Slides da palestra realizada pela Profa. Regina Celia Baptista Belluzzo, para o XXV Congresso Brasileiro de Biblioteconomia, Documentação e Ciência da Informação.
Competências: um novo design e perspectivas na contemporaneidade
1. Competências: um novo design e
perspectivas na contemporaneidade
Regina Celia Baptista Belluzzo
rbelluzzo@gmail.com
UNESP
2. Agenda
Mundo fluído e complexo...
Conhecimento, identidade e mercado de trabalho...
A competência: abordagens...
Competência profissional: um novo conceito
E para os bibliotecários/profissionais da informação?
(Re) Pensando o bibliotecário na sociedade contemporânea
Competências-chave do bibliotecário: categorias aplicáveis
Novo design: capacidades de contextualizar, globalizar e pensar
criticamente
Algumas considerações...
3. Ummundo fluídoe complexo?
• A consciência de que estamos vivendo
mudanças profundas que ainda não
somos capazes de compreender
adequadamente é cada vez maior.
• Para muitos intelectuais e atores
sociais, não estamos simplesmente
vivendo uma época de mudanças
significativas e aceleradas, e sim uma
mudança de época.
• Essa realidade provoca perplexidade e
suscita uma ampla produção científica
e cultural, assim como um intenso e
acalorado debate.
• Muitas são as “leituras” da crise global
de paradigma que estamos
atravessando...
4. Comoexplicar?
• As transformações sociais são
impulsionadas, em grande parte, pelas TIC e isso
está criando os novos modos de vida, as formas
de pensar, a economia, a cultura, a educação.
• A nova cultura da virtualidade real muda tanto
os processos de criação quanto os processos de
aquisição cultural.
• As antigas formas de ensinar-aprender, os
relacionamentos humanos, assim como os
processos de socialização tomam novos
contornos diante das mudanças provocadas
pelas novas tecnologias da informação.
• Surgem novos comportamentos, novos valores e
novas visões de mundo.
(CASTELLS,2002).
5. Algumas concepções...
• Lévy (1999) centra–se na problemática da cognição e da
cultura, investigando as novas formas de conhecer, aprender e
interagir em um novo espaço do saber e denomina esse
momento de Revolução Virtual.
• Cebrián (1999) exibe um panorama sintético da nova
realidade e das contradições geradas pelas transformações
destaca os vários efeitos decorrentes do que denomina como
Revolução Digital.
• Castells (2002) - prioriza o impacto das tecnologias na
estrutura social, no sistema produtivo, na cultura e, entre
outras coisas, no processo de formação dos novos
trabalhadores no cenário mundial que denomina como
Revolução das Tecnologias da Informação.
6. Categorias sociaisem mudança...
• Lévy, Cebrián e Castells identificam as categorias sociais
em mudança:
• O conhecimento, a identidade e o mercado de
trabalho, envolvendo processos de transformação social
relacionados aos modos de ser, pensar, agir e sentir das
pessoas.
7. Conhecimentoe identidade...
• Conhecimento e informação são as principais fontes de
produtividade e competitividade na atual economia
requerendo capacidade de gerar, processar e aplicar
eficientemente a informação baseada em conhecimento.
• Identidade refere-se à construção de significados a partir
de referências sociais, constituindo a base que permite
às pessoas atribuírem sentido a seus
sentimentos, lidarem com seus conflitos e crises e
planejarem suas ações.
8. Mercadode trabalho
• A introdução das TIC nos ambientes funcionais está eliminando
alguns postos de trabalho, criando outros e transformando a
maioria das ocupações.
• A reestruturação em rede das empresas e
organizações, possibilitada pelas TIC e estimulada pela
concorrência global, faz com que a força de trabalho ganhe
mobilidade.
• Os velhos padrões estão desaparecendo e os novos ainda não são
estáveis o suficiente, evidenciando um momento de crise no
mercado de trabalho atingindo a quase todas as áreas profissionais
que sofrem os impactos dessas transformações.
O mercado de trabalho apresenta-se, portanto, instável e em
mutação, requerendo competência.
9. A competência:algumas abordagens...
• Comportamental (EUA) Década 50– conceitos de
motivação, interação com o ambiente e características de
personalidade.
• Funcionalista (Inglaterra) Década 70 –
personalidade, conhecimentos, habilidades e atitudes.
• Construtivista (França) Década 80 – mobilização e articulação de
pessoas, recursos, capacidades, além da interação e significado do
trabalho.
Anos 90 - 2000 - O conceito de competência
deve utilizar um novo olhar, analisando todo
o contexto que a envolve, inclusive, questões
éticas e sociais em contraponto à análise
que tem sido feita com abordagens
comportamentais padronizadas –
habilidades, desempenho, etc. –, que não
levam em conta o processo de aprendizagem
e o desenvolvimento de conhecimento
(RUTH, 2006).
