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Ministério da Educação
             Secretaria de Educação Básica
        Diretoria de Apoio à Gestão Educacional




  Pacto Nacional
pela Alfabetização
  na Idade Certa
     ALFABETIZAÇÃO PARA TODOS:
DIFERENTES PERCURSOS, DIREITOS IGUAIS




             Ano 01
           Unidade 07
                     Brasília 2012
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
Secretaria de Educação Básica – SEB
Diretoria de Apoio à Gestão Educacional




                Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
                Centro de Informação e Biblioteca em Educação (CIBEC)
_______________________________________________________________________________

Brasil. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional.
	        Pacto nacional pela alfabetização na idade certa : alfabetização para todos : diferentes
percursos, direitos iguais : ano 01, unidade 07 / Ministério da Educação, Secretaria de Educação
Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. -- Brasília : MEC, SEB, 2012.
	        48 p.

	        ISBN 978-85-7783-118-0

	        1. Alfabetização. 2. Direito à educação.
	        I. Título.

                                                          CDU 37.014.22
_______________________________________________________________________________




Tiragem 122.102 exemplares

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA
Esplanada dos Ministérios, Bloco L, Sala 500
CEP: 70047-900
Tel: (61)20228318 - 20228320
Sumário


 ALFABETIZAÇÃO PARA TODOS:
 DIFERENTES PERCURSOS, DIREITOS IGUAIS

 Iniciando a conversa                                            05

 Aprofundando o tema                                             06
 Heterogeneidade e direitos
 de aprendizagem na alfabetização:
 os diferentes percursos dos estudantes                          06

 Planejando o ensino para todos:
 diversificação no trabalho docente                              14


 Compartilhando                                                  21
 Direitos de aprendizagem: componente curricular Arte            21

 Dia Internacional da Mulher                                     24

 Poemas em sala de aula                                          25

 Obras Complementares: cada livro, uma viagem                    26

 Materiais complementares:
 possibilidades de uso nas turmas do ciclo de alfabetização      32

 Exemplos de quadros de monitoramento de atividades realizadas   40


 Aprendendo mais                                                 43
 Sugestões de leitura                                            43

 Sugestões de atividades para os encontros em grupo              46
ALFABETIZAÇÃO PARA TODOS: DIFERENTES PERCURSOS, DIREITOS IGUAIS
UNIDADE 7 | Ano 1

Autoras dos textos da seção Aprofundando o tema:
Eliana Borges Correia de Albuquerque, Magna do Carmo Silva Cruz, Telma Ferraz Leal.

Autoras dos relatos de experiência e depoimentos:
Ivanise Cristina da Silva Calazans, Sheila Cristina da Silva Barros.

Leitores críticos e apoio pedagógico:
Adelma Barros-Mendes, Adriana M. P. da Silva, Alexsandro da Silva, Alfredina Nery,
Amanda Kelly Ferreira da Silva, Ana Gabriela de Souza Seal, Ana Márcia Luna Monteiro,
Artur Gomes de Morais, Erika Souza Vieira, Evani da Silva Vieira, Ivane Pedrosa de Souza,
Ivanise Cristina da Silva Calazans, Júlia Teixeira de Souza, Rochelane Vieira de Santana,
Severino Rafael da Silva, Sheila Cristina da Silva Barros, Tânia Maria S.B. Rios Leite, Tícia
Cassiany Ferro Cavalcante, Yarla Suellen Nascimento Alvares.

Revisor:
Adriana de Oliveira Gibbon.

Projeto gráfico e diagramação:
Ana Carla Silva, Luciana Salgado, Susane Batista e Yvana Alencastro.

Ilustrações:
Airton Santos.

Capa:
Anderson Lopes, Leon Rodrigues, Túlio Couceiro e Ráian Andrade.
Iniciando a conversa

“Alfabetização para todos: diferentes percursos, direitos iguais” é o tema dessa unidade.
Discutiremos sobre a heterogeneidade de conhecimentos dos aprendizes no processo
de alfabetização, tratando-a não como fator de exclusão, mas, sim, como um fenômeno
natural, que revela os diferentes percursos de vida, de interesses, de oportunidades das
crianças. O foco, portanto, é no modo como tratar das diferenças na perspectiva de pro-
mover as aprendizagens, garantindo os direitos de aprendizagem a todos.
Refletiremos, ainda, sobre a questão da diversificação das atividades e das formas de
agrupamento dos alunos, assim como acerca do atendimento específico a alunos que
estejam com dificuldades em seu processo de alfabetização.



  Nesta unidade, temos, portanto, como objetivos:
  •	 entender a concepção de alfabetização na perspectiva do letramento, considerando o
     fenômeno da heterogeneidade como intrínseco aos processos educativos;
  •	 criar um ambiente alfabetizador, que favoreça a aprendizagem, considerando a
     heterogeneidade de conhecimentos dos aprendizes no processo de alfabetização;
  •	 compreender a importância de organizar diferentes agrupamentos em sala de aula,
     considerando a heterogeneidade de aprendizagens, e adequando os modos de organização
     da turma aos objetivos pretendidos;
  •	 planejar o ensino na alfabetização, analisando e criando propostas de organização de
     rotinas da alfabetização na perspectiva do letramento, adequando-as às diferentes
     necessidades de aprendizagem dos alunos;
  •	 analisar e planejar projetos didáticos e sequências didáticas para turmas de alfabetização,
     contemplando crianças que tenham diferentes conhecimentos sobre a escrita;
  •	 compreender a importância da avaliação no ciclo de alfabetização, refletindo sobre a
     função do diagnóstico no acompanhamento das aprendizagens realizadas pelos alunos e
     na (re)organização do ensino a eles proposto;
  •	 conhecer os recursos didáticos distribuídos pelo Ministério da Educação e planejar
     situações didáticas em que tais materiais sejam usados.
Aprofundando o tema

Heterogeneidade e direitos
de aprendizagem na alfabetização: os
diferentes percursos dos estudantes
Telma Ferraz Leal
Magna do Carmo Silva Cruz
Eliana Borges Correia de Albuquerque




Muitos professores, ao darem depoimen-       para aquele ano letivo e outras que não
tos sobre as dificuldades que encontram      parecem estar avançando no mesmo ritmo
no cotidiano de seus trabalhos, explicitam   do restante da turma?
a complexidade das interações em sala de
                                             Coutinho-Monnier (2009) desenvolveu
aula, sobretudo em relação à heteroge-
                                             um estudo que teve o objetivo de investi-
neidade de conhecimentos das crianças.
                                             gar as práticas de ensino de professoras
Dizem que é difícil contemplar todas as
                                             alfabetizadoras que apresentavam rotinas
necessidades e que, muitas vezes, preci-
                                             diferenciadas em relação ao ensino da
sam dar atenção aos que “precisam mais” e
                                             leitura e da escrita: duas docentes usavam
deixam os outros sem suporte, ou realizam
                                             um material estruturado de alfabetização
atividades com toda a turma, que não pos-
                                             de base fônica e realizavam, diariamente,
sibilitam a participação das crianças que
                                             as atividades dos manuais didáticos com
não detêm determinados conhecimentos.
                                             todos os alunos; outras duas professoras
Ao explicitarem tais angústias, na maior     buscavam desenvolver práticas que envol-
parte das vezes, esses professores revelam   viam atividades de reflexão sobre a escrita
o compromisso com o trabalho docente e       alfabética, leitura e produção de textos,
um pedido de ajuda. O que fazer em uma       sem seguir um manual específico, embora
turma que tem crianças com conhecimen-       realizassem atividades de um livro aprova-
tos muitas vezes além do que se espera       do pelo PNLD 2004.
Como observado pela referida autora, a         letivo com domínio do princípio alfabético
rotina das duas primeiras professoras          concluíram o ano sem ler e produzir textos,
envolvia atividades de leitura de um texto     pouco avançando em seus conhecimentos.
(de acordo com a sequência sugerida pelo
                                               Esses dados revelam, por um lado, que se
manual do mestre) e, posteriormente,
                                               pensarmos na turma como um grupo, a
era desenvolvida uma série de atividades
                                               maioria dos alunos concluiu o ano letivo
(com média de 15 minutos no total), que
                                               compreendendo o funcionamento da
exploravam algumas palavras presentes
                                               escrita alfabética. Nesse sentido, podemos
no texto. Após esse momento inicial, as
                                               dizer que eles se apropriaram de alguns di-
docentes realizavam a atividade do livro
                                               reitos de aprendizagem sugeridos para o 1º
didático do programa correspondente à
                                               ano do Ensino Fundamental. No entanto,
lição da semana, trabalho esse que ocupava
                                               se considerarmos o perfil de entrada dos
a maior parte do tempo diário dos alunos
                                               alunos da turma, observamos que o grupo
na escola. Todos os alunos, independen-
                                               que iniciou o ano letivo apresentando tal
temente dos conhecimentos que possuís-
                                               compreensão pouco evoluiu, não conse-
sem, realizavam as mesmas atividades. Ao
                                               guindo, ao final do ano, obter resultados
avaliar as aprendizagens dos alunos no que
                                               positivos nas atividades de leitura e produ-
se refere à apropriação do sistema alfabéti-
                                               ção de textos propostas pela pesquisadora.
co, foi observado que aqueles que estavam
em níveis iniciais de escrita avançaram        Diferentemente do que ocorria na roti-
ao longo do ano. Já os que iniciaram o ano     na dessas duas professoras, aquelas que
                                               buscavam desenvolver práticas com ênfase
                                               nas atividades de apropriação da escrita
                                               alfabética e de leitura e produção de textos,
                                               apresentavam uma rotina diferenciada.
                                               Uma das professoras, por exemplo, desen-
                                               volvia atividades bastante diversificadas
                                               para trabalhar com o sistema notacional,
                                               preocupando-se em criar situações para
                                               que os alunos refletissem, questionassem,
                                               criassem hipóteses e as testassem, com
                                               o objetivo de fazê-los avançar em seus
                                               conhecimentos sobre a escrita alfabética.
                                               De modo simultâneo, ela também realizava
                                               atividades de leitura e produção de textos,




unidade 07                                                                                     07
na maior parte das vezes coletivamente.        precisa compreender os diferentes prin-
                      Em relação à aprendizagem dos alunos,          cípios que o constituem. Ela precisa, por
                      todas as crianças avaliadas no início e no     exemplo, entender que as palavras são for-
                      final do ano evoluíram na aprendizagem da      madas por unidades menores, as sílabas.
                      leitura e escrita, inclusive as que tinham     Desse modo, é preciso promover ativida-
                      iniciado o ano em níveis mais avançados.       des nas quais elas tenham de decompor as
                      Esse dado revela a importância de se consi-    palavras em sílabas. Além disso, a criança
                      derar, na organização das práticas pedagó-     precisa também compreender que a ordem
                      gicas de alfabetização, os conhecimentos       das letras na palavra corresponde à ordem
                      que os alunos possuem acerca da escrita a      de emissão sonora dos fonemas. Neste
                      fim de se planejar atividades que efetiva-     caso, mesmo não sendo necessário teorizar
                      mente possam contribuir para que todos         sobre tais conceitos, podem ser realizadas
A unidade 3 tratou
                      os alunos avancem. Vale ressaltar, portan-     atividades nas quais elas percebam que se
      da discussão    to, a importância do diagnóstico avaliativo    mudarmos uma letra de lugar, a palavra já
    sobre o ensino
     do Sistema de    acerca das capacidades, potencialidades e      não é a que se está desejando escrever.
 Escrita Alfabética   sobre os direitos de aprendizagem con-
e a diversidade de                                                   Como se pode verificar, tomando o exem-
        atividades.   quistados gradativamente pela turma.
                                                                     plo desses dois tipos de conhecimentos,
                      Os dados dessa pesquisa podem nos levar a      verificamos que os diferentes saberes
                      perceber que a diversificação de atividades    podem ser construídos por meio de ativi-
                      deve ser feita por várias razões. Podemos      dades também diferentes. Assim, pode-
                      destacar, nesta discussão, duas delas: (1) o   mos defender a necessidade de variação
                      aprendiz precisa refletir sobre os diversos    de atividades, mesmo considerando um
                      conhecimentos que compõem o objeto             mesmo objeto de ensino: o sistema alfabé-
                      de ensino; (2) em uma mesma turma, as          tico. Quando consideramos que o currículo
                      crianças têm necessidades diferentes.          dos anos iniciais prevê vários outros obje-
                                                                     tos de ensino, como a leitura, a produção
                      Em relação à primeira razão, podemos
                                                                     de textos, a oralidade, além dos conceitos
                      dizer que uma mesma criança precisa re-
                                                                     relativos aos demais componentes curricu-
                      fletir sobre a escrita sob diferentes aspec-
                                                                     lares, a situação se torna mais complexa.
                      tos e desenvolver estratégias de leitura e
                      de escrita variadas. Desse modo, é preciso     Em relação à segunda razão citada, a diver-
                      que sejam criadas diferentes oportunida-       sificação se faz necessária porque as crian-
                      des de aprendizagem. Se tomarmos o caso        ças têm necessidades diferentes. Em uma
                      da aprendizagem do Sistema de Escrita          mesma turma, podemos ter uma criança
                      Alfabética, podemos dizer que a criança        que ainda não percebeu que para escrever




08                                                                                        unidade 07
é preciso usar letras e não as conhece; e     bético, e a outra metade pode participar de
outra criança que compreende o funcio-        jogos ou de uma atividade de reflexão sobre   No “Caderno de
namento do sistema de escrita lê e escreve    a escrita de palavras, com foco em dificul-   Educação Especial
                                                                                            - a alfabetização
com autonomia. Nesse contínuo, há graus       dades ortográficas.                           de crianças com
                                                                                            deficiência: uma
bastante variados de conhecimento. Desse
                                              Tal tipo de organização pode ser interes-     proposta inclusi-
modo, mesmo sabendo que há atividades                                                       va” são discutidas
                                              sante porque, como parte da turma pode        estratégias de
que são comuns, mas promovem aprendi-                                                       atendimento
                                              realizar as atividades com mais autonomia,
zagens distintas, é preciso pensar que al-                                                  às crianças com
                                              a professora pode dar mais atenção aos que    necessidades
gumas atividades específicas para atender                                                   educacionais
                                              estão precisando de maior apoio para a re-    especiais.
às necessidades particulares das crianças
                                              alização das atividades Na formação desses
podem favorecer muito a apropriação dos
                                              diferentes grupamentos e na realização de
conhecimentos. Por exemplo, a professora
                                              atividades diversas, é importante lembrar
pode, em um primeiro momento, realizar
                                              que o professor deve contemplar os alunos
a leitura de um livro para toda a turma e
                                              com deficiência, incluindo-os nos grupo.
conversar sobre o texto, possibilitando
a socialização de saberes e impressões        Para conduzir os estudantes de modo a pro-
sobre a história, mas, em outro momento,      mover situações que propiciem aprendiza-
dividir a turma, solicitando que uma parte    gens a todos por meio de diferentes tipos
dos estudantes, em pequenos grupos,           de atividades, o docente precisa conhecer
trabalhe na releitura do texto e escrita      bem o objeto de ensino, saber o que seus
da história com um desfecho diferente,        alunos sabem ou não sabem sobre esse
com a proposta de que, no final da aula, a    objeto, e quais atividades podem ajudar os
turma vai ouvir todos os desfechos criados.   estudantes a construir diferentes conheci-
A outra parte da turma pode ser dividida      mentos sobre ele.
em grupos, para participar de um jogo ou
para realizar uma atividade de reflexão
sobre a escrita de palavras ou comparação
de palavras quanto às semelhanças sono-
ras e gráficas. Em outro dia, a professora
pode inverter os grupos e, após a leitura
em grande grupo e conversa com a turma,
pedir que metade da turma produza, em
grupo, outro desfecho para as histórias,
estimulando suas tentativas de escrita,
mesmo que não dominem o sistema alfa-




unidade 07                                                                                         09
Concordando com tal perspectiva, Goigoux          coletivamente, fazia intervenções variadas,
     (2002) alerta, em relação ao ensino da            que favoreciam diferentemente as crianças.
     leitura, que o bom orientador da apren-
                                                       Dentre as estratégias adotadas por Madame
     dizagem dos alunos deve (1) ter conheci-
                                                       M. podemos, neste momento, destacar o
     mento do objeto de estudo, (2) saber como
                                                       reconhecimento coletivo da palavra. Pode-
     se dá o processo do aluno em aprender a
                                                       -se, nesses casos, pedir que as crianças
     ler e (3) saber guiar a atividade do aluno
                                                       encontrem determinada palavra em meio
     (autorreflexão do aluno sobre o caminho
                                                       a outras palavras. Se tal solicitação for feita
     e operações do professor no processo de
                                                       no grande grupo, provavelmente as crianças
     ensinar a leitura).
                                                       que já têm mais conhecimentos podem se
     Em uma pesquisa sobre o ensino da leitura         antecipar e fazer a leitura da palavra. Isso,
     na alfabetização, Goigoux (2002) investigou       no entanto, não significa que as outras não
     a prática de uma professora, que foi chama-       tenham oportunidade de aprender, pois o
     da, na pesquisa, de Madame M. Os resul-           professor pode estimular as reflexões por
     tados indicaram que Madame M. conduzia            outras vias. Pode, por exemplo, direcionar
     um ensino sistemático da leitura. Ela, por        a atenção dos alunos para questões especí-
     exemplo, realizava trabalho coletivo em que       ficas, como perguntar qual é a letra inicial
     focalizava a atenção do estudante na unida-       da palavra, fazer a leitura de pedaços da
     de da palavra: reconhecimento coletivo da         palavra, ou comparar palavras quanto a
     palavra, explicitação de palavras já reconhe-     semelhanças gráficas e sonoras.
     cidas, validação da conclusão dos alunos
                                                       Tais reflexões podem ser bastante úteis
     na identificação das palavras pelo grupo,
                                                       para crianças que estejam ainda em etapas
     decodificação grafofonológica, em que ela
                                                       iniciais de compreensão sobre o sistema
     auxiliava na localização da palavra escrita e
                                                       de escrita. Mesmo que essas crianças não
     a identificação dos espaços entre as palavras
                                                       respondam às questões feitas, elas são fa-
     e o sentido da leitura, incentivando a leitura
                                                       vorecidas pelas respostas dos colegas. Mas
     até a última sílaba da palavra; orientava o re-
                                                       não é interessante que as situações didáti-
     conhecimento das letras; guiava a segmen-
                                                       cas sejam sempre desse modo. O professor
     tação das palavras em letras e em sílabas,
                                                       pode, após uma atividade coletiva do tipo
     por meio da análise destas; guiava a conver-
                                                       aqui exemplificada, dividir a turma em
     são de grafemas em fonemas; orientava a
                                                       grupos e pedir que as crianças realizem o
     fusão entre fonemas, sílabas etc. Portanto, a
                                                       mesmo tipo de reflexão em atividades nas
     professora fazia um trabalho no qual media-
                                                       quais tenham que parear palavras com par-
     va as relações entre as crianças e os objetos
                                                       tes semelhantes (pode entregar as figuras
     de aprendizagem e, embora trabalhando




