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Ministério da Educação
             Secretaria de Educação Básica
        Diretoria de Apoio à Gestão Educacional




  Pacto Nacional
pela Alfabetização
  na Idade Certa
PLANEJAMENTO ESCOLAR: ALFABETIZAÇÃO
   E ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA




             Ano 01
           Unidade 02
                     Brasília 2012
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
Secretaria de Educação Básica – SEB
Diretoria de Apoio à Gestão Educacional




                Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
                Centro de Informação e Biblioteca em Educação (CIBEC)
_______________________________________________________________________________

Brasil. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional.
	         Pacto nacional pela alfabetização na idade certa : planejamento escolar : alfabetização e
ensino da língua portuguesa : ano 1 : unidade 2 / Ministério da Educação, Secretaria de Educação
Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional.
-- Brasília : MEC, SEB, 2012.
	         48 p.

	        ISBN 978-85-7783-123-4

	        1. Alfabetização. 2. Língua portuguesa. 3. Planejamento do ensino.
	        I. Título.

                                                        CDU 37.014.22
_______________________________________________________________________________




Tiragem 125.616 exemplares

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA
Esplanada dos Ministérios, Bloco L, Sala 500
CEP: 70047-900
Tel: (61)20228318 - 20228320
Sumário


 PLANEJAMENTO ESCOLAR:
 ALFABETIZAÇÃO E ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA

 Iniciando a conversa                                          05

 Aprofundando o tema                                           06
 Planejamento do ensino: alfabetização e ensino/aprendizagem
 do componente curricular - Língua Portuguesa06
 As rotinas da escola e da sala de aula: referências
 para a organização do trabalho do professor alfabetizador17

 Compartilhando                                                29
 Direitos de aprendizagem em História no ciclo de alfabetização 29
 Materiais didáticos no ciclo de alfabetização. 36

 Aprendendo mais                                               45
 Sugestões de leitura45
 Sugestões de atividades para os encontros em grupo47
PLANEJAMENTO ESCOLAR: ALFABETIZAÇÃO E ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA
UNIDADE 2 | ANO 1

Autoras dos textos da seção Aprofundando o tema:
Andrea Tereza Brito Ferreira, Eliana Borges Correia de Albuquerque, Luciane Manera
Magalhães, Rita de Cássia Barros de Freitas Araujo , Simone Borrelli Achtschin, Terezinha
Toledo Melquíades de Melo.

Autoras dos relatos de experiência e depoimentos:
Ana Cristina Bezerra da Silva, Severina Erica da Silva Guerra.

Leitores críticos e apoio pedagógico:
Adriana M. P. da Silva, Alexsandro da Silva, Alfredina Nery, Amanda Kelly Ferreira da Silva, 	
Ana Cristina Bezerra da Silva, Ana Lúcia Martins Maturano, Ana Márcia Luna Monteiro,
Erika Souza Vieira, Evani da Silva Vieira, Ivanise Cristina da Silva Calazans, Juliana de
Melo Lima, Magna do Carmo Silva Cruz, Rochelane Vieira de Santana, Severino Rafael da
Silva, Sheila Cristina da Silva Barros, Telma Ferraz Leal, Yarla Suellen Nascimento Alvares.

Produção dos quadros de direitos de aprendizagem:
Adriana M. P. da Silva.

Revisora:			
Adriana de Oliveira Gibbon.

Projeto gráfico e diagramação:
Ana Carla Silva, Luciana Salgado, Susane Batista e Yvana Alencastro.

Ilustração:
Airton Santos.

Capa:
Anderson Lopes, Leon Rodrigues, Ráian Andrade e Túlio Couceiro.
Iniciando a conversa

A maneira como uma escola se organiza para atender aos seus objetivos inclui algumas
ações que são fundamentais para o seu funcionamento. Pensar sobre o que e como fazer
em uma escola inclui traçar planos e metas a serem alcançadas ao longo de um determi-
nado tempo, seja este o planejamento de uma gestão escolar ou de uma sala de aula. No
caso das salas de aula do ciclo da alfabetização, é importante ter em mente quais são os
objetivos do ensino de cada fase, que direitos de aprendizagem temos que contemplar
em cada ano para que nossos alunos avancem com sucesso em novas etapas e desafios.
Nesta unidade, discutiremos justamente a importância do planejamento das atividades,
da organização do trabalho, da previsão do tempo pedagógico e da construção de rotinas
no sentido de promover o atendimento e a formação das crianças em alfabetização. Para
isso, abordaremos temas que estão apresentados nas seguintes questões: Por que deve-
mos planejar o ensino da alfabetização? Como planejar o trabalho com a alfabetização
de forma a contemplar os diferentes eixos de ensino da língua? Como organizar o tempo
escolar? Como construir uma rotina que venha a favorecer a aprendizagem dos nossos
alunos? Como planejar e organizar o trabalho pedagógico utilizando-se dos diversos
materiais e recursos disponíveis para o ciclo de alfabetização nas escolas?


    Desse modo, os objetivos da unidade 2 são:
    •	 aprofundar os conhecimentos sobre a concepção de alfabetização na
       perspectiva do letramento;
    •	 conhecer os recursos didáticos distribuídos pelo Ministério da Educação (livros
       didáticos e obras complementares aprovados no PNLD; livros do PNBE e PNBE
       Especial; jogos didáticos distribuídos pelo MEC) e planejar situações didáticas
       em que tais materiais sejam usados;
    •	 planejar o ensino na alfabetização, analisando e criando propostas de
       organização de rotinas da alfabetização na perspectiva do letramento;
    •	 criar um ambiente alfabetizador, que favoreça a aprendizagem das crianças;
    •	 compreender a importância da literatura nos anos iniciais do Ensino
       Fundamental e planejar situações de uso de obras literárias em sala de aula.
Aprofundando o tema


Planejamento do ensino:
alfabetização e ensino/aprendizagem
do componente curricular
- Língua Portuguesa
Luciane Manera Magalhães
Rita de Cássia Barros de Freitas Araujo
Simone Borrelli Achtschin
Terezinha Toledo Melquíades de Melo



Por que planejar o ensino?
Planejar faz parte do nosso cotidiano.     temos outro compromisso naquele dia e
Quando acordamos, muitas vezes planeja-    horário, certificar-se do local onde será
mos o que vamos fazer durante o dia, em    realizado, comprar o bilhete de entrada
que ordem vamos realizar cada atividade,   com antecedência, combinar com os
quanto tempo será dispensado e quase       amigos, decidir o meio de transporte, se
sempre deixamos um espaço de tempo         vamos de carro, com quem iremos, onde
para que determinados imprevistos não      vamos estacionar e assim por diante. Na
atrapalhem ou alterem nossos planos.       escola, devemos ter o mesmo cuidado.
Por que planejamos na vida diária? Para    Com uma diferença fundamental, no caso
organizarmos nossas ações e evitarmos      do show não temos a responsabilidade
frustrações como, por exemplo, progra-     sobre o futuro de outras pessoas. Desse
mar uma festa surpresa para um amigo       modo, o planejamento na escola tem um
ou familiar e nos desencontrarmos do       impacto maior, pois não traz consequên-
aniversariante. Planejar a ida a um show   cias apenas para nossas próprias vidas,
pressupõe um preparo: verificar se não     como ocorre em relação à ida ao show,
mas para a vida de outras pessoas: os          usos sociais da língua escrita, não somente
estudantes, suas famílias, suas comuni-        os escolares, mas também os relativos a
dades.                                         outras esferas sociais. Como bem destaca
                                               Kleiman (2005, p.33):
Precisamos planejar para fazermos esco-
lhas coerentes, organizar nossas rotinas,
ter nossos objetivos delimitados, saber
aonde queremos chegar e o que precisa-
                                               “As práticas de letramento fora
mos ensinar aos nossos alunos. Para tanto,
                                               da escola têm objetivos sociais
é necessário termos uma visão do processo      relevantes para os participan-
mais amplo de aprendizado que será de-         tes da situação. As práticas de
senvolvido durante todo o ano letivo, mas      letramento escolares visam ao
também do processo micro, revelado por         desenvolvimento de habilida-
meio de um planejamento mais pontual,          des e competências no aluno e
marcado por intervalos de tempo.               isso pode, ou não, ser relevante
                                               para o estudante. Essa diferen-
Para planejar o processo de alfabetização      ça afeta a relação com a língua
e ensino/aprendizagem da Língua Portu-         escrita e é uma das razões pelas
guesa, tomamos quatro eixos direciona-         quais a língua escrita é uma das
dores: leitura, produção de texto escrito,     barreiras mais difíceis de serem
oralidade e análise linguística, incluindo a
                                               transpostas por pessoas que
apropriação do Sistema de Escrita Alfabé-
                                               vêm de comunidades em que a
tica - SEA. Abordaremos, sucintamente,
                                               escrita é pouco ou nada usada.”
cada um deles de forma a explicitar as
concepções linguísticas e epistemológicas
que direcionam a presente proposta.


Os eixos de ensino da
língua como norteadores do
planejamento escolar
Como poderá ser observado, durante a lei-
tura deste material, todo o trabalho com a
alfabetização na perspectiva do letramento
está pautado na busca da realização de
atividades que levem em consideração os




unidade 02                                                                                   07
Fazer com que a criança em fase de alfa-      A leitura
     betização vivencie a leitura, a produção de
     texto escrito, a produção e compreensão       A leitura envolve a aprendizagem de
     de textos orais e a apropriação do Sistema    diferentes habilidades, tais como: (i)
     de Escrita Alfabética como práticas rele-     o domínio da mecânica que implica na
     vantes e interessantes é um desafio para      transformação dos signos escritos em
     os professores, o qual pode ser vencido       informações, (ii) a compreensão das infor-
     quando “o trabalho didático é organizado      mações explícitas e implícitas do texto lido
     levando em conta os textos que circulam       e (iii) a construção de sentidos. As referi-
     entre diversos grupos sociais, no dia a       das habilidades inter-relacionam-se e não
     dia.” (KLEIMAN, 2005, p.34). É com base       podem ser pensadas hierarquicamente.
     nestas ideias que tomamos os usos dos         Quanto maior for a experiência de ouvir e
     gêneros textuais como ponto de partida        ler textos, mais elaborada será a produção
     para a prática pedagógica, com o objetivo     de sentidos por parte do leitor. No proces-
     primeiro de propiciar a vivência destas       so inicial de apropriação do Sistema de
     práticas também em ambiente escolar e         Escrita Alfabética, cabe ao professor ser o
     despertar nossos alunos para o uso além       mediador da turma, auxiliando os alunos
     dos muros da escola. Ensinar por meio dos     na elaboração de objetivos e expectativas
     usos dos gêneros textuais significa pro-      de leitura, na criação de hipóteses antes
     mover um ensino voltado para a vida, que      e durante o ato de ler, correlacionando os
     propicie verdadeiramente a formação do        conhecimentos prévios dos aprendizes
     cidadão participativo das práticas sociais    com aqueles que se pode reconhecer no
     que envolvem a cultura escrita. É um direi-   texto, sejam explícitos ou implícitos.
     to de nossos alunos e cabe aos professores    Ler para nossos alunos é prática funda-
     garantir este direito de aprendizagem a       mental para despertar o gosto e o desejo
     cada um.                                      pela leitura. Ler, entretanto, não é sinôni-




08                                                                      unidade 02
mo de contar histórias, ainda que esta prá-    que o texto a ser escrito pelas crianças pode
tica seja fundamental na escola. Quando        ser longo ou curto, conhecido ou não. A
lemos o texto escrito para nossos alunos,      letra de uma cantiga, uma quadrinha, um
permitimos que eles apreendam aspectos         poema, um provérbio, um dito popular,
peculiares da modalidade escrita, como a       uma história, um bilhete, um cartaz, um
estrutura sintática, o vocabulário, os elos    aviso são alguns exemplos de textos a serem
coesivos. Quando contamos com as nossas        escritos em sala de aula. A escolha do que a
palavras, e não as do autor, deixamos de       criança irá escrever irá depender da situa-
propiciar a convivência da criança com a       ção comunicativa proposta pelo professor.
linguagem escrita, embora outras aprendi-      Partindo desta concepção, defendemos a
zagens possam ser realizadas.                  ideia de que a criança pode e deve escre-
                                               ver espontaneamente desde as primeiras
Em nosso dia a dia, utilizamos a leitura
                                               semanas de aula. É necessário, entretanto,
com diferentes objetivos (lemos para obter
                                               que o docente compreenda que copiar não
informações sobre um assunto específico,
                                               é sinônimo de escrever, embora seja uma
para localizarmos uma rua, para seguirmos
                                               habilidade necessária a ser desenvolvida
prescrições médicas, para nos distrair-
                                               durante a alfabetização.
mos), os quais direcionam nossas atitudes
diante do texto. São essas estratégias, prá-   Levar a criança a escrever “do jeito que
ticas sociais que vivenciamos em nossas        acha que é” é uma maneira de incentivá-la
ações de leitores competentes, que devem       a buscar estratégias para colocar no papel
ser tomadas como base para o ensino e          o que quer informar ao seu leitor. Quando
o trabalho na sala de aula com a leitura,      solicitamos que a criança faça um desenho
diminuindo cada vez mais as atividades         sobre a parte de que mais gostou de uma
artificiais e proporcionando, com mais in-     história ouvida e escreva sobre esta parte
tensidade, atividades próximas às práticas     para divulgar em um mural para que outras
sociais de letramento.                         pessoas possam ler, propiciamos a reflexão
                                               sobre a escrita e a busca de soluções para
                                               questões que se colocam acerca da apro-
A produção de textos                           priação do sistema de escrita. O papel do
                                               professor de revisor do texto para que possa
Quando se fala em escrita, no primeiro ano,
                                               ser exibido em mural é importante porque,
é comum que se associe esta atividade a uma
                                               interagindo neste tipo de situação, a criança
escrita alfabética, à produção de um texto
                                               pode aprender que existe uma convenção
longo, geralmente narrativo, o que leva o
                                               social que dita as regras da escrita, as quais
professor a adiar esta prática. Entendemos
                                               serão aprendidas no decorrer dos anos.




unidade 02                                                                                      09
Escrever pode ser uma prática não muito          registro e a se assumirem como autores. O
     frequente no cotidiano de algumas crian-         trabalho em dupla é um recurso metodológi-
     ças, não porque ainda não saibam escrever        co interessante porque permite às crianças
     convencionalmente, mas pelo fato de ser          interagirem, trocarem informações e resol-
     pouco utilizada em sua família ou comu-          verem conflitos, o que favorece a participa-
     nidade em situações em que elas façam            ção mais efetiva. Ao produzirem o texto, as
     parte. Despertar nas crianças o desejo de        crianças confrontam suas hipóteses, nego-
     escrever é papel da escola, mas sabe-se que      ciam a escrita e auxiliam umas às outras em
     escrever apenas para o professor corrigir        suas reflexões, tanto a respeito do sistema de
     ou guardar não é prática sedutora para           escrita, quanto à organização do texto.
     a criança. Ter o que dizer e a quem dizer
                                                      Cabe lembrar que é muito mais fácil
     são, portanto, os primeiros passos para a
                                                      para uma criança, em processo inicial de
     formação da criança produtora de textos.
                                                      alfabetização, escrever um texto que já
     A produção de textos, na escola, pode se dar     sabe de cor, como uma quadrinha, uma
     de diferentes formas: coletivamente, por         pequena cantiga, provérbio ou travalín-
     meio de um escriba que geralmente é o pro-       guas, do que um totalmente novo. Neste
     fessor; em dupla; ou individualmente. Quan-      caso, a produção escrita serve, sobretu-
     do o professor atua como escriba, ensina às      do, para a reflexão acerca do Sistema de
     crianças as diferenças entre linguagem oral e    Escrita Alfabética: com que letras escrevo
     escrita, a organização das ideias, a importân-   determinada palavra, onde incluir espa-
     cia de sempre revisar o que foi produzido, a     ços em branco para delimitar as palavras
     desenvolverem suas próprias estratégias de       etc. Tal tipo de atividade é, sem dúvida,
                                                      muito importante, no entanto, para que
                                                      as crianças aprendam a escrever textos é
                                                      preciso variar as situações de produção
                                                      quanto às dimensões da escrita a serem
                                                      contempladas: (i) registro de um texto
                                                      que se sabe de cor, como o tipo citado
                                                      acima; (ii) a reescrita de textos, em que
                                                      as crianças sabem o conteúdo do texto,
                                                      mas precisam recuperá-lo e escrever de
                                                      outro modo, pensando em “como dizer”;
                                                      (iii) escrita autoral de textos, em que os
                                                      estudantes precisam definir o que vão
                                                      dizer e como vão dizer.




