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Bem-aventurados os que têm os olhos fechados. É importante dizer que esta
frase não faz parte do maravilhoso Sermão do Monte, proferido por Jesus. Ela
foi dita por Jean-Marie Baptiste Vianney, e está contida nas Instruções dos
Espíritos, item 20, do Capítulo VIII, do Evangelho Segundo o Espiritismo.
“Quando uma aflição não é consequência dos atos da vida presente, deve-
se-lhe buscar a causa numa vida anterior. Tudo aquilo a que se dá o nome
de caprichos da sorte mais não é do que efeito da justiça de Deus, que não
inflige punições arbitrárias, pois quer que a pena esteja sempre em
correlação com a falta”.
Em Paris, um grupo de pessoas espíritas se reunia normalmente para o estudo
dos ensinamentos dos Espíritos.
Em uma noite do ano de 1863, um dos componentes do grupo levou para a
reunião uma menina que havia ficado cega, com a intenção de rogar a
intercessão dos amigos espirituais, em favor dela. Os demais companheiros
do grupo aceitaram a sugestão. E, após os estudos de praxe, ocasião em que
tiveram a oportunidade de buscarem o contato com a espiritualidade, através
da mediunidade, um dos presentes lembrou-se de um Espírito muito amado
na França, e resolveu evocar a presença de Jean-Marie Baptiste Vianney,
também conhecido como Cura de Ars. E, para alegria de todos os presentes, o
benfeitor espiritual se manifestou, e, utilizando-se das faculdades mediúnicas
de um dos participantes da reunião, falou a todos os presentes, deixando uma
mensagem de consolação e de esclarecimento. Eis a mensagem:
“Meus bons amigos, para que me chamastes? Terá sido para que eu
imponha as mãos sobre a pobre sofredora que está aqui e a cure? Ah! Que
sofrimento, bom Deus! Ela perdeu a vista e as trevas a envolveram. Pobre
filha! Que ore e espere. Não sei fazer milagres, eu, sem que Deus o queira.
Todas as curas que tenho podido obter e que vos foram assinaladas não as
atribuais sendo aquele que é Pai de todos nós. Nas vossas aflições, volvei
sempre para o céu o olhar e dizei do fundo do coração: “Meu Pai, cura-me,
mas faze que minha alma enferma se cure antes que o meu corpo; que
minha carne seja castigada, se necessário, para que minha alma se eleve ao
teu seio, com a brancura que possuía quando a criaste”. Após essa prece,
meus amigos, que o bom Deus ouvirá sempre, dadas vos serão a força e a
coragem e, quiça, também a cura que apenas timidamente pedistes, (...)
Em recompensa da vossa abnegação. Contudo, uma vez que aqui me acho,
numa assembleia onde principalmente se trata de estudos, dir-vos-ei que os
que são privados da vista deveriam considerar-se os bem-aventurados da
expiação. Lembrai-vos de que o Cristo disse convir que arrancásseis o vosso
olho se fosse mal, e que mais valeria lançá-lo ao fogo do que deixar se
tornasse causa da vossa condenação. Ah! Quantos há no mundo que um
dia, nas trevas, maldirão o terem visto a luz! Oh! Sim, como são felizes os
que, por expiação, vêm a ser atingidos na vista! Os olhos não lhes serão
causa de escândalo e de queda; podem viver inteiramente da vida das
almas; podem ver mais do que vós que tendes límpida a visão! (...) Confia
no bom Deus, que fez a ventura e permite a tristeza.
Farei tudo o que me for consentido a teu favor; mas, a teu turno, ora e,
ainda mais, pensa em tudo quanto acabo de te dizer. Antes que me vá,
recebei todos vós, que aqui vos achais reunidos, a minha bênção”.
Como ficou patenteado, a criança, embora estivesse amparada, não encontrou
a solução para o seu problema. E, por que o Cura de Ars não curou aquela
menina?
Reflexão:
Podemos imaginar: Ele não fez a cura porque não tinha poder para curá-la.
Ele não quis curá-la. Embora tivesse poder de cura, ele não pode curá-la. Ora,
Vianney, durante a sua existência na Terra, vivenciou o Evangelho de Jesus.
Trabalhava nas hostes do catolicismo, e era um exemplo da vivência cristã.
