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Desinformação sobre o Aquecimento Global

David Morrison
Skeptical Inquirer, Volume 34.2, Março / Abril 2010
Original disponível em http://www.csicop.org/si/show/disinformation_about_global_warming,
Acessado em <23/5/2011>

 Na década passada, acompanhei as crescentes evidências de mudanças climáticas e
 aquecimento global conversando com colegas cientistas atmosféricos e assistindo a
 apresentações de cientistas de ponta em encontros profissionais, como na American Association
 for the Advancement of Sciences (AAAS) e American Geophysical Union (AGU). Naquela época,
 eu raramente encontrei alguém que discordasse seriamente do crescente consenso sobre o
 aquecimento global e a ameaça que ele representa. Neste último outubro, no entanto, vi essas
 idéias disputadas entre colegas céticos e outros na audiência a que nos dirigíamos. Foi um
 choque, e me fez olhar de novo as alegações dos dissidentes do aquecimento. Eu gostaria de
 divulgar algo do que eu aprendi.



 Há um bocado de desinformação sobre aquecimento global na Internet, ligada, em parte, a
 questões políticas e econômicas. Esses aspectos políticos e econômicos são complexos, e
 relativamente poucos cientistas os compreendem em detalhe. É importante lembrar que clima é
 um conceito de longo prazo. Tendências no clima requerem ao menos uma década para se
 revelarem. Assim, podem-se detectar muito bem tendências climáticas nos anos 1990, mas nos
 anos 2000 ainda não.

 Um dos objetivos dos negadores parece ser plantar confusão e dar a impressão de que a ciência
 por trás do aquecimento global é débil. Esta campanha de desinformação tem sido, ao menos
 parcialmente, bem sucedida; pesquisas (por exemplo, a pesquisa 2009 Pew/AAAS, SI,
 Novembro/Dezembro 2009) mostram que aproximadamente a metade da população dos USA
 pensa que há um substancial desacordo entre os cientistas, quando realmente tem havido
 consenso neste tópico há coisa de uma década. O fato científico se fortaleceu todo o tempo, mas a
 aceitação pública está defasada. Muitos dos argumentos não fazem sentido, cientificamente, ou
 são baseados em informações obsoletas. É bom ser cético, mas devemos estar atentos para
 quando o ceticismo resvala para a negação.

 Este não é o lugar para discutirmos o aquecimento global; isto está muito bem feito nos relatórios
 do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC - Intergovernmental Panel on
 Climate Change). Veja especialmente o IPCC Summary for Policymakers and Frequently Asked
 Questions no endereço www.ipcc.ch/ipccreports/ar4-wg1.htm. Em lugar disso, eu listei abaixo
 (em negrito) algumas "bandeiras vermelhas" agitadas pelos negadores do aquecimento global,
 que podem ajudar a identificar a desinformação.

 1.      Não devemos nos preocupar com o dióxido de carbono, uma vez que o
      principal gás do efeito estufa é o vapor d'água. Esta afirmação falseia o processo
      de aquecimento. É o dióxido de carbono (e o metano) que controla a estrutura térmica da
      atmosfera. O conteúdo de vapor d'água é altamente variável e segue, essencialmente, o
      dióxido de carbono, provendo uma realimentação positiva que amplifica os efeitos do
      dióxido de carbono.

 2.     O que estamos vendo são "variações naturais" causadas primariamente
      por variações na intensidade da energia solar. Falso. Estivemos monitorando a
      energia solar por um quarto de século e as suas variações são levadas em conta em todos
os modelos de clima. A maioria das variações de temperatura desde o início do século XX
     pode ser representada por pequenas mudanças na energia solar, somadas a mudanças de
     longo prazo na órbita da Terra e a resfriamento de curto prazo associado a grandes
     erupções vulcânicas. Há também eventos de aquecimento e resfriamento associados ao
     "El Niño" e outras mudanças na circulação dos oceanos e da atmosfera. Desde a metade
     do século, porém, o rápido aquecimento devido ao dióxido de carbono está
     sobrecarregando esses ciclos "naturais".

