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Situação de Aprendizagem
9. Ano
Capítulo XIV - O primeiro beijo
Curso
Língua Portuguesa nos anos finais do Ensino Fundamental
Situação de Aprendizagem: Atividades de leitura e escrita com
base no Capítulo XIV - O primeiro beijo, de Memórias Póstumas de
Brás Cubas, de Machado de Assis
Professoras Autoras: Daniela, Elizangela, Érica, Fernanda,
Margarete, Valéria, Zuleica
Sumário
 Introdução sobre a Prática de Leitura
 Habilidades a serem exploradas antes da leitura integral do texto
 Levantamento do conhecimento prévio sobre o assunto
 Antecipação do tema ou idéia principal a partir dos elementos paratextuais
 Antecipação do tema ou idéia principal a partir do exame de imagens
 Explicitação das expectativas de leitura a parir da análise dos índices anteriores
 Habilidades a serem exploradas durante a leitura integral do texto
 Confirmação ou retificação das antecipações ou expectativas de sentido criadas antes
da leitura
 Localização do tema ou da idéia principal
 Esclarecimento de palavras desconhecidas a partir de inferência ou consulta a
dicionário
 Identificação das pistas linguísticas responsáveis por introduzir no texto a posição do
autor
 Habilidades a serem exploradas após a leitura integral do texto
 Busca de informações complementares por meio de consulta a Internet e outras
fontes
 Construção da síntese semântica do texto
 Troca de impressões a respeito dos textos lidos, fornecendo indicações para
sustentação de sua leitura e acolhendo outras posições
 Avaliação crítica do texto
 Considerações Finais
 Referências Bibliográficas
Introdução sobre a Prática de Leitura
 ... o cidadão, para exercer plenamente sua
cidadania, precisa apossar-se da linguagem
literária, alfabetizar-se nela, tornar-se seu
usuário competente, mesmo que nunca vá
escrever um livro: mas porque precisa ler
muitos. ( LAJOLO, 2000 , p. 106)
Introdução sobre a Prática de Leitura
 ... na medida em que a linguagem é uma
construção da cultura, para que ocorra a
interação entre o leitor e o texto, e para que
essa interação constitua o que se costuma
considerar uma experiência poética, é
preciso que o leitor tenha possibilidade de
percepção e reconhecimento – mesmo que
inconscientes – dos elementos de linguagem
que o texto manipula.
(LAJOLO, 2000, p. 45)
Introdução sobre a Prática de Leitura
 Ler é sempre colocar questões a um texto: é um ato
voluntário que evocamos previamente. É por isso que um texto
pode ser compreendido de diversas maneiras. Pretender que
exista uma única forma “correta” de interpretar um poema, um
romance ou qualquer outro texto, é impedir que o leitor coloque
as questões que deseja, que são cabíveis para ele; é, portanto,
anular a construção de sua própria compreensão
(BARBOSA,1994, P. 118).
 Objetivos
 Desenvolver habilidades de leitura de textos narrativos;
 Despertar a sensibilidade para o texto literário;
 Desenvolver as habilidades de interpretação, escrita e produção de
texto.
 Duração das atividades
3 a 6 aulas
 Estratégias e recursos da aula
 Atividades de discussão (oralmente) que enfoquem as habilidades
de inferência do tema a partir da leitura do título do texto e de
imagens relacionadas ao tema (primeiro beijo);
 Atividades de leitura, focalizando o texto selecionado;
 Atividades de interpretação e estudo do texto, focalizando o autor,
o gênero, o discurso e a linguagem.
 Atividades de produção, focalizando as habilidades escritoras
Situação de Aprendizagem
Primeira aula – Despertando interesse pelo tema.
O professor fará uma discussão com os alunos sobre
o tema “Primeiro Beijo”, trabalhando as habilidades
seguintes:
 conhecimento prévio
 antecipação do tema ou ideia principal
Habilidades a serem exploradas antes
da leitura integral do texto
Habilidades a serem exploradas antes
da leitura integral do texto
 Levantamento do conhecimento prévio sobre beijo
 Leitura de imagens
Habilidades a serem exploradas antes
da leitura integral do texto
 Levantamento do conhecimento prévio sobre beijo
 Leitura de imagens
Habilidades a serem exploradas antes
da leitura integral do texto
 Levantamento do conhecimento prévio sobre beijo
 Leitura de imagens
Habilidades a serem exploradas antes
da leitura integral do texto
 Antecipação do tema ou ideia principal a partir dos
elementos paratextuais.
 Antecipação do tema ou ideia principal a partir do
exame de imagens
Apresentar uma cópia do texto abaixo para os alunos.
CAPÍTULO XIV / O PRIMEIRO BEIJO
(Este trecho do texto foi retirado do livro Memórias Póstumas de Brás
Cubas, de Machado de Assis)
 QUESTÕES:
1. A partir das imagens e do título do texto que vamos ler, o que vocês
esperam encontrar?