10                                                                           unidade 07
para que eles façam o pareamento e depois         um trabalho com vistas a levar os alunos
solicitar que tentem escrever as palavras).       a se apropriarem da escrita alfabética no
Desse modo, as reflexões feitas em grande         final do 1º ano do Ensino Fundamental.
grupo podem ser um ponto de partida para          Neste caso, é preciso salientar que as
outras atividades, em pequenos grupos ou          crianças, que ao final do ano não tinham
individuais, nas quais as crianças tenham         atingido os conhecimentos necessários
mais tempo para pensar nas questões su-           para que pudessem realizar com autono-
geridas, já que não terão os colegas que já       mia leitura e escrita de palavras e textos,
dominam este conhecimento para respon-            não foram retidas. Elas prosseguiram na
der a atividade proposta.                         escolarização e deram continuidade aos
                                                  avanços de aprendizagem que já estavam
Albuquerque e Cruz (2009), também
                                                  fazendo no primeiro ano.
realizando pesquisa sobre prática docente,
analisaram a relação entre a prática de           Para concluirmos as reflexões expostas
alfabetização de uma professora que lecio-        neste texto, não podemos deixar de salien-
nava no 1º ano do Ensino Fundamental e            tar que os dados das pesquisas apontam
a aprendizagem dos alunos de seis anos,           quatro questões fundamentais para refle-
no que se refere ao ensino da leitura e da        tirmos sobre o tema da heterogeneidade
escrita, considerando a heterogeneidade           em sala de aula:
da turma.
As autoras verificaram que, desde o início
do ano letivo, a professora realizava ativida-      1. as crianças iniciam o ano letivo
                                                      com diferentes conhecimentos e
des de reflexão, envolvendo diferentes uni-           capacidades;
dades linguísticas: palavras, sílabas e letras,     2. é papel do professor diagnosticar o que
sem deixar de contemplar atividades de                as crianças sabem ou não sabem sobre o
leitura e produção de textos. Ela realizava,          que ele pretende ensinar;

em alguns momentos, atividades em grande            3. mesmo quando chegam ao final do ano
                                                      sem dominar os conhecimentos que o
grupo, e em outros, fazia atendimento di-             professor buscou ensinar, as crianças
versificado aos alunos por meio da formação           têm agregado saberes; é preciso
de grupos, com atividades diferenciadas.              identificar não apenas o que elas não
                                                      aprenderam, mas também o que elas
No caso dessa professora, cerca de 87% das            aprenderam, e valorizar suas conquistas;
crianças de sua turma terminaram o ano              4. o diagnóstico sobre o que as crianças
alfabéticos e produzindo histórias.                   sabem ou não sabem deve servir para o
                                                      planejamento das estratégias didáticas
Esse tipo de pesquisa é importante por                e não para a exclusão das crianças.
mostrar que é possível, sim, desenvolver




unidade 07                                                                                       11
Em relação ao primeiro aspecto citado, é         muitas vezes, receberem explicitamente
     importante destacar que as crianças iniciam      informações sobre os nomes das letras.
     o ano letivo com diferentes conhecimentos
                                                      Além dessas situações, há crianças que
     e capacidades, não apenas em relação ao
                                                      participam de situações em que os fami-
     Sistema de Escrita Alfabética, mas também
                                                      liares ou colegas do bairro mostram seus
     em relação a outros conteúdos escolares.
                                                      nomes e dizem com que letras são escritos,
     Muitas vezes, atribui-se tais diferenças         ou mesmo leem nomes de estabelecimen-
     apenas a questões individuais, geralmente        tos comerciais. Há, ainda, situações em
     cognitivas ou comportamentais, entre as          que determinados grupos brincam com a
     crianças. No entanto, tais diferenças são re-    decomposição de palavras ou as semelhan-
     sultantes de diversos fatores. O percurso de     ças sonoras entre as palavras, e as crianças
     vida é uma delas. Há crianças que recebem        vivenciam ou presenciam tais brincadeiras,
     informações qualificadas sobre a escrita         como “o jogo de mãos“, em que uma música
     desde muito novas, enquanto outras não           vai sendo cantada, pausadamente, e a cada
     têm tal tipo de oportunidade. Por exemplo,       palavra ou sílaba é feito um movimento com
     há, em certos ambientes familiares, brin-        as mãos, em dupla de crianças. Algumas
     cadeiras que introduzem as crianças no           também aprendem “trava-línguas”, em
     mundo da escrita, como, por exemplo, leitu-      que os participantes são desafiados a dizer
     ra de textos literários infantis. As crianças,   trava-línguas sem “enrolar a língua”; ou
     nessas situações, além de se familiarizarem      vivenciam cantorias de músicas rimadas.
     com o universo da literatura e desenvolve-       Há também as brincadeiras com escrita de
     rem estratégias de compreensão de textos,        palavras, como a “adedonha”, na qual é sor-
     também entram em contato com o título,           teada uma letra e os participantes precisam
     podendo começar a identificar como são           dizer ou escrever palavras começadas pela
     iniciadas as palavras, os nomes dos persona-     letra sorteada; a “forca”, na qual alguém
     gens. O fato de folhearem tais livros promo-     pensa em uma palavra, diz quantas letras
     ve a familiarização com as letras, além de,      têm e as outras pessoas precisam adivinhar,




12                                                                         unidade 07
dizendo letras para preencher as lacunas da   pelas comunidades, para valorizá-las e
palavra; ou a brincadeira “na barca com”,     articular da melhor maneira possível o
em que alguém diz uma palavra e o partici-    que as crianças aprendem na escola com
pante seguinte precisa dizer outra palavra    o que aprendem fora dela. Tal atitude dá
que comece com a última letra da palavra      à criança mais segurança e, ao sentir-se
dita; dentre outras. Em suma, as crianças     valorizada, ela se mostra mais disponível
têm diferentes experiências com a escrita     para novas aprendizagens.
brincando ou participando de atividades do
                                              Ressaltamos, também, que o fato de mui-
mundo social, que não têm como propósito
                                              tas crianças chegarem à escola com poucas
original ensinar a ler e a escrever.
                                              informações sobre a escrita não pode ser
Tais tipos de experiência favorecem a al-     usado como explicação para a não apren-
fabetização, mas a pouca incidência delas     dizagem. Cabe à escola favorecer muitas e
entre outros grupos não pode ser consi-       variadas situações de contato com a escrita
derada como uma “deficiência ou falta de      para que elas se familiarizem. É preciso,
cultura”. As crianças podem não ter tais      portanto, planejar o ensino, considerando
experiências, mas, certamente, vivencia-      que as crianças chegam a essa instituição
ram outras experiências também ricas.         tendo percorrido diferentes caminhos e
Infelizmente, nem sempre essas outras         que cabe à escola garantir que seus direitos
experiências são valorizadas. É preciso       de aprendizagem sejam atendidos.
conhecer as práticas culturais vivenciadas

Referências:


ALBUQUERQUE, Eliana Borges Correia de; CRUZ, Magna do Carmo Silva. Práticas diver-
sificadas de ensino da leitura e da escrita: a heterogeneidade em questão. In: Anais do
19º EPENN - Encontro de Pesquisadores do Norte e Nordeste, 2009. João Pessoa : 2009.
CD-ROM, V. único.
COUTINHO-MONNIER, Marília L. Práticas de alfabetização com uso de diferentes manu-
ais didáticos: o que fazem professores no Brasil e na França? O que os alunos aprendem?
2009. Tese de (Doutorado em Educação). Universidade Federal de Pernambuco, Recife,
2009.
GOIGOUX, R. Analyser l’activé d’enseignement de la lecture: une monographie. Revue
Française de Pedagogie, Paris, nº. 138, p. 125-134, janvier, février, mars, 2002.




unidade 07                                                                                   13
Planejando o ensino para todos:
     diversificação no trabalho docente
     Telma Ferraz Leal
     Eliana Borges Correia de Albuquerque
     Magna do Carmo Silva Cruz




     Como discutimos anteriormente, no             em que tais fenômenos foram constatados.
     primeiro texto deste caderno, a hetero-       Um exemplo claro foi descrito pela pesqui-
     geneidade é um fenômeno intrínseco ao         sadora Oliveira (2010).
     fenômeno educativo. Jamais teremos uma
                                                   A autora acompanhou nove professoras,
     turma de alunos iguais, com as mesmas
                                                   escolhidas aleatoriamente, por meio de
     experiências anteriores, mesmos interes-
                                                   observação de aulas e realização de en-
     ses, mesmos conhecimentos. Obviamente,
                                                   trevistas. Ela apontou que a maioria das
     em algumas turmas essa heterogeneidade
                                                   atividades e orientações propostas pelas
     é maior que em outras. Nesses casos, a
                                                   professoras contribuiu com o avanço das
     atenção do professor às diferentes neces-
                                                   crianças que estavam em mais “vantagem”
     sidades, no momento de planejamento,
                                                   no aprendizado, em relação aos outros da
     deve ser maior. O princípio é o de garantir
                                                   turma. Muitas atividades eram realizadas
     os direitos de aprendizagem a todos. Não
                                                   em situações que não favoreciam a par-
     podemos conduzir as aulas como se as
                                                   ticipação das crianças em níveis iniciais
     crianças que não detêm os conhecimentos
                                                   de apropriação da escrita e da leitura.
     desejados não estejam em sala, nem pode-
                                                   Geralmente as atividades eram coletivas e
     mos esquecer das crianças que estão com
                                                   individuais, com pouquíssimas interven-
     conhecimentos mais avançados em relação
                                                   ções das professoras. Frequentemente,
     ao que está sendo ensinado.
                                                   as crianças que já tinham autonomia na
     Ao alertarmos acerca da necessidade de        escrita respondiam às atividades e as
     não deixar de atender nem aos que já de-      demais copiavam ou esperavam a reso-
     têm muitos conhecimentos, nem aos que         lução coletiva. Na resolução coletiva não
     não os detêm, expressamos uma preocu-         havia reflexão sobre a natureza dos erros
     pação resultante de observações de aula       dos alunos. Outro aspecto salientado pela




14                                                                     unidade 07
pesquisadora foi que não havia, por parte      ano do Ensino Fundamental que tinha, em
das professoras, estratégias de mediação       sua turma, crianças que não dominavam o
que promovessem a cooperação entre as          sistema de escrita. Foram observadas oito
crianças.                                      aulas nas quais a sequência foi desenvol-
                                               vida.
Como pode ser observado, os resultados
dessa pesquisa contrastam com os dados         Inicialmente, podemos refletir sobre a si-
discutidos anteriormente, no primeiro          tuação da professora que, ao assumir uma
texto deste caderno. Naquele artigo, Albu-     turma de quarto ano do Ensino Funda-
querque e Cruz (2009) e Goigoux (2002)         mental, encontrou crianças que ainda não
analisaram práticas em que as professoras      tinham alcançado uma hipótese alfabética.
tinham sensibilidade para lidar com as
                                               Este fenômeno, infelizmente, não é inco-
diferenças entre as crianças. Coutinho-
                                               mum na realidade brasileira. Em muitas
-Monnier (2009) também mostrou os
                                               de nossas escolas isso é uma realidade,
casos de duas professoras que atendiam
                                               resultado das condições precárias de es-
às necessidades específicas das crianças.
                                               colarização das crianças, que não tiveram
Tal sensibilidade, sem dúvida, resulta de
                                               seus direitos de aprendizagem garantidos.
um engajamento compromissado delas,
                                               Podemos perguntar: quais foram as medi-
mas também se relaciona a conhecimentos
                                               das tomadas, anteriormente, para ajudar
acumulados, como foi discutido, acerca do
                                               essas crianças a progredirem em suas
que estava sendo ensinado, das melhores
                                               aprendizagens? Quais foram as experiên-
estratégias para ensinar e das estratégias
                                               cias vivenciadas por essas crianças durante
de avaliar as crianças. Tanto nas atividades
                                               todos esses anos na escola? O que fazer
coletivas, quanto nas atividades em grupo
                                               para que tal realidade não seja mais um
e individuais é possível conduzir mediação
                                               fenômeno comum em nossas escolas?
favorável à aprendizagem de todos.
Silveira e Aires (2008), com o propósito
de analisar práticas docentes com foco no
tratamento dado à heterogeneidade, tam-
bém verificaram a existência de estratégias
produtivas para lidar com as diferenças
quanto às necessidades de aprendizagem.
A pesquisa objetivou analisar situações de
produção de textos em uma sequência di-
dática conduzida por uma professora do 4º




unidade 07                                                                                   15
Sem dúvida, não é essa heterogeneidade         Ela realizava atividades de reflexão
                       que estamos definindo como sendo intrín-       sobre palavras para que elas aprendes-
                       seca ao processo educativo, pois, nesta eta-   sem o Sistema de Escrita Alfabética, em
                       pa de escolarização, não deveríamos mais       momentos específicos das aulas e, em
                       ter crianças não alfabetizadas. No entanto,    outros momentos, integrava-as nas outras
                       também não podemos achar natural que           atividades. Foram observadas várias es-
                       tal problema seja resolvido simplesmente       tratégias que viabilizaram a participação
                       pela reprovação, como tem acontecido em        das crianças. Como o foco da pesquisa era
                       muitas escolas brasileiras. Os dois tipos      produção de textos, as autoras analisa-
                       de encaminhamento são cruéis para os           ram como se dava a participação dessas
                       estudantes. Tanto a reprovação, quanto a       crianças, se elas não sabiam escrever com
                       progressão sem aprendizagem são prejudi-       autonomia, em situações de produção de
                       ciais e destroem a autoestima das crianças,    textos escritos. Algumas dessas estraté-
                       além de retardar o seu acesso a diferentes     gias serão aqui citadas.
                       práticas culturais em que a escrita faz-se
                                                                      A docente, em algumas atividades, forma-
                       presente. A responsabilidade pelas crian-
                                                                      va duplas mistas, de modo que a criança
                       ças é de todos que compõem a escola e a
                                                                      alfabetizada fazia o registro do texto e a
                       Rede de Ensino.
                                                                      outra contribuía na decisão sobre o que
                       No caso em questão, a professora recebeu       seria dito e como seria dito. Um exemplo
      Nos cadernos     em sua sala do quarto ano seis crianças não    descrito foi em uma aula em que as crian-
       da unidade 8
      o processo de    alfabetizadas. A atitude da professora foi     ças estavam escrevendo reportagens para
        progressão,
  defendendo-se a
                       de que, se as crianças estavam lá, tinham      colocar no jornal mural da escola. As pes-
    necessidade de     que ser atendidas e as aprendizagens pre-      quisadoras relataram um episódio durante
envolver toda a es-
 cola na aprendiza-    cisariam acontecer. Ela, então, assumiu a      a realização da atividade vivenciado pelos
  gem das crianças
é um dos temas de
                       responsabilidade de educadora e resolveu       alunos Yago e Kátia.
          discussão.   criar condições favoráveis de aprendiza-
                                                                      Yago, que não era alfabético, dava opiniões
                       gem para as crianças, mas seria muito mais
                                                                      sobre partes do texto. Kátia se mostrava
                       produtivo se, além dos encaminhamentos
                                                                      bastante motivada, discutindo sobre o que
                       da professora, houvesse, também, algum
                                                                      eles diriam, como eles diriam e assumindo
                       tipo de atendimento complementar,
                                                                      a tarefa de registrar o texto. O interessante
                       organizado pela escola ou pela Secretaria
                                                                      é que, mesmo não sendo esse o objetivo da
                       de Educação.
                                                                      atividade, em alguns momentos ela tentava
                       Como foi explicado, a docente decidiu          ajudá-lo, inclusive, na ação de ler o texto
                       dar atenção especial a essas crianças.         que estava sendo escrito:




16                                                                                         unidade 07
namento, o colega dizia que a contribuição
  K:	      “D” com “O”, como é que faz?          tinha sido de Edvaldo. Esta atitude também
  Y: 	     “DO”.                                 demonstra que a turma tinha interioriza-       Na unidade 1 são
                                                                                                discutidos princí-
                                                 do alguns valores importantes para a vida      pios relativos ao
  K: 	     Sim, agora “L”, “U”?                  coletiva, em lugar de cultivar a competição,   currículo para in-
                                                                                                clusão e os valores

  Y:	“LU”.                                       tão presente em nossa sociedade.               a ele intrínsecos.



