1) O capítulo discute a inteligência coletiva e como ela é constituída pelas linguagens, técnicas e instituições compartilhadas entre as pessoas.
2) As sociedades humanas podem ser consideradas inteligentes porque funcionam como um mega-sistema psíquico distribuído entre os indivíduos.
3) Diferentemente das sociedades de insetos, os humanos podem aprender e evoluir as ferramentas cognitivas coletivas, e os indivíduos contribuem de forma criativa para a inteligência do grupo.
1. Trabalho de Comunicação na Web
Livro: O que é virtual? (Pierre Lévy)
Capítulo 7: A virtualização da inteligência
e a construção do sujeito
Capítulo 8: A virtualização da inteligência
e a construção do objeto
Grupo:
Ana Flávia Ribeiro
Cinthia Borges
Edenilton Santos
Lana Oliveira
Mirella Abreu
Patrícia Oliveira
Paulo Eduardo Roriz
Weena Pötter
2. Capítulo 7
A Virtualização da Inteligência e a
Constituição do Sujeito
Os seres humanos jamais pensam sozinhos ou
sem ferramentas. As instituições, as línguas, os
sistemas de signos, as técnicas de
comunicação, de representação de registro
informam profundamente nossas atividades
cognitivas.
A inteligência coletiva é uma inteligência
distribuída em toda parte, continuamente
valorizada e sinergizada em tempo real.
O objeto chave da inteligência
coletiva, suporte por excelência da
virtualidade, opõe-se à coisa “real” como a seu
3. Capítulo 7 A Inteligência Coletiva na Inteligência
Pessoal: Linguagens, Técnicas, Instituições
“Inteligência” = aptidões cognitivas a
saber, capacidade de perceber, de lembrar, de
aprender, de imaginar e de raciocinar.
Conhecimentos, valores e ferramentas
transmitidos pela cultura constituem o contexto
nutritivo, o caldo intelectual e moral a partir do
qual os pensamentos individuais se
desenvolvem, tecem suas pequenas variações e
produzem às vezes inovações importantes.
É impossível exercermos nossa inteligência
independente da línguas, linguagens e sistemas de
signos que herdamos através da cultura e que
milhares ou milhões de outras pessoas utilizam
conosco.
4. Capítulo 7 A Inteligência Coletiva na Inteligência
Pessoal: Linguagens, Técnicas, Instituições
As instituições sócias, leis, regras e
costumes que regem nossos
relacionamentos, influem de modo
determinante sobre o curso de nossos
pensamentos.
A dimensão social da inteligência está
intimamente ligada às linguagens, às técnicas
e às instituições, notoriamente diferentes
conforme os lugares e as épocas.
5. Capítulo 7
Economias Cognitivas
O coletivo humano é o palco de uma economia
cognitiva, por exemplo. A economia cognitiva está
ligada também as representações e as interações
entre as pessoas através de meios tecnológicos. Essa
ligação dá direito a todos de se comunicarem,
porém os assuntos não possuem a mesma atenção,
como no gatekeeper, por exemplo.
6. Capítulo 7
Máquinas Darwinianas
O cérebro está em constante
aprendizado, logo segundo a teoria darwiniana, ele
é o modelo de evolução biológica e aprendizagem
individual. Porém a informação que é captada por
ele é absorvida de alguma forma e pode ser
desenvolvida. Portanto o individuo pode fazer
parte do meio sendo a favor, como a maioria, como
a máquina darwiniana que os de maior interesse
esperam, ou ele pode ser contra o meio.
7. Capítulo 7
As Quatro Dimensões da Afetividade
Embora o fato de ser um sistema darwiniano
seja uma condição necessária para ser um
espírito, não é, em nossa opinião, uma condição
suficiente.
É a intencionalidade ou no fato de se referir
a entidades exteriores ao espírito que estará o
problema, como nos debates a favor ou contra a
inteligência dos computadores? Não, pois as máquinas
darwinianas de modo algum funcionam em circuito
fechado, são por definição acopladas a um ambiente.