2. Qual tema vocês esperam encontrar na leitura?
Habilidades a serem exploradas antes
da leitura integral do texto
 Explicitação das expectativas de leitura a
partir da análise dos índices anteriores
 Questões para motivar a leitura:
 Vocês conhecem o autor Machado de Assis?
 O que vocês sabem sobre a época em que o
livro foi publicado (1881)?
 Você sabe como era o namoro e o beijo naquela
época?
 Como deve ser o primeiro beijo, na sua opinião?
Memórias Póstumas de Brás Cubas – Machado de Assis
CAPÍTULO 14 - O Primeiro Beijo
Tinha dezessete anos; pungia-me um buçozinho que eu forcejava por trazer a bigode. Os olhos, vivos e
resolutos, eram a minha feição verdadeiramente máscula. Como ostentasse certa arrogância, não se
distinguia bem se era uma criança com fumos de homem, se um homem com ares de menino. Ao cabo,
era um lindo garção, lindo e audaz, que entrava na vida de botas e esporas, chicote na mão e sangue
nas veias, cavalgando um corcel nervoso, rijo, veloz, como o corcel das antigas baladas, que o
romantismo foi buscar ao castelo medieval, para dar com eles nas ruas do nosso século. O pior é que o
estafaram a tal ponto, que foi preciso deitá-lo à margem, onde o realismo o veio achar, comido de
lazeira e vermes, e, por compaixão, o transportou para os seus livros.
Sim, eu era esse garção bonito, airoso, abastado; e facilmente se imagina que mais de uma dama
inclinou diante de mim a fronte pensativa, ou levantou para mim os olhos cobiçosos. De todas porém a
que me cativou logo foi uma... uma... não sei se diga; este livro é casto, ao menos na intenção; na
intenção é castíssimo. Mas vá lá; ou se há de dizer tudo ou nada. A que me cativou foi uma dama
espanhola. Marcela, a "linda Marcela", como lhe chamavam os rapazes do tempo. E tinham razão os
rapazes. Era filha de um hortelão das Astúrias; disse-mo ela mesma, num dia de sinceridade, porque a
opinião aceita é que nascera de um letrado de Madrid, vítima da invasão francesa, ferido, encarcerado,
espingardeado, quando ela tinha apenas doze anos.
Cosas de España. Quem quer que fosse, porém, o pai, letrado ou hortelão, a verdade é que Marcela
não possuía a inocência rústica, e mal chegava a entender a moral do código. Era boa moça, lépida,
sem escrúpulos, um pouco tolhida pela austeridade do tempo, que lhe não permitia arrastar pelas ruas
os seus estouvamentos e berlindas; luxuosa, impaciente, amiga de dinheiro e de rapazes. Naquele ano,
ela morria de amores por um certo Xavier, sujeito abastado e tísico, - uma pérola.
Via-a, pela primeira vez, no Rossio Grande, na noite das luminárias, logo que constou a declaração da
independência, uma festa de primavera, um amanhecer da alma pública. Eramos dois rapazes, o povo
e eu; vínhamos da infância, com todos os arrebatamentos da juventude. Via-a sair de uma cadeirinha,
airosa e vistosa, um corpo esbelto, ondulante, um desgarre, alguma coisa que nunca achara nas
mulheres puras. - Segue-me, disse ela ao pajem. E eu seguia-a, tão pajem como o outro, como se a
ordem me fosse dada, deixei-me ir namorado, vibrante, cheio das primeiras auroras. A meio caminho,
chamaram-lhe "linda Marcela", lembrou-me que ouvira tal nome a meu tio João, e fiquei, confesso que
fiquei tonto.
Três dias depois perguntou-me meu tio, em segredo, se queria ir a uma ceia de moças, nos Cajueiros.
Fomos; era em casa de Marcela. O Xavier, com todos os seus tubérculos, presidia ao banquete
noturno, em que eu pouco ou nada comi, porque só tinha olhos para a dona da casa. Que gentil que
estava a espanhola! Havia mais uma meia dúzia de mulheres, - todas de partido -, e bonitas, cheias de
graça, mas a espanhola... O entusiasmo, alguns goles de vinho, o gênio imperioso, estouvado, tudo
isso me levou a fazer uma coisa única; à saída, à porta da rua, disse a meu tio que esperasse um
instante, e tornei a subir as escadas.
Memórias Póstumas de Brás Cubas – Machado de Assis
CAPÍTULO 14 - O Primeiro Beijo (continuação)
- Esqueceu alguma coisa? perguntou Marcela de pé no patamar.
- O lenço.
Ela ia abrir-me caminho para tornar à sala; eu segurei-lhe nas mãos, puxei-a para mim, e dei-lhe um
beijo. Não sei se ela disse alguma coisa, se gritou, se chamou alguém; não sei nada; sei que desci
outra vez as escadas, veloz como um tufão, e incerto como um ébrio.
Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000215.pdf Acesso em 16.06.2013.
Memórias Póstumas de Brás Cubas – Machado de Assis
CAPÍTULO 14 - O Primeiro Beijo (continuação)
Habilidades a serem exploradas durante
a leitura integral do texto
 Confirmação ou retificação das antecipações
ou expectativas de sentido criadas antes da
leitura.