  K:	Lu...gar.                                   Outra estratégia da docente era dividir a
                                                 turma, deixando as crianças não alfabéti-
                                                 cas no mesmo grupo. Em uma das aulas,
                                                 após a leitura do texto, os alunos alfabé-
                                                 ticos foram encaminhados para a aula de
Atitudes como a de Kátia eram valoriza-
                                                 informática para produzir um texto sobre
das pela professora que, em sala de aula,
                                                 a temática tratada (uma reportagem sobre
reiteradas vezes, dizia aos alunos que eles
                                                 animais). As crianças não alfabetizadas
precisavam trabalhar juntos e que um
                                                 ficaram em grande grupo com a mediação
podia ajudar o outro. Ela sempre estimula-
                                                 da professora, que assumiu a função de
va a cooperação, a solidariedade, a dispo-
                                                 escriba do texto. Foi observado, nesta aula,
nibilidade para ajudar. Nesta aula citada,
                                                 que algumas crianças não alfabetizadas,
ela passava nas duplas e perguntava se as
                                                 que não conseguiam falar diante do grupo
crianças estavam se ajudando.
                                                 classe, neste grupo menor, ficavam mais à
A produção coletiva foi outro tipo de ativida-   vontade e davam mais contribuições.
de que inseria as crianças não alfabéticas no
                                                 Conforme dito anteriormente, essa
trabalho de produção de textos. Na aula em
                                                 professora também fazia atendimento
que houve produção coletiva, foi observado
                                                 individualizado aos alunos não alfabéti-
que alguns alunos não alfabéticos partici-
                                                 cos. Nesses momentos, suas intervenções
param da criação do texto. Yago dava muitas
                                                 também focavam aspectos relativos ao
sugestões. Algumas vezes, a professora até
                                                 registro dos textos, ou seja, à aprendiza-
precisava pedir que ele deixasse outras
                                                 gem do Sistema de Escrita Alfabética.
crianças colaborarem. Edvaldo, que era
outra criança não alfabetizada e que tinha       Enfim, as observações feitas nas aulas dessa
dificuldades de se expressar em público, fa-     professora mostram o quanto é possível e
lava baixinho para o colega do seu lado, que     desejável favorecer situações coletivas em
passava para a turma as sugestões. Quando        que crianças com diferentes necessidades
a professora comentava essas respostas,          podem participar e aprender. No entanto,
seja elogiando ou fazendo algum questio-         salientamos que, em se tratando da apren-




unidade 07                                                                                              17
dizagem do Sistema de Escrita Alfabética, muitas vezes é necessário realizar atividades mais
     direcionadas às reflexões sobre tal conteúdo.
     Para discutirmos um pouco mais tais questões, podemos nos concentrar no relato apre-
     sentado pela professora Sheila Cristina da Silva Barros, do 2º ano da Escola Municipal
     Ubaldino Figueirôa (Jaboatão-PE):




               Entre os meses de maio e junho, vivenciamos a sequência didática
               sobre o gênero tirinhas, adaptada do livro “Diversidade textual:
               propostas para a sala de aula” (MENDONÇA, 2008). A sequência está
               organizada em 9 momentos contemplando atividades que envolvem
               os eixos de leitura e escrita. O primeiro momento consistiu na entre-
               ga de imagens dos personagens da Turma da Mônica; com o alfabeto
               móvel, os alunos montaram o nome do personagem e escreveram
               uma frase sobre o mesmo. Em seguida, realizaram a socialização. No
               segundo momento, em duplas, leram uma tirinha e depois realiza-
               mos uma roda de conversa sobre esse gênero (suportes, finalidade,
               recursos gráficos). No terceiro momento, organizados em duplas,
               os alunos receberam tirinhas de um dos personagens da Turma
               da Mônica e escreveram as características dos mesmos. No quarto
               momento, observamos tirinhas com a presença de onomatopeias,
               alguns tipos de balões e outros símbolos característicos do gênero
               e discutimos a importância desses recursos para a compreensão do
               texto. depois realizamos uma atividade na ficha, sobre os tipos de
               balões. No quinto momento, os alunos receberam tirinhas recortadas
               para organizarem. No sexto momento, realizamos atividade de com-
               preensão textual em dupla. O sétimo e o oitavo momentos foram de
               produção textual. O nono momento foi a confecção de livro com as
               tirinhas produzidas. O terceiro momento foi um dos momentos mais
               proveitosos da sequência, pois trabalhamos em duplas de acordo
               com o nível dos alunos. Para os que ainda não estavam no nível
               alfabético foi proposta uma atividade na qual os mesmos realizaram
               um grande esforço para escreverem frases sobre os personagens da
               Turma da Mônica, com o auxílio do alfabeto móvel. Com os alunos
               alfabéticos, trabalhamos mais as questões ortográficas. A socializa-




18                                                                        unidade 07
ção desse momento também foi muito apreciada pelos alunos. Essa
          sequência também foi muito boa para trabalhamos um pouco mais a
          habilidade de inferir dos alunos, visto que essa é uma dificuldade que
          mesmo os alunos mais avançados apresentam. Diante do desempe-
          nho dos alunos nessas atividades, pudemos planejar outras que possi-
          bilitaram o desenvolvimento.  




O relato de Sheila mostra que ela reali-     registrar as palavras. Estando em duplas,
zou as mesmas atividades com todas as        podem socializar conhecimentos. Obvia-
crianças em todas as aulas, com exceção      mente, as escritas serão diferentes, porque
do terceiro momento. No entanto, mesmo       as duplas têm conhecimentos diferentes
sendo uma mesma atividade, houve favore-     sobre o sistema de escrita. O professor, nes-
cimento de aprendizagens diferentes.         sa situação, é um mediador que pode ajudar
Por exemplo, no primeiro momento eles        as duplas, problematizando, dando infor-
precisavam escrever os nomes dos perso-      mações, estimulando a reflexão. O uso das
nagens e frases que os caracterizassem. A    letras móveis também é uma boa estratégia,
Turma da Mônica é um gibi que é bastante     pois dá maior mobilidade às crianças que
conhecido e que, via de regra, agrada às     estão em níveis iniciais de escrita, uma vez
crianças. Caracterizar esses personagens     que elas podem fazer várias tentativas, sem
é uma atividade que contribui, inclusive,    precisar ficar apagando as letras.
para a compreensão dos textos em que tais
                                             No segundo momento, houve uma atividade
personagens aparecem, pois uma das ca-
                                             de leitura de tirinhas. Como havia na turma
racterísticas das histórias em quadrinhos
                                             crianças que não dominavam, ainda, os co-
e tirinhas é que são engraçadas justamente
                                             nhecimentos sobre o sistema de escrita, nem
porque brincam com características dos
                                             todos conseguiam ler o texto integralmente.
personagens que representam, de modo
                                             No entanto, as crianças podiam se sentir
exagerado, características das pessoas na
                                             encorajadas a tentar, porque os textos eram
vida real.
                                             curtos e as imagens ajudavam a constituir os
Escrever os nomes e as características       sentidos do texto. Além disso, como se disse
também é uma boa atividade para o ensi-      antes, elas também estavam em duplas, de
no do sistema alfabético, pois as crianças   modo que podiam ter o apoio uma da outra.
precisam mobilizar o que já sabem e tentar




unidade 07                                                                                   19
Uma situação um pouco mais complexa,          grande grupo, mas tais atividades possibi-
     mas que também envolvia leitura, foi          litavam que crianças com diferentes reper-
     realizada no quinto momento. As tirinhas      tórios de conhecimentos aprendessem nas
     estavam recortadas e as crianças precisavam   situações. Como já foi dito, além dessas
     colocar em ordem. Para isso, precisavam ler   situações, as que se organizam em peque-
     os quadrinhos, tendo como apoio a imagem.     nos grupos, com atividades diversificadas,
                                                   também são necessárias ao tratarmos da
     Enfim, a professora Sheila, assim como
                                                   heterogeneidade dos grupos.
     outras professoras, realizava atividades em



     Referências
     ALBUQUERQUE, Eliana Borges Correia de; CRUZ, Magna do Carmo Silva. Práticas diver-
     sificadas de ensino da leitura e da escrita: a heterogeneidade em questão. In: Anais do
     19º EPENN - Encontro de Pesquisadores do Norte e Nordeste, 2009. João Pessoa: 2009.
     CD-ROM, 2009. V. único.
     COUTINHO-MONNIER, Marília L. Práticas de alfabetização com uso de dife-
     rentes manuais didáticos: o que fazem professores no Brasil e na França? O que os
     alunos aprendem? 2009. Tese de( Doutorado em Educação). Universidade Federal de
     Pernambuco, Recife, 2009.
     GOIGOUX, Roland. Analyser l’activé d’enseignement de la lecture: une monographie.
     Revue Française de Pedagogie, local, n.138, p.: 125-134, mês 2002.
     MENDONÇA, Márcia (coord.). Diversidade textual: propostas para a sala de aula.
     Recife: MEC/CEEL, 2008.
     OLIVEIRA, Solange Alves de. Progressão das atividades de língua portuguesa
     e o tratamento dado à heterogeneidade das aprendizagens: um estudo da
     prática docente no contexto de ciclos. 2010. Tese (Doutorado em Educação). Programa
     de Pós-graduação em Educação. Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2010.
     SILVEIRA, Renata da Conceição; AIRES, Vera Lúcia de Oliveira. Produção de textos
     por alunos não alfabetizados. 2008. Trabalho de Conclusão de Curso de Pedagogia.
     Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2008.




20                                                                     unidade 07
Compartilhando


Direitos de aprendizagem:
componente curricular Arte


Na década de 1980, com a redemocratiza-     especificidades (objetivos de ensino,
ção do país, eclodiram, no cenário nacio-   conteúdos de estudos, metodologia e
nal, as associações de arte-educadores      sistema de avaliação).
e cursos de pós-graduação (lato sensu
                                            Foi nesse contexto de luta que, em 20 de
e stricto sensu), fazendo surgir novas
                                            dezembro de 1996, os arte-educadores
reflexões sobre o ensino de arte e novas
                                            brasileiros conquistaram a obrigatorie-
concepções para o processo de ensino-
                                            dade do ensino de arte para toda a Edu-
-aprendizagem de arte no âmbito escolar.
                                            cação Básica, através da promulgação da
Em 1988, foi promulgada a Constituição      nova LDBEN, de n° 9.394, que, depois de
Brasileira, iniciando-se, logo em se-       quase uma década, revogou as disposições
guida, discussões sobre a nova LDBEN.       anteriores e consagrou, oficialmente, a
Em três de suas versões, foi retirada a     concepção de ensino de arte como conhe-
obrigatoriedade do ensino de arte nas       cimento, ao explicitar que o ensino de arte
escolas. Organizados, os arte-educado-      deverá promover, entre outros aspectos, o
res protestaram, convictos da impor-        desenvolvimento cultural dos alunos.
tância da arte para a formação do aluno.
                                            Nessa direção, o objetivo do ensino da
Iniciou-se, aí, uma longa luta política e
                                            Arte na Educação contemporânea
conceitual dos arte-educadores brasi-
                                            reside na ideia de reforçar e valori-
leiros para tornar a arte uma disciplina
                                            zar a herança cultural, artística
curricular obrigatória, com todas as suas
e estética dos alunos, além de ampliar         visuais formam os pressupostos sócio-
     seus olhares e escutas sensíveis, e for-       -filosóficos e didático-metodológicos que
     mas expressivas através de experiências        orientaram a concepção e sistematização
     estéticas e poéticas com base nas inter-       do quadro de direitos de aprendizagens
     -realidades que eles conhecem ou possam        da área de arte no âmbito deste Programa
     vir a conhecer.                                Nacional de Alfabetização.
     As tendências atuais do ensino da arte         É importante lembrarmos que são apre-
     no Brasil, em consonância com as pers-         sentadas neste quadro as aprendizagens
     pectivas internacionais, vêm indicando a       gerais da área de arte, como sugestão de
     partir de diferentes estudos e pesquisas,      um caminho possível por meio do qual se
     entre outros princípios, a concepção           elaborem os currículos e a práxis pedagó-
     de Arte como conhecimento, que está            gica em arte. No entanto, o mesmo indica
     baseado na interculturalidade, na inter-       que é preciso garantir as aprendizagens
     disciplinaridade e na aprendizagem dos         específicas das linguagens da dança,
     conhecimentos artísticos, a partir de uma      do teatro, das artes visuais e da música,
     abordagem epistemológica do ensino da          as quais possuem suas epistemologias
     arte, que defende a ideia que arte se en-      próprias, de modo a contemplar também
     sina e se aprende. No caso brasileiro, tal     a aprendizagem da Arte e da cultura da
     concepção, no que tange particularmente        África, dos afrodescendentes e dos indíge-
     às artes visuais, é inicialmente divulgada     nas, conforme garantido pelas Leis de nº
     na Abordagem Triangular do Ensino da           10.639/2003 e 11.645/2008.
     Arte. Essa abordagem foi sistematiza
                                                    No quadro abaixo estão expostas sugestões
     pela professora Ana Mae Barbosa e suas
                                                    acerca de como tratar a progressão de cada
     colaboradoras na década de 1980, a partir
                                                    direito durante o ciclo de alfabetização. A
     das atividades educativas desenvolvidas
                                                    letra I será utilizada para indicar que aque-
     no Museu de Arte Contemporânea, da
                                                    le direito deve ser introduzido na etapa es-
     Universidade de São Paulo. A referida
                                                    colar indicada; a letra A indicará que a ação
     abordagem defende a aprendizagem
                                                    educativa deve garantir o aprofundamento;
     dos conhecimentos artísticos a partir
                                                    e a letra C indica que a aprendizagem deve
     da inter-relação entre o fazer, o ler e o
                                                    ser consolidada no ano indicado.
     contextualizar arte.
     Neste sentido, a interculturalidade e as
     interconexões entre as diferentes lingua-
     gens da arte – teatro, música, dança e artes




22                                                                       unidade 07
Direitos gerais de aprendizagem: Arte                                        Ano 1   Ano 2   Ano 3
 Compreender a arte como um conhecimento produzido socialmen-
 te, em diferentes contextos históricos e culturais da humanidade.            I/A     A       C

 Reconhecer a importância social da arte na sociedade e na vida
 dos indivíduos.                                                              I/A     A       C

 Vivenciar experiências educativas nas linguagens da dança, tea-
 tro, artes visuais e música.
                                                                             I/A/C   A/C      C

 Vivenciar processos educativos de diálogo interdisciplinar da arte
 com diferentes áreas de conhecimento e de diálogo interterrito-
 rial das diferentes linguagens artísticas, inclusive com as novas           I/A/C   A/C      C
 tecnologias.

 Conhecer a vida e obra de diferentes artistas das linguagens
 da dança, teatro, artes visuais e música, da comunidade local e
 da região, como, também, com artistas de expressão nacional e                I/A    A/C      C
 internacional, das mais diferentes partes do mundo, de diferentes
 épocas, estilos, gêneros, e etnias.

 Conviver e acessar fontes vivas de produção da arte.                        I/A/C   A/C      C

 Identificar no cotidiano a produção e produtores artísticos de
 circulação social em diferentes ambientes.                                  I/A/C   A/C      C

 Ler, apreciar e analisar criticamente diferentes objetos artísticos e
 manifestações da arte na sociedade.
                                                                             I/A/C   A/C      C

 Conhecer e reconhecer os elementos que constituem as lingua-
 gens artísticas a partir da leitura e análise de objetos artísticos.        I/A/C   A/C      C

 Conhecer, participar e visitar diferentes dispositivos e equi-
 pamentos culturais de circulação da arte e do conhecimento
 artístico, tais como: teatros, museus, galerias, feiras, ruas, festivais,   I/A/C   A/C      C
 livrarias, bibliotecas, centros históricos e culturais.

 Fazer arte na perspectiva da criação artística como pesquisa e
 investigação.                                                               I/A/C   A/C      C

 Conhecer, vivenciar e interagir com materiais, tecnologias, técni-
 cas, instrumentos e procedimentos variados em artes, experimen-
 tando-os de modo a utilizá-lo nos trabalhos pessoais e coletivos            I/A/C   A/C      C
 de criação artística.

 Pesquisar e organizar os diferentes conhecimentos artísticos, a
 partir de fontes variadas de informações.                                   I/A/C   A/C      C

 Respeitar, conviver, valorizar e dialogar com as diferentes produ-
 ções artísticas de circulação social.                                       I/A/C   A/C      C

I – Introduzir; A – Aprofundar; C - Consolidar.




unidade 07                                                                                           23
Dia Internacional da Mulher
     Professora: Sheila Cristina da Silva Barros
     Escola Municipal Ubaldino Figueirôa (Jaboatão-PE)
     Turma: 2º ano do Ensino Fundamental.




     Sugestão de planejamento:
     1º momento:
       •	 iniciar a discussão sobre o Dia Internacional da Mulher;
         Perguntas: Vocês sabem o que estamos comemorando no dia 08 de março? Esse dia é só
         comemorado no Brasil ou em outras partes do mundo? Por que vocês acham que existe um
         dia da mulher? Existe um dia para os homens também?
       •	 explorar a palavra internacional, por meio de pesquisa no dicionário;
       •	 realizar a leitura de um texto sobre o Dia Internacional da Mulher e discutir sobre as
          informações trazidas pelo texto (Leitura em voz alta por alguns alunos);
       •	 discutir sobre a situação atual da mulher na sociedade (explorar as informações presentes no
          texto com perguntas para os alunos):
         - direito ao voto, ao trabalho e a escolha da profissão; respeito às diferenças entre homens e
         mulheres.



     2º momento:

       •	 construir um cartaz sobre as mulheres;
         Os alunos irão pesquisar, em grupos de 4, imagens das mulheres nas diversas situações
         cotidianas. Cada grupo irá pesquisar uma figura. Em seguida, o professor irá orientar
         os alunos a construírem frases sobre o respeito e os direitos das mulheres (podem ser
         organizados grupos com crianças que estejam em níveis de escrita próximos, para favorecer
         as tentativas de descoberta de escrita).
       •	 fixar os cartazes na entrada da escola e receber os pais no horário da saída apresentando os
          trabalhos feitos.



     3º momento:
       •	 ler reportagens ou notícias sobre conquistas feitas por mulheres; discutir fazendo relações com
          a situação das mulheres retratada no texto que trata sobre o Dia Internacional da Mulher;
       •	 confeccionar uma flor para entregar a uma mulher importante em sua vida; escrever uma
          mensagem para ser entregue junto com a flor.




24                                                                                 unidade 07
Poemas em sala de aula
Professora: Ivanise Cristina da Silva Calazans
Escola Municipal Nova Santana (Camaragibe – PE)
Turma: 2º ano do Ensino Fundamental


1º momento:

 Expus na sala vários textos de diferentes gêneros; pedi que os alunos observassem e verificassem
 se conheciam alguns deles. A maioria conseguiu identificar o calendário, o convite, o bilhete e o
 poema.


2º momento:
 Após a conversação e o levantamento dos conhecimentos prévios, mostrei o livro “Rimas da •	
 floresta”. Apresentei o livro, mostrei que o livro tinha poemas. Circulei com o livro e, à medida
 que circulava, pedi aos alunos para observarem os animais, verificarem se conheciam alguns.
 Fiz a leitura de alguns poemas e discuti com o grupo.  


3º momento:
  Fiz a retomada do livro “Rimas da Floresta”. Após terminar a leitura, passei a mostrar no mapa
  o lugar onde o animal vivia. Foi muito interessante a empolgação e o envolvimento dos alunos.
  O primeiro poema que li foi “Cuidado com o peixe-boi!”, escolhido pelos alunos, pois fazia
  pouco tempo que os mesmos tinham participado da aula extraclasse na Estação dos Mamíferos
  Aquáticos. Ficou combinado que cada grupo escreveria um bilhete, sugerindo o poema da aula
  seguinte. A escolha seria por sorteio.