3.      O aparente aumento da temperatura é um artifício causado pelo fato de
     que muitos dos dados são de cidades, que são mais quentes do que seus
     arredores. Isto também está errado; o efeito de "ilha de calor" é corrigido nos gráficos
     de temperatura global. Muito esforço científico está sendo dirigido para a compreensão e
     combinação das várias medidas de temperatura para produzir um conjunto de dados
     consistente, combinando medições diretas no solo e no espaço com informação indireta,
     por exemplo, de medidas isotópicas que acompanham a temperatura muito de perto.
     Também há, naturalmente, efeitos de larga escala do aumento da temperatura facilmente
     constatados, como a retração dos glaciares, o degelo da cobertura de gelo da Groenlândia
     e da Antártica e dos gelos marítimos do Ártico.

4.      Enquanto as temperaturas parecem estar aumentando na baixa atmosfera
     (troposfera), elas estão caindo na estratosfera. Quem diz isso não faz idéia de que
     esta é a assinatura que se poderia esperar do aquecimento por efeito estufa (porque os
     gases de estufa na troposfera impedem o fluxo de calor radiante da superfície da Terra
     para a estratosfera). Se houvesse uma causa externa, tal como o crescimento da energia
     do sol, tanto a troposfera como a estratosfera estariam se aquecendo. Os modelos
     computacionais atuais permitem distinguir de outras causas o aquecimento por efeito
     estufa e revelam sua primazia em várias décadas passadas.

5.      Tanto a atividade humana como as erupções vulcânicas se juntam à
     cobertura de nuvens e aumentam a reflexão da luz solar da atmosfera. Isto
     age largamente contra qualquer aquecimento por efeito estufa. A poluição
     atmosférica, tanto natural (como a causada por vulcões) como a de origem humana
     (causada por fumaça e outros aerossóis) realmente influenciam a temperatura, refletindo
     a luz do sol e reduzindo o aquecimento que teríamos, oriundo do efeito estufa
     isoladamente. Sem essas contribuições para o resfriamento, o acréscimo no aquecimento
     por efeito estufa seria significantemente maior do que aquele que medimos. Há também
     o aumento da temperatura causado pelo escurecimento da superfície, porque mais luz
     solar é absorvida. À medida que o gelo do Ártico derrete, a água escura absorve uma
     quantidade maior de luz solar, um efeito que acelerará o aquecimento global futuro.
6.      A tendência ao aquecimento durante os anos 1990 não é grande coisa; as
     temperaturas são realmente menores do que foram no período quente
     medieval. Errado; pelo menos nos últimos milhares de anos, as temperaturas nunca
     estiveram tão altas como hoje. Aí pela metade do século XX a temperatura ultrapassou os
     picos verificados em torno de mil anos atrás e estiveram crescendo desde então, levando-
     nos a um território climático desconhecido.




7.      Se, por um lado, havia um aquecimento nos anos 1990, isto parou e o
     mundo está agora entrando num período de resfriamento de longa duração.
     Isto é uma interpretação errada das medições de temperatura. Sempre há flutuações de
     curta duração na temperatura global superpostas à tendência geral de aquecimento. Os
     que dizem que a temperatura atingiu um platô ou está baixando na última década partem
     do valor anomalamente alto em 1998, que refletiu o maior efeito do "El Niño" naquele
     ano. Se adotarmos essa excursão da temperatura como base, naturalmente os valores
     tendem a ser menores nos vários anos seguintes (chama-se isto de "regressão à média").
Mas pondo de lado o pico de 1998, as temperaturas durante a década passada
      mantiveram a tendência de aquecimento dos anos 1990.

8.       Mais dióxido de carbono é bom, uma vez que faz as plantas crescerem
      melhor. Isto pode ser verdade se pudéssemos ter um acréscimo de dióxido de carbono
      sem efeito estufa, mas altas temperaturas não são boas para a maioria das plantas. Além
      disso, o aumento de dióxido de carbono acidifica os oceanos, o que pode destruir os
      recifes de coral ou ter efeitos deletérios no zooplâncton, do qual depende muito da vida
      no oceano. Por toda a Terra, as estiagens de longo termo localizadas, causadas pelo
      aquecimento global, terão um efeito negativo muito maior sobre as plantas.

9.       Não há consenso; muitos cientistas discordam do aquecimento global. Isto
      não é totalmente verdadeiro. Autores discordantes não publicaram praticamente nenhum
      artigo que tenha sido submetido à revisão na década passada. Na maioria, não são
      cientistas do clima e não ofereceram modelos alternativos para explicar os dados. As
      academias nacionais de ciência de todos os países industrializados endossaram as
      descobertas do IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change), o que representa
      um forte acordo científico sobre a realidade tanto do aquecimento global como dos
      desafios que ele implica.