 Durante a leitura compartilhada, o professor
deve:
 Realizar pausas para confirmar ou retificar as
expectativas explicitadas pelos alunos antes da leitura.
 Esclarecer palavras desconhecidas, desenvolvendo nos
alunos habilidades de inferência ou de consulta a
dicionário.
Habilidades a serem exploradas durante
a leitura integral do texto
 Localização do tema ou da idéia principal
 Qual é o tema do texto?
 Em que passagem do texto isso fica
evidente?
 O que o primeiro beijo representou para a
vida do narrador-personagem?
Habilidades a serem exploradas durante
a leitura integral do texto
 Esclarecimento de palavras desconhecidas a partir de
inferência ou consulta a dicionário
Durante a leitura deve-se pedir para que os alunos deduzam os
significados das palavras a partir do contexto.
Em uma primeira aproximação devemos procurar entender o
texto globalmente. A mediação de um leitor mais experiente
deve suprir as falhas de compreensão durante a leitura
compartilhada.
A busca das palavras desconhecidas em dicionário poderá ser
realizada após a leitura, como forma de fixação de novo
vocabulário.
Habilidades a serem exploradas durante
a leitura integral do texto
 Identificação das pistas linguísticas responsáveis
por introduzir no texto a posição do autor
Para ajudar os alunos a desenvolver essa
percepção, pedir para que analisem, durante a
leitura, o discurso do autor: sua subjetividade, sua
concepção de mundo,seus preconceitos, sua ironia,
o uso que faz de estereótipos sociais e culturais,
como constrói representações sociais e políticas etc.
Habilidades a serem exploradas após
a leitura integral do texto
 Busca de informações complementares por meio de
consulta a Internet e outras fontes (sugestões):
 Pesquisar sobre o autor, a obra e o contexto de publicação.
 Pesquisar outros textos do mesmo autor para contextualizar
o estilo de escrita de Machado de Assis.
 Pesquisar outros romances para sistematizar características
do gênero.
 Pesquisar outros textos literários e/ou não literários que
abordam o mesmo tema.
Habilidades a serem exploradas após
a leitura integral do texto
 Busca de informações complementares por meio de
consulta a Internet e outras fontes
Pesquisar o site:
http://www.comelliphilatelist.com/artigos3.asp?id=262
para conhecer mais sobre os locais citados no texto:
CAJUEIROS (rua dos) – Recebeu esse nome porque tinha
uma saída particular para a antiga rua Princesa dos Cajueiros
(atual Barão de São Felix). Foi aberta em 1809 nos terrenos
de Emerenciana Isabel Dantas e Castro e do brigadeiro
Domingos José Pereira. Em 30.10.1948, através do Decreto
187, teve o nome alterado para rua Alfredo Dolabela Portela,
industrial e empreiteiro do Governo republicano, que faleceu
em 13.11.1940.
Habilidades a serem exploradas após
a leitura integral do texto
 Busca de informações complementares por meio de consulta a Internet e
outras fontes
Pesquisar o site:
http://oriodeantigamente.blogspot.com.br/search/label/PRA%C3%87AS%20E
%20AVENIDAS%20DO%20RJ para conhecer mais sobre os locais citados no texto:
A atual Praça Tiradentes teve origem, nos idos do Séc. XVII, no desmembramento
do então chamado Campo de São Domingos. Em 1690 chamava-se Rocio Grande, em
clara alusão ao Largo do Rocio lisboeta; mais tarde, passou a Campo dos Ciganos,
devido à chegada, de Portugal, de um grupo desses nômades, e que ali montaram, por
algum tempo, suas barracas. A partir de 1747, com a construção da Capela de NªSª da
Lampadosa, passou a ser conhecida como Campo da Lampadosa. Em 1808, passou a
ser o Campo do Polé, graças à instalação, no local, de um pelourinho. Em 1821, passou
a ser chamada Praça da Constituição; D. Pedro, assumindo o posto de Príncipe
Regente, jurou fidelidade à Constituição Portuguesa de uma das varandas do Real
Teatro São João que ficava onde, hoje, encontra-se o Teatro João Caetano. Finalmente,
em 1890, ao aproximar-se o centenário da morte de Joaquim José da Silva Xavier,
passou a ter o nome de Praça Tiradentes, pela proximidade do local onde se
acredita ter sido enforcado o protomártir da Independência.
No centro da praça, o monumento a Pedro I, mandado erigir por Pedro II, foi
inaugurado em 1862. Apresenta o Imperador a cavalo, fardado de general,
segurando com a mão esquerda as rédeas, enquanto com a direita exibe a
Constituição de 1824.(Há quem acredite tratar-se das cartas recebidas às margens do
Ipiranga.)
Habilidades a serem exploradas após
a leitura integral do texto
 Busca de informações complementares por meio de consulta a Internet e outras
fontes
Habilidades a serem exploradas após
a leitura integral do texto
 Busca de informações complementares por meio de consulta a Internet e outras
fontes
Habilidades a serem exploradas após
a leitura integral do texto
 Atividade de Leitura Complementar
Leia o texto Meu primeiro beijo, de Antonio Barreto.
