizam matérias-primas não renováveis, como
trigo e óleo de cozinha. Porém,gastam pouquíssima energia, com exceção de alguns produtos
que exigem baixa temperatura para conservação. A empresa sempre aproveita bem os
resíduos obtidos dos produtos, fazendo sabão do óleo utilizado; adubo, das cinzas
geradas;ração para animais, do pão vencido de acordo com o prazo de validade; torradas,
farinha de rosca e manuê (uma espécie de bolo) para a revenda também são feitos a partir dos
pães fora do prazo. Ainda é destacável a reciclagem que fazem conseguindo aproveitar
algumas embalagens e as utilizando para a revenda.
3- O processo se posiciona nos índices 2 e 4. É poluidor visto que produz muita
fumaça que não é filtrada, e que dele é gerado muito lixo; gasta muita energia, tanto elétrica
(em média de R$ 1200,00 mensais) quanto energia proveniente da queima da lenha para assar
os pães e demais produções, e havendo, ainda, insalubridade, com muita exposição a altas
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temperaturas e muito ruído produzido pelas máquinas utilizadas. Não se produz muitos
resíduos perigosos (somente as cinzas que ainda são reaproveitas) e há eficiente
aproveitamento dos materiais utilizados.
4- Quanto aos consumidores deixam a desejar no quesito consciência ambiental,
visto que a maioria dos consumidores que compram o produto o levando para casa ainda é
dependente da sacola plástica e que a maioria dos que consomem no próprio ambiente ainda
não tem o cuidado de depositar o lixo nos locais corretos, o deixando no chão ou sobre a
própria mesa onde comem. Assim, foi atribuído o índice 2 a este quesito.
5- Em relação aos padrões ambientais adotados pela panificadora, estes ficaram
com índice 2, visto que há baixos padrões, até mesmo devido às pouquíssimas pressões que a
população municipal exerce. Não há ainda obediência às restrições ambientais no caso da
chaminé, que não utiliza filtros contra os efeitos da fumaça.
6- O comprometimento gerencial ficou em nível 3, intermediário. A gerência tem
buscado a redução do uso dos produtos descartáveis, evitado o desperdício dos materiais
utilizados e ainda a redução do consumo de energia elétrica.
7- Quanto ao pessoal responsável pela produção, limpeza e vendas, ainda há baixa
consciência ambiental. São pessoas que ainda acreditam que não há como evitar o
desperdício, acostumadas a tecnologias intermediárias em termo de inovação.
8- Em relação à pesquisa e desenvolvimento, foi atribuído índice 1. A empresa
não emprega esforços em modificar os processos a fim da redução do uso dos materiais e de
novas formas e meios mais econômicos na sua produção. Somente uma vez mudou o
procedimento de produção do pão, utilizando menos trigo e mais farinha de rosca
(reaproveitada), porém esse procedimento reduziu a qualidade do pão produzido, e a
panificadora decidiu não mais adotar esse método.
9- Quanto ao capital, foi identificada uma posse intermediária de capital, que, no
entanto a empresa não demonstra interesse de investir em tecnologias mais limpas ou
ecológicas de produção. Há, ainda, pouca possibilidade de empréstimo para a aquisição dessas
tecnologias, visto que elas estão presentes em sistemas ainda caros, o que dificultaria o
retorno econômico do investimento.
Deste modo, de acordo com essa análise inicial, proposta por North, a Padaria se
situa numa posição intermediária, pois não é altamente agressiva, mas também não adota uma
postura totalmente amigável. Tem algumas ações ecologicamente corretas, mas ainda adota
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alguns procedimentos agressivos ao meio ambiente, e que podem ser melhorado futuramente,
como por exemplo, o uso de tecnologias mais limpas para a produção do pão.
Estas mudanças dependem das ações gerenciais, relativas ao processo, pesquisa e
desenvolvimento, treinamento do pessoal em relação às ações ambientalmente corretas, entre
outros, mas também dependem de incentivos legais e econômicos, que podem existir por parte
do governo, através do incentivo ao acesso a essas tecnologias mais limpas, e assim, mais
amigáveis em relação ao ambiente.