Vianney era um desses espíritos generosos, que vêm à Terra unicamente para
trabalhar em favor do semelhante. Durante a sua existência no nosso orbe,
naturalmente amparado por benfeitores espirituais, realizou inúmeras curas,
inclusive a cura de alguns cegos. Ora, se enquanto encarnado ele havia
desenvolvido essa potencialidade capaz de efetuar uma cura, desencarnado
também poderia fazê-lo, pois o espírito não perde as suas qualidades. Então,
nós podemos descartar a possibilidade de Vianney não ter poder para realizar
aquela cura. Basta estudarmos um pouco a vida do Cura de Ars para sabermos
que se tratava de um espírito generoso, fraternal, que se sensibilizava com o
sofrimento alheio, e capaz mesmo de se sacrificar para ajudar o semelhante.
Por certo, ele queria sim curar aquela criança.
Já vimos que Vianney tinha poder para fazer a cura; ele também queria curar
a menina. Porém, ele não pode efetuar essa cura, embora se sensibilizasse
com o sofrimento daquela criança. O cura de Ars, provavelmente, percebeu
que as leis magnânimas do Criador haviam instituído para aquele espírito
aquela expiação necessária. Pois, era necessário que a criança vivenciasse
aquela dor, ou seja, a cegueira. Naturalmente, quando o benfeitor olhou para
aquela menina não viu, como os companheiros do grupo, só o presente. Ele
identificou o passado, observou o presente, e vislumbrou o futuro. Ao ver o
passado, compreendeu onde estava a causa do sofrimento presente, onde
aquele espírito havia se equivocado. E, agora no presente, ele estava
vivenciando a expiação necessária. E, vislumbrando o futuro, compreendeu a
justiça de Deus, entendendo que, se aquele espírito (...)
Vivenciasse essa expiação necessária sairia da Terra vitorioso, quite com seus
equívocos do passado. Por esse motivo, Vianney não pode interferir, em
respeito e obediência aos códigos superiores da vida. O benfeitor espiritual a
necessidade daquele sofrimento. No Evangelho Segundo o Espiritismo,
encontramos no Capítulo V, Instruções dos Espíritos, Santo Agostinho falando
sobre O Mal e o Remédio, quando ele diz: “Será a Terra um lugar de gozo,
um paraíso de delícias? Já não ressoa mais aos vossos ouvidos a voz do
profeta? Não proclamou ele que haveria prantos e ranger de dentes para os
que nascessem nesse vale de dores? Esperai, pois, todos vós que aí viveis,
causticantes lágrimas e amargo sofrer e, por mais agudas e profundas
sejam as vossas dores, volvei o olhar para o céu e bendizei do Senhor por
ter querido experimentar-vos”.
E o remédio para o espírito é exatamente a própria dor que ele está
enfrentando. É muito importante nós refletirmos sobre isso, porque, muitas
vezes, nós chegamos à Casa Espírita, levados por alguém ou levados pela dor,
em condições de sofrimento semelhantes a dessa menina da narrativa, e, por
certo, os Benfeitores Espirituais irão nos ajudar. Mas, em se tratando da
solução do nosso problema, da cura efetiva de nosso mal, nem sempre é
possível que os Espíritos intercedam a nosso favor, isso porque, existem
causas anteriores para o nosso padecimento atual, e esse sofrimento que nós
enfrentamos é a nossa necessidade, é o nosso remédio para o nosso próprio
crescimento espiritual. Deus, que é infinitamente bom e justo, jamais permite
uma doença ou qualquer dificuldade se elas não tivessem um objetivo salutar
para o espírito.
Agora, por que Vianney disse que são bem-aventurados os que não podem
enxergar? Para nós entendermos essas palavras do Cura de Ars, precisamos
compreender que existem dois tipos de cegueira: a cegueira física e a cegueira
espiritual. Com relação à cegueira física, narram alguns evangelistas que,
certa vez, Jesus, acompanhado por seus discípulos, e passando pelo tanque de
Siloé, avistou um homem que era cego, e um dos discípulos, alertando o
Mestre, disse que aquele homem era cego de nascença, e perguntou quem
havia pecado, ele ou seus pais para que ele nascesse assim, e o Cristo
respondeu que nem ele nem os seus pais. Ele nasceu assim para dar
testemunho do Reino dos Céus. Jesus deixou os discípulos e caminhou na
direção daquele homem cego.
