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A Realização das Profecias de Dom Bosco
2003/2063 – OS ANOS DECISIVOS



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JOÃO GILBERTO PARENTI COUTO

A Realização
das Profecias
de Dom Bosco
2003/2063 – os anos decisivos



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Copyright © 2009 by João Gilberto Parenti Couto
Todos os direitos reservados
email: jgparenti@hotmail.com
Formatação
Elizabeth Miranda
Revisão:
Ana Emília de Carvalho
capa:
Túlio Oliveira
Proibida a reprodução total ou parcial.
Os infratores serão processados na forma da lei.
Couto, João Gilberto Parenti.
C 871r

A Realização das Profecias de Dom Bosco 2003 /
2063: os anos decisivos / João Gilberto Parenti Couto.
– Belo Horizonte: Mazza Edições, 2009.
104 p. ; 21cm.
ISBN: 978-85-7160-469-8
Ensaios brasileiros. I. Título.
CDD: B869.43
CDU: 821.134.3(81)-4

Mazza Edições Ltda.
Rua Bragança, 101 – Bairro Pompéia – Telefax: (31) 3481-0591
30280-410 Belo Horizonte – MG
e-mail: edmazza@uai.com.br
www.mazzaedicoes.com.br


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Sumário
Prefácio............................................................................................7
O BRASIL DAS PROFECIAS
A Nova Canaã..................................................................................9
Caraíbas – Os Profetas Primitivos..................................................9
São Brandão – O Profeta do “Achamento”..................................10
Os Portugueses – Os Descobridores do Paraíso..........................11
A Aliança Renovada......................................................................12
AS PROFECIAS DE DOM BOSCO
Introdução.....................................................................................15
Um Sonho de Dom Bosco............................................................16
Dom Bosco Sonhou Brasília?.......................................................19
Outras Profecias Sobre Brasília....................................................24
A Realização das Profecias............................................................25
2003/2063 – OS ANOS DECISIVOS
A Geração Excluída (1823/1883)..................................................28
A Primeira Geração (1883/1943)..................................................28
A Segunda Geração (1943/2003)..................................................29
A Terceira Geração (2003/2063)...................................................29
A FERROVIA TRANSCONTINENTAL DOM BOSCO
O Eixo Central...............................................................................35
A Via Leste.....................................................................................37
A Variante “A”................................................................................38
A Variante “B”...............................................................................38
EDUCAÇÃO: O CALCANHAR-DE-AQUILES DA
SOCIEDADE BRASILEIRA
Introdução.....................................................................................40


A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind5 5

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As Causas do Fracasso da Escola Públicano Brasil....................43
Uma Disputa de Poder e Prestígio...............................................45
O Poder da Igreja no Brasil...........................................................50
Os Sabotadores da Escola Pública...............................................52
O Combate à Escola Pública na República Velha.......................57
A Criação da Rede Particular de Ensino.....................................60
O Advento da Revolução de 30....................................................62
A Escola Pública de Tempo Integral............................................64
Um Projeto Nacional.....................................................................65
Carta ao Ministro Mangabeira Unger..........................................65
Cartas aos Políticos e Governantes...............................................71
Conclusão......................................................................................81
Posfácio..........................................................................................88
Os Novos Tempos......................................................................96
A Síndrome do Sapo Fervido..................................................98
Bibliografia..................................................................................100
O Autor.........................................................................................101



A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind6 6

17/02/2009 10:16:29
PREFÁCIO
As profecias de Dom Bosco são interpretadas nesta obra
à luz de nossa história, revelando que os anos de 2003/2063
serão decisivos para o Brasil e a América do Sul, quando este
continente se transformará numa terra prometida onde mana
leite e mel. Esse presságio alvissareiro é confirmado por outras
profecias sobre a Terra Brasilis, assunto abordado no primeiro
capítulo, O Brasil das Profecias.
No capítulo seguinte, As profecias de Dom Bosco, o sonho
visionário desse santo é analisado com base nos dados disponíveis
em publicações diversas, principalmente no trabalho do Padre
José de Vasconcellos, O Centenário de um sonho, publicado no
Boletim Salesiano, em 1983.
No terceiro capítulo, 2003/2063 – Os Anos Decisivos, as
profecias de Dom Bosco são decodificadas, revelando os segredos
confiados a esse santo por um emissário divino que o guiou em
seu sonho premonitório. Essa interpretação foi divulgada pela
primeira vez em 2006 em um livro de minha autoria, intitulado
A Ferrovia de Dom Bosco, publicado pela Mazza Edições, de Belo
Horizonte, MG (primeira edição).
No quarto capítulo, A Ferrovia Transcontinental Dom Bosco,
são feitas algumas considerações sobre possíveis traçados dessa
ferrovia e as implicações econômicas, sociais e estratégicas para
o Brasil e para a América do Sul.
No quinto e último capítulo, Educação – O Calcanhar-deAquiles da sociedade brasileira, o assunto tratado é a educação,
objeto da vida e obra de Dom Bosco. Esta abordagem é mais
do que uma homenagem a este educador. É um alerta para os


A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind7 7

17/02/2009 10:16:29
professores e professoras, que devem refletir sobre essa questão
e analisar o porquê do fracasso da escola pública em nosso País.
Neste particular, a Igreja Católica Apostólica Romana precisa
fazer um mea-culpa e procurar corrigir erros do passado, em
que pese a contribuição das congregações religiosas como os
Salesianos de Dom Bosco. Igual procedimento deve ser adotado
pela elite brasileira, que também precisa refletir sobre sua
responsabilidade nesse assunto.
Quanto aos políticos e governantes da atualidade, o
melhor que podem fazer para a educação é trabalharem pela
implantação da Escola Pública de Tempo Integral, tornando-a
obrigatória e universal para todos os níveis de ensino, isto é,
da Pré-Escola ao término do Ensino Médio, e universalizando,
também, as creches comunitárias. Com essas medidas, o Brasil
deixará a situação vergonhosa em que se encontra, como mostra
um estudo da Unesco (Jornal Folha de São Paulo, 25/11/2008,
p. C6), segundo o qual apenas o Nepal, o Suriname e doze países
africanos têm repetência maior que a brasileira, décimo quinto
colocado numa escala que começa com o Burundi, o número 1,
e que vai até 150.



A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind8 8

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O BRASIL DAS PROFECIAS
A Nova Canaã
O Brasil, se levarmos em conta os fatos ligados à sua
história, parece ser um país marcado para ser uma nova Canaã,
terra onde mana leite e mel, pois, além da bíblica terra prometida,
é o único território cuja ocupação foi precedida de sinais e
procurado por povos peregrinos que ansiavam por uma terra
abençoada e cuja posse foi assegurada por promessas divinas. No
caso da terra de Canaã, este compromisso está no livro do Gênesis
(Gn 12, 1-9) e, no que diz respeito à Terra Brasilis, a partilha foi
referendada pelo Tratado de Tordesilhas e sacramentada pela
bula do Papa Júlio II, investido de poderes celestiais (Mt 16, 1819). Em ambos os casos, os novos posseiros portavam bandeiras
que os identificavam, como está registrado no Livro dos Números
(Nm 2) e nos anais da história do Brasil.

Caraíbas – Os Profetas Primitivos
Do livro A Viagem do Descobrimento (Bueno, 1998),
extraímos os seguintes trechos, para que tal colocação seja bem
compreendida:
Os indígenas, com os quais Nicolau Coelho travou o primeiro
contato, eram, se saberia mais tarde, da tribo tupiniquim.
Pertenciam à grande família Tupi-Guarani que, naquele início
do século XVI, ocupava praticamente todo o litoral do Brasil.
Os tupiniquins eram cerca de 85 mil e viviam em dois locais


A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind9 9

17/02/2009 10:16:30
da costa brasileira: no sul da Bahia, da altura de Ilhéus até a
foz do rio Doce (já no atual estado do Espírito Santo), e numa
estreita faixa entre Santos e Bertioga, no litoral norte de São
Paulo. Como os demais tupis-guaranis, tinham chegado às
praias do Brasil, movidos não apenas por um impulso nômade,
mas por seu envolvimento em uma ampla migração de fundo
religioso. Partindo de algum ponto da bacia do rio Paraná,
no território hoje ocupado pelo Paraguai (ainda que alguns
estudiosos acreditem que o movimento talvez tenha começado
na Amazônia), os tupis-guaranis iniciaram uma longa marcha
em busca da Terra Sem Males. Liderados por profetas – chamados
de Caraíbas –, eles haviam chegado à costa brasileira ao redor do
ano 1000 da Era Cristã. (p. 91)

São Brandão – O Profeta do “Achamento”
A ilha do Brasil, ou ilha de São Brandão, ou ainda Brasil
de São Brandão, era uma das inúmeras ilhas que povoam a
imaginação e a cartografia européias da Idade Média, desde o
alvorecer do século IX. Também chamada de “Hy Brazil”, essa
ilha mitológica, “ressonante de sinos sobre o velho mar”, se
“afastava” no horizonte sempre que os marujos se aproximavam
dela. Era, portanto, uma ilha “movediça”, o que explica o fato de
sua localização variar tanto de mapa para mapa. Segundo a lenda,
Hy Brazil teria sido descoberta e colonizada por São Brandão,
um monge irlandês que partiu da Irlanda para alto-mar no ano
de 565. Como São Brandão nascera em 460, ele teria 105 anos
quando iniciou sua viagem. O nome “Brazil” provém do celta
bress, que deu origem ao verbo inglês to bless (abençoar). Hy
Brazil, portanto, significa “Terra Abençoada”. Desde 1351 até
pelo menos 1721 o nome Hy Brazil podia ser visto em mapas
e globos europeus, sempre indicando uma ilha localizada no
oceano Atlântico. Até 1624, expedições ainda eram enviadas à
sua procura. (p. 13)
10

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Os Portugueses – Os Descobridores do Paraíso
Mas para todos os efeitos legais, essa mitológica ilha já
havia sido “achada” pelos portugueses em 1500, que a batizaram
de “Ilha de Vera Cruz” – Cabral, ao avistá-la, chamara-a de “Terra
de Vera Cruz” –, posteriormente rebatizada de “Terra de Santa
Cruz”. O duplo nome atribuído à nova terra tem ligação com sua
dupla unção batismal, pois a primeira missa foi celebrada numa
ilha (Coroa Vermelha), no dia 26 de abril (domingo da Pascoela),
e a segunda, no continente no dia 1o de maio. O rito de sagração
da nova terra está descrito em detalhes na carta que Pero Vaz de
Caminha enviou ao rei de Portugal. Este documento, único na
literatura universal, e que todo brasileiro deveria ter uma cópia,
representa na verdade a Certidão de Nascimento do Brasil, pois
foi lavrada por um funcionário público no desempenho de suas
funções. Nela é narrado, passo a passo, tudo o que se passou a
partir de 21 de abril, quando se notou os primeiros sinais de
terra, as algas chamadas de botelho e rabo-de-asno, até o dia 1o
de maio, quando foi celebrada a missa no continente e encerrada
a missão do “achamento”. Pelos trechos seguintes, extraídos
dessa carta, pode-se notar o quanto o sagrado prevaleceu sobre o
profano nesses dias cerimoniosos, quando a deposição de armas
e o desarmamento de espíritos assinalaram o encontro pacífico
entre povos belicosos, prenunciando assim a vocação brasileira
de integrar raças diferentes em um convívio harmonioso, no
qual a miscigenação será seu traço mais marcante. A narrativa
da segunda missa exemplifica o espírito de paz e confiança
mútua, reinantes nesse encontro entre povos de formação e
origens diferentes, e da própria humanidade com suas raízes.
Na realidade, o que os portugueses descobriam foi o paraíso
perdido, ainda intacto e habitado pelos filhos de Adão e Eva sem
vestígios da queda; portanto, um convite à miscigenação, a qual
foi praticada sem muita hesitação, tornando o Brasil um caso
singular na história universal.
11

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A Aliança Renovada
Narra Caminha (TUFANO, 1999):
Plantada a cruz, com as armas e a divisa de Vossa Alteza, que
primeiramente lhe pregaram, armaram um altar ao pé dela. Ali
disse missa o padre Henrique, a qual foi cantada e oficiada pelos
religiosos e sacerdotes. Ali na missa estiveram conosco cerca
de cinqüenta ou sessenta deles, que ficaram de joelhos, assim
como nós. E quando se chegou ao Evangelho, que nos erguemos
todos em pé, com as mãos levantadas, eles se levantaram conosco
e alçaram as mãos, ficando assim até que se acabasse; e então
tornaram-se a assentar como nós. E quando levantaram a
Deus, que nos pusemos de joelhos, eles se puseram todos assim
como nós estávamos, com as mãos levantadas e em tal maneira
sossegados, que, certifico a Vossa Alteza, nos fez muita devoção.
(p.56)
Acabada a pregação, como Nicolau Coelho trouxesse muitas
cruzes de estanho com crucifixos, que lhe ficaram ainda da outra
viagem (alusão à viagem de Vasco da Gama às Índias, em 1498,
da qual Nicolau Coelho participara), decidimos colocar uma no
pescoço de cada um. Para isso, o padre frei Henrique se assentou
ao pé da cruz e ali passou a colocar no pescoço de cada um deles
uma cruz atada em um fio, fazendo que primeiro a beijassem e
levantassem as mãos. Muitos vieram e foram assim colocadas
todas as cruzes, umas quarenta ou cinqüenta. (p.58)

Pelo que se deduz dessa cerimônia, não só a nova terra foi
consagrada a Deus, mas seus habitantes também o foram, tudo
sob um céu onde uma grande cruz presidia esse ritual cheio de
significado, a qual, nessa ocasião, fora batizada por Mestre João,
o astrônomo da missão, como informa Bueno (1998, p. 105): “De
fato, naquela noite, ao observar as estrelas do Hemisfério Sul,
Mestre João chamaria sua principal constelação de Cruzeiro do
Sul”.
Tais acontecimentos indicam também que, tanto o
continente como a plataforma continental brasileira foram
abençoados em nome de um Deus que presidiu a conquista dos
portugueses, congregados que estavam na Ordem de Cristo, sob
12

A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind12 12

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cujo pavilhão e símbolo tomaram posse da nova terra, em uma
ilha (Coroa Vermelha) situada na faixa de Dom Bosco (15/20o S),
onde foi celebrada a primeira missa.
De acordo com Pero Vaz de Caminha (Tufano, 1999):
No domingo da Pascoela, pela manhã, determinou o Capitão de ir
ouvir missa e pregação naquele ilhéu. Mandou a todos os capitães
que se arranjassem nos batéis e o acompanhassem. E assim foi
feito (...) Naquele ilhéu, mandou armar um pavilhão e, dentro
dele, um altar muito bem preparado. E ali, na presença de todos,
mandou rezar missa, a qual foi rezada pelo padre frei Henrique,
em voz entoada, e acompanhada com aquela mesma voz pelos
outros padres e sacerdotes. A missa segundo meu parecer, foi
ouvida por todos, com muito prazer e devoção. O Capitão estava
com a bandeira da Ordem de Cristo, com a qual saiu de Belém.
Ela esteve sempre levantada, da parte do Evangelho. (p. 38-39)

Contrastando com essa estada tranqüila e a perenidade do
símbolo que marcou o nascimento de uma nação predestinada,
a constelação do Cruzeiro do Sul, a continuação da viagem dos
portugueses ao Oriente foi atribulada e assinalada pela fugaz
passagem de um cometa, como informa um dos tripulantes da
esquadra cabralina (relação do piloto anônimo): “Aos 12 dias
do dito mês de maio, apareceu em nosso trajeto, rumando em
direção à Arábia, um cometa com uma cauda muito comprida,
que nos acompanhou durante oito ou dez noites”.
A simbologia dos eventos que marcaram a rápida passagem
(Páscoa) dos portugueses pela Terra Brasilis, que teve início no
Bairro de Belém em Lisboa, com um ritual de bênção da bandeira
da Ordem de Cristo, e término nas costas brasileiras, após uma
travessia que durou toda uma quaresma (Tempo de Penitência
– quarenta dias que representam os 40 anos da caminhada dos
hebreus pelo deserto), pode ser resumida num ato singelo: a
distribuição aos nativos da nova terra das “muitas cruzes de
estanho com crucifixos”, portadas por Nicolau Coelho. Se essas
cruzes sobraram no Oriente, onde não prosperaram, aqui, ao
contrário, foram todas plantadas e produziram abundantes
frutos, tornando o Brasil a maior nação cristã do mundo.
13

A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind13 13

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Concluindo, é bom lembrar que a primeira missa não
foi celebrada no continente e sim no seu vestíbulo, o Ilhéu de
Coroa Vermelha, onde foi desfraldada a bandeira da Ordem de
Cristo, e a segunda, no continente, onde foi plantada a Cruz
de Cristo, reproduzindo assim o ritual de sagração da Terra de
Canaã, ocorrida por ocasião da viagem dos israelitas pelo deserto
(Êxodo) e a parada que aí fizeram para serem purificados, antes de
entrarem nessa Terra Prometida. Este ritual está simbolizado nas
duas tendas erguidas no deserto (Hb 9, 1-5), onde um vestíbulo,
“o Santo” (primeira tenda, onde se encontrava o candelabro),
precedia “o Santo dos Santos” (segunda tenda, abrigo da arca
da aliança), e repetido com os mesmo detalhes no Templo de
Jerusalém e nas igrejas católicas. Esse duplo ritual de sagração
se repetiu também por ocasião da construção de Brasília, quando
foram celebradas duas missas. A primeira, no “deserto”, a
pedido de Bernardo Sayão (vide capitulo seguinte), e a segunda,
“oficial”, na inauguração da cidade, a mando do seu construtormor, o Presidente Juscelino Kubitschek.

14

A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind14 14

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AS PROFECIAS DE DOM BOSCO
Introdução
Embora mais de um século se tenha passado desde a
chegada dos Salesianos ao Brasil e do sonho de Dom Bosco,
no qual vaticinou um futuro brilhante para a congregação que
fundou e para a terra que os acolheu, a Terra Brasilis, esta secular
ordem religiosa ainda não se dignou a brindar o povo brasileiro
com uma versão em português do texto integral desse sonho,
anotado pelo Padre Lemoyne e corrigido pelo próprio Dom
Bosco. Na falta desse texto, e como diz o dito popular – Quem
não tem cão caça com gato –, vamos ao gato, no caso, o econômico
artigo do Padre José de Vasconcellos, O Centenário de um sonho,
publicado no Boletim Salesiano (edição brasileira, ano 33, n.4,
jul./ago. 1983, p. 6-11). Neste artigo, com cinco capítulos, o então
Diretor do Centro Salesiano de Documentação e Pesquisa, de
Barbacena-MG, dedica os três primeiros para analisar esse Sonho
no contexto dos Sonhos de Dom Bosco e os últimos para o Sonho
propriamente dito. Estes dois capítulos finais – Um sonho de Dom
Bosco e Dom Bosco Sonhou Brasília? – estão a seguir reproduzidos
na integra com os mesmos títulos.
Dom Bosco – João Belchior Bosco – nasceu em Becchi
(Castelnuevo d’Asti), norte da Itália, a 16 de agosto de 1815.
Fundou a Ordem dos Salesianos (Sociedade Salesianos de Dom
Bosco e Filhas de Maria Auxiliadora). Faleceu em Turim, a 31
de janeiro de 1888, aos 72 anos. Foi canonizado em 1o de abril de
1934, pelo Papa Pio XI.
15

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Um Sonho de Dom Bosco
“Na noite que precede a festa de Santa Rosa de Lima (30
de agosto) tive um sonho”. Assim começa Dom Bosco a narrar
um de seus sonhos mais famosos, tido em 1883, um mês e pouco
depois da chegada dos primeiros Salesianos ao Brasil.
Cecília ROMERO publicou, em 1978, esplêndido estudo
sobre “Os Sonhos de Dom Bosco”. Porque se tratava de edição
crítica, restringiu-se a estudar somente 10 sonhos, tidos entre
1870 e 1887, porque deles poderia ter à mão versão manuscrita
atribuível a Dom Bosco, por dois títulos: ou porque inteiramente
redigida de próprio punho, ou porque chegada até nós em
manuscritos de outrem, mas cuja revisão final é garantida por
apostilas da mão de Dom Bosco.
Esse é exatamente o caso do sonho de 30 de agosto:
manuscrito do P Lemoyne com correções do próprio punho
.
de Dom Bosco; e é sobre o texto crítico de Romero que nos
basearemos para a tradução de alguns trechos do sonho. Porque é
quase impossível publicá-lo aqui na íntegra; ele sozinho ocuparia
boa parte deste Boletim Salesiano: são quase dez páginas das
Memórias Biográficas, formato 210 x 140 mm, tipo 6 com as
linhas não intercaladas (Vol. XVI, p. 385-394).
Contou-o Dom Bosco numa reunião do Capítulo Geral da
Congregação, no dia 4 de setembro daquele ano. O Pe. Lemoyne,
que recolhia as memórias do Santo, transcreveu-o imediatamente
e submeteu-o à correção de Dom Bosco.
“Percebi que estava dormindo e parecia-me, ao mesmo
tempo, correr a toda velocidade, a ponto de me sentir cansado de
correr. (...) Enquanto hesitava se se tratava de sonho ou realidade,
pareceu-me entrar em um salão, onde se achavam muitas pessoas,
falando de assuntos vários”.
E o Santo reproduz profusamente o assunto da conversa.
“Nesse ínterim, aproxima-se de mim um jovem de seus
dezesseis anos, amável e de beleza sobre-humana, todo radiante
de viva luz, mais clara que a do sol”.
16

A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind16 16

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O misterioso guia o acompanhou durante toda a fantástica
viagem e se apresenta como amigo seu e dos Salesianos; vem, em
nome de Deus, dar-lhe um pouco de trabalho.
“Vejamos de que se trata. Que trabalho é este?”.
– Sente-se a esta mesa e puxe esta corda.
No meio do salão havia uma mesa, sobre a qual estava
enrolada uma corda. Vi que a corda estava marcada com linhas e
números, como se fôra uma fita métrica. Percebi mais tarde que o
salão estava situado na América do Sul, exatamente sobre a linha
do Equador, correspondendo os números impressos na corda aos
graus geográficos de latitude”.
Segue a narração de uma vista de conjunto da América do
Sul, esclarecendo o Santo:
“Via tudo em conjunto, como em miniatura. Depois, como
direi, pude ver tudo em sua real grandeza e extensão. Foram os
graus marcados na corda, correspondentes exatamente aos graus
geográficos de latitude, que me permitiram gravar na memória
os pontos sucessivos que visitei na segunda parte do sonho.
Meu jovem amigo continuava: Pois bem, estas montanhas
são como balizas, são um limite. Entre elas e o mar está a messe
oferecida aos Salesianos. São milhares, são milhões de habitantes
que esperam o seu auxílio, aguardam a fé. Aquelas montanhas
eram as cordilheiras da América do Sul e o mar o Oceano
Atlântico.”
Prossegue o sonho mostrando a Dom Bosco como
conseguiria guiar tantos povos ao rebanho de Cristo.
“Eu ia pensando: mas, para se conseguir isso, vai ser
preciso muito tempo. Exclamei, então, em voz alta: não sei o que
pensar. Porem, o moço ajuntou, lendo meus pensamentos:
– Isto acontecerá antes que passe a segunda geração.
– E qual será a segunda geração, perguntei.
– A presente não conta. Será uma outra, depois outra.
– E quantos anos compreendem cada geração?
– Sessenta anos.
– E depois?
– Quer ver o que sucederá depois?
17

A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind17 17

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Venha cá.
E, sem saber como, encontrei-me numa estação
ferroviária.
Havia muita gente. Embarcamos.
Perguntei onde estávamos. Respondeu o jovem:
– Note bem! Observe! Viajaremos ao longo da cordilheira.
O sr. tem estrada aberta também para leste, até ao mar. É outro
dom de N. Senhor. Assim dizendo, tirou do bolso um mapa, onde
vi assinalada a diocese de Cartagena. Era o ponto de partida.
Enquanto olhava o mapa, a máquina apitou e o comboio
se pôs em movimento. Viajando, meu amigo falava muito, mas
nem tudo eu podia entender, por causa do barulho do trem.
Aprendi, no entanto, coisas belíssimas e inteiramente novas
sobre astronomia, náutica, meteorologia, sobre a fauna, a flora e
a topografia daqueles lugares, que ele me explicava com precisão
maravilhosa.
Ia olhando através das janelas do vagão e descortinava
variadas e estupendas regiões. Bosques, montanhas, planícies,
rios tão grandes e majestosos que eu não era capaz de os crer
assim tão caudalosos, longe que estavam da foz. Por mais de
mil milhas, costeamos uma floresta virgem, inexplorada ainda
agora. Meus olhos tinham uma potência visual surpreendente,
não encontrando óbice que os detivesse de estender-se por todas
aquelas regiões. Não só as cordilheiras, mas também as cadeias
de montanhas isoladas naquelas planuras intermináveis eram por
mim contempladas (o brasil?) [Sic: com ponto de interrogação e
com inicial minúscula, no manuscrito original].
Tinha debaixo dos olhos as riquezas incomparáveis deste
solo que um dia serão descobertas. Via numerosas minas de metais
preciosos, filões inexauríveis de carvão, depósitos de petróleo tão
abundantes como nunca se encontraram em outros lugares.
Mas não era ainda tudo. Entre o grau 15 e o 20 havia uma
enseada bastante longa e bastante larga, que partia de um ponto
onde se forma um lago. Disse então uma voz repetidamente:
quando se vier cavar as minas escondidas no meio deste montes
(desta enseada), aparecerá aqui a terra prometida, que jorra leite
e mel. Será uma riqueza inconcebível”.
18

A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind18 18

17/02/2009 10:16:32
Continua a viagem, ao longo da cordilheira, rumo ao sul;
continua a descrição das regiões da bacia do Prata, dos Pampas
e da Patagônia, até Punta Arenas e o Estreito de Magalhães. “Eu
olhava tudo. Descemos do trem”. Voltando-se para o jovem guia,
Dom Bosco lhe diz:
“Já vi bastante. Agora leva-me a ver os meus Salesianos
da Patagônia. Levou-me. Eu os vi. Eram muitos, mas eu não
os conhecia e entre eles não havia nenhum dos meus antigos
filhos. Todos me olhavam admirados e eu lhes dizia: “Não me
conheceis? Não conheceis Dom Bosco?
– Oh Dom Bosco! Nós o conhecemos, mas só de retrato.
Pessoalmente, é claro que não.
– E D. Fagnano, D. Lasagna, D. Costamagna, onde estão?
– Não os conhecemos. São os que para cá vieram em tempos
passados, os primeiros Salesianos que vieram da Europa. Mas já
morreram há muitos anos!
A esta resposta eu pensava cheio de espanto: – Mas isto é
um sonho ou uma realidade? E batia as mãos uma contra a outra,
tocava os braços, me sacudia todo, e ouvia o barulho das mãos e
sentia o meu corpo. Estava nesta agitação quando me pareceu que
Quirino tocasse às Ave-Marias da manhã; mas tendo despertado,
percebi que eram os sinos da paróquia de São Benigno. O sonho
tinha durado a noite toda”.

