O documento apresenta exemplos de textos dissertativo-argumentativos e fornece orientações sobre como estruturar esse tipo de texto. Ele explica que um texto dissertativo deve apresentar um ponto de vista e argumentos para fundamentá-lo, e fornece exemplos de parágrafos que seguem essa estrutura, com uma frase introdutória, argumentos no corpo do texto e uma conclusão.
2. Exemplo 1
Todos os homens são intelectuais – pode-se
dizer, mas nem todos os homens têm na
sociedade a função de intelectuais. Não se
pode separar o homo faber do homo sapiens.
Todo homem, fora de sua profissão, exerce
alguma atividade intelectual, é um “filósofo”,
um artista, um homem de gosto, participa de
uma concepção de mundo, tem uma linha de
conduta moral: contribui para manter ou para
modificar uma concepção do mundo, isto é,
para suscitar novos modos de pensar (Antonio
Gramsci, filósofo italiano, 1891-1937)
3. O texto anterior é um texto dissertativo, isto é,
ele apresenta um ponto de vista e uma
argumentação para fundamentar esse ponto
de vista. Gramsci defende que todos os
homens tem capacidade intelectual, tem – por
mínima que seja, atividade intelectual.
4. Todos os homens são intelectuais – pode-se
dizer, mas nem todos os homens têm na
sociedade a função de intelectuais [frase
núcleo] 1)Não se pode separar o homo faber
do homo sapiens. 1a)Todo homem, fora de
sua profissão, exerce alguma atividade
intelectual, é um “filósofo”, um artista, um
homem de gosto, 1b)participa de uma
concepção de mundo, 1c) tem uma linha de
conduta moral: contribui para manter ou para
modificar uma concepção do mundo, isto é,
para suscitar novos modos de pensar.
5. Dissertar é debater, discutir, questionar...
Temos liberdade de defender qualquer opinião,
mas precisamos fundamentá-la, justificar,
exemplificar, convencer, isto é: precisamos
argumentar.
6. 1. Uma linha de seguimento para abordar
um tema:
• Comece fazendo um rascunho do seu texto
(parágrafo-padrão ou redação)
• Agrupe o seu texto seguindo a sequência:
Interrogar o tema;
Responder, com sua opinião (frase-núcleo);
Apresentar o argumento básico (argumento
principal);
Apresentar argumentos auxiliares (pelo menos
3)
Apresentar fato-exemplo.
7. Organização do pensamento lógico
Premissa (causa) então Conclusão (consequência)
logo
portanto
assim
por conseguinte
consequentemente
segue-se que
A B
então
Ex.:
Tenho necessidade de expressar o que penso, então escrevo.
8. Organização do pensamento lógico
Conclusão porque Causa
uma vez que
na medida que
por motivo de
por causa de
tendo em vista que
B A
porque
Ex.:
Escrevo porque tenho necessidade de expressar meus
pensamentos.
9. Organização dos argumentos:
dedução e indução
Dedução: o nosso pensamento vai do geral (das ideias gerais)
ao particular (às ideias particulares).
Exemplo aristotélico:
Todo homem é mortal (geral)
[eu] Sou homem (particular)
Logo, sou mortal (conclusão)
Indução: nesse processo, o nosso pensamento vai do
particular ao geral:
[eu] Sou mortal porque sou homem (particular)
E porque todo homem é mortal (geral)
11. Texto 1 (enumerativo)
Gostar de política não é uma opção, mas
uma necessidade. Primeiro, porque o cidadão
precisa de um conhecimento político para
escolher seu candidato. Depois, porque a
política está presente na escola, no
trabalho, enfim, na vida. Logo, torna-se
fundamental o gosto por ela, pois é ela que
rege a nossa existência.
<<Sildomar F. Veira, Ufam, 2008>>
12. Texto 2 (articulação com
expressões, temporalidade)
Desde sua origem o homem utiliza a
linguagem para comunicar suas ideias. A
princípio, ele desenhava nas cavernas os
acontecimentos por ele vividos. Em
seguida, passou a usar a fala e, por
fim, inventou a escrita para registrar o que
falava. Depois disso, percebeu-se que o
homem e a linguagem sempre caminharam
juntos.
<<Luciana S. Alecrim, Ufam, 2001>>
13. Observações:
O que há em comum entre os dois textos é que cada um foi
construído em bloco único, com o recuo à direita na primeira
linha caracterizando-o como um parágrafo;
Do ponto de vista externo, podemos constatar que ambos
mantém a mesma estrutura: há uma frase de abertura
(assinalada em itálico), diversas frases na
sequência, compondo a parte intermediária, e uma frase final
(igualmente assinalada em itálico);
Uma leitura atenta demonstra que as três partes acima
referidas estão estreitamente ligadas entre si: a curta frase
inicial representa sempre, de forma genérica, a síntese do
assunto a ser abordado no restante do texto; as frases
intermediárias compõem o desdobramento, o
detalhamento, a especificação daquilo que foi anunciado na
frase inicial; e a frase final se caracteriza pela
retomada, confirmação ou inferência das duas partes
anteriores. Em síntese, cada texto se compõe de início, meio e
fim.
14. Referências
AMARAL, Emília; ANTÔNIO, Severino;
PATROCÍNIO, Mauro Ferreira do.
Português: redação, gramática, literatura,
interpretação de texto. São Paulo: Nova
Cultural, 1999.
SENA, Odenildo. A engenharia do texto: um
caminho rumo à prática da boa redação. 4 ed.
rev. Manaus: Valer, 2011.