10                                                                          unidade 02
A oralidade                                    O alargamento das práticas de oralidade sig-
                                               nifica o direito de apreensão de um instru-
Ser competente em diferentes situações         mento necessário não só para a vida escolar,
discursivas orais engloba, em primeira         mas também para a vida em sociedade. Esta
instância, saber adequar sua linguagem         é uma formação que visa o exercício da cida-
ao contexto ou ao evento em que                dania. Nesta perspectiva, Bortoni-Ricardo
estamos inseridos. Demanda, também,            (2004, p. 74) ressalta que cabe à escola
saber as regras de convivência e de
comportamento segundo as quais os
espaços sociais estão organizados e,           “[...] facilitar a ampliação da
                                               competência comunicativa
ainda, saber monitorar a fala e a escuta
                                               dos alunos, permitindo-lhes
em situações formais.                          apropriarem-se dos recursos
Conversar com um colega de classe, no          comunicativos necessários
horário do recreio, exige uma fala mais        para se desempenharem bem,
coloquial e menor monitoração. Já trans-
                                               e com segurança, nas mais
                                               distintas tarefas linguísticas.”
mitir um recado à diretora ou apresentar
um trabalho, à frente da turma, necessita
de uma linguagem mais formal e maior           Alfabetizar na perspectiva do letramento
monitoração da fala. Estas situações de        também é compreender que se ensina para
comunicação, quando levadas à reflexão         que as crianças sejam sujeitos capazes de
em sala de aula, fazem com que os alunos       expor, argumentar, explicar, narrar, além
possam perceber as variações da língua,        de escutar atentamente e opinar, respei-
sua relação com o contexto social e com os     tando a vez e o momento de falar.
objetivos comunicativos que temos.             Nesse sentido, entende-se a importância da
Desta forma, o trabalho com a linguagem        escola como instituição social responsável
                                               pela sistematização dos saberes. No caso da
oral também deve ser planejado e organi-
                                               oralidade, esses saberes relacionam-se ao
zado assim como os demais eixos do ensino
                                               desenvolvimento de práticas com os usos         O caderno de
e aprendizagem do Ciclo de Alfabetização       reais da língua; o que significa oferecer o
                                                                                               Educação Especial -
                                                                                               A alfabetização
(e outros, ao longo da escolaridade). O pro-   domínio da norma linguística de prestígio       de crianças com
                                                                                               deficiência:
fessor precisa levar em conta os usos que      social sem, com isso, estigmatizar a varie-     uma proposta
fazemos da oralidade na sociedade, promo-      dade dos alunos, uma vez que toda língua é
                                                                                               inclusiva apresenta
                                                                                               possibilidades de
vendo atividades sistemáticas que envol-       constituída de diferentes modos de dizer e      flexibilização para
                                                                                               a comunicação
vam os gêneros orais como, por exemplo,        que há maneiras mais prestigiadas que ou-       de alunos com
                                                                                               deficiência.
apresentação de trabalhos, participação        tras, o que não é questão linguística e, sim,
em entrevistas, contação de histórias.         questão social, econômica, regional etc.




unidade 02                                                                                             11
A análise linguística -                         respectivos nomes e diferentes formas de
                      apropriação do Sistema                          grafá-las; perceber as relações que existem
                      de Escrita Alfabética                           entre som-letra, por meio do desenvolvi-
                                                                      mento da consciência fonológica. E, por fim,
                      A apropriação do sistema de escrita está        precisa aprender sobre a ortografia.
                      diretamente relacionada com a capacidade
                      de se pensar sobre a língua. O processo de      Na prática, a apropriação do sistema alfa-
                      análise linguística nos anos iniciais precisa   bético pode se dar por meio de jogos, ativi-
                      estar voltado para as reflexões acerca da       dades lúdicas, atividades de composição e
                      língua e de seu funcionamento e é neces-        decomposição de palavras, favorecendo a
                      sário que seja desenvolvido concomitante-       reflexão acerca de segmentos linguísticos
                      mente com a apropriação dos usos e funções      menores, como as sílabas e os fonemas. A
                      sociais dos gêneros textuais, da leitura, da    escrita de palavras é importante tanto para
                      produção de textos e da linguagem oral.         aqueles que ainda estão iniciando o pro-
                                                                      cesso de apropriação do sistema de escrita
                      Assumimos a posição de Morais (2012, p.         - de modo que possam refletir sobre suas
                      160) de que                                     hipóteses, quanto para aqueles que já en-
                      “[...] a escola NÃO deve gastar o               tendem o seu funcionamento e precisam
                      precioso tempo de aprendiza-                    de um tempo para consolidar as relações
                      gem dos alfabetizandos, durante                 som-letra e ganhar mais agilidade na
                      os três primeiros anos do ensino                escrita (MORAIS; ALBUQUERQUE, 2010).
                                                                      Como dito anteriormente, o Sistema de
                      fundamental, fazendo-os deco-
                                                                      Escrita Alfabética é complexo e possui
                      rar as nomenclaturas e taxono-
                                                                      regras próprias de funcionamento, exigin-
                      mias pouco úteis da gramática                   do de seus usuários conhecimento de sua
                      pedagógica tradicional.”                        natureza linguística e de sua estrutura. Por
                                                                      isso, o ensino precisa ser bem planejado.
                      Os conhecimentos envolvidos no eixo de
                      apropriação do Sistema de Escrita Alfabé-       Importância da organização
                      tica vão desde a capacidade da criança de       de planos anuais
                      reproduzir seu nome próprio, mesmo antes
Reflexões sobre a     de poder escrever outras palavras, dife-        Como planejar o que vou ensinar durante
 aprendizagem do
Sistema de Escrita    renciar os tipos de letras e outros recursos    um ano inteiro se nem conheço minha
    Alfabética e da   gráficos, até aspectos relativos ao domínio     turma ainda? Por que elaborar um plano
norma ortográfica
     são realizadas   das correspondências entre letras ou grupos     anual se todo dia eu faço um roteiro para as
      nos cadernos
                      de letras e fonemas. Assim, a criança preci-    minhas aulas? Questões como essas podem
      da unidade 3.
                      sa conhecer todas as letras do alfabeto, seus   vir à mente quando pensamos na organi-




12                                                                                         unidade 02
zação do plano anual. Fazer uma avaliação       Ao organizarmos planos anuais, visuali-
diagnóstica no início do ano é fundamental.     zamos aspectos mais amplos do trabalho
Conhecer a turma com a qual vamos traba-        de alfabetização e letramento e tomamos
lhar é essencial para delimitarmos nossos       decisões gerais concernentes ao processo
objetivos, e termos um ponto de partida         ensino/aprendizagem como, por exemplo,
(leia-se um plano anual) que sirva de refe-     decidir os critérios a serem usados para
rência para nosso trabalho é imprescindí-       escolher textos a serem utilizados; selecio-
vel. Quando planejamos as atividades a se-      nar quais gêneros textuais usar e com que
rem realizadas para cada dia, sem tomarmos      frequência; definir quando nossos alunos
como referencial o ano letivo, perdemos de      vão começar a produzir textos – se antes de
vista o processo mais amplo e corremos o        saberem escrever convencionalmente ou só
risco de negligenciarmos conteúdos que são      depois de terem memorizado um conjunto
direitos de aprendizagem de nossos alunos
                                                de palavras; decidir que tipo de atividade
e, com isso, muitas vezes nos surpreende-
                                                será utilizada para desenvolver a linguagem
mos com os resultados obtidos. Albuquer-
                                                oral; eleger qual unidade linguística será o
que, Morais e Ferreira (2008) relatam a
                                                ponto de partida para ensinarmos o sistema
tomada de consciência de uma professora
                                                de escrita e com base em qual contexto.
alfabetizadora que, ao olhar para a frequên-
cia dos tipos de atividades realizadas em sua   Como podemos ver, o plano anual, além
sala de aula, durante um espaço de tempo,       de organizar os conhecimentos a serem de-
chega à conclusão de que seus alunos não se     senvolvidos durante um ano letivo, revela
alfabetizaram, até aquele momento, porque       nossas escolhas com relação ao que vamos
ela trabalhava muito a leitura e a produção     ensinar aos nossos alunos, antes mesmo
de textos, mas não realizava atividades de      de conhecê-los. Destaque-se, entretanto,
reflexão linguística:                           que além de se ter como foco os direitos de
                                                aprendizagem e as experiências acumula-
“Agora eu sei por que meus                      das, a ênfase a ser dada a cada tipo de ati-
alunos não estão alfabetizados.                 vidade será dirigida pelo resultado da ava-
Eu trabalho muito com leitura                   liação diagnóstica e pelo que foi decidido
e produção de textos, mando                     (pela escola, pela Secretaria de Educação e
desenhar, mas não realizo essas                 pela professora) sobre o que será ensinado
atividades de reflexão com as                   naquele ano, tanto em relação aos eixos de
palavras. Agora vou fazer dife-                 ensino do componente curricular Língua
rente.” (ALBUQUERQUE; MO-                       Portuguesa, quanto no que se refere às
RAIS; FERREIRA, 2008, p. 262).                  outras áreas de conhecimento.




unidade 02                                                                                     13
Sobre o planejamento anual, vejamos       etária do primeiro ano, utilizo
     o que relatou a professora Ana Cristina   como recursos textuais, para as
     Bezerra da Silva, da escola Maurício de   sequências didáticas: cantigas
     Nassau (Recife-PE):                       infantis, poemas, poesias, li-
                                               teratura para crianças, através
                                               de leitura, produção de texto
     “Assim como planejamos as                 escrito, oralidade, análise lin-
     ações que realizamos em nosso             guística/apropriação do sistema
     dia a dia, o professor também             alfabético. Todas as atividades
     precisa planejar suas ativida-            são realizadas a partir da ava-
     des. Ele jamais deverá estar              liação diagnóstica dos alunos no
     diante de uma sala de aula, sem           início do ano letivo, destacando
     utilizar um planejamento, pois            as competências a serem desen-
     esse é um fio condutor da ação            volvidas e consolidadas.”
     educativa. Através do planeja-
     mento o professor organiza o
     seu trabalho e o tempo didáti-            O relato da professora Ana Cristina revela a
     co de forma a proporcionar e              importância de se planejar um ano de curso,
     criar oportunidades diferen-              como vínhamos discutindo. Para a professo-
     ciadas para cada estudante.               ra, o conhecimento das orientações oficiais
     Sendo assim, de acordo com                possibilita a organização das competências
     as orientações da Secretaria              e conteúdos que serão importantes para
     de Educação do município do               aquele nível de ensino. É como se fosse um
     Recife, seleciono as competên-            mapa geral da sua atuação naquele ano, no
     cias, conteúdos e procedimen-             qual se incluiriam os projetos mais amplos e
     tos do plano anual de ensino,             gerais da escola e os mais específicos daque-
     sugerido no diário de classe              la classe, para que, a partir dele, possam ser
     para cada professor. A par-               construídos os planos semanais e diários.
     tir da organização deste plano            O planejamento anual geralmente é feito
     no diário, estabeleço planos              nos dias antes de se iniciar um novo ano le-
     semanais contemplando ini-                tivo. Vejamos como aconteceu na escola da
     cialmente Língua Portuguesa,              professora Severina Erica da Silva Guerra
     como eixo norteador de todo o             da Escola Municipal Monteiro Lobato, em
     trabalho e considerando a faixa           Recife:




14                                                                   unidade 02
“No primeiro dia do mês de         A coordenadora nos entregou
fevereiro nos reunimos com as      a cópia do calendário das ativi-
professoras e com a coordena-      dades escolares previsto para o
dora da tarde para definirmos      mesmo ano. O calendário está
o que seria trabalhado no ano      organizado com as atividades
escolar. Foi apresentado para o    mensais. Dentro de cada mês
grupo o calendário de ativida-     encontramos datas de reuniões,
des para 2012; o calendário de     datas comemorativas, datas de
reuniões pedagógicas; a temá-      reuniões com pais, reuniões
tica geral da Rede de ensino de    com o Conselho Escolar e datas
Recife: Luiz Gonzaga: do litoral   de culminância de projetos e
ao sertão - uma homenagem aos      atividades previstas para cada
100 anos do Rei do Baião, com      mês. Após esse momento, foi
enfoque na sustentabilidade.       apresentado o calendário das
Além disso, foi apresentado o      reuniões pedagógicas, que são os
Programa Saúde nas Escolas.        Conselhos Pedagógicos e as reu-
Ainda tínhamos como tarefa         niões mensais de planejamento,
nessa reunião elencar as metas     pois, por se tratar de uma Escola
e ações para o Projeto Político    de horário integral, o dia de pla-
Pedagógico (P.P.P.) de 2012 da     nejamento é garantido.
escola.
                                   Finalizado esse momento, a
                                   coordenadora entregou para as
                                   professoras os conteúdos das
                                   disciplinas recortados da pro-
                                   posta curricular, para que nós
                                   elencássemos o que seria traba-
                                   lhado nesse ano. As professo-
                                   ras se organizaram por ano e se
                                   apoiaram nas competências que
                                   são apresentadas na caderneta
                                   escolar da Rede que traz as com-
                                   petências instituídas para cada
                                   disciplina. A escola não tem a
                                   prática de definir quais as metas




unidade 02                                                              15
que deverão ser alcançadas ao                   Referências
     final do ano letivo. As profes-
     soras ficam muito livres para
     trabalhar com os conteúdos e as                 ALBUQUERQUE, Eliana B.C.; MORAIS,
     competências instituídas.”                      Artur. G.; FERREIRA, Andrea T.B. As
                                                     práticas cotidianas de alfabetização: o que
                                                     fazem as professoras? In: Revista Brasileira
     O que aconteceu na escola da professora         de Educação. V. 13, n.38. maio/ago 2008.
     Severina Erika, no momento da realização        BORTONI-RICARDO, Stella M. Educação em
     do plano anual, é um bom exemplo da im-         língua materna: a sociolinguística na sala de
     portância da integração das diferentes ins-     aula. São Paulo: Parábola, 2004.
     tâncias e âmbitos que constituem a escola e
     o processo educativo. Para que o professor      KLEIMAN, Angela B. Preciso “ensinar” o
     possa pensar no que vai ser realizado du-       letramento? Não basta ensinar a ler e a
     rante o ano é necessário traçar metas gerais,   escrever? CEFIEL/IEL/UNICAMP. Ministério
     como já discutido na Unidade .1                 da Educação. Governos Federal, 2005.
     Refletimos, nesse texto, sobre a importân-      KOCH, Ingedore V.; ELIAS, V. M. Ler e
     cia de se planejar o ensino com o objetivo      Compreender: os sentidos do texto. SP:
     de organizar as ações a serem empreen-          Contexto, 2006.
     didas durante o ano letivo em turmas do         MORAIS, Artur G.; ALBUQUERQUE, Eliane
     1º ano do Ensino Fundamental, tendo             B. C. Alfabetização e Letramento: O que
     em vista os diferentes eixos de ensino          são? Como se relacionam? Como alfabetizar
     da Língua Portuguesa. Destacamos que,           letrando? In: ALBUQUERQUE, Eliana B. C. e
     sem um plano anual, corremos o risco            LEAL, Telma F. (orgs.) Alfabetização de jovens
     de deixarmos determinados conteúdos             e adultos em uma perspectiva de letramento.
     de lado, ou até mesmo priorizarmos uns          Belo Horizonte: Autêntica, 2010.
     em detrimento de outros, prejudicando,
     assim, o aprendizado de nossos alunos.          MORAIS, Artur. G. Sistema de Escrita
     Finalmente, ressaltamos a necessidade           Alfabética. São Paulo: Melhoramentos, 2012.
     de se elaborar um planejamento anual de
     forma a podermos especificar nossas ações
     e termos clareza das metas de aprendiza-
     do para os nossos alunos e, a partir dele,
     elaborar planos semanais e diários, enfim,
     construir uma rotina de trabalho.




16                                                                         unidade 02
As rotinas da escola e da sala de aula:
referências para a organização do
trabalho do professor alfabetizador
Andréa Tereza Brito Ferreira
Eliana Borges Correia de Albuquerque




Quando falamos em rotina, no geral nos          dos produtos industrializados levava o
vem à mente aquelas atividades repetiti-        trabalhador a realizar, em uma jornada
vas, enfadonhas, e a vontade de se “romper      intensa de trabalho, atividades mecânicas
com a rotina”. Mas, afinal, o que é a rotina?   e repetitivas. O trabalho passou a ser divi-
Ela é um mal ou um bem necessário? Por          dido entre dois tipos: o intelectual, desti-
que tantas vezes ela é temida, criticada e/     nado a uma parcela pequena da população
ou desejada e planejada?                        que tinha acesso aos estudos universitá-
                                                rios, e o braçal, para a maioria dos traba-
O termo rotina é usado em um sentido
                                                lhadores. Estes deviam fazer exatamente
negativo quando envolve a realização
                                                o que lhes mandassem, sem perguntas,
diária de atividades repetitivas, cansati-
                                                sem questionamentos. O importante era
vas, que fazemos sem refletir, sem saber
                                                garantir a produção em massa.
o que, como e para que as fazemos. Chico
Buarque, na música Cotidiano, revela essa
concepção de rotina ao descrever o dia-a-
-dia de uma dona de casa: “Todo dia ela faz
tudo sempre igual: Me sacode às 6 horas da
manhã...”. Qual a origem dessa concepção
de rotina e como ela esteve presente em
nossas salas de aula e, mais especificamen-
te, nas práticas de alfabetização?
Com a Revolução Industrial e o desenvol-
vimento do capitalismo, os trabalhadores
passaram, cada vez menos, a ter controle
do que produziam e a produção em série




unidade 02                                                                                     17
Não demorou muito para que a escola tam-       A herança do positivismo traz a objeti-
     bém se transformasse em uma pequena            vidade das ciências experimentais para
     indústria: com a democratização do acesso      análise das relações sociais e, com isso, a
     à escola, era preciso a formação de muitos     escola passou a adotar modelos baseados
     alunos, o que acarretou na necessidade         na psicologia comportamentalista e no tec-
     de aumento da mão-de-obra qualificada.         nicismo para organizar a rotina da sala de
     Surgiram os cursos profissionalizantes de      aula. Com base em tais abordagens, cabia
     magistério e o modelo industrial da época      ao professor organizar o seu tempo peda-
     foi importado para a educação: aos inte-       gógico de maneira a garantir o depósito e
     lectuais, gestores, supervisores cabiam a      assimilação dos conteúdos escolares pelos
     prescrição do que deveria ser ensinado e       alunos, o que requeria, por conseguinte,
     a organização de métodos a serem desen-        um ensino e uma aprendizagem controlada
     volvidos; aos professores, no geral, cabia a   como algo que se podia medir, manipular
     execução de tais métodos.                      e prever.
      Assim, como apontado por Ferreira e Albu-     Nessa perspectiva, ter uma boa prática
     querque (2012), nas décadas de 1960/70,        pedagógica significava o domínio dos
     no Brasil, quando se falava de rotina na       instrumentos didáticos (o como fazer)
     escola, pensava-se logo nas atividades que     e, com isso, o dia a dia da sala de aula
     tinham sido planejadas de modo a dividir       era transformado em uma sucessão de
     o conteúdo em pequenas dosagens diárias        atividades repetitivas guiadas, no geral,
     com o objetivo de se fazer cumpri-las, inde-   por manuais que garantiam a absorção
     pendentemente do que pudesse acontecer         máxima do que era proposto, planejado.
     no decorrer do processo. Essa maneira de       Essas práticas, que podem fazer parte da
     organizar o trabalho pedagógico estava         memória de estudante de muitos de nós,
     baseada em uma concepção de ensino pau-        hoje professores, ainda se fazem pre-
     tada principalmente na memorização dos         sentes na atualidade e, como abordado
     conteúdos escolares, bastante articulada às    por Silva (2008, p. 36), relacionam-se a
     abordagens positivistas de ciências.           “modelos hierarquizados da organização