Dom Bosco Sonhou Brasília?
Como podemos observar, no que possa aplicar-se a Brasília,
o sonho fixa, com clareza pouco freqüente nas chamadas visões
imaginárias, três pontos: tempo, lugar, evento anunciado. Só
para o terceiro a linguagem é simbólica:
a) Tempo
Recordemos o diálogo do sonho:
– Isto acontecerá antes que passe a segunda geração.
– Qual será a segunda geração?
– A presente não conta. Será uma outra, depois outra.
19

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(E Dom Bosco, querendo ainda mais clareza):
– Quantos anos compreendem cada geração?
– Sessenta anos.
Se a primeira destas gerações começou em 1883, ano do
sonho, a segunda teve início sessenta anos depois, em 1943, e se
estende até o ano 2003. A construção e consolidação de Brasília
estão assim bem dentro do período anunciado: entre 1943 e
2003.
b) ������
Lugar
Dom Bosco localizou o evento na faixa compreendida
pelos paralelos 15 a 20, entre a Cordilheira dos Andes e o Oceano
Atlântico. Exatamente onde foi instalada a nova Capital do
Brasil.
c) Evento anunciado
Embora o Leit-motiv do sonho seja o futuro missionário da
Congregação na América do Sul, Dom Bosco viu incidentalmente
também outras coisas, tanto rios caudalosos e florestas imensas,
como minas de ouro, de pedras preciosas, depósitos de petróleo.
(Monteiro Lobato, a este respeito, cita o sonho numa de suas
obras). Creio, pois, poder afirmar que ele viu, em 1883, o que
hoje começamos a ver no Brasil.
Reforça a convicção o teor mesmo do texto, embora em
estilo simbólico; em nenhum outro ponto da referida faixa
continental um acontecimento como a construção de Brasília
obteve repercussão maior no progresso e na riqueza de um país.
Convém, no entanto, recordar aqui, como elemento para
a História, o nascedouro desta interpretação do sonho. Não é
devida aos Salesianos, como poderia parecer.
No início da construção da nova Capital, quando a proeza
parecia estranha e temerária à maioria dos brasileiros, o Dr.
Segismundo Mello, Procurador do Estado de Goiás, e residente
hoje em Brasília, bateu à porta do Ateneu Dom Bosco de Goiânia
com uma dúvida e um pedido: era verdade que Dom Bosco, em
sonho, havia antevisto Brasília? Onde obter o texto do sonho?
Nenhum salesiano do Ateneu sabia de nada!
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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind20 20

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O fato é menos estranhável do que poderia parecer à
primeira vista: a biografia completa de Dom Bosco, com o título de
Memorie Biografiche, tem 16.130 páginas e ocupa 19 alentados
volumes escritos em italiano; não há tradução portuguesa. Nada
de admirar, portanto, se a maior parte dos atuais Salesianos não
a tenha lido nunca por inteiro, ou por falta de tempo ou (os das
gerações mais novas) por já não dominarem completamente a
língua. As pequenas biografias escritas em português não contam
senão um ou outro dos sonhos de Dom Bosco. Não este, que é
muito grande.
Mas o Diretor do Ateneu, P Cleto Caliman, pôs-se a
.
vasculhar nas Memórias Biográficas e lá encontrou, no vol. XVI,
o texto integral do sonho de 1883. Nele, sob a guia de um jovem
amigo já falecido, Luiz Colle, Dom Bosco fez a fantástica viagem
pela América do Sul, resumida no item 4 deste estudo.
Ao verificar que Brasília estava situada justamente entre
os paralelos 15 e 20 e que o tempo coincidia com o previsto no
sonho, os defensores de Brasília, com o Dr. Segismundo à frente,
encheram-se de entusiasmo e de certezas. Bernardo Sayão, um
dos pioneiros, logo arranjou ocasião e pretexto para uma Missa,
que os salesianos do Ateneu celebraram, sem alarde, no desértico
planalto entrevisto no sonho. Foi, na realidade, a primeira Missa
de Brasília.
Israel Pinheiro que, por intermédio de um tio Padre, Mons.
Pinheiro, Cooperador salesiano, tinha velhas afinidades com
Dom Bosco, vibrou, e imediatamente comunicou a descoberta
ao Presidente Juscelino Kubitschek. Este, dramaticamente
necessitado de apoios para sua obra grandiosa, tratou logo de
fazer expor na sala principal do Catetinho o trecho do Sonho
possivelmente referente a Brasília, emoldurado em quadro que
ainda lá se acha e parece ter-se inspirado no texto para a frase
famosa que se encontra gravada no seu monumento da Praça dos
Três Poderes: “Deste Planalto central...”
A fim de colocar sob a proteção do Santo os trabalhos
da construção da nova Capital, Israel Pinheiro fez questão de
empregar o primeiro ferro e o primeiro cimento chegados ao
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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind21 21

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canteiro de obras na construção de uma ermida votiva a Dom
Bosco, desenhada por Niemeyer. Fé-la reproduzir, anos mais
tarde, em escala menor, na sua residência oficial de Prefeito de
Brasília, a Granja do Ipê. Bom mineiro, quis em seguida conferir,
com os próprios olhos, o manuscrito original do sonho, cuja cópia
xerox me fez requisitar à Casa Mãe dos Salesianos na Itália.
Como conseqüência de tudo isto, a cidade nasceu embalada
na certeza de ter sido sonhada por um santo e é por isso que a
devoção a Dom Bosco é tão popular entre os brasilienses.
Quando, em 1961, chegou a hora de escolher Patrono
litúrgico para ela, a Autoridade eclesiástica local, com muito
acerto, pensou em Nossa Senhora Aparecida. Mas, por
coincidência (ou “elegância da Divina Providência”, como
costumava dizer o Papa Pio XI), nesta data, eram ex-alunos
salesianos o Presidente da República, Jânio Quadros (ex-aluno
do Colégio S. Joaquim, de Lorena, SP), o Prefeito Paulo de Tarso
(ex-aluno do Colégio Dom Bosco, do Araxá, MG) e o Presidente
da Novacap Randall Espírito Santo Ferreira (ex-aluno do Ginásio
Salesiano de Silvânia, GO). Os três ex-alunos, atendendo também
a apelo unânime da população em minuta preparada por quem
escreve este estudo, firmaram juntos petição à Santa Sé para que
S. João Bosco fosse declarado Co-Patrono da Cidade, o que veio
a acontecer.
Deste modo, no último domingo de agosto, dia festivo mais
próximo à data do famoso sonho, os brasilienses, tendo à frente
o seu Arcebispo, organizam, todos os anos, piedosa romaria à
ermida de Dom Bosco.
Em conclusão, se repetirmos a pergunta: “Dom Bosco
Sonhou Brasília?”, creio se possa responder:
1. É certo que o Santo, no “sonho” de 1883, pensou no
���������������������������������������������������
Brasil: lá está explicita a alusão, embora em forma
interrogativa, no manuscrito do sonho tido pelos
entendidos como o mais autêntico. (Há vários outros)
2. É igualmente certo que o lugar e o tempo coincidem
�������������������������
plenamente, sem qualquer ginástica exegética, com os
da construção de Brasília.
22

A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind22 22

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3. Quanto ao evento anunciado (grande riqueza, progresso),
estou atento à advertência da lógica escolástica sobre
a falácia possível no argumento: “depois disto, logo,
por causa disto”: Post hoc, ergo propter hoc. Mas
há, inegavelmente, relação de causa e efeito entre a
transferência da Capital e o surto de progresso que se
deu no País a partir daquela realização, não só na região
Centro-Oeste, como seria de esperar, mas no Brasil
como um todo. Só não o vêem os que não querem ver;
os dados e as estatísticas estão aí, à vista de todos.
4. ��������������������������������������������������������
Seria indevido pedir maior clareza e mais especificação
num sonho-visão. Manifestações como estas, como as dos
profetas da Escritura, são de sua natureza imaginárias,
envoltas em expressões ora obscuras, ora simbólicas,
que se prestam a mais de uma interpretação. Mas ainda
assim, sobre o essencial, como vimos, há mais clareza
neste “sonho” do que em geral nas previsões deste
tipo.
5. �����������������������������������������������������
Convém ainda não esquecer que Dom Bosco nunca esteve
na América, não tinha maiores estudos de Geografia, e
que os mapas da época, sobretudo os das regiões extraeuropéias, eram bastante incompletos e vagos.
Em tempo:
	
a) Os representantes mais altos da Congregação Salesiana e
seus melhores estudiosos jamais se pronunciaram sobre o assunto
e a reação de seus Superiores Maiores a este respeito foi sempre
de reticência. O escrito acima representa opinião estritamente
pessoal.
b) Uma advertência aos angustiados com a situação atual
do País: – a segunda geração, preanunciada no sonho para o
advento de uma era de prosperidade e riqueza, só termina no ano
2003. Até lá... nada se perde em esperar para conferir.
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Outras Profecias Sobre Brasília
Sobre Brasília eis o que diz Eduardo Bueno, em seu livro
Brasil: Uma História (BUENO, 2002, p. 352-353):
Era uma cidade longamente profetizada. Já em 1883, ela aparece
reluzente, nas visões do santo italiano João Bosco. Um século
antes, fizera parte dos sonhos libertários dos inconfidentes,
fulminados em 1789. Em 1813, o jornalista Hipólito José da
Costa, redator do Correio Brasiliense, editado em Londres,
deu novo alento à idéia de transferir a capital do Brasil para o
interior, “junto às cabeceiras do Rio São Francisco”. No início
de 1822 surgiria, em Lisboa, um livreto, redigido nas Cortes,
determinando que, “no centro do Brasil, entre as nascentes dos
confluentes do Paraguai e do Amazonas fundar-se-á a capital do
Brasil, com a denominação de Brasília”. No mesmo ano, após
a Independência, José Bonifácio defenderia, na Constituinte,
a idéia de erguer a nova capital “na latitude de 15o, em sítio
sadio, ameno, fértil e regado por um rio navegável”. Em 1852,
o historiador Francisco Adolfo de Varnhagen tornou-se o
principal defensor de Brasília e, em 1877 seria o primeiro a viajar
ao Planalto Central tentando demarcar o ponto ideal.
Achou-o “no triângulo formado pelas lagoas Formosa, Feia e
Mestre d’Armas, pelo fato de fluírem para o Amazonas, o São
Francisco e o Prata”. Proclamada a República, o artigo 3o da
nova Constituição estabeleceu que a capital de fato seria mudada
para o Planalto Central. Por isso, em 1892, à frente da recémformada Comissão Exploradora do Planalto Central, o cientista
Luís Cruls demarcou “um quadrilátero de 14.400 quilômetros
para nele ser erguida a nova cidade”. Em 1922, o presidente
Epitácio Pessoa baixou um decreto determinando que no dia
7 de setembro daquele ano (centenário da Independência)
fosse assentada a pedra fundamental da nova capital, na cidade
de Planaltina (GO), localizada no “quadrilátero Cruls”, hoje
perímetro urbano de Brasília. A idéia de transferir a capital
para os longínquos descampados do cerrado seria mantida nas
constituições de 1934 e de 1946. Mas só começou de fato a sair
do papel no dia 4 de abril de 1955, num comício em Jataí (GO),
quando o então candidato à Presidência Juscelino Kubitscheck
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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind24 24

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decidiu fazer a mais óbvia das promessas de campanha: jurou
que iria “cumprir a Constituição”. Então, como o próprio JK
conta no livro Por que construí Brasília, algo de surpreendente
aconteceu – e mudou os destinos do Brasil.
De acordo com JK, ao final do comício em Jataí, “uma voz forte se
impôs” e o interpelou. “O senhor disse que, se eleito, irá cumprir
rigorosamente a Constituição. Desejo saber se pretende pôr em
prática a mudança da capital federal para o Planalto Central”.
JK olhou para a platéia e identificou o interpelante: era um certo
Toquinho. Embora considerasse a pergunta embaraçosa e já
tivesse seu Plano de Metas pronto, JK respondeu que construiria
a nova capital. A partir daí, Brasília virou a “meta-síntese” de
seu governo. Ao assumir a Presidência, apresentou o projeto
ao Congresso como fato consumado. Em setembro de 1956, foi
aprovada a lei nº 2.874 que criou a Cia. Urbanizadora da Nova
Capital. As obras se iniciaram em fevereiro de 1957, com apenas
3 mil trabalhadores – batizados de “candangos”. Os arquitetos
Oscar Niemeyer e Lúcio Costa foram encarregados de projetar a
cidade “futurista”.

A Realização das Profecias
As visões de Dom Bosco sobre a Terra Brasilis, a exemplo
de Brasília, parece que já está se tornando uma realidade, como
indicam as descobertas de petróleo e gás natural do pré-sal, e
de gás na Bacia do São Francisco, e do maior reservatório de
água doce da América do Sul, na Bacia do Paraná, o Aqüífero
Guarani.
Sobre as ocorrências de gás de petróleo da Bacia do São
Francisco, segue abaixo alguns trechos de interessante artigo do
ex-Ministro de Minas e Energia, Paulino Cícero de Vasconcelos,
publicado no jornal Estado de Minas (4/6/2003, p.9) sob o título O
gás do São Francisco, que liga esse fato ao sonho de Dom Bosco:
Um dos maiores geólogos do País, Carlos Walter Marinho
Campos, que no ano passado recebeu post-mortem, a medalha
Eschwege do governo mineiro, foi o homem que levou a
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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind25 25

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Petrobrás para o mar. (...) Quando assumi a Secretaria de
Minas do governo Itamar, já aposentado da Petrobrás, Carlos
Walter, com minha presença, instalou em Ouro Preto o Núcleo
de Engenharia de Petróleo (Nupetro), que somava o notório
potencial de duas renomadas instituições: a Escola de Minas,
na área de geologia, e a Escola Federal de Engenharia de Itajubá
(Efei), em eletricidade e mecânica. Neste dia, com a simplicidade
que contrastava os títulos tantos que acumulara no Brasil e no
exterior, Carlos Walter me dizia que a bacia hidrográfica do São
Francisco pode esconder um oceano de gás. É uma unidade
geotectônica proterozóica – dizia-me. Não deve ter óleo, mas
certamente conterá muito gás natural de petróleo, exatamente
como ocorre na Sibéria e no Mar Amarelo da China, que são,
também, bacias proterozóicas, formada a mais de 500 milhões
de anos. (...) É rezar para que as coisas se apressem e aconteçam.
Aliás, falando em rezar, isso me lembra o jornalista Jorge Faria,
como eu, ex-aluno salesiano. Ele diz – e jura – que o verdadeiro
sonho visionário de Dom Bosco sobre o Centro-Oeste brasileiro
não era Brasília. Era e é o gás do São Francisco.

Para completar essas observações, poderíamos acrescentar
que, na faixa de Dom Bosco (15o / 20o S) existe outros sítios
que se encaixam nas descrições do sonho, como o pantanal
mato-grossense e a região andina do lago Titicaca, os quais, se
pesquisados, poderão apresentar surpresas agradáveis.
Mas é no litoral Atlântico brasileiro que as visões proféticas
de Dom Bosco – “Via numerosas minas de metais preciosos, filões
inexauríveis de carvão, depósitos de petróleo tão abundantes
como nunca se encontraram em outros lugares” – estão se
realizando de forma espetacular, como informa o jornalista
Antônio Machado, em sua coluna Brasil S/A, no Jornal Estado de
Minas (9/11/2007, p. 14):
Ontem, a Petrobrás anunciou que os testes finais no campo de
Tupi, na Bacia de Santos, comprovaram a existência de reserva
explorável de 5 bilhões a 8 bilhões de barris de petróleo de
qualidade, além de gás, o que alça o país no ranking dos grandes
produtores no mundo. (...) A descoberta faz parte de uma área
de 800 quilômetros de extensão por 200 de largura, indo do
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litoral do Espírito Santo a Santa Catarina, território no qual a
Petrobrás começou a mapear sozinha e em associação com sócios
(em Tupi, por exemplo, está junto do BG Group, da Inglaterra,
dono de 25% da concessão, e da Petrogal/Gap, de Portugal, com
10%). (...) A reserva encontrada em Tupi está a 6 quilômetros de
profundidade – com 1,5 a 3 km de lâmina d’água e mais 3 a 4 km
de uma espessa camada de sal.

Considerando os dados divulgados pelo governo federal,
segundo os quais, o chamado Bloco de Tupi faz parte de um
conjunto de 41 blocos igualmente promissores, portanto em
condições de comportar reservas da ordem de 300 bilhões
de barris, e que blocos semelhantes podem ocorrer nas bacias
situadas a norte e sul da Bacia de Santos, onde o nível de sal é
conhecido, é possível imaginar reservas da ordem de 1 trilhão de
barris, o que coloca o Brasil no topo do ranking dos detentores de
grandes reservas de petróleo e gás, pois o potencial dessa faixa
litorânea, de 800 km de extensão por 200 km de largura, equivale
às reservas totais hoje conhecidas em todo o planeta. Isto sem
contar os gigantescos domos de sal descobertos na foz do Rio
Amazonas, cujo potencial petrolífero ainda não foi pesquisado.
Essas descobertas provam que as profecias de Dom Bosco
são dignas de fé. E, mais, a localização das reservas de petróleo
e gás do pré-sal foram aí colocadas de forma providencial, pois
estão protegidas por um oceano, e longe da cobiça de outros
países, porem bem próximas do principal centro consumidor do
País, a Região Sudeste. Segundo o presidente da Petrobrás, José
Sergio Gabrielli, (entrevista ao Jornal Estado de Minas, 18/10/2008,
p.16), 85% das reservas da companhia e 80% de suas refinarias
estão localizadas nessa região, É uma situação privilegiada, em
todos os sentidos, inclusive para montagem de um sistema de
defensivo contra quaisquer ameaças externas.

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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind27 27

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2003/2063 – OS ANOS DECISIVOS
“Porém, o moço ajuntou, lendo em meus pensamentos:
– Isto acontecerá antes que passe a segunda geração.
– E qual será a segunda geração, perguntei.
– A presente não conta. Será uma outra, depois outra.
– E quantos anos compreendem cada geração?
– Sessenta anos.
– E depois?
– Quer ver o que sucederá depois?
Venha cá.”

A Geração Excluída (1823/1883)
(“A presente não conta”)
“A colonização européia, iniciada no período imperial,
respondia a uma atitude comum da oligarquia das nações latinoamericanas, alçada ao poder com a independência: sua alienação
cultural que a fazia ver sua própria gente com olhos europeus”.

(Darcy Ribeiro, O Povo Brasileiro, Companhia das Letras,
1995, p.433)

A Primeira Geração (1883/1943)
(“Será uma outra”)
“Há uma situação de contradição que é: os descendentes
de imigrantes que vieram no fim do século, subvencionados,
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vieram no fundo dos navios, como gado, porque não cabiam na
economia da Europa, que enfrentava uma crise de desemprego
como a nossa hoje. Nós absorvemos uma dezena de milhões
desses imigrantes. Tem muitos que são excelentes, mas outros
acreditam que fizeram o Brasil. Eles vieram subsidiados, o Brasil
já existia com suas dimensões, já era independente. Eles vieram
outro dia, mas tinham uma atitude muito besta e começam
alguns problemas quando esses bestinhas, que havia muito em
Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, começam a falar dos
baianos ou dos pernambucanos ou da gente antiga de sua própria
região. Então o Brasil está vivendo um momento de tensões que
vão dar em diferenças”
(Darcy Ribeiro, entrevista para o Jornal do Brasil, 3/11/1996,
Cad. B, p,5).

A Segunda Geração (1943/2003)
(“Depois outra”)
“Se a primeira destas gerações começou em 1883, ano do
sonho, a segunda teve início sessenta anos depois, em 1943, e se
estende até o ano 2003. A construção e consolidação de Brasília
estão assim bem dentro do período anunciado: entre 1943 e
2003” �����������������������������
(Padre José de Vasconcellos).

A Terceira Geração (2003/2063)
(“Quer ver o que sucederá depois? – Venha cá.”)
O que se segue ao diálogo que abre este capítulo, está
descrito no anterior, mas o que queremos ressaltar com essa
análise é o que está acontecendo no presente e o que está
para acontecer nos próximos anos. Segundo o Padre José de
Vasconcellos, “se a primeira destas gerações começou em 1883,
ano do sonho, a segunda teve início sessenta anos depois, em
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1943, e se estende até o ano 2003”. Com base nessa interpretação
podemos concluir que, quando o jovem guia de Dom Bosco,
“de beleza sobre-humana, todo radiante de viva luz, mais clara
que a do sol”, diz o que acontecerá depois da segunda geração
– “Quer ver o que sucederá depois? – Venha cá.” – ou seja, depois
do ano 2003, é que a viagem ferroviária de Dom Bosco, que se
segue a esse diálogo, se passa no tempo atual, época da terceira
geração (2003/2063), a escolhida para construir essa ferrovia e
ocupar o território onde, segundo as profecias, “aparecerá a terra
prometida, que jorra leite e mel”.
A escolha dessa geração não foi casual, pois, de acordo
com a narrativa de Dom Bosco, o emissário divino excluiu
uma geração – “a presente não conta” (1823/1883), ou seja,
a dos imigrantes que aqui chegaram quando o Brasil já era
independente, porém escravocrata. A partir desta geração,
Imperial, seguem-se outras três, Republicanas, cada uma com
uma missão: a primeira (1883/1943) a de fazer uma revolução
para mudar a face escravocrata do Brasil – a Revolução de 30 –;
a segunda (1943/2003), a de edificar Brasília e ocupar o CentroOeste; e a terceira (2003/2063), com o encargo de construir
a ferrovia profetizada por Dom Bosco e povoar sua rota e a
Amazônia, cumprindo assim os desígnios de Deus.
Estas privilegiadas gerações já vêm atuando nesse
sentido, como demonstra a presença de gaúchos, catarinenses e
paranaenses no Centro-Oeste, no Brasil Central, na Amazônia, no
Nordeste, no Paraguai (brasiguaios) e na Bolívia, descendentes
dos imigrantes que não conheceram a escravidão e nem foram
responsáveis por suas mazelas, magistralmente descritas por
Gilberto Freire, em sua monumental obra Casa Grande 
Senzala. Por esta razão, estão livres do ranço escravocrata que
domina certas elites, principalmente as nordestinas, pois estas,
diferentemente das mineiras, paulistas e fluminenses, que
tiveram suas mentalidades escravistas modificadas pelas levas de
imigrantes que aportaram ao País no final do século XIX e início
do século XX, ainda adotam uma postura retrógrada no quadro
político nacional.
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O Brasil, portanto, encontra-se num momento decisivo
de sua história, cabendo à terceira geração a missão de definir
os rumos do País e quem sairá vencedor nessa disputa: a Casa
Grande  Senzala, que se atém a um passado que não volta mais,
ou o Brasil dos Imigrantes, que marcha para frente em busca de
novos horizontes.