(BARRETO, Antonio. Meu primeiro beijo. Balada do primeiro amor. São
Paulo: FTD, 1977. p. 134-6.)
Após a leitura responda:
a) Em que momento aconteceu o primeiro beijo da personagem?
Explique as diferenças em relação ao texto de Machado de Assis.
b) Como foi o primeiro beijo para personagem? Explique as
diferenças em relação ao texto de Machado de Assis.
c) Qual o foco narrativo do texto? Justifique com um trecho do texto.
Habilidades a serem exploradas depois
da leitura integral do texto
 Identificar referências a outros textos buscando
informações adicionais se necessário.
 Compare a sociedade retratada na obra de Machado de
Assis com a sociedade contemporânea.
 Compare os textos dos dois autores, Machado de Assis e
Antonio Barreto, e responda: quais sentimentos ou
sensações são relacionadas à experiência do primeiro
beijo?
Habilidades a serem exploradas depois
da leitura integral do texto
 Troca de impressões a respeito dos textos lidos,
fornecendo indicações para sustentação de sua
leitura e acolhendo outras posições.
 Comparando os dois textos responda:
 O que representou para cada personagem a
experiência do primeiro beijo descrita em cada
texto?
 Como a linguagem foi empregada pelos
autores?
Habilidades a serem exploradas depois
da leitura integral do texto
 Avaliação crítica do texto
Cada leitor deve ser estimulado a posicionar-se frente ao que
leu, mas isso pressupõe deslocar-se do ponto de vista
pessoal para ir ao encontro do ponto de vista do outro.
Questões:
1. O que você pensa sobre os textos?
2. O que cada texto revela sobre o beijo (no séc. XIX e
atualmente)?
3. Como você avalia a atitude do narrador-personagem no
momento em que beija Marcela e no momento do beijo na
história de A.Barreto?
4. Eles revelam sentimentos em relação ao beijo? Quais?
Habilidades a serem exploradas depois
da leitura integral do texto
 Avaliação
(Habilidade: Identificar marcas do foco narrativo num
enunciado de narrativa literária.)
Questões:
1. Quem é o narrador da história?
2. Como se classifica esse tipo de narrador?
3. Identifique um trecho que comprove sua
resposta.
Habilidades a serem exploradas depois
da leitura integral do texto
 Avaliação
(Habilidade: Reconhecer o efeito de sentido decorrente da
escolha de uma determinada palavra ou expressão.)
Questão:
Explique os sentidos que a palavra independência
adquire no início do quarto parágrafo.
(Resp.: Independência do Brasil / independência do narrador-
personagem: “Éramos dous rapazes, o povo e eu vínhamos da
infância, com todos os arrebatamentos da juventude”)
Habilidades a serem exploradas depois
da leitura integral do texto
 Avaliação
(Habilidade: Identificar o efeito de sentido produzido em um texto
literário, pelo uso intencional de pontuação expressiva.)
Questão:
Analise o uso das reticências no trecho: “De todas porém a
que me cativou logo foi uma... uma... não sei se diga; este
livro é casto, ao menos na intenção é castíssimo.” Pode-se
dizer que o efeito de sentido criado pelo autor é:
a) demonstrar que não lembrava quem era a moça
b) expressar dúvida sobre quem era a moça
c) expressar hesitação quanto ao uso de uma palavra que não
fosse casta
d) expressar uma certeza sobre quem era a moça
Habilidades a serem exploradas depois
da leitura integral do texto
 Avaliação da habilidade de escrita
Após os discentes lerem e analisarem os dois textos
pedir para que produzam um texto narrativo
explorando o tema “Meu Primeiro Beijo”.
OBS.: Orientá-los sobre os elementos e os
momentos da narrativa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
“Só assim a alfabetização cobra sentido. É a
consequência de uma reflexão que o homem
começa a fazer sobre sua própria capacidade de
refletir. Sobre sua posição no mundo. Sobre o mundo
mesmo. Sobre o seu trabalho. Sobre seu poder de
transformar o mundo. Sobre o encontro das
consciências. (...) nos parece válido o trabalho da
alfabetização, em que a palavra seja entendida pelo
homem na sua justa significação: como uma força de
transformação do mundo.”
(Paulo Freire, 1975, p. 142)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, J. J. Alfabetização e leitura. 2. ed. São Paulo: Cortez,
1994.
BARRETO, Antonio. Meu primeiro beijo. Balada do primeiro amor.
São Paulo: FTD, 1977. p. 134-6.
FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. 5.ed. Rio de
Janeiro: Paz e Terra,1975.
LAJOLO, M. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. 5.ed.
São Paulo: Ática, 2000.
ROJO, Roxane. Letramentos múltiplos, escola e inclusão social.
São Paulo: Parábola Editorial, 2009.