18                                                                      unidade 02
do trabalho docente, impostos às escolas       tes. Embora saibamos que muitas vezes
no passado, em que cabia ao professor ser      o improviso acontece em determinadas
um mero executor de planos definidos           circunstâncias, ele não pode fazer parte
por especialistas”.                            e ser o ponto de referência do dia a dia de
                                               uma prática.
Na década de 1980, com a difusão das
teorias construtivista e sócio-intera-         De acordo com as abordagens construti-
cionista de ensino-aprendizagem, as            vistas e sócio-interacionistas de ensino-
práticas pedagógicas baseadas no desen-        -aprendizagem, é preciso que o professor
volvimento de rotinas pré-estabelecidas,       saiba os conteúdos e procedimentos de
que contemplavam a realização diária           ensino e conheça seus alunos, e o que eles
das mesmas atividades, passaram a ser          sabem sobre determinados conteúdos,
amplamente criticadas. No entanto, por         para que possa planejar atividades que os
meio de uma interpretação equivocada           façam evoluir em suas aprendizagens, na
da teoria construtivista, passou-se a          interação com o docente e com os pares em
criticar tudo o que se relacionava com         sala de aula. Nessas perspectivas, a orga-
planejamento e organização do trabalho         nização do trabalho pedagógico precisa
pedagógico com a justificativa de que era      envolver um conjunto de procedimentos
“tradicional”, velho e ultrapassado. Tal       que, intencionalmente, devem ser pla-
fato fez crescer um discurso em prol da        nejados para serem executados durante
não sistematização do ensino e da falta        certo período de tempo, tomando como
de programação das atividades, com a jus-      referência as práticas sociais/culturais dos
tificativa de que o trabalho de sala de aula   sujeitos envolvidos, suas experiências e
deveria considerar apenas o que os alunos      conhecimentos.
traziam da sua realidade. O professor,
                                               Concordamos, portanto, com Leal (2004,
nesse contexto, seria o mediador desses
                                               p.02) quando a autora defende a impor-
conhecimentos na sua prática cotidiana
                                               tância do planejamento para a vida escolar,
escolar e não precisaria se programar
                                               ao afirmar que,
para realizar as atividades, pois estas
iriam surgir na própria prática cotidiana.     “[...] as rotinas escolares asse-
Essa “nova” forma de pensar o trabalho
                                               guram que alguns “procedimen-
pedagógico, muitas vezes vinculada,            tos” básicos sejam “acordados”
equivocadamente, a uma perspectiva             entre professor e alunos e que
construtivista de ensino, tornou a sala        os mesmos já se disponibilizem
de aula um lugar de improvisos constan-        dentro do espaço temporal e




unidade 02                                                                                    19
espacial para as tarefas peda-                 rotina desprovida dos encantamentos dos
     gógicas. As crianças aprendem,                 textos que estão presentes na vida cotidia-
     através dessas rotinas, a prever o             na das pessoas e de atividades reflexivas e
     que fará na escola e a organizar-              desafiadoras para os alunos.
     -se. Por outro lado, a existência              Professores de diferentes partes do país,
     dessas rotinas possibilita ao                  na construção de rotinas de alfabetização,
     professor distribuir com maior                 têm mostrado que é possível desenvolver
     facilidade as atividades que ele               e diversificar atividades, no cotidiano
     considera importantes para a                   escolar, para que os alunos possam intera-
     construção dos conhecimentos                   gir com diferentes textos ao mesmo tempo
     em determinado período, facili-                em que eles são levados a refletir sobre o
     tando o planejamento diário das                Sistema de Escrita Alfabética.
     atividades didáticas.”
                                                    Desse modo, defendemos que a orga-
                                                    nização e a sistematização do trabalho
                                                    pedagógico é muito importante para a
     Planejar e organizar uma rotina voltada
                                                    aprendizagem dos alunos. A construção
     para reflexão constante sobre a prática
                                                    de uma rotina escolar que contemple os
     social, considerando uma boa formação
                                                    diferentes eixos de ensino da língua, por
     dos conhecimentos específicos, siste-
                                                    meio de um planejamento elaborado com
     matizados, selecionados das bases das
                                                    base na realidade de cada aluno e escola,
     ciências é o que propõem os novos estudos
                                                    pode favorecer a realização de atividades
     sobre ensinar e aprender. Como desen-
                                                    que ajudem a promover a autonomia e
     volver práticas de alfabetização em tal
                                                    a criatividade dos alunos no mundo da
     perspectiva e no que elas efetivamente se
                                                    leitura e da escrita. A seguir, analisaremos
     diferenciariam das outras? Vivemos, em
                                                    como algumas professoras têm organizado
     pleno século XXI, um momento de grande
                                                    suas rotinas nessa perspectiva.
     defesa à volta dos “tradicionais” métodos
     de alfabetização, em virtude da polarização    Ana Cristina, professora do 1º ano do Ensino
     existente entre as duas correntes já citadas   Fundamental de uma escola da Secretaria de
     anteriormente: “a tradicional e a cons-        Educação da cidade do Recife, tem buscado,
     trutivista”. Sabemos, no entanto, que, no      há cerca de dez anos, desenvolver práticas de
     que se refere ao ensino da língua materna,     alfabetização com ênfase tanto na leitura e
     alfabetizar não deve se resumir a trabalhar    produção de textos, como na apropriação da
     o sistema de escrita de forma repetida e       escrita alfabética. Para isso, considera o pla-
     com ênfase na memória, dentro de uma           nejamento e a organização da rotina semanal




20                                                                        unidade 02
aspectos fundamentais de sua prática, como   e Matemática) e jogos relaciona-
pode ser observado em seu relato:            dos à área de linguagem (como
                                             os jogos distribuídos pelo MEC)
                                             e a outros conteúdos.”
“O estabelecimento de rotina
em sala tem oportunizado aper-
feiçoar o tempo didático. O que              Como podemos perceber na fala da pro-
hoje acho interessante é que as              fessora Ana Cristina, o estabelecimento
próprias crianças se orientam                de uma rotina no cotidiano da sala de aula
com relação ao desenvolvimento               favorece a interação dos alunos, sobretu-
das atividades diárias e até mes-            do com os objetos do conhecimento. De
mo sugerem algum item para                   acordo com Meirieu (2005), ao saber o
nossa rotina. Para estabeleci-               que vai ser trabalhado ao longo da sema-
mento de uma rotina semanal                  na e do dia, os alunos podem participar
das atividades que serão desen-              ativamente do processo pedagógico. Essa
volvidas em classe, necessito ter            participação ativa dos alunos possibilita o
uma visão geral da turma, por                envolvimento deles no processo de apren-
meio da avaliação diagnóstica.               dizagem por meio das atividades e projetos
A partir desta diagnose inicial              desenvolvidos no dia a dia da escola.
tenho clareza das atividades que             Na organização de sua rotina, a referida
deverão ser vivenciadas pelas                professora destacou a importância do de-
crianças e com que regularidade              senvolvimento de atividades diagnósticas
posso oportunizá-las para o gru-             para saber os conhecimentos que os alunos
po. A continuidade dessas ativi-             possuem sobre determinados conteúdos,
dades dá segurança aos alunos e              e falou que realiza atividades de natureza
a diversidade de assuntos amplia             diferenciadas, como as que possuem uma
as possibilidades de aprendi-                regularidade maior (atividades permanen-
zagem. Para que isso aconteça,               tes), as sequências didáticas, os projetos
contemplo regularmente em                    didáticos e o trabalho com base em jogos
minha rotina: as atividades                  distribuídos pelo MEC e nos livros didáti-
permanentes, sequências didá-                cos recebidos pelos alunos que, no 1º ano,
ticas, projetos didáticos, uso do            são da área de matemática e linguagem.
livro didático (dos componentes              Vejamos os exemplos que ela comenta
curriculares Língua Portuguesa               sobre algumas dessas atividades:




unidade 02                                                                                 21
Considero as atividades perma-        em sala. Outra atividade que
     nentes essenciais para o pro-         também é vivenciada pelo gru-
     cesso de alfabetização, por isso      po com regularidade, é o uso do
     realizo algumas diariamente,          laboratório de informática, que,
     com periodicidade definida e          de acordo com a organização
     em horários destinados exclusi-       semanal da escola, cada turma
     vamente para elas. Desenvolvo,        tem a oportunidade de utilizar.
     por exemplo, a leitura de livros      Para a turma do primeiro ano, o
     de literatura diariamente em          dia estabelecido é a sexta-feira,
     classe no início da aula. Nessa       então em diversos momentos
     atividade, exploro o título do        estou no laboratório com eles, e
     livro, o nome do autor, realizo       realizo atividade de escrita das
     questões de compreensão lei-          palavras trabalhadas durante a
     tora antes, durante e depois da       semana (esta atividade não é só
     leitura e, em algumas situações,      vivenciada no laboratório, tam-
     aproveito para fazer algumas re-      bém utilizo na classe com letras
     flexões sobre o Sistema de Escri-     móveis) ou até mesmo utilizo os
     ta Alfabética, em nível oral, ou a    jogos de alfabetização que já es-
     exploração de palavras presentes      tão instalados no computador.” 	
     nos textos lidos. Em outros mo-
     mentos, proponho a leitura dos
                                           Em relação às atividades permanentes, des-
     textos trabalhados e expostos em
                                           tacamos que no caso da leitura, por exem-
     sala. Esta é uma das atividades       plo, Ana Cristina desenvolve atividades
     que as crianças gostam muito.         diárias com objetivos diferentes: a leitura
     Quando estamos fazendo o ro-          no início da aula envolve livros de literatura
     teiro diário, eles perguntam se é     e tem o objetivo de ampliar as experiências
     leitura deleite (leitura dos livros   de letramento dos alunos e formar o gosto
     de literatura feita por mim) ou a     pela leitura. Já o trabalho com textos como
     leitura dos textos da sala (leitura   poemas, cantigas, parlendas também pare-
     realizada pelos alunos). Esses        ce ser feito diariamente e tem o objetivo de
     textos eles já conhecem de cor,       desenvolver a fluência de leitura e explorar
     pois são as cantigas, parlendas,      alguns princípios do nosso Sistema de Escri-
     poemas, textos informativos           ta Alfabética, como a relação som-grafia, por
     trabalhados e que são expostos        meio da exploração de palavras que rimam.




22                                                               unidade 02
Algumas dessas atividades podem se inserir    texto, realizei atividades cole-
em uma sequência didática, conforme se        tivas e outras diferenciadas de
pode observar na continuidade do relato da    acordo com os conhecimentos
professora:                                   das crianças. No dia seguin-
                                              te trouxe para sala a parlenda
                                              Jacaré com Catapora, e após a
“Paralelamente às atividades                  leitura do texto propus ativida-
permanentes, também utilizo                   des de identificação das rimas e
na rotina semanal as sequên-                  de comparação da parlenda com
cias didáticas que organizo para              o estilo literário do texto ante-
atingir os objetivos didáticos                rior (cantiga). Depois utilizei o
relacionados às diferentes                    poema Jacaré, do livro Alfabe-
áreas. A duração desta sequên-                tário de José de Nicola e pude
cia é variável de acordo com o                ler e comparar com as crianças
conteúdo escolhido: em algu-                  diferentes versões a partir de
mas situações pode levar duas                 uma temática. Em outro mo-
semanas, um mês ou mais e é                   mento trouxe para sala um texto
praticada duas ou três vezes por              informativo sobre animais em
semana. No mês de maio ini-                   extinção, já que o texto de José
ciei uma sequência a partir de                de Nicola aborda sobre a explo-
uma cantiga (O jacaré – Newton                ração deste animal para confec-
Helliton). Após a exploração do               ção de bolsas e calçados.”


                   Alfabetário
                   Texto: José de Nicola
                   Imagem: Daniel Kondo


                                    A obra Alfabetário traz lindos poemas, cada um com
                                    uma das letras do alfabeto, de “A” a “Z”. No último
                                    poema, intitulado “Brincadeira de roda do Carlos”,
                                    reúnem-se todas as letras, inclusive as recém-incluídas
                                    K, W e Y, e se faz uma bem-humorada paródia do poema
                                    “Quadrilha”, de Carlos Drummond de Andrade.
                                    Aprender o alfabeto com poesia é uma maneira diver-
                                    tida e eficiente de aprender!




unidade 02                                                                                    23
O interessante, na prática da referida       “Outra atividade que também
     professora, é que o trabalho no eixo da      entra na minha rotina são os
     apropriação da escrita alfabética parece     projetos didáticos que são ar-
     ser feito de forma contextualizada, vincu-   ticulados aos objetivos didáti-
     lado à leitura e à produção de textos e ao   cos propostos no plano anual
     desenvolvimento de atividades que estão      para a classe, principalmente
     integradas aos projetos da escola, ao uso    nas outras áreas de ensino (Ci-
     do livro didático e ao trabalho com jogos,   ências, História, Geografia e
     como pode ser observado a seguir:            Artes). Na escola em que traba-
                                                  lho, anualmente vivenciamos
                                                  alguns projetos didáticos. Neste
                                                  ano letivo (2012) há um projeto
                                                  anual cuja temática é 100 anos
                                                  de Luiz Gonzaga. Relacionado a
                                                  esse projeto anual, há projetos a
                                                  serem desenvolvidos por tri-
                                                  mestre, vinculados ao contexto
                                                  da sustentabilidade (1° trimes-
                                                  tre: Lixo: poluição ambiental,
                                                  coleta e reciclagem/2° trimes-
                                                  tre: Água: importância, consu-
                                                  mo e poluição).
                                                  Como os alunos do 1° ano rece-
                                                  bem livros didáticos dos com-
                                                  ponentes Língua Portuguesa e
                                                  Matemática, não posso deixar
                                                  de inseri-los em minha rotina
                                                  e isso acontece semanalmente.
                                                  Quando a unidade do livro não
                                                  está contextualizada dentro do
                                                  que estou vivenciando na se-
                                                  mana, procuro contextualizá-
                                                  -la na temática do livro. Por
                                                  exemplo, na quinzena de maio




24                                                                unidade 02
na unidade do LD de matemá-            Além de todas as atividades
tica, o objetivo era o ensino dos      explicitadas anteriormente,
números ordinais, então antes          que estão inseridas na minha
de utilizarmos o livro, vivenciei      rotina, também utilizo com
com as crianças algumas ati-           regularidade (dois ou três dias
vidades (a música: Terezinha           na semana) outro recurso que
de Jesus, que fala dos números         tem auxiliado no avanço da
em ordem, e a exploração da            aprendizagem dos alunos, que
lista da chamada da classe) e          são os jogos da área de lingua-
em seguida utilizamos o livro.         gem, como os que foram distri-
Em outro momento, como o               buídos pelo MEC. Estes jogos
livro didático do componente           proporcionam aos alunos desa-
curricular Língua Portugue-            fios constantes e reflexão sobre
sa trata sobre a utilização da         o sistema de escrita. É muito
agenda, realizei um trabalho           importante a utilização desses
com o nome das crianças, so-           jogos, já que essa faixa etária
licitei que cada um trouxesse          necessita de brincadeiras para
para sala o número do telefone         o seu desenvolvimento e so-
da sua casa ou dos pais, e no dia      cializar o que sabem com seus
seguinte construímos coleti-           colegas. Quando utilizo deter-
vamente uma agenda da classe,          minados jogos, inicialmente
explorando o alfabeto, a partir        explico as regras e jogo com as
da lista dos nomes. Esta ativi-        crianças em pequenos grupos.
dade foi bastante interessante         Em outros momentos eles es-
porque a partir desta vivência         colhem os jogos de acordo com
eles passaram a comunicar-se           o que aprenderam. Também
por telefone, uns com os ou-           tenho a oportunidade de agru-
tros. Foi uma atividade desen-                       pá-los de acordo
                  volvida em gru-                    com os níveis de
                  po que trouxe o                    compreensão da
                  contexto social da                 escrita que se en-
                  utilização de uma                  contram.”
                                             Jogos

   livro didático
                  agenda.




unidade 02                                                                25
Como apontado no depoimento de Ana Cristina, uma rotina semanal deve possuir ativi-
     dades que acontecem todos os dias, como a leitura deleite, leitura da lista dos alunos e
     atividades que envolvem a apropriação do sistema de escrita. As atividades que se alter-
     nam e que podem ou não fazer parte de um determinado projeto ou sequência didática,
     estão presentes também, porém, de forma mais flexível. O quadro a seguir apresenta a
     rotina de trabalho de uma semana da professora Ana Cristina:

      segunda-feira             terça-feira            quarta-feira            quinta-feira             sexta-feira
        Dia 28/05                Dia 29/05              Dia 30/05               Dia 31/05                Dia 01/06
      - Música: Bom dia;      - Música: Bom dia;      - Música: Bom dia;      - Música: Bom dia;      - Música: Bom dia;
      - Registro do           - Registro do           - Registro do           - Registro do           - Registro do
      tempo, uso do           tempo, uso do           tempo, uso do           tempo, uso do           tempo, uso do
      calendário (dia,        calendário (dia,        calendário (dia,        calendário (dia,        calendário (dia,
      mês, ano);              mês, ano);              mês, ano);              mês, ano);              mês, ano);
      - Contagem dos          - Contagem dos          - Contagem dos          - Contagem dos          - Contagem dos
      alunos;                 alunos;                 alunos;                 alunos;                 alunos;
      - Escrita da me-        - Escrita da me-        - Escrita da me-        - Escrita da me-        - Escrita da me-
      renda do dia (re-       renda do dia (re-       renda do dia (re-       renda do dia (re-       renda do dia (re-
      gistro no quadro        gistro no quadro        gistro no quadro        gistro no quadro        gistro no quadro
      para leitura);          para leitura);          para leitura);          para leitura);          para leitura);
      - Registro da rotina;   - Registro da rotina;   - Registro da rotina;   - Registro da rotina;   - Registro da rotina;
                              Leitura deleite/        Leitura deleite/        Leitura deleite/
      Roda de conversa
                              Ficha de acom-          Ficha de acom-          Ficha de acom-          Uso do laborató-
      - conversa sobre
                              panhamento dos          panhamento dos          panhamento dos          rio de Informá-
      o final de semana;
                              livros lidos no         livros lidos no         livros lidos no         tica: Jogos didá-
                              mês;                    mês;                    mês;                    ticos, de acordo
                                                                              Roda de leitura:        com as necessi-
                                                      Projeto didático:                               dades do grupo
                                                                              Texto instrucional
      Leitura deleite/                                sustentabilidade                                ou relacionada ao
                              Roda de leitura:                                sobre a brincadei-
      Ficha de acom-                                  e o lixo, reflexão                              que está sendo
                              texto informativo                               ra das cadeiras,
      panhamento dos                                  sobre a poluição                                estudado (digitar
                              sobre a extinção                                explicitando as
      livros lidos no                                 dos rios que                                    palavras ditadas
                              de animais;                                     regras (vivência
      mês;                                            prejudica o habi-                               pela professora);
                                                                              da brincadeira no
                                                      tat dos animais;
                                                                              pátio da escola);
      Merenda/Recreio         Merenda/Recreio         Merenda/Recreio         Merenda/Recreio         Merenda/Recreio
      Cantinho da leitu-      Cantinho da leitu-      Cantinho da leitu-      Cantinho da leitu-      Cantinho da leitu-
      ra (livre);             ra (livre);             ra (livre);             ra (livre);             ra (livre);
                                                      Construção de
      Roda de leitura:        LD                      um mural, a partir      LD Matemática:
      Texto Jacaré            Português: (no-         das figuras sele-       Brincadeira das
      (João Paulo Paes),      mes, brincadeiras       cionadas pelos          cadeiras, identi-
                                                                                                      Produção textual
      interpretação           e letras)-cantiga       alunos, destacan-       ficando sucessor
                                                                                                      coletiva com re-
      textual, destacan-      de roda: ciranda,       do características      e antecessor dos
                                                                                                      gistro em ficha;
      do a problemática       cirandinha, iden-       dos animais (duas       numerais, conta-
      de animais em           tificação do nome       patas, quatro           gem e  leitura de
      extinção.               dos colegas;            patas, nenhuma          imagens;
                                                      pata);
      Atividade de                                    Atividade de
      apropriação do          Jogo didático:          apropriação do
                                                                              Jogo didático:
      SEA: construção         Bingo dos sons          SEA: construção                                 Hora do brinque-
                                                                              Caça-rimas (apre-
      de palavras, uti-       iniciais (apresen-      de palavras, uti-                               do (carrinhos, bo-
                                                                              sentação dos
      lizando alfabeto        tação dos jogos,        lizando alfabeto                                necos, bonecas,
                                                                              jogos, explicitan-
      móvel e regis-          explicitando as         móvel e regis-                                  joguinhos).
                                                                              do as regras).
      tro no caderno          regras).                tro no caderno
      (dupla).                                        (dupla).




