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           UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ

                CAMPUS CLÓVIS MOURA

          LICENCIATURA PLENA EM GEOGRAFIA




    UMA ANÁLISE DA PRÁTICA DOCENTE RELACIONADA
MOTIVAÇÃO DE PRINCÍPIOS ÉTICOS NO ENSINO DE GEOGRAFIA
NAS ESCOLAS DE 1ª A 4ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL DA
  REDE ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DA REGIÃO SUDESTE DE
                   TERESINA, PIAUÍ




              ELTON RICARDO SOUSA PEREIRA




                     TERESINA-PIAUÍ

                          2008
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            ELTON RICARDO SOUSA PEREIRA




    UMA ANÁLISE DA PRÁTICA DOCENTE RELACIONADA
MOTIVAÇÃO DE PRINCÍPIOS ÉTICOS NO ENSINO DE GEOGRAFIA
NAS ESCOLAS DE 1ª A 4ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL DA
  REDE ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DA REGIÃO SUDESTE DE
                    TERESINA, PIAUÍ




                     Monografia apresentada, coordenação Geral do
                     Curso       de    Licenciatura    Plena     de
                     Geografia/Campus Clóvis Moura da Universidade
                     Estadual do Piauí-UESPI como pré-requisito para
                     obtenção de título de graduação em Licenciatura
                     Plena em Geografia.

                         Orientador: Renê Aquino




                    TERESINA – PIAUÍ

                          2008
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                ELTON RICARDO SOUSA PEREIRA



    UMA ANÁLISE DA PRÁTICA DOCENTE RELACIONADA
MOTIVAÇÃO DE PRINCÍPIOS ÉTICOS NO ENSINO DE GEOGRAFIA
NAS ESCOLAS DE 1ª A 4ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL DA
  REDE ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DA REGIÃO SUDESTE DE
                    TERESINA, PIAUÍ




Monografia/TCC apresentada à Coordenação Geral dos Cursos de Licenciatura
Plena em Geografia/ Campus Clóvis Moura da Universidade Estadual do Piauí –
                                 UESPI.


                      Aprovada em ____/_____/_____


         Banca de defesa pública de trabalho de conclusão de curso


             _________________________________________
                                  Renê
                                Orientador


             _________________________________________
                                 Membro


             __________________________________________
                                 Membro
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                        AGRADECIMENTOS



            Ao meu Deus, onde encontro amor, paz, sabedoria e força
para resistir às batalhas que a vida me proporciona.

            Aos meus pais José Ulbiratan e Kethe Rosário por ter me
educado para a vida e para o próximo.

            A minha amada esposa que é fonte constante de alegria e
exemplo de fé. Amo você minha querida.

            Ao professor Francisco Gomes que através de sua
sabedoria   e   eloqüência    me   proporcionou    inspiração   para   a
concretização desta obra.

            A todos os professores que contribuíram com minha vida
acadêmica. Vocês são demais!

            Agradeço a todos os meus amigos e companheiros da sala,
que Deus ilumine os corações de cada um de vocês em qualquer
momento de suas vidas. Obrigado!
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“Nada é mais perigoso que um bom conselho

   acompanhado de um mau exemplo.”

                      (Autor desconhecido)
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         DEDICATÓRIA

Dedico   esta   obra   a   todos   os
educadores que fazem de suas
vidas uma grande obra de arte.
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                                    RESUMO



Este trabalho visa analisar a prática docente em relação à metodologia adotada nas
aulas de geografia para a transmissão de valores éticos que auxiliem os educandos
a serem cidadãos críticos, participativos, e que exerçam sua plena cidadania
reconhecendo seus direitos e deveres. Esta obra buscou referencia em autores
como Celso Antunes,helena Copotti Callai, Lana de Sousa Cavalcanti; pensadores
como Karl Marx e Kant, entre outros, além dos próprios Parâmetros Curriculares
Nacionais que auxiliaram nesta obra. A pesquisa que consta nesta obra foi
realizada por um período de um mês em escolas de 1ª a 4ª séries do Ensino
Fundamental da Rede Estadual de Educação, a qual teve participação dos
professores e alunos que responderem os questionários e dedicarem seu tempo em
responder entrevistas direcionadas para esta temática. Espera-se que este trabalho
contribua de forma significativa para a reflexão da prática docente e incentive outros
educadores a continuarem a pesquisar esta temática que revela-se cada dia mais
atual e presente em nossa sociedade.




Palavras-chave: Geografia, Ética, Moral.
8




                                                   SUMÁRIO



RESUMO..............................................................................................07



INTRODUÇÃO.....................................................................................10

CAPÍTULO I

1.A MORAL E A ÉTICA NO CONTEXTO SOCIAL..............................12

1.1.A MORAL, A ÉTICA E A CONSTRUÇÃO DO SUJEITO....................................14

1.2.     A     EVOLUÇÃO              DA       CONCEPÇÃO                ÉTICA:         DOS        PRIMÓRDIOS                  À
ATUALIDADE............................................................................................15

1.2.1. O DESPERTAR DA ÉTICA E SUA CONTRIBUIÇÃO FILOSÓFICA..............15

1.2.2. A ÉTICA CONTEMPORÂNEA E A CRISE MORAL.......................................19

1.3. A GEOGRAFIA EM UMA PERSPECTIVA ÉTICA.............................................20

1.3.1. O DESPERTAR DO SER SOCIAL E A GEOGRAFIA....................................21

1.3.2. A CONTRIBUIÇÃO DA ESCOLA PARA A FORMAÇÃO ÉTICA DO
CIDADÃO.................................................................................................................22

1.3.3. O PROFESSOR, A GEOGRAFIA E A ÉTICA NO PROCESSO DE
AQUISIÇÃO DOS CONHECIMENTOS....................................................................24

1.3.4. ADAPTAÇÃO METODOLÓGIGA AOS SABERES DO EDUCANDO NAS
SÉRIES INICIAIS NAS AULAS DE GEOGRAFIA.....................................................27
9



CAPÍTULO II

2. O PROFESSOR DE POLIVALENCIA E SEU TRABALHO NAS AULAS DE
GEOGRAFIA:                        VALORES                      MORAIS                     NO                 CONTEXTO
SOCIAL..................................................................................................30

2.1. PERCURSO METODOLÓGICO........................................................................31

2.2. CONCEPÇÃO DE MORAL E ÉTICA DOS PROFESSORES DE 1ª A 4ª
SÉIRIES....................................................................................................................32

2.3. A QUESTÃO DO DIÁLOGO EM SALA DE AULA..............................................35

2.3.1. O DEBATE PARA A FORMAÇÃO DO SENSO CRÍTICO...............................36

2.4. DRAMAS NA FORMAÇÃO MORAL E A REALIDADE ESCOLAR NAS
ESCOLAS ESTADUAIS DE TERESINA...................................................................37

2.4.1 ESCOLA E A CONSTRUÇÃO DE VALORES PELA CONVIVÊNCIA
SOCIAL......................................................................................................................38

2.4.2. A VISÃO JUVENIL DA INDISCIPLINA EM SALA DE AULA............................40




CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................46




REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS.........................................................48




APÊNDICE.............................................................................................50
10



                                    INTRODUÇÃO



       A Geografia é uma ciência dinâmica que fornece uma série de temas de
caráter social que podem e devem ser pesquisados e debatidos pela sociedade,
principalmente em ambiente escolar que favoreça a integração entre escola e
sociedade, ensino e aprendizagem através de profissionais treinados, metodologia
adequada, saber sistematizado e recursos mínimos exigidos que favoreçam o saber
no ensino.

       Em relação ao processo de ensino/aprendizagem, considera-se que não
basta existir pessoas capacitadas, recursos e metodologia, é importante que o saber
transmitido pela escola tenha significado concreto e prepare o indivíduo para a vida
em sociedade. Neste aspecto, a temática deste trabalho intitulado: Uma análise da
prática docente relacionada à motivação de princípios éticos no ensino de Geografia;
aborda a ética como sendo o meio pelo qual o ser humano observa a sociedade,
tomando por base os padrões morais que a própria sociedade escolhe. A ética
possibilita julgar o que é benéfico ou maléfico para a sociedade e para o próprio ser
humano, por isso, há necessidade de se pesquisar sobre o cotidiano escolar e a
prática docente a qual considera-se como sendo a principal responsável pela
motivação em sala de aula, e o professor como sendo modelo ético que a criança,
consciente ou inconsciente segue como referencia para exercer sua cidadania.

       Torna-se necessário que haja uma escola preparada para atender aos
anseios da sociedade e um professor facilitador da aprendizagem que motive
valores como o respeito, a igualdade, a fraternidade e a justiça. Para isso, surge o
seguinte questionamento: Como desenvolver uma prática docente motivadora em
relação a criança na sociedade em relação ensinamentos éticos a partir das aulas
de Geografia de 1ª a 4ª Série do Ensino Fundamental nas escolas estaduais da
região Sudeste de Teresina-PI?

       Este trabalho aborda o significado de ética, sua relação com a moral e o
ensino de Geografia na produção do cidadão ético, analisa objetivo e métodos para
o trabalho nas aulas de Geografia, assim como a relação entre professor e aluno
que deve ser ativa e de significado moral. Considera-se que a Geografia, como
11



disciplina, ainda é vista pela sociedade como sendo uma matéria decorativa e sem
importância ao comparar-se com outras disciplinas como a Matemática ou a Língua
Portuguesa. Este trabalho ressalta a importância da Geografia para a aprendizagem
para que o cidadão seja autônomo e conhecedor de seus direitos e deveres na
sociedade.

       Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Ética e da Geografia constituem-
se de valorosa contribuição para este trabalho, além das obras dos autores: Celso
Antunes, Adela Cortina, Mara Lúcia Arruda Aranha, Lana de Souza Cavalcanti,
Álvaro L. M. Valls, Jung Mo Sung entre outros que abrilhantaram este trabalho.

       Realizou-se uma pesquisa descritiva para a concretização deste trabalho
nas escolas de 1ª a 4ª Série do Ensino Fundamental da rede estadual de educação
de Teresina-PI com o auxílio de dados cedidos pela 8ª Diretoria Regional de
Educação (8ª DRE), ampla pesquisa bibliográfica e instrumental de pesquisa
composto por questionários respondidos com grande interesse pelos alunos.

       Esta pesquisa é composta de dois capítulos.

       O primeiro capítulo aborda os conceitos de ética, moral, a relação da
Geografia com a ética, a importância do professor e de sua metodologia, assim
como a formação moral do educando e a importância da escola neste processo.

       O segundo capítulo aborda a metodologia da pesquisa e a análise dos
instrumentos de pesquisa que foram direcionados aos professores, alunos.
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                                CAPÍTULO I

        1.A MORAL E A ÉTICA NO CONTEXTO SOCIAL



       Surge à aurora do século XXI e a humanidade, mesmo com o avanço
tecnológico, econômico, político e social, ainda encontram-se envolta em uma série
de questões que por séculos tem feito com que vários filósofos como Sócrates,
Platão, e Aristóteles analisassem e discutissem sobre o que motiva o ser humano
em suas escolhas; surgiram várias idéias filosóficas que explicavam que o homem é
movido pela razão, pela emoção ou pela religião. Pode-se citar como exemplos os
seguintes questionamentos que serviram para discussões em vários períodos por
toda a História: Qual o sentido da vida? O que é bom e o que é mal? O que é
liberdade e justiça? O que é ética? Até o próprio significado da palavra ética é
confundido com a moral ao analisar-se os lavores que regem a sociedade atual.

       A sociedade contemporânea passa por várias transformações devidas,
principalmente, pelo seu dinamismo; as mudanças ocorrem visivelmente (nos
aspectos físicos crescimento das cidades, transformações na natureza; econômicos,
e sociais) ou de forma imperceptível representada pelos costumes que transformam-
se constantemente, influenciando a qualidade de vida do cidadão; os meios de
comunicação estão cada vez mais rápidos, e as relações interpessoais ocasionam
influencias que fazem com que valores antes relacionados como pilares da
sociedade sejam de repente ignorados, assumindo assim novos valores tidos como
verdadeiros e de vital importância para o bom convívio em comunidade.
13



      Pode-se considerar que um valor de suma importância na sociedade é a
honestidade, independendo do contexto ao qual esta inserida. Se um mecânico
produz um meio de ganhar dinheiro passando peças de carro antigas por peças
novas, isso é considerado desonestidade em muitas sociedades, e o mecânico é
preso se for descoberto. Em nosso país, essa forma de conduta recebeu a
denominação carinhosa de “jeitinho brasileiro”, isto é, o ato de usar de má fé com
outras pessoas para se obter vantagens. Porém muitas pessoas em nossa
sociedade aceitam esse procedimento como sendo sinônimos de esperteza e
sabedoria. Questões como estas têm levado vários filósofos, psicólogos,
antropólogos e geógrafos a raciocinar sobre a sociedade em que vivem, por isso,
afirma-se que a moral e a ética têm importância fundamental para a compreensão da
sociedade que vivemos. Elas refletem o modo comportamental que o individuo adota
de acordo com o tempo e o espaço em que vive.

       O ser humano é um ser social e atuante, sendo necessário que ele adote
uma postura, e concilie seu modo de falar e até mesmo de pensar de acordo com a
sociedade que está inserida. Feito isso, ele aceita como verdadeira a realidade a
qual lhe é apresentada e, por isso, é considerada normal as suas atitudes com as
outras pessoas. Estas por sua vez, aceita as idéias por não diferir das idéias do
senso comum, havendo aceitação mútua entre o indivíduo e a sociedade a que
pertence; isto funciona como uma segurança para todos que estão inclusos no grupo
social. Portanto, se a maioria das pessoas aceitar o “ jeitinho brasileiro” como uma
forma comum e autêntica de se conseguir o sustento da família ou como forma
desleal que cause dano e incentive a corrupção na sociedade, então, a voz que se
contradiz a alguma destas idéias dificilmente é aceita pela maioria, mas quando
questiona-se sobre a validade de conceitos, costumes ou até mesmo normas, surge
a necessidade da análise e da fundamentação das idéias que irão contra ao senso
comum. Segundo JUNG MO SUNG:

                     “ Quando todos aceitam os costumes e os valores morais
                     estabelecidos na sociedade não há necessidade de muita discussão
                     sobre eles. Mas quando surgem questionamentos sobre a validade
                     de determinados valores ou costumes, surge a necessidade de
                     fundamentar teoricamente estes valores vividos de uma forma
14



                    prática: e, para aqueles que não concordam, a de criticá-los.”
                    ( pag.12).

       De acordo com o autor, há necessidade de reflexão sobre os valores que
nosso meio social adota e coragem para ir contra o senso comum e àqueles que se
beneficiam com a ordem estabelecida. Quando faz-se uso do questionamento, usa-
se padrões de valores que são transmitidos desde a tenra infância; surgindo assim,
através das dúvidas e dos questionamentos, os primeiros conceitos de moral e ética
que o ser humano desenvolve.

       1.1.A MORAL, A ÉTICA E A CONSTRUÇÃO DO SUJEITO.

       Comumente costuma-se referir à moral e à ética como sendo sinônimas
entre si, não chega a ser fatal este erro, em muitas circunstancias, as duas se
relacionam ou até mesmo se completam. De acordo com MARIA LÚCIA DE
ARRUDA ARANHA: “Moral é o conjunto de regras de conduta assumidas pelos
indivíduos de um grupo com a finalidade de organizar as relações interpessoais
segundo os valores do bem e do mal.” ( p.117 sem data ) .Para que haja boas
relações em uma sociedade é necessário que existam regras que sejam escolhidas
e obedecidas pela população. Pode parecer um contrato, porém é mais que isto; de
acordo com a mesma autora,a própria palavra moral vem do latim mos (singular) e
mores(plural ) que significa costumes. Por isso, muitas pessoas usam este termo
para expressar bons costumes; surge assim uma pergunta: Como      pode-se saber o
que é bom ou ruim na sociedade?

       Os valores adquiridos pela sociedade auxiliam na escolha entre o que é bom
ou mal para a mesma, esses valores surgem através das experiências adquiridas ao
longo do tempo e de um processo de análise de várias situações. É, portanto,
escolher o que é melhor para todos e reter o que não serve, isto é, o que causa
prejuízo para o convívio em sociedade. Porém, quando há reflexão sobre os valores
que a sociedade adota, relaciona-se o conceito de ética que segundo ÁLVARO L. M.
VALLS :” É o estudo das ações ou dos costumes, e pode ser a própria realização de
um tipo de comportamento”. ( pag 7, 2004). Portanto, em tese, os valores servem
para que a sociedade mantenha sua integridade e se desenvolva, para que todos
tenham uma vida melhor. Neste aspecto o sujeito ético questiona a sociedade e ao
mesmo tempo apóia seu comportamento uma vez que ele é influenciado pelos
15



próprios valores que ele questiona. ARANHA observa que as principais
características do sujeito ético são:   indivíduo consciente de si e dos outros como
sujeitos éticos, um ser dotado de vontade,       capaz de controlar e orientar seus
desejos e impulsos e decidir várias alternativas possíveis; ser responsável, em
suma, assumir as conseqüências de seus erros         e principalmente ser livre para
escolher sem que fatores externos o forcem a algo que ele não deseja.(p.120. Sem
data)

        1.2.    A    EVOLUÇÃO           DA     CONCEPÇÃO           ÉTICA:     DOS
PRIMÓRDIOS À ATUALIDADE.

        1.2.1. O DESPERTAR DA ÉTICA E SUA CONTRIBUIÇÃO
FILOSÓFICA.

        As doutrinas morais são sistematizações a partir de valores, princípios e
normas concretas que são adaptadas ao tempo e espaço em cada cultura e
civilização, sobre isso, ADELA CORTINA explana: “As doutrinas morais se oferecem
como orientação imediata para a vida moral das pessoas, ao passo que as teorias
éticas pretendem antes dar conta do fenômeno da moralidade em geral” (2005,
pag:51), Entretanto, para ter-se uma visão, mesmo que parcial, desse fenômeno, é
necessária a organização de uma retrospectiva sobre os anais da ética e suas
principais contribuições filosóficas. Esta pesquisa não tem a pretensão de abordar
todas as correntes filosóficas, mas oferece uma reflexão sobre alguns dos principais
valores que regem a nossa sociedade.

        As concepções éticas surgiram mais profundamente no mundo ocidental,
mais precisamente na Grécia Antiga apesar de vários pensadores terem refletido
sobre estas questões anteriormente. Questões como valores, as próprias
concepções de bondade e maldade, justiça, prazer e a própria busca pela felicidade
é abordada em manuscritos de pensadores como Sócrates, Platão e Aristóteles. Nas
pesquisas efetuadas dialeticamente nos diversos diálogos, cita VALLS ao organizar
um quadro feito por Platão que relaciona as características principais do homem
virtuoso que constituem-se em justiça (dike), prudência ou sabedoria ( frônesis ou
sofía), fortaleza ou valor (andréia), e temperança (sofrosine). Segundo a concepção
da época, estes valores nos assemelham do divino e imortal, eleva nossas mentes e
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espírito, faz com que as paixões mais nobres predominem e produz o autodomínio e
a harmonia individual. (2.004,pag:27), Constata-se então o surgimento do
pensamento voltado para o bem comum onde a virtude passa a ser valorizada acima
de qualquer ganho pessoal e a verdadeira felicidade é vista como sendo a união de
todas estas virtudes. A religião muito contribuiu para o aperfeiçoamento destas
concepções éticas como as conhecemos. Ainda segundo VALLS:

                 A religião grega, como muitas outras religiões antigas, era bastante naturalista,
                 sendo os deuses geralmente quase personificações de forças naturais, como o
                 raio, a força, a inteligência, o amor e até mesmo a guerra. Com a religião judaica,
                 a questão se modifica um tanto. O Deus de Abraão, Isaac e Jacó não se
                 identifica com as forças da natureza, estando acima de tudo o que há de natural.
                 (2.004, pag: 36)

       Em termos morais e éticos, esta concepção torna-se profunda, pois o
homem comandado pelas forças da natureza (naturalista) passa a ser comandado
por um único Deus que está acima de todas as coisas e para conhecê-lo é
necessário conhecer a sua vontade. Neste contexto foram acrescentados mais dois
princípios fundamentais para a convivência social: o amor incondicional e o perdão
ao próximo.

