O documento discute quatro mitos comuns sobre a globalização: 1) que inaugura uma nova era irreversível de integração econômica, quando na verdade modelos similares existiram antes; 2) que está dissolvendo fronteiras nacionais, mas os mercados internos ainda são mais importantes; 3) que está enfraquecendo os estados-nação, mas na prática as políticas neoliberais não foram implementadas igualmente; 4) que empresas transnacionais não têm lealdades nacionais, quando na verdade mantêm fortes laços com seus países de origem
1. Globalização e seus mitos.
A globalização apresenta vários mitos e alguns exageros em torno de sua superioridade sobre
estados nacionais fragilizados e muitas vezes inoperantes. A globalização apresenta-se como sendo
“salvador da economia mundial”. Vejamos alguns mitos.
Primeiro: A ‘globalização’ inaugura nova etapa na história econômica mundial; constitui
processo irreversível, que conduziu a uma integração sem precedentes das economias nacionais.
O mundo já era "globalizado" até mesmo antes de Cristo. Essa concepção atual de "nova
globalização" nada mais é, do que um modelo de dominação entre países fortes sobre os mais
fracos, de igual teor, mas de cara nova.
Segundo: Nas últimas duas ou três décadas, a ‘globalização’ produziu um sistema econômico
fortemente integrado, de caráter supranacional, que tende inexoravelmente a unificar o mercado
mundial, a dissolver as fronteiras nacionais e a reduzir a relevância dos mercados doméstica.
O processo de internacionalização da “globalização” cresceu junto com os avanços tecnológicos,
de comunicação e informática, desenvolveu maior integração no comercio internacional, mas está
longe de enfrentar os Estados Nacionais e derrubar suas fronteiras. Pois, os mercados internos
ainda são os maiores demandadores de mão-de-obra e de mercadorias. Portanto é enganoso o
tratamento dado a uma “economia global” e sim deveria ser chamado de uma “economia
internacional”, que seria mais compatível.
Terceiro: Em conseqüência da ‘globalização’ e do predomínio das políticas ‘neoliberais’, os
Estado nacionais entraram em processo de inevitável declínio e estão compelidos a reduzir a sua
presença na economia. A teoria de base da “globalização” é o neoliberalismo. E está foi
implementado somente nos países em desenvolvimento e nos desenvolvidos não foi
implementado, pois, não diminui o tamanho do Estado nesses países, há uma grande diferença
entre o discurso e a prática.
Quarto: A economia ‘global’ vem sendo crescentemente dominada por empresas ‘transnacionais’,
livres de identificação e lealdades nacionais. São raras as empresas que perdem o vínculo com a
“terra natal”, a grande maioria mantém o grosso de ativos, vendas, empregados na sua base
nacional. Na verdade elas deveriam ser chamadas de firmas nacionais com operações
internacionais.
Assim entendida, a "globalização" é um mito. Um fenômeno ideológico nem sempre muito
sofisticado, que serve a propósitos variados. No plano editorial, por exemplo, ajuda a vender
jornais, revistas e livros superficiais. Nos planos econômicos e político, contribui para apanhar
países ingênuos e despreparados na malha dos interesses internacionais dominantes.
Paulo Nogueira Batista Jr.