26                                                                                            unidade 02
Podemos observar, por meio da análise do         permitem aos alunos pensarem constante-
quadro de rotina, planejado pela profes-         mente sobre a relação som-grafia.
sora para uma semana de trabalho, que
                                                 Além disso, é importante destacar que
diariamente ela realiza atividades perma-
                                                 trabalhar sistematicamente com as unida-
nentes como a leitura deleite (comentada
                                                 des sonoras das palavras (como as sílabas e
por ela no depoimento apresentado) e
                                                 fonemas) não significa que estamos vol-
uma sequência de atividades realizadas no
                                                 tando ao passado, defendendo um trabalho
início de cada jornada escolar, que envolve
                                                 baseado em métodos silábicos ou fônicos de
a contagem dos alunos, a exploração do
                                                 alfabetização; pelo contrário, acreditamos
calendário, a escrita da merenda do dia e
                                                 que o ensino da leitura e da escrita, a alfa-
o registro da agenda com as atividades do
                                                 betização, não pode se resumir a trabalhar
dia. Sobre essa última atividade, Gomes,
                                                 o sistema de escrita de forma repetitiva e
Dias e Silva (2008) comentam que o regis-
                                                 memorística, dentro de uma rotina des-
tro da rotina no quadro no início da aula
                                                 provida dos encantamentos dos textos e de
pode possibilitar tanto a vivência dos usos
                                                 situações de uso efetivo da língua. Ao mesmo
e funções do gênero textual agenda, como
                                                 tempo, não acreditamos que “ensinar textos
o estudo das palavras que são escritas
                                                 às crianças”, sem atenção à reflexão sobre o
diariamente, com destaque, por exemplo,
                                                 funcionamento da escrita, seja o caminho.
para a existência de diferentes estruturas
                                                 Concordamos, sim, como vimos na prática
silábicas, que corresponde a um dos prin-
                                                 da professora Ana Cristina, que podemos
cípios do sistema de escrita que precisa ser
                                                 desenvolver e diversificar atividades, no
compreendido pelos alunos.
                                                 cotidiano escolar, para que os alunos possam
O que é importante destacar aqui, em             interagir com diferentes textos ao mesmo
relação ao trabalho específico com a alfabe-     tempo em que eles aprendem de forma re-
tização, na rotina da professora, é que ele      flexiva sobre o Sistema de Escrita Alfabética.
é realizado de forma sistemática, ou seja,
                                                 Desse modo, queremos ressaltar que a
todos os dias os alunos são levados a refletir
sobre as unidades menores das palavras por       organização de uma rotina que privilegia a
meio de atividades que envolvem a leitura        sistematização do trabalho da alfabetização
de poemas ou outros gêneros textuais. A          de modo a contemplar os diferentes eixos de
professora explora as rimas presentes nos        ensino da língua, por meio de um planeja-
textos lidos, os sons iniciais de algumas        mento construído com base na realidade de
palavras e trabalha com escrita de palavras.     cada aluno e escola, pode favorecer a cons-
Essas atividades são muito importantes           trução e a realização de atividades que aju-
para a apropriação do Sistema de Escrita         dam a promover a autonomia e a criatividade
Alfabética e, se realizadas com frequência,      dos alunos no mundo da leitura e escrita.




unidade 02                                                                                        27
Referências


     ALBUQUERQUE Eliana.; MORAIS, ARTUR,.; FERREIRA, ANDREA. As práticas cotidianas
     de alfabetização: o que fazem as professoras? Revista. Brasileira de Educação. 2008.
     LEAL, Telma. Planejar é preciso. Texto distribuído em encontro de formação de professores
     na Secretaria de Educação de Olinda, 2004.
     GOMES, Maria de Fátima, DIAS, Maira Tomayno de Melo e SILVA, Luciana. O registro
     da rotina do dia e a construção de oportunidades de aprendizagem da escrita. In:
     CASTANHEIRA, Maria Lúcia; MACIEL, Francisca MARTINS, Raquel (orgs.) Alfabetização
     e letramento na sala de aula. Belo Horizonte: Autêntica, Ceale, 2008.
     MEIRIEU, Philippe. O cotidiano da escola e da sala de aula: o fazer e o compreender. Porto
     Alegre: Artmed, 2005.
     SILVA, Ceris S. Ribas. O planejamento das práticas escolares de alfabetização e
     letramento. In: CASTANHEIRA, Maria Lúcia; MACIEL, Francisca MARTINS, Raquel
     (orgs.) Alfabetização e letramento na sala de aula. Belo Horizonte: Autêntica, Ceale, 2008.




28                                                                       unidade 02
Compartilhando


Direitos de aprendizagem em
História no ciclo de alfabetização

O direito à Educação é garantido a todos os brasileiros e, segundo prevê a Lei 9.394, que
estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, a Educação Básica “tem por fina-        A Resolução nº 7, de
                                                                                               14 de dezembro de
lidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para              2010, do Conse-
o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos          lho Nacional de
                                                                                               Educação, que fixa
posteriores” (Art. 22).                                                                        Diretrizes Curricula-
                                                                                               res Nacionais para o
                                                                                               Ensino Fundamental
Desse modo, a escola é obrigatória para as crianças e tem papel relevante em sua for-          de 9 (nove) anos,
mação para agir na sociedade, para participar ativamente das diferentes esferas sociais.       pode ser lida no
                                                                                               caderno do ano 1,
Dentre outros direitos, a compreensão do ambiente natural e social é necessária, tal           Unidade 8.

como previsto no artigo 32:


   Artigo 32

   O ensino fundamental obrigatório, com         social, do sistema político, da tecnologia,
   duração de 09 (nove) anos, gratuito na        das artes e dos valores em que se
   escola pública, iniciando-se aos 06 (seis)    fundamenta a sociedade;
   anos de idade, terá por objetivo a formação   III - o desenvolvimento da capacidade de
   básica do cidadão, mediante:                  aprendizagem, tendo em vista a aquisição
                                                 de conhecimentos e habilidades e a
   I - o desenvolvimento da capacidade de        formação de atitudes e valores;
   aprender, tendo como meios básicos o          IV - o fortalecimento dos vínculos de
   pleno domínio da leitura, da escrita e do     família, dos laços de solidariedade humana
   cálculo;                                      e de tolerância recíproca em que se assenta
   II - a compreensão do ambiente natural e      a vida social.
Assim, o ensino de História, segundo o tre-   nos anos iniciais, cujas definições também
     cho da Lei, deve ser garantido, como meio     oferecemos ao debate. São as seguintes:
     para que se possa asseverar a compreensão
                                                   Fatos históricos: práticas ou eventos
     do ambiente social, do sistema político
                                                   ocorridos no passado, que causaram impli-
     e dos valores em que se fundamenta a
                                                   cações na vida das sociedades, dos grupos
     sociedade.
                                                   de convívio (familiares, étnico-culturais,
     Para atender às exigências previstas nas      profissionais, escolares, de vizinhança, re-
     Diretrizes, torna-se necessário delimitar     ligiosos, recreativos, artísticos, esportivos,
     os diferentes conhecimentos e as habi-        políticos etc.) ou dos sujeitos históricos.
     lidades básicas que estão subjacentes
                                                   Sujeitos históricos: indivíduos ou
     aos direitos gerais em cada componente
                                                   grupos de convívio que, ao longo do tempo,
     curricular. Nos quadros a seguir, alguns
                                                   promovem e realizam (individual ou cole-
     direitos de aprendizagem estão descritos e
                                                   tivamente) as ações sociais produtoras de
     podem ser postos como pontos de partida
                                                   fatos históricos.
     para o estabelecimento do debate acerca
     do ensino de História nos anos iniciais do    Tempo: maneira como os indivíduos, os
     Ensino Fundamental.                           grupos de convívio e as sociedades sequen-
                                                   ciam e ordenam as experiências diaria-
     São descritos direitos de aprendizagem
                                                   mente vivenciadas por seus membros, com
     gerais, que permeiam toda a ação pe-
                                                   base nas quais organizam suas memórias e
     dagógica e, depois, expostos em quatro
                                                   projetam suas ações, tanto de forma indivi-
     quadros, direitos específicos relacionados
                                                   dual quanto coletiva.
     aos conceitos fundamentais da disciplina




30                                                                       unidade 02
Direitos gerais de aprendizagem: História                             Ano 1   Ano 2   Ano 3
 Identificar-se, a si, e as demais pessoas como membros de vários
 grupos de convívio (familiares, étnico-culturais, profissionais,
 escolares, de vizinhança, religiosos, recreativos, artísticos,
                                                                       I/A    I/A/C   I/A/C
 esportivos, políticos etc).

 Distinguir as práticas sociais, políticas, econômicas e culturais
 específicas dos seus grupos de convívio e dos demais grupos de        I/A    I/A/C   I/A/C
 convívio locais, regionais e nacionais, na atualidade.

 Identificar as práticas sociais, políticas, econômicas e culturais
 de grupos de convívio locais, regionais e nacionais, existentes no    I/A     I/A    I/A/C
 passado.

 Formular e expressar (oralmente, graficamente e por escrito) uma
 reflexão a respeito das permanências e das mudanças ocorridas
 nos vários aspectos da vida em sociedade, ao longo do tempo e
                                                                        I     I/A/C   I/A/C
 em diferentes lugares.

 Identificar e utilizar os diferentes marcadores de tempo
 elaborados e/ou utilizados pelas sociedades em diferentes tem-        I/A    I/A/C   I/A/C
 pos e lugares.

 Identificar e utilizar os diferentes instrumentos (individuais e
 coletivos) destinados à organização do tempo na nossa sociedade,
 no tempo presente: calendários, folhinhas, relógios, agendas,         I/A    I/A/C   A/C
 quadros de horários (horário comum e comercial, horários
 escolares), dentre outros.

 Identificar, na vida cotidiana, as noções de anterioridade,
 simultaneidade e posterioridade.                                      I/A    I/A/C   I/A/C

 Distinguir e ordenar temporalmente os fatos históricos locais,
 regionais e nacionais.                                                 I     I/A/C   I/A/C

 Articular e estabelecer correlações entre os fatos históricos (lo-
 cais, regionais e nacionais) e a vida vivida no tempo presente.        I     I/A/C   I/A/C

 Identificar e comparar os diferentes tipos de registros
 documentais utilizados para a construção, descrição ou
 rememoração dos fatos históricos: textos manuscritos e
 impressos, imagens estáticas ou em movimento, mapas, registros
                                                                       I/A    I/A/C   I/A/C
 orais, monumentos históricos, obras de arte, registros familiares,
 objetos materiais, dentre outros.

 Vivenciar os eventos rememorativos (locais, regionais e/ou nacio-
 nais), identificar os fatos históricos aos quais se referem.          I/A    A/C     A/C

 Formular e expressar (oralmente e por escrito) uma reflexão a
 respeito da importância destes eventos para os diferentes grupos      I/A    I/A/C   I/A/C
 de convívio da atualidade.

I - Introduzir; A - Aprofundar; C - Consolidar.




unidade 02                                                                                    31
Sujeitos históricos                                                       Ano 1   Ano 2   Ano 3
      Diferenciar as práticas sociais relacionadas ao âmbito da
                                                                                 I      I/A     I/A
      economia, da política e da cultura.

      Identificar e expressar (oralmente, graficamente e  por escrito) as
      características (individuais e coletivas) comuns e particulares aos
      membros dos grupos de convívio dos quais participa (familiares,
      étnico-culturais, profissionais, escolares, de vizinhança, religiosos,
                                                                               I/A/C   I/A/C   I/A/C
      recreativos,  artísticos, esportivos, políticos, dentre outros),
      atualmente e no passado.

      Dialogar e formular reflexões a respeito das semelhanças e das
      diferenças identificadas entre os membros dos grupos de convívio
      dos quais participa (familiares, étnico-culturais, profissionais,         I/A     I/A    I/A/C
      escolares, de vizinhança, religiosos, recreativos, artísticos,
      esportivos, políticos, dentre outros), atualmente e no passado.  

      Identificar e expressar (oralmente, graficamente e por escrito) as
      características (individuais e coletivas) comuns e particulares aos
      membros de outros grupos de convívio, locais e regionais,
                                                                                I/A    I/A/C   I/A/C
      atualmente e no passado.

      Dialogar e formular uma reflexão a respeito das semelhanças e
      das diferenças identificadas entre os membros de outros grupos
      de convívio (familiares, étnico-culturais, profissionais, escolares,
      de vizinhança, religiosos, recreativos, artísticos, esportivos,           I/A     I/A    I/A/C
      políticos, dentre outros), locais e regionais, atualmente e no
      passado.

      Identificar os diferentes tipos de trabalhos e de trabalhadores
      responsáveis pelo sustento dos grupos de convívio dos quais               I/A    I/A/C   I/A/C
      participa, atualmente e no passado.	

      Identificar os diferentes tipos de trabalhos e de trabalhadores
      responsáveis pelo sustento de outros grupos de convívio (locais e         I/A    I/A/C   I/A/C
      regionais), atualmente e no passado.

      Identificar as diferentes instituições existentes na localidade, na
      atualidade e no passado.	

      Formular e expressar (oralmente, graficamente e por escrito) uma
      reflexão a respeito das semelhanças e diferenças identificadas
      entre as maneiras de trabalhar e/ou entre as práticas dos
                                                                                I/A    I/A/C   I/A/C
      trabalhadores, ao longo do tempo e em diferentes lugares.

      Formular e expressar (oralmente, graficamente e por escrito) uma
      reflexão a respeito das mudanças e das permanências
      identificadas nas maneiras de trabalhar e/ou nas práticas dos
                                                                                I/A     I/A    I/A/C
      trabalhadores, ao longo do tempo e em diferentes lugares.




32                                                                               unidade 02
Comparar as condições de existência (alimentação, moradia,
proteção familiar, saúde, lazer, vestuário, educação e participação
política) dos membros dos grupos de convívio dos quais participa
                                                                       I/A/C   I/A/C   I/A/C
atualmente.

Comparar as condições de existência (alimentação, moradia,
proteção familiar, saúde, lazer, vestuário, educação e participação
política) dos membros dos grupos de convívio existentes, local e
                                                                        I/A     I/A    I/A/C
regionalmente, no passado.

Selecionar e utilizar registros pessoais e familiares (documentos,
músicas, fotos, recibos, listas de compras, receitas de todo tipo,
contas domésticas, trabalhos escolares antigos, álbuns feitos ou
preenchidos domesticamente, cartas, brinquedos usados,                  I/A     I/A    I/A/C
boletins escolares, livrinhos usados, dentre outros) para
formular e expressar (oralmente, graficamente e por escrito) uma
sequência narrativa a respeito da sua própria história.

Identificar as vivências comuns aos membros dos grupos de
convívio locais, na atualidade e no passado.                            I/A    I/A/C   I/A/C

Identificar as vivências específicas dos grupos de convívio locais e
regionais, na atualidade e no passado.                                  I/A    I/A/C   I/A/C

Articular as vivências dos grupos de convívio locais e regionais
atuais, às dos grupos de convívio locais e regionais, do passado.        I      I/A    I/A/C




unidade 02                                                                                     33
Tempo histórico                                                         Ano 1   Ano 2   Ano 3
     Situar-se com relação ao “ontem” (ao que passou), com relação
     ao “hoje” (ao que está ocorrendo) e com relação ao “amanhã” (a           I/A    A/C      C
     expectativa do porvir).

     Diferenciar ações ou eventos cotidianos ocorridos
     sequencialmente, antes e depois de outros.
                                                                              I/A    A/C      C

     Diferenciar ações ou eventos cotidianos ocorridos ao mesmo
     tempo do que outros.
                                                                              I/A    I/A/C   A/C

     Identificar as fases etárias da vida humana e as práticas
     culturalmente associadas a cada uma delas, na atualidade e no            I/A    A/C     A/C
     passado (com ênfase na infância).

     Comparar e calcular o tempo de duração (objetivo e subjetivo)
     das diferentes práticas sociais (individuais e coletivas), realizadas     I      I/A     I/A
     cotidianamente.

     Utilizar diferentes instrumentos destinados à organização e
     contagem do tempo das pessoas, dos grupos de convívio e das  
     instituições, na atualidade: calendários, folhinhas, relógios,
     agendas, quadros de horários (horário comercial, horários
                                                                               I      I/A    I/A/C
     escolares, horário hospitalar, horários religiosos, horários dos
     meios de comunicação, dentre outros).

     Identificar instrumentos e marcadores de tempo elaborados e/ou
     utilizados por sociedades ou grupos de convívio locais e                  I      I/A     I/A
     regionais, que existiram no passado.   

     Ordenar (sincrônica e diacronicamente) os fatos históricos de
     ordem pessoal e familiar.
                                                                               I      I/A    I/A/C

     Ordenar (sincrônica e diacronicamente) os fatos históricos
     relacionados aos grupos de convívio dos quais participa.
                                                                               I      I/A    I/A/C

     Ordenar (sincrônica e diacronicamente) os fatos históricos de
     alcance regional e nacional.
                                                                               I      I/A     I/A

     Identificar e comparar a duração dos fatos históricos vivenciados
     familiarmente, localmente, regionalmente e nacionalmente.
                                                                               I      I/A     I/A




34                                                                             unidade 02
Fatos históricos                                                       Ano 1   Ano 2   Ano 3
 Identificar dados governamentais sobre a história da localidade
 (rua, bairro e/ou município): origem do nome, data de criação,
 localização geográfica e extensão territorial, produção econômica,
                                                                         I      I/A    I/A/C
 população etc.