Sua natureza é traduzir o outro em si ou aplicar em
sua própria organização a história de suas relações
com seu ambiente.
A experiência subjetiva, a dimensão da
interioridade da sensação e a afetividade.
8. Capítulo 7
As Quatro Dimensões da Afetividade
Distinção entre afetividade e a consciência. À
afetividade, pode ser
confusa, inconsciente, múltipla, heterogênea, ela
constitui uma dimensão necessária do psiquismo e
talvez até sua essência. Sem afetividade, o sistema
considerado retorna à instabilidade, à dispersão
ontológica do simples mecanismo. Já a consciência é o
produto da seleção da linearização e da manifestação
parcial de uma afetividade à qual ela necessita tudo.
Um psiquismo integral, portanto capaz de
afeto, pode ser analisado segundo quatro dimensões
complementares:
1 - Uma tipologia;
2 - Uma semiótica;
3 - Uma axiologia;
4 - Uma energética.
9. Capítulo 7
As Quatro Dimensões da Afetividade
O funcionamento psíquico é paralelo e
distribuído em vez de sequencial e linear.
Um afeto ou uma emoção pode de ser
definidos como um processo ou um acontecimento
psíquico. Um afeto é a modificação do espírito, sendo
um diferencial de vida psíquica.
É compatível com a abordagem darwiniana,
uma vez que as configurações do espaço psíquico
abstrato dessas quatro dimensões são sempre
modificadas por contribuições “exteriores”e
redistribuídas pelas dinâmicas do próprio meio
psíquico.
O psiquismo constitui uma interioridade.
Os signos e as mensagens circulam e povoam
o espaço, assim ambos remetem à atualização da
conectividade.
10. Capítulo 7
As Quatro Dimensões da Afetividade
Os valores determinam entre si e formam sistemas.
A energia que irriga o espirito não abandona um lugar
senão para ocupar outro.
A unidade do psiquismo é a de uma multiplicidade
fervilhante e sua interioridade “afetiva” não é em
absoluto um fechamento. Os psiquismos também são
máquinas darwinianas.
O modelo do psiquismo pode se aplicar a um texto, um
filme, uma mensagem ou uma obra qualquer. No caso de
uma mensagem complexa, temos:
→ Uma coleção de signos ou de componentes da
mensagem.
→ Conexão, remissão, ecos, entre as partes da
mensagem.
→ Uma distribuição de valores positivos ou negativos
sobre elementos, zona de ligação, bem como um valor
que emerge do conjunto.
11. Capítulo 7
As Quatro Dimensões da Afetividade
→ Em fim, uma energia diferentemente investida
em certas ligações, em certos valores: “linhas de
força”.
A mensagem é ela mesma um agente afetivo para o
espírito de quem a interpreta.
O espírito jamais pode apreender algo que não se
transforme.
O mundo humano é um campo problemático, uma
configuração dinâmica, um imenso hipertexto em
contaste transformação, atravessado de
tensões, cinzento e pouco investido em certas
zonas, intensamente investido e luxuosamente
detalhando em outras.
12. Capítulo 7
As Quatro Dimensões da Afetividade
O universo físico é um caso particular do mundo
subjetivo que o cerca, o impregna e o sustenta. O
sujeito não é outra coisa se não seu mundo.
O sujeito é um mundo banhado de sentimentos e
emoções.
A imagem que acabamos de traçar da inteligência
viva ou do psiquismo é a do virtual.
Como se atualiza esse virtual? Através dos afetos.
Sendo assim os afetos designam os atos psíquicos. A
qualidade do afeto depende do meio mental que lhe
dá sentido e que ele contribui para determinar.
Também depende do meio ambiente, ou seja, do meio
exterior que não interrompe o oferecimento de novos
objetos.