10.      Como se pode confiar nos cientistas do clima, se numerosos e-mails de
      cientistas do Reino Unido mostram que eles distorceram dados e suprimiram
      opiniões contrárias? Esses emails roubados de um centro climático britânico revelam
      como os cientistas reais, com seus defeitos, trabalham. Em e-mails pessoais escrevem-se
      coisas que nunca se quereria publicar. Não há evidência, entretanto, de falsificação ou
      supressão de dados climáticos. Parece ter havido esforços de influenciar editores de
      jornais científicos a não publicarem artigos (papers) de negadores do aquecimento
      global. Num nível, isto é exatamente o que cientistas normalmente fazem: vetar artigos
      pelo processo de revisão pelos pares (peer-review) para eliminar ciência pobre. Se as
      ações vão além disso, representando uma impropriedade, isso será revelado pela
      pesquisa corrente. Mas não há nada nessa controvérsia que reduza o esmagador consenso
      científico sobre o aquecimento global de origem antrópica.

Finalmente, comentemos sobre o papel do cético. (Ver também Stuart Jordan, “The Global
Warming Debate: Science and Scientists in a Democracy” , SI, November/December 2007, e a
resposta de Jordan a vários contestadores do aquecimento global em “Response to ‘Assessing the
Credibility of CFI’s Credibility Project,’” SI, January/February 2010.) Note-se que eu não falei
nada sobre tendências de aquecimento futuro, aumentos no nível do mar ou aumento da
severidade das tempestades induzido por aquecimento. Como diz o ditado, é difícil fazer
predições, especialmente sobre o futuro. É certo que o aquecimento continuará, uma vez que as
temperaturas são dominadas pelo acréscimo de carbono na atmosfera. A despeito das promessas,
não tem havido redução nas taxas de produção de CO 2 , e mesmo que os governos tomem medidas
drásticas, continuaremos a bombear para a atmosfera grandes quantidades de gases de estufa,
pelo menos até o meio deste século. Além disso, o sistema climático tem inércia e o aquecimento
segue a concentração de CO 2 com um atraso de dez a vinte anos. Também há grandes incertezas
sobre os efeitos de realimentação, especialmente aquela causada pelo aquecimento das regiões
polares, que pode acelerar o derretimento do gelo e contribuir para libertar CO2 e metano da
tundra. Cientistas têm tentado modelar esses processos e suas simulações coincidem, para os
próximos dez ou vinte anos. Entretanto, além desse período os modelos divergem, devido tanto a
incertezas nas computações como nas hipóteses assumidas. É razoável ser cético a respeito de
predições específicas, especialmente depois de 2030, mas isto não nos deve cegar para o que está
acontecendo ao nosso planeta agora.
Referências

 Os relatórios do IPCC e os artigos revisados (peer-reviewed) que os referenciam são as fontes
 básicas deste artigo. Em adição ao material do IPCC eu recomendo dois sites confiáveis:
 RealClimate—Climate Science from Climate Scientists, disponível em www.realclimate.org, e
 Skeptical Science—Examining the Science of Global Warming Skepticism, disponível em
 www.skepticalscience.com.


 David Morrison




 O Dr. David Morrison é membro do CSI; é cientista sênior no Astrobiology Institute da NASA.
 Seus interesses primários são a nova e multidisciplinar ciência da astrobiologia, a proteção da
 Terra dos impactos de asteróides, divulgação da ciência e educação. O Dr. David Morrison é o
 Diretor do Lunar Science Institute da NASA e Cientista Sênior para Astrobiologia no Ames
 Research Center da NASA. Ele também é Diretor do Carl Sagan Center for Study of Life in the
 Universe no SETI Institute, em Mountain View CA. O Dr. Morrison é internacionalmente
 conhecido por sua pesquisa sobre corpos pequenos no sistema solar, tem mais de 155 artigos
 técnicos e publicou uma dúzia de livros, incluindo cinco livros-texto de nível universitário e
 vários livros populares sobre tópicos de ciência espacial. Em 2005 ele recebeu a medalha Carl
 Sagan da American Astronomical Society por sua contribuição na divulgação pública da ciência.
 Ele é membro da American Association for the Advancement of Science, da California Academy
 of Sciences e do Committee for Skeptical Inquiry. O asteróide 2410 Morrison foi assim batizado
 em sua honra.