 Identificar e diferenciar os patrimônios culturais (materiais e
 imateriais) da localidade (rua, bairro, município e estado).
                                                                         I      I/A    I/A/C

 Identificar os fatos históricos ou as práticas sociais que dão
 significado aos patrimônios culturais identificados na localidade.
                                                                        I/A    I/A/C   I/A/C

 Identificar os grupos de convívio e as instituições relacionadas
 à criação, utilização e manutenção dos patrimônios culturais da         I      I/A    I/A/C
 localidade.

 Comparar as memórias dos grupos de convívio locais a respeito
 das histórias da localidade (rua, bairro ou município), com os          I      I/A    I/A/C
 dados históricos oficiais (ou governamentais).

 Comparar as memórias dos grupos de convívio locais a respeito
 dos patrimônios culturais da localidade, com as memórias                I       I      I/A
 veiculadas pelos dados oficiais (ou governamentais).

 Identificar as aproximações e os afastamentos entre as memórias
 compartilhadas por membros de diferentes grupos de convívio             I       I      I/A
 sobre a história local.

 Identificar as práticas econômicas e de organização do trabalho,
 ocorridas na localidade no passado e compará-las às práticas            I      I/A    I/A/C
 econômicas atuais (na localidade).

 Identificar aspectos da organização política da localidade no
 passado e compará-los com os principais aspectos da organização         I      I/A    I/A/C
 política atual (na localidade).

 Identificar aspectos da produção artística e cultural da localidade
 no passado e no presente.
                                                                        I/A     I/A    I/A/C

 Mapear a localização espacial dos grupos de convívio atuais na
 localidade.
                                                                         I      I/A    I/A/C

 Articular as formas de organização do espaço e as práticas sociais
 dos grupos de convívio atuais e do passado, com sua situação de         I      I/A    I/A/C
 vida e trabalho.

 Identificar as formas de organização do espaço e as práticas
 sociais dos grupos de convívio que existiram na localidade, no          I      I/A    I/A/C
 passado.




unidade 02                                                                                     35
Materiais didáticos
     no ciclo de alfabetização.
     Telma Ferraz Leal
     Juliana de Melo Lima




     Como foi discutido anteriormente, o           recursos a serem utilizados. Leal e Rodri-
     planejamento do ensino é uma das res-         gues (2011, p. 96-97), ao discutirem sobre
     ponsabilidades do professor, mas é mais       o uso de recursos didáticos alertam que,
     que uma obrigação, é uma maneira de
     garantir a sua autonomia como profis-
                                                   “No bojo da ação de planejar,
     sional. Segundo Freire (1996, p. 43), a
                                                   como já dissemos, está a ação de
     prática não planejada “produz um saber
                                                   selecionar os recursos didáti-
     ingênuo, um saber de experiência [...]
                                                   cos adequados ao que queremos
     (na qual) falta rigorosidade metódica que
                                                   ensinar. Igualmente, é preciso
     caracteriza a curiosidade epistemológica
                                                   refletir para escolher tais re-
     do sujeito” (1996, p. 43). É na ausência de
                                                   cursos. De igual modo, é neces-
     um planejamento realizado pelo próprio
                                                   sário ter clareza sobre as finali-
     docente que são impostos modos de agir
                                                   dades do ensino, as finalidades
     padronizados e não reflexivos, que muitas
                                                   da escola e atentar que, nessa
     vezes são contrários às concepções dos
                                                   instituição, além dos conceitos
     próprios professores. O planejamento, na
                                                   e teorias, estamos influencian-
     realidade, é uma ação autoformativa, que
                                                   do a construção de identidades,
     propicia a articulação entre o que sabe-
                                                   de subjetividades. Assim, na
     mos, o que fizemos e o que vamos fazer.
                                                   escolha dos recursos didáticos,
     Segundo Gómez (1995, p. 10), ao planejar-
                                                   tais questões precisam ser con-
     mos, aprendemos a “construir e comparar
                                                   sideradas.”
     novas estratégias de ação, novas fórmulas
     de pesquisa, novas teorias e categorias de
     compreensão, novos modos de enfrentar e       Ao situarmos nosso debate nos direitos de
     definir problemas”.                           aprendizagem e nos princípios didáticos
                                                   discutidos, consideramos que alguns tipos
     Uma das tarefas do professor quando           de recursos didáticos são essenciais no
     planeja sua ação didática é escolher os       ciclo de alfabetização:




36                                                                     unidade 02
Ano 1 unidade_2_miolo
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  • 1. Ministério da Educação Secretaria de Educação Básica Diretoria de Apoio à Gestão Educacional Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa PLANEJAMENTO ESCOLAR: ALFABETIZAÇÃO E ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA Ano 01 Unidade 02 Brasília 2012
  • 2. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Secretaria de Educação Básica – SEB Diretoria de Apoio à Gestão Educacional Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Centro de Informação e Biblioteca em Educação (CIBEC) _______________________________________________________________________________ Brasil. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto nacional pela alfabetização na idade certa : planejamento escolar : alfabetização e ensino da língua portuguesa : ano 1 : unidade 2 / Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. -- Brasília : MEC, SEB, 2012. 48 p. ISBN 978-85-7783-123-4 1. Alfabetização. 2. Língua portuguesa. 3. Planejamento do ensino. I. Título. CDU 37.014.22 _______________________________________________________________________________ Tiragem 125.616 exemplares MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA Esplanada dos Ministérios, Bloco L, Sala 500 CEP: 70047-900 Tel: (61)20228318 - 20228320
  • 3. Sumário PLANEJAMENTO ESCOLAR: ALFABETIZAÇÃO E ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA Iniciando a conversa 05 Aprofundando o tema 06 Planejamento do ensino: alfabetização e ensino/aprendizagem do componente curricular - Língua Portuguesa06 As rotinas da escola e da sala de aula: referências para a organização do trabalho do professor alfabetizador17 Compartilhando 29 Direitos de aprendizagem em História no ciclo de alfabetização 29 Materiais didáticos no ciclo de alfabetização. 36 Aprendendo mais 45 Sugestões de leitura45 Sugestões de atividades para os encontros em grupo47
  • 4. PLANEJAMENTO ESCOLAR: ALFABETIZAÇÃO E ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA UNIDADE 2 | ANO 1 Autoras dos textos da seção Aprofundando o tema: Andrea Tereza Brito Ferreira, Eliana Borges Correia de Albuquerque, Luciane Manera Magalhães, Rita de Cássia Barros de Freitas Araujo , Simone Borrelli Achtschin, Terezinha Toledo Melquíades de Melo. Autoras dos relatos de experiência e depoimentos: Ana Cristina Bezerra da Silva, Severina Erica da Silva Guerra. Leitores críticos e apoio pedagógico: Adriana M. P. da Silva, Alexsandro da Silva, Alfredina Nery, Amanda Kelly Ferreira da Silva, Ana Cristina Bezerra da Silva, Ana Lúcia Martins Maturano, Ana Márcia Luna Monteiro, Erika Souza Vieira, Evani da Silva Vieira, Ivanise Cristina da Silva Calazans, Juliana de Melo Lima, Magna do Carmo Silva Cruz, Rochelane Vieira de Santana, Severino Rafael da Silva, Sheila Cristina da Silva Barros, Telma Ferraz Leal, Yarla Suellen Nascimento Alvares. Produção dos quadros de direitos de aprendizagem: Adriana M. P. da Silva. Revisora: Adriana de Oliveira Gibbon. Projeto gráfico e diagramação: Ana Carla Silva, Luciana Salgado, Susane Batista e Yvana Alencastro. Ilustração: Airton Santos. Capa: Anderson Lopes, Leon Rodrigues, Ráian Andrade e Túlio Couceiro.
  • 5. Iniciando a conversa A maneira como uma escola se organiza para atender aos seus objetivos inclui algumas ações que são fundamentais para o seu funcionamento. Pensar sobre o que e como fazer em uma escola inclui traçar planos e metas a serem alcançadas ao longo de um determi- nado tempo, seja este o planejamento de uma gestão escolar ou de uma sala de aula. No caso das salas de aula do ciclo da alfabetização, é importante ter em mente quais são os objetivos do ensino de cada fase, que direitos de aprendizagem temos que contemplar em cada ano para que nossos alunos avancem com sucesso em novas etapas e desafios. Nesta unidade, discutiremos justamente a importância do planejamento das atividades, da organização do trabalho, da previsão do tempo pedagógico e da construção de rotinas no sentido de promover o atendimento e a formação das crianças em alfabetização. Para isso, abordaremos temas que estão apresentados nas seguintes questões: Por que deve- mos planejar o ensino da alfabetização? Como planejar o trabalho com a alfabetização de forma a contemplar os diferentes eixos de ensino da língua? Como organizar o tempo escolar? Como construir uma rotina que venha a favorecer a aprendizagem dos nossos alunos? Como planejar e organizar o trabalho pedagógico utilizando-se dos diversos materiais e recursos disponíveis para o ciclo de alfabetização nas escolas? Desse modo, os objetivos da unidade 2 são: • aprofundar os conhecimentos sobre a concepção de alfabetização na perspectiva do letramento; • conhecer os recursos didáticos distribuídos pelo Ministério da Educação (livros didáticos e obras complementares aprovados no PNLD; livros do PNBE e PNBE Especial; jogos didáticos distribuídos pelo MEC) e planejar situações didáticas em que tais materiais sejam usados; • planejar o ensino na alfabetização, analisando e criando propostas de organização de rotinas da alfabetização na perspectiva do letramento; • criar um ambiente alfabetizador, que favoreça a aprendizagem das crianças; • compreender a importância da literatura nos anos iniciais do Ensino Fundamental e planejar situações de uso de obras literárias em sala de aula.
  • 6. Aprofundando o tema Planejamento do ensino: alfabetização e ensino/aprendizagem do componente curricular - Língua Portuguesa Luciane Manera Magalhães Rita de Cássia Barros de Freitas Araujo Simone Borrelli Achtschin Terezinha Toledo Melquíades de Melo Por que planejar o ensino? Planejar faz parte do nosso cotidiano. temos outro compromisso naquele dia e Quando acordamos, muitas vezes planeja- horário, certificar-se do local onde será mos o que vamos fazer durante o dia, em realizado, comprar o bilhete de entrada que ordem vamos realizar cada atividade, com antecedência, combinar com os quanto tempo será dispensado e quase amigos, decidir o meio de transporte, se sempre deixamos um espaço de tempo vamos de carro, com quem iremos, onde para que determinados imprevistos não vamos estacionar e assim por diante. Na atrapalhem ou alterem nossos planos. escola, devemos ter o mesmo cuidado. Por que planejamos na vida diária? Para Com uma diferença fundamental, no caso organizarmos nossas ações e evitarmos do show não temos a responsabilidade frustrações como, por exemplo, progra- sobre o futuro de outras pessoas. Desse mar uma festa surpresa para um amigo modo, o planejamento na escola tem um ou familiar e nos desencontrarmos do impacto maior, pois não traz consequên- aniversariante. Planejar a ida a um show cias apenas para nossas próprias vidas, pressupõe um preparo: verificar se não como ocorre em relação à ida ao show,
  • 7. mas para a vida de outras pessoas: os usos sociais da língua escrita, não somente estudantes, suas famílias, suas comuni- os escolares, mas também os relativos a dades. outras esferas sociais. Como bem destaca Kleiman (2005, p.33): Precisamos planejar para fazermos esco- lhas coerentes, organizar nossas rotinas, ter nossos objetivos delimitados, saber aonde queremos chegar e o que precisa- “As práticas de letramento fora mos ensinar aos nossos alunos. Para tanto, da escola têm objetivos sociais é necessário termos uma visão do processo relevantes para os participan- mais amplo de aprendizado que será de- tes da situação. As práticas de senvolvido durante todo o ano letivo, mas letramento escolares visam ao também do processo micro, revelado por desenvolvimento de habilida- meio de um planejamento mais pontual, des e competências no aluno e marcado por intervalos de tempo. isso pode, ou não, ser relevante para o estudante. Essa diferen- Para planejar o processo de alfabetização ça afeta a relação com a língua e ensino/aprendizagem da Língua Portu- escrita e é uma das razões pelas guesa, tomamos quatro eixos direciona- quais a língua escrita é uma das dores: leitura, produção de texto escrito, barreiras mais difíceis de serem oralidade e análise linguística, incluindo a transpostas por pessoas que apropriação do Sistema de Escrita Alfabé- vêm de comunidades em que a tica - SEA. Abordaremos, sucintamente, escrita é pouco ou nada usada.” cada um deles de forma a explicitar as concepções linguísticas e epistemológicas que direcionam a presente proposta. Os eixos de ensino da língua como norteadores do planejamento escolar Como poderá ser observado, durante a lei- tura deste material, todo o trabalho com a alfabetização na perspectiva do letramento está pautado na busca da realização de atividades que levem em consideração os unidade 02 07
  • 8. Fazer com que a criança em fase de alfa- A leitura betização vivencie a leitura, a produção de texto escrito, a produção e compreensão A leitura envolve a aprendizagem de de textos orais e a apropriação do Sistema diferentes habilidades, tais como: (i) de Escrita Alfabética como práticas rele- o domínio da mecânica que implica na vantes e interessantes é um desafio para transformação dos signos escritos em os professores, o qual pode ser vencido informações, (ii) a compreensão das infor- quando “o trabalho didático é organizado mações explícitas e implícitas do texto lido levando em conta os textos que circulam e (iii) a construção de sentidos. As referi- entre diversos grupos sociais, no dia a das habilidades inter-relacionam-se e não dia.” (KLEIMAN, 2005, p.34). É com base podem ser pensadas hierarquicamente. nestas ideias que tomamos os usos dos Quanto maior for a experiência de ouvir e gêneros textuais como ponto de partida ler textos, mais elaborada será a produção para a prática pedagógica, com o objetivo de sentidos por parte do leitor. No proces- primeiro de propiciar a vivência destas so inicial de apropriação do Sistema de práticas também em ambiente escolar e Escrita Alfabética, cabe ao professor ser o despertar nossos alunos para o uso além mediador da turma, auxiliando os alunos dos muros da escola. Ensinar por meio dos na elaboração de objetivos e expectativas usos dos gêneros textuais significa pro- de leitura, na criação de hipóteses antes mover um ensino voltado para a vida, que e durante o ato de ler, correlacionando os propicie verdadeiramente a formação do conhecimentos prévios dos aprendizes cidadão participativo das práticas sociais com aqueles que se pode reconhecer no que envolvem a cultura escrita. É um direi- texto, sejam explícitos ou implícitos. to de nossos alunos e cabe aos professores Ler para nossos alunos é prática funda- garantir este direito de aprendizagem a mental para despertar o gosto e o desejo cada um. pela leitura. Ler, entretanto, não é sinôni- 08 unidade 02
  • 9. mo de contar histórias, ainda que esta prá- que o texto a ser escrito pelas crianças pode tica seja fundamental na escola. Quando ser longo ou curto, conhecido ou não. A lemos o texto escrito para nossos alunos, letra de uma cantiga, uma quadrinha, um permitimos que eles apreendam aspectos poema, um provérbio, um dito popular, peculiares da modalidade escrita, como a uma história, um bilhete, um cartaz, um estrutura sintática, o vocabulário, os elos aviso são alguns exemplos de textos a serem coesivos. Quando contamos com as nossas escritos em sala de aula. A escolha do que a palavras, e não as do autor, deixamos de criança irá escrever irá depender da situa- propiciar a convivência da criança com a ção comunicativa proposta pelo professor. linguagem escrita, embora outras aprendi- Partindo desta concepção, defendemos a zagens possam ser realizadas. ideia de que a criança pode e deve escre- ver espontaneamente desde as primeiras Em nosso dia a dia, utilizamos a leitura semanas de aula. É necessário, entretanto, com diferentes objetivos (lemos para obter que o docente compreenda que copiar não informações sobre um assunto específico, é sinônimo de escrever, embora seja uma para localizarmos uma rua, para seguirmos habilidade necessária a ser desenvolvida prescrições médicas, para nos distrair- durante a alfabetização. mos), os quais direcionam nossas atitudes diante do texto. São essas estratégias, prá- Levar a criança a escrever “do jeito que ticas sociais que vivenciamos em nossas acha que é” é uma maneira de incentivá-la ações de leitores competentes, que devem a buscar estratégias para colocar no papel ser tomadas como base para o ensino e o que quer informar ao seu leitor. Quando o trabalho na sala de aula com a leitura, solicitamos que a criança faça um desenho diminuindo cada vez mais as atividades sobre a parte de que mais gostou de uma artificiais e proporcionando, com mais in- história ouvida e escreva sobre esta parte tensidade, atividades próximas às práticas para divulgar em um mural para que outras sociais de letramento. pessoas possam ler, propiciamos a reflexão sobre a escrita e a busca de soluções para questões que se colocam acerca da apro- A produção de textos priação do sistema de escrita. O papel do professor de revisor do texto para que possa Quando se fala em escrita, no primeiro ano, ser exibido em mural é importante porque, é comum que se associe esta atividade a uma interagindo neste tipo de situação, a criança escrita alfabética, à produção de um texto pode aprender que existe uma convenção longo, geralmente narrativo, o que leva o social que dita as regras da escrita, as quais professor a adiar esta prática. Entendemos serão aprendidas no decorrer dos anos. unidade 02 09
  • 10. Escrever pode ser uma prática não muito registro e a se assumirem como autores. O frequente no cotidiano de algumas crian- trabalho em dupla é um recurso metodológi- ças, não porque ainda não saibam escrever co interessante porque permite às crianças convencionalmente, mas pelo fato de ser interagirem, trocarem informações e resol- pouco utilizada em sua família ou comu- verem conflitos, o que favorece a participa- nidade em situações em que elas façam ção mais efetiva. Ao produzirem o texto, as parte. Despertar nas crianças o desejo de crianças confrontam suas hipóteses, nego- escrever é papel da escola, mas sabe-se que ciam a escrita e auxiliam umas às outras em escrever apenas para o professor corrigir suas reflexões, tanto a respeito do sistema de ou guardar não é prática sedutora para escrita, quanto à organização do texto. a criança. Ter o que dizer e a quem dizer Cabe lembrar que é muito mais fácil são, portanto, os primeiros passos para a para uma criança, em processo inicial de formação da criança produtora de textos. alfabetização, escrever um texto que já A produção de textos, na escola, pode se dar sabe de cor, como uma quadrinha, uma de diferentes formas: coletivamente, por pequena cantiga, provérbio ou travalín- meio de um escriba que geralmente é o pro- guas, do que um totalmente novo. Neste fessor; em dupla; ou individualmente. Quan- caso, a produção escrita serve, sobretu- do o professor atua como escriba, ensina às do, para a reflexão acerca do Sistema de crianças as diferenças entre linguagem oral e Escrita Alfabética: com que letras escrevo escrita, a organização das ideias, a importân- determinada palavra, onde incluir espa- cia de sempre revisar o que foi produzido, a ços em branco para delimitar as palavras desenvolverem suas próprias estratégias de etc. Tal tipo de atividade é, sem dúvida, muito importante, no entanto, para que as crianças aprendam a escrever textos é preciso variar as situações de produção quanto às dimensões da escrita a serem contempladas: (i) registro de um texto que se sabe de cor, como o tipo citado acima; (ii) a reescrita de textos, em que as crianças sabem o conteúdo do texto, mas precisam recuperá-lo e escrever de outro modo, pensando em “como dizer”; (iii) escrita autoral de textos, em que os estudantes precisam definir o que vão dizer e como vão dizer. 10 unidade 02
  • 11. A oralidade O alargamento das práticas de oralidade sig- nifica o direito de apreensão de um instru- Ser competente em diferentes situações mento necessário não só para a vida escolar, discursivas orais engloba, em primeira mas também para a vida em sociedade. Esta instância, saber adequar sua linguagem é uma formação que visa o exercício da cida- ao contexto ou ao evento em que dania. Nesta perspectiva, Bortoni-Ricardo estamos inseridos. Demanda, também, (2004, p. 74) ressalta que cabe à escola saber as regras de convivência e de comportamento segundo as quais os espaços sociais estão organizados e, “[...] facilitar a ampliação da competência comunicativa ainda, saber monitorar a fala e a escuta dos alunos, permitindo-lhes em situações formais. apropriarem-se dos recursos Conversar com um colega de classe, no comunicativos necessários horário do recreio, exige uma fala mais para se desempenharem bem, coloquial e menor monitoração. Já trans- e com segurança, nas mais distintas tarefas linguísticas.” mitir um recado à diretora ou apresentar um trabalho, à frente da turma, necessita de uma linguagem mais formal e maior Alfabetizar na perspectiva do letramento monitoração da fala. Estas situações de também é compreender que se ensina para comunicação, quando levadas à reflexão que as crianças sejam sujeitos capazes de em sala de aula, fazem com que os alunos expor, argumentar, explicar, narrar, além possam perceber as variações da língua, de escutar atentamente e opinar, respei- sua relação com o contexto social e com os tando a vez e o momento de falar. objetivos comunicativos que temos. Nesse sentido, entende-se a importância da Desta forma, o trabalho com a linguagem escola como instituição social responsável pela sistematização dos saberes. No caso da oral também deve ser planejado e organi- oralidade, esses saberes relacionam-se ao zado assim como os demais eixos do ensino desenvolvimento de práticas com os usos O caderno de e aprendizagem do Ciclo de Alfabetização reais da língua; o que significa oferecer o Educação Especial - A alfabetização (e outros, ao longo da escolaridade). O pro- domínio da norma linguística de prestígio de crianças com deficiência: fessor precisa levar em conta os usos que social sem, com isso, estigmatizar a varie- uma proposta fazemos da oralidade na sociedade, promo- dade dos alunos, uma vez que toda língua é inclusiva apresenta possibilidades de vendo atividades sistemáticas que envol- constituída de diferentes modos de dizer e flexibilização para a comunicação vam os gêneros orais como, por exemplo, que há maneiras mais prestigiadas que ou- de alunos com deficiência. apresentação de trabalhos, participação tras, o que não é questão linguística e, sim, em entrevistas, contação de histórias. questão social, econômica, regional etc. unidade 02 11
  • 12. A análise linguística - respectivos nomes e diferentes formas de apropriação do Sistema grafá-las; perceber as relações que existem de Escrita Alfabética entre som-letra, por meio do desenvolvi- mento da consciência fonológica. E, por fim, A apropriação do sistema de escrita está precisa aprender sobre a ortografia. diretamente relacionada com a capacidade de se pensar sobre a língua. O processo de Na prática, a apropriação do sistema alfa- análise linguística nos anos iniciais precisa bético pode se dar por meio de jogos, ativi- estar voltado para as reflexões acerca da dades lúdicas, atividades de composição e língua e de seu funcionamento e é neces- decomposição de palavras, favorecendo a sário que seja desenvolvido concomitante- reflexão acerca de segmentos linguísticos mente com a apropriação dos usos e funções menores, como as sílabas e os fonemas. A sociais dos gêneros textuais, da leitura, da escrita de palavras é importante tanto para produção de textos e da linguagem oral. aqueles que ainda estão iniciando o pro- cesso de apropriação do sistema de escrita Assumimos a posição de Morais (2012, p. - de modo que possam refletir sobre suas 160) de que hipóteses, quanto para aqueles que já en- “[...] a escola NÃO deve gastar o tendem o seu funcionamento e precisam precioso tempo de aprendiza- de um tempo para consolidar as relações gem dos alfabetizandos, durante som-letra e ganhar mais agilidade na os três primeiros anos do ensino escrita (MORAIS; ALBUQUERQUE, 2010). Como dito anteriormente, o Sistema de fundamental, fazendo-os deco- Escrita Alfabética é complexo e possui rar as nomenclaturas e taxono- regras próprias de funcionamento, exigin- mias pouco úteis da gramática do de seus usuários conhecimento de sua pedagógica tradicional.” natureza linguística e de sua estrutura. Por isso, o ensino precisa ser bem planejado. Os conhecimentos envolvidos no eixo de apropriação do Sistema de Escrita Alfabé- Importância da organização tica vão desde a capacidade da criança de de planos anuais reproduzir seu nome próprio, mesmo antes Reflexões sobre a de poder escrever outras palavras, dife- Como planejar o que vou ensinar durante aprendizagem do Sistema de Escrita renciar os tipos de letras e outros recursos um ano inteiro se nem conheço minha Alfabética e da gráficos, até aspectos relativos ao domínio turma ainda? Por que elaborar um plano norma ortográfica são realizadas das correspondências entre letras ou grupos anual se todo dia eu faço um roteiro para as nos cadernos de letras e fonemas. Assim, a criança preci- minhas aulas? Questões como essas podem da unidade 3. sa conhecer todas as letras do alfabeto, seus vir à mente quando pensamos na organi- 12 unidade 02
  • 13. zação do plano anual. Fazer uma avaliação Ao organizarmos planos anuais, visuali- diagnóstica no início do ano é fundamental. zamos aspectos mais amplos do trabalho Conhecer a turma com a qual vamos traba- de alfabetização e letramento e tomamos lhar é essencial para delimitarmos nossos decisões gerais concernentes ao processo objetivos, e termos um ponto de partida ensino/aprendizagem como, por exemplo, (leia-se um plano anual) que sirva de refe- decidir os critérios a serem usados para rência para nosso trabalho é imprescindí- escolher textos a serem utilizados; selecio- vel. Quando planejamos as atividades a se- nar quais gêneros textuais usar e com que rem realizadas para cada dia, sem tomarmos frequência; definir quando nossos alunos como referencial o ano letivo, perdemos de vão começar a produzir textos – se antes de vista o processo mais amplo e corremos o saberem escrever convencionalmente ou só risco de negligenciarmos conteúdos que são depois de terem memorizado um conjunto direitos de aprendizagem de nossos alunos de palavras; decidir que tipo de atividade e, com isso, muitas vezes nos surpreende- será utilizada para desenvolver a linguagem mos com os resultados obtidos. Albuquer- oral; eleger qual unidade linguística será o que, Morais e Ferreira (2008) relatam a ponto de partida para ensinarmos o sistema tomada de consciência de uma professora de escrita e com base em qual contexto. alfabetizadora que, ao olhar para a frequên- cia dos tipos de atividades realizadas em sua Como podemos ver, o plano anual, além sala de aula, durante um espaço de tempo, de organizar os conhecimentos a serem de- chega à conclusão de que seus alunos não se senvolvidos durante um ano letivo, revela alfabetizaram, até aquele momento, porque nossas escolhas com relação ao que vamos ela trabalhava muito a leitura e a produção ensinar aos nossos alunos, antes mesmo de textos, mas não realizava atividades de de conhecê-los. Destaque-se, entretanto, reflexão linguística: que além de se ter como foco os direitos de aprendizagem e as experiências acumula- “Agora eu sei por que meus das, a ênfase a ser dada a cada tipo de ati- alunos não estão alfabetizados. vidade será dirigida pelo resultado da ava- Eu trabalho muito com leitura liação diagnóstica e pelo que foi decidido e produção de textos, mando (pela escola, pela Secretaria de Educação e desenhar, mas não realizo essas pela professora) sobre o que será ensinado atividades de reflexão com as naquele ano, tanto em relação aos eixos de palavras. Agora vou fazer dife- ensino do componente curricular Língua rente.” (ALBUQUERQUE; MO- Portuguesa, quanto no que se refere às RAIS; FERREIRA, 2008, p. 262). outras áreas de conhecimento. unidade 02 13