Cuspiu na terra, e com a saliva fez uma espécie de pasta e aplicou nos olhos
daquele homem, e mandou-o se lavar no tanque. Então, ele lavou os olhos e, a
partir daquele momento, estava curado. Então, aquelas pessoas que o
conheciam de vista, como cego, perguntaram-lhe: Como te foram abertos os
olhos? Respondeu ele: Aquele homem chamado Jesus ungiu-me os olhos e
disse: Vai a Siloé e lava-te; então fui, lavei-me e fiquei vendo. Com relação à
cegueira espiritual, vamos acompanhar um jovem doutor da Lei: ele segue
com uma pequena comitiva em direção a Damasco. O seu propósito é prender
um ancião, de nome Ananias, seguidor de um carpinteiro chamado Jesus.
Mas, quando ele está se aproximando da cidade, um fato inusitado acontece.
Uma luz esplendorosa brilha no céu.
Saulo de Tarso cai de joelhos na areia e percebe que aquela luz magnífica
começa a tomar forma. É o Mestre Jesus que estava vindo ao seu encontro. E
o Rabi da Galileia faz apenas uma pergunta: Saulo, Saulo! Por que me
persegues? Naquele instante, vislumbrando aquele homem vestido de luz e,
diante daquela indagação, Saulo compreendeu que estava errado, estava numa
profunda escuridão. Aquele ser de luz era o Messias que havia de vir. Então,
ele também pergunta: Senhor, o que queres que eu faça?
Jesus vai ao encontro daquele homem no tanque de Siloé e o cura da cegueira
física; e, igualmente vai ao encontro daquele doutor da Lei e o cura da
cegueira espiritual. Agora, já podemos entender porque Vianney disse que são
bem-aventurados os que têm os olhos fechados.
Porque a cegueira física do presente é a remissão do espírito.
A Doutrina Espírita é uma doutrina de profundidade. Não é uma doutrina de
superfície. Ela não promete curas espetaculares. O Espiritismo nos convida a
ter fé raciocinada, a confiar na mensagem de Jesus.
Muita Paz!
Meu Blog: http://espiritual-espiritual.blogspot.com.br

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Bem aventurados os que têm os olhos fechados

  • 1.
  • 2. Bem-aventurados os que têm os olhos fechados. É importante dizer que esta frase não faz parte do maravilhoso Sermão do Monte, proferido por Jesus. Ela foi dita por Jean-Marie Baptiste Vianney, e está contida nas Instruções dos Espíritos, item 20, do Capítulo VIII, do Evangelho Segundo o Espiritismo. “Quando uma aflição não é consequência dos atos da vida presente, deve- se-lhe buscar a causa numa vida anterior. Tudo aquilo a que se dá o nome de caprichos da sorte mais não é do que efeito da justiça de Deus, que não inflige punições arbitrárias, pois quer que a pena esteja sempre em correlação com a falta”. Em Paris, um grupo de pessoas espíritas se reunia normalmente para o estudo dos ensinamentos dos Espíritos.
  • 3. Em uma noite do ano de 1863, um dos componentes do grupo levou para a reunião uma menina que havia ficado cega, com a intenção de rogar a intercessão dos amigos espirituais, em favor dela. Os demais companheiros do grupo aceitaram a sugestão. E, após os estudos de praxe, ocasião em que tiveram a oportunidade de buscarem o contato com a espiritualidade, através da mediunidade, um dos presentes lembrou-se de um Espírito muito amado na França, e resolveu evocar a presença de Jean-Marie Baptiste Vianney, também conhecido como Cura de Ars. E, para alegria de todos os presentes, o benfeitor espiritual se manifestou, e, utilizando-se das faculdades mediúnicas de um dos participantes da reunião, falou a todos os presentes, deixando uma mensagem de consolação e de esclarecimento. Eis a mensagem:
  • 4. “Meus bons amigos, para que me chamastes? Terá sido para que eu imponha as mãos sobre a pobre sofredora que está aqui e a cure? Ah! Que sofrimento, bom Deus! Ela perdeu a vista e as trevas a envolveram. Pobre filha! Que ore e espere. Não sei fazer milagres, eu, sem que Deus o queira. Todas as curas que tenho podido obter e que vos foram assinaladas não as atribuais sendo aquele que é Pai de todos nós. Nas vossas aflições, volvei sempre para o céu o olhar e dizei do fundo do coração: “Meu Pai, cura-me, mas faze que minha alma enferma se cure antes que o meu corpo; que minha carne seja castigada, se necessário, para que minha alma se eleve ao teu seio, com a brancura que possuía quando a criaste”. Após essa prece, meus amigos, que o bom Deus ouvirá sempre, dadas vos serão a força e a coragem e, quiça, também a cura que apenas timidamente pedistes, (...)