                                Rimas da floresta
                                Texto: José Santos
                                Imagem: Laurabeatriz
                                Editora: Peirópolis


             Com belas ilustrações, poesias e pequenos textos informativos, a obra “Rimas da
             floresta: poesia para os animais ameaçados pelo homem” nos dá a oportunidade de
             conhecer onze espécies da fauna brasileira, dentre as quais algumas estão ameaçadas
             de extinção. Você sabe quais são esses animais? Como eles são? Para podermos lutar
             pela sua sobrevivência, precisamos antes de tudo conhecê-los. São cinco mamíferos,
             quatro aves e dois répteis.




unidade 07                                                                                           25
Obras Complementares:
                   cada livro, uma viagem
                   Telma Ferraz Leal
                   Juliana Melo Lima




                   Como foi descrito na unidade 2, o MEC tem      Leal e Rodrigues (2011), ao analisarem os
                   distribuído materiais didáticos para auxi-     acervos distribuídos pelo PNLD – Obras
   Na unidade 2,
    são listados
                   liar no processo de alfabetização. Um dos      Complementares, agruparam os livros em
alguns materiais   Programas que tem tal objetivo é o PNLD        sete tipos de obras, que serão expostas a
    distribuídos
      pelo MEC.    – Obras Complementares. Neste programa,        seguir. No acervo de 2013, além dos sete
                   são distribuídos acervos de 30 livros para     agrupamentos descritos pelas autoras, são
                   as salas de aula dos anos iniciais. Em 2010,   encontrados também os textos literários e
                   foram distribuídos livros para as salas dos    história em quadrinhos. Desse modo, são
                   anos 1 e 2. Em 2013, a distribuição foi am-    contemplados nove tipos de obras comple-
                   pliada para as salas dos anos 1, 2 e 3.        mentares:
                   Os livros são diversificados quanto aos
                   gêneros textuais, quanto aos temas, quanto
                                                                  1. Livros de divulgação do saber
                   ao tamanho, complexidade de vocabulário,
                                                                  científico/obras didáticas
                   dentre outros. Nesse conjunto de livros,
                   podem ser encontradas obras que ajudam         Tais livros tratam de temas relativos aos
                   no processo de aprendizagem do siste-          diferentes componentes curriculares e
                   ma de escrita, obras que pelo tamanho e        propiciam condições para que, por meio
                   simplicidade podem servir para encorajar       de uma linguagem mais adequada ao pú-
                   as crianças a tentarem ler sozinhas, livros    blico infantil, mas com marcas dos textos
                   com textos maiores e mais complexos, que       de divulgação científica, as crianças se
                   precisam ser lidos pelos professores. En-      apropriem dos modos como tais textos se
                   fim, livros a serem usados com diferentes      organizam, suas finalidades, seus estilos.
                   propósitos com crianças com diferentes         No documento Acervos Complementa-
                   níveis de conhecimento.                        res: as áreas do conhecimento nos dois




26                                                                                    unidade 07
primeiros anos do Ensino Fundamental        professores, tanto por conterem conte-
(BRASIL, 2009), distribuído junto os        údos ricos, que ensinam sobre a vida em
acervos, é dito que:                        sociedade, quanto pelos tipos de recursos
                                            linguísticos que são usados, pois diferen-
“O estranhamento em relação a               tes conhecimentos e habilidades podem
essa espécie de texto que muitas            ser desenvolvidos por meio da leitura de
crianças sentem, quando avan-               biografias:
çam na escolaridade, decorre,
frequentemente, da falta de                 “Os textos narrativos, em que
familiaridade com sequências                são relatados acontecimentos
expositivas. A comparação entre             em torno de determinadas te-
as informações trazidas na obra             máticas, podem ser muito im-
e essas mesmas informações em               portantes para a familiarização
outros suportes textuais (ou-               com os recursos que garantem
tros livros, internet, jornal, o            a cronologia dos fatos, na pas-
próprio livro didático) é muito             sagem do tempo, típica da nar-
importante para que as crianças             ração. Os relatos, as biografias
aprendam a estabelecer relações             e os contos, que estão presentes
entre textos, como reconhecer               nos acervos, podem ser usados
um conteúdo comum a textos de               em atividades nas quais se pede
tipos ou gêneros diferentes, a              às crianças que produzam ou-
localizar informações, a parafra-           tras histórias, biografias e re-
sear (dizer algo de outro modo).”           latos com temáticas similares.
(BRASIL, 2009, p. 17)                       Na leitura, pode-se explorar as
                                            ações dos personagens, as rela-
                                            ções de causa e efeito, antece-
2. Biografias                               dência e consequência, a ordem
                                            em que os fatos acontecem. Nas
Nos acervos do PNLD – Obras Comple-
                                            biografias, podem ser promo-
mentares há biografias sobre artistas,
                                            vidas muitas reflexões sobre as
personagens históricos, dentre outros. As
                                            relações entre a vida da pessoa
biografias são obras com alta vendagem
e, frequentemente, são adaptadas para o
                                            biografada e o contexto em que
cinema ou a TV, dado o potencial que têm    a história aconteceu, com com-
para atrair públicos diversos. Na escola,   parações com outras biografias
as biografias enriquecem o trabalho dos     de pessoas que viveram na mes-




unidade 07                                                                               27
ma época. As obras de arte tam-               4. Livros de cantigas, parlendas,
     bém podem ser exploradas em                   trava-línguas, jogos de palavras
     atividades de leitura e escrita de            Atendendo ao princípio da promoção da
     biografias de artistas.” (BRA-                ludicidade no aprender, estão presentes
     SIL, 2009, p. 16)                             nos acervos os livros que brincam com as
                                                   palavras, tais como os livros com cantigas,
                                                   parlendas e trava-línguas, que são gêneros
     3. Livros instrucionais                       que circulam entre as pessoas, passando
     Os livros instrucionais são aqueles desti-    de uma geração a outra, muitas vezes por
     nados a ensinar a fazer alguma coisa ou a     meio da oralidade. São textos que consti-
     se comportar em determinados tipos de         tuem o nosso acervo cultural e promovem
     situações. Nos acervos do PNLD – Obras        a valorização da tradição oral, pois muitos
     Complementares, são encontrados vários        desses livros divulgam textos que foram
     tipos de livros instrucionais: coletânea      originados e difundidos por meio da ora-
     de experimentos, livro de receitas, livro     lidade. Além disso, tais obras colaboram
     de brincadeiras, livro de montagem de         para a aprendizagem do Sistema de Escrita
     brinquedos, livro que ensina a fazer dobra-   Alfabética:
     duras, livro que ensina a desenhar, livro
                                       “São livros interessantes, que
     que divulga textos jurídicos relativos aos
                                       instigam as crianças a estabele-
     direitos sociais (Declaração dos Direitos
                                       cerem relações entre palavras e
     das Crianças, Declaração dos direitos dos
                                       que possuem textos de fácil me-
     animais etc.). Tais livros:
                                       morização. Por outro lado, o fato
     “Podem ser usados em situações de muitos daqueles textos pas-
     reais, estimulando as crianças    sarem a ser conhecidos de cor,
     a voltar ao texto a cada etapa da pelas crianças, favorece a re-
     execução das atividades. Esses    flexão sobre as relações entre o
     textos, via de regra, ajudam a    que falamos e o que escrevemos.
     criança a familiarizar-se com a Com certeza, tanto nas situa-
     linguagem prática, com uso de     ções coletivas como nas de uso
     verbos no imperativo ou infini- individual, aqueles livros pode-
     tivo, organizados segundo uma     rão ajudar os alunos a perceber
     ordem cronológica de descrição que palavras que possuem sons
     de ações.” (BRASIL, 2009, p.      iguais compartilham, na maior
     15-16)                            parte dos casos, de uma mesma




28                                                                     unidade 07
seqüência de letras; identificar             que levantamos outras palavras
que se mudamos uma(s) letra(s)               que se iniciam com a mesma
de uma palavra, podemos trans-               letra/som, quanto em ativida-
formá-la em outra; relacionar,               des nas quais as crianças usam
na leitura de textos memoriza-               o material para descobrir como
dos, as palavras oralizadas com              escrever outros vocábulos. Essas
suas correspondentes escritas.”              obras podem ser usadas para a
(Brasil, 2009, p. 46-47)                     construção de um conjunto de
                                             “palavras estáveis/fixas” (pala-
                                             vras cuja seqüência de letras as
5. Livros de palavras                        crianças conhecem de memória,
Os livros de palavras são obras dedicados
                                             e podem servir de apoio para a
ao trabalho de ensino do Sistema de Escri-   leitura e escrita de novas pala-
ta Alfabética. Alguns se organizam por um    vras).” (BRASIL, 2009, p. 46)
conjunto de palavras em ordem alfabética
(uma ou mais palavras iniciadas por cada
letra), ilustradas com imagens variadas;
outros, contém poemas ou brincadeiras
com cada uma das letras.
“Foram reunidas, nesse grupo,
obras que apresentam palavras
na ordem alfabética. São livros
que podem ser lidos pelo profes-
sor e pelos alunos durante todo o
ano, e usados como consulta para
a escrita de palavras. Por exem-
plo, pode-se estimular as crian-
ças a consultar a letra inicial de
uma determinada palavra, para
descobrir como escrever outra
palavra. Essas obras, portanto,
podem ser usadas tanto para
atividades sistematizadas, em




unidade 07                                                                      29
6. Livros de imagens                            7. Livros de histórias, com foco em
                                                     conteúdos curriculares
     Os livros de imagens estimulam as crianças
     a ler textos não verbais, que é uma de-         O público infantil, sem dúvidas, tem
     manda crescente da sociedade moderna.           especial atenção nas narrativas. As histó-
     As imagens estão presentes nas ruas, no         rias prendem a atenção, sobretudo, pelas
     computador, nos outdoors, nas revistas, nos     possibilidades de articulação com suas
     livros. Também na esfera artística, a leitura   vivências, sentimentos, desejos, sonhos.
     de imagens é de fundamental importân-
                                                     Partindo desse princípio, muitos autores
     cia. Saber lidar com pinturas, esculturas,
                                                     optam por tratar de conhecimentos da
     fotografias, ilustrações, requer habilidades
                                                     esfera científica por meio de narrativas
     que podem ser estimuladas desde os anos
                                                     em que os conceitos são construídos. Tais
     iniciais na escola. Os textos de imagens
                                                     livros nem sempre se pretendem literá-
     podem ser usados pelos professores tanto
                                                     rios, embora vários deles o sejam. Ainda
     para motivar discussões e projetos relativos
                                                     assim, alguns buscam efeitos estéticos
     às temáticas tratadas quanto para desenvol-
                                                     em um gênero em que conta histórias
     ver habilidades e conhecimentos relativos à
                                                     e, ao mesmo tempo, ensina conteúdos
     apreciação artística.
                                                     curriculares.


                                                     8. Histórias em quadrinhos
                                                     As histórias em quadrinhos são gêneros
                                                     textuais muito apreciados pelas crianças,
                                                     tanto pelos efeitos de humor frequente-
                                                     mente presentes nos textos, quanto pela
                                                     recorrência de imagens que constituem,
                                                     juntamente com o texto verbal, os senti-
                                                     dos. Este tipo de obra motiva as crianças a
                                                     tentarem ler sozinhas os textos e oferecem
                                                     pistas não verbais para que essas tentativas
                                                     sejam bem sucedidas. Sua utilização em
                                                     sala de aula favorece o desenvolvimento de
                                                     leitura autônoma.




30                                                                        unidade 07
9. Livros literários
Os textos literários são importantes ma-     Como pode ser verificado, há uma grande
teriais a serem contemplados/priorizados     variedade de livros, que contemplam gê-
na escola. Muitos autores defendem o uso     neros textuais diversos, tratando de temas
dessas obras considerando sua dimen-         de interesse do público infantil. Muitas
são artística. O foco do trabalho, nesta     atividades podem ser planejadas e realiza-
perspectiva, é a própria natureza estética   das com esses livros. O professor precisa,
das obras. A contextualização histórica,     no entanto, avaliar quais são as condições
a reflexão sobre os estilos literários, o    das crianças para lidar com os livros, os
debate sobre as concepções de sociedade e    interesses e os seus objetivos ao selecionar
de homem expressos nesses livros também      cada obra.
merecem tratamentos especiais.




Referências:


BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Acervos complementares: as áreas
do conhecimento nos dois primeiros anos do Ensino Fundamental. Brasília: MEC/SEB,
2009.
LEAL, Telma Ferraz; RODRIGUES, Siane Gois C. Além das obras literárias, que outros
livros queremos na sala de aula? In: LEAL, Telma Ferraz; SILVA, Alexandro da (orgs.).
Recursos didáticos e ensino da Língua Portuguesa: computadores, livros... e
muito mais. Curitiba: Editora CRV, 2011, v.1, p. 95-114.




unidade 07                                                                                  31
Materiais complementares:
     possibilidades de uso nas turmas
     do ciclo de alfabetização




                                                                    Uma letra puxa a outra
                                                                    José Paulo Paes e Kiko Farkas
                                                                    Editora: Companhia das Letrinhas


                      Vamos brincar de formar palavras? O livro “Uma letra puxa a outra” explora
                      as iniciais das palavras, através da ordem das letras do alfabeto. Brincando
                      com palavras começadas por cada letra do alfabeto, que iniciam pequenos
                      poemas, a leitura desse livro nos leva tanto a aprender sobre tipos de letras
                      como a refletir sobre rimas e sobre semelhanças e diferenças sonoras entre
                      as palavras. O foco, portanto, é a reflexão sobre palavras e suas unidades
      Obras           menores.  
     complementares




32                                                                          unidade 07
Direitos de aprendizagens que podem
ser explorados com o uso dessa obra nas
turmas do ciclo de alfabetização no trato da
heterogeneidade




1. Eixo da Leitura


 Ler pequenos textos (poemas,                capa e do seu título;
 canções, tirinhas, textos de tra-           - perguntar se os alunos sabem como
 dição oral, dentre outros), com             uma letra pode puxar a outra e em que
 autonomia.                                  sentido o autor está falando;
 - solicitar a leitura em voz alta dos pe-   - explorar quem é o autor e perguntar
 quenos textos de cada página, durante       se os alunos conhecem outros livros
 a exploração do livro;                      deste autor;
 - explorar alguns poemas do livro por       - explorar as imagens da capa, pergun-
 meio de atividades impressas que            tando se os alunos sabem que sinal
 tenham como foco circular palavras,         de pontuação é aquele e porque ele
 responder questões de compreensão           aparece na capa.
 de textos de forma individual etc.


 Antecipar sentidos e ativar co-
 nhecimentos prévios relativos               Compreender textos lidos por
 aos textos a serem lidos pelos              outras pessoas, de diferentes
 professores ou pelas crianças.              gêneros e com diferentes pro-
                                             pósitos.
 - estimular a antecipação de sentidos
 sobre o livro apenas pela análise da        - ler cada pequeno poema e interrogar
                                             aos alunos sobre o que foi lido.




unidade 07                                                                            33
Relacionar textos verbais e não             Elaborar inferências em textos
     verbais, construindo sentidos.              de diferentes gêneros, temáti-
                                                 cas e níveis de complexidade,
     - explorar a relação entre as imagens       lidos pelo professor ou outro
     de cada página com a letra que se quer      leitor experiente ou lidos com
     dar ênfase, por exemplo: explorar,          autonomia.
     no poema da página 9, o sentido do
     trecho “cambaleia na corcova do             - fazer perguntas orais, como: No
     camelo” e no “cachimbo do califa”           poema da página 13, por que é uma
     (relacionar texto à imagem).                EMERGÊNCIA o fato de o elefante
                                                 entrar no elevador?

     Ler em voz alta, com fluência.              Localizar informações explí-
                                                 citas em textos de diferentes
     - fazer um jogral para ser apresentado no
                                                 gêneros, temáticas e níveis de
     recreio da escola, explorando a leitura
                                                 complexidade, lidos pelo pro-
     dos pequenos textos (os alunos deverão
                                                 fessor ou outro leitor experien-
     saber de cor os textos) e a ordem alfa-
                                                 te ou lidos com autonomia.
     bética (cada aluno deve ter uma letra na
     mão e a medida que forem lendo, vão         - após a leitura de cada poeminha, fa-
     apresentando-se ao público).                zer algumas perguntas de localização,
                                                 tais como: Quais as outras palavras
                                                 deste texto que começam com a letra
     Estabelecer relações lógicas en-            em destaque?
     tre partes de textos de diferentes
                                                 - Circular as palavras que forem cita-
     gêneros, temáticas e níveis de
                                                 das pela docente (cada aluno deve ter
     complexidade, lidos pelo pro-
                                                 a cópia do texto que for alvo de análise
     fessor ou outro leitor experiente
                                                 nessa atividade).
     ou lidos com autonomia.
     - explorar a relação entre várias infor-    Estabelecer relações de inter-
     mações apresentadas no texto, como          textualidade entre textos
     por exemplo: De acordo com o poema
     da página 41, por que o sujeito deu um      - perguntar aos alunos em quais outros
     sopapo no sapo?                             livros/gêneros podemos encontrar os
                                                 textos organizados em forma alfabética;




34                                                                  unidade 07
- ler alguns verbetes do livro “Dicioná-    Compreender que palavras dife-
 rio do Humor Infantil”, de Pedro Blo-       rentes compartilham certas letras.
 ch, e pedir que os alunos identifiquem
                                             - comparar as palavras do texto que
 as semelhanças e diferenças entre este
                                             começam com as mesmas letras a cada
 livro e o livro “Uma letra puxa a outra”.
                                             nova letra apresentada pelo livro;
 Pode-se explorar algumas possíveis
 conclusões dos alunos: o livro de           - identificar em duas palavras quantas
 José Paulo explora para cada letra um       letras que se repetem.
 poema, apresenta poemas e tem textos
 que brincam com a letra inicial das pa-
 lavras em destaque; enquanto o livro        Reconhecer as letras do alfabeto
 de Pedro Bloch, tem vários verbetes         por seus nomes.
 para cada letra, e tem a finalidade de
                                             - explorar, antes da leitura de cada
 explorar o significado das palavras em
                                             texto, o nome da letra em foco, seu
 destaque.
                                             formato e as diferenças entre os dois
                                             formatos apresentados no livro;
                                             - selecionar algumas palavras do texto e
2. Eixo da Análise Linguística:              pedir que os alunos identifiquem as le-
Apropriação do Sistema de                    tras mencionadas por meio de BINGO
Escrita Alfabética                           DAS LETRAS;
                                             - montar as palavras em destaque, de
 Reconhecer diferentes tipos de              cada poema, com letras móveis.
 letras, em situações de leitura
 de textos de diversos gêneros
 discursivos.
                                             Perceber que palavras diferentes
 - estimular que os alunos reconheçam        variam quanto ao número, re-
 vários tipos de letras por meio de          pertório e ordem de letras.
 comparação, pesquisa em jornais e re-
                                             - retirar do texto palavras que começam
 vistas, conforme apresentado no livro
                                             com a mesma letra (em cada poema
 e/ou escrever as palavras em destaque
                                             trabalhado) e depois contar quantas letras
 de cada poema na forma cursiva e
                                             possuem e em que posição estão (pode ser
 imprensa maiúscula.
                                             feito com todas as letras em destaque);




unidade 07                                                                                35
- comparar palavras que começam            Dominar as correspondências
     com a mesma letra quanto à quanti-          entre letras ou grupos de letras e
     dade de letras (contar quantas letras       seu valor sonoro, de modo a ler e
     possuem, verificar qual é a maior, qual     escrever palavras formadas por
     é a menor, quais possuem a mesma            diferentes estruturas silábicas.
     quantidade de letras) e ordená-las de
     forma crescente em uma tabela.              - solicitar a leitura de algumas pala-
                                                 vras dos pequenos textos por meio de
                                                 exercício com apoio de imagens;
     Contar oralmente as sílabas de
     palavras e compará-las quanto               - escrever livremente e/ou com ajuda
     ao tamanho.                                 do professor (aluno) outras palavras,
                                                 não presentes no texto, que comecem
     - escolher algumas palavras de cada         iguais a letra que se quer explorar no
     pequeno texto e pedir para os alunos        poema;
     contarem quantas sílabas estas pos-
     suem, qual é a palavra que tem mais,        - circular as sílabas das palavras lidas
     qual é a que tem menos sílabas. Tam-        coletivamente, contar as letras que as
     bém comparar a quantidade de letras         compõem, compará-las;
     em cada sílaba das palavras.                - comparar palavras com a mesma
                                                 quantidade de letras e quantidade de
     Perceber que as vogais estão                sílabas diversas e vice-versa.
     presentes em todas as sílabas.
     - listar palavras presentes no texto
                                                 Identificar semelhanças so-
     (uma palavra que comece com cada le-
                                                 noras em sílabas iniciais e em
     tra do alfabeto) e identificar se alguma
                                                 rimas.
     palavra não tem vogal;
     - fazer cruzadinhas para completar so-      - identificar oralmente as palavras que
     mente com as vogais; depois completar       rimam no poema, como por exemplo:
     só com as consoantes;                       olho/repolho (p. 33) e sapo/papo (p.
                                                 41);
     - retirar as vogais das palavras listadas
     e perguntar se poderiam ser lidas;          - identificar a semelhança sonora
     acrescentar outras vogais e perceber o      entre as palavras: quilo/quilômetro (p.
     que mudou.                                  37) e rato/rainha/ratoeira (p. 39).