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IMIGRANTES

Família Parenti
(Fotografia tirada no início do século XX, em Pouso Alegre-MG)
Savério Parenti e Lucia Guigli Parenti (bisavós do autor) e seus filhos
Giovanni (avô – nascido em Riolunato-Modena), Beatrice e Elisabetta.
A família Parenti deixou a Itália pelo Porto de Gênova, viajando para
o Brasil no navio Les Alpes, chegando à Hospedaria dos Imigrantes em
Juiz de Fora-MG, em 20 de maio de 1897.
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IMIGRANTES

Família Chiarini
(Fotografia tirada no início do século XX, em Pouso Alegre-MG)
Pietro Chiarini e Francesca Adreucci Chiarini (bisavós do autor) e seus
filhos Francesco, Ângelo, Giuseppe, com suas esposas, Alessandro,
sentado ao lado do pai, e Carolina (avó- nascida em Arezzo-Toscana),
sentada ao lado da mãe. A família Chiarini deixou a Itália pelo Porto
de Gênova, viajando para o Brasil no navio Aquitaine, chegando à
Hospedaria dos Imigrantes em Juiz de Fora-MG, em 3 de agosto de 1897.
33

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FIGURA 1

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A FERROVIA TRANSCONTINENTAL DOM BOSCO
O Eixo Central
O eixo central imaginado para a Ferrovia de Dom Bosco
(Figura 1), com base no sonho visionário, tem início na cidade de
Cartagena, na Colômbia, e a partir daí segue em direção a Caracas,
na Venezuela, de onde toma o rumo sul, passando sucessivamente
pelas cidades brasileiras de Boa Vista-RR, Manaus-AM, Porto
Velho-RO, Cuiabá-MT e Campo Grande-MS. Desta cidade
continua rumo sul para Assunção, no Paraguai, e Buenos Aires, na
Argentina, de onde prossegue até atingir seu ponto final em Punta
Arenas, no Chile. São cerca de 10.777 km de um percurso que,
começando no Mar das Antilhas, no extremo norte da América
do Sul, termina no Estreito de Magalhães, no seu extremo Sul,
passando por um território de topografia favorável, pois em Boa
Vista, no extremo norte da Bacia Amazônica, a altitude é de 85
metros; altitude que se repete no extremo sul, em Porto Velho,
distante cerca de 1.686 km. Em Cuiabá, o centro geográfico da
América do Sul e divisor de águas das bacias do Amazonas e do
Prata, distante 1.456 km de Porto Velho, a altitude é de apenas
176m. De Cuiabá para o Sul, a cota é descendente, pois a região
a ser percorrida até Buenos Aires situa-se na Bacia do Rio da
Prata.
Não bastassem esses fatores extremamente importantes
para o traçado da ferrovia – fato notado por Dom Bosco: “Não
só as cordilheiras, mas também as cadeias de montanhas isoladas
naquelas planuras intermináveis eram por mim contempladas
(o brasil?)” –, acresce ainda que, em ambas as extremidades, ela
faz junção com os dois maiores oceanos do globo, o Atlântico
35

A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind35 35

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e o Pacífico. No extremo sul, esses oceanos estão ligados pelo
Estreito de Magalhães, onde se localiza Punta Arenas. No extremo
norte, em território colombiano, está projetada a construção de
um canal para ligar esses dois oceanos ao nível do mar. O valor
estratégico combinado desses fatores, o Estreito de Magalhães,
o Canal Colombiano e a Ferrovia de Dom Bosco, faz crer que
realmente esta ferrovia transcontinental, que supera a famosa
Transiberiana com seus 9.000 km (de Moscou a Vladivostok),
é de inspiração divina e foi concebida para colocar os países da
América do Sul num plano superior no concerto das nações, e
protegê-los de ameaças externas, como a Quarta Frota americana,
reativada para patrulhar as águas latino-americanas, tornando-as
inseguras ao tráfico marítimo.
Kilometragens (Aproximadas)
Cartagena/Fronteira Colômbia-Venezuela..........................300 km
Fronteira Colômbia-Venezuela/Caracas..............................800 km
Caracas/Fronteira Venezuela-Brasil....................................200 km
Fronteira Venezuela-Brasil/Boa Vista-RR......................... 220 km
Boa Vista/Manaus-AM.........................................................785 km
Manaus/Porto Velho-RO......................................................901 km
Porto Velho/Cuiabá-MT....................................................1.456 km
Cuiabá/Campo Grande-MS.................................................694 km
Campo Grande/Ponta Porã-MS (Fronteira com o
Paraguai)...............................................................................336 km
Ponta Porã (Fronteira com o Paraguai)/Assunção.............340 km
Assunção/Buenos Aires.....................................................1.345 km
Buenos Aires/Punta Arenas............................................. 2.400 km
RESUMO
Colômbia...............................................................................300 km
Venezuela............................................................................2.000 km
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Brasil...................................................................................4.392 km
Paraguai.................................................................................340 km
Argentina...........................................................................3.620 km
Chile......................................................................................125 km
Total................................................................................. 10.777 km

A Via Leste
A Via Leste, pelo que disse o jovem guia de Dom Bosco, faz
parte do mesmo plano superior: “Note Bem! Observe! Viajaremos
ao longo da cordilheira. O sr. tem estrada aberta também para
leste, até o mar. É outro dom de N. Senhor”. Para seguir para
o mar, rumo ao leste, percorrendo em sua maior extensão esse
“outro dom de N. Senhor”, o ponto de partida situa-se em Porto
Velho, em Rondônia, a cidade mais a oeste do eixo central, e o
ponto final na cidade portuária do Recife, em Pernambuco, no
extremo leste do continente. Este trajeto, praticamente em linha
reta, tem cerca de 3.200 km e a topografia também é favorável,
pois em Palmas, capital do Estado do Tocantins, situada a meio
caminho desses pontos extremos, a altitude gira em torno de
200m. A distância Porto Velho-Palmas é de aproximadamente
1.700 km e de Palmas a Recife cerca de 1.500 km. Alem disso,
Palmas esta situada no eixo da Ferrovia Norte-Sul, a qual com
seus 1.550 km, quando prontos, ligará os Estados do Maranhão,
Tocantins e Goiás ao sistema ferroviário sul. No seu extremo
norte, no Estado do Maranhão, a conexão se faz com a Estrada
de Ferro Carajás, que termina no Porto de Itaqui, em São Luís.
A sinergia entre essas três importantes ferrovias e seus terminais
portuários, somada às demandas do agronegócio, serão fatores
determinantes para transformar o Brasil Central e o Nordeste,
em regiões privilegiadas para produzirem alimentos para um
mundo faminto. Como disse o guia de Dom Bosco: “É outro
dom de N. Senhor”.
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A Variante “A”
A Variante “A” é uma alternativa que possibilitará incluir
a Bolívia e norte da Argentina na área de influência da Ferrovia
de Dom Bosco. Essa ligação poderá ser feita a partir da cidade
de Porto Velho, no estado de Rondônia, onde tem início a Via
Leste, seguindo um traçado que cortará de norte a sul a região
sub-andina da Bolívia, sua nova fronteira agrícola, passando
por Santa Cruz de la Sierra até atingir a cidade Argentina de
Salta, onde fará ligação com o sistema ferroviário desse país que
demanda a Buenos Aires. É uma variante importante, pois de
Porto Velho a Santa Cruz são cerca de 1.000 km, e desta cidade
até a divisa com a Argentina outros 600 km. Desta divisa até
Salta, deve-se acrescentar 300 km e, a partir daí, até Buenos
Aires, mais 1.800 km. No total são 3.700 km, sendo 1.900 km de
novas ferrovias (625 km no Brasil, 975 km na Bolívia e 300 km na
Argentina). Como fator adicional para valorizar a Variante “A”,
deve-se ressaltar que, em Santa Cruz de la Sierra, essa variante
fará junção com a ferrovia que, partindo desta cidade, liga o leste
boliviano ao sistema ferroviário brasileiro, em Corumbá, no
Estado de Mato Grosso do Sul, e com o Eixo Central, em Campo
Grande, no mesmo Estado. O percurso total até este ponto é de
1.000 km, sendo 625 km na Bolívia e 375 km no Brasil.

A Variante “B”
A Variante “B” é uma via que já está pronta. Formada
pelo sistema ferroviário brasileiro, ela parte de Campo Grande,
no Estado de Mato Grosso do Sul, rumo ao sul, atravessando os
estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do
Sul até atingir a fronteira com a Argentina, em Uruguiana/Passo
de los Libres, num percurso de 2.832 km. Desta cidade, onde se
conecta com o sistema ferroviário argentino, segue para Buenos
Aires cumprindo um trajeto de aproximadamente 900 km. A
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partir de Campo Grande, portanto, a Ferrovia de Dom Bosco
bifurca-se, seguindo o Eixo Central para Assunção e Buenos
Aires num percurso de 2.021 km, e a variante “B” pelo sistema
ferroviário brasileiro/argentino até atingir o mesmo destino,
totalizando cerca de 3.732 km, onde voltam a se encontrar
para prosseguir numa só via até Punta Arenas, no Chile. Um
ramal adicional, com cerca de 890 km, ligando Porto Alegre a
Montevidéu, colocará também o Uruguai no roteiro da Ferrovia
de Dom Bosco, aumentando ainda mais o poder de integração
continental desta ferrovia e fortalecendo os laços econômicos do
Mercosul.
Kilometragens (Aproximadas)
Campo Grande/São Paulo.................................................1.014 km
São Paulo/Curitiba............................................................... 408 km
Curitiba/Florianópolis........................................................ 300 km
Florianópolis/Porto Alegre................................................. 476 km
Porto Alegre/Uruguaiana.................................................... 634 km
Uruguaiana/Passo de los Libres/Buenos Aires................. 900 km
Porto Alegre/Montevidéu................................................... 890 km

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EDUCAÇÃO: O CALCANHAR-DE-AQUILES DA
SOCIEDADE BRASILEIRA
Introdução
A história registra um impasse – a lenda do Nó Górdio
– que retrata a situação da educação pública no Brasil, que patina
na mediocridade por falta de uma decisão corajosa do governo
federal para mudar o quadro estabelecido e implantar a Escola
Pública de Tempo Integral.
Segundo a Enciclopédia Delta Larousse,
na mitologia grega, tornada universal no mundo romano, a vida
era o fio que Cloto fiava, Láquesis dobava e Átropo cortava.
No fio da vida o nó representa a interrupção, o obstáculo. (...)
Foi no templo de Zeus, localizado em Górdios, às margens
do rio Sangário, que Alexandre cortou com golpe de espada o
“nó gordio”, do qual dizia um oráculo que quem o desatasse se
tornaria o senhor da Ásia.

O jornalista Mário Fontana, em sua coluna no Jornal
Estado de Minas (4/4/2001, p.1), esclarece essa questão:
A história é a seguinte. No ano 333 antes de Cristo, Alexandre, o
Grande, na sua marcha para o Oriente, chega à cidade de Gordium,
na Anatólia, capital da Frigia. Lá o rei Midas lhe apresenta o
carro de guerra do rei Gordius (pai de Midas), em que havia uma
lança presa no carro por um nó que ninguém conseguia desatar:
o nó górdio. Dizia a profecia que quem conseguisse desatar o nó
conquistaria a Ásia. Alexandre tenta por diversas vezes desatar o
nó, mas não consegue. Vendo que esta tarefa impossível, arranca
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de sua espada e corta o nó ao meio, dizendo: Está desatado. E
parte em conquista da Ásia.

São muitos os “nós” que mantêm o Brasil atado à miséria
e à opressão e identifica-los e “desatá-los” é tarefa de todos os
brasileiros que querem construir um país mais justo e fraterno,
principalmente os políticos e governantes que foram eleitos
para isso. O mais importante desses “nós”, que “amarra” o
desenvolvimento econômico e social do País, é a Escola Pública
de Tempo Integral, um nó que, se desatado, acabará de vez com
a pilantropia praticada pela elite, ONGs, pessoas inescrupulosas,
e toda sorte de expedientes caritativos voltados para a infância e
juventude carentes.
Essa postura assistencialista e hipócrita, que no passado era
financiada por eventos beneficentes patrocinados pelas socialites,
como bingos e jantares, e que tinha um caráter meramente
social, agora virou um negócio empresarial bastante rentável,
verdadeiramente uma festa, pois descobriram uma fonte
inesgotável para financiá-lo, o dinheiro público, via deduções
do Imposto de Renda. É fazer cortesia com dinheiro alheio
aproveitando da omissão do poder público no cumprimento de
suas obrigações, no caso, a escola pública. Educação é assunto
de Estado, e não uma questão menor a ser tratada por ONGs
e entidades empresariais.
Para denunciar essa situação, escrevi a seguinte carta ao
Presidente Lula:
Belo Horizonte, 9 de agosto de 2008.
Exmo. Sr.
Luiz Inácio Lula da Silva
Presidente da República
Brasília – DF
Prezado Senhor Presidente,
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Pelo 23º ano consecutivo, a Rede Globo de Televisão
realiza seu show marqueteiro-empresarial denominado Criança
Esperança, destinado a arrecadar dinheiro com doações de
seus telespectadores, para financiar projetos assistencialistas
envolvendo crianças carentes de todos os quadrantes do País.
Neste processo, inovador, pois sua participação se limita a faturar
a imagem do bom mocismo, já que tudo é terceirizado, desde
a arrecadação dos recursos financeiros, creditados diretamente
na conta da UNESCO, até a execução dos projetos, a cargo de
ONGs e outras entidades assistencialistas, o que fica claro é
que os responsáveis por esse grupo empresarial não colocam
um tostão sequer em tudo isso, ao contrário dos empresários
norte-americanos que doam suas fortunas para criarem escolas e
universidades de fama mundial, das quais muito se orgulham, e
que contribuem efetivamente para educar a infância e juventude
de seu país.
O objetivo principal dessa campanha da Rede Globo é
sabotar a escola pública, passando a mensagem de que os graves
problemas estruturais do sistema educacional de nosso País
podem ser superados com iniciativas pontuais praticadas à revelia
do Estado, para o que são pinçados, como exemplos, projetos e
realizações pessoais que são mostrados em seus programas para
sensibilizar os brasileiros e motivá-los a fazerem doações, num
estilo que lembra muito o praticado por certas religiões. Este
discurso é enfatizado pelos repórteres da empresa que, graças ao
alcance dessa televisão, principalmente do Jornal Nacional, têm
um poder de convencimento que supera de longe os discursos de
todos os senadores e deputados federais somados.
O efeito dessa postura é que a sociedade brasileira perde
o foco da questão, não atinando para o que realmente resolve a
situação da infância e juventude carentes do País que é a Escola
Pública de Tempo Integral, solução apontada pelos pioneiros
da Escola Nova na década de 30 do século passado, sabotada
pela elite conservadora daquela época, da qual fazia parte o Dr.
Roberto Marinho, como mostra o trabalho em anexo, retirado de
um livro de minha autoria, intitulado A Ferrovia de Dom Bosco
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(p. 55-84), publicado pela Mazza Edições, Belo Horizonte-MG,
em 2007 (2. ed.).
Para melhor avaliar essa iniciativa da Rede Globo, e seu
impacto sobre o ensino público, já que nada mudou no quadro
social do País nos seus 23 anos de existência, o caminho mais
indicado é fazer uma pesquisa comparando o ensino ministrado
nos países do G-7 e do BRIC, e se neles o Programa Criança
Esperança teria cabimento.
Agradecendo a atenção e desejando sucesso ao governo de
V.Exa., subscrevo-me.
Cordialmente,
João Gilberto Parenti Couto

Com cópias para os Exmos.(as) Srs.(as) Senadores(as),
Deputados(as) Federais e Ministros da Educação, Fernando
Haddad, e de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger.

As Causas do Fracasso da Escola Pública
no Brasil
A perenização da miséria no Brasil é fruto de um processo
de exclusão social que tem na educação as raízes mais profundas.
Esta tragédia coletiva é o resultado de um passado escravocrata e
da opção da elite republicana de priorizar as questões econômicas
em detrimento do social. Neste particular é bom lembrar que a
última reforma substancial no ensino brasileiro ocorreu há mais
de sessenta anos, no período revolucionário de Vargas, com a Lei
Capanema, que mudou o ensino no País, como informa Joaquim
Panini (Caminhos Novos na Educação. São Paulo: FTD, 1995, p.
286):
Realmente, até 1940, praticamente qualquer pessoa podia ensinar,
mesmo sem o credenciamento de títulos. O mesmo acontecendo
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com as escolas. Com a lei Capanema, publicada em 1942, – a
primeira grande lei de ensino no Brasil – as coisas mudaram
substancialmente. As escolas e, sobretudo os professores, tiveram
que legalizar sua situação frente às exigências da lei, o magistério
deixou de ser considerado sacerdócio e passou a ser tido somente
como uma profissão, exigindo interesse, aptidão, e habilitação
legal.

Mas, se tão grande avanço ocorreu em 1942, por que a Escola
Pública de Tempo Integral, gestada desde 1932 pelos pioneiros da
Escola Nova, foi abortada? A resposta está na luta surda travada
contra a escola pública pela elite conservadora liderada pelo
clero católico, como mostra o seguinte trecho extraído da obra
Caminhos Novos na Educação (Lima, 1995, p. 161):
Entendeu a AEC – Associação de Educação Católica –, desde
o primeiro momento, que não basta ficar na oposição. Há
necessidade de penetrar e atuar em todos os órgãos do poder.
Fazer ouvir a nossa voz, colaborando, honradamente, com a
independência de opinião, de nossa filosofia e crença.
Nasceram, assim, os chamados “comandos” no legislativo e no
executivo. Era a estratégia que se impunha: estar presente, lá
onde se decidiam as orientações políticas e administrativas do
ensino nacional. Os primeiros comandos tiveram, no Senado,
o catarinense Nereu Ramos. Na Câmara, o deputado gaúcho,
Tarso Dutra. Traço de união entre os comandos, em caráter
permanente, e a diretoria nacional, foi naqueles 20 primeiro
anos, o ex-constituinte de 1934, Dr. Carlos Thompson Flores.
As reuniões eram, geralmente, no palácio São Joaquim, sede do
arcebispado do Rio. Havia também a colaboração da imprensa,
com o conde Pereira Carneiro, no Jornal do Brasil, e o Dr.
Roberto Marinho, em O Globo. Rara era a semana em que não
publicassem algum artigo elaborado na AEC. Outros jornais
como o Diário de Notícias e o Correio da Manhã, colaboraram,
também. A AEC visava formar opinião.
Não houve o mesmo acolhimento, por parte de O Estado de São
Paulo. Às repetidas audiências solicitadas pela AEC, acudia o Dr.
Júlio de Mesquita Filho, declarando, com toda cortesia, que a
linha do jornal era outra. O mentor, naquela época, era o diretor
da Revista Anhembi, Anísio Teixeira, nada favorável à Igreja, e
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ardoroso defensor do ensino estatal. Hoje – como mudam os
tempos! – o Estado está publicando artigos, na nossa linha. O
atual diretor, Júlio de Mesquita Neto, é antigo aluno do colégio
São Luís, de São Paulo.

	 Os fundamentos dessa conspiração contra a escola
pública e a capitulação de Vargas, que trocou os ideais da Escola
Nova pela Lei Capanema, descritos a seguir, foram levantados
de trechos selecionados das seguintes obras: Caminhos novos na
educação, sob a coordenação de Irmã Severina Alves de Lima
(São Paulo: FTD, 1995); Um estudo histórico sobre o catolicismo
militante em Minas, entre 1922 e 1936, de Frei Henrique Cristiano
José Matos (Belo Horizonte: O Lutador, 1990); Introdução à
história da Igreja, de Frei Henrique Cristiano José Matos (Belo
Horizonte: O Lutador, 1997, 5 ed., v. 1 e 2); e Os Templários, de
Piers Paul Read (Rio de Janeiro: Imago, 2001).