13. Capítulo 7
Sociedades Pensantes
Compreende-se melhor, agora, por que a
inteligência é atravessada de uma dimensão coletiva: é
porque não são apenas as linguagens, os artefatos e as
instituições sociais que pensam dentro de nós, mas o
conjunto do mundo humano, com suas linhas de
desejo, suas polaridades afetivas, suas máquinas
mentais híbridas, suas paisagens de sentido forradas
de imagens.
Agir sobre o meio mesmo de um modo que se
poderia pretender puramente técnico, material ou
físico, equivale a construir o mundo comum que pensa
diferente dentro de cada um de nós, equivale a
secretar indiretamente qualidade subjetiva e trabalhar
no afeto.
14. Capítulo 7
Sociedades Pensantes
Compreendemos assim por que coletivos
humanos podem ser ditos inteligentes. Porque o
psiquismo é, por definição, coletivo: trata-se de uma
multidão de signos-agentes em interação, carregados
de valores, investidos com sua energia redes móveis e
paisagens mutáveis.
Os coletivos humanos são espécies de
megapsiquismo, não apenas por serem percebidos e
efetivamente acomodar-se por pessoas, mas porque
podem ser adequadamente modelados pro uma
topologia, uma semiótica, uma axiologia e uma
energética mutuamente imanente.
“Um imenso jogo afetivo produz a vida social”.
(Pág. 109)
15. Capítulo 7
Sociedades Pensantes
Um papel de seleção e de apresentação
sequencial desempenhado pela consciência nas pessoas
é cumprido de um jeito e de outro nas coletividades
por estruturas políticas, religiosas ou midiáticas que
habitam em troca os sujeitos individuais.
A inteligência é factual, se reproduzindo de
maneira comparável em diferentes escalas de
grandeza: macro sociedades, psiquismo
transindividuais de pequenos
grupos, indivíduos, módulos infra
individuais, agenciamentos transversais entre módulos
infra individuais de pessoas diferentes.
16. Capítulo 7
Sociedades Pensantes
Cada nó ou zona do hipercórtex coletivo
contém por sua vez um psiquismo vivo, uma espécie
de hipertexto dinâmico atravessado de tensões e de
energias tingidas de qualidades afetivas, animadas de
tropismo, agitadas de conflitos.
Há uma qualidade difundida em diversos
graus em todos os tipos de espíritos, mas que as
sociedades humanas. Exemplos: a de refletir o todo do
espírito coletivo, cada vez diferentemente, em cada
uma de suas partes. Os sistemas inteligentes são
“holográficos” e os grupos humanos são os mais
holográficos dos sistemas inteligentes.
17. Capítulo 7
Coletivos Humanos e
Sociedade de Insetos
A primeira diferença entre a inteligência
coletiva e a sociedade de insetos, é que a primeira
pensa dentro de nós, ao passo que a formiga é uma
parte quase opaca, um elo inconsciente do
formigueiro inteligente.
Podemos usufruir inteligentemente da
inteligência coletiva, que aumenta e modifica nossa
própria inteligência. Contemos ou refletimos
parcialmente, cada um à sua maneira, a inteligência
do grupo.
Já a formiga tem uma pequeníssima visão
da inteligência social, não obtendo dela um acréscimo
mental. Ela é apenas obediente beneficiária, participa
somente às cegas dessa inteligência.
18. Capítulo 7
Coletivos Humanos e
Sociedade de Insetos
Uma mulher ou um homem é capaz de
aprender, imaginar, de inventar e de fazer evoluir as
linguagens, as técnicas, as relações sociais que
vigoram em seu ambiente, o que uma formiga –
estritamente submetida em uma programação
genética – dificilmente é capaz de fazer.
Entre os insetos, somente a sociedade pode
resolver problemas originais. Já entre os humanos, os
indivíduos são em geral mais inventivos que certos
grupos, tais como as multidões ou as burocracias
rígidas.