5.2. PRINCÍPIOS DE GESTÃO AMBIENTAL DA CCI (1992)
De acordo com as temáticas dos Princípios de Gestão Ambiental da CCI, a
Padaria se encontra estruturada da seguinte forma:
a) Prioridade organizacional:
A prioridade da empresa é a lucratividade, independentemente dos desgastes
ambientais que deve realizar para atingir seu objetivo. Porém tem realizado algumas ações
que a ajudam em sentido econômico e ambiental, como a redução dos desperdícios, a redução
do consumo de energia, entre outras.
b) Gestão integrada:
A gerência tenta conscientizar seus funcionários da importância de minimizar ao
máximo possível o uso dos recursos. Porém tem percebido que é muito difícil, devido a
aspectos culturais imbuídos em suas concepções.
c) Processo de melhoria:
Em exceção dos sacrifícios pela reciclagem de embalagens e reaproveitamento de
resíduos, a panificadora não tem uma política voltada para a causa ambiental. Porém, tem
possibilidades de melhorar ambientalmente em alguns aspectos. Uma das medidas mais fáceis
hoje seria a redução do fornecimento de sacos plásticos (atualmente, 300 por dia) através de
uma estratégia de conscientização dos consumidores.
d) Educação do pessoal:
Apesar de tentar a conscientização dos funcionários, não emprega esforços
maiores nesse sentido, como por exemplo, o investimento em treinamentos voltados para a
defesa da conscientização em relação à ambiental.
e) Prioridade de enfoque:
Como seu enfoque é na produção lucrativa de pães e demais produtos
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alimentícios, não havendo uma assídua concorrência, ainda não há a tendência a modificações
constantes nas atividades desempenhadas nem em novas instalações. Mas como há uma
prioridade econômica no negócio, é possível que, caso necessário, as repercussões ambientais
sejam ignoradas para consecução de seus objetivos.
f) Produtos e serviços:
Os produtos da empresa, de forma geral, não são agressivos ao meio ambiente,
porém o processo adotado ainda é prejudicial. A poluição do ar, devido a fumaça, e a
produção de lixo, por exemplo, são resultados dos métodos adotados. Não há ainda, na
panificadora, um interesse pelo estudo de novos produtos mais adequados à causa
ambientalista.
g) Orientação ao consumidor:
A empresa não procura o incentivo, nem a modificação de consciência de seu
consumidor.
h) Equipamentos e operacionalização:
A empresa utiliza na produção em média três máquinas que consomem mais
energia elétrica, que são a amassadeira e o cilindro trifásicos, e a modeladora monofásica. Há
ainda vários freezers. Tem-se um alto consumo de energia elétrica, em média de 3000
kWh/mensais. Utilizam dois fornos, um turbo lenha, que consome pouca lenha e assa 200
pães por carregamento; e um forno a lenha, que utiliza quase o dobro de lenha e assa 300 pães
por carregamento. Assim, o primeiro seria mais econômico em sentido de consumo e desgaste
ambiental, mas a empresa utiliza com maior frequência o segundo forno.Os dois dão escape à
fumaça produzida através de uma chaminé que não possui filtros. Em relação ao uso
sustentável dos recursos, procura não perder muito, através de um uso racional e eficiente,
reaproveitando o máximo que pode e reciclando o que é de possível venda ou reutilização.
i) Pesquisa:
Não há a realização de pesquisas que inovem o processo produtivo da empresa.
j) Enfoque preventivo:
Com exceção das ações concordantes com a causa ambiental que a gerencia tenta
implantar na panificadora, não há interesse numa mudança de metodologia de processo
produtivo em função do maio ambiente.
k) Fornecedores e subcontratados:
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Nenhum fornecedor busca a mudança de mentalidade em função do ambiente, o
que vai ao encontro da ideia de busca constante que os mesmos têm pela lucratividade (quanto
mais itens forem gastos, mais itens serão comprados e maiores lucros obtidos). A empresa
também não pressiona os mesmos em relação a essa causa.
l) Plano de emergência:
Em caso de emergência em suas atividades devido à de instabilidade ambiental, a
empresa não possuiria um plano de ação, o que se explica novamente pelas poucas pressões
sociais exercidas em suas atividades.