  • 14. Sobre o planejamento anual, vejamos etária do primeiro ano, utilizo o que relatou a professora Ana Cristina como recursos textuais, para as Bezerra da Silva, da escola Maurício de sequências didáticas: cantigas Nassau (Recife-PE): infantis, poemas, poesias, li- teratura para crianças, através de leitura, produção de texto “Assim como planejamos as escrito, oralidade, análise lin- ações que realizamos em nosso guística/apropriação do sistema dia a dia, o professor também alfabético. Todas as atividades precisa planejar suas ativida- são realizadas a partir da ava- des. Ele jamais deverá estar liação diagnóstica dos alunos no diante de uma sala de aula, sem início do ano letivo, destacando utilizar um planejamento, pois as competências a serem desen- esse é um fio condutor da ação volvidas e consolidadas.” educativa. Através do planeja- mento o professor organiza o seu trabalho e o tempo didáti- O relato da professora Ana Cristina revela a co de forma a proporcionar e importância de se planejar um ano de curso, criar oportunidades diferen- como vínhamos discutindo. Para a professo- ciadas para cada estudante. ra, o conhecimento das orientações oficiais Sendo assim, de acordo com possibilita a organização das competências as orientações da Secretaria e conteúdos que serão importantes para de Educação do município do aquele nível de ensino. É como se fosse um Recife, seleciono as competên- mapa geral da sua atuação naquele ano, no cias, conteúdos e procedimen- qual se incluiriam os projetos mais amplos e tos do plano anual de ensino, gerais da escola e os mais específicos daque- sugerido no diário de classe la classe, para que, a partir dele, possam ser para cada professor. A par- construídos os planos semanais e diários. tir da organização deste plano O planejamento anual geralmente é feito no diário, estabeleço planos nos dias antes de se iniciar um novo ano le- semanais contemplando ini- tivo. Vejamos como aconteceu na escola da cialmente Língua Portuguesa, professora Severina Erica da Silva Guerra como eixo norteador de todo o da Escola Municipal Monteiro Lobato, em trabalho e considerando a faixa Recife: 14 unidade 02
  • 15. “No primeiro dia do mês de A coordenadora nos entregou fevereiro nos reunimos com as a cópia do calendário das ativi- professoras e com a coordena- dades escolares previsto para o dora da tarde para definirmos mesmo ano. O calendário está o que seria trabalhado no ano organizado com as atividades escolar. Foi apresentado para o mensais. Dentro de cada mês grupo o calendário de ativida- encontramos datas de reuniões, des para 2012; o calendário de datas comemorativas, datas de reuniões pedagógicas; a temá- reuniões com pais, reuniões tica geral da Rede de ensino de com o Conselho Escolar e datas Recife: Luiz Gonzaga: do litoral de culminância de projetos e ao sertão - uma homenagem aos atividades previstas para cada 100 anos do Rei do Baião, com mês. Após esse momento, foi enfoque na sustentabilidade. apresentado o calendário das Além disso, foi apresentado o reuniões pedagógicas, que são os Programa Saúde nas Escolas. Conselhos Pedagógicos e as reu- Ainda tínhamos como tarefa niões mensais de planejamento, nessa reunião elencar as metas pois, por se tratar de uma Escola e ações para o Projeto Político de horário integral, o dia de pla- Pedagógico (P.P.P.) de 2012 da nejamento é garantido. escola. Finalizado esse momento, a coordenadora entregou para as professoras os conteúdos das disciplinas recortados da pro- posta curricular, para que nós elencássemos o que seria traba- lhado nesse ano. As professo- ras se organizaram por ano e se apoiaram nas competências que são apresentadas na caderneta escolar da Rede que traz as com- petências instituídas para cada disciplina. A escola não tem a prática de definir quais as metas unidade 02 15
  • 16. que deverão ser alcançadas ao Referências final do ano letivo. As profes- soras ficam muito livres para trabalhar com os conteúdos e as ALBUQUERQUE, Eliana B.C.; MORAIS, competências instituídas.” Artur. G.; FERREIRA, Andrea T.B. As práticas cotidianas de alfabetização: o que fazem as professoras? In: Revista Brasileira O que aconteceu na escola da professora de Educação. V. 13, n.38. maio/ago 2008. Severina Erika, no momento da realização BORTONI-RICARDO, Stella M. Educação em do plano anual, é um bom exemplo da im- língua materna: a sociolinguística na sala de portância da integração das diferentes ins- aula. São Paulo: Parábola, 2004. tâncias e âmbitos que constituem a escola e o processo educativo. Para que o professor KLEIMAN, Angela B. Preciso “ensinar” o possa pensar no que vai ser realizado du- letramento? Não basta ensinar a ler e a rante o ano é necessário traçar metas gerais, escrever? CEFIEL/IEL/UNICAMP. Ministério como já discutido na Unidade .1 da Educação. Governos Federal, 2005. Refletimos, nesse texto, sobre a importân- KOCH, Ingedore V.; ELIAS, V. M. Ler e cia de se planejar o ensino com o objetivo Compreender: os sentidos do texto. SP: de organizar as ações a serem empreen- Contexto, 2006. didas durante o ano letivo em turmas do MORAIS, Artur G.; ALBUQUERQUE, Eliane 1º ano do Ensino Fundamental, tendo B. C. Alfabetização e Letramento: O que em vista os diferentes eixos de ensino são? Como se relacionam? Como alfabetizar da Língua Portuguesa. Destacamos que, letrando? In: ALBUQUERQUE, Eliana B. C. e sem um plano anual, corremos o risco LEAL, Telma F. (orgs.) Alfabetização de jovens de deixarmos determinados conteúdos e adultos em uma perspectiva de letramento. de lado, ou até mesmo priorizarmos uns Belo Horizonte: Autêntica, 2010. em detrimento de outros, prejudicando, assim, o aprendizado de nossos alunos. MORAIS, Artur. G. Sistema de Escrita Finalmente, ressaltamos a necessidade Alfabética. São Paulo: Melhoramentos, 2012. de se elaborar um planejamento anual de forma a podermos especificar nossas ações e termos clareza das metas de aprendiza- do para os nossos alunos e, a partir dele, elaborar planos semanais e diários, enfim, construir uma rotina de trabalho. 16 unidade 02
  • 17. As rotinas da escola e da sala de aula: referências para a organização do trabalho do professor alfabetizador Andréa Tereza Brito Ferreira Eliana Borges Correia de Albuquerque Quando falamos em rotina, no geral nos dos produtos industrializados levava o vem à mente aquelas atividades repetiti- trabalhador a realizar, em uma jornada vas, enfadonhas, e a vontade de se “romper intensa de trabalho, atividades mecânicas com a rotina”. Mas, afinal, o que é a rotina? e repetitivas. O trabalho passou a ser divi- Ela é um mal ou um bem necessário? Por dido entre dois tipos: o intelectual, desti- que tantas vezes ela é temida, criticada e/ nado a uma parcela pequena da população ou desejada e planejada? que tinha acesso aos estudos universitá- rios, e o braçal, para a maioria dos traba- O termo rotina é usado em um sentido lhadores. Estes deviam fazer exatamente negativo quando envolve a realização o que lhes mandassem, sem perguntas, diária de atividades repetitivas, cansati- sem questionamentos. O importante era vas, que fazemos sem refletir, sem saber garantir a produção em massa. o que, como e para que as fazemos. Chico Buarque, na música Cotidiano, revela essa concepção de rotina ao descrever o dia-a- -dia de uma dona de casa: “Todo dia ela faz tudo sempre igual: Me sacode às 6 horas da manhã...”. Qual a origem dessa concepção de rotina e como ela esteve presente em nossas salas de aula e, mais especificamen- te, nas práticas de alfabetização? Com a Revolução Industrial e o desenvol- vimento do capitalismo, os trabalhadores passaram, cada vez menos, a ter controle do que produziam e a produção em série unidade 02 17
  • 18. Não demorou muito para que a escola tam- A herança do positivismo traz a objeti- bém se transformasse em uma pequena vidade das ciências experimentais para indústria: com a democratização do acesso análise das relações sociais e, com isso, a à escola, era preciso a formação de muitos escola passou a adotar modelos baseados alunos, o que acarretou na necessidade na psicologia comportamentalista e no tec- de aumento da mão-de-obra qualificada. nicismo para organizar a rotina da sala de Surgiram os cursos profissionalizantes de aula. Com base em tais abordagens, cabia magistério e o modelo industrial da época ao professor organizar o seu tempo peda- foi importado para a educação: aos inte- gógico de maneira a garantir o depósito e lectuais, gestores, supervisores cabiam a assimilação dos conteúdos escolares pelos prescrição do que deveria ser ensinado e alunos, o que requeria, por conseguinte, a organização de métodos a serem desen- um ensino e uma aprendizagem controlada volvidos; aos professores, no geral, cabia a como algo que se podia medir, manipular execução de tais métodos. e prever. Assim, como apontado por Ferreira e Albu- Nessa perspectiva, ter uma boa prática querque (2012), nas décadas de 1960/70, pedagógica significava o domínio dos no Brasil, quando se falava de rotina na instrumentos didáticos (o como fazer) escola, pensava-se logo nas atividades que e, com isso, o dia a dia da sala de aula tinham sido planejadas de modo a dividir era transformado em uma sucessão de o conteúdo em pequenas dosagens diárias atividades repetitivas guiadas, no geral, com o objetivo de se fazer cumpri-las, inde- por manuais que garantiam a absorção pendentemente do que pudesse acontecer máxima do que era proposto, planejado. no decorrer do processo. Essa maneira de Essas práticas, que podem fazer parte da organizar o trabalho pedagógico estava memória de estudante de muitos de nós, baseada em uma concepção de ensino pau- hoje professores, ainda se fazem pre- tada principalmente na memorização dos sentes na atualidade e, como abordado conteúdos escolares, bastante articulada às por Silva (2008, p. 36), relacionam-se a abordagens positivistas de ciências. “modelos hierarquizados da organização 18 unidade 02
  • 19. do trabalho docente, impostos às escolas tes. Embora saibamos que muitas vezes no passado, em que cabia ao professor ser o improviso acontece em determinadas um mero executor de planos definidos circunstâncias, ele não pode fazer parte por especialistas”. e ser o ponto de referência do dia a dia de uma prática. Na década de 1980, com a difusão das teorias construtivista e sócio-intera- De acordo com as abordagens construti- cionista de ensino-aprendizagem, as vistas e sócio-interacionistas de ensino- práticas pedagógicas baseadas no desen- -aprendizagem, é preciso que o professor volvimento de rotinas pré-estabelecidas, saiba os conteúdos e procedimentos de que contemplavam a realização diária ensino e conheça seus alunos, e o que eles das mesmas atividades, passaram a ser sabem sobre determinados conteúdos, amplamente criticadas. No entanto, por para que possa planejar atividades que os meio de uma interpretação equivocada façam evoluir em suas aprendizagens, na da teoria construtivista, passou-se a interação com o docente e com os pares em criticar tudo o que se relacionava com sala de aula. Nessas perspectivas, a orga- planejamento e organização do trabalho nização do trabalho pedagógico precisa pedagógico com a justificativa de que era envolver um conjunto de procedimentos “tradicional”, velho e ultrapassado. Tal que, intencionalmente, devem ser pla- fato fez crescer um discurso em prol da nejados para serem executados durante não sistematização do ensino e da falta certo período de tempo, tomando como de programação das atividades, com a jus- referência as práticas sociais/culturais dos tificativa de que o trabalho de sala de aula sujeitos envolvidos, suas experiências e deveria considerar apenas o que os alunos conhecimentos. traziam da sua realidade. O professor, Concordamos, portanto, com Leal (2004, nesse contexto, seria o mediador desses p.02) quando a autora defende a impor- conhecimentos na sua prática cotidiana tância do planejamento para a vida escolar, escolar e não precisaria se programar ao afirmar que, para realizar as atividades, pois estas iriam surgir na própria prática cotidiana. “[...] as rotinas escolares asse- Essa “nova” forma de pensar o trabalho guram que alguns “procedimen- pedagógico, muitas vezes vinculada, tos” básicos sejam “acordados” equivocadamente, a uma perspectiva entre professor e alunos e que construtivista de ensino, tornou a sala os mesmos já se disponibilizem de aula um lugar de improvisos constan- dentro do espaço temporal e unidade 02 19
  • 20. espacial para as tarefas peda- rotina desprovida dos encantamentos dos gógicas. As crianças aprendem, textos que estão presentes na vida cotidia- através dessas rotinas, a prever o na das pessoas e de atividades reflexivas e que fará na escola e a organizar- desafiadoras para os alunos. -se. Por outro lado, a existência Professores de diferentes partes do país, dessas rotinas possibilita ao na construção de rotinas de alfabetização, professor distribuir com maior têm mostrado que é possível desenvolver facilidade as atividades que ele e diversificar atividades, no cotidiano considera importantes para a escolar, para que os alunos possam intera- construção dos conhecimentos gir com diferentes textos ao mesmo tempo em determinado período, facili- em que eles são levados a refletir sobre o tando o planejamento diário das Sistema de Escrita Alfabética. atividades didáticas.” Desse modo, defendemos que a orga- nização e a sistematização do trabalho pedagógico é muito importante para a Planejar e organizar uma rotina voltada aprendizagem dos alunos. A construção para reflexão constante sobre a prática de uma rotina escolar que contemple os social, considerando uma boa formação diferentes eixos de ensino da língua, por dos conhecimentos específicos, siste- meio de um planejamento elaborado com matizados, selecionados das bases das base na realidade de cada aluno e escola, ciências é o que propõem os novos estudos pode favorecer a realização de atividades sobre ensinar e aprender. Como desen- que ajudem a promover a autonomia e volver práticas de alfabetização em tal a criatividade dos alunos no mundo da perspectiva e no que elas efetivamente se leitura e da escrita. A seguir, analisaremos diferenciariam das outras? Vivemos, em como algumas professoras têm organizado pleno século XXI, um momento de grande suas rotinas nessa perspectiva. defesa à volta dos “tradicionais” métodos de alfabetização, em virtude da polarização Ana Cristina, professora do 1º ano do Ensino existente entre as duas correntes já citadas Fundamental de uma escola da Secretaria de anteriormente: “a tradicional e a cons- Educação da cidade do Recife, tem buscado, trutivista”. Sabemos, no entanto, que, no há cerca de dez anos, desenvolver práticas de que se refere ao ensino da língua materna, alfabetização com ênfase tanto na leitura e alfabetizar não deve se resumir a trabalhar produção de textos, como na apropriação da o sistema de escrita de forma repetida e escrita alfabética. Para isso, considera o pla- com ênfase na memória, dentro de uma nejamento e a organização da rotina semanal 20 unidade 02
  • 21. aspectos fundamentais de sua prática, como e Matemática) e jogos relaciona- pode ser observado em seu relato: dos à área de linguagem (como os jogos distribuídos pelo MEC) e a outros conteúdos.” “O estabelecimento de rotina em sala tem oportunizado aper- feiçoar o tempo didático. O que Como podemos perceber na fala da pro- hoje acho interessante é que as fessora Ana Cristina, o estabelecimento próprias crianças se orientam de uma rotina no cotidiano da sala de aula com relação ao desenvolvimento favorece a interação dos alunos, sobretu- das atividades diárias e até mes- do com os objetos do conhecimento. De mo sugerem algum item para acordo com Meirieu (2005), ao saber o nossa rotina. Para estabeleci- que vai ser trabalhado ao longo da sema- mento de uma rotina semanal na e do dia, os alunos podem participar das atividades que serão desen- ativamente do processo pedagógico. Essa volvidas em classe, necessito ter participação ativa dos alunos possibilita o uma visão geral da turma, por envolvimento deles no processo de apren- meio da avaliação diagnóstica. dizagem por meio das atividades e projetos A partir desta diagnose inicial desenvolvidos no dia a dia da escola. tenho clareza das atividades que Na organização de sua rotina, a referida deverão ser vivenciadas pelas professora destacou a importância do de- crianças e com que regularidade senvolvimento de atividades diagnósticas posso oportunizá-las para o gru- para saber os conhecimentos que os alunos po. A continuidade dessas ativi- possuem sobre determinados conteúdos, dades dá segurança aos alunos e e falou que realiza atividades de natureza a diversidade de assuntos amplia diferenciadas, como as que possuem uma as possibilidades de aprendi- regularidade maior (atividades permanen- zagem. Para que isso aconteça, tes), as sequências didáticas, os projetos contemplo regularmente em didáticos e o trabalho com base em jogos minha rotina: as atividades distribuídos pelo MEC e nos livros didáti- permanentes, sequências didá- cos recebidos pelos alunos que, no 1º ano, ticas, projetos didáticos, uso do são da área de matemática e linguagem. livro didático (dos componentes Vejamos os exemplos que ela comenta curriculares Língua Portuguesa sobre algumas dessas atividades: unidade 02 21
  • 22. Considero as atividades perma- em sala. Outra atividade que nentes essenciais para o pro- também é vivenciada pelo gru- cesso de alfabetização, por isso po com regularidade, é o uso do realizo algumas diariamente, laboratório de informática, que, com periodicidade definida e de acordo com a organização em horários destinados exclusi- semanal da escola, cada turma vamente para elas. Desenvolvo, tem a oportunidade de utilizar. por exemplo, a leitura de livros Para a turma do primeiro ano, o de literatura diariamente em dia estabelecido é a sexta-feira, classe no início da aula. Nessa então em diversos momentos atividade, exploro o título do estou no laboratório com eles, e livro, o nome do autor, realizo realizo atividade de escrita das questões de compreensão lei- palavras trabalhadas durante a tora antes, durante e depois da semana (esta atividade não é só leitura e, em algumas situações, vivenciada no laboratório, tam- aproveito para fazer algumas re- bém utilizo na classe com letras flexões sobre o Sistema de Escri- móveis) ou até mesmo utilizo os ta Alfabética, em nível oral, ou a jogos de alfabetização que já es- exploração de palavras presentes tão instalados no computador.” nos textos lidos. Em outros mo- mentos, proponho a leitura dos Em relação às atividades permanentes, des- textos trabalhados e expostos em tacamos que no caso da leitura, por exem- sala. Esta é uma das atividades plo, Ana Cristina desenvolve atividades que as crianças gostam muito. diárias com objetivos diferentes: a leitura Quando estamos fazendo o ro- no início da aula envolve livros de literatura teiro diário, eles perguntam se é e tem o objetivo de ampliar as experiências leitura deleite (leitura dos livros de letramento dos alunos e formar o gosto de literatura feita por mim) ou a pela leitura. Já o trabalho com textos como leitura dos textos da sala (leitura poemas, cantigas, parlendas também pare- realizada pelos alunos). Esses ce ser feito diariamente e tem o objetivo de textos eles já conhecem de cor, desenvolver a fluência de leitura e explorar pois são as cantigas, parlendas, alguns princípios do nosso Sistema de Escri- poemas, textos informativos ta Alfabética, como a relação som-grafia, por trabalhados e que são expostos meio da exploração de palavras que rimam. 22 unidade 02
  • 23. Algumas dessas atividades podem se inserir texto, realizei atividades cole- em uma sequência didática, conforme se tivas e outras diferenciadas de pode observar na continuidade do relato da acordo com os conhecimentos professora: das crianças. No dia seguin- te trouxe para sala a parlenda Jacaré com Catapora, e após a “Paralelamente às atividades leitura do texto propus ativida- permanentes, também utilizo des de identificação das rimas e na rotina semanal as sequên- de comparação da parlenda com cias didáticas que organizo para o estilo literário do texto ante- atingir os objetivos didáticos rior (cantiga). Depois utilizei o relacionados às diferentes poema Jacaré, do livro Alfabe- áreas. A duração desta sequên- tário de José de Nicola e pude cia é variável de acordo com o ler e comparar com as crianças conteúdo escolhido: em algu- diferentes versões a partir de mas situações pode levar duas uma temática. Em outro mo- semanas, um mês ou mais e é mento trouxe para sala um texto praticada duas ou três vezes por informativo sobre animais em semana. No mês de maio ini- extinção, já que o texto de José ciei uma sequência a partir de de Nicola aborda sobre a explo- uma cantiga (O jacaré – Newton ração deste animal para confec- Helliton). Após a exploração do ção de bolsas e calçados.” Alfabetário Texto: José de Nicola Imagem: Daniel Kondo A obra Alfabetário traz lindos poemas, cada um com uma das letras do alfabeto, de “A” a “Z”. No último poema, intitulado “Brincadeira de roda do Carlos”, reúnem-se todas as letras, inclusive as recém-incluídas K, W e Y, e se faz uma bem-humorada paródia do poema “Quadrilha”, de Carlos Drummond de Andrade. Aprender o alfabeto com poesia é uma maneira diver- tida e eficiente de aprender! unidade 02 23
  • 24. O interessante, na prática da referida “Outra atividade que também professora, é que o trabalho no eixo da entra na minha rotina são os apropriação da escrita alfabética parece projetos didáticos que são ar- ser feito de forma contextualizada, vincu- ticulados aos objetivos didáti- lado à leitura e à produção de textos e ao cos propostos no plano anual desenvolvimento de atividades que estão para a classe, principalmente integradas aos projetos da escola, ao uso nas outras áreas de ensino (Ci- do livro didático e ao trabalho com jogos, ências, História, Geografia e como pode ser observado a seguir: Artes). Na escola em que traba- lho, anualmente vivenciamos alguns projetos didáticos. Neste ano letivo (2012) há um projeto anual cuja temática é 100 anos de Luiz Gonzaga. Relacionado a esse projeto anual, há projetos a serem desenvolvidos por tri- mestre, vinculados ao contexto da sustentabilidade (1° trimes- tre: Lixo: poluição ambiental, coleta e reciclagem/2° trimes- tre: Água: importância, consu- mo e poluição). Como os alunos do 1° ano rece- bem livros didáticos dos com- ponentes Língua Portuguesa e Matemática, não posso deixar de inseri-los em minha rotina e isso acontece semanalmente. Quando a unidade do livro não está contextualizada dentro do que estou vivenciando na se- mana, procuro contextualizá- -la na temática do livro. Por exemplo, na quinzena de maio 24 unidade 02