SÃO PAULO (Cidade) Secretaria Municipal de Educação. Diretoria
de Orientação Técnica. Referencial de expectativas para o
desenvolvimento da competência leitora e escritora no
ciclo II do Ensino Fundamental. São Paulo: SME/DOT 2006.

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O Primeiro Beijo de Brás Cubas

  • 1. Situação de Aprendizagem 9. Ano Capítulo XIV - O primeiro beijo
  • 2. Curso Língua Portuguesa nos anos finais do Ensino Fundamental Situação de Aprendizagem: Atividades de leitura e escrita com base no Capítulo XIV - O primeiro beijo, de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis Professoras Autoras: Daniela, Elizangela, Érica, Fernanda, Margarete, Valéria, Zuleica
  • 3. Sumário  Introdução sobre a Prática de Leitura  Habilidades a serem exploradas antes da leitura integral do texto  Levantamento do conhecimento prévio sobre o assunto  Antecipação do tema ou idéia principal a partir dos elementos paratextuais  Antecipação do tema ou idéia principal a partir do exame de imagens  Explicitação das expectativas de leitura a parir da análise dos índices anteriores  Habilidades a serem exploradas durante a leitura integral do texto  Confirmação ou retificação das antecipações ou expectativas de sentido criadas antes da leitura  Localização do tema ou da idéia principal  Esclarecimento de palavras desconhecidas a partir de inferência ou consulta a dicionário  Identificação das pistas linguísticas responsáveis por introduzir no texto a posição do autor  Habilidades a serem exploradas após a leitura integral do texto  Busca de informações complementares por meio de consulta a Internet e outras fontes  Construção da síntese semântica do texto  Troca de impressões a respeito dos textos lidos, fornecendo indicações para sustentação de sua leitura e acolhendo outras posições  Avaliação crítica do texto  Considerações Finais  Referências Bibliográficas
  • 4. Introdução sobre a Prática de Leitura  ... o cidadão, para exercer plenamente sua cidadania, precisa apossar-se da linguagem literária, alfabetizar-se nela, tornar-se seu usuário competente, mesmo que nunca vá escrever um livro: mas porque precisa ler muitos. ( LAJOLO, 2000 , p. 106)
  • 5. Introdução sobre a Prática de Leitura  ... na medida em que a linguagem é uma construção da cultura, para que ocorra a interação entre o leitor e o texto, e para que essa interação constitua o que se costuma considerar uma experiência poética, é preciso que o leitor tenha possibilidade de percepção e reconhecimento – mesmo que inconscientes – dos elementos de linguagem que o texto manipula. (LAJOLO, 2000, p. 45)
  • 6. Introdução sobre a Prática de Leitura  Ler é sempre colocar questões a um texto: é um ato voluntário que evocamos previamente. É por isso que um texto pode ser compreendido de diversas maneiras. Pretender que exista uma única forma “correta” de interpretar um poema, um romance ou qualquer outro texto, é impedir que o leitor coloque as questões que deseja, que são cabíveis para ele; é, portanto, anular a construção de sua própria compreensão (BARBOSA,1994, P. 118).
  • 7.  Objetivos  Desenvolver habilidades de leitura de textos narrativos;  Despertar a sensibilidade para o texto literário;  Desenvolver as habilidades de interpretação, escrita e produção de texto.  Duração das atividades 3 a 6 aulas  Estratégias e recursos da aula  Atividades de discussão (oralmente) que enfoquem as habilidades de inferência do tema a partir da leitura do título do texto e de imagens relacionadas ao tema (primeiro beijo);  Atividades de leitura, focalizando o texto selecionado;  Atividades de interpretação e estudo do texto, focalizando o autor, o gênero, o discurso e a linguagem.  Atividades de produção, focalizando as habilidades escritoras Situação de Aprendizagem
  • 8. Primeira aula – Despertando interesse pelo tema. O professor fará uma discussão com os alunos sobre o tema “Primeiro Beijo”, trabalhando as habilidades seguintes:  conhecimento prévio  antecipação do tema ou ideia principal Habilidades a serem exploradas antes da leitura integral do texto
  • 9. Habilidades a serem exploradas antes da leitura integral do texto  Levantamento do conhecimento prévio sobre beijo  Leitura de imagens
  • 10. Habilidades a serem exploradas antes da leitura integral do texto  Levantamento do conhecimento prévio sobre beijo  Leitura de imagens
  • 11. Habilidades a serem exploradas antes da leitura integral do texto  Levantamento do conhecimento prévio sobre beijo  Leitura de imagens
  • 12. Habilidades a serem exploradas antes da leitura integral do texto  Antecipação do tema ou ideia principal a partir dos elementos paratextuais.  Antecipação do tema ou ideia principal a partir do exame de imagens Apresentar uma cópia do texto abaixo para os alunos. CAPÍTULO XIV / O PRIMEIRO BEIJO (Este trecho do texto foi retirado do livro Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis)  QUESTÕES: 1. A partir das imagens e do título do texto que vamos ler, o que vocês esperam encontrar? 2. Qual tema vocês esperam encontrar na leitura?