  • 5. Em recompensa da vossa abnegação. Contudo, uma vez que aqui me acho, numa assembleia onde principalmente se trata de estudos, dir-vos-ei que os que são privados da vista deveriam considerar-se os bem-aventurados da expiação. Lembrai-vos de que o Cristo disse convir que arrancásseis o vosso olho se fosse mal, e que mais valeria lançá-lo ao fogo do que deixar se tornasse causa da vossa condenação. Ah! Quantos há no mundo que um dia, nas trevas, maldirão o terem visto a luz! Oh! Sim, como são felizes os que, por expiação, vêm a ser atingidos na vista! Os olhos não lhes serão causa de escândalo e de queda; podem viver inteiramente da vida das almas; podem ver mais do que vós que tendes límpida a visão! (...) Confia no bom Deus, que fez a ventura e permite a tristeza.
  • 6. Farei tudo o que me for consentido a teu favor; mas, a teu turno, ora e, ainda mais, pensa em tudo quanto acabo de te dizer. Antes que me vá, recebei todos vós, que aqui vos achais reunidos, a minha bênção”. Como ficou patenteado, a criança, embora estivesse amparada, não encontrou a solução para o seu problema. E, por que o Cura de Ars não curou aquela menina? Reflexão: Podemos imaginar: Ele não fez a cura porque não tinha poder para curá-la. Ele não quis curá-la. Embora tivesse poder de cura, ele não pode curá-la. Ora, Vianney, durante a sua existência na Terra, vivenciou o Evangelho de Jesus. Trabalhava nas hostes do catolicismo, e era um exemplo da vivência cristã.
  • 7. Vianney era um desses espíritos generosos, que vêm à Terra unicamente para trabalhar em favor do semelhante. Durante a sua existência no nosso orbe, naturalmente amparado por benfeitores espirituais, realizou inúmeras curas, inclusive a cura de alguns cegos. Ora, se enquanto encarnado ele havia desenvolvido essa potencialidade capaz de efetuar uma cura, desencarnado também poderia fazê-lo, pois o espírito não perde as suas qualidades. Então, nós podemos descartar a possibilidade de Vianney não ter poder para realizar aquela cura. Basta estudarmos um pouco a vida do Cura de Ars para sabermos que se tratava de um espírito generoso, fraternal, que se sensibilizava com o sofrimento alheio, e capaz mesmo de se sacrificar para ajudar o semelhante. Por certo, ele queria sim curar aquela criança.
  • 8. Já vimos que Vianney tinha poder para fazer a cura; ele também queria curar a menina. Porém, ele não pode efetuar essa cura, embora se sensibilizasse com o sofrimento daquela criança. O cura de Ars, provavelmente, percebeu que as leis magnânimas do Criador haviam instituído para aquele espírito aquela expiação necessária. Pois, era necessário que a criança vivenciasse aquela dor, ou seja, a cegueira. Naturalmente, quando o benfeitor olhou para aquela menina não viu, como os companheiros do grupo, só o presente. Ele identificou o passado, observou o presente, e vislumbrou o futuro. Ao ver o passado, compreendeu onde estava a causa do sofrimento presente, onde aquele espírito havia se equivocado. E, agora no presente, ele estava vivenciando a expiação necessária. E, vislumbrando o futuro, compreendeu a justiça de Deus, entendendo que, se aquele espírito (...)