O estatuto do indivíduo num e noutro tipo
de sociedade cristaliza e resume o conjunto das
diferenças que os opõem.
19. Capítulo 7
Coletivos Humanos e
Sociedade de Insetos
Os indivíduos humanos contribuem para a
vida da inteligência coletiva que os ilumina em
troca, ao passo que a formiga obedece cegamente ao
papel que lhe dita sua casta no seio de um vasto
mecanismo inconsciente que a ultrapassa
absolutamente.
O progresso humano rumo à constituição de
novas formas de inteligência coletiva se opõe
radicalmente ao pólo do formigueiro.
Esse progresso deve aprofundar a abertura
da consciência individual ao funcionamento da
inteligência social e melhorar a integração e a
valorização das singularidades criadoras que os
indivíduos formam nos processos cognitivos e afetivos
da inteligência coletiva.
20. Capítulo 7
A Objetivação do Contexto Partilhado
As tecnologias intelectuais e os dispositivos
de comunicação conhecem neste fim do século XX
mutações massivas e radicais
Como um dos principais efeitos da
transformação em curso, aparece um novo dispositivo
de comunicação no seio de coletividades
desterritorializadas muito vastas que chamaremos
“comunicação todos-todos”.
Com efeito, o ciberespaço em via de
constituição autoriza uma comunicação não mediática
em grande escala que representa um avanço decisivo
rumo a formas novas e mais evoluídas de inteligência
coletiva.
Os meios de comunicação clássicos
instauram uma separação nítida entre centros
emissores e receptores passivos isolados uns dos outros.
21. Capítulo 7
A Objetivação do Contexto Partilhado
O telefone autoriza uma comunicação
recíproca, mas não permite visão global do que se
passa no conjunto da rede nem a construção de um
texto comum.
No ciberespaço, cada um é potencialmente
emissor e receptor num espaço qualitativamente
diferenciado, não fixo, disposto pelos participantes,
explorável.
O ciberespaço oferece instrumentos de
construção cooperativa de um contexto comum em
grupos numerosos e geograficamente dispersos. Se
trata de uma interação no seio de uma situação que
cada um contribui para modificar ou estabilizar
significações, um processo de reconhecimento mútuo
dos indivíduos e dos grupos através da comunicação.
22. Capítulo 7
A Objetivação do Contexto Partilhado
Essa objetivação dinâmica de um contexto
coletivo é um operador de inteligência
coletiva, uma espécie de ligação viva que funciona
como uma memória, ou consciência comum.
Encontra-se ainda as paisagens de significações
partilhadas nas árvores de
conhecimentos, mercados livres de uma nova
economia do saber, que oferecem a cada
participante de uma coletividade uma visão
sintética da variedade das competências de seu
grupo e lhe permitem reconhecer sob forma de
imagem sua identidade em espaços do saber.
23. Capítulo 7
O córtex de Antropia
O progresso das técnicas de comunicação e de
registro ampliou o alcance do compartilhamento;
Hipertextualidade entre o estoque de informação;
A memória coletiva interage no ciberespaço;
Softwares aumentam capacidades de navegação na
informação;
A programação cooperativa do software ilustra a
“produção de si” da inteligência coletiva;
24. Capítulo 7
O córtex de Antropia
A nova inteligência coletiva evidencia a importância
da reflexão das inteligências individuais;
Inteligência coletiva -> coletivo inteligente
Diferentes concepções do virtual;
Nostalgia do real datado X virtual ameaçador;
25. Capítulo 8
A Virtualização da Inteligência e a
Constituição do Objeto
O problema da inteligência coletiva
Grupos são mais inteligentes do que as pessoas que
o compõem?
Numa multidão as inteligências tendem a se dividir;
Mundo cultural próximo a coletivos inteligentes;
O Ideal da inteligência coletiva: reconhecer a
DIVERSIDADE;
26. Capítulo 8
O Estádio
A grande questão é: como passar da inteligência
coletiva, que é inerente à condição de humanidade, aos
coletivos inteligentes, que otimizam recursos
intelectuais imediatamente?