Uma Disputa de Poder e Prestígio
O nó górdio que mantém o Brasil atado à miséria e à
ignorância e que o impede de sair do atraso em que se encontra e
realizar suas potencialidades se situa na escola pública. O fracasso
da escola pública no Brasil é o resultado de uma surda disputa
de poder e prestígio entre a Igreja Católica Apostólica Romana
e o Estado brasileiro, tornada manifesta por ocasião da queda
do Império e conseqüente Proclamação da República, quando
então se processou a separação da Igreja do Estado. Essa disputa,
Igreja/Estado, tem suas raízes nos primórdios do Cristianismo,
por obra e graça do Imperador romano Constantino (306-337).
Constantino acreditava que havia chegado ao poder com a
ajuda do Deus dos cristãos. Às vésperas da crucial batalha com o
imperador rival Maxêncio na Ponte Mílvio, junto dos muros de
Roma, fora-lhe dito num sonho (ou possivelmente numa visão)
que pintasse um monograma cristão nos escudos de seus soldados
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com as palavras In hoc signo vinces (Com este sinal vencerás).
(Read, p. 39)
	
Constantino sucessivamente adotou outras medidas
favoráveis aos cristãos, como se quisesse fazer da religião cristã
um instrumento de fortalecimento e unidade do Estado, que
também procurava robustecer por outros meios (reforma da
burocracia civil e dos comandos militares; medidas econômicas
e fiscais; etc.). Em particular, Constantino parece ter visto no
monoteísmo uma forma de legitimar a monarquia: a um só Deus
do universo corresponde um só soberano ou monarca para o
Império. Também a transformação da antiga Bizâncio numa nova
cidade, Constantinopla, inaugurada em 330, pareceu significar o
abandono, por parte do imperador, da Roma pagã e a substituição
por uma nova Capital cristã (Matos, 1997, v. 1, p. 97)
Entre os atos de Constantino em favor da Igreja, podem ser
citados: + A concessão de imunidades ou isenção de obrigações
pessoais para com o Estado (impostos, etc.), tanto para os
sacerdotes pagãos, como para o clero católico. + Reconhecimento
jurídico das decisões episcopais: os bispos podem arbitrar causas
também de pagãos. + Abolição da crucificação e proibição das
lutas de gladiadores, que, no entanto, continuarão ainda por um
século. + Permissão à Igreja de receber heranças e doação de
grandes igrejas ou basílicas (Basílica do Latrão e de São Pedro, em
Roma; Santo Sepulcro, em Jerusalém; Natividade, em Belém...).
+ Reconhecimento do domingo como feriado e progressiva
redução das festas pagãs. (Matos, 1997, v. 1, p.97-98)
A propósito deste período e de imperadores com
Constantino, Constâncio e, mais tarde, Justiniano (527-565),
falou-se em cesaropapismo. O termo é moderno e indica uma teoria
segundo a qual o poder civil e o poder religioso se reuniriam
numa só pessoa, a do imperador, que exerceria conjuntamente as
funções de imperador e de papa. (Matos, 1997, v. 1, p. 102-103)
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A Igreja assumiu mais do que as funções do extinto
Império: era o Império Romano na mente do povo. Ser romano
era ser cristão; ser cristão era ser romano. Depois de Justiniano,
o mundo mediterrâneo passou a considerar a si mesmo não mais
como uma sociedade na qual o cristianismo era apenas a religião
dominante, mas uma sociedade totalmente cristã. Os pagãos
desapareceram nas classes mais elevadas, e mesmo no campo
(...) o não-cristão constatava que era um fora-da-lei num Estado
unificado. Num sentido real e consciente, os bispos da Igreja
Católica assumiram as responsabilidades da classe senatorial
romana: essa foi a hipótese básica por trás da retórica e do
cerimonial do papado medieval. (Read, p. 46)
Por volta de 1300, deu-se um desentendimento entre
o Papa Bonifácio VIII (1294-1303) e o rei Filepe IV, o Belo
(1285-1314), da França. Conflitos semelhantes, surgidos, via
de regra, por motivos de delimitação de poderes, já haviam
ocorrido em épocas anteriores, como conseqüência natural
da fusão de competências entre o poder espiritual e temporal.
Por maiores que tivessem sido os choques, até então uma coisa
ficara incontestável: a união inquebrantável de Igreja e Estado,
sob a dupla autoridade de papa e monarca. A novidade estava
exatamente em não mais se tratar de uma simples questão de
rivalidade, mas de um profundo questionamento sobre a origem
do poder. Felipe sustentava que sua autoridade régia derivava
diretamente de Deus e, conseqüentemente, não se submetia
a nenhuma restrição por parte do Papa. Como monarca, era
inteiramente independente e somente em questões de fé teria de
obedecer ao pontífice. Em outras palavras: o rei subtraiu toda
vida política à direção da Igreja. (Matos, 1997, v.1, p. 286-287)
O ano de 1300 marcou o ponto alto do pontificado de
Bonifácio VIII e na época pareceu o auge das reivindicações
pontifícias à jurisdição universal. (...) O papa Bonifácio,
exultante, apareceu diante dos peregrinos sentado no trono de
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Constantino, segurando espada, coroa e cetro e gritando: Eu sou
César!. (Read, p. 276-277)
A morte de Bonifácio não pôs fim ao conflito entre o Papa
e a França. (...) Finalmente, a escolha recaiu sobre Clemente V
(1305-1314), arcebispo de Bordéus. Este se mantivera neutro
na luta partidária, sendo figura bem vista por Felipe. Não foi
uma eleição muito feliz. A fim de restabelecer a paz o mais breve
possível, fez grandes concessões a Felipe, que não seriam benéficas
para a Igreja. Apoiou um processo contra a Ordem dos Templários,
que o rei queria aniquilar, provavelmente para se apoderar de
suas riquezas. O processo realizou-se de forma completamente
arbitrária e as atitudes autocráticas de Felipe provam que o
prestígio do Papa diminuíra notavelmente. Embora as acusações
feitas não fossem comprovadas, Clemente suspendeu a Instituição
dos Templários (1307). A vontade de Felipe prevaleceu. (Matos,
1997, v. 1, p. 289)
Em Portugal, a Ordem do Templo, com permissão do papa,
tinha sido reorganizada como Ordem de Cristo. Aí, também, era
controlada pelos reis portugueses, que conseguiram instalar
príncipes reais ou outros favoritos como mestres. Seus feitos
mais significativos se deram sob seu mestre, o príncipe Henrique,
nomeado em 1418, o qual usou a riqueza da ordem para financiar
expedições exploratórias à costa da África, ao redor do cabo
da Boa Esperança e por fim à Ásia. No século XVI, o controle
das ordens passou para a Coroa, e, como as sucessivas bulas
papais atenuaram os votos de pobreza, castidade e obediência, a
qualidade de membro transformou-se meramente numa questão
de honra e prestígio. (Read, 338)

A partir da segunda metade do século XV, Espanha e Portugal
assumem, progressivamente, a hegemonia da expansão
colonial européia, sob a égide da incipiente política econômica
do mercantilismo. Dilatar a fé e o império, impor-se pela cruz e
espada, são diferentes maneiras de exprimir a implantação dos
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impérios ibéricos, ao mesmo tempo mercantis e salvacionista.
(Matos, 1997, v. 2, p. 89-90)
Na Península Ibérica existia a mentalidade, amplamente
difundida, segundo a qual Portugal e Espanha foram escolhidos
por Deus para difundir a fé cristã nas novas terras já descobertas
ou a serem conhecidas. Trata-se de um messianismo que ressoa,
inclusive, nas obras de Las Casas quando afirma que Deus havia
eleito o povo espanhol como ministro da fé (As vinte razões).
Também Antônio Vieira SJ [1608-1697] se faz porta-voz dessa
convicção, afirmando que nesses tempos surge um novo império,
o reino de Cristo na terra, governado pelo Papa (poder espiritual)
e pelo rei de Portugal (poder temporal). (MATOS, 1997, v.2,
p.95/97)
Cinco séculos de luta contra os Mouros na Península
Ibérica [c.750-1492], movimento conhecido como Reconquista
Cristã, inculcou nos ibéricos um espírito de cruzada: usar a força
das armas como meio legítimo na defesa da fé! Imbuídos desta
mesma mentalidade os conquistadores declaram justa a guerra,
caso os indígenas negarem a aceitar pacificamente a fé. O grito crê
ou morre dos cruzados medievais recebe aqui uma nova aplicação.
(Matos, 1997, v. 2, p. 97)
Quanto à implantação da Igreja-Instituição e à organização
eclesiástica, constatamos que em 1511 foram criadas as três
primeiras sedes episcopais, entre elas a de Santo Domingo
(arquidiocese em 1546). A Igreja no Brasil dependia inicialmente
do Bispado de Funchal, nas Ilhas Açores. Em 1551 erigiu-se a
diocese de São Salvador da Bahia. De 1551 a 1676 houve um só
bispo para toda a América portuguesa e somente em 1707, com
as Constituições Primeiras do Arcebispo da Bahia, é que surge uma
estrutura eclesiástica mais definida. (Matos, 1997, v. 2, p. 95)
Através de sucessivas concessões pontifícias que confiavam
aos monarcas ibéricos o cuidado da Igreja em terras ultramarinas,
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por eles descobertas e conquistadas, a evangelização da América
Latina estava, de fato, nas mãos da Coroa, e, conseqüentemente,
era integrada ao projeto colonial de dominação. Eram, de fato, os
reis de Espanha e Portugal que enviavam os missionários e que
tinham o direito de receber os dízimos, para financiar a catequese
e o culto. Pertencia-lhes, igualmente, a faculdade de criar novas
dioceses, nomear bispos e outros dignitários eclesiásticos. Toda
a comunicação com Roma era sujeita ao controle do monarca.
O funcionamento do padroado foi, igualmente, bem além
da legislação escrita e o poder colonial chegou a dominar por
completo a instituição eclesiástica, cerceando, de forma abusiva,
sua vida interna e seus representantes, entre eles particularmente
as Ordens Religiosas. Um dos aspectos práticos do padroado era
que ninguém podia tornar-se cristão sem, ao mesmo tempo, passar
a ser súdito do rei da Espanha ou de Portugal. Efetivamente,
expansão imperialista e conversão cristã caminhavam de mãos
dadas! (Matos, 1997, v. 2, p. 100)

O Poder da Igreja no Brasil
A colônia portuguesa nas Américas segue um itinerário
sui generis. A 7 de setembro de 1822 um príncipe da casa real
portuguesa, Dom Pedro I, rompe os laços políticos com a
Metrópole, tornando o Brasil um país independente. É instituído
o regime monárquico e proclamado o Império do Brasil, com
constituição outorgada em 24 de fevereiro de 1824, na qual
a religião católica é declarada oficial (artigo 5º) e o Imperador
considerado o protetor natural da Igreja, com todas as prerrogativas
do antigo Padroado luso (artigo 102). (Matos, 1997, v. 2, p. 119)
No Brasil verificamos, no período em questão, vários
choques entre o poder imperial e a Igreja por causa do regalismo.
Após o posicionamento das autoridades políticas em relação ao
direito inalienável do padroado, ora transferido naturalmente para
a pessoa do Imperador (1827), e o episódio de quase ruptura
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com Roma (1833) devido às atitudes de Diogo Antônio Feijó
(1784-1843), as tensões entre a Igreja e Estado não cessam.
Assim, em 1855 é proibida a admissão de noviços às antigas
Ordens Religiosas do Império, medida que provoca uma
drástica diminuição numérica desses institutos, levando-os à
beira da extinção em fins do período monárquico. Famosa foi a
Questão Religiosa (1872-1875), ligada à infiltração maçônica em
irmandades de Belém e Olinda, cidades que viram seus bispos
aprisionados e condenados a trabalhos forçados. (Matos, 1997,
v. 2, p. 123)
Proclamada a República, em 15 de novembro de 1889, logo
aos 7 de janeiro de 1890, o Governo Provisório publicou o Decreto
da separação da Igreja e do Estado. Antes de chegar à publicação
desse revolucionário Estatuto, de tão decisiva importância sóciopolítica, houve várias tentativas de impedi-lo ou, pelo menos,
amenizar suas conseqüências. Os líderes católicos continuavam a
defender em tese o ideal de união entre Igreja e Estado, aceitando
a separação como situação de fato, após a promulgação do Decreto
nr. 119-A, de 7 de janeiro de 1890. Obviamente ninguém desejava
um simples retorno à política imperial referente à Igreja, aquela
falsa união e escravizamento, aquele regime de privilégios e subsídios
com que se mascarava a opressão (Pe. Júlio Maria, CSSR), mas seria
inaceitável confundir a separação com a hostilidade ou com a
indiferença. (Matos, 1990, p.12)
Não se pode negar que o documento de 7-1-1890 é sereno,
discreto e preciso; não contém excessos e nem esconde ódios.
Não deixa de ser a carta de alforria do catolicismo no Brasil,
abolindo no art. 4º o padroado com todas as suas instituições,
recursos e prerrogativas; proibindo no art. 1º ao governo federal
leis, regulamentos ou atos administrativos sobre a religião;
declarando no art. 2º o direito de todas as confissões religiosas ao
exercício de seu culto, sem obstáculos aos seus atos particulares
ou públicos; assegurando no art. 3º a liberdade religiosa, não só
aos indivíduos isoladamente considerados, mas ainda às Igrejas
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que os unem numa mesma comunhão; estabelecendo no art.
5º a personalidade jurídica para todas as Igrejas e comunhões
religiosas, e mantendo a cada uma o domínio de seus bens.
(Matos, 1990, p.13)

Os Sabotadores da Escola Pública
Apesar das intervenções e apelos da Hierarquia católica, a
Constituição republicana de 24 de fevereiro de 1891, adotou uma
filosofia a-religiosa e nitidamente laicista, eliminando – como
vimos – a evocação do nome de Deus na Carta Magna, proibindo
o ensino religioso nas escolas públicas e não reconhecendo o
matrimônio religioso para efeitos civis. Essa mesma política de
laicização do Estado, no entanto, não foi seguida pelo Congresso
Constituinte de Minas Gerais que, no dia 15 de junho de 1891,
decretou e promulgou a Constituição Mineira em nome de Deus
Todo Poderoso. Comenta Mons. Carlos de Vasconcellos, no seu
discurso de instalação do 1º Congresso Catequístico Brasileiro de
1928: Minas repudiava assim a apostasia oficial da Constituição atéia
da República Brasileira, inspirada pelo positivismo. Se esta não foi
ainda batizada, como dizia Júlio Maria, e conserva o pecado original
de apostasia, o Estado de Minas, desde o berço, recebeu ao menos a
graça do batismo de desejo! (Matos, 1990, p.16)
Apesar da separação oficial de Igreja e Estado no Brasil,
consagrada pelo Decreto 119-A, de 7 de janeiro de 1890, e
incorporada na constituição de 1891, assistimos, na Primeira
República, a um curioso processo de reaproximação dos dois
poderes. A Igreja não se conforma com uma posição secundária
na vida nacional, apelando aos sentimentos religiosos da absoluta
maioria da população. Já nos primeiros anos da República os
bispos mostram claramente que não aceitam a opinião que entre
a Igreja e o Estado deve ter pouco ou quase nenhum contato,
nenhuma cooperação, em suma, legalmente têm que se ignorar
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mutuamente. Independência não quer dizer separação, afirma o
Episcopado em sua Carta Pastoral de 1890. (Matos, 1990, p. 45)
O processo de reaproximação entre a Igreja e Estado, nas
primeiras quatro décadas do regime republicano, não é retilíneo
e conhece um vai-e-vem, que revela os interesses em jogo naquela
etapa histórica. (...) Em 1905 o Brasil foi agraciado com o primeiro
cardinalato da América Latina, na pessoa de Dom Joaquim
Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti (1897-1930), arcebispo do
Rio de Janeiro. (...) Em 1919 a representação diplomática junto
à Santa Sé foi elevada à categoria de Embaixada, enquanto, no
Brasil, a Nunciatura recebeu o status de primeira classe. (...) Em
maio de 1924 foi celebrado, com grandes festividades, o jubileu de
ouro sacerdotal do Cardeal Arcoverde. Além da impressionante
Missa Campal, especialmente organizada pelos nossos militares,
em que tomaram parte mais de dez mil soldados de terra e
mar e a comunhão dos intelectuais, quando das mãos de S. Ex.
Rvdma., o Snr. D. Sebastião Leme, mais de 500 homens de letras,
professores, cientistas, acadêmicos, artistas, etc. receberam
a Sagrada Comunhão, o que mais chamou a atenção foi o fato
de o governo da República ter tomado parte conspícua nessas
festividades. No dia 4 de maio de 1924, compareceu ao Palácio São
Joaquim, no Rio de Janeiro, o próprio Presidente da República,
Dr. Arthur Bernardes (1922-1926), acompanhado do Sr. Dr.
Estácio Coimbra, vice-presidente, das casas civil e militar e de
todo o Ministério, para homenagear o purpurado. Era a primeira
vez, depois da separação da Igreja e do Estado, que uma autoridade
eclesiástica recebia tais honras por parte do Chefe da Nação. Houve
20 minutos de conversação amistosa. Trocaram-se discursos e
foram tiradas fotografias, em que, ao lado do Cardeal e de outros
prelados, aparecem o Presidente da República e seu séqüito. Uma
hora depois, Dom Arcoverde e todos os Bispos presentes foram
agradecer a distinção do Governo Brasileiro. À saudação de Dom
Joaquim Silvério de Souza (1905-1933), Arcebispo de Diamantina,
respondeu o Presidente com um discurso que foi uma verdadeira
apologia da ação da Igreja Católica no Brasil. Mas o ponto alto
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constituiu, sem dúvida, do banquete no Itamarati, oferecido à
noite daquele dia 4 de maio, pelo Chanceler Félix Pacheco. Ainda
muitos anos depois, este evento será lembrado pela imprensa
católica como um manifesto congraçamento da República com a
consciência católica da universidade dos brasileiros. Fala-se, na
ocasião, de um verdadeiro batismo da República no Brasil. (Matos,
1990, p. 47-49)
A proclamação da República, em novembro de 1889,
trouxe como conseqüência a abolição do Padroado, deixando o
catolicismo de ser religião oficial do estado. À semelhança do
que já vinha ocorrendo na Europa, a constituição republicana
decretou a implantação do estado leigo, com as respectivas
conseqüências na área da família e da educação.
Com a mesma força de repúdio à laicizaçao do Estado
e ao casamento civil, os bispos passaram a condenar o ensino
leigo nas escolas. Segundo a hierarquia eclesiástica, a laicização
do ensino era considerada como uma forma prática de ateísmo
e causa de profundos males para o país. Já na reclamação feita
pelo episcopado ao governo provisório, datada de 6 de agosto de
1890, existe uma condenação explícita do ensino leigo; numa
interpretação tendenciosa, afirma-se que o governo havia optado
pelo ateísmo oficial: Que há de ser, dentro de poucos anos, quando as
funestas doutrinas do ateísmo nas escola públicas, houverem produzido
entre nós os deploráveis frutos de dissolução e imoralidade que a
experiência de outros países já deixou tristemente evidenciados?
Nas pastorais coletivas de 1900, na comemoração do 4º
centenário da descoberta do Brasil, os bispos voltam a insistir
nessa mesma posição, extremamente polêmica, com relação ao
ensino leigo: Decretou-se que nossas escolas primárias e superiores
fossem seminários de ateísmo, onde nada se ensinasse de religião, nada
de Deus. Este nome adorável poderão os mestres proferir para o insulto
ou negar; não terão liberdade de infundir na inteligência e no coração
dos alunos conhecimento e amor de Deus criador deles e do universo.
É evidente que os bispos manipulam, em defesa de sua
tese, o próprio texto do decreto, estabelecendo uma equivalência
indébita entre ensino leigo e ensino ateu. O fato de se prescindir,
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A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind54 54

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nas escolas públicas, do ensino da fé católica, de forma alguma
significava que houvesse na mente dos legisladores uma intenção
declarada de promover o ateísmo entre a juventude. O ensino
religioso continuava a ser mantido livremente nas escolas
confessionais das diferentes denominações religiosas.
Apesar do clamor do episcopado, o governo republicano
deixava plena liberdade para que a instituição eclesiástica se
expandisse e se fortalecesse nesse período, o que não ocorria na
época imperial. A convite dos bispos e, sob o estímulo da Santa
Sé, inúmeros institutos religiosos europeus se estabeleceram no
país nas primeiras décadas do regime republicano.
A celebração do concílio plenário latino-americano, em
Roma, em 1898, permitiu que a cúria romana confirmasse de forma
definitiva seu domínio sobre as Igrejas oriundas do colonialismo
ibérico. O concílio foi elaborado e conduzido pelos peritos da
Santa Sé, cabendo aos prelados apenas ratificar as diretrizes
romanas. Um dos pontos mais enfatizados, pelo concílio, era a
necessidade de promoção das escolas católicas, como forma de
se contrapor à perspectiva leiga dos estados modernos. A fim de
levar avante esse projeto, recomendava-se que os prelados latinoamericanos continuassem a obter a colaboração de religiosos da
Europa.
O tema escola católica passou a constituir um enfoque
importante da conferência dos bispos do centro-sul do país,
reunidos em São Paulo, em 1910.
A escola pública, desprovida do seu caráter sacral, era
condenada explicitamente pelos membros da hierarquia
eclesiástica, afirmando que a Igreja Católica “detesta e condena
as escolas neutras, mistas e leigas, em que se suprime todo o
ensino da doutrina cristã”. E acrescentavam em seguida, fiéis às
orientações do concílio latino-americano: “Esforcem-se, portanto,
os reverendos párocos, pregadores e catequistas, por dissuadir aos pais
de família, que não poderão prestar pior serviço aos filhos, à pátria e ao
catolicismo, que colocar seus filhos em tais escolas, expostos a perigos
tão grandes”.
55

A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind55 55

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O contraponto era a necessidade de escolas de confissão
católica. O clero diocesano foi incentivado a que patrocinasse
essas fundações, no âmbito de suas paróquias: “Nas circunstâncias
em que se acha a Igreja diante do ensino leigo, é de necessidade
inadiável que em todas as paróquias, haja escolas primárias católicas,
a que chamam paroquiais, nas quais a mocidade nascente encontre o
pasto espiritual da doutrina cristã, e de outros conhecimentos para a
vida prática. Ordenamos, portanto, aos reverendos párocos que envidem
todos os esforços para fundá-las o quanto antes, onde as não houver;
e não descansem, enquanto não conseguirem, por si ou por outrem, a
realização deste ideal, em suas paróquias, custe o que custar”.
A finalidade básica da escola paroquial era oferecer aos
meninos uma instrução elementar que lhes permitisse assimilar
melhor os conceitos da doutrina católica, preparando-se assim de
forma adequada para a recepção dos sacramentos da penitência e
da eucaristia. Foi, sobretudo, nas regiões de imigração européia
no sul do país onde esse apelo foi atendido de forma mais plena.
Instalados no Rio Grande do Sul, em 1900, os Irmãos
maristas tornaram-se valiosos colaboradores dos parácos na
promoção das escolas católicas. Em Santa Catarina foi fundada
em 1913 a congregação das Irmãs Catequistas Franciscanas cuja
finalidade específica era o magistério nas escolas paroquiais.
Não obstante, na medida em que se ampliava a rede escolar
pública, muitas famílias católicas passaram a optar por ela pelo
aspecto da gratuidade, tanto mais que freqüentemente eram os
mesmos professores que lecionavam tanto nas escolas municipais
como nas escolas paroquiais.
Nesse período, intensificou-se no país o ensino secundário,
e os religiosos passaram a ocupar lugar significativo nessa área,
com a fundação dos colégios, nas diversas regiões do país.
Três razões principais podem ser indicadas para essa opção
de atividade, dentro da Igreja do Brasil.
Em primeiro lugar, a maioria das congregações européias,
já se dedicavam anteriormente a esse tipo de atividade; o que
fizeram foi simplesmente transplantar para o país métodos e
obras que já haviam dado bons resultados em outras regiões.
56

A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind56 56

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Além disso, a fundação de escolas passou a constituir
o meio principal de prover o sustento econômico das novas
fundações religiosas, sobretudo quando o governo republicano,
recém-instalado no Brasil, se negava a amparar as obras de cunho
religioso.
Por último, a criação das escolas católicas era uma das
grandes metas do episcopado, sobretudo após o decreto de
separação entre a Igreja e Estado. (Lima, p. 30-33)

O Combate à Escola Pública na República Velha
Após a proclamação da República a Igreja iniciou um
movimento de reação contra o novo regime, em vista de seu
caráter leigo; havia ainda muitos prelados e clérigos saudosistas
da época imperial, quando a instituição eclesiástica gozava de
uma série de privilégios, por ser o catolicismo religião.
A legitimação do governo republicano foi promovida,
sobretudo, pelos positivistas, cuja doutrina teve grande aceitação
no exército, através do incentivo ao espírito cívico.
A partir das comemorações do centenário da independência,
registra-se uma mudança de estratégia por parte da Igreja: a
ênfase do discurso eclesiástico passa a ser a união entre fé católica
e pátria brasileira.
Na concepção do episcopado, era necessário recuperar a
influência junto ao poder político. De fato, a partir da década de
20, iniciou-se uma etapa que pode ser designada como Restauração
católica ou neo-Cristandade brasileira. (Lima, p. 37)
Diante desta situação a Igreja procura reforçar seus quadros
internos e também sua organização externa. Excluída da vida
pública, quer aumentar sua influência e prestígio na sociedade
civil, mediante uma atuação mais destacada na educação (com
colégios católicos, geralmente destinados à elite), nas obras sociais,
na imprensa e nas pias associações de leigos. Nesta tarefa recebe
enorme apoio de Congregações religiosas européias que afluem,
57

A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind57 57

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em grande número, ao Continente. Interessante também é o
ingente esforço da hierarquia para conquistar um lugar para a
Igreja na escola pública, com campanhas a favor do ensino religioso
na rede educacional oficial. (Matos, 1997, v. 2, p. 125)
A escola neutra é uma calamidade, um sistema mentiroso,
escrevia Leão XIII. Em face de Cristo, senhores, não há meio
termo; a alternativa é a da estrada de Damasco: ou com Paulo se
o segue ou com Saulo se o persegue. A escola sem Deus é contra
Deus. (Matos, 1990, p. 76)
Na sua Carta Pastoral de 29-3-1912, já escrevera Dom
Silvério Gomes Pimenta, Arcebispo de Mariana: “Escolas
chamadas neutra, ou atéias, são perniciosíssima invenção para
arrancar do coração da infância, e depois da sociedade, a fé e os
sentimentos religiosos. Este nefando empenho se acoberta e se
procura defender com a capa de liberdade de consciência, de
civilização, de progresso, quando na realidade não é senão uma
guerra nutrida contra a fé católica, alvejada principalmente com
tais medidas”. Outros falam da “monstruosidade perversa do
ensino leigo” e do “mais violento vírus que se possa inocular a
uma nação para corrompê-la”. (Matos, 1990, p. 75)
A lição da história nos ensina que o grupo ou partido que tiver
o monopólio da escola, cedo ou tarde, triunfará. É indispensável
que os católicos sinceros e esclarecidos, seguindo um plano
bem traçado, iniciem uma luta sem tréguas contra o princípio
da laicidade do ensino. Urge uma propaganda intensa, ardente,
contra a violação odiosa da vontade popular pela imposição
iníqua – a um povo inteiramente católico! – de um ensino que ele
não quer. O grito de guerra de todo o exército católico deve ser:
Queremos Deus nas escolas! As escolas são nossas, somos nós
que as pagamos e sustentamos, não as queremos sem o ensino
da Religião! Fora o ensino leigo! Para nós, como para nossos
irmãos de crença de todos os países não há escolher o campo de
batalha: só poder ser o da salvação da infância e da mocidade pela
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A Realização das Profecias de Dom Bosco 2003/2063

