Macunaíma é o protagonista preguiçoso da obra que vive em uma tribo amazônica e parte em busca de aventuras com seus irmãos. Após muitas aventuras pelo Brasil tentando recuperar sua pedra mágica Muiraquitã, que foi roubada, Macunaíma finalmente a resgata, mas acaba sendo novamente despojado dela e transformado na constelação da Ursa Maior. A obra retrata aspectos do folclore e da cultura brasileira e busca definir a identidade nacional em meio ao
2. Resumo
Macunaíma nasce e já manifesta sua principal característica: a preguiça. O herói vive
às margens do mítico rio Uraricoera com sua mãe e seus irmãos, Maanape e Jiguê,
numa tribo amazônica. Após a morte da mãe, os três irmãos partem em busca de
aventuras. Macunaíma encontra Ci, Mãe do Mato, rainha das Icamiabas. Depois de
dominá-la, com a ajuda dos irmãos, faz dela sua mulher, tonando-se assim imperador
do Mato Virgem. O herói tem um filho com Ci e esse morre, ela morre também e é
transformada em estrela. Antes de morrer dá a Macunaíma um amuleto, a muiraquitã
(pedra verde em forma de sáurio), que ele perde e que vai parar nas mãos do mascate
peruano Venceslau Pietro Pietra, o gigante Piaimã, comedor de gente. Como o gigante
mora em São Paulo, Macunaíma e seus irmãos vão para lá, na tentativa de recuperar a
muiraquitã.
Após falhar com o plano de se vestir de francesa para seduzir o gigante e recuperar a
pedra, Macunaíma foge para o Rio de janeiro. Lá encontra Vei, a deusa sol, e promete
casamento a uma de suas filhas, mas namora uma portuguesa e enfurece a deusa.
Depois de muitas aventuras por todo o Brasil na tentativa de reaver a sua pedra, o
herói a resgata e regressa para a sua tribo.
Ao fim da narrativa, vem a vingança de Vei: ela manda um forte calor, que estimula a
sensualidade do herói e o lança nos braços de uma uiara traiçoeira, que o mutila e faz
com que ele perca de novo – dessa vez irremediavelmente – a muiraquitã. Cansado de
tudo, Macunaíma vai para o céu transformado na Constelação da Ursa Maior.
3. Retrato do povo brasileiro
Há inúmeras referências ao folclore brasileiro. A narrativa se aproxima da
oralidade – no capítulo “Cartas pras Icamiabas”, Macunaíma ironiza o povo de
São Paulo, que fala em uma língua e escreve em outra. Além disso, não existe
verossimilhança realista.
Alguns aspectos históricos motivaram o autor a criar tais “empecilhos”. A
referência ao folclore brasileiro e à linguagem oral é manifestação típica da
primeira fase modernista, quando os escritores estavam preocupados em
descobrir a identidade do país e do brasileiro. No plano formal, essa busca se
dá pela linguagem falada no Brasil, ignorando, ou melhor, desafiando o
português lusitano. No plano temático, a utilização do folclore servia como
matéria-prima dessa busca.
4. "Macunaíma" é, portanto, uma tentativa de construção do retrato do povo
brasileiro. Essa tentativa não era nova. O autor romântico José de Alencar,
por exemplo, tivera a mesma intenção ao criar, no romance O Guarani, o
personagem Peri, índio de aspirações nobres, que se assemelhava, em relação
a sua conduta ética, a um cavaleiro medieval lusitano. Não é exagero dizer,
se compararmos Peri a Macunaíma, que esse é o oposto daquele. Enquanto o
primeiro é valente, extremamente perseverante e encontra suas motivações
nos valores da ética e da moral, Macunaíma, além de indolente, conduz a
maioria de seus atos movido pelo prazer terreno, mundano. É “o herói sem
nenhum caráter”.
Assim, "Macunaíma" é uma obra que busca sintetizar o caráter brasileiro,
segundo as convicções da primeira fase modernista. Uma leitura possível é a
de que o povo brasileiro não tem um caráter definido e o Brasil é um país
grande como o corpo de Macunaíma, mas imaturo, característica que é
simbolizada pela cabeça pequena do herói.