36                                                                  unidade 07
3. Eixo da Produção de textos



Nas duas tarefas proposta a seguir, estariam envolvidos os seguintes conhecimentos e
habilidades:

    •  refletir sobre o contexto de produção de textos;
    •  planejar a escrita de textos: organizar roteiros, planos gerais para atender a diferentes
       finalidades, com e sem ajuda de escriba;
    •  produzir textos de diferentes gêneros, atendendo a diferentes finalidades, por meio da
       atividade de um escriba ou com autonomia;
    •   gerar e organizar o conteúdo textual, estruturando os períodos e utilizando recursos
       coesivos para articular ideias e fatos;
    •  utilizar vocabulário diversificado e adequado ao gênero e às finalidades propostas;
    •   revisar os textos durante o processo de escrita, retomando as partes já escritas para
       planejar os trechos seguintes.




Atividades sugeridas
a) Propor aos alunos (coletivamente, em dupla) que inventem poemas, utilizando outras
palavras para cada letra em destaque do alfabeto. Os poemas produzidos irão formar um
livro com uma coletânea de poemas a ser doado para a biblioteca.



     Orientações:
     •	 pode-se utilizar como modelo os poemas do próprio livro;
     •	 o professor deve acompanhar a produção dos poemas, orientando sobre a
        necessidade de fazer um rascunho do que será produzido;
     •	 o professor deve promover a troca dos poemas na turma, para leitura crítica e
        elaboração de sugestões de revisão;
     •	 logo depois, esses poemas poderiam ser treinados e memorizados para serem
        declamados para toda a escola.




unidade 07                                                                                         37
b) Ler o livro “Dicionário de humor infantil” de Pedro Bloch e explorar a forma engraçada
     como ele apresenta a definição das coisas, sob o olhar infantil.




        Orientações:
        •	 propor aos alunos que escolham uma letra do alfabeto e o nome de um brinquedo de que
           mais gostam. Logo depois, eles devem produzir verbetes (individualmente) com definições
           próprias sobre o brinquedo escolhido. Estes verbetes irão compor um DICIONÁRIO DOS
           BRINQUEDOS MALUCOS da turma a ser doado à biblioteca e os verbetes afixados na sala
           de aula. Deve ser dito que as definições devem ter um aspecto engraçado, pois a finalidade
           desse livro é de divertir as pessoas, como o de Pedro Bloch;
        •	 acompanhar a produção dos verbetes, orientando a cada aluno sobre a necessidade de
           fazer um rascunho do que será produzido;
        •	 promover a troca dos verbetes entre os alunos para leitura crítica e elaboração de sugestões
           de revisão;
        •	 organizar os verbetes no dicionário na ordem alfabética.




38                                                                               unidade 07
Ano 1 unidade_7_miolo
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Educacao no campo_unidade_4_miolo
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Educacao no campo_unidade_2_miolo
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Educacao no campo_unidade _1_miolo
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Caderno avaliacao
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Ano 1 unidade_7_miolo