10. Mercadoe profissões
• A competência profissional e sua
gestão assumem valor
diferenciado, reconhecido e
legitimado no mercado de
trabalho.
• O conceito de competência
profissional está em construção...
• Capacidade da pessoa de assumir
iniciativas, estar além do
esperado, compreender e
dominar situações em constantes
mudanças, ser responsável e
reconhecido por outros.
11. Competênciaprofissional
• O desenvolvimento da
competência profissional é um
processo contínuo.
• Requer articulação com a
formação e desenvolvimento de
comportamentos, habilidades e
atitudes, além de outros fatores
– motivação, personalidade e
feedback.
• A pessoa é responsável pela sua
construção e consolidação em
interação com outras pessoas no
ambiente de trabalho, familiar ou
nos grupos sociais.
12. Novoconceitode competênciaprofissional
Resultado de diferentes abordagens, envolve
dimensões inter-relacionadas:
• Cognitivas – conhecimentos teóricos e
conceituais básicos, conhecimento tácito e
informal, adquirido por meio de experiências.
• Funcionais – habilidades requeridas para uma
determinada ocupação sendo passíveis de
demonstração pelas pessoas.
• Comportamentais – características pessoais que
levem a um desempenho superior em
determinadas situações.
• Éticas e de valores – valores pessoais e
profissionais e a habilidade de sua inter-relação
às situações de trabalho.
• Metacompetências e transcompetências –
dominam e são capazes de influenciar de as
outras dimensões.
13. E para os bibliotecários/profissionaisda
informação?
• As mudanças que estão ocorrendo em
relação às TIC e os seus reflexos nos
hábitos e padrões de leitura e acesso à
informação, permitem indagar sobre o
futuro das bibliotecas e dos seus
profissionais.
• O que significa para nós a “emergência de
um mundo onde uma parte importante da
informação será registada ou estará
disponível de uma forma bastante mais
fluída, dinâmica e transitória e onde as
pessoas procurarão sobretudo os
“átomos” de informação que necessitem a
cada momento?”
(RODRIGUES, 1997)
14. “Velhose novossaberese competências”...
• As competências tradicionais dos bibliotecários continuam a
ser úteis no ambiente digital, porém, serão cada vez mais
insuficientes para um exercício profissional que se caracteriza
pela diversificação e a mudança.
• É a combinação dos “velhos” e dos “novos” saberes e de
competências que permite olhar o futuro com otimismo, que
pode diferenciar o bibliotecário de outros profissionais no
mercado da informação, que pode criar novas
oportunidades, se souber alargar os horizontes da sua
profissão para além das quatro paredes das instituições onde
atuam.
• É preciso ter a qualidade de ser técnico e humano – a
metacompetência (FONTES, 2012).
• Além disso, atualmente é preciso ir além e alcançar a
transcompetência na atuação profissional.
15. Metacompetênciae transcompetência
• A metacompetência é aquela que ajuda o desenvolvimento
de outras competências.
• Transcompetência, mescla-se às demais, permeando todo o
conjunto de competências (CHEETAM; CHIVERS, 1996,1998).
Compreendem:
Comunicação, criatividade, resolução de
problemas, aprendizagem/autodesenvolvimento,
agilidade mental e reflexão.
16. Metacompetênciae transcompetência
• Possuem relevância devido a presença de aspectos relativos à
criatividade ou capacidade inventiva, em especial.
• Ao adotar como premissa que o profissional deve estar mais
voltado para a mudança do que para a reprodução torna-se
relevante fazer com que os conteúdos e métodos de sua formação
induzam um olhar que se volte para o desenvolvimento das
capacidades de criatividade e de mudanças sociais em curso .
• Inserem-se na natureza da prática profissional, na natureza das
profissões, na competência profissional, em como pessoas
reconhecem competências profissionais em outras e em como
pessoas adquirem sua competência profissional.
17. Metacompetências e transcompetências na profissão
do bibliotecário
Cognitiva Funcional
Comportamental
/pessoal
Ética Política
COMPETÊNCIAS
Competência Profissional
Resultados
Reflexão
Personalidade
Super Meta
Motivação
Fonte: Adaptado de CHEETHAM; CHIVERS (1996,1998).
UM
NOVO
OLHAR
PARA O
BIBLIO-
TECÁRIO
18. Concepçãoatual do bibliotecário
• A realidade atual exige dos bibliotecários
melhor desempenho e mais eficiência e
preparo para responder às novas exigências da
sociedade do conhecimento.
• Há exigência de mais habilidades
multidisciplinares como qualidade, dinamismo
e criatividade, tudo isso vinculado ao
progresso tecnológico que vem agregando
novos valores às atividades do profissional.