(Tradução do original em Inglês: Leonardo Indrusiak)

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Desinformacao sobre aquecimento_global

  • 1. Desinformação sobre o Aquecimento Global David Morrison Skeptical Inquirer, Volume 34.2, Março / Abril 2010 Original disponível em http://www.csicop.org/si/show/disinformation_about_global_warming, Acessado em <23/5/2011> Na década passada, acompanhei as crescentes evidências de mudanças climáticas e aquecimento global conversando com colegas cientistas atmosféricos e assistindo a apresentações de cientistas de ponta em encontros profissionais, como na American Association for the Advancement of Sciences (AAAS) e American Geophysical Union (AGU). Naquela época, eu raramente encontrei alguém que discordasse seriamente do crescente consenso sobre o aquecimento global e a ameaça que ele representa. Neste último outubro, no entanto, vi essas idéias disputadas entre colegas céticos e outros na audiência a que nos dirigíamos. Foi um choque, e me fez olhar de novo as alegações dos dissidentes do aquecimento. Eu gostaria de divulgar algo do que eu aprendi. Há um bocado de desinformação sobre aquecimento global na Internet, ligada, em parte, a questões políticas e econômicas. Esses aspectos políticos e econômicos são complexos, e relativamente poucos cientistas os compreendem em detalhe. É importante lembrar que clima é um conceito de longo prazo. Tendências no clima requerem ao menos uma década para se revelarem. Assim, podem-se detectar muito bem tendências climáticas nos anos 1990, mas nos anos 2000 ainda não. Um dos objetivos dos negadores parece ser plantar confusão e dar a impressão de que a ciência por trás do aquecimento global é débil. Esta campanha de desinformação tem sido, ao menos parcialmente, bem sucedida; pesquisas (por exemplo, a pesquisa 2009 Pew/AAAS, SI, Novembro/Dezembro 2009) mostram que aproximadamente a metade da população dos USA pensa que há um substancial desacordo entre os cientistas, quando realmente tem havido consenso neste tópico há coisa de uma década. O fato científico se fortaleceu todo o tempo, mas a aceitação pública está defasada. Muitos dos argumentos não fazem sentido, cientificamente, ou são baseados em informações obsoletas. É bom ser cético, mas devemos estar atentos para quando o ceticismo resvala para a negação. Este não é o lugar para discutirmos o aquecimento global; isto está muito bem feito nos relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change). Veja especialmente o IPCC Summary for Policymakers and Frequently Asked Questions no endereço www.ipcc.ch/ipccreports/ar4-wg1.htm. Em lugar disso, eu listei abaixo (em negrito) algumas "bandeiras vermelhas" agitadas pelos negadores do aquecimento global, que podem ajudar a identificar a desinformação. 1. Não devemos nos preocupar com o dióxido de carbono, uma vez que o principal gás do efeito estufa é o vapor d'água. Esta afirmação falseia o processo de aquecimento. É o dióxido de carbono (e o metano) que controla a estrutura térmica da atmosfera. O conteúdo de vapor d'água é altamente variável e segue, essencialmente, o dióxido de carbono, provendo uma realimentação positiva que amplifica os efeitos do dióxido de carbono. 2. O que estamos vendo são "variações naturais" causadas primariamente por variações na intensidade da energia solar. Falso. Estivemos monitorando a energia solar por um quarto de século e as suas variações são levadas em conta em todos
  • 2. os modelos de clima. A maioria das variações de temperatura desde o início do século XX pode ser representada por pequenas mudanças na energia solar, somadas a mudanças de longo prazo na órbita da Terra e a resfriamento de curto prazo associado a grandes erupções vulcânicas. Há também eventos de aquecimento e resfriamento associados ao "El Niño" e outras mudanças na circulação dos oceanos e da atmosfera. Desde a metade do século, porém, o rápido aquecimento devido ao dióxido de carbono está sobrecarregando esses ciclos "naturais". 