5. Narrador, tempo e espaço
A crítica literária contemporânea faz questão de considerar a diferença entre
o autor e o narrador: esse é tido como uma criação daquele. No caso de
"Macunaíma", no entanto, essa distinção pode ser questionada, quando o
narrador aparece no último capítulo. No “Epílogo”, o narrador revela que a
história que acabara de narrar havia sido contada por um papagaio, que, por
sua vez, a tinha ouvido de Macunaíma: “Tudo ele – o papagaio – contou pro
homem e depois abriu asa rumo a Lisboa. E o homem sou eu, minha gente, e
eu fiquei pra vos contar a história”. Essa interferência do narrador, da forma
como foi feita, aproxima-o do autor, no caso Mário de Andrade.
Por tratar-se de uma narrativa mítica, o tempo e o espaço da obra não estão
precisamente definidos, tendo como base a realidade. Pode-se dizer apenas
que o espaço é prioritariamente o espaço geográfico brasileiro, com algumas
referências ao exterior, enquanto o tempo cronológico da narrativa se mostra
indefinido.
6. Personagens
Macunaíma: é o protagonista do livro, "o herói sem nenhum caráter" e preguiçoso. Vive numa
tribo na Amazônia e assume diversas faces. Ao mergulhar num poço encantado se transforma
em um homem branco, loiro e de olhos azuis.
Maanape: um dos irmãos de Macunaíma. Simboliza a figura do negro.
Jiguê: um dos irmãos de Macunaíma. Simboliza a figura do índio.
Sofará: mulher de Jiguê. Era bem moça, apanhava de Jiguê por ficar “brincando” na mata
com Macunaíma enquanto devia trabalhar.
Iriqui: nova mulher de Jiguê. Era linda, mas também foi deixada por Jiguê quando este
descobriu que ela também “brincava” com Macunaíma.
Ci: é a responsável pela peregrinação de Macunaíma, já que foi ela quem lhe deu a pedra
Muiraquitã. Ela foi o verdadeiro amor de Macunaíma.
Capei: uma grande cobra que Macunaíma teve que enfrentar.
Piaimã: é o gigante que roubou a muiraquitã de Macunaíma. Torna-se a principal oposição do
herói e motivo pelo qual ele parte em sua jornada para São Paulo. No final, o herói mata
Piaimã e toma de volta a pedra.
Vei: é a representação do sol, apesar de ser mulher. Tem duas filhas e quer que Macunaíma se
case com uma delas. Porém Macunaíma não fica com nenhuma de suas filhas
Ceiuci: mulher do gigante. Era gulosa e já tentou devorar Macunaíma
7. Análise da obra
A obra tem um aspecto nacionalista, mas aponta também para os “defeitos” do país.
Consegue seguir a tendência literária mundial, mas imprime um tom nacional e
originário. Com isso, “Macunaíma” torna-se a melhor representação das propostas do
Movimento da Antropofagia (1928), iniciado por Oswald de Andrade, que buscava
equiparar a cultura brasileira às outras culturas de prestígio. O Movimento Antropofágico
tinha como pretensão aproveitar as qualidades de outras culturas, mas transformá-las em
algo verdadeiramente nacional, por isso a metáfora de “comer” ou “devorar” o que vem
de fora.
A descentralização da cultura é um dos objetivos do Modernismo e pode ser percebida na
obra de Andrade. O autor cumpre com tal corrente ao tratar do nacionalismo em torno
do verde-amarelismo, buscando os motivos indígenas, folclóricos, nativos e americanos,
contra a inspiração nos temas europeus. Macunaíma também apresenta a
“descentralização da cultura” na língua, ilustrando "o vocabulário regional de todos os
pontos do Brasil" com suas frases feitas e provérbios de propriedade coletiva. Um dos
principais valores do livro é exatamente essa mistura linguística.
8. Período histórico e dados do autor
O livro faz parte da primeira fase modernista. A influência das vanguardas
europeias é visível em várias técnicas inovadoras de linguagem que a obra
apresenta. Lançado em 1928 Macunaíma foi um dos romances mais
importantes do modernismo brasileiro.
Mário de Andrade foi a figura central do movimento de vanguarda de São
Paulo e figura-chave do movimento modernista que culminou na Semana de
Arte Moderna de 1922. O escritor foi um dos integrantes do “Grupo dos
Cinco”, que deu início ao modernismo no Brasil, formado também por Oswald
de Andrade, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral e Menotti Del Picchia.
9. Alunos – 3º ano C
Ansley Roberto
Leonardo Gabriel
Matheus Henrique
Renata Mesquita
Milena Gonçalves