       Com a Idade Média surgiram várias contribuições marcadas pela ética
religiosa, a contemplação pela vida futura no céu e o castigo eterno. Cita ARANHA “
a cultura ocidental esteve marcada pela tradição moral fundada nos valores
religiosos e nas crenças depois da morte [...] os valores são transcendentes, porque
resultam da doação divina, que leva à identificação da pessoa moral com o ser
temente a Deus.” ( p. 126 sem data). Portanto, a aproximação do homem com um
Deus que recompensa as pessoas que são boas com a vida eterna e que castiga os
maus com um sofrimento indescritível em um inferno por toda a eternidade
acrescentou vários valores como o perdão aos inimigos, a caridade a paciência, e a
abnegação aos valores materiais; estes valores foram defendidos por vários
pensadores em séculos posteriores como Ludwig Feuerbach, e Karl Marx. Porém, as
contribuições marcantes resultam das idéias de Agostinho de Tagaste ( Santo
Agostinho ) apud ADELA CORTINA confirma as idéias dos filósofos gregos em
relação a moral:” Moral é um conjunto de orientações cuja função é ajudar os seres
humanos a conseguir a vida feliz.”(2005, p. 64), Agostinho ainda acrescenta que a
17



verdadeira felicidade só pode ser encontrada se cada pessoa tiver um encontro com
Deus-Pai, e que o caminho para a felicidade esta aberto para todo cidadão,
independente de ser o cidadão letrado ou não.

       Tratando-se da ética na Idade Média, pode-se citar também a contribuição
de Tomás de Aquino que explica que a consciência de cada pessoa determina as
suas escolhas que devem sempre levar a um bem maior e, conseqüentemente, a
felicidade. Ainda de acordo com CORTINA (2005,p.66): “Aquino considera a
consciência a chave da moral cotidiana, pois a aplicação dos princípios às diversas
situações não pode ser mecânico, mas criativo e razoável.” Neste aspecto, as
escolhas que fazemos na vida influenciarão em nossa vida futura no porvir, isso
ocasiona mudanças de atitude que devem contribuir para o bem comum de todos na
sociedade.

       A partir do século XVIII, a moral vai se tornando laica (não religiosa), se
antes os fundamentos da moral e dos bons costumes encontrava-se em Deus, com
o passar do tempo, a moral passou a possuir um discurso humanista, isto é,
centralizado no ser humano; no campo das doutrinas surge Hume que, segundo
ARANHA : “ Rejeita todo sistema ético que não se baseia em fatos e observações.
Partindo da conduta humana efetiva, distingue o útil e o agradável na raiz dos atos
morais”. ( pag:126 Sem data). Exemplificando este pensamento, observa-se que a
justiça é boa porque diminui os danos causados aos cidadãos assim como não
matar é útil para a mesma; em relação ao mesmo filosofo, CORTINA explana:

                     “Na opinião de Hume, os fundamentos de nossas normas morais e de
                    nosso juízo de valor são a utilidade e a simpatia. Respeitamos as normas
                    morais- que Hume supõe como dadas e cuja origem, portanto, não explica
                    porque, se não o fizéssemos, se seguiriam maiores prejuízos que o que ,
                    em alguns casos, a obediência a essas normas produz”. (2005, pag: 68).

       Em suma, de acordo com o pensamento de Hume, em qualquer sociedade,
é melhor obedecer às normas morais do que não obedecer para que o cidadão não
seja penalizado pela desordem e falta de segurança proposta por uma sociedade
desorganizada e que não considere suas próprias leis morais, popularmente falando:
É melhor ter uma lei que se obedeça a que ter varias leis e nenhum compromisso
com elas ou nenhuma lei que seria o mesmo de seu não cumprimento.
18



        Entre os filósofos que surgiram durante a Idade Moderna, nenhum foi mais
influente que Emmanuel Kant que identificou muito o individuo ético com o ideal da
autonomia individual. O homem racional, autônomo, autodeterminado, aquele que
age segundo a razão e a liberdade, eis o critério da moralidade. De acordo com
KANT:

                    “Uma vez que o tempo passado não está mais em meu poder, deve
                    ser necessária cada ação que levo a cabo, em razão de causas
                    determinantes que não estão em meu poder, o que é o mesmo que
                    dizer que no momento que ajo nunca suo livre. Ainda que eu
                    admitisse a minha existência total como independente de toda causa
                    externa ( por exemplo, de Deus )       de forma que os motivos
                    determinantes da minha causalidade e até da minha existência não
                    se encontrasse fora de mim, nem mesmo isso transformaria, o
                    mínimo que fosse, essa necessidade natural em liberdade.” ( 2004,
                    pag: 104 ).Crítica da Razão Prática

        Em relação a estes pensamentos, o homem livre é aquele que tem a
possibilidade de escolher, sendo que essas escolhas estão relacionadas às nossas
experiência passadas o que faz-se necessário raciocinar sobre as conseqüências de
nossas escolhas que são cobradas independentemente de se acreditar em Deus ou
não, a liberdade faz-se necessária para o bem do indivíduo. Quando fala-se em
ética, não há como não relacioná-la a liberdade e quando fala-se em liberdade, e ao
mesmo em direito de escolhas pois não haveria ética em uma sociedade onde os
direitos de escolha são determinados, imagina-se uma sala de aula onde os alunos
não tem liberdade de escolher o que aprender ou como aprender, isso geraria
descontentamento, desinteresse e a própria rebeldia. Hegel apud Valls (p. 53,2.004)
explica que as escolhas devem vir do interior de cada pessoa e que não devem ser
forçadas por fatores externos como ameaças, isso determina o homem livre, sendo
que as conseqüências de suas escolhas devem estar implícitas no ambiente de
cada aluno.

        Diferente do século XVIII no qual vimos que a moral iluminista dá margem ao
posicionamento racional, laico e com acentuação à liberdade e ao direito de
contestação, no século XIX surgem vários novos pensamentos que opuseram-se,
principalmente, ao formalismo kantiano fundada na razão universal, abstrata, de um
19



sujeito transcendental; vale ressaltar as contribuições de Hegel que explica as
mudanças de valores de acordo com o tempo e espaço e Nietzsche que de acordo
com ARANHA: “Defende a transvaloração de todos os valores, separando a moral
comum para que os atos do homem forte não sejam pautadas pela mediocridade
das virtudes estabelecidas”. (p.127 sem data), ou seja, era preciso voltar-se para a
capacidade inventiva, reflexiva, alegre e potente do ser humano para a
concretização de seu ideal de liberdade e bem estar, era preciso refletir sobre a
moral estabelecida, era preciso ser ético.

1.2.2. A ÉTICA CONTEMPORÂNEA E A CRISE MORAL



        No século XX continua válida a desconfiança na razão como forma para
direcionar as nossas razões ao mesmo tempo em que este argumento é válido
também para a religião. Cada vez mais acredita-se que o instinto, a comunicação e o
relativismo são necessários para a real compreensão do contexto histórico atual;
questões como: Para que serve a família? O casamento é importante nos dias
atuais? Por que obedecer às leis de nossa sociedade? O que é o amor? O que
posso ganhar com o bem que faço? São questionamentos que cada vez mais são
analisados de acordo com um ponto de vista cada vez mais individualista e
narcisista no qual as pessoas tornam-se voltadas para si mesmas, o que torna-se
um paradoxo o fato da humanidade organizar-se cada vez mais em um mundo
globalizado onde a idéia principal é a união de todas as culturas, raças e credos em
uma aldeia global.

        Os meios de comunicação desenvolvem-se como métodos planejados para
a massificação das idéias e formação de conceitos que relativizam individualmente
as condições morais do indivíduo, a velocidade como as notícias são transmitidas
para os lares em tempo real e sua dificuldade consta na análise de cada fato e como
são pesadas na balança moral que rege os subconscientes. Em relação a estes
fatos, ARANHA cita:

                      “Se lembrarmos ainda os riscos da massificação pelos meios de
                      comunicação, estaremos diante de um quadro às avessas do que seriam as
                      condições adequadas de uma vida moral autentica, já que esta supõe
                      consciência crítica, liberdade, reciprocidade e responsabilidade” (P. 129)
20



        De acordo com a autora, as massificações dos meios de comunicação
prendem o expectador e nublam sua consciência crítica que faz com que tenha-se
dificuldades em diferenciar o certo do errado ao mesmo tempo que isola o cidadão e
não contribui tenazmente para o bem estar social. Os valores que norteiam o
comportamento humano encontram-se fundamentados no relativismo atual, as
próprias concepções de bem e mal são analisadas sobre a ótica individual, a
sociedade cita: “Cada um sabe o que é melhor para si” e esquece-se a
generosidade, a igualdade, o direito e a justiça; analisa-se a moral mais não
questiona-se sobre a ética sobre pesos favoráveis para o bem comum.

1.3. A GEOGRAFIA EM UMA PERSPECTIVA ÉTICA



        Dado ao dinamismo inerente a própria sociedade a qual o ser humano faz
parte, as transformações sociais acontecem constantemente, e muitos dessas
mudanças são imperceptíveis aos nossos sentidos; sejam mudanças nos aspectos
físicos do próprio espaço a qual o indivíduo está inserido ou nos costumes que
norteiam as relações pessoais, políticas e comerciais e culturais que auxiliam neste
convívio. O homem influencia a espaço que faz parte sendo que ele mesmo é fruto
do meio em que vive, isso dá-se graças ao próprio processo evolutivo da produção
de bens que acompanhou a evolução intelectual da própria espécie. Segundo KARL
MARX: “A produção aparece com o aumento da população. As relações entre as
nações estão condicionadas pelo estado de desenvolvimento de cada uma delas no
que diz respeito às forças produtivas, à divisão de trabalho e o intercambio interno.”
(2004. P.45). Cada um desses fatores sugere relações interpessoais que envolvem
leis, normas, tratadas e regras que devem ser seguidas para que estas relações
tenham êxito para seu bom desempenho; portanto, o homem é um ser social e
produtivo que necessita está em comunidade para produzir sua subsistência.

        Pode-se dizer que a Geografia estuda as relações produtivas e a interação
do ser humano no meio em que vive; ela própria é uma ciência que estuda o espaço
e a relação do ser humano com os vários fatores que se encontram no meio
ambiente. De acordo com NESTOR ANDRÉ KAERCHER: “O homem faz a
Geografia à medida que se faz humano, ser social”. (Kaercher. [ et al]. P11. 2003)
Isso origina-se ao fato de que o homem precisa compreender, geograficamente, o
21



que é ser humano, isso tem a ver em compreender sua função social e como ele
influencia benéfica ou maleficamente seu espaço de vivencia, é preciso que o
indivíduo seja ético para analisar seu comportamento na sociedade.

1.3.1. O DESPERTAR DO SER SOCIAL E A GEOGRAFIA



       O ser humano é um ser social, isto é, vive em sociedade, relacionando-se
com várias pessoas que o influencia e que influenciada por suas trocas de
experiências, independente de seu círculo de amizades; por isso, o convívio social
torna-se determinante na formação do educando como indivíduo e como cidadão.
Diz-se que desde a tenra infância a criança convive com os mais diversos tipos de
pessoas, seja na escola, no trabalho ou nos momentos de diversão; a própria família
constitui-se na primeira instituição social a qual o homem faz parte. Vale ressaltar
que o ser social não surge de uma hora pra outra, para que ele surja é necessário
um longo processo de aprendizagem que dará origem ao indivíduo que conhece
seus direitos e deveres, que questiona os valores adotados pela sociedade e
contribui de forma significativa em sua transformação. A escola é um importante
meio que nos auxilia a compreender a gênese do ser social desde que garanta sua
formação moral no processo de aprendizagem. Segundo CALLAI:

                    “ O nosso aluno tem de ser considerado em sua plenitude, e não
                    apenas como uma criança que está a disposição do professor e da
                    escola para ser ensinado. Se a preocupação do professor e da
                    escola é formar cidadãos, o aluno precisa ser visto como indivíduo
                    que vive em sociedade( fazendo parte de vários grupos) num
                    determinado momento( um tempo definido) e ocupando determinado
                    lugar(espaço). Crescer, portanto, significa ir localizando-se com
                    lucidez, no tempo e nas circunstancias em que vive, para chegar a
                    ser verdadeiramente homem, isto é, indivíduo capaz de criar e
                    transformar a realidade, em comunhão com seus semelhantes.”
                    (Castrgiovanni. Ed tal. , P.67)

       Somente através da consciência de seu papel na sociedade é que o aluno
poderá assumir uma postura ética e de valores que possa contribuir com o bem
estar de seus semelhantes e com o ambiente a qual está inserido. Neste sentido, o
22



estudo da Geografia contribui de forma significativa por ser uma ciência que tem
como principal campo de observação a sociedade e o espaço físico que está sujeito
a transformações pelo trabalho humano. De acordo com os PARÂMETROS
CURRICULARES NACIONAIS DE GEOGRAFIA:

                     “ O estudo da Geografia possibilita aos alunos, a compreensão de
                     sua posição em conjunto das relações da sociedade com a natureza;
                     como e por que suas ações individuais ou coletivas, em relação aos
                     valores humanos ou à natureza, tem conseqüências – tanto para si
                     como para a sociedade.” (PCN’s DE GEOGRAFIA, p. 113)

       A Geografia é mais de que ensinar nomes de estados, países, rios, cidades,
informações que apesar de serem importantes, desenvolvem um saber fragmentado
que se perde pela falta de praticidade e pelo acúmulo de informação; a Geografia
auxilia a compreensão do aluno como ser pertencente há um tempo e espaço
definido e possibilita que através de seu conhecimento haja o melhor exame de
raciocínio que possibilite melhores decisões e atitudes; o espaço está em constante
transformação e o indivíduo deve aprender a agir de forma responsável nesse
processo de mudanças.

1.3.2. A CONTRIBUIÇÃO DA ESCOLA PARA A FORMAÇÃO ÉTICA
DO CIDADÃO.

       À escola cabe ensinar, isto é, garantir a aprendizagem de certas habilidades
e conteúdos que são necessários para a vida em sociedade. A escola oferece
instrumentos de compreensão da realidade local e, também oferece a participação
dos em relação sociais diversificadas e cada vez mais amplas. A vida escolar
possibilita exercer diferentes papéis, em grupos variados, facilitando a integração
dos jovens em um maior contexto.

       É preciso que se inclua no contexto escolar a realidade como ela se
apresenta tirando a ilusão de que vivemos em um mundo harmonioso, um mundo
infantilizado característico das primeiras séries e estudar acontecimentos relevantes
como a fome, as guerras, o crime, a globalização, os avanços tecnológicos, entre
outros assuntos que os leve a analisar a sociedade e a compreender seus
23



problemas e suas necessidades, fazendo com que se procurem alternativas
harmonizadoras para o mundo.

       As instituições escolares possuem um importante papel para a formação do
educando que é harmonizar a educação fazendo com que haja propósito para o que
se aprende. A própria formação do cidadão constitui-se em um aprender contínuo,
respeitando-se cada etapa do desenvolvimento intelectual do indivíduo, e a escola
por sua vez, possui a responsabilidade de ensinar conceitos, valores e normas
sociais que contribuem para a formação do educando, não somente como aluno,
mas como pessoa que valoriza seu próprio eu e as pessoas ao seu redor e o meio
ambiente a qual faz parte em sua totalidade. À Geografia cabe a difusão do
conhecimento e sua organização sistemática para facilitar a aprendizagem. Segundo
CAVALCANTI (p.50, 2002):

                    “ O objetivo escolar de formação de cidadania é de responsabilidade
                    da   escola   como   um   todo,   mas   à   Geografia   cabe,   mais
                    especificamente, o trabalho com conceitos como a cidadania e de
                    cidade e a organização do estudo nas escolas com referencia a
                    esses temas”.

       De acordo com a autora, a Geografia oferece meios para que o aluno
compreenda a sociedade, sendo que o conceito de cidadania deve ser trabalhado
nas escolas e incluso em seus temas de referencia. Além disso, a Geografia
possibilita que o aluno analise as questões morais que a motivam, e direciona o
aluno as compreensões de várias outras realidades alem da sua. Cita os
PARÂMETROS CURRICULARES DE ÉTICA:

                    “Aulas de História e Geografia tratam diretamente de pessoas e de
                    suas diferenças, sejam estas ao tempo (as pessoas de antigamente
                    eram diferentes das de agora), seja com referencia ao lugar onde
                    moram.” (p.124. 2001)

       Os PCN’s incluem a História e a Geografia como ciências que produzem no
cidadão o sentimento de respeito pela diversidade cultural entre os povos e o
sentimento de que cada pessoa é diferente porque possuem realidades diferentes e
semelhanças que os identificam.
24



       Mais do que trabalhar com conteúdos, a escola deve trabalhar com a
realidade do educando, preparar para a vida, não somente ensinar valores, mas
também demonstrar a valorização d seus princípios, metas e objetivos; deve atender
aos anseios de uma sociedade cada vez mais individualista, embora haja tantas
pessoas convivendo juntas umas das outras. Sobre isso, CELSO ANTUNES (p.47.
2003) afirma:

                    “ A escola deve trabalhar as relações interpessoais para desenvolver
                    no aluno uma visão sistêmica da escola e de seu papel, mas também
                    para facilitar sua integração com a comunidade, professores e
                    colegas através de uma colaboração confiante e permanente.”

       Em relação a citação, o autor esclarece que a escola deve procurar integrar
as pessoas dentro e fora de seu convívio, a comunidade deve participar do processo
de educação junto a professores, alunos e direção da escola. Visando esta
integração, os Pcn’s relacionam os conteúdos priorizados no convívio escolar. São
eles: respeito mútuo, justiça, diálogo, solidariedade ( PCN”s de Ética p. 102) Estes
conteúdos não devem ser trabalhados como uma matéria a parte e sim nortear os
valores trabalhados nas disciplinas fundamentais auxiliando a formação moral dos
alunos na escola permitindo maior integração entre escola e sociedade.

       1.3.3. O PROFESSOR, A GEOGRAFIA E A ÉTICA NO
PROCESSO DE AQUISIÇÃO DOS CONHECIMENTOS.



       Sempre que alguém se lembra de seus tempos escolares, as primeiras
letras, os amigos, as tarefas, seu dia a dia escolar, vem a lembrança daquele
professor especial que auxiliou no seu desenvolvimento como aluno e como pessoa,
que contribuiu de forma significativa para seus avanços na aquisição do saber.O
sentimento pode ser contrário, o aluno pode lembrar-se do professor que o excluiu
nas atividades, que o colocou no ostracismo existencial, que bloqueou com suas
afirmações negativas em relação a ele quando o aluno pedia explicações. É comum
se encontrar alunos que não gostam de Geografia, Matemática, Química ou
qualquer outra disciplina devido a problemas de aprendizagem provocados por
professores que eram rígidos demais com os alunos.
25



       Em pleno século XXI, observa-se a evolução tecnológica que se reflete na
mudança da qualidade de vida dos cidadãos e nos avanços nas comunicações e
das técnicas de produção; muitos alunos possuem em seus lares computadores,
celulares e outros aparelhos de última geração, porem, a escola, ou a maioria dos
professores do Brasil ainda possuem as formas arcaicas de ensinar que consiste no
professor falar o conteúdo e no aluno ouvir as orientações, e se não concordar, é
sugerida uma punição para o aluno mal-comportado. Torna-se necessário que haja
um saber democrático em sala de aula onde se plante a semente da democracia,
principalmente nas séries iniciais quando a criança afasta-se com mais freqüência
do convívio familiar e passa a aumentar seu convívio social.

