2. Muitos de nós, ao encontro dos ensinos do Cristo, somos tocados pela
verdade, e compreendemos a necessidade do exercício da caridade, e que
torna-se imperioso o desprendimento de nós mesmos em favor do
mundo. Mas, o exercício da caridade passa por muitos estágios. Apenas a
compreensão de que ela é condição essencial para a elevação espiritual
não torna o novo discípulo em merecedor do Reino de Deus. A evolução
do ser, com certeza, se acelera no instante em que ele atenta para sua
realidade, para sua verdade, e inicia a luta contra os velhos hábitos, e
contra os valores antigos, que não foram capazes de assegurar sua
felicidade. O começo de tudo está na percepção de si mesmo e na
percepção do próximo.
3. Enquanto se mantiver voltado apenas para si próprio, o homem não
conseguirá vislumbrar o caminho da ascensão espiritual. Se analisarmos
a mensagem do Evangelho de Jesus, poderemos perceber que suas lições
nos trazem a indicação clara dos estágios que teremos que passar, até nos
candidatarmos a compartilhar com Deus a Obra da Criação. Tentando
proporcionar ao homem a capacidade de entender a razão de suas dores e
aflições, Jesus nos traz o consolo inicial, declarando que todos somos
Bem-aventurados. Pois, hoje temos a oportunidade de corrigir e reparar
os caminhos escolhidos, a partir do constrangimento da dor. O Cristo
declara que sua própria mensagem não era para os doutos ou prudentes,
que já se achavam conhecedores da verdade, mas para os pobres e aflitos.
4. Isto é, para àqueles que vivenciam e sentem a dor com intensidade em
suas vidas. Bem-aventurados os aflitos. Pois, serão consolados. A
oportunidade de fazer e refazer, através das encarnações sucessivas, nos
proporciona o consolo e nos habilita a atingir o nível mais baixo dos
Bem-aventurados; o nível daquele que busca e encontra o consolo para as
suas aflições. Mas, ao homem, não basta entender o motivo de suas
dores. É através das ações voltadas para o próximo que ele purifica seu
Espírito; já compreende a sua verdade. Então, torna-se, agora, necessário
que ele vença a si próprio, seu orgulho, suas tendências, e pacifique a sua
vida, pacifique o seu coração, adquirindo a mansuetude que caracteriza a
busca incessante do equilíbrio interior e da harmonia com o mundo.
5. Através da brandura habilita-se o homem a atingir um segundo nível de
Bem-aventurança, a do herdeiro da Terra. Bem-aventurados os brandos e
pacíficos, pois herdarão a Terra. A brandura e a paz interior requerem,
entretanto, que a ação do homem passe a ser pautada na misericórdia, na
indulgência, na compreensão para com seus irmãos. Aqueles que
conseguem ver nos erros alheios os seus próprios erros começam a
exercitar a humildade e o amor, através da misericórdia e habilita-se à
elevação de mais um degrau, na escala espiritual; o degrau daqueles que
merecem a misericórdia de Deus. Bem-aventurados os misericordiosos,
pois obterão a misericórdia.
6. Conhecendo-se melhor, o homem aprofunda a compreensão e a
identificação de suas próprias necessidades; não as necessidades
materiais, mas, as necessidades espirituais; entende que amar a Deus e a
Criação é, sobretudo, perceber-se pequeno e necessitando de luz. Na
humildade, adquire o homem a condição de herdar o Reino de Deus. Pois
consegue enxergar melhor o seu semelhante, e dar de si para o mundo,
recebendo dele os valores essenciais. Bem-aventurados os pobres de
espírito, pois é deles o Reino dos Céus. Mas a virtude maior está na
pureza do coração, na pureza espiritual, na luz verdadeira, que faz com
que o homem não seja mais aflito; não preocupe-se mais em adquirir a
brandura ou mesmo em aprender a perdoar.
7. A virtude maior está na pureza que o habilita a ver a Deus. O puro de
coração não perdoa, pois não se ofende; não busca ser brando, pois é a
própria paz; não se aflige diante da dor, pois não mais a experimenta,
baseia-se apenas na lei do amor, e dedica-se integralmente ao trabalho
contínuo da obra de Deus. Bem-aventurados os puros de coração, pois
verão a Deus.
A caminho da luz, o homem deve aprender a vencer a aflição, a adquirir a
brandura, a conquistar mais misericórdia, elevar-se pela humildade, e
habilitar-se a participar da Criação, junto ao Pai, pela pureza de coração,
e é o exercício da caridade que o impulsiona nesta escalada de luz.
8. Começa percebendo o próximo; entende suas necessidades; movimenta-
se para a doação das coisas materiais; evolui aprendendo a dar de si
mesmo, e não apenas aquilo que possui de material; e, por fim,
desprende-se para o mundo em que vive. Este é o convite que Jesus nos
faz; um convite para um encontro divino; um convite para um banquete
de luz, para um trabalho incessante na obra de Deus. Aquele que se
preocupa com o próximo, mas apenas doa o que tem de supérfluo, ainda
está engatinhando no caminho da luz, apesar de já estar exercitando a
caridade. Aquele que já é capaz de dividir o coração; dar atenção ao
próximo, habilita-se a caminhar mais rapidamente na direção da pureza
espiritual.
9. Que Jesus nos permita entender esta verdade. Se hoje já somos capazes
de doar a joia, ceder o cobertor, e fornecer o alimento, que amanhã
sejamos capazes de abrir os nossos braços e dar a nossa atenção àquele
que precisa.
Muita Paz!
Agora, vamos elevar o nosso pensamento a Jesus, rogando a luz e o
amparo que precisamos, nós que aqui estamos, ligados ao pesado fardo
da matéria. Refrigera-nos, Senhor, o nosso Espírito; ameniza as dores e
sofrimentos de todos nós.
Que possa haver mais esperança em nossos corações, que possa haver
mais fé em nossos espíritos;
10. Que possa haver mais entendimento e caridade em nossas ações, tudo
conforme a vontade de Deus, nosso Pai. E, que, nessa semana que hoje se
inicia, possamos vivificar e aprender, levando a todos com quem vamos
nos encontrar, a mensagem do trabalho contínuo, da melhoria, da paz, do
amor e da caridade.
Que assim seja!
Graças a Deus!
Meu Blog: http://espiritual-espiritual.blogspot.com.br
Agora com estudo de O Livro dos Espíritos e estudo de O Evangelho
Segundo o Espiritismo