  • 1. A Realização das Profecias de Dom Bosco 2003/2063 – OS ANOS DECISIVOS A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind1 1 17/02/2009 10:16:25
  • 2. A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind2 2 17/02/2009 10:16:25
  • 3. JOÃO GILBERTO PARENTI COUTO A Realização das Profecias de Dom Bosco 2003/2063 – os anos decisivos A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind3 3 17/02/2009 10:16:28
  • 4. Copyright © 2009 by João Gilberto Parenti Couto Todos os direitos reservados email: jgparenti@hotmail.com Formatação Elizabeth Miranda Revisão: Ana Emília de Carvalho capa: Túlio Oliveira Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei. Couto, João Gilberto Parenti. C 871r A Realização das Profecias de Dom Bosco 2003 / 2063: os anos decisivos / João Gilberto Parenti Couto. – Belo Horizonte: Mazza Edições, 2009. 104 p. ; 21cm. ISBN: 978-85-7160-469-8 Ensaios brasileiros. I. Título. CDD: B869.43 CDU: 821.134.3(81)-4 Mazza Edições Ltda. Rua Bragança, 101 – Bairro Pompéia – Telefax: (31) 3481-0591 30280-410 Belo Horizonte – MG e-mail: edmazza@uai.com.br www.mazzaedicoes.com.br A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind4 4 17/02/2009 10:16:29
  • 5. Sumário Prefácio............................................................................................7 O BRASIL DAS PROFECIAS A Nova Canaã..................................................................................9 Caraíbas – Os Profetas Primitivos..................................................9 São Brandão – O Profeta do “Achamento”..................................10 Os Portugueses – Os Descobridores do Paraíso..........................11 A Aliança Renovada......................................................................12 AS PROFECIAS DE DOM BOSCO Introdução.....................................................................................15 Um Sonho de Dom Bosco............................................................16 Dom Bosco Sonhou Brasília?.......................................................19 Outras Profecias Sobre Brasília....................................................24 A Realização das Profecias............................................................25 2003/2063 – OS ANOS DECISIVOS A Geração Excluída (1823/1883)..................................................28 A Primeira Geração (1883/1943)..................................................28 A Segunda Geração (1943/2003)..................................................29 A Terceira Geração (2003/2063)...................................................29 A FERROVIA TRANSCONTINENTAL DOM BOSCO O Eixo Central...............................................................................35 A Via Leste.....................................................................................37 A Variante “A”................................................................................38 A Variante “B”...............................................................................38 EDUCAÇÃO: O CALCANHAR-DE-AQUILES DA SOCIEDADE BRASILEIRA Introdução.....................................................................................40 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind5 5 17/02/2009 10:16:29
  • 6. As Causas do Fracasso da Escola Públicano Brasil....................43 Uma Disputa de Poder e Prestígio...............................................45 O Poder da Igreja no Brasil...........................................................50 Os Sabotadores da Escola Pública...............................................52 O Combate à Escola Pública na República Velha.......................57 A Criação da Rede Particular de Ensino.....................................60 O Advento da Revolução de 30....................................................62 A Escola Pública de Tempo Integral............................................64 Um Projeto Nacional.....................................................................65 Carta ao Ministro Mangabeira Unger..........................................65 Cartas aos Políticos e Governantes...............................................71 Conclusão......................................................................................81 Posfácio..........................................................................................88 Os Novos Tempos......................................................................96 A Síndrome do Sapo Fervido..................................................98 Bibliografia..................................................................................100 O Autor.........................................................................................101 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind6 6 17/02/2009 10:16:29
  • 7. PREFÁCIO As profecias de Dom Bosco são interpretadas nesta obra à luz de nossa história, revelando que os anos de 2003/2063 serão decisivos para o Brasil e a América do Sul, quando este continente se transformará numa terra prometida onde mana leite e mel. Esse presságio alvissareiro é confirmado por outras profecias sobre a Terra Brasilis, assunto abordado no primeiro capítulo, O Brasil das Profecias. No capítulo seguinte, As profecias de Dom Bosco, o sonho visionário desse santo é analisado com base nos dados disponíveis em publicações diversas, principalmente no trabalho do Padre José de Vasconcellos, O Centenário de um sonho, publicado no Boletim Salesiano, em 1983. No terceiro capítulo, 2003/2063 – Os Anos Decisivos, as profecias de Dom Bosco são decodificadas, revelando os segredos confiados a esse santo por um emissário divino que o guiou em seu sonho premonitório. Essa interpretação foi divulgada pela primeira vez em 2006 em um livro de minha autoria, intitulado A Ferrovia de Dom Bosco, publicado pela Mazza Edições, de Belo Horizonte, MG (primeira edição). No quarto capítulo, A Ferrovia Transcontinental Dom Bosco, são feitas algumas considerações sobre possíveis traçados dessa ferrovia e as implicações econômicas, sociais e estratégicas para o Brasil e para a América do Sul. No quinto e último capítulo, Educação – O Calcanhar-deAquiles da sociedade brasileira, o assunto tratado é a educação, objeto da vida e obra de Dom Bosco. Esta abordagem é mais do que uma homenagem a este educador. É um alerta para os A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind7 7 17/02/2009 10:16:29
  • 8. professores e professoras, que devem refletir sobre essa questão e analisar o porquê do fracasso da escola pública em nosso País. Neste particular, a Igreja Católica Apostólica Romana precisa fazer um mea-culpa e procurar corrigir erros do passado, em que pese a contribuição das congregações religiosas como os Salesianos de Dom Bosco. Igual procedimento deve ser adotado pela elite brasileira, que também precisa refletir sobre sua responsabilidade nesse assunto. Quanto aos políticos e governantes da atualidade, o melhor que podem fazer para a educação é trabalharem pela implantação da Escola Pública de Tempo Integral, tornando-a obrigatória e universal para todos os níveis de ensino, isto é, da Pré-Escola ao término do Ensino Médio, e universalizando, também, as creches comunitárias. Com essas medidas, o Brasil deixará a situação vergonhosa em que se encontra, como mostra um estudo da Unesco (Jornal Folha de São Paulo, 25/11/2008, p. C6), segundo o qual apenas o Nepal, o Suriname e doze países africanos têm repetência maior que a brasileira, décimo quinto colocado numa escala que começa com o Burundi, o número 1, e que vai até 150. A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind8 8 17/02/2009 10:16:30
  • 9. O BRASIL DAS PROFECIAS A Nova Canaã O Brasil, se levarmos em conta os fatos ligados à sua história, parece ser um país marcado para ser uma nova Canaã, terra onde mana leite e mel, pois, além da bíblica terra prometida, é o único território cuja ocupação foi precedida de sinais e procurado por povos peregrinos que ansiavam por uma terra abençoada e cuja posse foi assegurada por promessas divinas. No caso da terra de Canaã, este compromisso está no livro do Gênesis (Gn 12, 1-9) e, no que diz respeito à Terra Brasilis, a partilha foi referendada pelo Tratado de Tordesilhas e sacramentada pela bula do Papa Júlio II, investido de poderes celestiais (Mt 16, 1819). Em ambos os casos, os novos posseiros portavam bandeiras que os identificavam, como está registrado no Livro dos Números (Nm 2) e nos anais da história do Brasil. Caraíbas – Os Profetas Primitivos Do livro A Viagem do Descobrimento (Bueno, 1998), extraímos os seguintes trechos, para que tal colocação seja bem compreendida: Os indígenas, com os quais Nicolau Coelho travou o primeiro contato, eram, se saberia mais tarde, da tribo tupiniquim. Pertenciam à grande família Tupi-Guarani que, naquele início do século XVI, ocupava praticamente todo o litoral do Brasil. Os tupiniquins eram cerca de 85 mil e viviam em dois locais A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind9 9 17/02/2009 10:16:30
  • 10. da costa brasileira: no sul da Bahia, da altura de Ilhéus até a foz do rio Doce (já no atual estado do Espírito Santo), e numa estreita faixa entre Santos e Bertioga, no litoral norte de São Paulo. Como os demais tupis-guaranis, tinham chegado às praias do Brasil, movidos não apenas por um impulso nômade, mas por seu envolvimento em uma ampla migração de fundo religioso. Partindo de algum ponto da bacia do rio Paraná, no território hoje ocupado pelo Paraguai (ainda que alguns estudiosos acreditem que o movimento talvez tenha começado na Amazônia), os tupis-guaranis iniciaram uma longa marcha em busca da Terra Sem Males. Liderados por profetas – chamados de Caraíbas –, eles haviam chegado à costa brasileira ao redor do ano 1000 da Era Cristã. (p. 91) São Brandão – O Profeta do “Achamento” A ilha do Brasil, ou ilha de São Brandão, ou ainda Brasil de São Brandão, era uma das inúmeras ilhas que povoam a imaginação e a cartografia européias da Idade Média, desde o alvorecer do século IX. Também chamada de “Hy Brazil”, essa ilha mitológica, “ressonante de sinos sobre o velho mar”, se “afastava” no horizonte sempre que os marujos se aproximavam dela. Era, portanto, uma ilha “movediça”, o que explica o fato de sua localização variar tanto de mapa para mapa. Segundo a lenda, Hy Brazil teria sido descoberta e colonizada por São Brandão, um monge irlandês que partiu da Irlanda para alto-mar no ano de 565. Como São Brandão nascera em 460, ele teria 105 anos quando iniciou sua viagem. O nome “Brazil” provém do celta bress, que deu origem ao verbo inglês to bless (abençoar). Hy Brazil, portanto, significa “Terra Abençoada”. Desde 1351 até pelo menos 1721 o nome Hy Brazil podia ser visto em mapas e globos europeus, sempre indicando uma ilha localizada no oceano Atlântico. Até 1624, expedições ainda eram enviadas à sua procura. (p. 13) 10 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind10 10 17/02/2009 10:16:30
  • 11. Os Portugueses – Os Descobridores do Paraíso Mas para todos os efeitos legais, essa mitológica ilha já havia sido “achada” pelos portugueses em 1500, que a batizaram de “Ilha de Vera Cruz” – Cabral, ao avistá-la, chamara-a de “Terra de Vera Cruz” –, posteriormente rebatizada de “Terra de Santa Cruz”. O duplo nome atribuído à nova terra tem ligação com sua dupla unção batismal, pois a primeira missa foi celebrada numa ilha (Coroa Vermelha), no dia 26 de abril (domingo da Pascoela), e a segunda, no continente no dia 1o de maio. O rito de sagração da nova terra está descrito em detalhes na carta que Pero Vaz de Caminha enviou ao rei de Portugal. Este documento, único na literatura universal, e que todo brasileiro deveria ter uma cópia, representa na verdade a Certidão de Nascimento do Brasil, pois foi lavrada por um funcionário público no desempenho de suas funções. Nela é narrado, passo a passo, tudo o que se passou a partir de 21 de abril, quando se notou os primeiros sinais de terra, as algas chamadas de botelho e rabo-de-asno, até o dia 1o de maio, quando foi celebrada a missa no continente e encerrada a missão do “achamento”. Pelos trechos seguintes, extraídos dessa carta, pode-se notar o quanto o sagrado prevaleceu sobre o profano nesses dias cerimoniosos, quando a deposição de armas e o desarmamento de espíritos assinalaram o encontro pacífico entre povos belicosos, prenunciando assim a vocação brasileira de integrar raças diferentes em um convívio harmonioso, no qual a miscigenação será seu traço mais marcante. A narrativa da segunda missa exemplifica o espírito de paz e confiança mútua, reinantes nesse encontro entre povos de formação e origens diferentes, e da própria humanidade com suas raízes. Na realidade, o que os portugueses descobriam foi o paraíso perdido, ainda intacto e habitado pelos filhos de Adão e Eva sem vestígios da queda; portanto, um convite à miscigenação, a qual foi praticada sem muita hesitação, tornando o Brasil um caso singular na história universal. 11 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind11 11 17/02/2009 10:16:30
  • 12. A Aliança Renovada Narra Caminha (TUFANO, 1999): Plantada a cruz, com as armas e a divisa de Vossa Alteza, que primeiramente lhe pregaram, armaram um altar ao pé dela. Ali disse missa o padre Henrique, a qual foi cantada e oficiada pelos religiosos e sacerdotes. Ali na missa estiveram conosco cerca de cinqüenta ou sessenta deles, que ficaram de joelhos, assim como nós. E quando se chegou ao Evangelho, que nos erguemos todos em pé, com as mãos levantadas, eles se levantaram conosco e alçaram as mãos, ficando assim até que se acabasse; e então tornaram-se a assentar como nós. E quando levantaram a Deus, que nos pusemos de joelhos, eles se puseram todos assim como nós estávamos, com as mãos levantadas e em tal maneira sossegados, que, certifico a Vossa Alteza, nos fez muita devoção. (p.56) Acabada a pregação, como Nicolau Coelho trouxesse muitas cruzes de estanho com crucifixos, que lhe ficaram ainda da outra viagem (alusão à viagem de Vasco da Gama às Índias, em 1498, da qual Nicolau Coelho participara), decidimos colocar uma no pescoço de cada um. Para isso, o padre frei Henrique se assentou ao pé da cruz e ali passou a colocar no pescoço de cada um deles uma cruz atada em um fio, fazendo que primeiro a beijassem e levantassem as mãos. Muitos vieram e foram assim colocadas todas as cruzes, umas quarenta ou cinqüenta. (p.58) Pelo que se deduz dessa cerimônia, não só a nova terra foi consagrada a Deus, mas seus habitantes também o foram, tudo sob um céu onde uma grande cruz presidia esse ritual cheio de significado, a qual, nessa ocasião, fora batizada por Mestre João, o astrônomo da missão, como informa Bueno (1998, p. 105): “De fato, naquela noite, ao observar as estrelas do Hemisfério Sul, Mestre João chamaria sua principal constelação de Cruzeiro do Sul”. Tais acontecimentos indicam também que, tanto o continente como a plataforma continental brasileira foram abençoados em nome de um Deus que presidiu a conquista dos portugueses, congregados que estavam na Ordem de Cristo, sob 12 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind12 12 17/02/2009 10:16:31
  • 13. cujo pavilhão e símbolo tomaram posse da nova terra, em uma ilha (Coroa Vermelha) situada na faixa de Dom Bosco (15/20o S), onde foi celebrada a primeira missa. De acordo com Pero Vaz de Caminha (Tufano, 1999): No domingo da Pascoela, pela manhã, determinou o Capitão de ir ouvir missa e pregação naquele ilhéu. Mandou a todos os capitães que se arranjassem nos batéis e o acompanhassem. E assim foi feito (...) Naquele ilhéu, mandou armar um pavilhão e, dentro dele, um altar muito bem preparado. E ali, na presença de todos, mandou rezar missa, a qual foi rezada pelo padre frei Henrique, em voz entoada, e acompanhada com aquela mesma voz pelos outros padres e sacerdotes. A missa segundo meu parecer, foi ouvida por todos, com muito prazer e devoção. O Capitão estava com a bandeira da Ordem de Cristo, com a qual saiu de Belém. Ela esteve sempre levantada, da parte do Evangelho. (p. 38-39) Contrastando com essa estada tranqüila e a perenidade do símbolo que marcou o nascimento de uma nação predestinada, a constelação do Cruzeiro do Sul, a continuação da viagem dos portugueses ao Oriente foi atribulada e assinalada pela fugaz passagem de um cometa, como informa um dos tripulantes da esquadra cabralina (relação do piloto anônimo): “Aos 12 dias do dito mês de maio, apareceu em nosso trajeto, rumando em direção à Arábia, um cometa com uma cauda muito comprida, que nos acompanhou durante oito ou dez noites”. A simbologia dos eventos que marcaram a rápida passagem (Páscoa) dos portugueses pela Terra Brasilis, que teve início no Bairro de Belém em Lisboa, com um ritual de bênção da bandeira da Ordem de Cristo, e término nas costas brasileiras, após uma travessia que durou toda uma quaresma (Tempo de Penitência – quarenta dias que representam os 40 anos da caminhada dos hebreus pelo deserto), pode ser resumida num ato singelo: a distribuição aos nativos da nova terra das “muitas cruzes de estanho com crucifixos”, portadas por Nicolau Coelho. Se essas cruzes sobraram no Oriente, onde não prosperaram, aqui, ao contrário, foram todas plantadas e produziram abundantes frutos, tornando o Brasil a maior nação cristã do mundo. 13 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind13 13 17/02/2009 10:16:31
  • 14. Concluindo, é bom lembrar que a primeira missa não foi celebrada no continente e sim no seu vestíbulo, o Ilhéu de Coroa Vermelha, onde foi desfraldada a bandeira da Ordem de Cristo, e a segunda, no continente, onde foi plantada a Cruz de Cristo, reproduzindo assim o ritual de sagração da Terra de Canaã, ocorrida por ocasião da viagem dos israelitas pelo deserto (Êxodo) e a parada que aí fizeram para serem purificados, antes de entrarem nessa Terra Prometida. Este ritual está simbolizado nas duas tendas erguidas no deserto (Hb 9, 1-5), onde um vestíbulo, “o Santo” (primeira tenda, onde se encontrava o candelabro), precedia “o Santo dos Santos” (segunda tenda, abrigo da arca da aliança), e repetido com os mesmo detalhes no Templo de Jerusalém e nas igrejas católicas. Esse duplo ritual de sagração se repetiu também por ocasião da construção de Brasília, quando foram celebradas duas missas. A primeira, no “deserto”, a pedido de Bernardo Sayão (vide capitulo seguinte), e a segunda, “oficial”, na inauguração da cidade, a mando do seu construtormor, o Presidente Juscelino Kubitschek. 14 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind14 14 17/02/2009 10:16:31
  • 15. AS PROFECIAS DE DOM BOSCO Introdução Embora mais de um século se tenha passado desde a chegada dos Salesianos ao Brasil e do sonho de Dom Bosco, no qual vaticinou um futuro brilhante para a congregação que fundou e para a terra que os acolheu, a Terra Brasilis, esta secular ordem religiosa ainda não se dignou a brindar o povo brasileiro com uma versão em português do texto integral desse sonho, anotado pelo Padre Lemoyne e corrigido pelo próprio Dom Bosco. Na falta desse texto, e como diz o dito popular – Quem não tem cão caça com gato –, vamos ao gato, no caso, o econômico artigo do Padre José de Vasconcellos, O Centenário de um sonho, publicado no Boletim Salesiano (edição brasileira, ano 33, n.4, jul./ago. 1983, p. 6-11). Neste artigo, com cinco capítulos, o então Diretor do Centro Salesiano de Documentação e Pesquisa, de Barbacena-MG, dedica os três primeiros para analisar esse Sonho no contexto dos Sonhos de Dom Bosco e os últimos para o Sonho propriamente dito. Estes dois capítulos finais – Um sonho de Dom Bosco e Dom Bosco Sonhou Brasília? – estão a seguir reproduzidos na integra com os mesmos títulos. Dom Bosco – João Belchior Bosco – nasceu em Becchi (Castelnuevo d’Asti), norte da Itália, a 16 de agosto de 1815. Fundou a Ordem dos Salesianos (Sociedade Salesianos de Dom Bosco e Filhas de Maria Auxiliadora). Faleceu em Turim, a 31 de janeiro de 1888, aos 72 anos. Foi canonizado em 1o de abril de 1934, pelo Papa Pio XI. 15 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind15 15 17/02/2009 10:16:31
  • 16. Um Sonho de Dom Bosco “Na noite que precede a festa de Santa Rosa de Lima (30 de agosto) tive um sonho”. Assim começa Dom Bosco a narrar um de seus sonhos mais famosos, tido em 1883, um mês e pouco depois da chegada dos primeiros Salesianos ao Brasil. Cecília ROMERO publicou, em 1978, esplêndido estudo sobre “Os Sonhos de Dom Bosco”. Porque se tratava de edição crítica, restringiu-se a estudar somente 10 sonhos, tidos entre 1870 e 1887, porque deles poderia ter à mão versão manuscrita atribuível a Dom Bosco, por dois títulos: ou porque inteiramente redigida de próprio punho, ou porque chegada até nós em manuscritos de outrem, mas cuja revisão final é garantida por apostilas da mão de Dom Bosco. Esse é exatamente o caso do sonho de 30 de agosto: manuscrito do P Lemoyne com correções do próprio punho . de Dom Bosco; e é sobre o texto crítico de Romero que nos basearemos para a tradução de alguns trechos do sonho. Porque é quase impossível publicá-lo aqui na íntegra; ele sozinho ocuparia boa parte deste Boletim Salesiano: são quase dez páginas das Memórias Biográficas, formato 210 x 140 mm, tipo 6 com as linhas não intercaladas (Vol. XVI, p. 385-394). Contou-o Dom Bosco numa reunião do Capítulo Geral da Congregação, no dia 4 de setembro daquele ano. O Pe. Lemoyne, que recolhia as memórias do Santo, transcreveu-o imediatamente e submeteu-o à correção de Dom Bosco. “Percebi que estava dormindo e parecia-me, ao mesmo tempo, correr a toda velocidade, a ponto de me sentir cansado de correr. (...) Enquanto hesitava se se tratava de sonho ou realidade, pareceu-me entrar em um salão, onde se achavam muitas pessoas, falando de assuntos vários”. E o Santo reproduz profusamente o assunto da conversa. “Nesse ínterim, aproxima-se de mim um jovem de seus dezesseis anos, amável e de beleza sobre-humana, todo radiante de viva luz, mais clara que a do sol”. 16 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind16 16 17/02/2009 10:16:31
  • 17. O misterioso guia o acompanhou durante toda a fantástica viagem e se apresenta como amigo seu e dos Salesianos; vem, em nome de Deus, dar-lhe um pouco de trabalho. “Vejamos de que se trata. Que trabalho é este?”. – Sente-se a esta mesa e puxe esta corda. No meio do salão havia uma mesa, sobre a qual estava enrolada uma corda. Vi que a corda estava marcada com linhas e números, como se fôra uma fita métrica. Percebi mais tarde que o salão estava situado na América do Sul, exatamente sobre a linha do Equador, correspondendo os números impressos na corda aos graus geográficos de latitude”. Segue a narração de uma vista de conjunto da América do Sul, esclarecendo o Santo: “Via tudo em conjunto, como em miniatura. Depois, como direi, pude ver tudo em sua real grandeza e extensão. Foram os graus marcados na corda, correspondentes exatamente aos graus geográficos de latitude, que me permitiram gravar na memória os pontos sucessivos que visitei na segunda parte do sonho. Meu jovem amigo continuava: Pois bem, estas montanhas são como balizas, são um limite. Entre elas e o mar está a messe oferecida aos Salesianos. São milhares, são milhões de habitantes que esperam o seu auxílio, aguardam a fé. Aquelas montanhas eram as cordilheiras da América do Sul e o mar o Oceano Atlântico.” Prossegue o sonho mostrando a Dom Bosco como conseguiria guiar tantos povos ao rebanho de Cristo. “Eu ia pensando: mas, para se conseguir isso, vai ser preciso muito tempo. Exclamei, então, em voz alta: não sei o que pensar. Porem, o moço ajuntou, lendo meus pensamentos: – Isto acontecerá antes que passe a segunda geração. – E qual será a segunda geração, perguntei. – A presente não conta. Será uma outra, depois outra. – E quantos anos compreendem cada geração? – Sessenta anos. – E depois? – Quer ver o que sucederá depois? 17 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind17 17 17/02/2009 10:16:32