       Torna-se necessário que a postura do professor mude de acordo com as
necessidades sociais pois o ritmo do progresso intensifica-se a cada dia; o novo
contexto social exige que o professor seja um facilitador, um mediador entre o
ensino e aprendizagem, palavras estas distintas mais cheias de significado, que
relacionam-se para a construção do conhecimento. O PROGRAMA ÉTICA E
CIDADANIA elaborado pelo Governo do Federal compreendem como mediador:

                     “Um profissional imparcial que facilita a comunicação entre as
                     pessoas, com o objetivo de ampliar as alternativas para a resolução
                     dos impasses, de modo a reduzir os conflitos a níveis administráveis
                     e construir acordos mutuamente aceitáveis. Ele é um facilitador e não
                     um interventor da tomada de decisão; as partes envolvidas são
                     autoras da solução do conflito, e as relações transformadas em
                     vínculos   de   solidariedade.”   (Programa     Ética   e      Cidadania:
                     Construindo Valores na Escola e na Sociedade. P. 29)

       Segundo a citação, o professor mediador é um educador ético que gerencia
o saber e facilita sua aquisição do saber, fazendo com que o conteúdo seja somente
um detalhe, mas necessário, para a formação do indivíduo. Segundo CAVALCANTI:

                     “No ensino formal, a atividade do aluno, seu processo intelectual de
                     construção de conhecimentos, é dirigida, não é uma atividade
                     espontânea. É uma atividade mediada, que requer uma intervenção
                     intencional e consciente do professor.” ( Cavalcanti. P. 18)
26



       Necessita-se que o professor auxilie a criança para que dê significado a
aprendizagem, para isso é necessário consciência e preparo para atuar de
diferentes formas no ensino dos alunos. Ainda de acordo com CAVALCANTI:

                    “...O ensino é um processo composto por objetivos, conteúdos e
                    métodos e esses componentes articulam-se numa proposta de
                    ensino em ação, então não basta ao professor ter domínio da
                    matéria- é necessário tomar posições sobre a finalidade da Geografia
                    naquela proposta de ensino e definir modos de encaminhá-lo para
                    que ele cumpra essas finalidades.” (Cavalcanti. P.22)




       Diz-se que uma vez que o que se ensina tenha verdadeiro significado para o
aluno, acontece a aprendizagem que é demonstrada pelas decisões tomadas pelo
indivíduo; uma vez que nas aulas de Geografia o aluno aprendeu que deve
preservar o meio ambiente, então entenderá que faz parte de um espaço com
elementos naturais que devem ser preservados para sua saúde, mas a escolha de
jogar lixo na água vem de seu questionamento ético e de sua aplicação: De acordo
com CORTINA, esta aplicação é chamada de proposta ética indutiva, cita a autora
que o método indutivo criado por JONSEN E TOULMIM:

                    “Propõe substituir os princípios ou axiomas iniciais pelo que eles
                    chamam máximas, entendidas como critérios sábios e prudentes de
                    atuação prática com os quais todos, ou ao menos a maioria ou os
                    especialistas, concordam. Em suma, as máximas são o resultado da
                    sabedoria prática dos homens e das culturas, e constituem uma
                    ajuda valiosa para tomar decisões que os pretensos princípios de
                    uma suposta razão pura.”(Cortina,p.149.2005)

       Diz-se que as escolhas dos indivíduos neste processo são comandadas por
princípios universais que são transmitidos pelo educador e analisadas pelo
subconsciente para se chegar a um resultado satisfatório; o aluno chegaria a
conclusão que jogando o lixo na água estaria poluindo e destruindo o seu sustento,
ele comprovaria que a máxima explicada pelo professor estava correta, porém, o ato
de jogar, depende somente da escolha do aluno, comprova-se que para que haja
27



uma sociedade ética é preciso que o cidadão exerça seu livre arbítrio, não existe
sociedade ética sem direito de escolha.

       1.3.4. ADAPTAÇÃO METODOLÓGIGA AOS SABERES DO
EDUCANDO NAS SÉRIES INICIAIS NAS AULAS DE GEOGRAFIA.



       Todos os dias, observa-se em noticiários de revistas, jornais uma série de
reportagens relacionadas a questões sociais, transformações no espaço que são
comentadas por jovens, adultos e crianças. Lê-se reportagens que mencionam a
corrupção dos governos, assaltos, violências, guerras entre vários países, bons
exemplos de pessoas que fazem a diferença nos locais onde residem, observa-se
fenômenos como terremotos, maremotos, degradações ambientais, poluição, novos
meios para se cuidar da saúde. Estes e outros assuntos são, na maioria das vezes,
transmitidos em tempo real, independente de seu local de origem, as notícias estão
cada vez mais rápidas, graças a evolução das telecomunicações que contribuem
para o processo de globalização que ao mesmo tempo em que possibilita a
velocidade das informações e a aquisição do saber, torna o ser humano cada vez
mais isolado na frente da televisão ou do computador. Cita CASTROGIOVANNI:

                         “Tudo se globaliza, como se as coisas, as pessoas e as idéias se
                         transfigurassem pela magia da multimídia. É preciso perceber não
                         mais pelas emoções, pelas experiências, mas pelas sensações
                         provocadas pelas comunicações.” (Castrogiovanni,p.84, Geografia
                         em sala de aula,2003)

       Como explica o autor, as pessoas (em maior efeito, crianças) adquiriram um
grande fascínio pelos meios de comunicação, principalmente as visuais. Podem-se
observar em seus cadernos ilustrações de desenhos animados, fotos de atores
famosos, observam-se durante as recreações nas escolas brincadeiras que imitam
seus heróis preferidos, quase sempre em cenas de luta, as músicas cantadas pelos
alunos são os sucessos das rádios e dos programas de TV. Os meios de
comunicação são influentes e transmitem valores que são, em muitos casos,
distorcidos de acordo com as concepções de bem e mal dos autores, gerando assim
confusão na forma como as crianças compreendem a realidade. Todavia, os meios
de comunicação não precisam ser vistos como inimigos da educação, ao contrário,
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podem ser importantes fontes de recursos e informações para se trabalhar questões
relacionadas à formação de valores nas aulas de Geografia e de qualquer outra
disciplina.

        Observa-se que nas escolas ainda é muito pobre a quantidade de recursos
didáticos e muito distantes dos avanços tecnológicos, esta realidade contribui para a
permanência da velha estrutura tradicional: sala de aula, quadro negro, cadernos,
livros. Em conseqüência deste quadro que parece permanente na maioria das
escolas estaduais de Teresina, resta ao professor trabalhar com os recursos que há
nas mãos, isto oferece a ilusão de que a aprendizagem escolar é diferente dos
saberes assimilados em seu convívio social.

        Mesmo trabalhando com poucos recursos, o professor pode adaptar sua
metodologia ao material disponível e usar atividades que estimulem a criatividade e
o senso crítico dos alunos. CAVALCANTI (2002)relaciona procedimentos que
promovem a reflexão sobre assuntos desenvolvidos nas aulas de Geografia e que
proporciona oportunidades de utilização desse conhecimento de modo criativo. São
procedimentos: atividades de simulação, jogos de simulação, dramatização, trabalho
com mapas, cartas, gráficos e tabelas.

        Além dos valores transmitidos pela comunicação em massa representada
principalmente pela televisão há os valores que o aluno traz de casa. São condutas,
modos de agir, falar, pensar que, na maioria das vezes, vai de encontro aos valores
transmitidos pela escola. SONIA M. P. PORTELLA KRUPPA (p.31, 2004) cita: “ Fora
da escola o conhecimento é produzido a partir das necessidades imediatas da vida,
na sobrevivência nas ruas dos centros urbanos, no campo.” Muitos alunos possuem
dificuldades em relacionar os ensinamentos à sua realidade, isto é, não vêm
praticidade ao se analisar mapas, tipos de rochas e solos, partes de um rio ou
relacionar nomes de Estados e capitais. Por isso, torna-se necessário por parte dos
professores, fazer a ligação entre o espaço em que o aluno está inserido ao espaço
planetário e transmitir noções de valores que os oriente a conviver, de uma forma
democrática, em uma “aldeia global” com muitos problemas e contrastes.
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                                   CAPÍTULO II

II. O PROFESSOR DE POLIVALENCIA E SEU TRABALHO NAS
AULAS DE GEOGRAFIA: VALORES MORAIS NO CONTEXTO
SOCIAL

        O trabalho didático-pedagógico da Geografia escolar suscita reflexões sobre
o processo de aquisição do conhecimento em relação aos hábitos, atitudes e
posturas desenvolvidas ao estudar o espaço como fruto transformações humano e
sua dimensão social, política e cultural.

        Considera-se que a escola deve incluir em seu currículo pedagógico o
estudo do espaço e a relação entre os seres humanos e a natureza nas aulas de
Geografia, bem como a possibilidade de destacar valores como respeito mútuo, a
justiça, o diálogo e a solidariedade nas séries iniciais do ensino Fundamental de 1ª a
4ª série, temas presentes nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) de Ética, e
que tornam-se necessários devido a diversidade da população brasileira que gera
preconceitos que se manifestam na forma de intolerância e desprezo àquilo que é
diferente. Todo aluno deve saber que as pessoas são dignas de respeito, não
importando seu sexo, idade, cultura, raça, religião, classe social ou grau de
instrução.

        A inclusão da ética no ensino de Geografia torna-se relevante devido ao
contexto escolar que os alunos e demais funcionários da escola que compartilham o
mesmo espaço e estão sujeitas a mesma realidade que se apresenta de várias
formas e de acordo com a interpretação de cada pessoa. Os PARÂMETROS
CURRICULARES NACIONAIS DE ÉTICA ( p. 97. 2001): Relaciona as possibilidades
que os alunos de 1ª a 4ª séries devem alcançar não somente durante as aulas de
Geografia mas em todas as disciplinas.

             Compreender o conceito de justiça e perceber as necessidades da
               construção de uma sociedade justa;
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             Ser solidário e rejeitar a discriminação;
             Respeitar diferenças entre as pessoas;
             Valorizar o diálogo como a melhor forma de evitar conflitos;
             Construir uma imagem positiva de si;
             Assumir posições considerando diferentes pontos de vista e aspectos
              de cada situação.




        Em   relação    aos   tópicos   relacionados,    a   ética   dá   margem   ao
desenvolvimento social e contribui para a formação do caráter do individuo fazendo
com que reconheça-se como pessoa crítica, participativa e influenciadora do espaço
em que vive, resta ao professor desempenhar um trabalho consistente que atinja
estes objetivos porque compreende-se que a ética estende-se não somente a
Geografia mas, a todas as disciplinas e fases da vida.

2.1. PERCURSO METODOLÓGICO

     Partindo do geral para o específico, esta pesquisa realizou-se através de
análise descritiva que segundo Antonio Carlos Gil “tem por objetivo primordial a
descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o
estabelecimento de relações entre variáveis” (Gil, Pág. 42). Observou-se a realidade
escolar das 1ª a 4ª série do Ensino Fundamental nas escolas da Rede Estadual de
Educação de Teresina na região Sudeste.

     Segundo dados levantados pela 8ª Diretoria Regional de Educação, a região
Sudeste que compreende os bairros Dirceu I, Dirceu II, Renascença I, II, III e
adjacências possuem 23 escolas estaduais, sendo que 13 escolas possuem 1ª a 4ª
Série com um núcleo docente de 4.524 alunos matriculados de acordo com o senso
escolar de 2.007.

     Foi feita uma pesquisa qualitativa e observou-se como o ensino da geografia
contribui na formação ética do educando tomando por base a produção de juízo e de
valores que norteiam o seu convívio social, Os Parâmetros Curriculares Nacionais
relacionam que “A ética é um eterno pensar e construir. E a escola deve educar seus
alunos para que possam tomar parte nessa construção, serem livres e autônomos
para pensarem e julgarem”. (p.72, 2001). Esse trabalho consta com pesquisa
31



bibliográfica em livros e documentos, coleta de dados e observação em sala de aula
(aula presencial).

     Foram pesquisados 22 professores e 71 alunos que responderam aos
formulários além de entrevista estruturada que segundo SANTOS: “oferece maior
controle nas respostas, inclusive no resultado do estudo ou pesquisa.” (pagina 11).

2.2. CONCEPÇÃO DE MORAL E ÉTICA DOS PROFESSORES DE 1ª
A 4ª SÉIRIES.

        Ética é uma daquelas coisas que todos sabem o que é mais poucos sabem
explicar. Essa afirmação constata-se em relação a concepção dos professores sobre
o tema. Ao conceituar o que é ética, as respostas variam, sendo que alguns
confundiram o conceito de moral com o de ética. Sabe-se que ética e moral estão
relacionados, apesar de possuírem conceitos diferenciados.

        De acordo com os professores:

        Professor (A): “Ética é a análise que se faz acerca de normas e condutas”.

        Professor (B): “ São regras as quais os seres humanos submetem-se as
suas ações”.

        Professor (C): “ Ética é respeitar as outras pessoas e agir de acordo com os
valores morais”.

        Professor (D) “ É o questionamento que fazemos da sociedade para assim
saber se as regras são boas ou ruins”.

        De acordo com as observações, a ética relaciona-se aos princípios morais
que a própria sociedade escolhe e são questionados pela mesma, o professor D
expande esta observação ao relacionar o questionamento dos aspectos positivos e
negativos que encontramos em nossa sociedade. Um outra professor explica: “ética
é um conjunto de princípios ou padrões de conduta que regem um determinado
grupo social e dão orientação ao pensar e ao agir, sem obrigação de seguir a
conduta”; esta observação ressalta a afirmação de TEREZINHA AZERÊDO RIOS
que explica a palavra ética surgiu da palavra grega “ethos” que significa morada do
homem, mas com o tempo, este significado foi se transformando, passou a ser uma
32



menção a reflexão sobre os costumes e fundamentos que sustentam a sociedade.
( RIOS, 2005).

        A ética, portanto, trata-se de uma eterna reflexão sobre o comportamento da
sociedade e sobre os valores que ela considera como verdadeiros e concretos, ela
revela o comportamento prático do indivíduo determinado pela moral. Ainda segundo
RIOS: “ Moral é o conjunto de normas , regras e leis destinado a orientar a ação e a
relação social”.( P. 102. 2005).

        O conceito de ética varia de acordo com cada pessoa, área de estudo,
tempo e espaço, porem, assim como o conceito de moral, é necessário o estudo da
ética para compreender como dá-se o processo de reflexão na sociedade na medida
em que o professor, humaniza o ensino e contribui de forma prática para a
compreensão dos alunos.

        Em relação ao conceito de moral há uma unanimidade em suas
observações:

        Professor (A): “ Moral é o conjunto de princípios ou padrões de conduta que
impõem regras como forma de conduta”.

        Professor (B): “ Moral são regras, costumes e modos de conviver com as
pessoas”.

        Professor (C): “ Moral são acordos, costumes que surgem entre os cidadão
de uma sociedade organizada”.




        Afirma-se que a moral e a ética completam-se, pois, para que haja moral em
uma sociedade é preciso que haja cidadãos éticos capazes de exercer a livre
escolha, criticar e apoiar o que se acha benéfico para o indivíduo e a sociedade; o
conjunto de regras e costumes citados pelos professores demonstra o conhecimento
de que existe uma organização social que necessita da ética para desenvolver em
seus membros a valoração de princípios com respeito mútuo, o diálogo e a
solidariedade e assim incentivar o bom convívio entre os seres humanos. De acordo
33



com CALLAI: “ A Geografia é uma ciência social. Ao ser estudada, tem de considerar
o aluno e a sociedade em que vive.” ( p.57. 2003). A questão espacial é um ponto
fundamental ao ser estudado nas aulas de Geografia, ao estudar o espaço, o aluno
deve permitir-se perceber como participante do espaço e compreender que suas
ações trazem resultados positivos e negativos e que o trabalho humano é
responsável pelo desenvolvimento, em conseqüência destas observações, o aluno
deve compreender que o espaço deve ser transformado de forma ética. Ainda
segundo CALLAI: “ O aluno deve estar dentro daquilo que está estudando e não
fora, deslocado e ausente daquele espaço, como é a Geografia que ainda é
ensinada na escola.” (p.58, 2003).

        O espaço é dinâmico, isto é, está em constantes transformações, e o aluno
deve sentir-se como ser participante nesse processo de mudanças, porquanto, a
Geografia contribui na formação moral e ética do educando. Cita os profissionais de
educação:

        Professor: (1): “ A Geografia contribui na formação de leitores de mundo ou
seja, capaz de perceber o mundo a sua volta.”

        Professor (2): “ A Geografia faz parte da formação moral e ética, existe uma
interdisciplinaridade e todos nós( professore e alunos) temos que nos educar quanto
a este aspecto.”

        Professor (3): “ O mundo vive em constantes transformações sociais e o
professor   de     Geografia   tem   como   papel   tornar   essas    transformações
compreensíveis para os alunos, transmitindo e valorizando princípios éticos de
respeito, solidariedade, igualdade e moralidade.”

        Estas afirmações relacionam aspectos relevantes da educação e do ensino
de geografia; a leitura do mundo, segundo a professor (1), é algo que a Geografia
pode oferecer como uma compreensão dos aspectos morais que regem a nossa
sociedade, esta compreensão envolve bases concretas de desenvolvimento moral
dos educadores ou há o risco de não se compreender de forma concreta, a real
transformação desenvolvida pelos seres humanos. A professora B faz menção a
interdisciplinaridade em relação a moral e a ética a qual,           é abordada nos
PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS de ética (2001) como sendo um
34



eterno pensar, refletir e construir; e por isso, a ética deve ser trabalhada de forma
interdisciplinar em todas as disciplinas nas séries de 1ª a4ª série. Uma vez que
HAJA compreensão do mundo e os aspectos morais estejam bem difundidos do
ensino, haverá no aluno o preparo necessário para direcionar suas escolhas
centralizadas nos padrões éticos necessários para subsidiar suas autonomia. Em
relação a isto, os PCN’s esclarecem: “ [...] É a sociedade quer queira, quer não, que
educa moralmente seus membros, embora a família, os meios de comunicação e o
convívio com outras pessoas tenha influencia marcante no comportamento da
criança.” ( P.73. 2001 )

        Portanto, em linhas gerais, a Geografia provoca o debate, a crítica e
estimula o conhecimento, porém não existem formulas prontas para transformar o
cidadão em um grande exemplo da virtude e da moral, os valores devem ser
difundidos , independentemente da disciplina que for ministrada pelo professor.

2.3. A QUESTÃO DO DIÁLOGO EM SALA DE AULA

        A comunicação entre os homens sempre foi de vital importância para a
preservação da sociedade, o uso da voz possui a capacidade de desenvolver vários
sentimentos e produzir uma ação e sensações, ela é a principal ferramenta para a
comunicação entre professores e alunos. Socrates ( séc, V ac ) em sua sapiência,
produzia com seus alunos grandiosos diálogos, aperfeiçoava a retórica dos alunos,
questionava e debatia sobre vários âmbitos da sociedade da época; ele explanava
que a excelência humana se revela, antes de tudo na atitude de busca do verdadeiro
bem e quem age mal é na verdade um ignorante, pois se conhecesse o bem se
sentiria inevitavelmente impelido a agir bem. ( CORTINA, 2005). Portanto o diálogo é
imprescindível para esclarecer, informar e desenvolver a aprendizagem.