  • 9. Vivenciasse essa expiação necessária sairia da Terra vitorioso, quite com seus equívocos do passado. Por esse motivo, Vianney não pode interferir, em respeito e obediência aos códigos superiores da vida. O benfeitor espiritual a necessidade daquele sofrimento. No Evangelho Segundo o Espiritismo, encontramos no Capítulo V, Instruções dos Espíritos, Santo Agostinho falando sobre O Mal e o Remédio, quando ele diz: “Será a Terra um lugar de gozo, um paraíso de delícias? Já não ressoa mais aos vossos ouvidos a voz do profeta? Não proclamou ele que haveria prantos e ranger de dentes para os que nascessem nesse vale de dores? Esperai, pois, todos vós que aí viveis, causticantes lágrimas e amargo sofrer e, por mais agudas e profundas sejam as vossas dores, volvei o olhar para o céu e bendizei do Senhor por ter querido experimentar-vos”.
  • 10. E o remédio para o espírito é exatamente a própria dor que ele está enfrentando. É muito importante nós refletirmos sobre isso, porque, muitas vezes, nós chegamos à Casa Espírita, levados por alguém ou levados pela dor, em condições de sofrimento semelhantes a dessa menina da narrativa, e, por certo, os Benfeitores Espirituais irão nos ajudar. Mas, em se tratando da solução do nosso problema, da cura efetiva de nosso mal, nem sempre é possível que os Espíritos intercedam a nosso favor, isso porque, existem causas anteriores para o nosso padecimento atual, e esse sofrimento que nós enfrentamos é a nossa necessidade, é o nosso remédio para o nosso próprio crescimento espiritual. Deus, que é infinitamente bom e justo, jamais permite uma doença ou qualquer dificuldade se elas não tivessem um objetivo salutar para o espírito.
  • 11. Agora, por que Vianney disse que são bem-aventurados os que não podem enxergar? Para nós entendermos essas palavras do Cura de Ars, precisamos compreender que existem dois tipos de cegueira: a cegueira física e a cegueira espiritual. Com relação à cegueira física, narram alguns evangelistas que, certa vez, Jesus, acompanhado por seus discípulos, e passando pelo tanque de Siloé, avistou um homem que era cego, e um dos discípulos, alertando o Mestre, disse que aquele homem era cego de nascença, e perguntou quem havia pecado, ele ou seus pais para que ele nascesse assim, e o Cristo respondeu que nem ele nem os seus pais. Ele nasceu assim para dar testemunho do Reino dos Céus. Jesus deixou os discípulos e caminhou na direção daquele homem cego.
  • 12. Cuspiu na terra, e com a saliva fez uma espécie de pasta e aplicou nos olhos daquele homem, e mandou-o se lavar no tanque. Então, ele lavou os olhos e, a partir daquele momento, estava curado. Então, aquelas pessoas que o conheciam de vista, como cego, perguntaram-lhe: Como te foram abertos os olhos? Respondeu ele: Aquele homem chamado Jesus ungiu-me os olhos e disse: Vai a Siloé e lava-te; então fui, lavei-me e fiquei vendo. Com relação à cegueira espiritual, vamos acompanhar um jovem doutor da Lei: ele segue com uma pequena comitiva em direção a Damasco. O seu propósito é prender um ancião, de nome Ananias, seguidor de um carpinteiro chamado Jesus. Mas, quando ele está se aproximando da cidade, um fato inusitado acontece. Uma luz esplendorosa brilha no céu.
  • 13. Saulo de Tarso cai de joelhos na areia e percebe que aquela luz magnífica começa a tomar forma. É o Mestre Jesus que estava vindo ao seu encontro. E o Rabi da Galileia faz apenas uma pergunta: Saulo, Saulo! Por que me persegues? Naquele instante, vislumbrando aquele homem vestido de luz e, diante daquela indagação, Saulo compreendeu que estava errado, estava numa profunda escuridão. Aquele ser de luz era o Messias que havia de vir. Então, ele também pergunta: Senhor, o que queres que eu faça? Jesus vai ao encontro daquele homem no tanque de Siloé e o cura da cegueira física; e, igualmente vai ao encontro daquele doutor da Lei e o cura da cegueira espiritual. Agora, já podemos entender porque Vianney disse que são bem-aventurados os que têm os olhos fechados.
  • 14. Porque a cegueira física do presente é a remissão do espírito. A Doutrina Espírita é uma doutrina de profundidade. Não é uma doutrina de superfície. Ela não promete curas espetaculares. O Espiritismo nos convida a ter fé raciocinada, a confiar na mensagem de Jesus. Muita Paz! Meu Blog: http://espiritual-espiritual.blogspot.com.br