  • 18. Venha cá. E, sem saber como, encontrei-me numa estação ferroviária. Havia muita gente. Embarcamos. Perguntei onde estávamos. Respondeu o jovem: – Note bem! Observe! Viajaremos ao longo da cordilheira. O sr. tem estrada aberta também para leste, até ao mar. É outro dom de N. Senhor. Assim dizendo, tirou do bolso um mapa, onde vi assinalada a diocese de Cartagena. Era o ponto de partida. Enquanto olhava o mapa, a máquina apitou e o comboio se pôs em movimento. Viajando, meu amigo falava muito, mas nem tudo eu podia entender, por causa do barulho do trem. Aprendi, no entanto, coisas belíssimas e inteiramente novas sobre astronomia, náutica, meteorologia, sobre a fauna, a flora e a topografia daqueles lugares, que ele me explicava com precisão maravilhosa. Ia olhando através das janelas do vagão e descortinava variadas e estupendas regiões. Bosques, montanhas, planícies, rios tão grandes e majestosos que eu não era capaz de os crer assim tão caudalosos, longe que estavam da foz. Por mais de mil milhas, costeamos uma floresta virgem, inexplorada ainda agora. Meus olhos tinham uma potência visual surpreendente, não encontrando óbice que os detivesse de estender-se por todas aquelas regiões. Não só as cordilheiras, mas também as cadeias de montanhas isoladas naquelas planuras intermináveis eram por mim contempladas (o brasil?) [Sic: com ponto de interrogação e com inicial minúscula, no manuscrito original]. Tinha debaixo dos olhos as riquezas incomparáveis deste solo que um dia serão descobertas. Via numerosas minas de metais preciosos, filões inexauríveis de carvão, depósitos de petróleo tão abundantes como nunca se encontraram em outros lugares. Mas não era ainda tudo. Entre o grau 15 e o 20 havia uma enseada bastante longa e bastante larga, que partia de um ponto onde se forma um lago. Disse então uma voz repetidamente: quando se vier cavar as minas escondidas no meio deste montes (desta enseada), aparecerá aqui a terra prometida, que jorra leite e mel. Será uma riqueza inconcebível”. 18 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind18 18 17/02/2009 10:16:32
  • 19. Continua a viagem, ao longo da cordilheira, rumo ao sul; continua a descrição das regiões da bacia do Prata, dos Pampas e da Patagônia, até Punta Arenas e o Estreito de Magalhães. “Eu olhava tudo. Descemos do trem”. Voltando-se para o jovem guia, Dom Bosco lhe diz: “Já vi bastante. Agora leva-me a ver os meus Salesianos da Patagônia. Levou-me. Eu os vi. Eram muitos, mas eu não os conhecia e entre eles não havia nenhum dos meus antigos filhos. Todos me olhavam admirados e eu lhes dizia: “Não me conheceis? Não conheceis Dom Bosco? – Oh Dom Bosco! Nós o conhecemos, mas só de retrato. Pessoalmente, é claro que não. – E D. Fagnano, D. Lasagna, D. Costamagna, onde estão? – Não os conhecemos. São os que para cá vieram em tempos passados, os primeiros Salesianos que vieram da Europa. Mas já morreram há muitos anos! A esta resposta eu pensava cheio de espanto: – Mas isto é um sonho ou uma realidade? E batia as mãos uma contra a outra, tocava os braços, me sacudia todo, e ouvia o barulho das mãos e sentia o meu corpo. Estava nesta agitação quando me pareceu que Quirino tocasse às Ave-Marias da manhã; mas tendo despertado, percebi que eram os sinos da paróquia de São Benigno. O sonho tinha durado a noite toda”. Dom Bosco Sonhou Brasília? Como podemos observar, no que possa aplicar-se a Brasília, o sonho fixa, com clareza pouco freqüente nas chamadas visões imaginárias, três pontos: tempo, lugar, evento anunciado. Só para o terceiro a linguagem é simbólica: a) Tempo Recordemos o diálogo do sonho: – Isto acontecerá antes que passe a segunda geração. – Qual será a segunda geração? – A presente não conta. Será uma outra, depois outra. 19 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind19 19 17/02/2009 10:16:32
  • 20. (E Dom Bosco, querendo ainda mais clareza): – Quantos anos compreendem cada geração? – Sessenta anos. Se a primeira destas gerações começou em 1883, ano do sonho, a segunda teve início sessenta anos depois, em 1943, e se estende até o ano 2003. A construção e consolidação de Brasília estão assim bem dentro do período anunciado: entre 1943 e 2003. b) ������ Lugar Dom Bosco localizou o evento na faixa compreendida pelos paralelos 15 a 20, entre a Cordilheira dos Andes e o Oceano Atlântico. Exatamente onde foi instalada a nova Capital do Brasil. c) Evento anunciado Embora o Leit-motiv do sonho seja o futuro missionário da Congregação na América do Sul, Dom Bosco viu incidentalmente também outras coisas, tanto rios caudalosos e florestas imensas, como minas de ouro, de pedras preciosas, depósitos de petróleo. (Monteiro Lobato, a este respeito, cita o sonho numa de suas obras). Creio, pois, poder afirmar que ele viu, em 1883, o que hoje começamos a ver no Brasil. Reforça a convicção o teor mesmo do texto, embora em estilo simbólico; em nenhum outro ponto da referida faixa continental um acontecimento como a construção de Brasília obteve repercussão maior no progresso e na riqueza de um país. Convém, no entanto, recordar aqui, como elemento para a História, o nascedouro desta interpretação do sonho. Não é devida aos Salesianos, como poderia parecer. No início da construção da nova Capital, quando a proeza parecia estranha e temerária à maioria dos brasileiros, o Dr. Segismundo Mello, Procurador do Estado de Goiás, e residente hoje em Brasília, bateu à porta do Ateneu Dom Bosco de Goiânia com uma dúvida e um pedido: era verdade que Dom Bosco, em sonho, havia antevisto Brasília? Onde obter o texto do sonho? Nenhum salesiano do Ateneu sabia de nada! 20 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind20 20 17/02/2009 10:16:32
  • 21. O fato é menos estranhável do que poderia parecer à primeira vista: a biografia completa de Dom Bosco, com o título de Memorie Biografiche, tem 16.130 páginas e ocupa 19 alentados volumes escritos em italiano; não há tradução portuguesa. Nada de admirar, portanto, se a maior parte dos atuais Salesianos não a tenha lido nunca por inteiro, ou por falta de tempo ou (os das gerações mais novas) por já não dominarem completamente a língua. As pequenas biografias escritas em português não contam senão um ou outro dos sonhos de Dom Bosco. Não este, que é muito grande. Mas o Diretor do Ateneu, P Cleto Caliman, pôs-se a . vasculhar nas Memórias Biográficas e lá encontrou, no vol. XVI, o texto integral do sonho de 1883. Nele, sob a guia de um jovem amigo já falecido, Luiz Colle, Dom Bosco fez a fantástica viagem pela América do Sul, resumida no item 4 deste estudo. Ao verificar que Brasília estava situada justamente entre os paralelos 15 e 20 e que o tempo coincidia com o previsto no sonho, os defensores de Brasília, com o Dr. Segismundo à frente, encheram-se de entusiasmo e de certezas. Bernardo Sayão, um dos pioneiros, logo arranjou ocasião e pretexto para uma Missa, que os salesianos do Ateneu celebraram, sem alarde, no desértico planalto entrevisto no sonho. Foi, na realidade, a primeira Missa de Brasília. Israel Pinheiro que, por intermédio de um tio Padre, Mons. Pinheiro, Cooperador salesiano, tinha velhas afinidades com Dom Bosco, vibrou, e imediatamente comunicou a descoberta ao Presidente Juscelino Kubitschek. Este, dramaticamente necessitado de apoios para sua obra grandiosa, tratou logo de fazer expor na sala principal do Catetinho o trecho do Sonho possivelmente referente a Brasília, emoldurado em quadro que ainda lá se acha e parece ter-se inspirado no texto para a frase famosa que se encontra gravada no seu monumento da Praça dos Três Poderes: “Deste Planalto central...” A fim de colocar sob a proteção do Santo os trabalhos da construção da nova Capital, Israel Pinheiro fez questão de empregar o primeiro ferro e o primeiro cimento chegados ao 21 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind21 21 17/02/2009 10:16:32
  • 22. canteiro de obras na construção de uma ermida votiva a Dom Bosco, desenhada por Niemeyer. Fé-la reproduzir, anos mais tarde, em escala menor, na sua residência oficial de Prefeito de Brasília, a Granja do Ipê. Bom mineiro, quis em seguida conferir, com os próprios olhos, o manuscrito original do sonho, cuja cópia xerox me fez requisitar à Casa Mãe dos Salesianos na Itália. Como conseqüência de tudo isto, a cidade nasceu embalada na certeza de ter sido sonhada por um santo e é por isso que a devoção a Dom Bosco é tão popular entre os brasilienses. Quando, em 1961, chegou a hora de escolher Patrono litúrgico para ela, a Autoridade eclesiástica local, com muito acerto, pensou em Nossa Senhora Aparecida. Mas, por coincidência (ou “elegância da Divina Providência”, como costumava dizer o Papa Pio XI), nesta data, eram ex-alunos salesianos o Presidente da República, Jânio Quadros (ex-aluno do Colégio S. Joaquim, de Lorena, SP), o Prefeito Paulo de Tarso (ex-aluno do Colégio Dom Bosco, do Araxá, MG) e o Presidente da Novacap Randall Espírito Santo Ferreira (ex-aluno do Ginásio Salesiano de Silvânia, GO). Os três ex-alunos, atendendo também a apelo unânime da população em minuta preparada por quem escreve este estudo, firmaram juntos petição à Santa Sé para que S. João Bosco fosse declarado Co-Patrono da Cidade, o que veio a acontecer. Deste modo, no último domingo de agosto, dia festivo mais próximo à data do famoso sonho, os brasilienses, tendo à frente o seu Arcebispo, organizam, todos os anos, piedosa romaria à ermida de Dom Bosco. Em conclusão, se repetirmos a pergunta: “Dom Bosco Sonhou Brasília?”, creio se possa responder: 1. É certo que o Santo, no “sonho” de 1883, pensou no ��������������������������������������������������� Brasil: lá está explicita a alusão, embora em forma interrogativa, no manuscrito do sonho tido pelos entendidos como o mais autêntico. (Há vários outros) 2. É igualmente certo que o lugar e o tempo coincidem ������������������������� plenamente, sem qualquer ginástica exegética, com os da construção de Brasília. 22 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind22 22 17/02/2009 10:16:33
  • 23. 3. Quanto ao evento anunciado (grande riqueza, progresso), estou atento à advertência da lógica escolástica sobre a falácia possível no argumento: “depois disto, logo, por causa disto”: Post hoc, ergo propter hoc. Mas há, inegavelmente, relação de causa e efeito entre a transferência da Capital e o surto de progresso que se deu no País a partir daquela realização, não só na região Centro-Oeste, como seria de esperar, mas no Brasil como um todo. Só não o vêem os que não querem ver; os dados e as estatísticas estão aí, à vista de todos. 4. �������������������������������������������������������� Seria indevido pedir maior clareza e mais especificação num sonho-visão. Manifestações como estas, como as dos profetas da Escritura, são de sua natureza imaginárias, envoltas em expressões ora obscuras, ora simbólicas, que se prestam a mais de uma interpretação. Mas ainda assim, sobre o essencial, como vimos, há mais clareza neste “sonho” do que em geral nas previsões deste tipo. 5. ����������������������������������������������������� Convém ainda não esquecer que Dom Bosco nunca esteve na América, não tinha maiores estudos de Geografia, e que os mapas da época, sobretudo os das regiões extraeuropéias, eram bastante incompletos e vagos. Em tempo: a) Os representantes mais altos da Congregação Salesiana e seus melhores estudiosos jamais se pronunciaram sobre o assunto e a reação de seus Superiores Maiores a este respeito foi sempre de reticência. O escrito acima representa opinião estritamente pessoal. b) Uma advertência aos angustiados com a situação atual do País: – a segunda geração, preanunciada no sonho para o advento de uma era de prosperidade e riqueza, só termina no ano 2003. Até lá... nada se perde em esperar para conferir. 23 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind23 23 17/02/2009 10:16:33
  • 24. Outras Profecias Sobre Brasília Sobre Brasília eis o que diz Eduardo Bueno, em seu livro Brasil: Uma História (BUENO, 2002, p. 352-353): Era uma cidade longamente profetizada. Já em 1883, ela aparece reluzente, nas visões do santo italiano João Bosco. Um século antes, fizera parte dos sonhos libertários dos inconfidentes, fulminados em 1789. Em 1813, o jornalista Hipólito José da Costa, redator do Correio Brasiliense, editado em Londres, deu novo alento à idéia de transferir a capital do Brasil para o interior, “junto às cabeceiras do Rio São Francisco”. No início de 1822 surgiria, em Lisboa, um livreto, redigido nas Cortes, determinando que, “no centro do Brasil, entre as nascentes dos confluentes do Paraguai e do Amazonas fundar-se-á a capital do Brasil, com a denominação de Brasília”. No mesmo ano, após a Independência, José Bonifácio defenderia, na Constituinte, a idéia de erguer a nova capital “na latitude de 15o, em sítio sadio, ameno, fértil e regado por um rio navegável”. Em 1852, o historiador Francisco Adolfo de Varnhagen tornou-se o principal defensor de Brasília e, em 1877 seria o primeiro a viajar ao Planalto Central tentando demarcar o ponto ideal. Achou-o “no triângulo formado pelas lagoas Formosa, Feia e Mestre d’Armas, pelo fato de fluírem para o Amazonas, o São Francisco e o Prata”. Proclamada a República, o artigo 3o da nova Constituição estabeleceu que a capital de fato seria mudada para o Planalto Central. Por isso, em 1892, à frente da recémformada Comissão Exploradora do Planalto Central, o cientista Luís Cruls demarcou “um quadrilátero de 14.400 quilômetros para nele ser erguida a nova cidade”. Em 1922, o presidente Epitácio Pessoa baixou um decreto determinando que no dia 7 de setembro daquele ano (centenário da Independência) fosse assentada a pedra fundamental da nova capital, na cidade de Planaltina (GO), localizada no “quadrilátero Cruls”, hoje perímetro urbano de Brasília. A idéia de transferir a capital para os longínquos descampados do cerrado seria mantida nas constituições de 1934 e de 1946. Mas só começou de fato a sair do papel no dia 4 de abril de 1955, num comício em Jataí (GO), quando o então candidato à Presidência Juscelino Kubitscheck 24 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind24 24 17/02/2009 10:16:33
  • 25. decidiu fazer a mais óbvia das promessas de campanha: jurou que iria “cumprir a Constituição”. Então, como o próprio JK conta no livro Por que construí Brasília, algo de surpreendente aconteceu – e mudou os destinos do Brasil. De acordo com JK, ao final do comício em Jataí, “uma voz forte se impôs” e o interpelou. “O senhor disse que, se eleito, irá cumprir rigorosamente a Constituição. Desejo saber se pretende pôr em prática a mudança da capital federal para o Planalto Central”. JK olhou para a platéia e identificou o interpelante: era um certo Toquinho. Embora considerasse a pergunta embaraçosa e já tivesse seu Plano de Metas pronto, JK respondeu que construiria a nova capital. A partir daí, Brasília virou a “meta-síntese” de seu governo. Ao assumir a Presidência, apresentou o projeto ao Congresso como fato consumado. Em setembro de 1956, foi aprovada a lei nº 2.874 que criou a Cia. Urbanizadora da Nova Capital. As obras se iniciaram em fevereiro de 1957, com apenas 3 mil trabalhadores – batizados de “candangos”. Os arquitetos Oscar Niemeyer e Lúcio Costa foram encarregados de projetar a cidade “futurista”. A Realização das Profecias As visões de Dom Bosco sobre a Terra Brasilis, a exemplo de Brasília, parece que já está se tornando uma realidade, como indicam as descobertas de petróleo e gás natural do pré-sal, e de gás na Bacia do São Francisco, e do maior reservatório de água doce da América do Sul, na Bacia do Paraná, o Aqüífero Guarani. Sobre as ocorrências de gás de petróleo da Bacia do São Francisco, segue abaixo alguns trechos de interessante artigo do ex-Ministro de Minas e Energia, Paulino Cícero de Vasconcelos, publicado no jornal Estado de Minas (4/6/2003, p.9) sob o título O gás do São Francisco, que liga esse fato ao sonho de Dom Bosco: Um dos maiores geólogos do País, Carlos Walter Marinho Campos, que no ano passado recebeu post-mortem, a medalha Eschwege do governo mineiro, foi o homem que levou a 25 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind25 25 17/02/2009 10:16:33
  • 26. Petrobrás para o mar. (...) Quando assumi a Secretaria de Minas do governo Itamar, já aposentado da Petrobrás, Carlos Walter, com minha presença, instalou em Ouro Preto o Núcleo de Engenharia de Petróleo (Nupetro), que somava o notório potencial de duas renomadas instituições: a Escola de Minas, na área de geologia, e a Escola Federal de Engenharia de Itajubá (Efei), em eletricidade e mecânica. Neste dia, com a simplicidade que contrastava os títulos tantos que acumulara no Brasil e no exterior, Carlos Walter me dizia que a bacia hidrográfica do São Francisco pode esconder um oceano de gás. É uma unidade geotectônica proterozóica – dizia-me. Não deve ter óleo, mas certamente conterá muito gás natural de petróleo, exatamente como ocorre na Sibéria e no Mar Amarelo da China, que são, também, bacias proterozóicas, formada a mais de 500 milhões de anos. (...) É rezar para que as coisas se apressem e aconteçam. Aliás, falando em rezar, isso me lembra o jornalista Jorge Faria, como eu, ex-aluno salesiano. Ele diz – e jura – que o verdadeiro sonho visionário de Dom Bosco sobre o Centro-Oeste brasileiro não era Brasília. Era e é o gás do São Francisco. Para completar essas observações, poderíamos acrescentar que, na faixa de Dom Bosco (15o / 20o S) existe outros sítios que se encaixam nas descrições do sonho, como o pantanal mato-grossense e a região andina do lago Titicaca, os quais, se pesquisados, poderão apresentar surpresas agradáveis. Mas é no litoral Atlântico brasileiro que as visões proféticas de Dom Bosco – “Via numerosas minas de metais preciosos, filões inexauríveis de carvão, depósitos de petróleo tão abundantes como nunca se encontraram em outros lugares” – estão se realizando de forma espetacular, como informa o jornalista Antônio Machado, em sua coluna Brasil S/A, no Jornal Estado de Minas (9/11/2007, p. 14): Ontem, a Petrobrás anunciou que os testes finais no campo de Tupi, na Bacia de Santos, comprovaram a existência de reserva explorável de 5 bilhões a 8 bilhões de barris de petróleo de qualidade, além de gás, o que alça o país no ranking dos grandes produtores no mundo. (...) A descoberta faz parte de uma área de 800 quilômetros de extensão por 200 de largura, indo do 26 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind26 26 17/02/2009 10:16:34
  • 27. litoral do Espírito Santo a Santa Catarina, território no qual a Petrobrás começou a mapear sozinha e em associação com sócios (em Tupi, por exemplo, está junto do BG Group, da Inglaterra, dono de 25% da concessão, e da Petrogal/Gap, de Portugal, com 10%). (...) A reserva encontrada em Tupi está a 6 quilômetros de profundidade – com 1,5 a 3 km de lâmina d’água e mais 3 a 4 km de uma espessa camada de sal. Considerando os dados divulgados pelo governo federal, segundo os quais, o chamado Bloco de Tupi faz parte de um conjunto de 41 blocos igualmente promissores, portanto em condições de comportar reservas da ordem de 300 bilhões de barris, e que blocos semelhantes podem ocorrer nas bacias situadas a norte e sul da Bacia de Santos, onde o nível de sal é conhecido, é possível imaginar reservas da ordem de 1 trilhão de barris, o que coloca o Brasil no topo do ranking dos detentores de grandes reservas de petróleo e gás, pois o potencial dessa faixa litorânea, de 800 km de extensão por 200 km de largura, equivale às reservas totais hoje conhecidas em todo o planeta. Isto sem contar os gigantescos domos de sal descobertos na foz do Rio Amazonas, cujo potencial petrolífero ainda não foi pesquisado. Essas descobertas provam que as profecias de Dom Bosco são dignas de fé. E, mais, a localização das reservas de petróleo e gás do pré-sal foram aí colocadas de forma providencial, pois estão protegidas por um oceano, e longe da cobiça de outros países, porem bem próximas do principal centro consumidor do País, a Região Sudeste. Segundo o presidente da Petrobrás, José Sergio Gabrielli, (entrevista ao Jornal Estado de Minas, 18/10/2008, p.16), 85% das reservas da companhia e 80% de suas refinarias estão localizadas nessa região, É uma situação privilegiada, em todos os sentidos, inclusive para montagem de um sistema de defensivo contra quaisquer ameaças externas. 27 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind27 27 17/02/2009 10:16:34
  • 28. 2003/2063 – OS ANOS DECISIVOS “Porém, o moço ajuntou, lendo em meus pensamentos: – Isto acontecerá antes que passe a segunda geração. – E qual será a segunda geração, perguntei. – A presente não conta. Será uma outra, depois outra. – E quantos anos compreendem cada geração? – Sessenta anos. – E depois? – Quer ver o que sucederá depois? Venha cá.” A Geração Excluída (1823/1883) (“A presente não conta”) “A colonização européia, iniciada no período imperial, respondia a uma atitude comum da oligarquia das nações latinoamericanas, alçada ao poder com a independência: sua alienação cultural que a fazia ver sua própria gente com olhos europeus”. (Darcy Ribeiro, O Povo Brasileiro, Companhia das Letras, 1995, p.433) A Primeira Geração (1883/1943) (“Será uma outra”) “Há uma situação de contradição que é: os descendentes de imigrantes que vieram no fim do século, subvencionados, 28 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind28 28 17/02/2009 10:16:34
  • 29. vieram no fundo dos navios, como gado, porque não cabiam na economia da Europa, que enfrentava uma crise de desemprego como a nossa hoje. Nós absorvemos uma dezena de milhões desses imigrantes. Tem muitos que são excelentes, mas outros acreditam que fizeram o Brasil. Eles vieram subsidiados, o Brasil já existia com suas dimensões, já era independente. Eles vieram outro dia, mas tinham uma atitude muito besta e começam alguns problemas quando esses bestinhas, que havia muito em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, começam a falar dos baianos ou dos pernambucanos ou da gente antiga de sua própria região. Então o Brasil está vivendo um momento de tensões que vão dar em diferenças” (Darcy Ribeiro, entrevista para o Jornal do Brasil, 3/11/1996, Cad. B, p,5). A Segunda Geração (1943/2003) (“Depois outra”) “Se a primeira destas gerações começou em 1883, ano do sonho, a segunda teve início sessenta anos depois, em 1943, e se estende até o ano 2003. A construção e consolidação de Brasília estão assim bem dentro do período anunciado: entre 1943 e 2003” ����������������������������� (Padre José de Vasconcellos). A Terceira Geração (2003/2063) (“Quer ver o que sucederá depois? – Venha cá.”) O que se segue ao diálogo que abre este capítulo, está descrito no anterior, mas o que queremos ressaltar com essa análise é o que está acontecendo no presente e o que está para acontecer nos próximos anos. Segundo o Padre José de Vasconcellos, “se a primeira destas gerações começou em 1883, ano do sonho, a segunda teve início sessenta anos depois, em 29 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind29 29 17/02/2009 10:16:34
  • 30. 1943, e se estende até o ano 2003”. Com base nessa interpretação podemos concluir que, quando o jovem guia de Dom Bosco, “de beleza sobre-humana, todo radiante de viva luz, mais clara que a do sol”, diz o que acontecerá depois da segunda geração – “Quer ver o que sucederá depois? – Venha cá.” – ou seja, depois do ano 2003, é que a viagem ferroviária de Dom Bosco, que se segue a esse diálogo, se passa no tempo atual, época da terceira geração (2003/2063), a escolhida para construir essa ferrovia e ocupar o território onde, segundo as profecias, “aparecerá a terra prometida, que jorra leite e mel”. A escolha dessa geração não foi casual, pois, de acordo com a narrativa de Dom Bosco, o emissário divino excluiu uma geração – “a presente não conta” (1823/1883), ou seja, a dos imigrantes que aqui chegaram quando o Brasil já era independente, porém escravocrata. A partir desta geração, Imperial, seguem-se outras três, Republicanas, cada uma com uma missão: a primeira (1883/1943) a de fazer uma revolução para mudar a face escravocrata do Brasil – a Revolução de 30 –; a segunda (1943/2003), a de edificar Brasília e ocupar o CentroOeste; e a terceira (2003/2063), com o encargo de construir a ferrovia profetizada por Dom Bosco e povoar sua rota e a Amazônia, cumprindo assim os desígnios de Deus. Estas privilegiadas gerações já vêm atuando nesse sentido, como demonstra a presença de gaúchos, catarinenses e paranaenses no Centro-Oeste, no Brasil Central, na Amazônia, no Nordeste, no Paraguai (brasiguaios) e na Bolívia, descendentes dos imigrantes que não conheceram a escravidão e nem foram responsáveis por suas mazelas, magistralmente descritas por Gilberto Freire, em sua monumental obra Casa Grande Senzala. Por esta razão, estão livres do ranço escravocrata que domina certas elites, principalmente as nordestinas, pois estas, diferentemente das mineiras, paulistas e fluminenses, que tiveram suas mentalidades escravistas modificadas pelas levas de imigrantes que aportaram ao País no final do século XIX e início do século XX, ainda adotam uma postura retrógrada no quadro político nacional. 30 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind30 30 17/02/2009 10:16:35