2.3.1. O DEBATE PARA A FORMAÇÃO DO SENSO CRÍTICO

        Ao analisar a integração entre os conteúdos transmitidos nas aulas de
Geografia e a metodologia adotada pelos professores, observa-se que debates,
passeios, leitura e escrita, apresentação de cartazes e filmes estão entre os
principais métodos usados pelos educadores.
35




       Para que os alunos desenvolvam senso crítico é preciso que eles conheçam
não somente sua realidade mas que comparem seu meio social com outras
realidades diferenciadas e transmitam opiniões . De acordo com a tabela:

                                         Gráfico 1


                      2%                               Aborda temas
                                                       relacionados a assuntos
                    3%
                                                       atuais da realidade dos
                                                       alunos
                                                       Sempre desenvolve
                                                       debates com temas atuais
                                                       e polêmicos

                                                       Desenvolve debates
                                                       sempre que há
                           95%                         oportunidades



       No âmbito escolar, uma alternativa muito adotada pelos professores foi a
produção de perguntas que dão margem a debates com temas variados ou temas
específicos com o auxílio de gráficos, tabelas e mapas para facilitar a compreensão
dos alunos. De acordo com CALLAI: “A tarefa dos estudos sociais é propiciar o
conhecimento e facilitar o entendimento da realidade que o aluno vive; partindo do
que ele possui, adquirido na escola ou mesmo anterior a ela.” (p.66, 2006)

       Como ser pensante e em constante aprendizado, o aluno precisa do espaço
para expor suas dúvidas, idéias e anseios, o debate em sala de aula desenvolve o
diálogo e o respeito em relação as opiniões contrarias ao do indivíduo. Por isso, os
PCN’s apontam a valorização do diálogo como instrumento para esclarecer conflitos
e a disposição para ouvir as opiniões discordantes para rever seus pontos de vista.
(PCN’s de Ética, 2201)
36



       2.4. Dramas na formação moral e a realidade escolar nas escolas
estaduais de Teresina.

       Um dos grandes problemas que afetam não somente a escola mas toda a
sociedade contemporânea é a crise moral que deturpa valores e causa atraso nas
relações humanas, dificuldades de compreensão da realidade e em reconhecer nas
pessoas diferenças e semelhanças naturais e culturais que caracterizam o indivíduo
como único em sua existência. Segundo EDIGAR MORIN, esta realidade dá-se
devido a fragmentação do ensino que impossibilita a integração dos conhecimentos
para nossas vidas. (Morin,2005) , além do mais, há um desacordo entre o que se
ensina na sala de aula e o que se aprende no convívio familiar. A família, por sua
vez, encontra-se mais distante da escola, como mostra a tabela sobre as principais
razões das dificuldades em relação a formação moral e ética do educando
apontadas pelos professores.

                                      GRÁFICO 2



                                                         Falta integração
                     7%                                  entre a família e a
            13%                                          escola.
                                                         Falta de estrutura
                                                         física e apoio da
                                                         direção da escola.
                                         52%             Falta projetos e
                                                         referencia
           28%                                           curricular.
                                                         Falta capacitação e
                                                         programas de
                                                         formação.




       De acordo com a entrevista, os professores indicam um índice mínimo de
participação da família na escola o que demonstra o grau de importância que os
professores atribuem ao envolvimento dos pais na escola. Os demais motivos
37



relacionados juntam-se ao mesmo modo em maior ou menor grau em cada escola
da rede pública de educação do Estado do Piauí, esta realidade faz com que
cresçam os índices de agressão, desrespeito aos professores e alunos, evasão
escolar, repetência e a própria consciência sobre o real sentido da escola é
sobrepujado pela imagem de desorganização, desordem e vandalismo, o que é um
fato lamentável, pois a resolução destes problemas consiste em iniciativas da própria
escola em capacitar seus profissionais, oferecer recursos, projetos e currículos
consistente que vise a formação moral e ética do educando em todas as etapas da
aprendizagem.




2.4.1      ESCOLA      E    A    CONSTRUÇÃO            DE     VALORES        PELA
CONVIVÊNCIA SOCIAL

        Muito tem-se refletido sobre a função da escola no contexto atual e sua
importância para a aprendizagem das crianças.

        A escola é uma instituição social que é caracterizada pelas ações repetitivas
exercidas por um grupo social com papéis distintos – as regras da escola são
transformadas em normas sociais que, são muitas vezes, modificadas quando não
mais atendem a necessidade. O currículo escolar muitas vezes está formulado sem
levar em conta a realidade dos alunos e o conhecimento torna-se fragmentado e os
alunos meros repetidores do conhecimento; o convívio social faz com que fé,
confiança, amor, generosidade, imitação façam com que sentimentos e juízo de
valores surjam. Isto faz com que a escola apresente um contexto apático do convívio
social uma vez que o aluno não percebe o sentido do que está aprendendo na sala
de aula.

        Isso nos leva a outro fato, o tradicionalismo do ensino que persiste em
grande parte na rede estadual de educação. Observa-se por parte dos professores
um saudosismo seguido pela afirmação: “No meu tempo não era desse jeito, no
meu tempo os alunos respeitavam os professores e os alunos eram mais educados.”
Bem... o tempo destes professores que pensaram assim durante a pesquisa já
passou e o que se deve observar é a nova realidade que se apresenta composta por
alunos que possuem famílias         desestruturadas,   apresentam comportamento
38



irreverente, sem limites, baixa auto-estima e com pais omissos que atribuem à
escola a responsabilidade de educar seus filhos. Convenha-se, naquele tempo o
qual os professores mencionaram, existiam alunos com todos estes problemas
citados do mesmo jeito que nos dias atuais; o que difere para a atualidade é o valor
atribuído pela sociedade que reflete-se na quantidade exorbitante de faltas,
desistências, e transferências.

        Em relação a importância da escola para a formação ética do educando, ao
questionar os professores, 90% dos educadores responderam que a escola é
importante porque contribui para o convívio social do aluno enquanto 10%
responderam que a formação profissional e a formação de caráter constitui um grau
a se considerar para a formação ética do indivíduo.

        Este convívio social atribui-se as relações inter-pessoais formada por
professores, alunos, funcionários e a sociedade, os professores crêem que estas
relações   contribuirão   para    seu   desenvolvimento   como   cidadãos   éticos   e
participativos que contribuam para aceitar as diferenças entre os seus semelhantes.
De acordo com CELSO ANTUNES: “A escola ao assumir um papel educativo e,
portanto , ao usar a herança cultural a ser transmitida como instrumento para
desenvolver competências, aguçar sensibilidade, ensinar a aprendizagem, animar
inteligências, desenvolver múltiplas linguagens, capacitar para viver e assim,
“transformar” o ser humano; as relações interpessoais passaram a ganhar
dimensões imprescindíveis.” (Antunes, 2003,p.12).

        No contexto da escola atual, as relações entre professor e os alunos
estreitaram-se, é preciso observar este aspecto, a escola ainda é importante para a
aquisição de uma boa formação profissional e para a formação do caráter da
criança, porém, o convívio social é determinante para a formação moral do indivíduo,
pois suas experiências de vida definirão o homem do amanhã.

        O convívio escolar nem sempre é fácil, o professor encontra-se na maioria
das vezes em sala de aula com média de trinta alunos com personalidades, histórico
e culturas diferentes, É natural que haja conflitos entre alunos, porem o que
impressiona os educadores é a freqüência que as brigas e desavenças vêem
ocorrendo. De acordo com o quadro, constata-se as situações as quais os
professores presenciam em sala de aula:
39




                                         GRÁFICO 3



                                                         Já observaram alunos danificando
                                                         patrimônio escolar na sala.
                                                         Dizem que os alunos não
                                                         respeitam regras na sala de aula.
                                                         Já foram desrespeitados por
                                                         alunos.
                                                         Presenciaram xingamentos e
                                                         desrespeito aos colegas.


     0       20      40     60      80     100     120




         Entre os entrevistados, 10% concluíram que a ausência da família e a falta
de valores da mesma contribuem para a indisciplina. Por mais que impressionante
que estes dados possam parecer, eles demonstram um conjunto de fatores
relacionados, não somente a família, mas a própria metodologia abordada na sala
de aula e a própria condição física, moral, social, psicológica e financeira do
professor.

         No Estado encontramos professores mal pagos que trabalham dois ou três
turnos para sustentar a família e com falta de tempo para o lazer ou se especializar.
Portanto, os presentes dados fornecidos nesta pesquisa acusam a decadência
moral, fruto do descaso em relação à escola e da má qualificação dos professores,
além da ausência familiar e da própria estrutura de ensino imposta pelo Estado, que
segundo KRUPPA(1994): “Possui um status de repressor que se preocupa em
cobrar resultados, porém, as melhorias da educação são feitas apenas de acordo
com as organizações populares fruto de muita luta.” Para que se possa construir um
ser humano ético é preciso que os valores sejam demonstrados e valorizados
através das instituições que regem a sociedade.
40



2.4.2. A VISÃO JUVENIL DA INDISCIPLINA EM SALA DE AULA

       O estudo da geografia é relevante e merece reflexão por parte não somente
dos professores como também dos alunos, uma vez que este ensino leva o
educando a compreender a sociedade em que faz parte. Quando interrogou-se
sobre o que os alunos de 1ª a 4ª série gostavam nas aulas de geografia obteve-se
as seguintes respostas:

                                        GRÁFICO 4




                          4%
                 11%
                                                            Acham as aulas
                                                            interessantes
                                                            Ajudam a entender o
                                          45%               mundo
                                                            Gosto de mapas, fotos,
                                                            etc.
                                                            Outros
             40%




       Segundo os dados, o interesse pela geografia está na compreensão em
analisar o bairro, os locais de seu convívio e a própria sociedade a qual faz parte e
assim descobre-se o mundo em que vive, com isso, o conhecimento do educando
torna-se amplo de significado.     Sobre isso, SALETE KOZEL cita: “Caberá ao
professor, em seu contato direto e constante com a classe, avaliar a convivência e
introduzir certos questionamentos nesta ou naquela área.” ( 1996, p.82).

       Conhecer o espaço exige uma reflexão que pode ser usada pelo professor
tornando mais atraente a exposição dos conteúdos da disciplina. Ainda de acordo
com KOZEL: “ Ao valorizar as informações levadas para as aulas pelas crianças [...]
o professor ira construir uma visão mais abrangente, incluindo diferentes formas de
aprender o mundo mostrado pelas crianças.” ( 1996, p.37).
41



        De acordo com a autora, os conhecimentos adquiridos pelos alunos é uma
ferramenta a mais a ser trabalhada em sala de aula, pois através de suas
experiências, podem-se trabalhar questões de seu cotidiano em relação aos
problemas e possíveis soluções, moldando percepções de valores que seriam mais
do que uma simples decodificação de mapas ou memorização de localizações e
extensões de locais no globo terrestre.

        Em relação à pesquisa, constata-se que apesar dos professores citarem que
usam vários recursos para desenvolver a metodologia, o que predomina durante as
aulas de Geografia é a leitura e a escrita que na maioria das vezes resume-se em
leitura dos assuntos no livro e atividade oral e escrita com o uso do caderno, as
vezes há apresentação de cartazes. Observou-se que apesar dos alunos acharem
interessantes as aulas de geografia, os professores trabalham com o mínimo de
recursos possível para uma boa apresentação. Cita RUAN DALVAL: “As atividades
escolares devem estar conectadas com o ambiente social.” (2001, p.114). Em suma,
a educação não se resume apenas nas paredes da sala de aula, é necessário que o
professor diversifique suas atividades para maior aproveitamento. Poucos alunos
citaram atividades diferenciadas que eram abordadas pelos professores, entre as
poucas atividades estão aula passeio e debates sobre assuntos variados.

        Sobre as atividades desempenhadas em sala de aula, ANTUNES cita:
“ Adequando-se ao nível de compreensão, é importante que discutam em círculo de
debates, estudo de casos, envolvendo virtudes e valores. Histórias contadas, vídeos
assistidos, transposição para o imaginário de cenas reais [...] são importantes meios
para se abrir discussões e permitir espontânea troca de pontos de vista diferentes.
( p.28 2004).

        Portanto, para que o aluno se expresse e construa conceitos e some
valores, é preciso que se crie condições para que isto aconteça, a alternativa
apontada pelo autor seria integrar a Geografia a realidade do educando para que
através do estudo dos aspectos sociais de seu convívio, o mesmo troque opiniões,
forme idéias e questione sobre os valores que ele tem adquirido para que haja uma
atitude ética que segundo ARANHA (2000); é a conscientização do bem para com o
próximo.
42



       Em toda disciplina há assuntos que são observados com maior interesse
pelos alunos, em relação à Geografia não seria diferente. Entre os assuntos mais
envolventes apontados pelos alunos estão:

                                       GRÁFICO 5




                      4%
              12%                                    Geografia Física: clima,
                                                     hidrografia, etc
                                     36%             Local de convivencia.

                                                     Características de
        18%
                                                     outros países
                                                     Brasil: População

                                                     Outros: Universo,
                                                     cartografia, etc.
                      30%




       Segundo a pesquisa, a Geografia possui um foco de interesse voltado para o
lugar onde acontecem as transformações do espaço, por isso, características físicas
do ambiente desenvolvem interesse dos alunos, assim como o estudo sobre o lugar
onde a criança vive. Neste ponto, a Geografia auxilia na compreensão de seu
espaço; conceitos como lugar, território e paisagem são fundamentais para serem
transmitidos nas séries iniciais, assim como os aspectos éticos e morais que
envolvem o uso , o tratamento e as mudanças que ocorrem nos ambientes em que o
homem modifica.

       A geografia possui elementos com os quais o aluno se identifica. Cabe ao
professor humanizar os conhecimentos, valorizar experiências e auxiliar, de forma
ética, na construção do saber para que o aluno adquira consciência de que faz parte
de um espaço que está sempre em transformações.

       Diante de todas as questões abordadas nesta pesquisa, observa-se que a
sociedade, a família e a escola têm papéis importantes a desempenhar na produção
de cidadãos críticos, autônomos e participativos e que conhecem seus direitos e
43



deveres, que possam escolher de forma ética, os caminhos da nação. Porém,
presencia-se em nossa sociedade uma série de fatores negativos que dificultam
para que isto aconteça. O descaso pela escola pública estadual, a omissão da
família e as cobranças do Estado transforma em vítima o aluno que é o principal
motivo da existência da escola.

        Os professores esperam encontrar em sala de aula alunos quietos, com
carteiras organizadas e todos falando baixo na hora da aula, todos em silêncio,
prestando atenção; mas o que se encontra são alunos gritando, brigando, brincando,
apelidando, xingando; enfim, comportamentos adversos que desestimulam qualquer
professor. De acordo com a análise dos alunos, constatou-se que:

                                         GRÁFICO 6




                                                      Alunos que já sofreram
                                                      alguma espécie de
                                                      discriminação, agressão o
               46%                                    desrespeito na escola.


                                                      Alunos que nunca
                                                54%
                                                      sobreram alguma espécie
                                                      de discriminação pelos
                                                      colegas.




        Experiências como testemunhos sobre desrespeito aos colegas, racismo da
sala de aula, encenações sobre agressão poderiam ser analisadas em sala de aula
através de debates e discussões que introduziriam temas mais complexos de nossa
sociedade, pois considera-se que a sala de aula é um reflexo do ambiente social. De
acordo com KAZEL: “ É justamente a partir da soma das experiências individuais
que o professor constrói sua aula.” (p.37, 1996 ).

        Apesar do tradicionalismo metodológico dos professores da rede estadual de
educação, há educadores que desenvolvem trabalhos motivadores e são exemplos
de profissionalismo para os alunos e os demais professores. São educadores que
usam a criatividade ao desenvolver seus planos de curso, planos de aula, usam
diversidade de recursos, avaliam a aprendizagem, não somente o aluno, e cria
44



oportunidades para transmitir valores através da reflexão de situações gerais e do
cotidiano do aluno.

        Portanto, é normal que em uma sala de aula haja atritos, discussões,
desrespeito aos colegas, entre outros; porém, o professor que se esforça para se
atualizar, procurar fontes de informação diversas e novas estratégias de ensino,
minimiza muitos destes problemas que encontra-se na realidade escolar.
45



                               CONSIDERAÇÕES FINAIS



       A educação para o exercício da cidadania deve ser entendida em um sentido
amplo, e não como uma matéria dedicada especificamente a esse fim. Ainda que em
determinados níveis educacionais (séries finais do ensino fundamental e ensino
médio) sua presença seja assegurada, se houver um tempo e um espaço para isso.
A educação para o exercício da cidadania não pode restringir-se à aprendizagem de
determinados valores, comportamentos ou atitudes, visto que o cidadão necessita de
todo o conjunto de saberes e competências que lhe permitem uma participação ativa
na vida pública, sem os quais poderá ser excluído ou ter sua cidadania negada, o
que também compreende, sem dúvida, os comportamentos e as atitudes próprios de
uma cidadania ativa.

       Para revitalizar a escola e o ensino não é somente ensinar valores é também
oferecer condições para que isto aconteça; é estruturar a escola e a sala de aula
para mediante processos de aquisição de conhecimento ( debate, diálogo, tomada
de decisão colegiadas) haja o incentivo para que existam escolhas democráticas e
responsáveis. Isso exige uma ação conjunta de todos os funcionários da escola,
principalmente através dos professores. A família deve incentivar e cobrar melhorias
para que haja uma educação de qualidade para seus filhos, além do
acompanhamento das demais atividades escolares. Portanto, educar para o
exercício ativo da cidadania não diz respeito apenas aos educadores e professores,
porque uma cidadania educada é uma meta de todos os agentes e instâncias
sociais. Assumir isoladamente a tarefa educativa, dada a inexistência de vínculos
entre família, escola e meios de comunicação, é uma fonte de tensões, de mal-estar
docente e de novos desafios.

       Constatou-se nesta pesquisa que as escolas da rede estadual de educação
de Teresina necessitam de maiores investimentos, maior ênfase na capacitação
para os professores, acompanhamento da família e maior organização por parte do
corpo docente em relação a iniciativas inovadoras quanto ao currículo e normas
estabelecidas na escola, além do consenso entre todos os funcionários da escola
para que todos desenvolvam um trabalho igualitário e com o mesmo discurso.
46



       Observa-se o tradicionalismo em relação a metodologia abordada em sala
de aula, principalmente nas aulas de Geografia que ainda é vista como uma matéria
decoreba e de fácil aquisição e não como uma ciência dinâmica, complexa e que
tem um objeto de estudo centralizado na sociedade e nas relações do ser humano
com o meio ambiente.

       A ética reflete-se nas escolhas positivas que o ser humano faz e como elas
afetam os demais componentes que constituem o meio em que vive. Por isso, os
valores devem ser estimulados para formação do cidadão na sociedade; valores
como a prática da justiça, a honestidade, a solidariedade, o diálogo, o respeito as
diferenças, a união e a paz devem fazer parte constantemente do vocabulário dos
professores e alunos. Em relação a isto, a Geografia é um auxílio que provoca a
reflexão e nos ajuda a compreender a sociedade em relação a sua influência na vida
do ser humano e como o cidadão pode modificá-la. Que poderosa ferramenta os
professores tem em suas mãos!

       Esta pesquisa sugere para que haja maior integração entre a família e a
escola a diversidade de eventos como palestras, feiras de ciências, etc,
investimentos na capacitação e atualização dos professores, além de aumento de
salários, integração entre professores e demais funcionários das escolas e currículo
escolar que observe os desejos e a realidade do aluno. Portanto, com iniciativas
simples minimizaria os problemas existentes na escola.

        O ser moral não se constrói, ele surge através de suas experiências e
anseios, cabe ao professor ser o mediador do conhecimento e ele próprio ser ético
neste importante ofício que foi confiado em suas mãos que é a educação das
pessoas que irão reger esta nação.
47



                      REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS



        ANTUNES, Celso . Relações Interpessoais e auto-estima : A sala de aula
como espaço de crescimento integral. Petrópolis, RJ: Vozes, 2.003.

        ARANHA, Maria Lúcia de Arruda Aranha, [ Ed tal ]. Temas de Filosofia.
Moderna. Manual do Professor.