3. O aparente aumento da temperatura é um artifício causado pelo fato de que muitos dos dados são de cidades, que são mais quentes do que seus arredores. Isto também está errado; o efeito de "ilha de calor" é corrigido nos gráficos de temperatura global. Muito esforço científico está sendo dirigido para a compreensão e combinação das várias medidas de temperatura para produzir um conjunto de dados consistente, combinando medições diretas no solo e no espaço com informação indireta, por exemplo, de medidas isotópicas que acompanham a temperatura muito de perto. Também há, naturalmente, efeitos de larga escala do aumento da temperatura facilmente constatados, como a retração dos glaciares, o degelo da cobertura de gelo da Groenlândia e da Antártica e dos gelos marítimos do Ártico. 4. Enquanto as temperaturas parecem estar aumentando na baixa atmosfera (troposfera), elas estão caindo na estratosfera. Quem diz isso não faz idéia de que esta é a assinatura que se poderia esperar do aquecimento por efeito estufa (porque os gases de estufa na troposfera impedem o fluxo de calor radiante da superfície da Terra para a estratosfera). Se houvesse uma causa externa, tal como o crescimento da energia do sol, tanto a troposfera como a estratosfera estariam se aquecendo. Os modelos computacionais atuais permitem distinguir de outras causas o aquecimento por efeito estufa e revelam sua primazia em várias décadas passadas. 5. Tanto a atividade humana como as erupções vulcânicas se juntam à cobertura de nuvens e aumentam a reflexão da luz solar da atmosfera. Isto age largamente contra qualquer aquecimento por efeito estufa. A poluição atmosférica, tanto natural (como a causada por vulcões) como a de origem humana (causada por fumaça e outros aerossóis) realmente influenciam a temperatura, refletindo a luz do sol e reduzindo o aquecimento que teríamos, oriundo do efeito estufa isoladamente. Sem essas contribuições para o resfriamento, o acréscimo no aquecimento por efeito estufa seria significantemente maior do que aquele que medimos. Há também o aumento da temperatura causado pelo escurecimento da superfície, porque mais luz solar é absorvida. À medida que o gelo do Ártico derrete, a água escura absorve uma quantidade maior de luz solar, um efeito que acelerará o aquecimento global futuro.
  • 3. 6. A tendência ao aquecimento durante os anos 1990 não é grande coisa; as temperaturas são realmente menores do que foram no período quente medieval. Errado; pelo menos nos últimos milhares de anos, as temperaturas nunca estiveram tão altas como hoje. Aí pela metade do século XX a temperatura ultrapassou os picos verificados em torno de mil anos atrás e estiveram crescendo desde então, levando- nos a um território climático desconhecido. 7. Se, por um lado, havia um aquecimento nos anos 1990, isto parou e o mundo está agora entrando num período de resfriamento de longa duração. Isto é uma interpretação errada das medições de temperatura. Sempre há flutuações de curta duração na temperatura global superpostas à tendência geral de aquecimento. Os que dizem que a temperatura atingiu um platô ou está baixando na última década partem do valor anomalamente alto em 1998, que refletiu o maior efeito do "El Niño" naquele ano. Se adotarmos essa excursão da temperatura como base, naturalmente os valores tendem a ser menores nos vários anos seguintes (chama-se isto de "regressão à média").
  • 4. Mas pondo de lado o pico de 1998, as temperaturas durante a década passada mantiveram a tendência de aquecimento dos anos 1990. 8. Mais dióxido de carbono é bom, uma vez que faz as plantas crescerem melhor. Isto pode ser verdade se pudéssemos ter um acréscimo de dióxido de carbono sem efeito estufa, mas altas temperaturas não são boas para a maioria das plantas. Além disso, o aumento de dióxido de carbono acidifica os oceanos, o que pode destruir os recifes de coral ou ter efeitos deletérios no zooplâncton, do qual depende muito da vida no oceano. Por toda a Terra, as estiagens de longo termo localizadas, causadas pelo aquecimento global, terão um efeito negativo muito maior sobre as plantas. 9. Não há consenso; muitos cientistas discordam do aquecimento global. Isto não é totalmente verdadeiro. Autores discordantes não publicaram praticamente nenhum artigo que tenha sido submetido à revisão na década passada. Na maioria, não são cientistas do clima e não ofereceram modelos alternativos para explicar os dados. As academias nacionais de ciência de todos os países industrializados endossaram as descobertas do IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change), o que representa um forte acordo científico sobre a realidade tanto do aquecimento global como dos desafios que ele implica. 