  • 31. O Brasil, portanto, encontra-se num momento decisivo de sua história, cabendo à terceira geração a missão de definir os rumos do País e quem sairá vencedor nessa disputa: a Casa Grande Senzala, que se atém a um passado que não volta mais, ou o Brasil dos Imigrantes, que marcha para frente em busca de novos horizontes. 31 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind31 31 17/02/2009 10:16:35
  • 32. IMIGRANTES Família Parenti (Fotografia tirada no início do século XX, em Pouso Alegre-MG) Savério Parenti e Lucia Guigli Parenti (bisavós do autor) e seus filhos Giovanni (avô – nascido em Riolunato-Modena), Beatrice e Elisabetta. A família Parenti deixou a Itália pelo Porto de Gênova, viajando para o Brasil no navio Les Alpes, chegando à Hospedaria dos Imigrantes em Juiz de Fora-MG, em 20 de maio de 1897. 32 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind32 32 17/02/2009 10:16:36
  • 33. IMIGRANTES Família Chiarini (Fotografia tirada no início do século XX, em Pouso Alegre-MG) Pietro Chiarini e Francesca Adreucci Chiarini (bisavós do autor) e seus filhos Francesco, Ângelo, Giuseppe, com suas esposas, Alessandro, sentado ao lado do pai, e Carolina (avó- nascida em Arezzo-Toscana), sentada ao lado da mãe. A família Chiarini deixou a Itália pelo Porto de Gênova, viajando para o Brasil no navio Aquitaine, chegando à Hospedaria dos Imigrantes em Juiz de Fora-MG, em 3 de agosto de 1897. 33 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind33 33 17/02/2009 10:16:37
  • 34. FIGURA 1 34 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind34 34 17/02/2009 10:16:37
  • 35. A FERROVIA TRANSCONTINENTAL DOM BOSCO O Eixo Central O eixo central imaginado para a Ferrovia de Dom Bosco (Figura 1), com base no sonho visionário, tem início na cidade de Cartagena, na Colômbia, e a partir daí segue em direção a Caracas, na Venezuela, de onde toma o rumo sul, passando sucessivamente pelas cidades brasileiras de Boa Vista-RR, Manaus-AM, Porto Velho-RO, Cuiabá-MT e Campo Grande-MS. Desta cidade continua rumo sul para Assunção, no Paraguai, e Buenos Aires, na Argentina, de onde prossegue até atingir seu ponto final em Punta Arenas, no Chile. São cerca de 10.777 km de um percurso que, começando no Mar das Antilhas, no extremo norte da América do Sul, termina no Estreito de Magalhães, no seu extremo Sul, passando por um território de topografia favorável, pois em Boa Vista, no extremo norte da Bacia Amazônica, a altitude é de 85 metros; altitude que se repete no extremo sul, em Porto Velho, distante cerca de 1.686 km. Em Cuiabá, o centro geográfico da América do Sul e divisor de águas das bacias do Amazonas e do Prata, distante 1.456 km de Porto Velho, a altitude é de apenas 176m. De Cuiabá para o Sul, a cota é descendente, pois a região a ser percorrida até Buenos Aires situa-se na Bacia do Rio da Prata. Não bastassem esses fatores extremamente importantes para o traçado da ferrovia – fato notado por Dom Bosco: “Não só as cordilheiras, mas também as cadeias de montanhas isoladas naquelas planuras intermináveis eram por mim contempladas (o brasil?)” –, acresce ainda que, em ambas as extremidades, ela faz junção com os dois maiores oceanos do globo, o Atlântico 35 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind35 35 17/02/2009 10:16:38
  • 36. e o Pacífico. No extremo sul, esses oceanos estão ligados pelo Estreito de Magalhães, onde se localiza Punta Arenas. No extremo norte, em território colombiano, está projetada a construção de um canal para ligar esses dois oceanos ao nível do mar. O valor estratégico combinado desses fatores, o Estreito de Magalhães, o Canal Colombiano e a Ferrovia de Dom Bosco, faz crer que realmente esta ferrovia transcontinental, que supera a famosa Transiberiana com seus 9.000 km (de Moscou a Vladivostok), é de inspiração divina e foi concebida para colocar os países da América do Sul num plano superior no concerto das nações, e protegê-los de ameaças externas, como a Quarta Frota americana, reativada para patrulhar as águas latino-americanas, tornando-as inseguras ao tráfico marítimo. Kilometragens (Aproximadas) Cartagena/Fronteira Colômbia-Venezuela..........................300 km Fronteira Colômbia-Venezuela/Caracas..............................800 km Caracas/Fronteira Venezuela-Brasil....................................200 km Fronteira Venezuela-Brasil/Boa Vista-RR......................... 220 km Boa Vista/Manaus-AM.........................................................785 km Manaus/Porto Velho-RO......................................................901 km Porto Velho/Cuiabá-MT....................................................1.456 km Cuiabá/Campo Grande-MS.................................................694 km Campo Grande/Ponta Porã-MS (Fronteira com o Paraguai)...............................................................................336 km Ponta Porã (Fronteira com o Paraguai)/Assunção.............340 km Assunção/Buenos Aires.....................................................1.345 km Buenos Aires/Punta Arenas............................................. 2.400 km RESUMO Colômbia...............................................................................300 km Venezuela............................................................................2.000 km 36 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind36 36 17/02/2009 10:16:38
  • 37. Brasil...................................................................................4.392 km Paraguai.................................................................................340 km Argentina...........................................................................3.620 km Chile......................................................................................125 km Total................................................................................. 10.777 km A Via Leste A Via Leste, pelo que disse o jovem guia de Dom Bosco, faz parte do mesmo plano superior: “Note Bem! Observe! Viajaremos ao longo da cordilheira. O sr. tem estrada aberta também para leste, até o mar. É outro dom de N. Senhor”. Para seguir para o mar, rumo ao leste, percorrendo em sua maior extensão esse “outro dom de N. Senhor”, o ponto de partida situa-se em Porto Velho, em Rondônia, a cidade mais a oeste do eixo central, e o ponto final na cidade portuária do Recife, em Pernambuco, no extremo leste do continente. Este trajeto, praticamente em linha reta, tem cerca de 3.200 km e a topografia também é favorável, pois em Palmas, capital do Estado do Tocantins, situada a meio caminho desses pontos extremos, a altitude gira em torno de 200m. A distância Porto Velho-Palmas é de aproximadamente 1.700 km e de Palmas a Recife cerca de 1.500 km. Alem disso, Palmas esta situada no eixo da Ferrovia Norte-Sul, a qual com seus 1.550 km, quando prontos, ligará os Estados do Maranhão, Tocantins e Goiás ao sistema ferroviário sul. No seu extremo norte, no Estado do Maranhão, a conexão se faz com a Estrada de Ferro Carajás, que termina no Porto de Itaqui, em São Luís. A sinergia entre essas três importantes ferrovias e seus terminais portuários, somada às demandas do agronegócio, serão fatores determinantes para transformar o Brasil Central e o Nordeste, em regiões privilegiadas para produzirem alimentos para um mundo faminto. Como disse o guia de Dom Bosco: “É outro dom de N. Senhor”. 37 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind37 37 17/02/2009 10:16:38
  • 38. A Variante “A” A Variante “A” é uma alternativa que possibilitará incluir a Bolívia e norte da Argentina na área de influência da Ferrovia de Dom Bosco. Essa ligação poderá ser feita a partir da cidade de Porto Velho, no estado de Rondônia, onde tem início a Via Leste, seguindo um traçado que cortará de norte a sul a região sub-andina da Bolívia, sua nova fronteira agrícola, passando por Santa Cruz de la Sierra até atingir a cidade Argentina de Salta, onde fará ligação com o sistema ferroviário desse país que demanda a Buenos Aires. É uma variante importante, pois de Porto Velho a Santa Cruz são cerca de 1.000 km, e desta cidade até a divisa com a Argentina outros 600 km. Desta divisa até Salta, deve-se acrescentar 300 km e, a partir daí, até Buenos Aires, mais 1.800 km. No total são 3.700 km, sendo 1.900 km de novas ferrovias (625 km no Brasil, 975 km na Bolívia e 300 km na Argentina). Como fator adicional para valorizar a Variante “A”, deve-se ressaltar que, em Santa Cruz de la Sierra, essa variante fará junção com a ferrovia que, partindo desta cidade, liga o leste boliviano ao sistema ferroviário brasileiro, em Corumbá, no Estado de Mato Grosso do Sul, e com o Eixo Central, em Campo Grande, no mesmo Estado. O percurso total até este ponto é de 1.000 km, sendo 625 km na Bolívia e 375 km no Brasil. A Variante “B” A Variante “B” é uma via que já está pronta. Formada pelo sistema ferroviário brasileiro, ela parte de Campo Grande, no Estado de Mato Grosso do Sul, rumo ao sul, atravessando os estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul até atingir a fronteira com a Argentina, em Uruguiana/Passo de los Libres, num percurso de 2.832 km. Desta cidade, onde se conecta com o sistema ferroviário argentino, segue para Buenos Aires cumprindo um trajeto de aproximadamente 900 km. A 38 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind38 38 17/02/2009 10:16:38
  • 39. partir de Campo Grande, portanto, a Ferrovia de Dom Bosco bifurca-se, seguindo o Eixo Central para Assunção e Buenos Aires num percurso de 2.021 km, e a variante “B” pelo sistema ferroviário brasileiro/argentino até atingir o mesmo destino, totalizando cerca de 3.732 km, onde voltam a se encontrar para prosseguir numa só via até Punta Arenas, no Chile. Um ramal adicional, com cerca de 890 km, ligando Porto Alegre a Montevidéu, colocará também o Uruguai no roteiro da Ferrovia de Dom Bosco, aumentando ainda mais o poder de integração continental desta ferrovia e fortalecendo os laços econômicos do Mercosul. Kilometragens (Aproximadas) Campo Grande/São Paulo.................................................1.014 km São Paulo/Curitiba............................................................... 408 km Curitiba/Florianópolis........................................................ 300 km Florianópolis/Porto Alegre................................................. 476 km Porto Alegre/Uruguaiana.................................................... 634 km Uruguaiana/Passo de los Libres/Buenos Aires................. 900 km Porto Alegre/Montevidéu................................................... 890 km 39 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind39 39 17/02/2009 10:16:38
  • 40. EDUCAÇÃO: O CALCANHAR-DE-AQUILES DA SOCIEDADE BRASILEIRA Introdução A história registra um impasse – a lenda do Nó Górdio – que retrata a situação da educação pública no Brasil, que patina na mediocridade por falta de uma decisão corajosa do governo federal para mudar o quadro estabelecido e implantar a Escola Pública de Tempo Integral. Segundo a Enciclopédia Delta Larousse, na mitologia grega, tornada universal no mundo romano, a vida era o fio que Cloto fiava, Láquesis dobava e Átropo cortava. No fio da vida o nó representa a interrupção, o obstáculo. (...) Foi no templo de Zeus, localizado em Górdios, às margens do rio Sangário, que Alexandre cortou com golpe de espada o “nó gordio”, do qual dizia um oráculo que quem o desatasse se tornaria o senhor da Ásia. O jornalista Mário Fontana, em sua coluna no Jornal Estado de Minas (4/4/2001, p.1), esclarece essa questão: A história é a seguinte. No ano 333 antes de Cristo, Alexandre, o Grande, na sua marcha para o Oriente, chega à cidade de Gordium, na Anatólia, capital da Frigia. Lá o rei Midas lhe apresenta o carro de guerra do rei Gordius (pai de Midas), em que havia uma lança presa no carro por um nó que ninguém conseguia desatar: o nó górdio. Dizia a profecia que quem conseguisse desatar o nó conquistaria a Ásia. Alexandre tenta por diversas vezes desatar o nó, mas não consegue. Vendo que esta tarefa impossível, arranca 40 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind40 40 17/02/2009 10:16:39
  • 41. de sua espada e corta o nó ao meio, dizendo: Está desatado. E parte em conquista da Ásia. São muitos os “nós” que mantêm o Brasil atado à miséria e à opressão e identifica-los e “desatá-los” é tarefa de todos os brasileiros que querem construir um país mais justo e fraterno, principalmente os políticos e governantes que foram eleitos para isso. O mais importante desses “nós”, que “amarra” o desenvolvimento econômico e social do País, é a Escola Pública de Tempo Integral, um nó que, se desatado, acabará de vez com a pilantropia praticada pela elite, ONGs, pessoas inescrupulosas, e toda sorte de expedientes caritativos voltados para a infância e juventude carentes. Essa postura assistencialista e hipócrita, que no passado era financiada por eventos beneficentes patrocinados pelas socialites, como bingos e jantares, e que tinha um caráter meramente social, agora virou um negócio empresarial bastante rentável, verdadeiramente uma festa, pois descobriram uma fonte inesgotável para financiá-lo, o dinheiro público, via deduções do Imposto de Renda. É fazer cortesia com dinheiro alheio aproveitando da omissão do poder público no cumprimento de suas obrigações, no caso, a escola pública. Educação é assunto de Estado, e não uma questão menor a ser tratada por ONGs e entidades empresariais. Para denunciar essa situação, escrevi a seguinte carta ao Presidente Lula: Belo Horizonte, 9 de agosto de 2008. Exmo. Sr. Luiz Inácio Lula da Silva Presidente da República Brasília – DF Prezado Senhor Presidente, 41 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind41 41 17/02/2009 10:16:39
  • 42. Pelo 23º ano consecutivo, a Rede Globo de Televisão realiza seu show marqueteiro-empresarial denominado Criança Esperança, destinado a arrecadar dinheiro com doações de seus telespectadores, para financiar projetos assistencialistas envolvendo crianças carentes de todos os quadrantes do País. Neste processo, inovador, pois sua participação se limita a faturar a imagem do bom mocismo, já que tudo é terceirizado, desde a arrecadação dos recursos financeiros, creditados diretamente na conta da UNESCO, até a execução dos projetos, a cargo de ONGs e outras entidades assistencialistas, o que fica claro é que os responsáveis por esse grupo empresarial não colocam um tostão sequer em tudo isso, ao contrário dos empresários norte-americanos que doam suas fortunas para criarem escolas e universidades de fama mundial, das quais muito se orgulham, e que contribuem efetivamente para educar a infância e juventude de seu país. O objetivo principal dessa campanha da Rede Globo é sabotar a escola pública, passando a mensagem de que os graves problemas estruturais do sistema educacional de nosso País podem ser superados com iniciativas pontuais praticadas à revelia do Estado, para o que são pinçados, como exemplos, projetos e realizações pessoais que são mostrados em seus programas para sensibilizar os brasileiros e motivá-los a fazerem doações, num estilo que lembra muito o praticado por certas religiões. Este discurso é enfatizado pelos repórteres da empresa que, graças ao alcance dessa televisão, principalmente do Jornal Nacional, têm um poder de convencimento que supera de longe os discursos de todos os senadores e deputados federais somados. O efeito dessa postura é que a sociedade brasileira perde o foco da questão, não atinando para o que realmente resolve a situação da infância e juventude carentes do País que é a Escola Pública de Tempo Integral, solução apontada pelos pioneiros da Escola Nova na década de 30 do século passado, sabotada pela elite conservadora daquela época, da qual fazia parte o Dr. Roberto Marinho, como mostra o trabalho em anexo, retirado de um livro de minha autoria, intitulado A Ferrovia de Dom Bosco 42 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind42 42 17/02/2009 10:16:39
  • 43. (p. 55-84), publicado pela Mazza Edições, Belo Horizonte-MG, em 2007 (2. ed.). Para melhor avaliar essa iniciativa da Rede Globo, e seu impacto sobre o ensino público, já que nada mudou no quadro social do País nos seus 23 anos de existência, o caminho mais indicado é fazer uma pesquisa comparando o ensino ministrado nos países do G-7 e do BRIC, e se neles o Programa Criança Esperança teria cabimento. Agradecendo a atenção e desejando sucesso ao governo de V.Exa., subscrevo-me. Cordialmente, João Gilberto Parenti Couto Com cópias para os Exmos.(as) Srs.(as) Senadores(as), Deputados(as) Federais e Ministros da Educação, Fernando Haddad, e de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger. As Causas do Fracasso da Escola Pública no Brasil A perenização da miséria no Brasil é fruto de um processo de exclusão social que tem na educação as raízes mais profundas. Esta tragédia coletiva é o resultado de um passado escravocrata e da opção da elite republicana de priorizar as questões econômicas em detrimento do social. Neste particular é bom lembrar que a última reforma substancial no ensino brasileiro ocorreu há mais de sessenta anos, no período revolucionário de Vargas, com a Lei Capanema, que mudou o ensino no País, como informa Joaquim Panini (Caminhos Novos na Educação. São Paulo: FTD, 1995, p. 286): Realmente, até 1940, praticamente qualquer pessoa podia ensinar, mesmo sem o credenciamento de títulos. O mesmo acontecendo 43 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind43 43 17/02/2009 10:16:39
  • 44. com as escolas. Com a lei Capanema, publicada em 1942, – a primeira grande lei de ensino no Brasil – as coisas mudaram substancialmente. As escolas e, sobretudo os professores, tiveram que legalizar sua situação frente às exigências da lei, o magistério deixou de ser considerado sacerdócio e passou a ser tido somente como uma profissão, exigindo interesse, aptidão, e habilitação legal. Mas, se tão grande avanço ocorreu em 1942, por que a Escola Pública de Tempo Integral, gestada desde 1932 pelos pioneiros da Escola Nova, foi abortada? A resposta está na luta surda travada contra a escola pública pela elite conservadora liderada pelo clero católico, como mostra o seguinte trecho extraído da obra Caminhos Novos na Educação (Lima, 1995, p. 161): Entendeu a AEC – Associação de Educação Católica –, desde o primeiro momento, que não basta ficar na oposição. Há necessidade de penetrar e atuar em todos os órgãos do poder. Fazer ouvir a nossa voz, colaborando, honradamente, com a independência de opinião, de nossa filosofia e crença. Nasceram, assim, os chamados “comandos” no legislativo e no executivo. Era a estratégia que se impunha: estar presente, lá onde se decidiam as orientações políticas e administrativas do ensino nacional. Os primeiros comandos tiveram, no Senado, o catarinense Nereu Ramos. Na Câmara, o deputado gaúcho, Tarso Dutra. Traço de união entre os comandos, em caráter permanente, e a diretoria nacional, foi naqueles 20 primeiro anos, o ex-constituinte de 1934, Dr. Carlos Thompson Flores. As reuniões eram, geralmente, no palácio São Joaquim, sede do arcebispado do Rio. Havia também a colaboração da imprensa, com o conde Pereira Carneiro, no Jornal do Brasil, e o Dr. Roberto Marinho, em O Globo. Rara era a semana em que não publicassem algum artigo elaborado na AEC. Outros jornais como o Diário de Notícias e o Correio da Manhã, colaboraram, também. A AEC visava formar opinião. Não houve o mesmo acolhimento, por parte de O Estado de São Paulo. Às repetidas audiências solicitadas pela AEC, acudia o Dr. Júlio de Mesquita Filho, declarando, com toda cortesia, que a linha do jornal era outra. O mentor, naquela época, era o diretor da Revista Anhembi, Anísio Teixeira, nada favorável à Igreja, e 44 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind44 44 17/02/2009 10:16:39
  • 45. ardoroso defensor do ensino estatal. Hoje – como mudam os tempos! – o Estado está publicando artigos, na nossa linha. O atual diretor, Júlio de Mesquita Neto, é antigo aluno do colégio São Luís, de São Paulo. Os fundamentos dessa conspiração contra a escola pública e a capitulação de Vargas, que trocou os ideais da Escola Nova pela Lei Capanema, descritos a seguir, foram levantados de trechos selecionados das seguintes obras: Caminhos novos na educação, sob a coordenação de Irmã Severina Alves de Lima (São Paulo: FTD, 1995); Um estudo histórico sobre o catolicismo militante em Minas, entre 1922 e 1936, de Frei Henrique Cristiano José Matos (Belo Horizonte: O Lutador, 1990); Introdução à história da Igreja, de Frei Henrique Cristiano José Matos (Belo Horizonte: O Lutador, 1997, 5 ed., v. 1 e 2); e Os Templários, de Piers Paul Read (Rio de Janeiro: Imago, 2001). Uma Disputa de Poder e Prestígio O nó górdio que mantém o Brasil atado à miséria e à ignorância e que o impede de sair do atraso em que se encontra e realizar suas potencialidades se situa na escola pública. O fracasso da escola pública no Brasil é o resultado de uma surda disputa de poder e prestígio entre a Igreja Católica Apostólica Romana e o Estado brasileiro, tornada manifesta por ocasião da queda do Império e conseqüente Proclamação da República, quando então se processou a separação da Igreja do Estado. Essa disputa, Igreja/Estado, tem suas raízes nos primórdios do Cristianismo, por obra e graça do Imperador romano Constantino (306-337). Constantino acreditava que havia chegado ao poder com a ajuda do Deus dos cristãos. Às vésperas da crucial batalha com o imperador rival Maxêncio na Ponte Mílvio, junto dos muros de Roma, fora-lhe dito num sonho (ou possivelmente numa visão) que pintasse um monograma cristão nos escudos de seus soldados 45 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind45 45 17/02/2009 10:16:40
  • 46. com as palavras In hoc signo vinces (Com este sinal vencerás). (Read, p. 39) Constantino sucessivamente adotou outras medidas favoráveis aos cristãos, como se quisesse fazer da religião cristã um instrumento de fortalecimento e unidade do Estado, que também procurava robustecer por outros meios (reforma da burocracia civil e dos comandos militares; medidas econômicas e fiscais; etc.). Em particular, Constantino parece ter visto no monoteísmo uma forma de legitimar a monarquia: a um só Deus do universo corresponde um só soberano ou monarca para o Império. Também a transformação da antiga Bizâncio numa nova cidade, Constantinopla, inaugurada em 330, pareceu significar o abandono, por parte do imperador, da Roma pagã e a substituição por uma nova Capital cristã (Matos, 1997, v. 1, p. 97) Entre os atos de Constantino em favor da Igreja, podem ser citados: + A concessão de imunidades ou isenção de obrigações pessoais para com o Estado (impostos, etc.), tanto para os sacerdotes pagãos, como para o clero católico. + Reconhecimento jurídico das decisões episcopais: os bispos podem arbitrar causas também de pagãos. + Abolição da crucificação e proibição das lutas de gladiadores, que, no entanto, continuarão ainda por um século. + Permissão à Igreja de receber heranças e doação de grandes igrejas ou basílicas (Basílica do Latrão e de São Pedro, em Roma; Santo Sepulcro, em Jerusalém; Natividade, em Belém...). + Reconhecimento do domingo como feriado e progressiva redução das festas pagãs. (Matos, 1997, v. 1, p.97-98) A propósito deste período e de imperadores com Constantino, Constâncio e, mais tarde, Justiniano (527-565), falou-se em cesaropapismo. O termo é moderno e indica uma teoria segundo a qual o poder civil e o poder religioso se reuniriam numa só pessoa, a do imperador, que exerceria conjuntamente as funções de imperador e de papa. (Matos, 1997, v. 1, p. 102-103) 46 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind46 46 17/02/2009 10:16:40