        CASTROGEOVANNI, Antonio Carlos. [ et al ] Geografia em Sala de Aula:
Práticas e Reflexões. Porto Alegre, UFRGS, 2.003.

        CAVALCANTI, Lana de Souza. Geografia e Prática de Pesquisa. Goiania,
Alternativa, 2.002.

         CORTINA, Adela/ Emílio Martinez. Ética, Sãpo Paulo, Loyola,2005.

        GONSALVES, Hortência de Abreu. Manual de Monografia Dissertação e
Tese. São Paulo. Àvercamp, 2004.

        KANT, Emmanuel, Crítica da Razão Prática, São Paulo, Martin Claret,
2004.

        MARX, Karl/ Angel, A Ideologia Alemã: Feuerbach- A Contraposição
entre as Cosmovisões Materialistas e Idealistas. São Paulo, Martin Claret, 2004.

        KRUPPA, Sonia M. Portella, Sociologia da Educação, São Paulo, Cortez,
1994.

        KOZEL, Salete/ Roberto Filizola, Didática de Geografia: Memória da
Terra: O espaço Vivido, Conteúdo Metodológico, São Paulo, 2002.




        MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO: SECRETARIA DE EDUCAÇÃO. Parâmetros
Curriculares Nacionais: Apresentação dos Temas Transversais/Ética. Brasília,
2001.

        MORIM, Edgar. Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro.
São Paulo, UNESCO, 2.003.
48



       SECRETARIA       DE    EDUCAÇÃO;      Programa     Ética   e   Cidadania:
Construindo Valores na Escola e na Sociedade, Modulo 1, Brasília, 2007.

       SILVA, Réia Silva Rios Magalhães e. A Monografia na Prática do
Graduando: Como Elaborar um Trabalho de Conclusão de curso-TCC. Teresina,
CEUT., 2002.

       SUNG, Jung Mo/ Josué Candido da Silva. Conversando Sobre Ética.
Petrópolis RJ, Vozes. 1995.