  • 25. na unidade do LD de matemá- Além de todas as atividades tica, o objetivo era o ensino dos explicitadas anteriormente, números ordinais, então antes que estão inseridas na minha de utilizarmos o livro, vivenciei rotina, também utilizo com com as crianças algumas ati- regularidade (dois ou três dias vidades (a música: Terezinha na semana) outro recurso que de Jesus, que fala dos números tem auxiliado no avanço da em ordem, e a exploração da aprendizagem dos alunos, que lista da chamada da classe) e são os jogos da área de lingua- em seguida utilizamos o livro. gem, como os que foram distri- Em outro momento, como o buídos pelo MEC. Estes jogos livro didático do componente proporcionam aos alunos desa- curricular Língua Portugue- fios constantes e reflexão sobre sa trata sobre a utilização da o sistema de escrita. É muito agenda, realizei um trabalho importante a utilização desses com o nome das crianças, so- jogos, já que essa faixa etária licitei que cada um trouxesse necessita de brincadeiras para para sala o número do telefone o seu desenvolvimento e so- da sua casa ou dos pais, e no dia cializar o que sabem com seus seguinte construímos coleti- colegas. Quando utilizo deter- vamente uma agenda da classe, minados jogos, inicialmente explorando o alfabeto, a partir explico as regras e jogo com as da lista dos nomes. Esta ativi- crianças em pequenos grupos. dade foi bastante interessante Em outros momentos eles es- porque a partir desta vivência colhem os jogos de acordo com eles passaram a comunicar-se o que aprenderam. Também por telefone, uns com os ou- tenho a oportunidade de agru- tros. Foi uma atividade desen- pá-los de acordo volvida em gru- com os níveis de po que trouxe o compreensão da contexto social da escrita que se en- utilização de uma contram.” Jogos livro didático agenda. unidade 02 25
  • 26. Como apontado no depoimento de Ana Cristina, uma rotina semanal deve possuir ativi- dades que acontecem todos os dias, como a leitura deleite, leitura da lista dos alunos e atividades que envolvem a apropriação do sistema de escrita. As atividades que se alter- nam e que podem ou não fazer parte de um determinado projeto ou sequência didática, estão presentes também, porém, de forma mais flexível. O quadro a seguir apresenta a rotina de trabalho de uma semana da professora Ana Cristina: segunda-feira terça-feira quarta-feira quinta-feira sexta-feira Dia 28/05 Dia 29/05 Dia 30/05 Dia 31/05 Dia 01/06 - Música: Bom dia; - Música: Bom dia; - Música: Bom dia; - Música: Bom dia; - Música: Bom dia; - Registro do - Registro do - Registro do - Registro do - Registro do tempo, uso do tempo, uso do tempo, uso do tempo, uso do tempo, uso do calendário (dia, calendário (dia, calendário (dia, calendário (dia, calendário (dia, mês, ano); mês, ano); mês, ano); mês, ano); mês, ano); - Contagem dos - Contagem dos - Contagem dos - Contagem dos - Contagem dos alunos; alunos; alunos; alunos; alunos; - Escrita da me- - Escrita da me- - Escrita da me- - Escrita da me- - Escrita da me- renda do dia (re- renda do dia (re- renda do dia (re- renda do dia (re- renda do dia (re- gistro no quadro gistro no quadro gistro no quadro gistro no quadro gistro no quadro para leitura); para leitura); para leitura); para leitura); para leitura); - Registro da rotina; - Registro da rotina; - Registro da rotina; - Registro da rotina; - Registro da rotina; Leitura deleite/ Leitura deleite/ Leitura deleite/ Roda de conversa Ficha de acom- Ficha de acom- Ficha de acom- Uso do laborató- - conversa sobre panhamento dos panhamento dos panhamento dos rio de Informá- o final de semana; livros lidos no livros lidos no livros lidos no tica: Jogos didá- mês; mês; mês; ticos, de acordo Roda de leitura: com as necessi- Projeto didático: dades do grupo Texto instrucional Leitura deleite/ sustentabilidade ou relacionada ao Roda de leitura: sobre a brincadei- Ficha de acom- e o lixo, reflexão que está sendo texto informativo ra das cadeiras, panhamento dos sobre a poluição estudado (digitar sobre a extinção explicitando as livros lidos no dos rios que palavras ditadas de animais; regras (vivência mês; prejudica o habi- pela professora); da brincadeira no tat dos animais; pátio da escola); Merenda/Recreio Merenda/Recreio Merenda/Recreio Merenda/Recreio Merenda/Recreio Cantinho da leitu- Cantinho da leitu- Cantinho da leitu- Cantinho da leitu- Cantinho da leitu- ra (livre); ra (livre); ra (livre); ra (livre); ra (livre); Construção de Roda de leitura: LD um mural, a partir LD Matemática: Texto Jacaré Português: (no- das figuras sele- Brincadeira das (João Paulo Paes), mes, brincadeiras cionadas pelos cadeiras, identi- Produção textual interpretação e letras)-cantiga alunos, destacan- ficando sucessor coletiva com re- textual, destacan- de roda: ciranda, do características e antecessor dos gistro em ficha; do a problemática cirandinha, iden- dos animais (duas numerais, conta- de animais em tificação do nome patas, quatro gem e leitura de extinção. dos colegas; patas, nenhuma imagens; pata); Atividade de Atividade de apropriação do Jogo didático: apropriação do Jogo didático: SEA: construção Bingo dos sons SEA: construção Hora do brinque- Caça-rimas (apre- de palavras, uti- iniciais (apresen- de palavras, uti- do (carrinhos, bo- sentação dos lizando alfabeto tação dos jogos, lizando alfabeto necos, bonecas, jogos, explicitan- móvel e regis- explicitando as móvel e regis- joguinhos). do as regras). tro no caderno regras). tro no caderno (dupla). (dupla). 26 unidade 02
  • 27. Podemos observar, por meio da análise do permitem aos alunos pensarem constante- quadro de rotina, planejado pela profes- mente sobre a relação som-grafia. sora para uma semana de trabalho, que Além disso, é importante destacar que diariamente ela realiza atividades perma- trabalhar sistematicamente com as unida- nentes como a leitura deleite (comentada des sonoras das palavras (como as sílabas e por ela no depoimento apresentado) e fonemas) não significa que estamos vol- uma sequência de atividades realizadas no tando ao passado, defendendo um trabalho início de cada jornada escolar, que envolve baseado em métodos silábicos ou fônicos de a contagem dos alunos, a exploração do alfabetização; pelo contrário, acreditamos calendário, a escrita da merenda do dia e que o ensino da leitura e da escrita, a alfa- o registro da agenda com as atividades do betização, não pode se resumir a trabalhar dia. Sobre essa última atividade, Gomes, o sistema de escrita de forma repetitiva e Dias e Silva (2008) comentam que o regis- memorística, dentro de uma rotina des- tro da rotina no quadro no início da aula provida dos encantamentos dos textos e de pode possibilitar tanto a vivência dos usos situações de uso efetivo da língua. Ao mesmo e funções do gênero textual agenda, como tempo, não acreditamos que “ensinar textos o estudo das palavras que são escritas às crianças”, sem atenção à reflexão sobre o diariamente, com destaque, por exemplo, funcionamento da escrita, seja o caminho. para a existência de diferentes estruturas Concordamos, sim, como vimos na prática silábicas, que corresponde a um dos prin- da professora Ana Cristina, que podemos cípios do sistema de escrita que precisa ser desenvolver e diversificar atividades, no compreendido pelos alunos. cotidiano escolar, para que os alunos possam O que é importante destacar aqui, em interagir com diferentes textos ao mesmo relação ao trabalho específico com a alfabe- tempo em que eles aprendem de forma re- tização, na rotina da professora, é que ele flexiva sobre o Sistema de Escrita Alfabética. é realizado de forma sistemática, ou seja, Desse modo, queremos ressaltar que a todos os dias os alunos são levados a refletir sobre as unidades menores das palavras por organização de uma rotina que privilegia a meio de atividades que envolvem a leitura sistematização do trabalho da alfabetização de poemas ou outros gêneros textuais. A de modo a contemplar os diferentes eixos de professora explora as rimas presentes nos ensino da língua, por meio de um planeja- textos lidos, os sons iniciais de algumas mento construído com base na realidade de palavras e trabalha com escrita de palavras. cada aluno e escola, pode favorecer a cons- Essas atividades são muito importantes trução e a realização de atividades que aju- para a apropriação do Sistema de Escrita dam a promover a autonomia e a criatividade Alfabética e, se realizadas com frequência, dos alunos no mundo da leitura e escrita. unidade 02 27
  • 28. Referências ALBUQUERQUE Eliana.; MORAIS, ARTUR,.; FERREIRA, ANDREA. As práticas cotidianas de alfabetização: o que fazem as professoras? Revista. Brasileira de Educação. 2008. LEAL, Telma. Planejar é preciso. Texto distribuído em encontro de formação de professores na Secretaria de Educação de Olinda, 2004. GOMES, Maria de Fátima, DIAS, Maira Tomayno de Melo e SILVA, Luciana. O registro da rotina do dia e a construção de oportunidades de aprendizagem da escrita. In: CASTANHEIRA, Maria Lúcia; MACIEL, Francisca MARTINS, Raquel (orgs.) Alfabetização e letramento na sala de aula. Belo Horizonte: Autêntica, Ceale, 2008. MEIRIEU, Philippe. O cotidiano da escola e da sala de aula: o fazer e o compreender. Porto Alegre: Artmed, 2005. SILVA, Ceris S. Ribas. O planejamento das práticas escolares de alfabetização e letramento. In: CASTANHEIRA, Maria Lúcia; MACIEL, Francisca MARTINS, Raquel (orgs.) Alfabetização e letramento na sala de aula. Belo Horizonte: Autêntica, Ceale, 2008. 28 unidade 02
  • 29. Compartilhando Direitos de aprendizagem em História no ciclo de alfabetização O direito à Educação é garantido a todos os brasileiros e, segundo prevê a Lei 9.394, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, a Educação Básica “tem por fina- A Resolução nº 7, de 14 de dezembro de lidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para 2010, do Conse- o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos lho Nacional de Educação, que fixa posteriores” (Art. 22). Diretrizes Curricula- res Nacionais para o Ensino Fundamental Desse modo, a escola é obrigatória para as crianças e tem papel relevante em sua for- de 9 (nove) anos, mação para agir na sociedade, para participar ativamente das diferentes esferas sociais. pode ser lida no caderno do ano 1, Dentre outros direitos, a compreensão do ambiente natural e social é necessária, tal Unidade 8. como previsto no artigo 32: Artigo 32 O ensino fundamental obrigatório, com social, do sistema político, da tecnologia, duração de 09 (nove) anos, gratuito na das artes e dos valores em que se escola pública, iniciando-se aos 06 (seis) fundamenta a sociedade; anos de idade, terá por objetivo a formação III - o desenvolvimento da capacidade de básica do cidadão, mediante: aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a I - o desenvolvimento da capacidade de formação de atitudes e valores; aprender, tendo como meios básicos o IV - o fortalecimento dos vínculos de pleno domínio da leitura, da escrita e do família, dos laços de solidariedade humana cálculo; e de tolerância recíproca em que se assenta II - a compreensão do ambiente natural e a vida social.
  • 30. Assim, o ensino de História, segundo o tre- nos anos iniciais, cujas definições também cho da Lei, deve ser garantido, como meio oferecemos ao debate. São as seguintes: para que se possa asseverar a compreensão Fatos históricos: práticas ou eventos do ambiente social, do sistema político ocorridos no passado, que causaram impli- e dos valores em que se fundamenta a cações na vida das sociedades, dos grupos sociedade. de convívio (familiares, étnico-culturais, Para atender às exigências previstas nas profissionais, escolares, de vizinhança, re- Diretrizes, torna-se necessário delimitar ligiosos, recreativos, artísticos, esportivos, os diferentes conhecimentos e as habi- políticos etc.) ou dos sujeitos históricos. lidades básicas que estão subjacentes Sujeitos históricos: indivíduos ou aos direitos gerais em cada componente grupos de convívio que, ao longo do tempo, curricular. Nos quadros a seguir, alguns promovem e realizam (individual ou cole- direitos de aprendizagem estão descritos e tivamente) as ações sociais produtoras de podem ser postos como pontos de partida fatos históricos. para o estabelecimento do debate acerca do ensino de História nos anos iniciais do Tempo: maneira como os indivíduos, os Ensino Fundamental. grupos de convívio e as sociedades sequen- ciam e ordenam as experiências diaria- São descritos direitos de aprendizagem mente vivenciadas por seus membros, com gerais, que permeiam toda a ação pe- base nas quais organizam suas memórias e dagógica e, depois, expostos em quatro projetam suas ações, tanto de forma indivi- quadros, direitos específicos relacionados dual quanto coletiva. aos conceitos fundamentais da disciplina 30 unidade 02
  • 31. Direitos gerais de aprendizagem: História Ano 1 Ano 2 Ano 3 Identificar-se, a si, e as demais pessoas como membros de vários grupos de convívio (familiares, étnico-culturais, profissionais, escolares, de vizinhança, religiosos, recreativos, artísticos, I/A I/A/C I/A/C esportivos, políticos etc). Distinguir as práticas sociais, políticas, econômicas e culturais específicas dos seus grupos de convívio e dos demais grupos de I/A I/A/C I/A/C convívio locais, regionais e nacionais, na atualidade. Identificar as práticas sociais, políticas, econômicas e culturais de grupos de convívio locais, regionais e nacionais, existentes no I/A I/A I/A/C passado. Formular e expressar (oralmente, graficamente e por escrito) uma reflexão a respeito das permanências e das mudanças ocorridas nos vários aspectos da vida em sociedade, ao longo do tempo e I I/A/C I/A/C em diferentes lugares. Identificar e utilizar os diferentes marcadores de tempo elaborados e/ou utilizados pelas sociedades em diferentes tem- I/A I/A/C I/A/C pos e lugares. Identificar e utilizar os diferentes instrumentos (individuais e coletivos) destinados à organização do tempo na nossa sociedade, no tempo presente: calendários, folhinhas, relógios, agendas, I/A I/A/C A/C quadros de horários (horário comum e comercial, horários escolares), dentre outros. Identificar, na vida cotidiana, as noções de anterioridade, simultaneidade e posterioridade. I/A I/A/C I/A/C Distinguir e ordenar temporalmente os fatos históricos locais, regionais e nacionais. I I/A/C I/A/C Articular e estabelecer correlações entre os fatos históricos (lo- cais, regionais e nacionais) e a vida vivida no tempo presente. I I/A/C I/A/C Identificar e comparar os diferentes tipos de registros documentais utilizados para a construção, descrição ou rememoração dos fatos históricos: textos manuscritos e impressos, imagens estáticas ou em movimento, mapas, registros I/A I/A/C I/A/C orais, monumentos históricos, obras de arte, registros familiares, objetos materiais, dentre outros. Vivenciar os eventos rememorativos (locais, regionais e/ou nacio- nais), identificar os fatos históricos aos quais se referem. I/A A/C A/C Formular e expressar (oralmente e por escrito) uma reflexão a respeito da importância destes eventos para os diferentes grupos I/A I/A/C I/A/C de convívio da atualidade. I - Introduzir; A - Aprofundar; C - Consolidar. unidade 02 31
  • 32. Sujeitos históricos Ano 1 Ano 2 Ano 3 Diferenciar as práticas sociais relacionadas ao âmbito da I I/A I/A economia, da política e da cultura. Identificar e expressar (oralmente, graficamente e por escrito) as características (individuais e coletivas) comuns e particulares aos membros dos grupos de convívio dos quais participa (familiares, étnico-culturais, profissionais, escolares, de vizinhança, religiosos, I/A/C I/A/C I/A/C recreativos, artísticos, esportivos, políticos, dentre outros), atualmente e no passado. Dialogar e formular reflexões a respeito das semelhanças e das diferenças identificadas entre os membros dos grupos de convívio dos quais participa (familiares, étnico-culturais, profissionais, I/A I/A I/A/C escolares, de vizinhança, religiosos, recreativos, artísticos, esportivos, políticos, dentre outros), atualmente e no passado. Identificar e expressar (oralmente, graficamente e por escrito) as características (individuais e coletivas) comuns e particulares aos membros de outros grupos de convívio, locais e regionais, I/A I/A/C I/A/C atualmente e no passado. Dialogar e formular uma reflexão a respeito das semelhanças e das diferenças identificadas entre os membros de outros grupos de convívio (familiares, étnico-culturais, profissionais, escolares, de vizinhança, religiosos, recreativos, artísticos, esportivos, I/A I/A I/A/C políticos, dentre outros), locais e regionais, atualmente e no passado. Identificar os diferentes tipos de trabalhos e de trabalhadores responsáveis pelo sustento dos grupos de convívio dos quais I/A I/A/C I/A/C participa, atualmente e no passado. Identificar os diferentes tipos de trabalhos e de trabalhadores responsáveis pelo sustento de outros grupos de convívio (locais e I/A I/A/C I/A/C regionais), atualmente e no passado. Identificar as diferentes instituições existentes na localidade, na atualidade e no passado. Formular e expressar (oralmente, graficamente e por escrito) uma reflexão a respeito das semelhanças e diferenças identificadas entre as maneiras de trabalhar e/ou entre as práticas dos I/A I/A/C I/A/C trabalhadores, ao longo do tempo e em diferentes lugares. Formular e expressar (oralmente, graficamente e por escrito) uma reflexão a respeito das mudanças e das permanências identificadas nas maneiras de trabalhar e/ou nas práticas dos I/A I/A I/A/C trabalhadores, ao longo do tempo e em diferentes lugares. 32 unidade 02
  • 33. Comparar as condições de existência (alimentação, moradia, proteção familiar, saúde, lazer, vestuário, educação e participação política) dos membros dos grupos de convívio dos quais participa I/A/C I/A/C I/A/C atualmente. Comparar as condições de existência (alimentação, moradia, proteção familiar, saúde, lazer, vestuário, educação e participação política) dos membros dos grupos de convívio existentes, local e I/A I/A I/A/C regionalmente, no passado. Selecionar e utilizar registros pessoais e familiares (documentos, músicas, fotos, recibos, listas de compras, receitas de todo tipo, contas domésticas, trabalhos escolares antigos, álbuns feitos ou preenchidos domesticamente, cartas, brinquedos usados, I/A I/A I/A/C boletins escolares, livrinhos usados, dentre outros) para formular e expressar (oralmente, graficamente e por escrito) uma sequência narrativa a respeito da sua própria história. Identificar as vivências comuns aos membros dos grupos de convívio locais, na atualidade e no passado. I/A I/A/C I/A/C Identificar as vivências específicas dos grupos de convívio locais e regionais, na atualidade e no passado. I/A I/A/C I/A/C Articular as vivências dos grupos de convívio locais e regionais atuais, às dos grupos de convívio locais e regionais, do passado. I I/A I/A/C unidade 02 33
  • 34. Tempo histórico Ano 1 Ano 2 Ano 3 Situar-se com relação ao “ontem” (ao que passou), com relação ao “hoje” (ao que está ocorrendo) e com relação ao “amanhã” (a I/A A/C C expectativa do porvir). Diferenciar ações ou eventos cotidianos ocorridos sequencialmente, antes e depois de outros. I/A A/C C Diferenciar ações ou eventos cotidianos ocorridos ao mesmo tempo do que outros. I/A I/A/C A/C Identificar as fases etárias da vida humana e as práticas culturalmente associadas a cada uma delas, na atualidade e no I/A A/C A/C passado (com ênfase na infância). Comparar e calcular o tempo de duração (objetivo e subjetivo) das diferentes práticas sociais (individuais e coletivas), realizadas I I/A I/A cotidianamente. Utilizar diferentes instrumentos destinados à organização e contagem do tempo das pessoas, dos grupos de convívio e das instituições, na atualidade: calendários, folhinhas, relógios, agendas, quadros de horários (horário comercial, horários I I/A I/A/C escolares, horário hospitalar, horários religiosos, horários dos meios de comunicação, dentre outros). Identificar instrumentos e marcadores de tempo elaborados e/ou utilizados por sociedades ou grupos de convívio locais e I I/A I/A regionais, que existiram no passado. Ordenar (sincrônica e diacronicamente) os fatos históricos de ordem pessoal e familiar. I I/A I/A/C Ordenar (sincrônica e diacronicamente) os fatos históricos relacionados aos grupos de convívio dos quais participa. I I/A I/A/C Ordenar (sincrônica e diacronicamente) os fatos históricos de alcance regional e nacional. I I/A I/A Identificar e comparar a duração dos fatos históricos vivenciados familiarmente, localmente, regionalmente e nacionalmente. I I/A I/A 34 unidade 02
  • 35. Fatos históricos Ano 1 Ano 2 Ano 3 Identificar dados governamentais sobre a história da localidade (rua, bairro e/ou município): origem do nome, data de criação, localização geográfica e extensão territorial, produção econômica, I I/A I/A/C população etc. Identificar e diferenciar os patrimônios culturais (materiais e imateriais) da localidade (rua, bairro, município e estado). I I/A I/A/C Identificar os fatos históricos ou as práticas sociais que dão significado aos patrimônios culturais identificados na localidade. I/A I/A/C I/A/C Identificar os grupos de convívio e as instituições relacionadas à criação, utilização e manutenção dos patrimônios culturais da I I/A I/A/C localidade. Comparar as memórias dos grupos de convívio locais a respeito das histórias da localidade (rua, bairro ou município), com os I I/A I/A/C dados históricos oficiais (ou governamentais). Comparar as memórias dos grupos de convívio locais a respeito dos patrimônios culturais da localidade, com as memórias I I I/A veiculadas pelos dados oficiais (ou governamentais). Identificar as aproximações e os afastamentos entre as memórias compartilhadas por membros de diferentes grupos de convívio I I I/A sobre a história local. Identificar as práticas econômicas e de organização do trabalho, ocorridas na localidade no passado e compará-las às práticas I I/A I/A/C econômicas atuais (na localidade). Identificar aspectos da organização política da localidade no passado e compará-los com os principais aspectos da organização I I/A I/A/C política atual (na localidade). Identificar aspectos da produção artística e cultural da localidade no passado e no presente. I/A I/A I/A/C Mapear a localização espacial dos grupos de convívio atuais na localidade. I I/A I/A/C Articular as formas de organização do espaço e as práticas sociais dos grupos de convívio atuais e do passado, com sua situação de I I/A I/A/C vida e trabalho. Identificar as formas de organização do espaço e as práticas sociais dos grupos de convívio que existiram na localidade, no I I/A I/A/C passado. unidade 02 35
  • 36. Materiais didáticos no ciclo de alfabetização. Telma Ferraz Leal Juliana de Melo Lima Como foi discutido anteriormente, o recursos a serem utilizados. Leal e Rodri- planejamento do ensino é uma das res- gues (2011, p. 96-97), ao discutirem sobre ponsabilidades do professor, mas é mais o uso de recursos didáticos alertam que, que uma obrigação, é uma maneira de garantir a sua autonomia como profis- “No bojo da ação de planejar, sional. Segundo Freire (1996, p. 43), a como já dissemos, está a ação de prática não planejada “produz um saber selecionar os recursos didáti- ingênuo, um saber de experiência [...] cos adequados ao que queremos (na qual) falta rigorosidade metódica que ensinar. Igualmente, é preciso caracteriza a curiosidade epistemológica refletir para escolher tais re- do sujeito” (1996, p. 43). É na ausência de cursos. De igual modo, é neces- um planejamento realizado pelo próprio sário ter clareza sobre as finali- docente que são impostos modos de agir dades do ensino, as finalidades padronizados e não reflexivos, que muitas da escola e atentar que, nessa vezes são contrários às concepções dos instituição, além dos conceitos próprios professores. O planejamento, na e teorias, estamos influencian- realidade, é uma ação autoformativa, que do a construção de identidades, propicia a articulação entre o que sabe- de subjetividades. Assim, na mos, o que fizemos e o que vamos fazer. escolha dos recursos didáticos, Segundo Gómez (1995, p. 10), ao planejar- tais questões precisam ser con- mos, aprendemos a “construir e comparar sideradas.” novas estratégias de ação, novas fórmulas de pesquisa, novas teorias e categorias de compreensão, novos modos de enfrentar e Ao situarmos nosso debate nos direitos de definir problemas”. aprendizagem e nos princípios didáticos discutidos, consideramos que alguns tipos Uma das tarefas do professor quando de recursos didáticos são essenciais no planeja sua ação didática é escolher os ciclo de alfabetização: 36 unidade 02