m)Transferência de tecnologia:
A tecnologia utilizada na empresa é a mais comum, que ainda não é eficiente em
termos ambientais. Assim, a empresa não pode considerá-la como recurso ambientalmente
correto. Também não investe em novas tecnologias que possamser oferecidas à sociedade
como alternativa.
n) Contribuição ao esforço comum:
A empresa não participa das políticas e campanhas realizadas por outras
organizações, nem públicas nem privadas, em função da causa ambiental.
o) Transparência de atitude:
A Padaria nunca promoveu diálogos com a sociedade em relação a essa causa,
somente buscando influenciar positivamente na parte interna, com seus próprios funcionários.
p) Atendimento e divulgação:
A empresa não mensura econômica nem ambientalmente o valor das ações que
promove e que contribuem com o ambiente, visto que não é ainda uma ação planejada, mas
apenas uma tentativa parcial da gerência a redução do consumo e o uso eficiente de materiais.
Deste modo, verifica-se que em relação aos Princípios de Gestão Ambiental
estabelecidos pela Câmara Internacional do Comércio, em 1992, a empresa ainda está
atrasada. Não segue a grande maioria destes princípios e não demonstra um interesse em
segui-los futuramente.
Para que tenha uma postura diferente, seria necessária a conscientização
populacional e governamental no município, a fim de se exercer uma pressão sobre a empresa
analisada e sobre as demais da cidade, modificando este cenário atrasado em termos de gestão
ambiental e sustentabilidade empresarial.
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6. CONCLUSÃO
A Padaria analisada é uma empresa de nível intermediário na Classificação de
North (1992). Em relação às demais padarias, não é uma empresa excessivamente poluente,
visto a presença de algumas ações básicas, que aliviam os impactos causados pela sua
presença.
No histórico, percebe-se uma evolução positiva na forma como a empresa se
projeta ambientalmente. Ainda que o conjunto de mudanças não seja muito grande, percebem-
se modificações positivas em relação à causa ambientalista. Há ainda muito a ser feito, já que
há o desperdício de alguns resíduos que poderiam ser reciclados e empregados em outras
produções que não a alimentícia.
Quanto aos princípios, também há, ainda, uma passividade generalizada relativa à
adoção de tais medidas. A empresa já apresenta sinais positivos em relação ao meio ambiente,
porém estes sinais ainda fazem parte somente de uma iniciativa, e não de ações e
procedimentos concretizados por toda a empresa.
Assim, percebe-se que o desenvolvimento de suas ações de forma positiva seria
necessário para modificar sua estrutura de gestão ambiental. Através da adoção cada vez
maior depequenas ações ecologicamente corretastambém se constrói um conjunto eficiente e
eficaz em relação ao meio ambiente. Este desenvolvimento apresentaria benefícios
incalculáveis em longo prazo, já que a vida humana depende em totalmente dos recursos
ambientais, que já se fazem escassos.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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responsabilidade social. Revista Brasileira de Administração, Ano XXI, n° 87, p. 34-38, 2012.
BARBIERI, José Carlos. Gestão Ambiental Empresarial: Conceitos, modelos e
instrumentos. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
DONAIRE, Denis. Gestão ambiental na empresa. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
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FILHO, José Carlos Lázaro da Silva. Gestão Ambiental Municipal: O Caso da Prefeitura
Municipal de Porto Alegre. Dissertação de Mestrado apresentada à UFRGS. Porto Alegre,
2000.
FLORIANO, Eduardo Pagel. Políticas de Gestão Ambiental. 3. ed. Santa Maria: UFSM-
DCF, 2007.
PROVINCIALLI, V. L. N.; SARAIVA, L. A. S. Gestão ambiental sob a ótica de
frequentadores e empresários no setor de alimentos e bebidas da orla de Aracaju. Caderno
Virtual de Turismo. Rio de Janeiro, v. 11, n. 3, p.384-398, dez. 2011.
ZAPPAROLI, I. D.; CAMARA, M. R. G.; LUIZ, L. A. C.; et al. A relação entre
desenvolvimento sustentável empresarial e a gestão ambiental corporativa: análise do
caso do Parque Estadual Mata dos Godoy em Londrina – PR. Revista de Gestão Social e
Ambiental, v.4, n.2, p.96-117, 2010.