1. O documento discute a organização da ação didática no ciclo de alfabetização, abordando temas como a avaliação, os registros de aprendizagem e a organização escolar em ciclos.
2. Inclui também uma contextualização histórica da alfabetização no Brasil e conceitos como ciclo, série e progressão automática.
3. Defende a adoção do regime ciclado e discute diferentes tipos de avaliação e progressão das aprendizagens.
3. Temáticas do Caderno 08
• Texto 01- Discute a organização do trabalho
pedagógico em ciclos.
• Texto 02 – Discute a avaliação e os
processos de registro das aprendizagens.
• Relatos de experiência.
• Sugestão de roteiro para avaliação do curso.
4. A transformação das
práticas avaliativas
• Transformar as práticas avaliativas se constitui como
desafio pedagógico, quando se busca produzir a
integração e valorização dos saberes (conhecimentos e
práticas) ao fazer educativo (Caderno Campo, 2012).
• Freitas (2002) afirma que este desafio se associa ao
fato de que o desenvolvimento da forma escola ocorreu
distanciando-se da vida, artificializando os
processos de aprendizagem e acelerando os tempos de
preparação.
5. Avaliação nos Modelos
Tradicionais de Escola
• Nos modelos escolares mais difundidos predominou, e
em alguns contextos ainda predomina, um ensino
baseado na repetição e memorização mecânica de
conteúdos, o que caracteriza a escola como instituição
apartada da prática social dos sujeitos (Caderno
Campo, 2012).
• O caráter punitivo e classificatório da avaliação tem
reforçado uma lógica hierárquica, em que as crianças
são divididas entre as que sabem e as que não sabem,
criando e aprofundando desigualdades entre elas
(Caderno Campo, 2012).
6. Currículo na Escola
• O currículo não pode ser compreendido como
um agregado de conteúdos.
• “[...] o currículo deve dar voz às culturas que
foram sistematicamente excluídas pela escola,
como a cultura indígena, a cultura negra, a
cultura infanto-juvenil, a cultura rural, a cultura
da classe trabalhadora e todas as manifestações
das chamadas culturas negadas” (SANTOS e
PARAÍSO, 1996, p.38-39).
7. BREVE
CONTEXTUALIZAÇÃO:
• 1890 – instalação do sistema seriado no Brasil.
• 1970 – ampliação do acesso das camadas populares à escola
pública.
- Principais problemas da alfabetização:
• - Pouco tempo (1 ANO) para alfabetizar e uma concepção
mecanicizada da leitura e da escrita.
• - Fracasso escolar – vinculado a questões de natureza individual
ou social, era responsabilidade dos alunos.
• - Solução: implantação do CBA - o Ciclo Básico de
Alfabetização, ampliando o período de alfabetização para dois
anos (Caderno Ano 03, 2012)
8. Conceito de Ciclo e Série
- CICLO: do grego kyklos e do latim cyclu, série de
fenômenos que se sucedem numa ordem determinada;
algo equivalente a “círculo”. Sentido de
circularidade.
- SÉRIE: do latim serie, podendo significar: ordem de
fatos ou coisas ligados por uma relação. Sucessão;
sequência ininterrupta; classe; categoria; subdivisões
de uma classificação. Ideia de algo retilíneo.
(MAINARDES, 2007).
9. Progressão Automática
-
Atualmente há um diversidade de conceitos.
- O regime de Progressão Automática distingue-se dos Ciclos de
Formação e Aprendizagem e Ciclos de Progressão Continuada; pois:
-
Caracteriza-se, geralmente, pela ausência de avaliação, estimulando que
a criança avance sem se preocupar com monitoramentos do processo.
-
Ausência de ações efetivas de recuperação para alunos de baixo
rendimento e não possibilidade de retenção. O objetivo é apenas de
racionalizar o fluxo de alunos e reduzir as taxas de reprovação
(Caderno 03, 2012)
10. ARGUMENTAÇÃO PARA
ADOÇÃO DO REGIME CICLADO:
•
1 – Adoção de uma estrutura curricular que favorece a interdisciplinaridade,
a continuidade e a participação, respeitando os ritmos e tempos de
aprendizagem;
•
2 - Negação da lógica excludente e competitiva das séries e adoção de uma
lógica inclusiva e solidária;
•
3 – Adoção de uma perspectiva multicultural, com respeito à diversidade de
saberes, práticas e valores;
•
4 – Rejeição à homogeneização e valorização da heterogeneidade e da
diversidade (Ferreira e Leal, 2006)
•
11. Condições para Mudança no
Currículo
• Para que a inserção efetiva das culturas e valores dos povos do
campo se realize, além da seleção crítica de conteúdos, é preciso
superar o currículo tradicional, em que o único espaço de
aprendizagem é a sala de aula, a única fonte de estudo são os
livros didáticos, o único sujeito que ensina é o professor.