  • 13. Habilidades a serem exploradas antes da leitura integral do texto  Explicitação das expectativas de leitura a partir da análise dos índices anteriores  Questões para motivar a leitura:  Vocês conhecem o autor Machado de Assis?  O que vocês sabem sobre a época em que o livro foi publicado (1881)?  Você sabe como era o namoro e o beijo naquela época?  Como deve ser o primeiro beijo, na sua opinião?
  • 14. Memórias Póstumas de Brás Cubas – Machado de Assis CAPÍTULO 14 - O Primeiro Beijo Tinha dezessete anos; pungia-me um buçozinho que eu forcejava por trazer a bigode. Os olhos, vivos e resolutos, eram a minha feição verdadeiramente máscula. Como ostentasse certa arrogância, não se distinguia bem se era uma criança com fumos de homem, se um homem com ares de menino. Ao cabo, era um lindo garção, lindo e audaz, que entrava na vida de botas e esporas, chicote na mão e sangue nas veias, cavalgando um corcel nervoso, rijo, veloz, como o corcel das antigas baladas, que o romantismo foi buscar ao castelo medieval, para dar com eles nas ruas do nosso século. O pior é que o estafaram a tal ponto, que foi preciso deitá-lo à margem, onde o realismo o veio achar, comido de lazeira e vermes, e, por compaixão, o transportou para os seus livros. Sim, eu era esse garção bonito, airoso, abastado; e facilmente se imagina que mais de uma dama inclinou diante de mim a fronte pensativa, ou levantou para mim os olhos cobiçosos. De todas porém a que me cativou logo foi uma... uma... não sei se diga; este livro é casto, ao menos na intenção; na intenção é castíssimo. Mas vá lá; ou se há de dizer tudo ou nada. A que me cativou foi uma dama espanhola. Marcela, a "linda Marcela", como lhe chamavam os rapazes do tempo. E tinham razão os rapazes. Era filha de um hortelão das Astúrias; disse-mo ela mesma, num dia de sinceridade, porque a opinião aceita é que nascera de um letrado de Madrid, vítima da invasão francesa, ferido, encarcerado, espingardeado, quando ela tinha apenas doze anos. Cosas de España. Quem quer que fosse, porém, o pai, letrado ou hortelão, a verdade é que Marcela não possuía a inocência rústica, e mal chegava a entender a moral do código. Era boa moça, lépida, sem escrúpulos, um pouco tolhida pela austeridade do tempo, que lhe não permitia arrastar pelas ruas
  • 15. os seus estouvamentos e berlindas; luxuosa, impaciente, amiga de dinheiro e de rapazes. Naquele ano, ela morria de amores por um certo Xavier, sujeito abastado e tísico, - uma pérola. Via-a, pela primeira vez, no Rossio Grande, na noite das luminárias, logo que constou a declaração da independência, uma festa de primavera, um amanhecer da alma pública. Eramos dois rapazes, o povo e eu; vínhamos da infância, com todos os arrebatamentos da juventude. Via-a sair de uma cadeirinha, airosa e vistosa, um corpo esbelto, ondulante, um desgarre, alguma coisa que nunca achara nas mulheres puras. - Segue-me, disse ela ao pajem. E eu seguia-a, tão pajem como o outro, como se a ordem me fosse dada, deixei-me ir namorado, vibrante, cheio das primeiras auroras. A meio caminho, chamaram-lhe "linda Marcela", lembrou-me que ouvira tal nome a meu tio João, e fiquei, confesso que fiquei tonto. Três dias depois perguntou-me meu tio, em segredo, se queria ir a uma ceia de moças, nos Cajueiros. Fomos; era em casa de Marcela. O Xavier, com todos os seus tubérculos, presidia ao banquete noturno, em que eu pouco ou nada comi, porque só tinha olhos para a dona da casa. Que gentil que estava a espanhola! Havia mais uma meia dúzia de mulheres, - todas de partido -, e bonitas, cheias de graça, mas a espanhola... O entusiasmo, alguns goles de vinho, o gênio imperioso, estouvado, tudo isso me levou a fazer uma coisa única; à saída, à porta da rua, disse a meu tio que esperasse um instante, e tornei a subir as escadas. Memórias Póstumas de Brás Cubas – Machado de Assis CAPÍTULO 14 - O Primeiro Beijo (continuação)
  • 16. - Esqueceu alguma coisa? perguntou Marcela de pé no patamar. - O lenço. Ela ia abrir-me caminho para tornar à sala; eu segurei-lhe nas mãos, puxei-a para mim, e dei-lhe um beijo. Não sei se ela disse alguma coisa, se gritou, se chamou alguém; não sei nada; sei que desci outra vez as escadas, veloz como um tufão, e incerto como um ébrio. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000215.pdf Acesso em 16.06.2013. Memórias Póstumas de Brás Cubas – Machado de Assis CAPÍTULO 14 - O Primeiro Beijo (continuação)
  • 17. Habilidades a serem exploradas durante a leitura integral do texto  Confirmação ou retificação das antecipações ou expectativas de sentido criadas antes da leitura.  Durante a leitura compartilhada, o professor deve:  Realizar pausas para confirmar ou retificar as expectativas explicitadas pelos alunos antes da leitura.  Esclarecer palavras desconhecidas, desenvolvendo nos alunos habilidades de inferência ou de consulta a dicionário.