• Deve reformular seu perfil profissional
tornando-se especializado, sociável e
preocupado com as necessidades de
informação de seus usuários, bem como de
toda a sociedade.
(FONSECA; SOUSA; SANTANA, 2010, p. 3)
19. (Re)Pensandoo bibliotecáriona sociedade
contemporânea...
Inserido em um “mundo fluído”
• Onde produtos, serviços e informações se combinam e geram modos de
projetar, produzir e consumir/usar inovações, decorrentes da articulação
de multidiversidade cultural e multiplicidade de atores.
• É mediador que atua em rede, assumindo o papel de provedor do
processo de acesso e uso da informação para construir conhecimento
aplicável à realidade social.
Inserido em um “mundo complexo”
• A transição para serviços e a necessidade de mudança de paradigma
quanto aos projetos de gestão da informação, implica em modelos de
ação colaborativos, contínuos e abertos, que incluam o cliente/usuário.
• As novas alianças e novas conexões trazem a necessidade de
desenvolver visão periférica e cultivar o hábito de estar atento e
observar pessoas, lugares, organizações, projetos e ideias em busca de
novas parcerias e oportunidades.
20. Competências-chave do bibliotecário:
categoriasaplicáveis...
• Competências que vão além de um âmbito
profissional específico, relacionadas à
interatividade, à habilidade de escuta e de
ação em diferentes contextos, à gestão da
informação e do conhecimento, ao
desenvolvimento coletivo, à análise
sistêmica, dentre outras.
• Categorias das competências-
chave
• Usar ferramentas para interagir com o
ambiente e resolver problemas.
• Interagir com grupos heterogêneos.
• Agir de forma autônoma, situando-se em
um contexto social mais amplo.
(OECD, 2004, p.9).
21. Categoriase suas relações...
• Uso de Ferramentas - estar atualizado com
as TIC, conduzir um diálogo ativo com o
mundo, de forma interativa: da
linguagem, dos símbolos e textos; da
informação e do conhecimento e da
tecnologia.
• Interação com grupos heterogêneos - lidar
com a diversidade e a
multiculturalidade, estabelecer cooperação e
trabalhar em equipe e em rede, além de
adotar novas condutas de gestão e de
resolução de problemas.
• Autonomia na ação - perceber sua própria
identidade e estabelecer objetivos em um
mundo complexo, entender outros
contextos, compreender a ação de forma
sistêmica, desenvolver planos e projetos
pessoais e reconhecer a defesa de seus
direitos, interesses, limites e necessidades.
22. Novodesign:capacidadesdecontextualizareglobalizare
pensarcriticamente...
• Favorecer os recursos e potencialidades, atendendo necessidades
de clientes/usuários situados em contextos específicos e promover
a integração das comunidades e das diversidades, incorporando os
benefícios dos avanços tecnológicos e ativando diálogos e redes
locais e globais.
• Atuar na perspectiva da relação de conflito entre o que há de
comum e de diferente, entre a diferença e o universal é grande
desafio na sociedade contemporânea.
COMPREENDE
OBSERVA DEFINE PONTO
DE VISTA
CRIA INCORPORA
CONHECIMENTO
AVALIA
Pensar criticamente
23. Algumas considerações...
• O uso de recursos para interagir com o ambiente e resolver
problemas constituem, em si mesmos, alguns dos principais focos
de atuação do bibliotecário.
• A habilidade para interagir com grupos heterogêneos é essencial
na mediação e na integração de diversos universos e para a
compreensão de contextos culturais de natureza vária no design e
implementação de produtos e serviços, na inovação colaborativa e
compartilhamento.
• A autonomia é fundamental para a atuação do bibliotecário em
nível sistêmico, valorizando a própria identidade e da cultura da
sociedade.
O desenvolvimento das competências, metacompetências e
transcompetências é fator crítico para sustentar suas ações na
contemporaneidade, ampliando o seu espaço de atuação e criando
novas oportunidades no cenário social .
24. Referências
CASTELLS, M. O poder da identidade: a era da informação 3 . São Paulo:
Paz e Terra, 2002.
CEBRIÁN, J. L. A rede: como nossas vidas serão transformadas pelos
novos meios de comunicação. São Paulo: Summus Editorial, (1999).
LÉVY, P. A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço.
São Paulo: Loyola, 2000.
ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT –
OECD. The definition and selection of key competencies. Executive
Summary, 2004.
RODRIGUES, E. Bibliotecas: os átomos e os bits. 1997. Disponível em:
http://www.bib.eng.uminho.pt/pessoal/eloy/bibatbit.htm Acesso em
20 maio 2013.
RUTH, D. Frameworks of managerial competence: limits, problems and
suggestions. Journal of European Industrial Training, v. 30, n. 3, p. 206-
226,2006. Disponível em: www.emeraldinsight.com/0309-0590.htm.
Acesso em: 18 fev. 2013.