       VALLS, Álvaro L. M. O que é ética. São Paulo, Brasiliense, 2004.
49




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Metodologia

  • 1. 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ CAMPUS CLÓVIS MOURA LICENCIATURA PLENA EM GEOGRAFIA UMA ANÁLISE DA PRÁTICA DOCENTE RELACIONADA MOTIVAÇÃO DE PRINCÍPIOS ÉTICOS NO ENSINO DE GEOGRAFIA NAS ESCOLAS DE 1ª A 4ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL DA REDE ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DA REGIÃO SUDESTE DE TERESINA, PIAUÍ ELTON RICARDO SOUSA PEREIRA TERESINA-PIAUÍ 2008
  • 2. 2 ELTON RICARDO SOUSA PEREIRA UMA ANÁLISE DA PRÁTICA DOCENTE RELACIONADA MOTIVAÇÃO DE PRINCÍPIOS ÉTICOS NO ENSINO DE GEOGRAFIA NAS ESCOLAS DE 1ª A 4ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL DA REDE ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DA REGIÃO SUDESTE DE TERESINA, PIAUÍ Monografia apresentada, coordenação Geral do Curso de Licenciatura Plena de Geografia/Campus Clóvis Moura da Universidade Estadual do Piauí-UESPI como pré-requisito para obtenção de título de graduação em Licenciatura Plena em Geografia. Orientador: Renê Aquino TERESINA – PIAUÍ 2008
  • 3. 3 ELTON RICARDO SOUSA PEREIRA UMA ANÁLISE DA PRÁTICA DOCENTE RELACIONADA MOTIVAÇÃO DE PRINCÍPIOS ÉTICOS NO ENSINO DE GEOGRAFIA NAS ESCOLAS DE 1ª A 4ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL DA REDE ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DA REGIÃO SUDESTE DE TERESINA, PIAUÍ Monografia/TCC apresentada à Coordenação Geral dos Cursos de Licenciatura Plena em Geografia/ Campus Clóvis Moura da Universidade Estadual do Piauí – UESPI. Aprovada em ____/_____/_____ Banca de defesa pública de trabalho de conclusão de curso _________________________________________ Renê Orientador _________________________________________ Membro __________________________________________ Membro
  • 4. 4 AGRADECIMENTOS Ao meu Deus, onde encontro amor, paz, sabedoria e força para resistir às batalhas que a vida me proporciona. Aos meus pais José Ulbiratan e Kethe Rosário por ter me educado para a vida e para o próximo. A minha amada esposa que é fonte constante de alegria e exemplo de fé. Amo você minha querida. Ao professor Francisco Gomes que através de sua sabedoria e eloqüência me proporcionou inspiração para a concretização desta obra. A todos os professores que contribuíram com minha vida acadêmica. Vocês são demais! Agradeço a todos os meus amigos e companheiros da sala, que Deus ilumine os corações de cada um de vocês em qualquer momento de suas vidas. Obrigado!
  • 5. 5 “Nada é mais perigoso que um bom conselho acompanhado de um mau exemplo.” (Autor desconhecido)
  • 6. 6 DEDICATÓRIA Dedico esta obra a todos os educadores que fazem de suas vidas uma grande obra de arte.
  • 7. 7 RESUMO Este trabalho visa analisar a prática docente em relação à metodologia adotada nas aulas de geografia para a transmissão de valores éticos que auxiliem os educandos a serem cidadãos críticos, participativos, e que exerçam sua plena cidadania reconhecendo seus direitos e deveres. Esta obra buscou referencia em autores como Celso Antunes,helena Copotti Callai, Lana de Sousa Cavalcanti; pensadores como Karl Marx e Kant, entre outros, além dos próprios Parâmetros Curriculares Nacionais que auxiliaram nesta obra. A pesquisa que consta nesta obra foi realizada por um período de um mês em escolas de 1ª a 4ª séries do Ensino Fundamental da Rede Estadual de Educação, a qual teve participação dos professores e alunos que responderem os questionários e dedicarem seu tempo em responder entrevistas direcionadas para esta temática. Espera-se que este trabalho contribua de forma significativa para a reflexão da prática docente e incentive outros educadores a continuarem a pesquisar esta temática que revela-se cada dia mais atual e presente em nossa sociedade. Palavras-chave: Geografia, Ética, Moral.
  • 8. 8 SUMÁRIO RESUMO..............................................................................................07 INTRODUÇÃO.....................................................................................10 CAPÍTULO I 1.A MORAL E A ÉTICA NO CONTEXTO SOCIAL..............................12 1.1.A MORAL, A ÉTICA E A CONSTRUÇÃO DO SUJEITO....................................14 1.2. A EVOLUÇÃO DA CONCEPÇÃO ÉTICA: DOS PRIMÓRDIOS À ATUALIDADE............................................................................................15 1.2.1. O DESPERTAR DA ÉTICA E SUA CONTRIBUIÇÃO FILOSÓFICA..............15 1.2.2. A ÉTICA CONTEMPORÂNEA E A CRISE MORAL.......................................19 1.3. A GEOGRAFIA EM UMA PERSPECTIVA ÉTICA.............................................20 1.3.1. O DESPERTAR DO SER SOCIAL E A GEOGRAFIA....................................21 1.3.2. A CONTRIBUIÇÃO DA ESCOLA PARA A FORMAÇÃO ÉTICA DO CIDADÃO.................................................................................................................22 1.3.3. O PROFESSOR, A GEOGRAFIA E A ÉTICA NO PROCESSO DE AQUISIÇÃO DOS CONHECIMENTOS....................................................................24 1.3.4. ADAPTAÇÃO METODOLÓGIGA AOS SABERES DO EDUCANDO NAS SÉRIES INICIAIS NAS AULAS DE GEOGRAFIA.....................................................27
  • 9. 9 CAPÍTULO II 2. O PROFESSOR DE POLIVALENCIA E SEU TRABALHO NAS AULAS DE GEOGRAFIA: VALORES MORAIS NO CONTEXTO SOCIAL..................................................................................................30 2.1. PERCURSO METODOLÓGICO........................................................................31 2.2. CONCEPÇÃO DE MORAL E ÉTICA DOS PROFESSORES DE 1ª A 4ª SÉIRIES....................................................................................................................32 2.3. A QUESTÃO DO DIÁLOGO EM SALA DE AULA..............................................35 2.3.1. O DEBATE PARA A FORMAÇÃO DO SENSO CRÍTICO...............................36 2.4. DRAMAS NA FORMAÇÃO MORAL E A REALIDADE ESCOLAR NAS ESCOLAS ESTADUAIS DE TERESINA...................................................................37 2.4.1 ESCOLA E A CONSTRUÇÃO DE VALORES PELA CONVIVÊNCIA SOCIAL......................................................................................................................38 2.4.2. A VISÃO JUVENIL DA INDISCIPLINA EM SALA DE AULA............................40 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................46 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS.........................................................48 APÊNDICE.............................................................................................50
  • 10. 10 INTRODUÇÃO A Geografia é uma ciência dinâmica que fornece uma série de temas de caráter social que podem e devem ser pesquisados e debatidos pela sociedade, principalmente em ambiente escolar que favoreça a integração entre escola e sociedade, ensino e aprendizagem através de profissionais treinados, metodologia adequada, saber sistematizado e recursos mínimos exigidos que favoreçam o saber no ensino. Em relação ao processo de ensino/aprendizagem, considera-se que não basta existir pessoas capacitadas, recursos e metodologia, é importante que o saber transmitido pela escola tenha significado concreto e prepare o indivíduo para a vida em sociedade. Neste aspecto, a temática deste trabalho intitulado: Uma análise da prática docente relacionada à motivação de princípios éticos no ensino de Geografia; aborda a ética como sendo o meio pelo qual o ser humano observa a sociedade, tomando por base os padrões morais que a própria sociedade escolhe. A ética possibilita julgar o que é benéfico ou maléfico para a sociedade e para o próprio ser humano, por isso, há necessidade de se pesquisar sobre o cotidiano escolar e a prática docente a qual considera-se como sendo a principal responsável pela motivação em sala de aula, e o professor como sendo modelo ético que a criança, consciente ou inconsciente segue como referencia para exercer sua cidadania. Torna-se necessário que haja uma escola preparada para atender aos anseios da sociedade e um professor facilitador da aprendizagem que motive valores como o respeito, a igualdade, a fraternidade e a justiça. Para isso, surge o seguinte questionamento: Como desenvolver uma prática docente motivadora em relação a criança na sociedade em relação ensinamentos éticos a partir das aulas de Geografia de 1ª a 4ª Série do Ensino Fundamental nas escolas estaduais da região Sudeste de Teresina-PI? Este trabalho aborda o significado de ética, sua relação com a moral e o ensino de Geografia na produção do cidadão ético, analisa objetivo e métodos para o trabalho nas aulas de Geografia, assim como a relação entre professor e aluno que deve ser ativa e de significado moral. Considera-se que a Geografia, como
  • 11. 11 disciplina, ainda é vista pela sociedade como sendo uma matéria decorativa e sem importância ao comparar-se com outras disciplinas como a Matemática ou a Língua Portuguesa. Este trabalho ressalta a importância da Geografia para a aprendizagem para que o cidadão seja autônomo e conhecedor de seus direitos e deveres na sociedade. Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Ética e da Geografia constituem- se de valorosa contribuição para este trabalho, além das obras dos autores: Celso Antunes, Adela Cortina, Mara Lúcia Arruda Aranha, Lana de Souza Cavalcanti, Álvaro L. M. Valls, Jung Mo Sung entre outros que abrilhantaram este trabalho. Realizou-se uma pesquisa descritiva para a concretização deste trabalho nas escolas de 1ª a 4ª Série do Ensino Fundamental da rede estadual de educação de Teresina-PI com o auxílio de dados cedidos pela 8ª Diretoria Regional de Educação (8ª DRE), ampla pesquisa bibliográfica e instrumental de pesquisa composto por questionários respondidos com grande interesse pelos alunos. Esta pesquisa é composta de dois capítulos. O primeiro capítulo aborda os conceitos de ética, moral, a relação da Geografia com a ética, a importância do professor e de sua metodologia, assim como a formação moral do educando e a importância da escola neste processo. O segundo capítulo aborda a metodologia da pesquisa e a análise dos instrumentos de pesquisa que foram direcionados aos professores, alunos.
  • 12. 12 CAPÍTULO I 1.A MORAL E A ÉTICA NO CONTEXTO SOCIAL Surge à aurora do século XXI e a humanidade, mesmo com o avanço tecnológico, econômico, político e social, ainda encontram-se envolta em uma série de questões que por séculos tem feito com que vários filósofos como Sócrates, Platão, e Aristóteles analisassem e discutissem sobre o que motiva o ser humano em suas escolhas; surgiram várias idéias filosóficas que explicavam que o homem é movido pela razão, pela emoção ou pela religião. Pode-se citar como exemplos os seguintes questionamentos que serviram para discussões em vários períodos por toda a História: Qual o sentido da vida? O que é bom e o que é mal? O que é liberdade e justiça? O que é ética? Até o próprio significado da palavra ética é confundido com a moral ao analisar-se os lavores que regem a sociedade atual. A sociedade contemporânea passa por várias transformações devidas, principalmente, pelo seu dinamismo; as mudanças ocorrem visivelmente (nos aspectos físicos crescimento das cidades, transformações na natureza; econômicos, e sociais) ou de forma imperceptível representada pelos costumes que transformam- se constantemente, influenciando a qualidade de vida do cidadão; os meios de comunicação estão cada vez mais rápidos, e as relações interpessoais ocasionam influencias que fazem com que valores antes relacionados como pilares da sociedade sejam de repente ignorados, assumindo assim novos valores tidos como verdadeiros e de vital importância para o bom convívio em comunidade.
  • 13. 13 Pode-se considerar que um valor de suma importância na sociedade é a honestidade, independendo do contexto ao qual esta inserida. Se um mecânico produz um meio de ganhar dinheiro passando peças de carro antigas por peças novas, isso é considerado desonestidade em muitas sociedades, e o mecânico é preso se for descoberto. Em nosso país, essa forma de conduta recebeu a denominação carinhosa de “jeitinho brasileiro”, isto é, o ato de usar de má fé com outras pessoas para se obter vantagens. Porém muitas pessoas em nossa sociedade aceitam esse procedimento como sendo sinônimos de esperteza e sabedoria. Questões como estas têm levado vários filósofos, psicólogos, antropólogos e geógrafos a raciocinar sobre a sociedade em que vivem, por isso, afirma-se que a moral e a ética têm importância fundamental para a compreensão da sociedade que vivemos. Elas refletem o modo comportamental que o individuo adota de acordo com o tempo e o espaço em que vive. O ser humano é um ser social e atuante, sendo necessário que ele adote uma postura, e concilie seu modo de falar e até mesmo de pensar de acordo com a sociedade que está inserida. Feito isso, ele aceita como verdadeira a realidade a qual lhe é apresentada e, por isso, é considerada normal as suas atitudes com as outras pessoas. Estas por sua vez, aceita as idéias por não diferir das idéias do senso comum, havendo aceitação mútua entre o indivíduo e a sociedade a que pertence; isto funciona como uma segurança para todos que estão inclusos no grupo social. Portanto, se a maioria das pessoas aceitar o “ jeitinho brasileiro” como uma forma comum e autêntica de se conseguir o sustento da família ou como forma desleal que cause dano e incentive a corrupção na sociedade, então, a voz que se contradiz a alguma destas idéias dificilmente é aceita pela maioria, mas quando questiona-se sobre a validade de conceitos, costumes ou até mesmo normas, surge a necessidade da análise e da fundamentação das idéias que irão contra ao senso comum. Segundo JUNG MO SUNG: “ Quando todos aceitam os costumes e os valores morais estabelecidos na sociedade não há necessidade de muita discussão sobre eles. Mas quando surgem questionamentos sobre a validade de determinados valores ou costumes, surge a necessidade de fundamentar teoricamente estes valores vividos de uma forma
  • 14. 14 prática: e, para aqueles que não concordam, a de criticá-los.” ( pag.12). De acordo com o autor, há necessidade de reflexão sobre os valores que nosso meio social adota e coragem para ir contra o senso comum e àqueles que se beneficiam com a ordem estabelecida. Quando faz-se uso do questionamento, usa- se padrões de valores que são transmitidos desde a tenra infância; surgindo assim, através das dúvidas e dos questionamentos, os primeiros conceitos de moral e ética que o ser humano desenvolve. 1.1.A MORAL, A ÉTICA E A CONSTRUÇÃO DO SUJEITO. Comumente costuma-se referir à moral e à ética como sendo sinônimas entre si, não chega a ser fatal este erro, em muitas circunstancias, as duas se relacionam ou até mesmo se completam. De acordo com MARIA LÚCIA DE ARRUDA ARANHA: “Moral é o conjunto de regras de conduta assumidas pelos indivíduos de um grupo com a finalidade de organizar as relações interpessoais segundo os valores do bem e do mal.” ( p.117 sem data ) .Para que haja boas relações em uma sociedade é necessário que existam regras que sejam escolhidas e obedecidas pela população. Pode parecer um contrato, porém é mais que isto; de acordo com a mesma autora,a própria palavra moral vem do latim mos (singular) e mores(plural ) que significa costumes. Por isso, muitas pessoas usam este termo para expressar bons costumes; surge assim uma pergunta: Como pode-se saber o que é bom ou ruim na sociedade? Os valores adquiridos pela sociedade auxiliam na escolha entre o que é bom ou mal para a mesma, esses valores surgem através das experiências adquiridas ao longo do tempo e de um processo de análise de várias situações. É, portanto, escolher o que é melhor para todos e reter o que não serve, isto é, o que causa prejuízo para o convívio em sociedade. Porém, quando há reflexão sobre os valores que a sociedade adota, relaciona-se o conceito de ética que segundo ÁLVARO L. M. VALLS :” É o estudo das ações ou dos costumes, e pode ser a própria realização de um tipo de comportamento”. ( pag 7, 2004). Portanto, em tese, os valores servem para que a sociedade mantenha sua integridade e se desenvolva, para que todos tenham uma vida melhor. Neste aspecto o sujeito ético questiona a sociedade e ao mesmo tempo apóia seu comportamento uma vez que ele é influenciado pelos
  • 15. 15 próprios valores que ele questiona. ARANHA observa que as principais características do sujeito ético são: indivíduo consciente de si e dos outros como sujeitos éticos, um ser dotado de vontade, capaz de controlar e orientar seus desejos e impulsos e decidir várias alternativas possíveis; ser responsável, em suma, assumir as conseqüências de seus erros e principalmente ser livre para escolher sem que fatores externos o forcem a algo que ele não deseja.(p.120. Sem data) 1.2. A EVOLUÇÃO DA CONCEPÇÃO ÉTICA: DOS PRIMÓRDIOS À ATUALIDADE. 1.2.1. O DESPERTAR DA ÉTICA E SUA CONTRIBUIÇÃO FILOSÓFICA. As doutrinas morais são sistematizações a partir de valores, princípios e normas concretas que são adaptadas ao tempo e espaço em cada cultura e civilização, sobre isso, ADELA CORTINA explana: “As doutrinas morais se oferecem como orientação imediata para a vida moral das pessoas, ao passo que as teorias éticas pretendem antes dar conta do fenômeno da moralidade em geral” (2005, pag:51), Entretanto, para ter-se uma visão, mesmo que parcial, desse fenômeno, é necessária a organização de uma retrospectiva sobre os anais da ética e suas principais contribuições filosóficas. Esta pesquisa não tem a pretensão de abordar todas as correntes filosóficas, mas oferece uma reflexão sobre alguns dos principais valores que regem a nossa sociedade. As concepções éticas surgiram mais profundamente no mundo ocidental, mais precisamente na Grécia Antiga apesar de vários pensadores terem refletido sobre estas questões anteriormente. Questões como valores, as próprias concepções de bondade e maldade, justiça, prazer e a própria busca pela felicidade é abordada em manuscritos de pensadores como Sócrates, Platão e Aristóteles. Nas pesquisas efetuadas dialeticamente nos diversos diálogos, cita VALLS ao organizar um quadro feito por Platão que relaciona as características principais do homem virtuoso que constituem-se em justiça (dike), prudência ou sabedoria ( frônesis ou sofía), fortaleza ou valor (andréia), e temperança (sofrosine). Segundo a concepção da época, estes valores nos assemelham do divino e imortal, eleva nossas mentes e
  • 16. 16 espírito, faz com que as paixões mais nobres predominem e produz o autodomínio e a harmonia individual. (2.004,pag:27), Constata-se então o surgimento do pensamento voltado para o bem comum onde a virtude passa a ser valorizada acima de qualquer ganho pessoal e a verdadeira felicidade é vista como sendo a união de todas estas virtudes. A religião muito contribuiu para o aperfeiçoamento destas concepções éticas como as conhecemos. Ainda segundo VALLS: A religião grega, como muitas outras religiões antigas, era bastante naturalista, sendo os deuses geralmente quase personificações de forças naturais, como o raio, a força, a inteligência, o amor e até mesmo a guerra. Com a religião judaica, a questão se modifica um tanto. O Deus de Abraão, Isaac e Jacó não se identifica com as forças da natureza, estando acima de tudo o que há de natural. (2.004, pag: 36) Em termos morais e éticos, esta concepção torna-se profunda, pois o homem comandado pelas forças da natureza (naturalista) passa a ser comandado por um único Deus que está acima de todas as coisas e para conhecê-lo é necessário conhecer a sua vontade. Neste contexto foram acrescentados mais dois princípios fundamentais para a convivência social: o amor incondicional e o perdão ao próximo. Com a Idade Média surgiram várias contribuições marcadas pela ética religiosa, a contemplação pela vida futura no céu e o castigo eterno. Cita ARANHA “ a cultura ocidental esteve marcada pela tradição moral fundada nos valores religiosos e nas crenças depois da morte [...] os valores são transcendentes, porque resultam da doação divina, que leva à identificação da pessoa moral com o ser temente a Deus.” ( p. 126 sem data). Portanto, a aproximação do homem com um Deus que recompensa as pessoas que são boas com a vida eterna e que castiga os maus com um sofrimento indescritível em um inferno por toda a eternidade acrescentou vários valores como o perdão aos inimigos, a caridade a paciência, e a abnegação aos valores materiais; estes valores foram defendidos por vários pensadores em séculos posteriores como Ludwig Feuerbach, e Karl Marx. Porém, as contribuições marcantes resultam das idéias de Agostinho de Tagaste ( Santo Agostinho ) apud ADELA CORTINA confirma as idéias dos filósofos gregos em relação a moral:” Moral é um conjunto de orientações cuja função é ajudar os seres humanos a conseguir a vida feliz.”(2005, p. 64), Agostinho ainda acrescenta que a
  • 17. 17 verdadeira felicidade só pode ser encontrada se cada pessoa tiver um encontro com Deus-Pai, e que o caminho para a felicidade esta aberto para todo cidadão, independente de ser o cidadão letrado ou não. Tratando-se da ética na Idade Média, pode-se citar também a contribuição de Tomás de Aquino que explica que a consciência de cada pessoa determina as suas escolhas que devem sempre levar a um bem maior e, conseqüentemente, a felicidade. Ainda de acordo com CORTINA (2005,p.66): “Aquino considera a consciência a chave da moral cotidiana, pois a aplicação dos princípios às diversas situações não pode ser mecânico, mas criativo e razoável.” Neste aspecto, as escolhas que fazemos na vida influenciarão em nossa vida futura no porvir, isso ocasiona mudanças de atitude que devem contribuir para o bem comum de todos na sociedade. A partir do século XVIII, a moral vai se tornando laica (não religiosa), se antes os fundamentos da moral e dos bons costumes encontrava-se em Deus, com o passar do tempo, a moral passou a possuir um discurso humanista, isto é, centralizado no ser humano; no campo das doutrinas surge Hume que, segundo ARANHA : “ Rejeita todo sistema ético que não se baseia em fatos e observações. Partindo da conduta humana efetiva, distingue o útil e o agradável na raiz dos atos morais”. ( pag:126 Sem data). Exemplificando este pensamento, observa-se que a justiça é boa porque diminui os danos causados aos cidadãos assim como não matar é útil para a mesma; em relação ao mesmo filosofo, CORTINA explana: “Na opinião de Hume, os fundamentos de nossas normas morais e de nosso juízo de valor são a utilidade e a simpatia. Respeitamos as normas morais- que Hume supõe como dadas e cuja origem, portanto, não explica porque, se não o fizéssemos, se seguiriam maiores prejuízos que o que , em alguns casos, a obediência a essas normas produz”. (2005, pag: 68). Em suma, de acordo com o pensamento de Hume, em qualquer sociedade, é melhor obedecer às normas morais do que não obedecer para que o cidadão não seja penalizado pela desordem e falta de segurança proposta por uma sociedade desorganizada e que não considere suas próprias leis morais, popularmente falando: É melhor ter uma lei que se obedeça a que ter varias leis e nenhum compromisso com elas ou nenhuma lei que seria o mesmo de seu não cumprimento.
  • 18. 18 Entre os filósofos que surgiram durante a Idade Moderna, nenhum foi mais influente que Emmanuel Kant que identificou muito o individuo ético com o ideal da autonomia individual. O homem racional, autônomo, autodeterminado, aquele que age segundo a razão e a liberdade, eis o critério da moralidade. De acordo com KANT: “Uma vez que o tempo passado não está mais em meu poder, deve ser necessária cada ação que levo a cabo, em razão de causas determinantes que não estão em meu poder, o que é o mesmo que dizer que no momento que ajo nunca suo livre. Ainda que eu admitisse a minha existência total como independente de toda causa externa ( por exemplo, de Deus ) de forma que os motivos determinantes da minha causalidade e até da minha existência não se encontrasse fora de mim, nem mesmo isso transformaria, o mínimo que fosse, essa necessidade natural em liberdade.” ( 2004, pag: 104 ).Crítica da Razão Prática Em relação a estes pensamentos, o homem livre é aquele que tem a possibilidade de escolher, sendo que essas escolhas estão relacionadas às nossas experiência passadas o que faz-se necessário raciocinar sobre as conseqüências de nossas escolhas que são cobradas independentemente de se acreditar em Deus ou não, a liberdade faz-se necessária para o bem do indivíduo. Quando fala-se em ética, não há como não relacioná-la a liberdade e quando fala-se em liberdade, e ao mesmo em direito de escolhas pois não haveria ética em uma sociedade onde os direitos de escolha são determinados, imagina-se uma sala de aula onde os alunos não tem liberdade de escolher o que aprender ou como aprender, isso geraria descontentamento, desinteresse e a própria rebeldia. Hegel apud Valls (p. 53,2.004) explica que as escolhas devem vir do interior de cada pessoa e que não devem ser forçadas por fatores externos como ameaças, isso determina o homem livre, sendo que as conseqüências de suas escolhas devem estar implícitas no ambiente de cada aluno. Diferente do século XVIII no qual vimos que a moral iluminista dá margem ao posicionamento racional, laico e com acentuação à liberdade e ao direito de contestação, no século XIX surgem vários novos pensamentos que opuseram-se, principalmente, ao formalismo kantiano fundada na razão universal, abstrata, de um