  • 18. Habilidades a serem exploradas durante a leitura integral do texto  Localização do tema ou da idéia principal  Qual é o tema do texto?  Em que passagem do texto isso fica evidente?  O que o primeiro beijo representou para a vida do narrador-personagem?
  • 19. Habilidades a serem exploradas durante a leitura integral do texto  Esclarecimento de palavras desconhecidas a partir de inferência ou consulta a dicionário Durante a leitura deve-se pedir para que os alunos deduzam os significados das palavras a partir do contexto. Em uma primeira aproximação devemos procurar entender o texto globalmente. A mediação de um leitor mais experiente deve suprir as falhas de compreensão durante a leitura compartilhada. A busca das palavras desconhecidas em dicionário poderá ser realizada após a leitura, como forma de fixação de novo vocabulário.
  • 20. Habilidades a serem exploradas durante a leitura integral do texto  Identificação das pistas linguísticas responsáveis por introduzir no texto a posição do autor Para ajudar os alunos a desenvolver essa percepção, pedir para que analisem, durante a leitura, o discurso do autor: sua subjetividade, sua concepção de mundo,seus preconceitos, sua ironia, o uso que faz de estereótipos sociais e culturais, como constrói representações sociais e políticas etc.
  • 21. Habilidades a serem exploradas após a leitura integral do texto  Busca de informações complementares por meio de consulta a Internet e outras fontes (sugestões):  Pesquisar sobre o autor, a obra e o contexto de publicação.  Pesquisar outros textos do mesmo autor para contextualizar o estilo de escrita de Machado de Assis.  Pesquisar outros romances para sistematizar características do gênero.  Pesquisar outros textos literários e/ou não literários que abordam o mesmo tema.
  • 22. Habilidades a serem exploradas após a leitura integral do texto  Busca de informações complementares por meio de consulta a Internet e outras fontes Pesquisar o site: http://www.comelliphilatelist.com/artigos3.asp?id=262 para conhecer mais sobre os locais citados no texto: CAJUEIROS (rua dos) – Recebeu esse nome porque tinha uma saída particular para a antiga rua Princesa dos Cajueiros (atual Barão de São Felix). Foi aberta em 1809 nos terrenos de Emerenciana Isabel Dantas e Castro e do brigadeiro Domingos José Pereira. Em 30.10.1948, através do Decreto 187, teve o nome alterado para rua Alfredo Dolabela Portela, industrial e empreiteiro do Governo republicano, que faleceu em 13.11.1940.
  • 23. Habilidades a serem exploradas após a leitura integral do texto  Busca de informações complementares por meio de consulta a Internet e outras fontes Pesquisar o site: http://oriodeantigamente.blogspot.com.br/search/label/PRA%C3%87AS%20E %20AVENIDAS%20DO%20RJ para conhecer mais sobre os locais citados no texto: A atual Praça Tiradentes teve origem, nos idos do Séc. XVII, no desmembramento do então chamado Campo de São Domingos. Em 1690 chamava-se Rocio Grande, em clara alusão ao Largo do Rocio lisboeta; mais tarde, passou a Campo dos Ciganos, devido à chegada, de Portugal, de um grupo desses nômades, e que ali montaram, por algum tempo, suas barracas. A partir de 1747, com a construção da Capela de NªSª da Lampadosa, passou a ser conhecida como Campo da Lampadosa. Em 1808, passou a ser o Campo do Polé, graças à instalação, no local, de um pelourinho. Em 1821, passou a ser chamada Praça da Constituição; D. Pedro, assumindo o posto de Príncipe Regente, jurou fidelidade à Constituição Portuguesa de uma das varandas do Real Teatro São João que ficava onde, hoje, encontra-se o Teatro João Caetano. Finalmente, em 1890, ao aproximar-se o centenário da morte de Joaquim José da Silva Xavier, passou a ter o nome de Praça Tiradentes, pela proximidade do local onde se acredita ter sido enforcado o protomártir da Independência. No centro da praça, o monumento a Pedro I, mandado erigir por Pedro II, foi inaugurado em 1862. Apresenta o Imperador a cavalo, fardado de general, segurando com a mão esquerda as rédeas, enquanto com a direita exibe a Constituição de 1824.(Há quem acredite tratar-se das cartas recebidas às margens do Ipiranga.)
  • 24. Habilidades a serem exploradas após a leitura integral do texto  Busca de informações complementares por meio de consulta a Internet e outras fontes
  • 25. Habilidades a serem exploradas após a leitura integral do texto  Busca de informações complementares por meio de consulta a Internet e outras fontes
  • 26. Habilidades a serem exploradas após a leitura integral do texto  Atividade de Leitura Complementar Leia o texto Meu primeiro beijo, de Antonio Barreto. (BARRETO, Antonio. Meu primeiro beijo. Balada do primeiro amor. São Paulo: FTD, 1977. p. 134-6.) Após a leitura responda: a) Em que momento aconteceu o primeiro beijo da personagem? Explique as diferenças em relação ao texto de Machado de Assis. b) Como foi o primeiro beijo para personagem? Explique as diferenças em relação ao texto de Machado de Assis. c) Qual o foco narrativo do texto? Justifique com um trecho do texto.