• Nesse modelo tradicional, os processos avaliativos priorizam
resultados (individuais) e não valorizam os processos (coletivos e
individuais) pelos quais as crianças vivenciam e constroem novos
conhecimentos (Caderno Campo, 2012).
12. Organização escolar em
ciclo
“Sou a favor da organização do sistema escolar em
ciclos, mas não como eles se apresentam hoje. De
qualquer maneira, isso não é motivo para retornar à
seriação. O exemplo de alguns estados desmoraliza a
ideia central, que é evitar a reprovação inútil provocada
por falha da escola, não do aluno. Na verdade, a ciclagem
não” (Professor Mario Sérgio Cortella, Revista Nova,
2002).
13. Progressão da escolarização
e das aprendizagens
•Não se pode, em nome de um regime ciclado, naturalizar a
progressão dos estudantes que não aprenderam. Não se pode,
também, recorrer à reprovação, para estabelecer “certa
homogeneidade” nas salas de aula à custa da exclusão das crianças
(Caderno Ano 01, 2012)
•A progressão formal da escolarização deve ocorrer com a garantia
da progressão de aprendizagens, ao mesmo tempo em que avancem
nos processos formativos, estreitando seus vínculos culturais, sociais
e políticos à comunidade de que fazem parte (Caderno Campo, 2012)
16. A avaliação da
aprendizagem
• Schnewuly e Dolz (2004) defendem que a primeira etapa
para se planejar uma sequência didática é avaliar o que as
crianças já são capazes de fazer de modo autônomo.
• Os autores alertam que, para termos clareza sobre o que os
estudantes já sabem sobre objeto de ensino, é preciso
garantir condições de avaliação que favoreçam a
mobilização dos conhecimentos já adquiridos pelas
crianças, dentro e fora da escola (Caderno do Campo,
2012)
17. O registro na e da prática
docente
-
É imprescindível o registro da e na prática docente, para que o professor
tenha cada vez mais autonomia, resgatando e dando novos significados às
ações do processo de ensinar e de aprender. O registro ocorrer por meio de:
planejamentos; portfólios; diários de classe; caderno de registro de
conquistas das crianças e de ações a serem desenvolvidas para resolver
problemas.
•
O ato de escrever materializa o pensamento, torna-o concreto, permitindo
que, por meio dele, o autor possa voltar ao passado, ao mesmo tempo em que
constrói o presente (Weffort, 1996)
•
O registro da reflexão e sua socialização são “fundadores da consciência” e,
assim sendo, são também instrumentos para a construção de conhecimento.
.
(Freire, 1996)
•
20. Situações Negativas de
Avaliação
• Situações desfavoráveis de avaliação servem apenas
para cristalizar representações inadequadas das
capacidades das crianças.
• Um exemplo de situação negativa é o ditado de
palavras, posto que as crianças mais rápidas terminam a
tarefa e solicitam o ditado de novas palavras, e isto pode
levar algumas crianças a registrarem qualquer letra,
apenas para também concluírem logo a tarefa.
21. O portfólio como
estratégia de avaliação
• Além de documentar o desenvolvimento das crianças em diferentes
aspectos e períodos do ano, o portfólio pode ser instrumento de
autoavaliação dos alunos.
• Ferraz aponta que este instrumento possibilita a participação dos pais
ao longo da prática educativa, através do qual estes poderão não
apenas acompanhar o desenvolvimento dos filhos em diferentes
aspectos, mas também avaliar o ensino e apontar sugestões sobre o
mesmo.
• A relevância não está no portfolio em si, mas no que o estudante
aprendeu ao construí-lo. Não basta selecionar, ordenar evidências de
aprendizagens e colocá-las num formato para serem apresentadas, mas
refletir sobre o que foi aprendido e sobre as estratégias usadas para
aprender
22. Pareceres de avaliação dos
estudantes
• Os pareceres são registros da vida escolar das crianças, nos
quais apresentamos o nível de leitura, escrita, oralidade e
encaminhamentos para que, no ano posterior, haja uma
continuidade do trabalho já iniciado, no qual se oportunize às
crianças novas possibilidades de construir as competências
instituídas.
• Na passagem de um ano letivo para o outro, os pareceres sobre
os estudantes também podem ajudar bastante, mas é importante
não focalizar os aspectos negativos e destacar os avanços das
crianças. Os registros de final de ano precisam ser retomados
pelos professores no início do ano seguinte, para que sejam
planejadas ações.