  • 19. 19 sujeito transcendental; vale ressaltar as contribuições de Hegel que explica as mudanças de valores de acordo com o tempo e espaço e Nietzsche que de acordo com ARANHA: “Defende a transvaloração de todos os valores, separando a moral comum para que os atos do homem forte não sejam pautadas pela mediocridade das virtudes estabelecidas”. (p.127 sem data), ou seja, era preciso voltar-se para a capacidade inventiva, reflexiva, alegre e potente do ser humano para a concretização de seu ideal de liberdade e bem estar, era preciso refletir sobre a moral estabelecida, era preciso ser ético. 1.2.2. A ÉTICA CONTEMPORÂNEA E A CRISE MORAL No século XX continua válida a desconfiança na razão como forma para direcionar as nossas razões ao mesmo tempo em que este argumento é válido também para a religião. Cada vez mais acredita-se que o instinto, a comunicação e o relativismo são necessários para a real compreensão do contexto histórico atual; questões como: Para que serve a família? O casamento é importante nos dias atuais? Por que obedecer às leis de nossa sociedade? O que é o amor? O que posso ganhar com o bem que faço? São questionamentos que cada vez mais são analisados de acordo com um ponto de vista cada vez mais individualista e narcisista no qual as pessoas tornam-se voltadas para si mesmas, o que torna-se um paradoxo o fato da humanidade organizar-se cada vez mais em um mundo globalizado onde a idéia principal é a união de todas as culturas, raças e credos em uma aldeia global. Os meios de comunicação desenvolvem-se como métodos planejados para a massificação das idéias e formação de conceitos que relativizam individualmente as condições morais do indivíduo, a velocidade como as notícias são transmitidas para os lares em tempo real e sua dificuldade consta na análise de cada fato e como são pesadas na balança moral que rege os subconscientes. Em relação a estes fatos, ARANHA cita: “Se lembrarmos ainda os riscos da massificação pelos meios de comunicação, estaremos diante de um quadro às avessas do que seriam as condições adequadas de uma vida moral autentica, já que esta supõe consciência crítica, liberdade, reciprocidade e responsabilidade” (P. 129)
  • 20. 20 De acordo com a autora, as massificações dos meios de comunicação prendem o expectador e nublam sua consciência crítica que faz com que tenha-se dificuldades em diferenciar o certo do errado ao mesmo tempo que isola o cidadão e não contribui tenazmente para o bem estar social. Os valores que norteiam o comportamento humano encontram-se fundamentados no relativismo atual, as próprias concepções de bem e mal são analisadas sobre a ótica individual, a sociedade cita: “Cada um sabe o que é melhor para si” e esquece-se a generosidade, a igualdade, o direito e a justiça; analisa-se a moral mais não questiona-se sobre a ética sobre pesos favoráveis para o bem comum. 1.3. A GEOGRAFIA EM UMA PERSPECTIVA ÉTICA Dado ao dinamismo inerente a própria sociedade a qual o ser humano faz parte, as transformações sociais acontecem constantemente, e muitos dessas mudanças são imperceptíveis aos nossos sentidos; sejam mudanças nos aspectos físicos do próprio espaço a qual o indivíduo está inserido ou nos costumes que norteiam as relações pessoais, políticas e comerciais e culturais que auxiliam neste convívio. O homem influencia a espaço que faz parte sendo que ele mesmo é fruto do meio em que vive, isso dá-se graças ao próprio processo evolutivo da produção de bens que acompanhou a evolução intelectual da própria espécie. Segundo KARL MARX: “A produção aparece com o aumento da população. As relações entre as nações estão condicionadas pelo estado de desenvolvimento de cada uma delas no que diz respeito às forças produtivas, à divisão de trabalho e o intercambio interno.” (2004. P.45). Cada um desses fatores sugere relações interpessoais que envolvem leis, normas, tratadas e regras que devem ser seguidas para que estas relações tenham êxito para seu bom desempenho; portanto, o homem é um ser social e produtivo que necessita está em comunidade para produzir sua subsistência. Pode-se dizer que a Geografia estuda as relações produtivas e a interação do ser humano no meio em que vive; ela própria é uma ciência que estuda o espaço e a relação do ser humano com os vários fatores que se encontram no meio ambiente. De acordo com NESTOR ANDRÉ KAERCHER: “O homem faz a Geografia à medida que se faz humano, ser social”. (Kaercher. [ et al]. P11. 2003) Isso origina-se ao fato de que o homem precisa compreender, geograficamente, o
  • 21. 21 que é ser humano, isso tem a ver em compreender sua função social e como ele influencia benéfica ou maleficamente seu espaço de vivencia, é preciso que o indivíduo seja ético para analisar seu comportamento na sociedade. 1.3.1. O DESPERTAR DO SER SOCIAL E A GEOGRAFIA O ser humano é um ser social, isto é, vive em sociedade, relacionando-se com várias pessoas que o influencia e que influenciada por suas trocas de experiências, independente de seu círculo de amizades; por isso, o convívio social torna-se determinante na formação do educando como indivíduo e como cidadão. Diz-se que desde a tenra infância a criança convive com os mais diversos tipos de pessoas, seja na escola, no trabalho ou nos momentos de diversão; a própria família constitui-se na primeira instituição social a qual o homem faz parte. Vale ressaltar que o ser social não surge de uma hora pra outra, para que ele surja é necessário um longo processo de aprendizagem que dará origem ao indivíduo que conhece seus direitos e deveres, que questiona os valores adotados pela sociedade e contribui de forma significativa em sua transformação. A escola é um importante meio que nos auxilia a compreender a gênese do ser social desde que garanta sua formação moral no processo de aprendizagem. Segundo CALLAI: “ O nosso aluno tem de ser considerado em sua plenitude, e não apenas como uma criança que está a disposição do professor e da escola para ser ensinado. Se a preocupação do professor e da escola é formar cidadãos, o aluno precisa ser visto como indivíduo que vive em sociedade( fazendo parte de vários grupos) num determinado momento( um tempo definido) e ocupando determinado lugar(espaço). Crescer, portanto, significa ir localizando-se com lucidez, no tempo e nas circunstancias em que vive, para chegar a ser verdadeiramente homem, isto é, indivíduo capaz de criar e transformar a realidade, em comunhão com seus semelhantes.” (Castrgiovanni. Ed tal. , P.67) Somente através da consciência de seu papel na sociedade é que o aluno poderá assumir uma postura ética e de valores que possa contribuir com o bem estar de seus semelhantes e com o ambiente a qual está inserido. Neste sentido, o
  • 22. 22 estudo da Geografia contribui de forma significativa por ser uma ciência que tem como principal campo de observação a sociedade e o espaço físico que está sujeito a transformações pelo trabalho humano. De acordo com os PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS DE GEOGRAFIA: “ O estudo da Geografia possibilita aos alunos, a compreensão de sua posição em conjunto das relações da sociedade com a natureza; como e por que suas ações individuais ou coletivas, em relação aos valores humanos ou à natureza, tem conseqüências – tanto para si como para a sociedade.” (PCN’s DE GEOGRAFIA, p. 113) A Geografia é mais de que ensinar nomes de estados, países, rios, cidades, informações que apesar de serem importantes, desenvolvem um saber fragmentado que se perde pela falta de praticidade e pelo acúmulo de informação; a Geografia auxilia a compreensão do aluno como ser pertencente há um tempo e espaço definido e possibilita que através de seu conhecimento haja o melhor exame de raciocínio que possibilite melhores decisões e atitudes; o espaço está em constante transformação e o indivíduo deve aprender a agir de forma responsável nesse processo de mudanças. 1.3.2. A CONTRIBUIÇÃO DA ESCOLA PARA A FORMAÇÃO ÉTICA DO CIDADÃO. À escola cabe ensinar, isto é, garantir a aprendizagem de certas habilidades e conteúdos que são necessários para a vida em sociedade. A escola oferece instrumentos de compreensão da realidade local e, também oferece a participação dos em relação sociais diversificadas e cada vez mais amplas. A vida escolar possibilita exercer diferentes papéis, em grupos variados, facilitando a integração dos jovens em um maior contexto. É preciso que se inclua no contexto escolar a realidade como ela se apresenta tirando a ilusão de que vivemos em um mundo harmonioso, um mundo infantilizado característico das primeiras séries e estudar acontecimentos relevantes como a fome, as guerras, o crime, a globalização, os avanços tecnológicos, entre outros assuntos que os leve a analisar a sociedade e a compreender seus
  • 23. 23 problemas e suas necessidades, fazendo com que se procurem alternativas harmonizadoras para o mundo. As instituições escolares possuem um importante papel para a formação do educando que é harmonizar a educação fazendo com que haja propósito para o que se aprende. A própria formação do cidadão constitui-se em um aprender contínuo, respeitando-se cada etapa do desenvolvimento intelectual do indivíduo, e a escola por sua vez, possui a responsabilidade de ensinar conceitos, valores e normas sociais que contribuem para a formação do educando, não somente como aluno, mas como pessoa que valoriza seu próprio eu e as pessoas ao seu redor e o meio ambiente a qual faz parte em sua totalidade. À Geografia cabe a difusão do conhecimento e sua organização sistemática para facilitar a aprendizagem. Segundo CAVALCANTI (p.50, 2002): “ O objetivo escolar de formação de cidadania é de responsabilidade da escola como um todo, mas à Geografia cabe, mais especificamente, o trabalho com conceitos como a cidadania e de cidade e a organização do estudo nas escolas com referencia a esses temas”. De acordo com a autora, a Geografia oferece meios para que o aluno compreenda a sociedade, sendo que o conceito de cidadania deve ser trabalhado nas escolas e incluso em seus temas de referencia. Além disso, a Geografia possibilita que o aluno analise as questões morais que a motivam, e direciona o aluno as compreensões de várias outras realidades alem da sua. Cita os PARÂMETROS CURRICULARES DE ÉTICA: “Aulas de História e Geografia tratam diretamente de pessoas e de suas diferenças, sejam estas ao tempo (as pessoas de antigamente eram diferentes das de agora), seja com referencia ao lugar onde moram.” (p.124. 2001) Os PCN’s incluem a História e a Geografia como ciências que produzem no cidadão o sentimento de respeito pela diversidade cultural entre os povos e o sentimento de que cada pessoa é diferente porque possuem realidades diferentes e semelhanças que os identificam.
  • 24. 24 Mais do que trabalhar com conteúdos, a escola deve trabalhar com a realidade do educando, preparar para a vida, não somente ensinar valores, mas também demonstrar a valorização d seus princípios, metas e objetivos; deve atender aos anseios de uma sociedade cada vez mais individualista, embora haja tantas pessoas convivendo juntas umas das outras. Sobre isso, CELSO ANTUNES (p.47. 2003) afirma: “ A escola deve trabalhar as relações interpessoais para desenvolver no aluno uma visão sistêmica da escola e de seu papel, mas também para facilitar sua integração com a comunidade, professores e colegas através de uma colaboração confiante e permanente.” Em relação a citação, o autor esclarece que a escola deve procurar integrar as pessoas dentro e fora de seu convívio, a comunidade deve participar do processo de educação junto a professores, alunos e direção da escola. Visando esta integração, os Pcn’s relacionam os conteúdos priorizados no convívio escolar. São eles: respeito mútuo, justiça, diálogo, solidariedade ( PCN”s de Ética p. 102) Estes conteúdos não devem ser trabalhados como uma matéria a parte e sim nortear os valores trabalhados nas disciplinas fundamentais auxiliando a formação moral dos alunos na escola permitindo maior integração entre escola e sociedade. 1.3.3. O PROFESSOR, A GEOGRAFIA E A ÉTICA NO PROCESSO DE AQUISIÇÃO DOS CONHECIMENTOS. Sempre que alguém se lembra de seus tempos escolares, as primeiras letras, os amigos, as tarefas, seu dia a dia escolar, vem a lembrança daquele professor especial que auxiliou no seu desenvolvimento como aluno e como pessoa, que contribuiu de forma significativa para seus avanços na aquisição do saber.O sentimento pode ser contrário, o aluno pode lembrar-se do professor que o excluiu nas atividades, que o colocou no ostracismo existencial, que bloqueou com suas afirmações negativas em relação a ele quando o aluno pedia explicações. É comum se encontrar alunos que não gostam de Geografia, Matemática, Química ou qualquer outra disciplina devido a problemas de aprendizagem provocados por professores que eram rígidos demais com os alunos.
  • 25. 25 Em pleno século XXI, observa-se a evolução tecnológica que se reflete na mudança da qualidade de vida dos cidadãos e nos avanços nas comunicações e das técnicas de produção; muitos alunos possuem em seus lares computadores, celulares e outros aparelhos de última geração, porem, a escola, ou a maioria dos professores do Brasil ainda possuem as formas arcaicas de ensinar que consiste no professor falar o conteúdo e no aluno ouvir as orientações, e se não concordar, é sugerida uma punição para o aluno mal-comportado. Torna-se necessário que haja um saber democrático em sala de aula onde se plante a semente da democracia, principalmente nas séries iniciais quando a criança afasta-se com mais freqüência do convívio familiar e passa a aumentar seu convívio social. Torna-se necessário que a postura do professor mude de acordo com as necessidades sociais pois o ritmo do progresso intensifica-se a cada dia; o novo contexto social exige que o professor seja um facilitador, um mediador entre o ensino e aprendizagem, palavras estas distintas mais cheias de significado, que relacionam-se para a construção do conhecimento. O PROGRAMA ÉTICA E CIDADANIA elaborado pelo Governo do Federal compreendem como mediador: “Um profissional imparcial que facilita a comunicação entre as pessoas, com o objetivo de ampliar as alternativas para a resolução dos impasses, de modo a reduzir os conflitos a níveis administráveis e construir acordos mutuamente aceitáveis. Ele é um facilitador e não um interventor da tomada de decisão; as partes envolvidas são autoras da solução do conflito, e as relações transformadas em vínculos de solidariedade.” (Programa Ética e Cidadania: Construindo Valores na Escola e na Sociedade. P. 29) Segundo a citação, o professor mediador é um educador ético que gerencia o saber e facilita sua aquisição do saber, fazendo com que o conteúdo seja somente um detalhe, mas necessário, para a formação do indivíduo. Segundo CAVALCANTI: “No ensino formal, a atividade do aluno, seu processo intelectual de construção de conhecimentos, é dirigida, não é uma atividade espontânea. É uma atividade mediada, que requer uma intervenção intencional e consciente do professor.” ( Cavalcanti. P. 18)
  • 26. 26 Necessita-se que o professor auxilie a criança para que dê significado a aprendizagem, para isso é necessário consciência e preparo para atuar de diferentes formas no ensino dos alunos. Ainda de acordo com CAVALCANTI: “...O ensino é um processo composto por objetivos, conteúdos e métodos e esses componentes articulam-se numa proposta de ensino em ação, então não basta ao professor ter domínio da matéria- é necessário tomar posições sobre a finalidade da Geografia naquela proposta de ensino e definir modos de encaminhá-lo para que ele cumpra essas finalidades.” (Cavalcanti. P.22) Diz-se que uma vez que o que se ensina tenha verdadeiro significado para o aluno, acontece a aprendizagem que é demonstrada pelas decisões tomadas pelo indivíduo; uma vez que nas aulas de Geografia o aluno aprendeu que deve preservar o meio ambiente, então entenderá que faz parte de um espaço com elementos naturais que devem ser preservados para sua saúde, mas a escolha de jogar lixo na água vem de seu questionamento ético e de sua aplicação: De acordo com CORTINA, esta aplicação é chamada de proposta ética indutiva, cita a autora que o método indutivo criado por JONSEN E TOULMIM: “Propõe substituir os princípios ou axiomas iniciais pelo que eles chamam máximas, entendidas como critérios sábios e prudentes de atuação prática com os quais todos, ou ao menos a maioria ou os especialistas, concordam. Em suma, as máximas são o resultado da sabedoria prática dos homens e das culturas, e constituem uma ajuda valiosa para tomar decisões que os pretensos princípios de uma suposta razão pura.”(Cortina,p.149.2005) Diz-se que as escolhas dos indivíduos neste processo são comandadas por princípios universais que são transmitidos pelo educador e analisadas pelo subconsciente para se chegar a um resultado satisfatório; o aluno chegaria a conclusão que jogando o lixo na água estaria poluindo e destruindo o seu sustento, ele comprovaria que a máxima explicada pelo professor estava correta, porém, o ato de jogar, depende somente da escolha do aluno, comprova-se que para que haja
  • 27. 27 uma sociedade ética é preciso que o cidadão exerça seu livre arbítrio, não existe sociedade ética sem direito de escolha. 1.3.4. ADAPTAÇÃO METODOLÓGIGA AOS SABERES DO EDUCANDO NAS SÉRIES INICIAIS NAS AULAS DE GEOGRAFIA. Todos os dias, observa-se em noticiários de revistas, jornais uma série de reportagens relacionadas a questões sociais, transformações no espaço que são comentadas por jovens, adultos e crianças. Lê-se reportagens que mencionam a corrupção dos governos, assaltos, violências, guerras entre vários países, bons exemplos de pessoas que fazem a diferença nos locais onde residem, observa-se fenômenos como terremotos, maremotos, degradações ambientais, poluição, novos meios para se cuidar da saúde. Estes e outros assuntos são, na maioria das vezes, transmitidos em tempo real, independente de seu local de origem, as notícias estão cada vez mais rápidas, graças a evolução das telecomunicações que contribuem para o processo de globalização que ao mesmo tempo em que possibilita a velocidade das informações e a aquisição do saber, torna o ser humano cada vez mais isolado na frente da televisão ou do computador. Cita CASTROGIOVANNI: “Tudo se globaliza, como se as coisas, as pessoas e as idéias se transfigurassem pela magia da multimídia. É preciso perceber não mais pelas emoções, pelas experiências, mas pelas sensações provocadas pelas comunicações.” (Castrogiovanni,p.84, Geografia em sala de aula,2003) Como explica o autor, as pessoas (em maior efeito, crianças) adquiriram um grande fascínio pelos meios de comunicação, principalmente as visuais. Podem-se observar em seus cadernos ilustrações de desenhos animados, fotos de atores famosos, observam-se durante as recreações nas escolas brincadeiras que imitam seus heróis preferidos, quase sempre em cenas de luta, as músicas cantadas pelos alunos são os sucessos das rádios e dos programas de TV. Os meios de comunicação são influentes e transmitem valores que são, em muitos casos, distorcidos de acordo com as concepções de bem e mal dos autores, gerando assim confusão na forma como as crianças compreendem a realidade. Todavia, os meios de comunicação não precisam ser vistos como inimigos da educação, ao contrário,
  • 28. 28 podem ser importantes fontes de recursos e informações para se trabalhar questões relacionadas à formação de valores nas aulas de Geografia e de qualquer outra disciplina. Observa-se que nas escolas ainda é muito pobre a quantidade de recursos didáticos e muito distantes dos avanços tecnológicos, esta realidade contribui para a permanência da velha estrutura tradicional: sala de aula, quadro negro, cadernos, livros. Em conseqüência deste quadro que parece permanente na maioria das escolas estaduais de Teresina, resta ao professor trabalhar com os recursos que há nas mãos, isto oferece a ilusão de que a aprendizagem escolar é diferente dos saberes assimilados em seu convívio social. Mesmo trabalhando com poucos recursos, o professor pode adaptar sua metodologia ao material disponível e usar atividades que estimulem a criatividade e o senso crítico dos alunos. CAVALCANTI (2002)relaciona procedimentos que promovem a reflexão sobre assuntos desenvolvidos nas aulas de Geografia e que proporciona oportunidades de utilização desse conhecimento de modo criativo. São procedimentos: atividades de simulação, jogos de simulação, dramatização, trabalho com mapas, cartas, gráficos e tabelas. Além dos valores transmitidos pela comunicação em massa representada principalmente pela televisão há os valores que o aluno traz de casa. São condutas, modos de agir, falar, pensar que, na maioria das vezes, vai de encontro aos valores transmitidos pela escola. SONIA M. P. PORTELLA KRUPPA (p.31, 2004) cita: “ Fora da escola o conhecimento é produzido a partir das necessidades imediatas da vida, na sobrevivência nas ruas dos centros urbanos, no campo.” Muitos alunos possuem dificuldades em relacionar os ensinamentos à sua realidade, isto é, não vêm praticidade ao se analisar mapas, tipos de rochas e solos, partes de um rio ou relacionar nomes de Estados e capitais. Por isso, torna-se necessário por parte dos professores, fazer a ligação entre o espaço em que o aluno está inserido ao espaço planetário e transmitir noções de valores que os oriente a conviver, de uma forma democrática, em uma “aldeia global” com muitos problemas e contrastes.
  • 29. 29 CAPÍTULO II II. O PROFESSOR DE POLIVALENCIA E SEU TRABALHO NAS AULAS DE GEOGRAFIA: VALORES MORAIS NO CONTEXTO SOCIAL O trabalho didático-pedagógico da Geografia escolar suscita reflexões sobre o processo de aquisição do conhecimento em relação aos hábitos, atitudes e posturas desenvolvidas ao estudar o espaço como fruto transformações humano e sua dimensão social, política e cultural. Considera-se que a escola deve incluir em seu currículo pedagógico o estudo do espaço e a relação entre os seres humanos e a natureza nas aulas de Geografia, bem como a possibilidade de destacar valores como respeito mútuo, a justiça, o diálogo e a solidariedade nas séries iniciais do ensino Fundamental de 1ª a 4ª série, temas presentes nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) de Ética, e que tornam-se necessários devido a diversidade da população brasileira que gera preconceitos que se manifestam na forma de intolerância e desprezo àquilo que é diferente. Todo aluno deve saber que as pessoas são dignas de respeito, não importando seu sexo, idade, cultura, raça, religião, classe social ou grau de instrução. A inclusão da ética no ensino de Geografia torna-se relevante devido ao contexto escolar que os alunos e demais funcionários da escola que compartilham o mesmo espaço e estão sujeitas a mesma realidade que se apresenta de várias formas e de acordo com a interpretação de cada pessoa. Os PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS DE ÉTICA ( p. 97. 2001): Relaciona as possibilidades que os alunos de 1ª a 4ª séries devem alcançar não somente durante as aulas de Geografia mas em todas as disciplinas. Compreender o conceito de justiça e perceber as necessidades da construção de uma sociedade justa;
  • 30. 30 Ser solidário e rejeitar a discriminação; Respeitar diferenças entre as pessoas; Valorizar o diálogo como a melhor forma de evitar conflitos; Construir uma imagem positiva de si; Assumir posições considerando diferentes pontos de vista e aspectos de cada situação. Em relação aos tópicos relacionados, a ética dá margem ao desenvolvimento social e contribui para a formação do caráter do individuo fazendo com que reconheça-se como pessoa crítica, participativa e influenciadora do espaço em que vive, resta ao professor desempenhar um trabalho consistente que atinja estes objetivos porque compreende-se que a ética estende-se não somente a Geografia mas, a todas as disciplinas e fases da vida. 2.1. PERCURSO METODOLÓGICO Partindo do geral para o específico, esta pesquisa realizou-se através de análise descritiva que segundo Antonio Carlos Gil “tem por objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis” (Gil, Pág. 42). Observou-se a realidade escolar das 1ª a 4ª série do Ensino Fundamental nas escolas da Rede Estadual de Educação de Teresina na região Sudeste. Segundo dados levantados pela 8ª Diretoria Regional de Educação, a região Sudeste que compreende os bairros Dirceu I, Dirceu II, Renascença I, II, III e adjacências possuem 23 escolas estaduais, sendo que 13 escolas possuem 1ª a 4ª Série com um núcleo docente de 4.524 alunos matriculados de acordo com o senso escolar de 2.007. Foi feita uma pesquisa qualitativa e observou-se como o ensino da geografia contribui na formação ética do educando tomando por base a produção de juízo e de valores que norteiam o seu convívio social, Os Parâmetros Curriculares Nacionais relacionam que “A ética é um eterno pensar e construir. E a escola deve educar seus alunos para que possam tomar parte nessa construção, serem livres e autônomos para pensarem e julgarem”. (p.72, 2001). Esse trabalho consta com pesquisa
  • 31. 31 bibliográfica em livros e documentos, coleta de dados e observação em sala de aula (aula presencial). Foram pesquisados 22 professores e 71 alunos que responderam aos formulários além de entrevista estruturada que segundo SANTOS: “oferece maior controle nas respostas, inclusive no resultado do estudo ou pesquisa.” (pagina 11). 2.2. CONCEPÇÃO DE MORAL E ÉTICA DOS PROFESSORES DE 1ª A 4ª SÉIRIES. Ética é uma daquelas coisas que todos sabem o que é mais poucos sabem explicar. Essa afirmação constata-se em relação a concepção dos professores sobre o tema. Ao conceituar o que é ética, as respostas variam, sendo que alguns confundiram o conceito de moral com o de ética. Sabe-se que ética e moral estão relacionados, apesar de possuírem conceitos diferenciados. De acordo com os professores: Professor (A): “Ética é a análise que se faz acerca de normas e condutas”. Professor (B): “ São regras as quais os seres humanos submetem-se as suas ações”. Professor (C): “ Ética é respeitar as outras pessoas e agir de acordo com os valores morais”. Professor (D) “ É o questionamento que fazemos da sociedade para assim saber se as regras são boas ou ruins”. De acordo com as observações, a ética relaciona-se aos princípios morais que a própria sociedade escolhe e são questionados pela mesma, o professor D expande esta observação ao relacionar o questionamento dos aspectos positivos e negativos que encontramos em nossa sociedade. Um outra professor explica: “ética é um conjunto de princípios ou padrões de conduta que regem um determinado grupo social e dão orientação ao pensar e ao agir, sem obrigação de seguir a conduta”; esta observação ressalta a afirmação de TEREZINHA AZERÊDO RIOS que explica a palavra ética surgiu da palavra grega “ethos” que significa morada do homem, mas com o tempo, este significado foi se transformando, passou a ser uma