  • 1. Ministério da Educação Secretaria de Educação Básica Diretoria de Apoio à Gestão Educacional Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa ALFABETIZAÇÃO PARA TODOS: DIFERENTES PERCURSOS, DIREITOS IGUAIS Ano 01 Unidade 07 Brasília 2012
  • 2. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Secretaria de Educação Básica – SEB Diretoria de Apoio à Gestão Educacional Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Centro de Informação e Biblioteca em Educação (CIBEC) _______________________________________________________________________________ Brasil. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto nacional pela alfabetização na idade certa : alfabetização para todos : diferentes percursos, direitos iguais : ano 01, unidade 07 / Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. -- Brasília : MEC, SEB, 2012. 48 p. ISBN 978-85-7783-118-0 1. Alfabetização. 2. Direito à educação. I. Título. CDU 37.014.22 _______________________________________________________________________________ Tiragem 122.102 exemplares MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA Esplanada dos Ministérios, Bloco L, Sala 500 CEP: 70047-900 Tel: (61)20228318 - 20228320
  • 3. Sumário ALFABETIZAÇÃO PARA TODOS: DIFERENTES PERCURSOS, DIREITOS IGUAIS Iniciando a conversa 05 Aprofundando o tema 06 Heterogeneidade e direitos de aprendizagem na alfabetização: os diferentes percursos dos estudantes 06 Planejando o ensino para todos: diversificação no trabalho docente 14 Compartilhando 21 Direitos de aprendizagem: componente curricular Arte 21 Dia Internacional da Mulher 24 Poemas em sala de aula 25 Obras Complementares: cada livro, uma viagem 26 Materiais complementares: possibilidades de uso nas turmas do ciclo de alfabetização 32 Exemplos de quadros de monitoramento de atividades realizadas 40 Aprendendo mais 43 Sugestões de leitura 43 Sugestões de atividades para os encontros em grupo 46
  • 4. ALFABETIZAÇÃO PARA TODOS: DIFERENTES PERCURSOS, DIREITOS IGUAIS UNIDADE 7 | Ano 1 Autoras dos textos da seção Aprofundando o tema: Eliana Borges Correia de Albuquerque, Magna do Carmo Silva Cruz, Telma Ferraz Leal. Autoras dos relatos de experiência e depoimentos: Ivanise Cristina da Silva Calazans, Sheila Cristina da Silva Barros. Leitores críticos e apoio pedagógico: Adelma Barros-Mendes, Adriana M. P. da Silva, Alexsandro da Silva, Alfredina Nery, Amanda Kelly Ferreira da Silva, Ana Gabriela de Souza Seal, Ana Márcia Luna Monteiro, Artur Gomes de Morais, Erika Souza Vieira, Evani da Silva Vieira, Ivane Pedrosa de Souza, Ivanise Cristina da Silva Calazans, Júlia Teixeira de Souza, Rochelane Vieira de Santana, Severino Rafael da Silva, Sheila Cristina da Silva Barros, Tânia Maria S.B. Rios Leite, Tícia Cassiany Ferro Cavalcante, Yarla Suellen Nascimento Alvares. Revisor: Adriana de Oliveira Gibbon. Projeto gráfico e diagramação: Ana Carla Silva, Luciana Salgado, Susane Batista e Yvana Alencastro. Ilustrações: Airton Santos. Capa: Anderson Lopes, Leon Rodrigues, Túlio Couceiro e Ráian Andrade.
  • 5. Iniciando a conversa “Alfabetização para todos: diferentes percursos, direitos iguais” é o tema dessa unidade. Discutiremos sobre a heterogeneidade de conhecimentos dos aprendizes no processo de alfabetização, tratando-a não como fator de exclusão, mas, sim, como um fenômeno natural, que revela os diferentes percursos de vida, de interesses, de oportunidades das crianças. O foco, portanto, é no modo como tratar das diferenças na perspectiva de pro- mover as aprendizagens, garantindo os direitos de aprendizagem a todos. Refletiremos, ainda, sobre a questão da diversificação das atividades e das formas de agrupamento dos alunos, assim como acerca do atendimento específico a alunos que estejam com dificuldades em seu processo de alfabetização. Nesta unidade, temos, portanto, como objetivos: • entender a concepção de alfabetização na perspectiva do letramento, considerando o fenômeno da heterogeneidade como intrínseco aos processos educativos; • criar um ambiente alfabetizador, que favoreça a aprendizagem, considerando a heterogeneidade de conhecimentos dos aprendizes no processo de alfabetização; • compreender a importância de organizar diferentes agrupamentos em sala de aula, considerando a heterogeneidade de aprendizagens, e adequando os modos de organização da turma aos objetivos pretendidos; • planejar o ensino na alfabetização, analisando e criando propostas de organização de rotinas da alfabetização na perspectiva do letramento, adequando-as às diferentes necessidades de aprendizagem dos alunos; • analisar e planejar projetos didáticos e sequências didáticas para turmas de alfabetização, contemplando crianças que tenham diferentes conhecimentos sobre a escrita; • compreender a importância da avaliação no ciclo de alfabetização, refletindo sobre a função do diagnóstico no acompanhamento das aprendizagens realizadas pelos alunos e na (re)organização do ensino a eles proposto; • conhecer os recursos didáticos distribuídos pelo Ministério da Educação e planejar situações didáticas em que tais materiais sejam usados.
  • 6. Aprofundando o tema Heterogeneidade e direitos de aprendizagem na alfabetização: os diferentes percursos dos estudantes Telma Ferraz Leal Magna do Carmo Silva Cruz Eliana Borges Correia de Albuquerque Muitos professores, ao darem depoimen- para aquele ano letivo e outras que não tos sobre as dificuldades que encontram parecem estar avançando no mesmo ritmo no cotidiano de seus trabalhos, explicitam do restante da turma? a complexidade das interações em sala de Coutinho-Monnier (2009) desenvolveu aula, sobretudo em relação à heteroge- um estudo que teve o objetivo de investi- neidade de conhecimentos das crianças. gar as práticas de ensino de professoras Dizem que é difícil contemplar todas as alfabetizadoras que apresentavam rotinas necessidades e que, muitas vezes, preci- diferenciadas em relação ao ensino da sam dar atenção aos que “precisam mais” e leitura e da escrita: duas docentes usavam deixam os outros sem suporte, ou realizam um material estruturado de alfabetização atividades com toda a turma, que não pos- de base fônica e realizavam, diariamente, sibilitam a participação das crianças que as atividades dos manuais didáticos com não detêm determinados conhecimentos. todos os alunos; outras duas professoras Ao explicitarem tais angústias, na maior buscavam desenvolver práticas que envol- parte das vezes, esses professores revelam viam atividades de reflexão sobre a escrita o compromisso com o trabalho docente e alfabética, leitura e produção de textos, um pedido de ajuda. O que fazer em uma sem seguir um manual específico, embora turma que tem crianças com conhecimen- realizassem atividades de um livro aprova- tos muitas vezes além do que se espera do pelo PNLD 2004.
  • 7. Como observado pela referida autora, a letivo com domínio do princípio alfabético rotina das duas primeiras professoras concluíram o ano sem ler e produzir textos, envolvia atividades de leitura de um texto pouco avançando em seus conhecimentos. (de acordo com a sequência sugerida pelo Esses dados revelam, por um lado, que se manual do mestre) e, posteriormente, pensarmos na turma como um grupo, a era desenvolvida uma série de atividades maioria dos alunos concluiu o ano letivo (com média de 15 minutos no total), que compreendendo o funcionamento da exploravam algumas palavras presentes escrita alfabética. Nesse sentido, podemos no texto. Após esse momento inicial, as dizer que eles se apropriaram de alguns di- docentes realizavam a atividade do livro reitos de aprendizagem sugeridos para o 1º didático do programa correspondente à ano do Ensino Fundamental. No entanto, lição da semana, trabalho esse que ocupava se considerarmos o perfil de entrada dos a maior parte do tempo diário dos alunos alunos da turma, observamos que o grupo na escola. Todos os alunos, independen- que iniciou o ano letivo apresentando tal temente dos conhecimentos que possuís- compreensão pouco evoluiu, não conse- sem, realizavam as mesmas atividades. Ao guindo, ao final do ano, obter resultados avaliar as aprendizagens dos alunos no que positivos nas atividades de leitura e produ- se refere à apropriação do sistema alfabéti- ção de textos propostas pela pesquisadora. co, foi observado que aqueles que estavam em níveis iniciais de escrita avançaram Diferentemente do que ocorria na roti- ao longo do ano. Já os que iniciaram o ano na dessas duas professoras, aquelas que buscavam desenvolver práticas com ênfase nas atividades de apropriação da escrita alfabética e de leitura e produção de textos, apresentavam uma rotina diferenciada. Uma das professoras, por exemplo, desen- volvia atividades bastante diversificadas para trabalhar com o sistema notacional, preocupando-se em criar situações para que os alunos refletissem, questionassem, criassem hipóteses e as testassem, com o objetivo de fazê-los avançar em seus conhecimentos sobre a escrita alfabética. De modo simultâneo, ela também realizava atividades de leitura e produção de textos, unidade 07 07
  • 8. na maior parte das vezes coletivamente. precisa compreender os diferentes prin- Em relação à aprendizagem dos alunos, cípios que o constituem. Ela precisa, por todas as crianças avaliadas no início e no exemplo, entender que as palavras são for- final do ano evoluíram na aprendizagem da madas por unidades menores, as sílabas. leitura e escrita, inclusive as que tinham Desse modo, é preciso promover ativida- iniciado o ano em níveis mais avançados. des nas quais elas tenham de decompor as Esse dado revela a importância de se consi- palavras em sílabas. Além disso, a criança derar, na organização das práticas pedagó- precisa também compreender que a ordem gicas de alfabetização, os conhecimentos das letras na palavra corresponde à ordem que os alunos possuem acerca da escrita a de emissão sonora dos fonemas. Neste fim de se planejar atividades que efetiva- caso, mesmo não sendo necessário teorizar mente possam contribuir para que todos sobre tais conceitos, podem ser realizadas A unidade 3 tratou os alunos avancem. Vale ressaltar, portan- atividades nas quais elas percebam que se da discussão to, a importância do diagnóstico avaliativo mudarmos uma letra de lugar, a palavra já sobre o ensino do Sistema de acerca das capacidades, potencialidades e não é a que se está desejando escrever. Escrita Alfabética sobre os direitos de aprendizagem con- e a diversidade de Como se pode verificar, tomando o exem- atividades. quistados gradativamente pela turma. plo desses dois tipos de conhecimentos, Os dados dessa pesquisa podem nos levar a verificamos que os diferentes saberes perceber que a diversificação de atividades podem ser construídos por meio de ativi- deve ser feita por várias razões. Podemos dades também diferentes. Assim, pode- destacar, nesta discussão, duas delas: (1) o mos defender a necessidade de variação aprendiz precisa refletir sobre os diversos de atividades, mesmo considerando um conhecimentos que compõem o objeto mesmo objeto de ensino: o sistema alfabé- de ensino; (2) em uma mesma turma, as tico. Quando consideramos que o currículo crianças têm necessidades diferentes. dos anos iniciais prevê vários outros obje- tos de ensino, como a leitura, a produção Em relação à primeira razão, podemos de textos, a oralidade, além dos conceitos dizer que uma mesma criança precisa re- relativos aos demais componentes curricu- fletir sobre a escrita sob diferentes aspec- lares, a situação se torna mais complexa. tos e desenvolver estratégias de leitura e de escrita variadas. Desse modo, é preciso Em relação à segunda razão citada, a diver- que sejam criadas diferentes oportunida- sificação se faz necessária porque as crian- des de aprendizagem. Se tomarmos o caso ças têm necessidades diferentes. Em uma da aprendizagem do Sistema de Escrita mesma turma, podemos ter uma criança Alfabética, podemos dizer que a criança que ainda não percebeu que para escrever 08 unidade 07
  • 9. é preciso usar letras e não as conhece; e bético, e a outra metade pode participar de outra criança que compreende o funcio- jogos ou de uma atividade de reflexão sobre No “Caderno de namento do sistema de escrita lê e escreve a escrita de palavras, com foco em dificul- Educação Especial - a alfabetização com autonomia. Nesse contínuo, há graus dades ortográficas. de crianças com deficiência: uma bastante variados de conhecimento. Desse Tal tipo de organização pode ser interes- proposta inclusi- modo, mesmo sabendo que há atividades va” são discutidas sante porque, como parte da turma pode estratégias de que são comuns, mas promovem aprendi- atendimento realizar as atividades com mais autonomia, zagens distintas, é preciso pensar que al- às crianças com a professora pode dar mais atenção aos que necessidades gumas atividades específicas para atender educacionais estão precisando de maior apoio para a re- especiais. às necessidades particulares das crianças alização das atividades Na formação desses podem favorecer muito a apropriação dos diferentes grupamentos e na realização de conhecimentos. Por exemplo, a professora atividades diversas, é importante lembrar pode, em um primeiro momento, realizar que o professor deve contemplar os alunos a leitura de um livro para toda a turma e com deficiência, incluindo-os nos grupo. conversar sobre o texto, possibilitando a socialização de saberes e impressões Para conduzir os estudantes de modo a pro- sobre a história, mas, em outro momento, mover situações que propiciem aprendiza- dividir a turma, solicitando que uma parte gens a todos por meio de diferentes tipos dos estudantes, em pequenos grupos, de atividades, o docente precisa conhecer trabalhe na releitura do texto e escrita bem o objeto de ensino, saber o que seus da história com um desfecho diferente, alunos sabem ou não sabem sobre esse com a proposta de que, no final da aula, a objeto, e quais atividades podem ajudar os turma vai ouvir todos os desfechos criados. estudantes a construir diferentes conheci- A outra parte da turma pode ser dividida mentos sobre ele. em grupos, para participar de um jogo ou para realizar uma atividade de reflexão sobre a escrita de palavras ou comparação de palavras quanto às semelhanças sono- ras e gráficas. Em outro dia, a professora pode inverter os grupos e, após a leitura em grande grupo e conversa com a turma, pedir que metade da turma produza, em grupo, outro desfecho para as histórias, estimulando suas tentativas de escrita, mesmo que não dominem o sistema alfa- unidade 07 09
  • 10. Concordando com tal perspectiva, Goigoux coletivamente, fazia intervenções variadas, (2002) alerta, em relação ao ensino da que favoreciam diferentemente as crianças. leitura, que o bom orientador da apren- Dentre as estratégias adotadas por Madame dizagem dos alunos deve (1) ter conheci- M. podemos, neste momento, destacar o mento do objeto de estudo, (2) saber como reconhecimento coletivo da palavra. Pode- se dá o processo do aluno em aprender a -se, nesses casos, pedir que as crianças ler e (3) saber guiar a atividade do aluno encontrem determinada palavra em meio (autorreflexão do aluno sobre o caminho a outras palavras. Se tal solicitação for feita e operações do professor no processo de no grande grupo, provavelmente as crianças ensinar a leitura). que já têm mais conhecimentos podem se Em uma pesquisa sobre o ensino da leitura antecipar e fazer a leitura da palavra. Isso, na alfabetização, Goigoux (2002) investigou no entanto, não significa que as outras não a prática de uma professora, que foi chama- tenham oportunidade de aprender, pois o da, na pesquisa, de Madame M. Os resul- professor pode estimular as reflexões por tados indicaram que Madame M. conduzia outras vias. Pode, por exemplo, direcionar um ensino sistemático da leitura. Ela, por a atenção dos alunos para questões especí- exemplo, realizava trabalho coletivo em que ficas, como perguntar qual é a letra inicial focalizava a atenção do estudante na unida- da palavra, fazer a leitura de pedaços da de da palavra: reconhecimento coletivo da palavra, ou comparar palavras quanto a palavra, explicitação de palavras já reconhe- semelhanças gráficas e sonoras. cidas, validação da conclusão dos alunos Tais reflexões podem ser bastante úteis na identificação das palavras pelo grupo, para crianças que estejam ainda em etapas decodificação grafofonológica, em que ela iniciais de compreensão sobre o sistema auxiliava na localização da palavra escrita e de escrita. Mesmo que essas crianças não a identificação dos espaços entre as palavras respondam às questões feitas, elas são fa- e o sentido da leitura, incentivando a leitura vorecidas pelas respostas dos colegas. Mas até a última sílaba da palavra; orientava o re- não é interessante que as situações didáti- conhecimento das letras; guiava a segmen- cas sejam sempre desse modo. O professor tação das palavras em letras e em sílabas, pode, após uma atividade coletiva do tipo por meio da análise destas; guiava a conver- aqui exemplificada, dividir a turma em são de grafemas em fonemas; orientava a grupos e pedir que as crianças realizem o fusão entre fonemas, sílabas etc. Portanto, a mesmo tipo de reflexão em atividades nas professora fazia um trabalho no qual media- quais tenham que parear palavras com par- va as relações entre as crianças e os objetos tes semelhantes (pode entregar as figuras de aprendizagem e, embora trabalhando 10 unidade 07
  • 11. para que eles façam o pareamento e depois um trabalho com vistas a levar os alunos solicitar que tentem escrever as palavras). a se apropriarem da escrita alfabética no Desse modo, as reflexões feitas em grande final do 1º ano do Ensino Fundamental. grupo podem ser um ponto de partida para Neste caso, é preciso salientar que as outras atividades, em pequenos grupos ou crianças, que ao final do ano não tinham individuais, nas quais as crianças tenham atingido os conhecimentos necessários mais tempo para pensar nas questões su- para que pudessem realizar com autono- geridas, já que não terão os colegas que já mia leitura e escrita de palavras e textos, dominam este conhecimento para respon- não foram retidas. Elas prosseguiram na der a atividade proposta. escolarização e deram continuidade aos avanços de aprendizagem que já estavam Albuquerque e Cruz (2009), também fazendo no primeiro ano. realizando pesquisa sobre prática docente, analisaram a relação entre a prática de Para concluirmos as reflexões expostas alfabetização de uma professora que lecio- neste texto, não podemos deixar de salien- nava no 1º ano do Ensino Fundamental e tar que os dados das pesquisas apontam a aprendizagem dos alunos de seis anos, quatro questões fundamentais para refle- no que se refere ao ensino da leitura e da tirmos sobre o tema da heterogeneidade escrita, considerando a heterogeneidade em sala de aula: da turma. As autoras verificaram que, desde o início do ano letivo, a professora realizava ativida- 1. as crianças iniciam o ano letivo com diferentes conhecimentos e des de reflexão, envolvendo diferentes uni- capacidades; dades linguísticas: palavras, sílabas e letras, 2. é papel do professor diagnosticar o que sem deixar de contemplar atividades de as crianças sabem ou não sabem sobre o leitura e produção de textos. Ela realizava, que ele pretende ensinar; em alguns momentos, atividades em grande 3. mesmo quando chegam ao final do ano sem dominar os conhecimentos que o grupo, e em outros, fazia atendimento di- professor buscou ensinar, as crianças versificado aos alunos por meio da formação têm agregado saberes; é preciso de grupos, com atividades diferenciadas. identificar não apenas o que elas não aprenderam, mas também o que elas No caso dessa professora, cerca de 87% das aprenderam, e valorizar suas conquistas; crianças de sua turma terminaram o ano 4. o diagnóstico sobre o que as crianças alfabéticos e produzindo histórias. sabem ou não sabem deve servir para o planejamento das estratégias didáticas Esse tipo de pesquisa é importante por e não para a exclusão das crianças. mostrar que é possível, sim, desenvolver unidade 07 11
  • 12. Em relação ao primeiro aspecto citado, é muitas vezes, receberem explicitamente importante destacar que as crianças iniciam informações sobre os nomes das letras. o ano letivo com diferentes conhecimentos Além dessas situações, há crianças que e capacidades, não apenas em relação ao participam de situações em que os fami- Sistema de Escrita Alfabética, mas também liares ou colegas do bairro mostram seus em relação a outros conteúdos escolares. nomes e dizem com que letras são escritos, Muitas vezes, atribui-se tais diferenças ou mesmo leem nomes de estabelecimen- apenas a questões individuais, geralmente tos comerciais. Há, ainda, situações em cognitivas ou comportamentais, entre as que determinados grupos brincam com a crianças. No entanto, tais diferenças são re- decomposição de palavras ou as semelhan- sultantes de diversos fatores. O percurso de ças sonoras entre as palavras, e as crianças vida é uma delas. Há crianças que recebem vivenciam ou presenciam tais brincadeiras, informações qualificadas sobre a escrita como “o jogo de mãos“, em que uma música desde muito novas, enquanto outras não vai sendo cantada, pausadamente, e a cada têm tal tipo de oportunidade. Por exemplo, palavra ou sílaba é feito um movimento com há, em certos ambientes familiares, brin- as mãos, em dupla de crianças. Algumas cadeiras que introduzem as crianças no também aprendem “trava-línguas”, em mundo da escrita, como, por exemplo, leitu- que os participantes são desafiados a dizer ra de textos literários infantis. As crianças, trava-línguas sem “enrolar a língua”; ou nessas situações, além de se familiarizarem vivenciam cantorias de músicas rimadas. com o universo da literatura e desenvolve- Há também as brincadeiras com escrita de rem estratégias de compreensão de textos, palavras, como a “adedonha”, na qual é sor- também entram em contato com o título, teada uma letra e os participantes precisam podendo começar a identificar como são dizer ou escrever palavras começadas pela iniciadas as palavras, os nomes dos persona- letra sorteada; a “forca”, na qual alguém gens. O fato de folhearem tais livros promo- pensa em uma palavra, diz quantas letras ve a familiarização com as letras, além de, têm e as outras pessoas precisam adivinhar, 12 unidade 07
  • 13. dizendo letras para preencher as lacunas da pelas comunidades, para valorizá-las e palavra; ou a brincadeira “na barca com”, articular da melhor maneira possível o em que alguém diz uma palavra e o partici- que as crianças aprendem na escola com pante seguinte precisa dizer outra palavra o que aprendem fora dela. Tal atitude dá que comece com a última letra da palavra à criança mais segurança e, ao sentir-se dita; dentre outras. Em suma, as crianças valorizada, ela se mostra mais disponível têm diferentes experiências com a escrita para novas aprendizagens. brincando ou participando de atividades do Ressaltamos, também, que o fato de mui- mundo social, que não têm como propósito tas crianças chegarem à escola com poucas original ensinar a ler e a escrever. informações sobre a escrita não pode ser Tais tipos de experiência favorecem a al- usado como explicação para a não apren- fabetização, mas a pouca incidência delas dizagem. Cabe à escola favorecer muitas e entre outros grupos não pode ser consi- variadas situações de contato com a escrita derada como uma “deficiência ou falta de para que elas se familiarizem. É preciso, cultura”. As crianças podem não ter tais portanto, planejar o ensino, considerando experiências, mas, certamente, vivencia- que as crianças chegam a essa instituição ram outras experiências também ricas. tendo percorrido diferentes caminhos e Infelizmente, nem sempre essas outras que cabe à escola garantir que seus direitos experiências são valorizadas. É preciso de aprendizagem sejam atendidos. conhecer as práticas culturais vivenciadas Referências: ALBUQUERQUE, Eliana Borges Correia de; CRUZ, Magna do Carmo Silva. Práticas diver- sificadas de ensino da leitura e da escrita: a heterogeneidade em questão. In: Anais do 19º EPENN - Encontro de Pesquisadores do Norte e Nordeste, 2009. João Pessoa : 2009. CD-ROM, V. único. COUTINHO-MONNIER, Marília L. Práticas de alfabetização com uso de diferentes manu- ais didáticos: o que fazem professores no Brasil e na França? O que os alunos aprendem? 2009. Tese de (Doutorado em Educação). Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2009. GOIGOUX, R. Analyser l’activé d’enseignement de la lecture: une monographie. Revue Française de Pedagogie, Paris, nº. 138, p. 125-134, janvier, février, mars, 2002. unidade 07 13