  • 47. A Igreja assumiu mais do que as funções do extinto Império: era o Império Romano na mente do povo. Ser romano era ser cristão; ser cristão era ser romano. Depois de Justiniano, o mundo mediterrâneo passou a considerar a si mesmo não mais como uma sociedade na qual o cristianismo era apenas a religião dominante, mas uma sociedade totalmente cristã. Os pagãos desapareceram nas classes mais elevadas, e mesmo no campo (...) o não-cristão constatava que era um fora-da-lei num Estado unificado. Num sentido real e consciente, os bispos da Igreja Católica assumiram as responsabilidades da classe senatorial romana: essa foi a hipótese básica por trás da retórica e do cerimonial do papado medieval. (Read, p. 46) Por volta de 1300, deu-se um desentendimento entre o Papa Bonifácio VIII (1294-1303) e o rei Filepe IV, o Belo (1285-1314), da França. Conflitos semelhantes, surgidos, via de regra, por motivos de delimitação de poderes, já haviam ocorrido em épocas anteriores, como conseqüência natural da fusão de competências entre o poder espiritual e temporal. Por maiores que tivessem sido os choques, até então uma coisa ficara incontestável: a união inquebrantável de Igreja e Estado, sob a dupla autoridade de papa e monarca. A novidade estava exatamente em não mais se tratar de uma simples questão de rivalidade, mas de um profundo questionamento sobre a origem do poder. Felipe sustentava que sua autoridade régia derivava diretamente de Deus e, conseqüentemente, não se submetia a nenhuma restrição por parte do Papa. Como monarca, era inteiramente independente e somente em questões de fé teria de obedecer ao pontífice. Em outras palavras: o rei subtraiu toda vida política à direção da Igreja. (Matos, 1997, v.1, p. 286-287) O ano de 1300 marcou o ponto alto do pontificado de Bonifácio VIII e na época pareceu o auge das reivindicações pontifícias à jurisdição universal. (...) O papa Bonifácio, exultante, apareceu diante dos peregrinos sentado no trono de 47 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind47 47 17/02/2009 10:16:40
  • 48. Constantino, segurando espada, coroa e cetro e gritando: Eu sou César!. (Read, p. 276-277) A morte de Bonifácio não pôs fim ao conflito entre o Papa e a França. (...) Finalmente, a escolha recaiu sobre Clemente V (1305-1314), arcebispo de Bordéus. Este se mantivera neutro na luta partidária, sendo figura bem vista por Felipe. Não foi uma eleição muito feliz. A fim de restabelecer a paz o mais breve possível, fez grandes concessões a Felipe, que não seriam benéficas para a Igreja. Apoiou um processo contra a Ordem dos Templários, que o rei queria aniquilar, provavelmente para se apoderar de suas riquezas. O processo realizou-se de forma completamente arbitrária e as atitudes autocráticas de Felipe provam que o prestígio do Papa diminuíra notavelmente. Embora as acusações feitas não fossem comprovadas, Clemente suspendeu a Instituição dos Templários (1307). A vontade de Felipe prevaleceu. (Matos, 1997, v. 1, p. 289) Em Portugal, a Ordem do Templo, com permissão do papa, tinha sido reorganizada como Ordem de Cristo. Aí, também, era controlada pelos reis portugueses, que conseguiram instalar príncipes reais ou outros favoritos como mestres. Seus feitos mais significativos se deram sob seu mestre, o príncipe Henrique, nomeado em 1418, o qual usou a riqueza da ordem para financiar expedições exploratórias à costa da África, ao redor do cabo da Boa Esperança e por fim à Ásia. No século XVI, o controle das ordens passou para a Coroa, e, como as sucessivas bulas papais atenuaram os votos de pobreza, castidade e obediência, a qualidade de membro transformou-se meramente numa questão de honra e prestígio. (Read, 338) A partir da segunda metade do século XV, Espanha e Portugal assumem, progressivamente, a hegemonia da expansão colonial européia, sob a égide da incipiente política econômica do mercantilismo. Dilatar a fé e o império, impor-se pela cruz e espada, são diferentes maneiras de exprimir a implantação dos 48 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind48 48 17/02/2009 10:16:40
  • 49. impérios ibéricos, ao mesmo tempo mercantis e salvacionista. (Matos, 1997, v. 2, p. 89-90) Na Península Ibérica existia a mentalidade, amplamente difundida, segundo a qual Portugal e Espanha foram escolhidos por Deus para difundir a fé cristã nas novas terras já descobertas ou a serem conhecidas. Trata-se de um messianismo que ressoa, inclusive, nas obras de Las Casas quando afirma que Deus havia eleito o povo espanhol como ministro da fé (As vinte razões). Também Antônio Vieira SJ [1608-1697] se faz porta-voz dessa convicção, afirmando que nesses tempos surge um novo império, o reino de Cristo na terra, governado pelo Papa (poder espiritual) e pelo rei de Portugal (poder temporal). (MATOS, 1997, v.2, p.95/97) Cinco séculos de luta contra os Mouros na Península Ibérica [c.750-1492], movimento conhecido como Reconquista Cristã, inculcou nos ibéricos um espírito de cruzada: usar a força das armas como meio legítimo na defesa da fé! Imbuídos desta mesma mentalidade os conquistadores declaram justa a guerra, caso os indígenas negarem a aceitar pacificamente a fé. O grito crê ou morre dos cruzados medievais recebe aqui uma nova aplicação. (Matos, 1997, v. 2, p. 97) Quanto à implantação da Igreja-Instituição e à organização eclesiástica, constatamos que em 1511 foram criadas as três primeiras sedes episcopais, entre elas a de Santo Domingo (arquidiocese em 1546). A Igreja no Brasil dependia inicialmente do Bispado de Funchal, nas Ilhas Açores. Em 1551 erigiu-se a diocese de São Salvador da Bahia. De 1551 a 1676 houve um só bispo para toda a América portuguesa e somente em 1707, com as Constituições Primeiras do Arcebispo da Bahia, é que surge uma estrutura eclesiástica mais definida. (Matos, 1997, v. 2, p. 95) Através de sucessivas concessões pontifícias que confiavam aos monarcas ibéricos o cuidado da Igreja em terras ultramarinas, 49 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind49 49 17/02/2009 10:16:41
  • 50. por eles descobertas e conquistadas, a evangelização da América Latina estava, de fato, nas mãos da Coroa, e, conseqüentemente, era integrada ao projeto colonial de dominação. Eram, de fato, os reis de Espanha e Portugal que enviavam os missionários e que tinham o direito de receber os dízimos, para financiar a catequese e o culto. Pertencia-lhes, igualmente, a faculdade de criar novas dioceses, nomear bispos e outros dignitários eclesiásticos. Toda a comunicação com Roma era sujeita ao controle do monarca. O funcionamento do padroado foi, igualmente, bem além da legislação escrita e o poder colonial chegou a dominar por completo a instituição eclesiástica, cerceando, de forma abusiva, sua vida interna e seus representantes, entre eles particularmente as Ordens Religiosas. Um dos aspectos práticos do padroado era que ninguém podia tornar-se cristão sem, ao mesmo tempo, passar a ser súdito do rei da Espanha ou de Portugal. Efetivamente, expansão imperialista e conversão cristã caminhavam de mãos dadas! (Matos, 1997, v. 2, p. 100) O Poder da Igreja no Brasil A colônia portuguesa nas Américas segue um itinerário sui generis. A 7 de setembro de 1822 um príncipe da casa real portuguesa, Dom Pedro I, rompe os laços políticos com a Metrópole, tornando o Brasil um país independente. É instituído o regime monárquico e proclamado o Império do Brasil, com constituição outorgada em 24 de fevereiro de 1824, na qual a religião católica é declarada oficial (artigo 5º) e o Imperador considerado o protetor natural da Igreja, com todas as prerrogativas do antigo Padroado luso (artigo 102). (Matos, 1997, v. 2, p. 119) No Brasil verificamos, no período em questão, vários choques entre o poder imperial e a Igreja por causa do regalismo. Após o posicionamento das autoridades políticas em relação ao direito inalienável do padroado, ora transferido naturalmente para a pessoa do Imperador (1827), e o episódio de quase ruptura 50 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind50 50 17/02/2009 10:16:41
  • 51. com Roma (1833) devido às atitudes de Diogo Antônio Feijó (1784-1843), as tensões entre a Igreja e Estado não cessam. Assim, em 1855 é proibida a admissão de noviços às antigas Ordens Religiosas do Império, medida que provoca uma drástica diminuição numérica desses institutos, levando-os à beira da extinção em fins do período monárquico. Famosa foi a Questão Religiosa (1872-1875), ligada à infiltração maçônica em irmandades de Belém e Olinda, cidades que viram seus bispos aprisionados e condenados a trabalhos forçados. (Matos, 1997, v. 2, p. 123) Proclamada a República, em 15 de novembro de 1889, logo aos 7 de janeiro de 1890, o Governo Provisório publicou o Decreto da separação da Igreja e do Estado. Antes de chegar à publicação desse revolucionário Estatuto, de tão decisiva importância sóciopolítica, houve várias tentativas de impedi-lo ou, pelo menos, amenizar suas conseqüências. Os líderes católicos continuavam a defender em tese o ideal de união entre Igreja e Estado, aceitando a separação como situação de fato, após a promulgação do Decreto nr. 119-A, de 7 de janeiro de 1890. Obviamente ninguém desejava um simples retorno à política imperial referente à Igreja, aquela falsa união e escravizamento, aquele regime de privilégios e subsídios com que se mascarava a opressão (Pe. Júlio Maria, CSSR), mas seria inaceitável confundir a separação com a hostilidade ou com a indiferença. (Matos, 1990, p.12) Não se pode negar que o documento de 7-1-1890 é sereno, discreto e preciso; não contém excessos e nem esconde ódios. Não deixa de ser a carta de alforria do catolicismo no Brasil, abolindo no art. 4º o padroado com todas as suas instituições, recursos e prerrogativas; proibindo no art. 1º ao governo federal leis, regulamentos ou atos administrativos sobre a religião; declarando no art. 2º o direito de todas as confissões religiosas ao exercício de seu culto, sem obstáculos aos seus atos particulares ou públicos; assegurando no art. 3º a liberdade religiosa, não só aos indivíduos isoladamente considerados, mas ainda às Igrejas 51 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind51 51 17/02/2009 10:16:41
  • 52. que os unem numa mesma comunhão; estabelecendo no art. 5º a personalidade jurídica para todas as Igrejas e comunhões religiosas, e mantendo a cada uma o domínio de seus bens. (Matos, 1990, p.13) Os Sabotadores da Escola Pública Apesar das intervenções e apelos da Hierarquia católica, a Constituição republicana de 24 de fevereiro de 1891, adotou uma filosofia a-religiosa e nitidamente laicista, eliminando – como vimos – a evocação do nome de Deus na Carta Magna, proibindo o ensino religioso nas escolas públicas e não reconhecendo o matrimônio religioso para efeitos civis. Essa mesma política de laicização do Estado, no entanto, não foi seguida pelo Congresso Constituinte de Minas Gerais que, no dia 15 de junho de 1891, decretou e promulgou a Constituição Mineira em nome de Deus Todo Poderoso. Comenta Mons. Carlos de Vasconcellos, no seu discurso de instalação do 1º Congresso Catequístico Brasileiro de 1928: Minas repudiava assim a apostasia oficial da Constituição atéia da República Brasileira, inspirada pelo positivismo. Se esta não foi ainda batizada, como dizia Júlio Maria, e conserva o pecado original de apostasia, o Estado de Minas, desde o berço, recebeu ao menos a graça do batismo de desejo! (Matos, 1990, p.16) Apesar da separação oficial de Igreja e Estado no Brasil, consagrada pelo Decreto 119-A, de 7 de janeiro de 1890, e incorporada na constituição de 1891, assistimos, na Primeira República, a um curioso processo de reaproximação dos dois poderes. A Igreja não se conforma com uma posição secundária na vida nacional, apelando aos sentimentos religiosos da absoluta maioria da população. Já nos primeiros anos da República os bispos mostram claramente que não aceitam a opinião que entre a Igreja e o Estado deve ter pouco ou quase nenhum contato, nenhuma cooperação, em suma, legalmente têm que se ignorar 52 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind52 52 17/02/2009 10:16:41
  • 53. mutuamente. Independência não quer dizer separação, afirma o Episcopado em sua Carta Pastoral de 1890. (Matos, 1990, p. 45) O processo de reaproximação entre a Igreja e Estado, nas primeiras quatro décadas do regime republicano, não é retilíneo e conhece um vai-e-vem, que revela os interesses em jogo naquela etapa histórica. (...) Em 1905 o Brasil foi agraciado com o primeiro cardinalato da América Latina, na pessoa de Dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti (1897-1930), arcebispo do Rio de Janeiro. (...) Em 1919 a representação diplomática junto à Santa Sé foi elevada à categoria de Embaixada, enquanto, no Brasil, a Nunciatura recebeu o status de primeira classe. (...) Em maio de 1924 foi celebrado, com grandes festividades, o jubileu de ouro sacerdotal do Cardeal Arcoverde. Além da impressionante Missa Campal, especialmente organizada pelos nossos militares, em que tomaram parte mais de dez mil soldados de terra e mar e a comunhão dos intelectuais, quando das mãos de S. Ex. Rvdma., o Snr. D. Sebastião Leme, mais de 500 homens de letras, professores, cientistas, acadêmicos, artistas, etc. receberam a Sagrada Comunhão, o que mais chamou a atenção foi o fato de o governo da República ter tomado parte conspícua nessas festividades. No dia 4 de maio de 1924, compareceu ao Palácio São Joaquim, no Rio de Janeiro, o próprio Presidente da República, Dr. Arthur Bernardes (1922-1926), acompanhado do Sr. Dr. Estácio Coimbra, vice-presidente, das casas civil e militar e de todo o Ministério, para homenagear o purpurado. Era a primeira vez, depois da separação da Igreja e do Estado, que uma autoridade eclesiástica recebia tais honras por parte do Chefe da Nação. Houve 20 minutos de conversação amistosa. Trocaram-se discursos e foram tiradas fotografias, em que, ao lado do Cardeal e de outros prelados, aparecem o Presidente da República e seu séqüito. Uma hora depois, Dom Arcoverde e todos os Bispos presentes foram agradecer a distinção do Governo Brasileiro. À saudação de Dom Joaquim Silvério de Souza (1905-1933), Arcebispo de Diamantina, respondeu o Presidente com um discurso que foi uma verdadeira apologia da ação da Igreja Católica no Brasil. Mas o ponto alto 53 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind53 53 17/02/2009 10:16:42
  • 54. constituiu, sem dúvida, do banquete no Itamarati, oferecido à noite daquele dia 4 de maio, pelo Chanceler Félix Pacheco. Ainda muitos anos depois, este evento será lembrado pela imprensa católica como um manifesto congraçamento da República com a consciência católica da universidade dos brasileiros. Fala-se, na ocasião, de um verdadeiro batismo da República no Brasil. (Matos, 1990, p. 47-49) A proclamação da República, em novembro de 1889, trouxe como conseqüência a abolição do Padroado, deixando o catolicismo de ser religião oficial do estado. À semelhança do que já vinha ocorrendo na Europa, a constituição republicana decretou a implantação do estado leigo, com as respectivas conseqüências na área da família e da educação. Com a mesma força de repúdio à laicizaçao do Estado e ao casamento civil, os bispos passaram a condenar o ensino leigo nas escolas. Segundo a hierarquia eclesiástica, a laicização do ensino era considerada como uma forma prática de ateísmo e causa de profundos males para o país. Já na reclamação feita pelo episcopado ao governo provisório, datada de 6 de agosto de 1890, existe uma condenação explícita do ensino leigo; numa interpretação tendenciosa, afirma-se que o governo havia optado pelo ateísmo oficial: Que há de ser, dentro de poucos anos, quando as funestas doutrinas do ateísmo nas escola públicas, houverem produzido entre nós os deploráveis frutos de dissolução e imoralidade que a experiência de outros países já deixou tristemente evidenciados? Nas pastorais coletivas de 1900, na comemoração do 4º centenário da descoberta do Brasil, os bispos voltam a insistir nessa mesma posição, extremamente polêmica, com relação ao ensino leigo: Decretou-se que nossas escolas primárias e superiores fossem seminários de ateísmo, onde nada se ensinasse de religião, nada de Deus. Este nome adorável poderão os mestres proferir para o insulto ou negar; não terão liberdade de infundir na inteligência e no coração dos alunos conhecimento e amor de Deus criador deles e do universo. É evidente que os bispos manipulam, em defesa de sua tese, o próprio texto do decreto, estabelecendo uma equivalência indébita entre ensino leigo e ensino ateu. O fato de se prescindir, 54 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind54 54 17/02/2009 10:16:42
  • 55. nas escolas públicas, do ensino da fé católica, de forma alguma significava que houvesse na mente dos legisladores uma intenção declarada de promover o ateísmo entre a juventude. O ensino religioso continuava a ser mantido livremente nas escolas confessionais das diferentes denominações religiosas. Apesar do clamor do episcopado, o governo republicano deixava plena liberdade para que a instituição eclesiástica se expandisse e se fortalecesse nesse período, o que não ocorria na época imperial. A convite dos bispos e, sob o estímulo da Santa Sé, inúmeros institutos religiosos europeus se estabeleceram no país nas primeiras décadas do regime republicano. A celebração do concílio plenário latino-americano, em Roma, em 1898, permitiu que a cúria romana confirmasse de forma definitiva seu domínio sobre as Igrejas oriundas do colonialismo ibérico. O concílio foi elaborado e conduzido pelos peritos da Santa Sé, cabendo aos prelados apenas ratificar as diretrizes romanas. Um dos pontos mais enfatizados, pelo concílio, era a necessidade de promoção das escolas católicas, como forma de se contrapor à perspectiva leiga dos estados modernos. A fim de levar avante esse projeto, recomendava-se que os prelados latinoamericanos continuassem a obter a colaboração de religiosos da Europa. O tema escola católica passou a constituir um enfoque importante da conferência dos bispos do centro-sul do país, reunidos em São Paulo, em 1910. A escola pública, desprovida do seu caráter sacral, era condenada explicitamente pelos membros da hierarquia eclesiástica, afirmando que a Igreja Católica “detesta e condena as escolas neutras, mistas e leigas, em que se suprime todo o ensino da doutrina cristã”. E acrescentavam em seguida, fiéis às orientações do concílio latino-americano: “Esforcem-se, portanto, os reverendos párocos, pregadores e catequistas, por dissuadir aos pais de família, que não poderão prestar pior serviço aos filhos, à pátria e ao catolicismo, que colocar seus filhos em tais escolas, expostos a perigos tão grandes”. 55 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind55 55 17/02/2009 10:16:42
  • 56. O contraponto era a necessidade de escolas de confissão católica. O clero diocesano foi incentivado a que patrocinasse essas fundações, no âmbito de suas paróquias: “Nas circunstâncias em que se acha a Igreja diante do ensino leigo, é de necessidade inadiável que em todas as paróquias, haja escolas primárias católicas, a que chamam paroquiais, nas quais a mocidade nascente encontre o pasto espiritual da doutrina cristã, e de outros conhecimentos para a vida prática. Ordenamos, portanto, aos reverendos párocos que envidem todos os esforços para fundá-las o quanto antes, onde as não houver; e não descansem, enquanto não conseguirem, por si ou por outrem, a realização deste ideal, em suas paróquias, custe o que custar”. A finalidade básica da escola paroquial era oferecer aos meninos uma instrução elementar que lhes permitisse assimilar melhor os conceitos da doutrina católica, preparando-se assim de forma adequada para a recepção dos sacramentos da penitência e da eucaristia. Foi, sobretudo, nas regiões de imigração européia no sul do país onde esse apelo foi atendido de forma mais plena. Instalados no Rio Grande do Sul, em 1900, os Irmãos maristas tornaram-se valiosos colaboradores dos parácos na promoção das escolas católicas. Em Santa Catarina foi fundada em 1913 a congregação das Irmãs Catequistas Franciscanas cuja finalidade específica era o magistério nas escolas paroquiais. Não obstante, na medida em que se ampliava a rede escolar pública, muitas famílias católicas passaram a optar por ela pelo aspecto da gratuidade, tanto mais que freqüentemente eram os mesmos professores que lecionavam tanto nas escolas municipais como nas escolas paroquiais. Nesse período, intensificou-se no país o ensino secundário, e os religiosos passaram a ocupar lugar significativo nessa área, com a fundação dos colégios, nas diversas regiões do país. Três razões principais podem ser indicadas para essa opção de atividade, dentro da Igreja do Brasil. Em primeiro lugar, a maioria das congregações européias, já se dedicavam anteriormente a esse tipo de atividade; o que fizeram foi simplesmente transplantar para o país métodos e obras que já haviam dado bons resultados em outras regiões. 56 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind56 56 17/02/2009 10:16:42
  • 57. Além disso, a fundação de escolas passou a constituir o meio principal de prover o sustento econômico das novas fundações religiosas, sobretudo quando o governo republicano, recém-instalado no Brasil, se negava a amparar as obras de cunho religioso. Por último, a criação das escolas católicas era uma das grandes metas do episcopado, sobretudo após o decreto de separação entre a Igreja e Estado. (Lima, p. 30-33) O Combate à Escola Pública na República Velha Após a proclamação da República a Igreja iniciou um movimento de reação contra o novo regime, em vista de seu caráter leigo; havia ainda muitos prelados e clérigos saudosistas da época imperial, quando a instituição eclesiástica gozava de uma série de privilégios, por ser o catolicismo religião. A legitimação do governo republicano foi promovida, sobretudo, pelos positivistas, cuja doutrina teve grande aceitação no exército, através do incentivo ao espírito cívico. A partir das comemorações do centenário da independência, registra-se uma mudança de estratégia por parte da Igreja: a ênfase do discurso eclesiástico passa a ser a união entre fé católica e pátria brasileira. Na concepção do episcopado, era necessário recuperar a influência junto ao poder político. De fato, a partir da década de 20, iniciou-se uma etapa que pode ser designada como Restauração católica ou neo-Cristandade brasileira. (Lima, p. 37) Diante desta situação a Igreja procura reforçar seus quadros internos e também sua organização externa. Excluída da vida pública, quer aumentar sua influência e prestígio na sociedade civil, mediante uma atuação mais destacada na educação (com colégios católicos, geralmente destinados à elite), nas obras sociais, na imprensa e nas pias associações de leigos. Nesta tarefa recebe enorme apoio de Congregações religiosas européias que afluem, 57 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind57 57 17/02/2009 10:16:42
  • 58. em grande número, ao Continente. Interessante também é o ingente esforço da hierarquia para conquistar um lugar para a Igreja na escola pública, com campanhas a favor do ensino religioso na rede educacional oficial. (Matos, 1997, v. 2, p. 125) A escola neutra é uma calamidade, um sistema mentiroso, escrevia Leão XIII. Em face de Cristo, senhores, não há meio termo; a alternativa é a da estrada de Damasco: ou com Paulo se o segue ou com Saulo se o persegue. A escola sem Deus é contra Deus. (Matos, 1990, p. 76) Na sua Carta Pastoral de 29-3-1912, já escrevera Dom Silvério Gomes Pimenta, Arcebispo de Mariana: “Escolas chamadas neutra, ou atéias, são perniciosíssima invenção para arrancar do coração da infância, e depois da sociedade, a fé e os sentimentos religiosos. Este nefando empenho se acoberta e se procura defender com a capa de liberdade de consciência, de civilização, de progresso, quando na realidade não é senão uma guerra nutrida contra a fé católica, alvejada principalmente com tais medidas”. Outros falam da “monstruosidade perversa do ensino leigo” e do “mais violento vírus que se possa inocular a uma nação para corrompê-la”. (Matos, 1990, p. 75) A lição da história nos ensina que o grupo ou partido que tiver o monopólio da escola, cedo ou tarde, triunfará. É indispensável que os católicos sinceros e esclarecidos, seguindo um plano bem traçado, iniciem uma luta sem tréguas contra o princípio da laicidade do ensino. Urge uma propaganda intensa, ardente, contra a violação odiosa da vontade popular pela imposição iníqua – a um povo inteiramente católico! – de um ensino que ele não quer. O grito de guerra de todo o exército católico deve ser: Queremos Deus nas escolas! As escolas são nossas, somos nós que as pagamos e sustentamos, não as queremos sem o ensino da Religião! Fora o ensino leigo! Para nós, como para nossos irmãos de crença de todos os países não há escolher o campo de batalha: só poder ser o da salvação da infância e da mocidade pela 58 A REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS-1.ind58 58 17/02/2009 10:16:43