1. O Tempo não se gere
por Ricardo Vargas*
Artigo publicado na Revista Executive Digest, n.º10, Janeiro de 2007
Acredita na gestão do tempo? Se sim, está na hora de mudar de ideias...
O Tempo é uma dimensão na qual nos inserimos e existimos. É o Tempo que nos permite
entender fenómenos como: o envelhecimento, o movimento, a permanência física dos objectos,
as emoções, o desenvolvimento, a mudança, e dar um significado ao que nos acontece. Sem
referência ao tempo não conseguimos comunicar. Quando falamos, fazemo-lo em tempos
verbais. Como saber se um dado acontecimento já ocorreu, está a ocorrer ou é apenas uma
expectativa, sem referência ao Tempo?
O Tempo estrutura a nossa identidade.
Quando dizemos “eu sou...” apontamos
geralmente para um passado onde
concretizámos um conjunto de acções: um
curso superior, um projecto bem sucedido,
uma realização pessoal. Quando dizemos
“eu quero ser...” falamos de um conjunto de
expectativas para o nosso futuro.
O Tempo já existia antes de nós, e
continuará a existir depois. Sem que as
nossas acções nele interfiram.
está? O que é que contribui para sermos
cada vez mais nós mesmos, da forma que
desejamos? O que é que nos afasta disso? Só
com uma clareza de metas e objectivos de
vida conseguimos tomar decisões adequadas
e ser mais produtivos. A segunda é fazer
bem essas coisas, da forma mais eficaz e
eficiente possível, sem desperdício de
qualquer recurso. A terceira é fazê-lo as
vezes suficientes, dedicando-lhes o tempo
necessário para que produzam os resultados
desejados.
O Tempo não pode ser gerido simplesmente
porque nos transcende. O que pode ser
gerido é o conjunto de actividades que
fazemos no tempo de que dispomos. Aquilo
que chamamos gerir o tempo deve ser
entendido como dar à vida uma forma por
nós decidida, em vez de aceitar a forma que
o acaso decide para ela. E para dar à vida
essa forma, há três coisas que podemos
fazer.
A maioria das vezes, as abordagens à
produtividade individual falham porque
consideram apenas a vertente profissional do
indivíduo. Tornam-se assim num mero
conjunto de técnicas de planeamento e
gestão de tarefas, sem significado no global
da vida da pessoa. Não admira portanto que
não funcionem. Não são percebidas como
importantes para quem as aplica.
A primeira é decidir quais são as coisas
certas. O que é que está no caminho dos
nossos objectivos de vida e o que é que não
Outra das razões de falha é considerar que as
pessoas
tomam
decisões
puramente
racionais, baseadas em factos e técnicas.
Como se a produtividade fosse apenas uma