  • 14. Planejando o ensino para todos: diversificação no trabalho docente Telma Ferraz Leal Eliana Borges Correia de Albuquerque Magna do Carmo Silva Cruz Como discutimos anteriormente, no em que tais fenômenos foram constatados. primeiro texto deste caderno, a hetero- Um exemplo claro foi descrito pela pesqui- geneidade é um fenômeno intrínseco ao sadora Oliveira (2010). fenômeno educativo. Jamais teremos uma A autora acompanhou nove professoras, turma de alunos iguais, com as mesmas escolhidas aleatoriamente, por meio de experiências anteriores, mesmos interes- observação de aulas e realização de en- ses, mesmos conhecimentos. Obviamente, trevistas. Ela apontou que a maioria das em algumas turmas essa heterogeneidade atividades e orientações propostas pelas é maior que em outras. Nesses casos, a professoras contribuiu com o avanço das atenção do professor às diferentes neces- crianças que estavam em mais “vantagem” sidades, no momento de planejamento, no aprendizado, em relação aos outros da deve ser maior. O princípio é o de garantir turma. Muitas atividades eram realizadas os direitos de aprendizagem a todos. Não em situações que não favoreciam a par- podemos conduzir as aulas como se as ticipação das crianças em níveis iniciais crianças que não detêm os conhecimentos de apropriação da escrita e da leitura. desejados não estejam em sala, nem pode- Geralmente as atividades eram coletivas e mos esquecer das crianças que estão com individuais, com pouquíssimas interven- conhecimentos mais avançados em relação ções das professoras. Frequentemente, ao que está sendo ensinado. as crianças que já tinham autonomia na Ao alertarmos acerca da necessidade de escrita respondiam às atividades e as não deixar de atender nem aos que já de- demais copiavam ou esperavam a reso- têm muitos conhecimentos, nem aos que lução coletiva. Na resolução coletiva não não os detêm, expressamos uma preocu- havia reflexão sobre a natureza dos erros pação resultante de observações de aula dos alunos. Outro aspecto salientado pela 14 unidade 07
  • 15. pesquisadora foi que não havia, por parte ano do Ensino Fundamental que tinha, em das professoras, estratégias de mediação sua turma, crianças que não dominavam o que promovessem a cooperação entre as sistema de escrita. Foram observadas oito crianças. aulas nas quais a sequência foi desenvol- vida. Como pode ser observado, os resultados dessa pesquisa contrastam com os dados Inicialmente, podemos refletir sobre a si- discutidos anteriormente, no primeiro tuação da professora que, ao assumir uma texto deste caderno. Naquele artigo, Albu- turma de quarto ano do Ensino Funda- querque e Cruz (2009) e Goigoux (2002) mental, encontrou crianças que ainda não analisaram práticas em que as professoras tinham alcançado uma hipótese alfabética. tinham sensibilidade para lidar com as Este fenômeno, infelizmente, não é inco- diferenças entre as crianças. Coutinho- mum na realidade brasileira. Em muitas -Monnier (2009) também mostrou os de nossas escolas isso é uma realidade, casos de duas professoras que atendiam resultado das condições precárias de es- às necessidades específicas das crianças. colarização das crianças, que não tiveram Tal sensibilidade, sem dúvida, resulta de seus direitos de aprendizagem garantidos. um engajamento compromissado delas, Podemos perguntar: quais foram as medi- mas também se relaciona a conhecimentos das tomadas, anteriormente, para ajudar acumulados, como foi discutido, acerca do essas crianças a progredirem em suas que estava sendo ensinado, das melhores aprendizagens? Quais foram as experiên- estratégias para ensinar e das estratégias cias vivenciadas por essas crianças durante de avaliar as crianças. Tanto nas atividades todos esses anos na escola? O que fazer coletivas, quanto nas atividades em grupo para que tal realidade não seja mais um e individuais é possível conduzir mediação fenômeno comum em nossas escolas? favorável à aprendizagem de todos. Silveira e Aires (2008), com o propósito de analisar práticas docentes com foco no tratamento dado à heterogeneidade, tam- bém verificaram a existência de estratégias produtivas para lidar com as diferenças quanto às necessidades de aprendizagem. A pesquisa objetivou analisar situações de produção de textos em uma sequência di- dática conduzida por uma professora do 4º unidade 07 15
  • 16. Sem dúvida, não é essa heterogeneidade Ela realizava atividades de reflexão que estamos definindo como sendo intrín- sobre palavras para que elas aprendes- seca ao processo educativo, pois, nesta eta- sem o Sistema de Escrita Alfabética, em pa de escolarização, não deveríamos mais momentos específicos das aulas e, em ter crianças não alfabetizadas. No entanto, outros momentos, integrava-as nas outras também não podemos achar natural que atividades. Foram observadas várias es- tal problema seja resolvido simplesmente tratégias que viabilizaram a participação pela reprovação, como tem acontecido em das crianças. Como o foco da pesquisa era muitas escolas brasileiras. Os dois tipos produção de textos, as autoras analisa- de encaminhamento são cruéis para os ram como se dava a participação dessas estudantes. Tanto a reprovação, quanto a crianças, se elas não sabiam escrever com progressão sem aprendizagem são prejudi- autonomia, em situações de produção de ciais e destroem a autoestima das crianças, textos escritos. Algumas dessas estraté- além de retardar o seu acesso a diferentes gias serão aqui citadas. práticas culturais em que a escrita faz-se A docente, em algumas atividades, forma- presente. A responsabilidade pelas crian- va duplas mistas, de modo que a criança ças é de todos que compõem a escola e a alfabetizada fazia o registro do texto e a Rede de Ensino. outra contribuía na decisão sobre o que No caso em questão, a professora recebeu seria dito e como seria dito. Um exemplo Nos cadernos em sua sala do quarto ano seis crianças não descrito foi em uma aula em que as crian- da unidade 8 o processo de alfabetizadas. A atitude da professora foi ças estavam escrevendo reportagens para progressão, defendendo-se a de que, se as crianças estavam lá, tinham colocar no jornal mural da escola. As pes- necessidade de que ser atendidas e as aprendizagens pre- quisadoras relataram um episódio durante envolver toda a es- cola na aprendiza- cisariam acontecer. Ela, então, assumiu a a realização da atividade vivenciado pelos gem das crianças é um dos temas de responsabilidade de educadora e resolveu alunos Yago e Kátia. discussão. criar condições favoráveis de aprendiza- Yago, que não era alfabético, dava opiniões gem para as crianças, mas seria muito mais sobre partes do texto. Kátia se mostrava produtivo se, além dos encaminhamentos bastante motivada, discutindo sobre o que da professora, houvesse, também, algum eles diriam, como eles diriam e assumindo tipo de atendimento complementar, a tarefa de registrar o texto. O interessante organizado pela escola ou pela Secretaria é que, mesmo não sendo esse o objetivo da de Educação. atividade, em alguns momentos ela tentava Como foi explicado, a docente decidiu ajudá-lo, inclusive, na ação de ler o texto dar atenção especial a essas crianças. que estava sendo escrito: 16 unidade 07
  • 17. namento, o colega dizia que a contribuição K: “D” com “O”, como é que faz? tinha sido de Edvaldo. Esta atitude também Y: “DO”. demonstra que a turma tinha interioriza- Na unidade 1 são discutidos princí- do alguns valores importantes para a vida pios relativos ao K: Sim, agora “L”, “U”? coletiva, em lugar de cultivar a competição, currículo para in- clusão e os valores Y: “LU”. tão presente em nossa sociedade. a ele intrínsecos. K: Lu...gar. Outra estratégia da docente era dividir a turma, deixando as crianças não alfabéti- cas no mesmo grupo. Em uma das aulas, após a leitura do texto, os alunos alfabé- ticos foram encaminhados para a aula de Atitudes como a de Kátia eram valoriza- informática para produzir um texto sobre das pela professora que, em sala de aula, a temática tratada (uma reportagem sobre reiteradas vezes, dizia aos alunos que eles animais). As crianças não alfabetizadas precisavam trabalhar juntos e que um ficaram em grande grupo com a mediação podia ajudar o outro. Ela sempre estimula- da professora, que assumiu a função de va a cooperação, a solidariedade, a dispo- escriba do texto. Foi observado, nesta aula, nibilidade para ajudar. Nesta aula citada, que algumas crianças não alfabetizadas, ela passava nas duplas e perguntava se as que não conseguiam falar diante do grupo crianças estavam se ajudando. classe, neste grupo menor, ficavam mais à A produção coletiva foi outro tipo de ativida- vontade e davam mais contribuições. de que inseria as crianças não alfabéticas no Conforme dito anteriormente, essa trabalho de produção de textos. Na aula em professora também fazia atendimento que houve produção coletiva, foi observado individualizado aos alunos não alfabéti- que alguns alunos não alfabéticos partici- cos. Nesses momentos, suas intervenções param da criação do texto. Yago dava muitas também focavam aspectos relativos ao sugestões. Algumas vezes, a professora até registro dos textos, ou seja, à aprendiza- precisava pedir que ele deixasse outras gem do Sistema de Escrita Alfabética. crianças colaborarem. Edvaldo, que era outra criança não alfabetizada e que tinha Enfim, as observações feitas nas aulas dessa dificuldades de se expressar em público, fa- professora mostram o quanto é possível e lava baixinho para o colega do seu lado, que desejável favorecer situações coletivas em passava para a turma as sugestões. Quando que crianças com diferentes necessidades a professora comentava essas respostas, podem participar e aprender. No entanto, seja elogiando ou fazendo algum questio- salientamos que, em se tratando da apren- unidade 07 17
  • 18. dizagem do Sistema de Escrita Alfabética, muitas vezes é necessário realizar atividades mais direcionadas às reflexões sobre tal conteúdo. Para discutirmos um pouco mais tais questões, podemos nos concentrar no relato apre- sentado pela professora Sheila Cristina da Silva Barros, do 2º ano da Escola Municipal Ubaldino Figueirôa (Jaboatão-PE): Entre os meses de maio e junho, vivenciamos a sequência didática sobre o gênero tirinhas, adaptada do livro “Diversidade textual: propostas para a sala de aula” (MENDONÇA, 2008). A sequência está organizada em 9 momentos contemplando atividades que envolvem os eixos de leitura e escrita. O primeiro momento consistiu na entre- ga de imagens dos personagens da Turma da Mônica; com o alfabeto móvel, os alunos montaram o nome do personagem e escreveram uma frase sobre o mesmo. Em seguida, realizaram a socialização. No segundo momento, em duplas, leram uma tirinha e depois realiza- mos uma roda de conversa sobre esse gênero (suportes, finalidade, recursos gráficos). No terceiro momento, organizados em duplas, os alunos receberam tirinhas de um dos personagens da Turma da Mônica e escreveram as características dos mesmos. No quarto momento, observamos tirinhas com a presença de onomatopeias, alguns tipos de balões e outros símbolos característicos do gênero e discutimos a importância desses recursos para a compreensão do texto. depois realizamos uma atividade na ficha, sobre os tipos de balões. No quinto momento, os alunos receberam tirinhas recortadas para organizarem. No sexto momento, realizamos atividade de com- preensão textual em dupla. O sétimo e o oitavo momentos foram de produção textual. O nono momento foi a confecção de livro com as tirinhas produzidas. O terceiro momento foi um dos momentos mais proveitosos da sequência, pois trabalhamos em duplas de acordo com o nível dos alunos. Para os que ainda não estavam no nível alfabético foi proposta uma atividade na qual os mesmos realizaram um grande esforço para escreverem frases sobre os personagens da Turma da Mônica, com o auxílio do alfabeto móvel. Com os alunos alfabéticos, trabalhamos mais as questões ortográficas. A socializa- 18 unidade 07
  • 19. ção desse momento também foi muito apreciada pelos alunos. Essa sequência também foi muito boa para trabalhamos um pouco mais a habilidade de inferir dos alunos, visto que essa é uma dificuldade que mesmo os alunos mais avançados apresentam. Diante do desempe- nho dos alunos nessas atividades, pudemos planejar outras que possi- bilitaram o desenvolvimento. O relato de Sheila mostra que ela reali- registrar as palavras. Estando em duplas, zou as mesmas atividades com todas as podem socializar conhecimentos. Obvia- crianças em todas as aulas, com exceção mente, as escritas serão diferentes, porque do terceiro momento. No entanto, mesmo as duplas têm conhecimentos diferentes sendo uma mesma atividade, houve favore- sobre o sistema de escrita. O professor, nes- cimento de aprendizagens diferentes. sa situação, é um mediador que pode ajudar Por exemplo, no primeiro momento eles as duplas, problematizando, dando infor- precisavam escrever os nomes dos perso- mações, estimulando a reflexão. O uso das nagens e frases que os caracterizassem. A letras móveis também é uma boa estratégia, Turma da Mônica é um gibi que é bastante pois dá maior mobilidade às crianças que conhecido e que, via de regra, agrada às estão em níveis iniciais de escrita, uma vez crianças. Caracterizar esses personagens que elas podem fazer várias tentativas, sem é uma atividade que contribui, inclusive, precisar ficar apagando as letras. para a compreensão dos textos em que tais No segundo momento, houve uma atividade personagens aparecem, pois uma das ca- de leitura de tirinhas. Como havia na turma racterísticas das histórias em quadrinhos crianças que não dominavam, ainda, os co- e tirinhas é que são engraçadas justamente nhecimentos sobre o sistema de escrita, nem porque brincam com características dos todos conseguiam ler o texto integralmente. personagens que representam, de modo No entanto, as crianças podiam se sentir exagerado, características das pessoas na encorajadas a tentar, porque os textos eram vida real. curtos e as imagens ajudavam a constituir os Escrever os nomes e as características sentidos do texto. Além disso, como se disse também é uma boa atividade para o ensi- antes, elas também estavam em duplas, de no do sistema alfabético, pois as crianças modo que podiam ter o apoio uma da outra. precisam mobilizar o que já sabem e tentar unidade 07 19
  • 20. Uma situação um pouco mais complexa, grande grupo, mas tais atividades possibi- mas que também envolvia leitura, foi litavam que crianças com diferentes reper- realizada no quinto momento. As tirinhas tórios de conhecimentos aprendessem nas estavam recortadas e as crianças precisavam situações. Como já foi dito, além dessas colocar em ordem. Para isso, precisavam ler situações, as que se organizam em peque- os quadrinhos, tendo como apoio a imagem. nos grupos, com atividades diversificadas, também são necessárias ao tratarmos da Enfim, a professora Sheila, assim como heterogeneidade dos grupos. outras professoras, realizava atividades em Referências ALBUQUERQUE, Eliana Borges Correia de; CRUZ, Magna do Carmo Silva. Práticas diver- sificadas de ensino da leitura e da escrita: a heterogeneidade em questão. In: Anais do 19º EPENN - Encontro de Pesquisadores do Norte e Nordeste, 2009. João Pessoa: 2009. CD-ROM, 2009. V. único. COUTINHO-MONNIER, Marília L. Práticas de alfabetização com uso de dife- rentes manuais didáticos: o que fazem professores no Brasil e na França? O que os alunos aprendem? 2009. Tese de( Doutorado em Educação). Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2009. GOIGOUX, Roland. Analyser l’activé d’enseignement de la lecture: une monographie. Revue Française de Pedagogie, local, n.138, p.: 125-134, mês 2002. MENDONÇA, Márcia (coord.). Diversidade textual: propostas para a sala de aula. Recife: MEC/CEEL, 2008. OLIVEIRA, Solange Alves de. Progressão das atividades de língua portuguesa e o tratamento dado à heterogeneidade das aprendizagens: um estudo da prática docente no contexto de ciclos. 2010. Tese (Doutorado em Educação). Programa de Pós-graduação em Educação. Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2010. SILVEIRA, Renata da Conceição; AIRES, Vera Lúcia de Oliveira. Produção de textos por alunos não alfabetizados. 2008. Trabalho de Conclusão de Curso de Pedagogia. Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2008. 20 unidade 07
  • 21. Compartilhando Direitos de aprendizagem: componente curricular Arte Na década de 1980, com a redemocratiza- especificidades (objetivos de ensino, ção do país, eclodiram, no cenário nacio- conteúdos de estudos, metodologia e nal, as associações de arte-educadores sistema de avaliação). e cursos de pós-graduação (lato sensu Foi nesse contexto de luta que, em 20 de e stricto sensu), fazendo surgir novas dezembro de 1996, os arte-educadores reflexões sobre o ensino de arte e novas brasileiros conquistaram a obrigatorie- concepções para o processo de ensino- dade do ensino de arte para toda a Edu- -aprendizagem de arte no âmbito escolar. cação Básica, através da promulgação da Em 1988, foi promulgada a Constituição nova LDBEN, de n° 9.394, que, depois de Brasileira, iniciando-se, logo em se- quase uma década, revogou as disposições guida, discussões sobre a nova LDBEN. anteriores e consagrou, oficialmente, a Em três de suas versões, foi retirada a concepção de ensino de arte como conhe- obrigatoriedade do ensino de arte nas cimento, ao explicitar que o ensino de arte escolas. Organizados, os arte-educado- deverá promover, entre outros aspectos, o res protestaram, convictos da impor- desenvolvimento cultural dos alunos. tância da arte para a formação do aluno. Nessa direção, o objetivo do ensino da Iniciou-se, aí, uma longa luta política e Arte na Educação contemporânea conceitual dos arte-educadores brasi- reside na ideia de reforçar e valori- leiros para tornar a arte uma disciplina zar a herança cultural, artística curricular obrigatória, com todas as suas
  • 22. e estética dos alunos, além de ampliar visuais formam os pressupostos sócio- seus olhares e escutas sensíveis, e for- -filosóficos e didático-metodológicos que mas expressivas através de experiências orientaram a concepção e sistematização estéticas e poéticas com base nas inter- do quadro de direitos de aprendizagens -realidades que eles conhecem ou possam da área de arte no âmbito deste Programa vir a conhecer. Nacional de Alfabetização. As tendências atuais do ensino da arte É importante lembrarmos que são apre- no Brasil, em consonância com as pers- sentadas neste quadro as aprendizagens pectivas internacionais, vêm indicando a gerais da área de arte, como sugestão de partir de diferentes estudos e pesquisas, um caminho possível por meio do qual se entre outros princípios, a concepção elaborem os currículos e a práxis pedagó- de Arte como conhecimento, que está gica em arte. No entanto, o mesmo indica baseado na interculturalidade, na inter- que é preciso garantir as aprendizagens disciplinaridade e na aprendizagem dos específicas das linguagens da dança, conhecimentos artísticos, a partir de uma do teatro, das artes visuais e da música, abordagem epistemológica do ensino da as quais possuem suas epistemologias arte, que defende a ideia que arte se en- próprias, de modo a contemplar também sina e se aprende. No caso brasileiro, tal a aprendizagem da Arte e da cultura da concepção, no que tange particularmente África, dos afrodescendentes e dos indíge- às artes visuais, é inicialmente divulgada nas, conforme garantido pelas Leis de nº na Abordagem Triangular do Ensino da 10.639/2003 e 11.645/2008. Arte. Essa abordagem foi sistematiza No quadro abaixo estão expostas sugestões pela professora Ana Mae Barbosa e suas acerca de como tratar a progressão de cada colaboradoras na década de 1980, a partir direito durante o ciclo de alfabetização. A das atividades educativas desenvolvidas letra I será utilizada para indicar que aque- no Museu de Arte Contemporânea, da le direito deve ser introduzido na etapa es- Universidade de São Paulo. A referida colar indicada; a letra A indicará que a ação abordagem defende a aprendizagem educativa deve garantir o aprofundamento; dos conhecimentos artísticos a partir e a letra C indica que a aprendizagem deve da inter-relação entre o fazer, o ler e o ser consolidada no ano indicado. contextualizar arte. Neste sentido, a interculturalidade e as interconexões entre as diferentes lingua- gens da arte – teatro, música, dança e artes 22 unidade 07
  • 23. Direitos gerais de aprendizagem: Arte Ano 1 Ano 2 Ano 3 Compreender a arte como um conhecimento produzido socialmen- te, em diferentes contextos históricos e culturais da humanidade. I/A A C Reconhecer a importância social da arte na sociedade e na vida dos indivíduos. I/A A C Vivenciar experiências educativas nas linguagens da dança, tea- tro, artes visuais e música. I/A/C A/C C Vivenciar processos educativos de diálogo interdisciplinar da arte com diferentes áreas de conhecimento e de diálogo interterrito- rial das diferentes linguagens artísticas, inclusive com as novas I/A/C A/C C tecnologias. Conhecer a vida e obra de diferentes artistas das linguagens da dança, teatro, artes visuais e música, da comunidade local e da região, como, também, com artistas de expressão nacional e I/A A/C C internacional, das mais diferentes partes do mundo, de diferentes épocas, estilos, gêneros, e etnias. Conviver e acessar fontes vivas de produção da arte. I/A/C A/C C Identificar no cotidiano a produção e produtores artísticos de circulação social em diferentes ambientes. I/A/C A/C C Ler, apreciar e analisar criticamente diferentes objetos artísticos e manifestações da arte na sociedade. I/A/C A/C C Conhecer e reconhecer os elementos que constituem as lingua- gens artísticas a partir da leitura e análise de objetos artísticos. I/A/C A/C C Conhecer, participar e visitar diferentes dispositivos e equi- pamentos culturais de circulação da arte e do conhecimento artístico, tais como: teatros, museus, galerias, feiras, ruas, festivais, I/A/C A/C C livrarias, bibliotecas, centros históricos e culturais. Fazer arte na perspectiva da criação artística como pesquisa e investigação. I/A/C A/C C Conhecer, vivenciar e interagir com materiais, tecnologias, técni- cas, instrumentos e procedimentos variados em artes, experimen- tando-os de modo a utilizá-lo nos trabalhos pessoais e coletivos I/A/C A/C C de criação artística. Pesquisar e organizar os diferentes conhecimentos artísticos, a partir de fontes variadas de informações. I/A/C A/C C Respeitar, conviver, valorizar e dialogar com as diferentes produ- ções artísticas de circulação social. I/A/C A/C C I – Introduzir; A – Aprofundar; C - Consolidar. unidade 07 23