  • 32. 32 menção a reflexão sobre os costumes e fundamentos que sustentam a sociedade. ( RIOS, 2005). A ética, portanto, trata-se de uma eterna reflexão sobre o comportamento da sociedade e sobre os valores que ela considera como verdadeiros e concretos, ela revela o comportamento prático do indivíduo determinado pela moral. Ainda segundo RIOS: “ Moral é o conjunto de normas , regras e leis destinado a orientar a ação e a relação social”.( P. 102. 2005). O conceito de ética varia de acordo com cada pessoa, área de estudo, tempo e espaço, porem, assim como o conceito de moral, é necessário o estudo da ética para compreender como dá-se o processo de reflexão na sociedade na medida em que o professor, humaniza o ensino e contribui de forma prática para a compreensão dos alunos. Em relação ao conceito de moral há uma unanimidade em suas observações: Professor (A): “ Moral é o conjunto de princípios ou padrões de conduta que impõem regras como forma de conduta”. Professor (B): “ Moral são regras, costumes e modos de conviver com as pessoas”. Professor (C): “ Moral são acordos, costumes que surgem entre os cidadão de uma sociedade organizada”. Afirma-se que a moral e a ética completam-se, pois, para que haja moral em uma sociedade é preciso que haja cidadãos éticos capazes de exercer a livre escolha, criticar e apoiar o que se acha benéfico para o indivíduo e a sociedade; o conjunto de regras e costumes citados pelos professores demonstra o conhecimento de que existe uma organização social que necessita da ética para desenvolver em seus membros a valoração de princípios com respeito mútuo, o diálogo e a solidariedade e assim incentivar o bom convívio entre os seres humanos. De acordo
  • 33. 33 com CALLAI: “ A Geografia é uma ciência social. Ao ser estudada, tem de considerar o aluno e a sociedade em que vive.” ( p.57. 2003). A questão espacial é um ponto fundamental ao ser estudado nas aulas de Geografia, ao estudar o espaço, o aluno deve permitir-se perceber como participante do espaço e compreender que suas ações trazem resultados positivos e negativos e que o trabalho humano é responsável pelo desenvolvimento, em conseqüência destas observações, o aluno deve compreender que o espaço deve ser transformado de forma ética. Ainda segundo CALLAI: “ O aluno deve estar dentro daquilo que está estudando e não fora, deslocado e ausente daquele espaço, como é a Geografia que ainda é ensinada na escola.” (p.58, 2003). O espaço é dinâmico, isto é, está em constantes transformações, e o aluno deve sentir-se como ser participante nesse processo de mudanças, porquanto, a Geografia contribui na formação moral e ética do educando. Cita os profissionais de educação: Professor: (1): “ A Geografia contribui na formação de leitores de mundo ou seja, capaz de perceber o mundo a sua volta.” Professor (2): “ A Geografia faz parte da formação moral e ética, existe uma interdisciplinaridade e todos nós( professore e alunos) temos que nos educar quanto a este aspecto.” Professor (3): “ O mundo vive em constantes transformações sociais e o professor de Geografia tem como papel tornar essas transformações compreensíveis para os alunos, transmitindo e valorizando princípios éticos de respeito, solidariedade, igualdade e moralidade.” Estas afirmações relacionam aspectos relevantes da educação e do ensino de geografia; a leitura do mundo, segundo a professor (1), é algo que a Geografia pode oferecer como uma compreensão dos aspectos morais que regem a nossa sociedade, esta compreensão envolve bases concretas de desenvolvimento moral dos educadores ou há o risco de não se compreender de forma concreta, a real transformação desenvolvida pelos seres humanos. A professora B faz menção a interdisciplinaridade em relação a moral e a ética a qual, é abordada nos PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS de ética (2001) como sendo um
  • 34. 34 eterno pensar, refletir e construir; e por isso, a ética deve ser trabalhada de forma interdisciplinar em todas as disciplinas nas séries de 1ª a4ª série. Uma vez que HAJA compreensão do mundo e os aspectos morais estejam bem difundidos do ensino, haverá no aluno o preparo necessário para direcionar suas escolhas centralizadas nos padrões éticos necessários para subsidiar suas autonomia. Em relação a isto, os PCN’s esclarecem: “ [...] É a sociedade quer queira, quer não, que educa moralmente seus membros, embora a família, os meios de comunicação e o convívio com outras pessoas tenha influencia marcante no comportamento da criança.” ( P.73. 2001 ) Portanto, em linhas gerais, a Geografia provoca o debate, a crítica e estimula o conhecimento, porém não existem formulas prontas para transformar o cidadão em um grande exemplo da virtude e da moral, os valores devem ser difundidos , independentemente da disciplina que for ministrada pelo professor. 2.3. A QUESTÃO DO DIÁLOGO EM SALA DE AULA A comunicação entre os homens sempre foi de vital importância para a preservação da sociedade, o uso da voz possui a capacidade de desenvolver vários sentimentos e produzir uma ação e sensações, ela é a principal ferramenta para a comunicação entre professores e alunos. Socrates ( séc, V ac ) em sua sapiência, produzia com seus alunos grandiosos diálogos, aperfeiçoava a retórica dos alunos, questionava e debatia sobre vários âmbitos da sociedade da época; ele explanava que a excelência humana se revela, antes de tudo na atitude de busca do verdadeiro bem e quem age mal é na verdade um ignorante, pois se conhecesse o bem se sentiria inevitavelmente impelido a agir bem. ( CORTINA, 2005). Portanto o diálogo é imprescindível para esclarecer, informar e desenvolver a aprendizagem. 2.3.1. O DEBATE PARA A FORMAÇÃO DO SENSO CRÍTICO Ao analisar a integração entre os conteúdos transmitidos nas aulas de Geografia e a metodologia adotada pelos professores, observa-se que debates, passeios, leitura e escrita, apresentação de cartazes e filmes estão entre os principais métodos usados pelos educadores.
  • 35. 35 Para que os alunos desenvolvam senso crítico é preciso que eles conheçam não somente sua realidade mas que comparem seu meio social com outras realidades diferenciadas e transmitam opiniões . De acordo com a tabela: Gráfico 1 2% Aborda temas relacionados a assuntos 3% atuais da realidade dos alunos Sempre desenvolve debates com temas atuais e polêmicos Desenvolve debates sempre que há 95% oportunidades No âmbito escolar, uma alternativa muito adotada pelos professores foi a produção de perguntas que dão margem a debates com temas variados ou temas específicos com o auxílio de gráficos, tabelas e mapas para facilitar a compreensão dos alunos. De acordo com CALLAI: “A tarefa dos estudos sociais é propiciar o conhecimento e facilitar o entendimento da realidade que o aluno vive; partindo do que ele possui, adquirido na escola ou mesmo anterior a ela.” (p.66, 2006) Como ser pensante e em constante aprendizado, o aluno precisa do espaço para expor suas dúvidas, idéias e anseios, o debate em sala de aula desenvolve o diálogo e o respeito em relação as opiniões contrarias ao do indivíduo. Por isso, os PCN’s apontam a valorização do diálogo como instrumento para esclarecer conflitos e a disposição para ouvir as opiniões discordantes para rever seus pontos de vista. (PCN’s de Ética, 2201)
  • 36. 36 2.4. Dramas na formação moral e a realidade escolar nas escolas estaduais de Teresina. Um dos grandes problemas que afetam não somente a escola mas toda a sociedade contemporânea é a crise moral que deturpa valores e causa atraso nas relações humanas, dificuldades de compreensão da realidade e em reconhecer nas pessoas diferenças e semelhanças naturais e culturais que caracterizam o indivíduo como único em sua existência. Segundo EDIGAR MORIN, esta realidade dá-se devido a fragmentação do ensino que impossibilita a integração dos conhecimentos para nossas vidas. (Morin,2005) , além do mais, há um desacordo entre o que se ensina na sala de aula e o que se aprende no convívio familiar. A família, por sua vez, encontra-se mais distante da escola, como mostra a tabela sobre as principais razões das dificuldades em relação a formação moral e ética do educando apontadas pelos professores. GRÁFICO 2 Falta integração 7% entre a família e a 13% escola. Falta de estrutura física e apoio da direção da escola. 52% Falta projetos e referencia 28% curricular. Falta capacitação e programas de formação. De acordo com a entrevista, os professores indicam um índice mínimo de participação da família na escola o que demonstra o grau de importância que os professores atribuem ao envolvimento dos pais na escola. Os demais motivos
  • 37. 37 relacionados juntam-se ao mesmo modo em maior ou menor grau em cada escola da rede pública de educação do Estado do Piauí, esta realidade faz com que cresçam os índices de agressão, desrespeito aos professores e alunos, evasão escolar, repetência e a própria consciência sobre o real sentido da escola é sobrepujado pela imagem de desorganização, desordem e vandalismo, o que é um fato lamentável, pois a resolução destes problemas consiste em iniciativas da própria escola em capacitar seus profissionais, oferecer recursos, projetos e currículos consistente que vise a formação moral e ética do educando em todas as etapas da aprendizagem. 2.4.1 ESCOLA E A CONSTRUÇÃO DE VALORES PELA CONVIVÊNCIA SOCIAL Muito tem-se refletido sobre a função da escola no contexto atual e sua importância para a aprendizagem das crianças. A escola é uma instituição social que é caracterizada pelas ações repetitivas exercidas por um grupo social com papéis distintos – as regras da escola são transformadas em normas sociais que, são muitas vezes, modificadas quando não mais atendem a necessidade. O currículo escolar muitas vezes está formulado sem levar em conta a realidade dos alunos e o conhecimento torna-se fragmentado e os alunos meros repetidores do conhecimento; o convívio social faz com que fé, confiança, amor, generosidade, imitação façam com que sentimentos e juízo de valores surjam. Isto faz com que a escola apresente um contexto apático do convívio social uma vez que o aluno não percebe o sentido do que está aprendendo na sala de aula. Isso nos leva a outro fato, o tradicionalismo do ensino que persiste em grande parte na rede estadual de educação. Observa-se por parte dos professores um saudosismo seguido pela afirmação: “No meu tempo não era desse jeito, no meu tempo os alunos respeitavam os professores e os alunos eram mais educados.” Bem... o tempo destes professores que pensaram assim durante a pesquisa já passou e o que se deve observar é a nova realidade que se apresenta composta por alunos que possuem famílias desestruturadas, apresentam comportamento
  • 38. 38 irreverente, sem limites, baixa auto-estima e com pais omissos que atribuem à escola a responsabilidade de educar seus filhos. Convenha-se, naquele tempo o qual os professores mencionaram, existiam alunos com todos estes problemas citados do mesmo jeito que nos dias atuais; o que difere para a atualidade é o valor atribuído pela sociedade que reflete-se na quantidade exorbitante de faltas, desistências, e transferências. Em relação a importância da escola para a formação ética do educando, ao questionar os professores, 90% dos educadores responderam que a escola é importante porque contribui para o convívio social do aluno enquanto 10% responderam que a formação profissional e a formação de caráter constitui um grau a se considerar para a formação ética do indivíduo. Este convívio social atribui-se as relações inter-pessoais formada por professores, alunos, funcionários e a sociedade, os professores crêem que estas relações contribuirão para seu desenvolvimento como cidadãos éticos e participativos que contribuam para aceitar as diferenças entre os seus semelhantes. De acordo com CELSO ANTUNES: “A escola ao assumir um papel educativo e, portanto , ao usar a herança cultural a ser transmitida como instrumento para desenvolver competências, aguçar sensibilidade, ensinar a aprendizagem, animar inteligências, desenvolver múltiplas linguagens, capacitar para viver e assim, “transformar” o ser humano; as relações interpessoais passaram a ganhar dimensões imprescindíveis.” (Antunes, 2003,p.12). No contexto da escola atual, as relações entre professor e os alunos estreitaram-se, é preciso observar este aspecto, a escola ainda é importante para a aquisição de uma boa formação profissional e para a formação do caráter da criança, porém, o convívio social é determinante para a formação moral do indivíduo, pois suas experiências de vida definirão o homem do amanhã. O convívio escolar nem sempre é fácil, o professor encontra-se na maioria das vezes em sala de aula com média de trinta alunos com personalidades, histórico e culturas diferentes, É natural que haja conflitos entre alunos, porem o que impressiona os educadores é a freqüência que as brigas e desavenças vêem ocorrendo. De acordo com o quadro, constata-se as situações as quais os professores presenciam em sala de aula:
  • 39. 39 GRÁFICO 3 Já observaram alunos danificando patrimônio escolar na sala. Dizem que os alunos não respeitam regras na sala de aula. Já foram desrespeitados por alunos. Presenciaram xingamentos e desrespeito aos colegas. 0 20 40 60 80 100 120 Entre os entrevistados, 10% concluíram que a ausência da família e a falta de valores da mesma contribuem para a indisciplina. Por mais que impressionante que estes dados possam parecer, eles demonstram um conjunto de fatores relacionados, não somente a família, mas a própria metodologia abordada na sala de aula e a própria condição física, moral, social, psicológica e financeira do professor. No Estado encontramos professores mal pagos que trabalham dois ou três turnos para sustentar a família e com falta de tempo para o lazer ou se especializar. Portanto, os presentes dados fornecidos nesta pesquisa acusam a decadência moral, fruto do descaso em relação à escola e da má qualificação dos professores, além da ausência familiar e da própria estrutura de ensino imposta pelo Estado, que segundo KRUPPA(1994): “Possui um status de repressor que se preocupa em cobrar resultados, porém, as melhorias da educação são feitas apenas de acordo com as organizações populares fruto de muita luta.” Para que se possa construir um ser humano ético é preciso que os valores sejam demonstrados e valorizados através das instituições que regem a sociedade.
  • 40. 40 2.4.2. A VISÃO JUVENIL DA INDISCIPLINA EM SALA DE AULA O estudo da geografia é relevante e merece reflexão por parte não somente dos professores como também dos alunos, uma vez que este ensino leva o educando a compreender a sociedade em que faz parte. Quando interrogou-se sobre o que os alunos de 1ª a 4ª série gostavam nas aulas de geografia obteve-se as seguintes respostas: GRÁFICO 4 4% 11% Acham as aulas interessantes Ajudam a entender o 45% mundo Gosto de mapas, fotos, etc. Outros 40% Segundo os dados, o interesse pela geografia está na compreensão em analisar o bairro, os locais de seu convívio e a própria sociedade a qual faz parte e assim descobre-se o mundo em que vive, com isso, o conhecimento do educando torna-se amplo de significado. Sobre isso, SALETE KOZEL cita: “Caberá ao professor, em seu contato direto e constante com a classe, avaliar a convivência e introduzir certos questionamentos nesta ou naquela área.” ( 1996, p.82). Conhecer o espaço exige uma reflexão que pode ser usada pelo professor tornando mais atraente a exposição dos conteúdos da disciplina. Ainda de acordo com KOZEL: “ Ao valorizar as informações levadas para as aulas pelas crianças [...] o professor ira construir uma visão mais abrangente, incluindo diferentes formas de aprender o mundo mostrado pelas crianças.” ( 1996, p.37).
  • 41. 41 De acordo com a autora, os conhecimentos adquiridos pelos alunos é uma ferramenta a mais a ser trabalhada em sala de aula, pois através de suas experiências, podem-se trabalhar questões de seu cotidiano em relação aos problemas e possíveis soluções, moldando percepções de valores que seriam mais do que uma simples decodificação de mapas ou memorização de localizações e extensões de locais no globo terrestre. Em relação à pesquisa, constata-se que apesar dos professores citarem que usam vários recursos para desenvolver a metodologia, o que predomina durante as aulas de Geografia é a leitura e a escrita que na maioria das vezes resume-se em leitura dos assuntos no livro e atividade oral e escrita com o uso do caderno, as vezes há apresentação de cartazes. Observou-se que apesar dos alunos acharem interessantes as aulas de geografia, os professores trabalham com o mínimo de recursos possível para uma boa apresentação. Cita RUAN DALVAL: “As atividades escolares devem estar conectadas com o ambiente social.” (2001, p.114). Em suma, a educação não se resume apenas nas paredes da sala de aula, é necessário que o professor diversifique suas atividades para maior aproveitamento. Poucos alunos citaram atividades diferenciadas que eram abordadas pelos professores, entre as poucas atividades estão aula passeio e debates sobre assuntos variados. Sobre as atividades desempenhadas em sala de aula, ANTUNES cita: “ Adequando-se ao nível de compreensão, é importante que discutam em círculo de debates, estudo de casos, envolvendo virtudes e valores. Histórias contadas, vídeos assistidos, transposição para o imaginário de cenas reais [...] são importantes meios para se abrir discussões e permitir espontânea troca de pontos de vista diferentes. ( p.28 2004). Portanto, para que o aluno se expresse e construa conceitos e some valores, é preciso que se crie condições para que isto aconteça, a alternativa apontada pelo autor seria integrar a Geografia a realidade do educando para que através do estudo dos aspectos sociais de seu convívio, o mesmo troque opiniões, forme idéias e questione sobre os valores que ele tem adquirido para que haja uma atitude ética que segundo ARANHA (2000); é a conscientização do bem para com o próximo.
  • 42. 42 Em toda disciplina há assuntos que são observados com maior interesse pelos alunos, em relação à Geografia não seria diferente. Entre os assuntos mais envolventes apontados pelos alunos estão: GRÁFICO 5 4% 12% Geografia Física: clima, hidrografia, etc 36% Local de convivencia. Características de 18% outros países Brasil: População Outros: Universo, cartografia, etc. 30% Segundo a pesquisa, a Geografia possui um foco de interesse voltado para o lugar onde acontecem as transformações do espaço, por isso, características físicas do ambiente desenvolvem interesse dos alunos, assim como o estudo sobre o lugar onde a criança vive. Neste ponto, a Geografia auxilia na compreensão de seu espaço; conceitos como lugar, território e paisagem são fundamentais para serem transmitidos nas séries iniciais, assim como os aspectos éticos e morais que envolvem o uso , o tratamento e as mudanças que ocorrem nos ambientes em que o homem modifica. A geografia possui elementos com os quais o aluno se identifica. Cabe ao professor humanizar os conhecimentos, valorizar experiências e auxiliar, de forma ética, na construção do saber para que o aluno adquira consciência de que faz parte de um espaço que está sempre em transformações. Diante de todas as questões abordadas nesta pesquisa, observa-se que a sociedade, a família e a escola têm papéis importantes a desempenhar na produção de cidadãos críticos, autônomos e participativos e que conhecem seus direitos e
  • 43. 43 deveres, que possam escolher de forma ética, os caminhos da nação. Porém, presencia-se em nossa sociedade uma série de fatores negativos que dificultam para que isto aconteça. O descaso pela escola pública estadual, a omissão da família e as cobranças do Estado transforma em vítima o aluno que é o principal motivo da existência da escola. Os professores esperam encontrar em sala de aula alunos quietos, com carteiras organizadas e todos falando baixo na hora da aula, todos em silêncio, prestando atenção; mas o que se encontra são alunos gritando, brigando, brincando, apelidando, xingando; enfim, comportamentos adversos que desestimulam qualquer professor. De acordo com a análise dos alunos, constatou-se que: GRÁFICO 6 Alunos que já sofreram alguma espécie de discriminação, agressão o 46% desrespeito na escola. Alunos que nunca 54% sobreram alguma espécie de discriminação pelos colegas. Experiências como testemunhos sobre desrespeito aos colegas, racismo da sala de aula, encenações sobre agressão poderiam ser analisadas em sala de aula através de debates e discussões que introduziriam temas mais complexos de nossa sociedade, pois considera-se que a sala de aula é um reflexo do ambiente social. De acordo com KAZEL: “ É justamente a partir da soma das experiências individuais que o professor constrói sua aula.” (p.37, 1996 ). Apesar do tradicionalismo metodológico dos professores da rede estadual de educação, há educadores que desenvolvem trabalhos motivadores e são exemplos de profissionalismo para os alunos e os demais professores. São educadores que usam a criatividade ao desenvolver seus planos de curso, planos de aula, usam diversidade de recursos, avaliam a aprendizagem, não somente o aluno, e cria
  • 44. 44 oportunidades para transmitir valores através da reflexão de situações gerais e do cotidiano do aluno. Portanto, é normal que em uma sala de aula haja atritos, discussões, desrespeito aos colegas, entre outros; porém, o professor que se esforça para se atualizar, procurar fontes de informação diversas e novas estratégias de ensino, minimiza muitos destes problemas que encontra-se na realidade escolar.
  • 45. 45 CONSIDERAÇÕES FINAIS A educação para o exercício da cidadania deve ser entendida em um sentido amplo, e não como uma matéria dedicada especificamente a esse fim. Ainda que em determinados níveis educacionais (séries finais do ensino fundamental e ensino médio) sua presença seja assegurada, se houver um tempo e um espaço para isso. A educação para o exercício da cidadania não pode restringir-se à aprendizagem de determinados valores, comportamentos ou atitudes, visto que o cidadão necessita de todo o conjunto de saberes e competências que lhe permitem uma participação ativa na vida pública, sem os quais poderá ser excluído ou ter sua cidadania negada, o que também compreende, sem dúvida, os comportamentos e as atitudes próprios de uma cidadania ativa. Para revitalizar a escola e o ensino não é somente ensinar valores é também oferecer condições para que isto aconteça; é estruturar a escola e a sala de aula para mediante processos de aquisição de conhecimento ( debate, diálogo, tomada de decisão colegiadas) haja o incentivo para que existam escolhas democráticas e responsáveis. Isso exige uma ação conjunta de todos os funcionários da escola, principalmente através dos professores. A família deve incentivar e cobrar melhorias para que haja uma educação de qualidade para seus filhos, além do acompanhamento das demais atividades escolares. Portanto, educar para o exercício ativo da cidadania não diz respeito apenas aos educadores e professores, porque uma cidadania educada é uma meta de todos os agentes e instâncias sociais. Assumir isoladamente a tarefa educativa, dada a inexistência de vínculos entre família, escola e meios de comunicação, é uma fonte de tensões, de mal-estar docente e de novos desafios. Constatou-se nesta pesquisa que as escolas da rede estadual de educação de Teresina necessitam de maiores investimentos, maior ênfase na capacitação para os professores, acompanhamento da família e maior organização por parte do corpo docente em relação a iniciativas inovadoras quanto ao currículo e normas estabelecidas na escola, além do consenso entre todos os funcionários da escola para que todos desenvolvam um trabalho igualitário e com o mesmo discurso.
  • 46. 46 Observa-se o tradicionalismo em relação a metodologia abordada em sala de aula, principalmente nas aulas de Geografia que ainda é vista como uma matéria decoreba e de fácil aquisição e não como uma ciência dinâmica, complexa e que tem um objeto de estudo centralizado na sociedade e nas relações do ser humano com o meio ambiente. A ética reflete-se nas escolhas positivas que o ser humano faz e como elas afetam os demais componentes que constituem o meio em que vive. Por isso, os valores devem ser estimulados para formação do cidadão na sociedade; valores como a prática da justiça, a honestidade, a solidariedade, o diálogo, o respeito as diferenças, a união e a paz devem fazer parte constantemente do vocabulário dos professores e alunos. Em relação a isto, a Geografia é um auxílio que provoca a reflexão e nos ajuda a compreender a sociedade em relação a sua influência na vida do ser humano e como o cidadão pode modificá-la. Que poderosa ferramenta os professores tem em suas mãos! Esta pesquisa sugere para que haja maior integração entre a família e a escola a diversidade de eventos como palestras, feiras de ciências, etc, investimentos na capacitação e atualização dos professores, além de aumento de salários, integração entre professores e demais funcionários das escolas e currículo escolar que observe os desejos e a realidade do aluno. Portanto, com iniciativas simples minimizaria os problemas existentes na escola. O ser moral não se constrói, ele surge através de suas experiências e anseios, cabe ao professor ser o mediador do conhecimento e ele próprio ser ético neste importante ofício que foi confiado em suas mãos que é a educação das pessoas que irão reger esta nação.
  • 47. 47 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTUNES, Celso . Relações Interpessoais e auto-estima : A sala de aula como espaço de crescimento integral. Petrópolis, RJ: Vozes, 2.003. ARANHA, Maria Lúcia de Arruda Aranha, [ Ed tal ]. Temas de Filosofia. Moderna. Manual do Professor. CASTROGEOVANNI, Antonio Carlos. [ et al ] Geografia em Sala de Aula: Práticas e Reflexões. Porto Alegre, UFRGS, 2.003. CAVALCANTI, Lana de Souza. Geografia e Prática de Pesquisa. Goiania, Alternativa, 2.002. CORTINA, Adela/ Emílio Martinez. Ética, Sãpo Paulo, Loyola,2005. GONSALVES, Hortência de Abreu. Manual de Monografia Dissertação e Tese. São Paulo. Àvercamp, 2004. KANT, Emmanuel, Crítica da Razão Prática, São Paulo, Martin Claret, 2004. MARX, Karl/ Angel, A Ideologia Alemã: Feuerbach- A Contraposição entre as Cosmovisões Materialistas e Idealistas. São Paulo, Martin Claret, 2004. KRUPPA, Sonia M. Portella, Sociologia da Educação, São Paulo, Cortez, 1994. KOZEL, Salete/ Roberto Filizola, Didática de Geografia: Memória da Terra: O espaço Vivido, Conteúdo Metodológico, São Paulo, 2002. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO: SECRETARIA DE EDUCAÇÃO. Parâmetros Curriculares Nacionais: Apresentação dos Temas Transversais/Ética. Brasília, 2001. MORIM, Edgar. Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. São Paulo, UNESCO, 2.003.
  • 48. 48 SECRETARIA DE EDUCAÇÃO; Programa Ética e Cidadania: Construindo Valores na Escola e na Sociedade, Modulo 1, Brasília, 2007. SILVA, Réia Silva Rios Magalhães e. A Monografia na Prática do Graduando: Como Elaborar um Trabalho de Conclusão de curso-TCC. Teresina, CEUT., 2002. SUNG, Jung Mo/ Josué Candido da Silva. Conversando Sobre Ética. Petrópolis RJ, Vozes. 1995. VALLS, Álvaro L. M. O que é ética. São Paulo, Brasiliense, 2004.