10. Como se pode confiar nos cientistas do clima, se numerosos e-mails de cientistas do Reino Unido mostram que eles distorceram dados e suprimiram opiniões contrárias? Esses emails roubados de um centro climático britânico revelam como os cientistas reais, com seus defeitos, trabalham. Em e-mails pessoais escrevem-se coisas que nunca se quereria publicar. Não há evidência, entretanto, de falsificação ou supressão de dados climáticos. Parece ter havido esforços de influenciar editores de jornais científicos a não publicarem artigos (papers) de negadores do aquecimento global. Num nível, isto é exatamente o que cientistas normalmente fazem: vetar artigos pelo processo de revisão pelos pares (peer-review) para eliminar ciência pobre. Se as ações vão além disso, representando uma impropriedade, isso será revelado pela pesquisa corrente. Mas não há nada nessa controvérsia que reduza o esmagador consenso científico sobre o aquecimento global de origem antrópica. Finalmente, comentemos sobre o papel do cético. (Ver também Stuart Jordan, “The Global Warming Debate: Science and Scientists in a Democracy” , SI, November/December 2007, e a resposta de Jordan a vários contestadores do aquecimento global em “Response to ‘Assessing the Credibility of CFI’s Credibility Project,’” SI, January/February 2010.) Note-se que eu não falei nada sobre tendências de aquecimento futuro, aumentos no nível do mar ou aumento da severidade das tempestades induzido por aquecimento. Como diz o ditado, é difícil fazer predições, especialmente sobre o futuro. É certo que o aquecimento continuará, uma vez que as temperaturas são dominadas pelo acréscimo de carbono na atmosfera. A despeito das promessas, não tem havido redução nas taxas de produção de CO 2 , e mesmo que os governos tomem medidas drásticas, continuaremos a bombear para a atmosfera grandes quantidades de gases de estufa, pelo menos até o meio deste século. Além disso, o sistema climático tem inércia e o aquecimento segue a concentração de CO 2 com um atraso de dez a vinte anos. Também há grandes incertezas sobre os efeitos de realimentação, especialmente aquela causada pelo aquecimento das regiões polares, que pode acelerar o derretimento do gelo e contribuir para libertar CO2 e metano da tundra. Cientistas têm tentado modelar esses processos e suas simulações coincidem, para os próximos dez ou vinte anos. Entretanto, além desse período os modelos divergem, devido tanto a incertezas nas computações como nas hipóteses assumidas. É razoável ser cético a respeito de predições específicas, especialmente depois de 2030, mas isto não nos deve cegar para o que está acontecendo ao nosso planeta agora.
  • 5. Referências Os relatórios do IPCC e os artigos revisados (peer-reviewed) que os referenciam são as fontes básicas deste artigo. Em adição ao material do IPCC eu recomendo dois sites confiáveis: RealClimate—Climate Science from Climate Scientists, disponível em www.realclimate.org, e Skeptical Science—Examining the Science of Global Warming Skepticism, disponível em www.skepticalscience.com. David Morrison O Dr. David Morrison é membro do CSI; é cientista sênior no Astrobiology Institute da NASA. Seus interesses primários são a nova e multidisciplinar ciência da astrobiologia, a proteção da Terra dos impactos de asteróides, divulgação da ciência e educação. O Dr. David Morrison é o Diretor do Lunar Science Institute da NASA e Cientista Sênior para Astrobiologia no Ames Research Center da NASA. Ele também é Diretor do Carl Sagan Center for Study of Life in the Universe no SETI Institute, em Mountain View CA. O Dr. Morrison é internacionalmente conhecido por sua pesquisa sobre corpos pequenos no sistema solar, tem mais de 155 artigos técnicos e publicou uma dúzia de livros, incluindo cinco livros-texto de nível universitário e vários livros populares sobre tópicos de ciência espacial. Em 2005 ele recebeu a medalha Carl Sagan da American Astronomical Society por sua contribuição na divulgação pública da ciência. Ele é membro da American Association for the Advancement of Science, da California Academy of Sciences e do Committee for Skeptical Inquiry. O asteróide 2410 Morrison foi assim batizado em sua honra. (Tradução do original em Inglês: Leonardo Indrusiak)