  • 24. Dia Internacional da Mulher Professora: Sheila Cristina da Silva Barros Escola Municipal Ubaldino Figueirôa (Jaboatão-PE) Turma: 2º ano do Ensino Fundamental. Sugestão de planejamento: 1º momento: • iniciar a discussão sobre o Dia Internacional da Mulher; Perguntas: Vocês sabem o que estamos comemorando no dia 08 de março? Esse dia é só comemorado no Brasil ou em outras partes do mundo? Por que vocês acham que existe um dia da mulher? Existe um dia para os homens também? • explorar a palavra internacional, por meio de pesquisa no dicionário; • realizar a leitura de um texto sobre o Dia Internacional da Mulher e discutir sobre as informações trazidas pelo texto (Leitura em voz alta por alguns alunos); • discutir sobre a situação atual da mulher na sociedade (explorar as informações presentes no texto com perguntas para os alunos): - direito ao voto, ao trabalho e a escolha da profissão; respeito às diferenças entre homens e mulheres. 2º momento: • construir um cartaz sobre as mulheres; Os alunos irão pesquisar, em grupos de 4, imagens das mulheres nas diversas situações cotidianas. Cada grupo irá pesquisar uma figura. Em seguida, o professor irá orientar os alunos a construírem frases sobre o respeito e os direitos das mulheres (podem ser organizados grupos com crianças que estejam em níveis de escrita próximos, para favorecer as tentativas de descoberta de escrita). • fixar os cartazes na entrada da escola e receber os pais no horário da saída apresentando os trabalhos feitos. 3º momento: • ler reportagens ou notícias sobre conquistas feitas por mulheres; discutir fazendo relações com a situação das mulheres retratada no texto que trata sobre o Dia Internacional da Mulher; • confeccionar uma flor para entregar a uma mulher importante em sua vida; escrever uma mensagem para ser entregue junto com a flor. 24 unidade 07
  • 25. Poemas em sala de aula Professora: Ivanise Cristina da Silva Calazans Escola Municipal Nova Santana (Camaragibe – PE) Turma: 2º ano do Ensino Fundamental 1º momento: Expus na sala vários textos de diferentes gêneros; pedi que os alunos observassem e verificassem se conheciam alguns deles. A maioria conseguiu identificar o calendário, o convite, o bilhete e o poema. 2º momento: Após a conversação e o levantamento dos conhecimentos prévios, mostrei o livro “Rimas da • floresta”. Apresentei o livro, mostrei que o livro tinha poemas. Circulei com o livro e, à medida que circulava, pedi aos alunos para observarem os animais, verificarem se conheciam alguns. Fiz a leitura de alguns poemas e discuti com o grupo. 3º momento: Fiz a retomada do livro “Rimas da Floresta”. Após terminar a leitura, passei a mostrar no mapa o lugar onde o animal vivia. Foi muito interessante a empolgação e o envolvimento dos alunos. O primeiro poema que li foi “Cuidado com o peixe-boi!”, escolhido pelos alunos, pois fazia pouco tempo que os mesmos tinham participado da aula extraclasse na Estação dos Mamíferos Aquáticos. Ficou combinado que cada grupo escreveria um bilhete, sugerindo o poema da aula seguinte. A escolha seria por sorteio. Rimas da floresta Texto: José Santos Imagem: Laurabeatriz Editora: Peirópolis Com belas ilustrações, poesias e pequenos textos informativos, a obra “Rimas da floresta: poesia para os animais ameaçados pelo homem” nos dá a oportunidade de conhecer onze espécies da fauna brasileira, dentre as quais algumas estão ameaçadas de extinção. Você sabe quais são esses animais? Como eles são? Para podermos lutar pela sua sobrevivência, precisamos antes de tudo conhecê-los. São cinco mamíferos, quatro aves e dois répteis. unidade 07 25
  • 26. Obras Complementares: cada livro, uma viagem Telma Ferraz Leal Juliana Melo Lima Como foi descrito na unidade 2, o MEC tem Leal e Rodrigues (2011), ao analisarem os distribuído materiais didáticos para auxi- acervos distribuídos pelo PNLD – Obras Na unidade 2, são listados liar no processo de alfabetização. Um dos Complementares, agruparam os livros em alguns materiais Programas que tem tal objetivo é o PNLD sete tipos de obras, que serão expostas a distribuídos pelo MEC. – Obras Complementares. Neste programa, seguir. No acervo de 2013, além dos sete são distribuídos acervos de 30 livros para agrupamentos descritos pelas autoras, são as salas de aula dos anos iniciais. Em 2010, encontrados também os textos literários e foram distribuídos livros para as salas dos história em quadrinhos. Desse modo, são anos 1 e 2. Em 2013, a distribuição foi am- contemplados nove tipos de obras comple- pliada para as salas dos anos 1, 2 e 3. mentares: Os livros são diversificados quanto aos gêneros textuais, quanto aos temas, quanto 1. Livros de divulgação do saber ao tamanho, complexidade de vocabulário, científico/obras didáticas dentre outros. Nesse conjunto de livros, podem ser encontradas obras que ajudam Tais livros tratam de temas relativos aos no processo de aprendizagem do siste- diferentes componentes curriculares e ma de escrita, obras que pelo tamanho e propiciam condições para que, por meio simplicidade podem servir para encorajar de uma linguagem mais adequada ao pú- as crianças a tentarem ler sozinhas, livros blico infantil, mas com marcas dos textos com textos maiores e mais complexos, que de divulgação científica, as crianças se precisam ser lidos pelos professores. En- apropriem dos modos como tais textos se fim, livros a serem usados com diferentes organizam, suas finalidades, seus estilos. propósitos com crianças com diferentes No documento Acervos Complementa- níveis de conhecimento. res: as áreas do conhecimento nos dois 26 unidade 07
  • 27. primeiros anos do Ensino Fundamental professores, tanto por conterem conte- (BRASIL, 2009), distribuído junto os údos ricos, que ensinam sobre a vida em acervos, é dito que: sociedade, quanto pelos tipos de recursos linguísticos que são usados, pois diferen- “O estranhamento em relação a tes conhecimentos e habilidades podem essa espécie de texto que muitas ser desenvolvidos por meio da leitura de crianças sentem, quando avan- biografias: çam na escolaridade, decorre, frequentemente, da falta de “Os textos narrativos, em que familiaridade com sequências são relatados acontecimentos expositivas. A comparação entre em torno de determinadas te- as informações trazidas na obra máticas, podem ser muito im- e essas mesmas informações em portantes para a familiarização outros suportes textuais (ou- com os recursos que garantem tros livros, internet, jornal, o a cronologia dos fatos, na pas- próprio livro didático) é muito sagem do tempo, típica da nar- importante para que as crianças ração. Os relatos, as biografias aprendam a estabelecer relações e os contos, que estão presentes entre textos, como reconhecer nos acervos, podem ser usados um conteúdo comum a textos de em atividades nas quais se pede tipos ou gêneros diferentes, a às crianças que produzam ou- localizar informações, a parafra- tras histórias, biografias e re- sear (dizer algo de outro modo).” latos com temáticas similares. (BRASIL, 2009, p. 17) Na leitura, pode-se explorar as ações dos personagens, as rela- ções de causa e efeito, antece- 2. Biografias dência e consequência, a ordem em que os fatos acontecem. Nas Nos acervos do PNLD – Obras Comple- biografias, podem ser promo- mentares há biografias sobre artistas, vidas muitas reflexões sobre as personagens históricos, dentre outros. As relações entre a vida da pessoa biografias são obras com alta vendagem e, frequentemente, são adaptadas para o biografada e o contexto em que cinema ou a TV, dado o potencial que têm a história aconteceu, com com- para atrair públicos diversos. Na escola, parações com outras biografias as biografias enriquecem o trabalho dos de pessoas que viveram na mes- unidade 07 27
  • 28. ma época. As obras de arte tam- 4. Livros de cantigas, parlendas, bém podem ser exploradas em trava-línguas, jogos de palavras atividades de leitura e escrita de Atendendo ao princípio da promoção da biografias de artistas.” (BRA- ludicidade no aprender, estão presentes SIL, 2009, p. 16) nos acervos os livros que brincam com as palavras, tais como os livros com cantigas, parlendas e trava-línguas, que são gêneros 3. Livros instrucionais que circulam entre as pessoas, passando Os livros instrucionais são aqueles desti- de uma geração a outra, muitas vezes por nados a ensinar a fazer alguma coisa ou a meio da oralidade. São textos que consti- se comportar em determinados tipos de tuem o nosso acervo cultural e promovem situações. Nos acervos do PNLD – Obras a valorização da tradição oral, pois muitos Complementares, são encontrados vários desses livros divulgam textos que foram tipos de livros instrucionais: coletânea originados e difundidos por meio da ora- de experimentos, livro de receitas, livro lidade. Além disso, tais obras colaboram de brincadeiras, livro de montagem de para a aprendizagem do Sistema de Escrita brinquedos, livro que ensina a fazer dobra- Alfabética: duras, livro que ensina a desenhar, livro “São livros interessantes, que que divulga textos jurídicos relativos aos instigam as crianças a estabele- direitos sociais (Declaração dos Direitos cerem relações entre palavras e das Crianças, Declaração dos direitos dos que possuem textos de fácil me- animais etc.). Tais livros: morização. Por outro lado, o fato “Podem ser usados em situações de muitos daqueles textos pas- reais, estimulando as crianças sarem a ser conhecidos de cor, a voltar ao texto a cada etapa da pelas crianças, favorece a re- execução das atividades. Esses flexão sobre as relações entre o textos, via de regra, ajudam a que falamos e o que escrevemos. criança a familiarizar-se com a Com certeza, tanto nas situa- linguagem prática, com uso de ções coletivas como nas de uso verbos no imperativo ou infini- individual, aqueles livros pode- tivo, organizados segundo uma rão ajudar os alunos a perceber ordem cronológica de descrição que palavras que possuem sons de ações.” (BRASIL, 2009, p. iguais compartilham, na maior 15-16) parte dos casos, de uma mesma 28 unidade 07
  • 29. seqüência de letras; identificar que levantamos outras palavras que se mudamos uma(s) letra(s) que se iniciam com a mesma de uma palavra, podemos trans- letra/som, quanto em ativida- formá-la em outra; relacionar, des nas quais as crianças usam na leitura de textos memoriza- o material para descobrir como dos, as palavras oralizadas com escrever outros vocábulos. Essas suas correspondentes escritas.” obras podem ser usadas para a (Brasil, 2009, p. 46-47) construção de um conjunto de “palavras estáveis/fixas” (pala- vras cuja seqüência de letras as 5. Livros de palavras crianças conhecem de memória, Os livros de palavras são obras dedicados e podem servir de apoio para a ao trabalho de ensino do Sistema de Escri- leitura e escrita de novas pala- ta Alfabética. Alguns se organizam por um vras).” (BRASIL, 2009, p. 46) conjunto de palavras em ordem alfabética (uma ou mais palavras iniciadas por cada letra), ilustradas com imagens variadas; outros, contém poemas ou brincadeiras com cada uma das letras. “Foram reunidas, nesse grupo, obras que apresentam palavras na ordem alfabética. São livros que podem ser lidos pelo profes- sor e pelos alunos durante todo o ano, e usados como consulta para a escrita de palavras. Por exem- plo, pode-se estimular as crian- ças a consultar a letra inicial de uma determinada palavra, para descobrir como escrever outra palavra. Essas obras, portanto, podem ser usadas tanto para atividades sistematizadas, em unidade 07 29
  • 30. 6. Livros de imagens 7. Livros de histórias, com foco em conteúdos curriculares Os livros de imagens estimulam as crianças a ler textos não verbais, que é uma de- O público infantil, sem dúvidas, tem manda crescente da sociedade moderna. especial atenção nas narrativas. As histó- As imagens estão presentes nas ruas, no rias prendem a atenção, sobretudo, pelas computador, nos outdoors, nas revistas, nos possibilidades de articulação com suas livros. Também na esfera artística, a leitura vivências, sentimentos, desejos, sonhos. de imagens é de fundamental importân- Partindo desse princípio, muitos autores cia. Saber lidar com pinturas, esculturas, optam por tratar de conhecimentos da fotografias, ilustrações, requer habilidades esfera científica por meio de narrativas que podem ser estimuladas desde os anos em que os conceitos são construídos. Tais iniciais na escola. Os textos de imagens livros nem sempre se pretendem literá- podem ser usados pelos professores tanto rios, embora vários deles o sejam. Ainda para motivar discussões e projetos relativos assim, alguns buscam efeitos estéticos às temáticas tratadas quanto para desenvol- em um gênero em que conta histórias ver habilidades e conhecimentos relativos à e, ao mesmo tempo, ensina conteúdos apreciação artística. curriculares. 8. Histórias em quadrinhos As histórias em quadrinhos são gêneros textuais muito apreciados pelas crianças, tanto pelos efeitos de humor frequente- mente presentes nos textos, quanto pela recorrência de imagens que constituem, juntamente com o texto verbal, os senti- dos. Este tipo de obra motiva as crianças a tentarem ler sozinhas os textos e oferecem pistas não verbais para que essas tentativas sejam bem sucedidas. Sua utilização em sala de aula favorece o desenvolvimento de leitura autônoma. 30 unidade 07
  • 31. 9. Livros literários Os textos literários são importantes ma- Como pode ser verificado, há uma grande teriais a serem contemplados/priorizados variedade de livros, que contemplam gê- na escola. Muitos autores defendem o uso neros textuais diversos, tratando de temas dessas obras considerando sua dimen- de interesse do público infantil. Muitas são artística. O foco do trabalho, nesta atividades podem ser planejadas e realiza- perspectiva, é a própria natureza estética das com esses livros. O professor precisa, das obras. A contextualização histórica, no entanto, avaliar quais são as condições a reflexão sobre os estilos literários, o das crianças para lidar com os livros, os debate sobre as concepções de sociedade e interesses e os seus objetivos ao selecionar de homem expressos nesses livros também cada obra. merecem tratamentos especiais. Referências: BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Acervos complementares: as áreas do conhecimento nos dois primeiros anos do Ensino Fundamental. Brasília: MEC/SEB, 2009. LEAL, Telma Ferraz; RODRIGUES, Siane Gois C. Além das obras literárias, que outros livros queremos na sala de aula? In: LEAL, Telma Ferraz; SILVA, Alexandro da (orgs.). Recursos didáticos e ensino da Língua Portuguesa: computadores, livros... e muito mais. Curitiba: Editora CRV, 2011, v.1, p. 95-114. unidade 07 31
  • 32. Materiais complementares: possibilidades de uso nas turmas do ciclo de alfabetização Uma letra puxa a outra José Paulo Paes e Kiko Farkas Editora: Companhia das Letrinhas Vamos brincar de formar palavras? O livro “Uma letra puxa a outra” explora as iniciais das palavras, através da ordem das letras do alfabeto. Brincando com palavras começadas por cada letra do alfabeto, que iniciam pequenos poemas, a leitura desse livro nos leva tanto a aprender sobre tipos de letras como a refletir sobre rimas e sobre semelhanças e diferenças sonoras entre as palavras. O foco, portanto, é a reflexão sobre palavras e suas unidades Obras menores. complementares 32 unidade 07
  • 33. Direitos de aprendizagens que podem ser explorados com o uso dessa obra nas turmas do ciclo de alfabetização no trato da heterogeneidade 1. Eixo da Leitura Ler pequenos textos (poemas, capa e do seu título; canções, tirinhas, textos de tra- - perguntar se os alunos sabem como dição oral, dentre outros), com uma letra pode puxar a outra e em que autonomia. sentido o autor está falando; - solicitar a leitura em voz alta dos pe- - explorar quem é o autor e perguntar quenos textos de cada página, durante se os alunos conhecem outros livros a exploração do livro; deste autor; - explorar alguns poemas do livro por - explorar as imagens da capa, pergun- meio de atividades impressas que tando se os alunos sabem que sinal tenham como foco circular palavras, de pontuação é aquele e porque ele responder questões de compreensão aparece na capa. de textos de forma individual etc. Antecipar sentidos e ativar co- nhecimentos prévios relativos Compreender textos lidos por aos textos a serem lidos pelos outras pessoas, de diferentes professores ou pelas crianças. gêneros e com diferentes pro- pósitos. - estimular a antecipação de sentidos sobre o livro apenas pela análise da - ler cada pequeno poema e interrogar aos alunos sobre o que foi lido. unidade 07 33
  • 34. Relacionar textos verbais e não Elaborar inferências em textos verbais, construindo sentidos. de diferentes gêneros, temáti- cas e níveis de complexidade, - explorar a relação entre as imagens lidos pelo professor ou outro de cada página com a letra que se quer leitor experiente ou lidos com dar ênfase, por exemplo: explorar, autonomia. no poema da página 9, o sentido do trecho “cambaleia na corcova do - fazer perguntas orais, como: No camelo” e no “cachimbo do califa” poema da página 13, por que é uma (relacionar texto à imagem). EMERGÊNCIA o fato de o elefante entrar no elevador? Ler em voz alta, com fluência. Localizar informações explí- citas em textos de diferentes - fazer um jogral para ser apresentado no gêneros, temáticas e níveis de recreio da escola, explorando a leitura complexidade, lidos pelo pro- dos pequenos textos (os alunos deverão fessor ou outro leitor experien- saber de cor os textos) e a ordem alfa- te ou lidos com autonomia. bética (cada aluno deve ter uma letra na mão e a medida que forem lendo, vão - após a leitura de cada poeminha, fa- apresentando-se ao público). zer algumas perguntas de localização, tais como: Quais as outras palavras deste texto que começam com a letra Estabelecer relações lógicas en- em destaque? tre partes de textos de diferentes - Circular as palavras que forem cita- gêneros, temáticas e níveis de das pela docente (cada aluno deve ter complexidade, lidos pelo pro- a cópia do texto que for alvo de análise fessor ou outro leitor experiente nessa atividade). ou lidos com autonomia. - explorar a relação entre várias infor- Estabelecer relações de inter- mações apresentadas no texto, como textualidade entre textos por exemplo: De acordo com o poema da página 41, por que o sujeito deu um - perguntar aos alunos em quais outros sopapo no sapo? livros/gêneros podemos encontrar os textos organizados em forma alfabética; 34 unidade 07
  • 35. - ler alguns verbetes do livro “Dicioná- Compreender que palavras dife- rio do Humor Infantil”, de Pedro Blo- rentes compartilham certas letras. ch, e pedir que os alunos identifiquem - comparar as palavras do texto que as semelhanças e diferenças entre este começam com as mesmas letras a cada livro e o livro “Uma letra puxa a outra”. nova letra apresentada pelo livro; Pode-se explorar algumas possíveis conclusões dos alunos: o livro de - identificar em duas palavras quantas José Paulo explora para cada letra um letras que se repetem. poema, apresenta poemas e tem textos que brincam com a letra inicial das pa- lavras em destaque; enquanto o livro Reconhecer as letras do alfabeto de Pedro Bloch, tem vários verbetes por seus nomes. para cada letra, e tem a finalidade de - explorar, antes da leitura de cada explorar o significado das palavras em texto, o nome da letra em foco, seu destaque. formato e as diferenças entre os dois formatos apresentados no livro; - selecionar algumas palavras do texto e 2. Eixo da Análise Linguística: pedir que os alunos identifiquem as le- Apropriação do Sistema de tras mencionadas por meio de BINGO Escrita Alfabética DAS LETRAS; - montar as palavras em destaque, de Reconhecer diferentes tipos de cada poema, com letras móveis. letras, em situações de leitura de textos de diversos gêneros discursivos. Perceber que palavras diferentes - estimular que os alunos reconheçam variam quanto ao número, re- vários tipos de letras por meio de pertório e ordem de letras. comparação, pesquisa em jornais e re- - retirar do texto palavras que começam vistas, conforme apresentado no livro com a mesma letra (em cada poema e/ou escrever as palavras em destaque trabalhado) e depois contar quantas letras de cada poema na forma cursiva e possuem e em que posição estão (pode ser imprensa maiúscula. feito com todas as letras em destaque); unidade 07 35
  • 36. - comparar palavras que começam Dominar as correspondências com a mesma letra quanto à quanti- entre letras ou grupos de letras e dade de letras (contar quantas letras seu valor sonoro, de modo a ler e possuem, verificar qual é a maior, qual escrever palavras formadas por é a menor, quais possuem a mesma diferentes estruturas silábicas. quantidade de letras) e ordená-las de forma crescente em uma tabela. - solicitar a leitura de algumas pala- vras dos pequenos textos por meio de exercício com apoio de imagens; Contar oralmente as sílabas de palavras e compará-las quanto - escrever livremente e/ou com ajuda ao tamanho. do professor (aluno) outras palavras, não presentes no texto, que comecem - escolher algumas palavras de cada iguais a letra que se quer explorar no pequeno texto e pedir para os alunos poema; contarem quantas sílabas estas pos- suem, qual é a palavra que tem mais, - circular as sílabas das palavras lidas qual é a que tem menos sílabas. Tam- coletivamente, contar as letras que as bém comparar a quantidade de letras compõem, compará-las; em cada sílaba das palavras. - comparar palavras com a mesma quantidade de letras e quantidade de Perceber que as vogais estão sílabas diversas e vice-versa. presentes em todas as sílabas. - listar palavras presentes no texto Identificar semelhanças so- (uma palavra que comece com cada le- noras em sílabas iniciais e em tra do alfabeto) e identificar se alguma rimas. palavra não tem vogal; - fazer cruzadinhas para completar so- - identificar oralmente as palavras que mente com as vogais; depois completar rimam no poema, como por exemplo: só com as consoantes; olho/repolho (p. 33) e sapo/papo (p. 41); - retirar as vogais das palavras listadas e perguntar se poderiam ser lidas; - identificar a semelhança sonora acrescentar outras vogais e perceber o entre as palavras: quilo/quilômetro (p. que mudou. 37) e rato/rainha/ratoeira (p. 39). 36 unidade 07
  • 37. 3. Eixo da Produção de textos Nas duas tarefas proposta a seguir, estariam envolvidos os seguintes conhecimentos e habilidades: • refletir sobre o contexto de produção de textos; • planejar a escrita de textos: organizar roteiros, planos gerais para atender a diferentes finalidades, com e sem ajuda de escriba; • produzir textos de diferentes gêneros, atendendo a diferentes finalidades, por meio da atividade de um escriba ou com autonomia; • gerar e organizar o conteúdo textual, estruturando os períodos e utilizando recursos coesivos para articular ideias e fatos; • utilizar vocabulário diversificado e adequado ao gênero e às finalidades propostas; • revisar os textos durante o processo de escrita, retomando as partes já escritas para planejar os trechos seguintes. Atividades sugeridas a) Propor aos alunos (coletivamente, em dupla) que inventem poemas, utilizando outras palavras para cada letra em destaque do alfabeto. Os poemas produzidos irão formar um livro com uma coletânea de poemas a ser doado para a biblioteca. Orientações: • pode-se utilizar como modelo os poemas do próprio livro; • o professor deve acompanhar a produção dos poemas, orientando sobre a necessidade de fazer um rascunho do que será produzido; • o professor deve promover a troca dos poemas na turma, para leitura crítica e elaboração de sugestões de revisão; • logo depois, esses poemas poderiam ser treinados e memorizados para serem declamados para toda a escola. unidade 07 37
  • 38. b) Ler o livro “Dicionário de humor infantil” de Pedro Bloch e explorar a forma engraçada como ele apresenta a definição das coisas, sob o olhar infantil. Orientações: • propor aos alunos que escolham uma letra do alfabeto e o nome de um brinquedo de que mais gostam. Logo depois, eles devem produzir verbetes (individualmente) com definições próprias sobre o brinquedo escolhido. Estes verbetes irão compor um DICIONÁRIO DOS BRINQUEDOS MALUCOS da turma a ser doado à biblioteca e os verbetes afixados na sala de aula. Deve ser dito que as definições devem ter um aspecto engraçado, pois a finalidade desse livro é de divertir as pessoas, como o de Pedro Bloch; • acompanhar a produção dos verbetes, orientando a cada aluno sobre a necessidade de fazer um rascunho do que será produzido; • promover a troca dos verbetes entre os alunos para leitura crítica e elaboração de sugestões de revisão; • organizar os verbetes no dicionário na ordem alfabética. 38 unidade 07