  • 27. Habilidades a serem exploradas depois da leitura integral do texto  Identificar referências a outros textos buscando informações adicionais se necessário.  Compare a sociedade retratada na obra de Machado de Assis com a sociedade contemporânea.  Compare os textos dos dois autores, Machado de Assis e Antonio Barreto, e responda: quais sentimentos ou sensações são relacionadas à experiência do primeiro beijo?
  • 28. Habilidades a serem exploradas depois da leitura integral do texto  Troca de impressões a respeito dos textos lidos, fornecendo indicações para sustentação de sua leitura e acolhendo outras posições.  Comparando os dois textos responda:  O que representou para cada personagem a experiência do primeiro beijo descrita em cada texto?  Como a linguagem foi empregada pelos autores?
  • 29. Habilidades a serem exploradas depois da leitura integral do texto  Avaliação crítica do texto Cada leitor deve ser estimulado a posicionar-se frente ao que leu, mas isso pressupõe deslocar-se do ponto de vista pessoal para ir ao encontro do ponto de vista do outro. Questões: 1. O que você pensa sobre os textos? 2. O que cada texto revela sobre o beijo (no séc. XIX e atualmente)? 3. Como você avalia a atitude do narrador-personagem no momento em que beija Marcela e no momento do beijo na história de A.Barreto? 4. Eles revelam sentimentos em relação ao beijo? Quais?
  • 30. Habilidades a serem exploradas depois da leitura integral do texto  Avaliação (Habilidade: Identificar marcas do foco narrativo num enunciado de narrativa literária.) Questões: 1. Quem é o narrador da história? 2. Como se classifica esse tipo de narrador? 3. Identifique um trecho que comprove sua resposta.
  • 31. Habilidades a serem exploradas depois da leitura integral do texto  Avaliação (Habilidade: Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra ou expressão.) Questão: Explique os sentidos que a palavra independência adquire no início do quarto parágrafo. (Resp.: Independência do Brasil / independência do narrador- personagem: “Éramos dous rapazes, o povo e eu vínhamos da infância, com todos os arrebatamentos da juventude”)
  • 32. Habilidades a serem exploradas depois da leitura integral do texto  Avaliação (Habilidade: Identificar o efeito de sentido produzido em um texto literário, pelo uso intencional de pontuação expressiva.) Questão: Analise o uso das reticências no trecho: “De todas porém a que me cativou logo foi uma... uma... não sei se diga; este livro é casto, ao menos na intenção é castíssimo.” Pode-se dizer que o efeito de sentido criado pelo autor é: a) demonstrar que não lembrava quem era a moça b) expressar dúvida sobre quem era a moça c) expressar hesitação quanto ao uso de uma palavra que não fosse casta d) expressar uma certeza sobre quem era a moça
  • 33. Habilidades a serem exploradas depois da leitura integral do texto  Avaliação da habilidade de escrita Após os discentes lerem e analisarem os dois textos pedir para que produzam um texto narrativo explorando o tema “Meu Primeiro Beijo”. OBS.: Orientá-los sobre os elementos e os momentos da narrativa.
  • 34. CONSIDERAÇÕES FINAIS “Só assim a alfabetização cobra sentido. É a consequência de uma reflexão que o homem começa a fazer sobre sua própria capacidade de refletir. Sobre sua posição no mundo. Sobre o mundo mesmo. Sobre o seu trabalho. Sobre seu poder de transformar o mundo. Sobre o encontro das consciências. (...) nos parece válido o trabalho da alfabetização, em que a palavra seja entendida pelo homem na sua justa significação: como uma força de transformação do mundo.” (Paulo Freire, 1975, p. 142)
  • 35. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBOSA, J. J. Alfabetização e leitura. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1994. BARRETO, Antonio. Meu primeiro beijo. Balada do primeiro amor. São Paulo: FTD, 1977. p. 134-6. FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. 5.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,1975. LAJOLO, M. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. 5.ed. São Paulo: Ática, 2000. ROJO, Roxane. Letramentos múltiplos, escola e inclusão social. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. SÃO PAULO (Cidade) Secretaria Municipal de Educação. Diretoria de Orientação Técnica. Referencial de expectativas para o desenvolvimento da competência leitora e escritora no ciclo II do Ensino Fundamental. São Paulo: SME/DOT 2006.

Hinweis der Redaktion

  1. A disciplinaridade delimita áreas de competência que permitem focalizar a atenção sobre um objeto de estudo. Porém, a hiperespecialização torna o homem fragmentado. A busca por um ser humano integral leva à transdisciplinaridade (Interação com as disciplinas, complementaridade)