É algo que requer mais do que boa vontade para se
conseguir.
Para exemplificar a questão, utilizamos um estádio
de futebol.
→ Torcedores da mesma equipe gritam quase todos
juntos. Atos individuais não se distinguem. O
indivíduo é afogado na massa dos torcedores. A
inteligência dessa massa é notoriamente pequena se
levarmos em conta a capacidade de
aprendizagem, imaginação e raciocínio.
27. Capítulo 8
O Estádio
→ Já no campo de futebol, cada jogador efetua
ações nitidamente distintas das dos outros. Todas
as ações visam a coordenação e tentam se
responder. Os atos dos jogadores intervêm e
orientam o curso da partida.
→ Os espectadores não podem agir sobre o
espetáculo que os reúne. No campo é o contrário.
Aos jogadores, somente detestar o time não é
suficiente. É preciso estudá-lo, adivinhá-lo e
prevê-lo para se ganhar a partida.
→Os espectadores têm necessidade de jogadores
enquanto que as equipes não têm necessidade de
torcedores.
→A bola é o objeto catalisador de inteligência
coletiva.
28. Capítulo 8
Presas, Territórios , Chefes e Sujeitos
Os mamíferos superiores não possuem objetos. A
caça e o território não possuem essa característica
porque aquela logo é devorada e esse funciona como
modo de identificação exclusiva.
Nos demais animais, as relações de dominância são
dadas através de comportamentos e diferenças
anatômicas. Sujeito dominante e sujeito submisso
também não são objetos.
O homem fundou a sociedade civil quando tirou uma
porção do universo física e declarou pela primeira vez:
isto é um objeto.
O papel do objeto é passar de mão em mão, de
sujeito a sujeito .
A relação do homem com o objeto resulta de uma
virtualização das relações de predação, de dominância
e de ocupação exclusiva.
29. Capítulo 8
Ferramenta, Narrativa, Cadáveres
Os jogos virtuais são na maioria das vezes
simulações de combate, de predação. de dominação
ou de relações sexuais que põem os corpos
diretamente em contato sem passar por um
intermediário objetivo.
A ferramenta, o material ou o artefato que
passam de mão em mão durante os trabalhos
coletivos; as narrativas imemoriais que se se
transmitem e são transformadas de boca a ouvido e
de geração a geração, cada elo da corrente
escutando a contando por sua vez; o cadáver
durante e após os ritos funerários.
O objeto é reconhecido através de seu
poder de destruição das relações sociais e de
indução da inteligência coletiva.
30. Capítulo 8
O Dinheiro e o Capital
A moeda no sistema capitalista
constitui um dos objetos mais eficazes, pois o
jogo econômico de desfaria se cada pessoa
guardasse seu dinheiro. O dinheiro não pode ser
marcado com sua identidade ou com seus atos. A
moeda não possui função econômica positiva
exceto pela sua circulação. Ela veta e regula as
relações econômicas, e contrária a lógica, pois
não é apropriável e devido a sua circulação nos
obriga a participar da inteligência coletiva do
mercado capitalista.
31. Capítulo 8
O Dinheiro e o Capital
O dinheiro trás consigo o poder
e a dominação e também forças sociais
que não respeitam nenhuma hierarquia
instituída. O dinheiro para o melhor e o
pior e trás para si os meios de transporte
e de comunicação.
32. Capítulo 8
Comunidade Científica e seus Objetivos
A comunidade científica é outro exemplo de
coletivo inteligente, onde o objeto é por eles mesmos
estudado. A inventividade científica consiste em fazer
surgir verdadeiros objetos, isto é, vetores de
comunidades inteligentes, capazes de interessar outros
grupos que irão colocar em
circulação, enriquecer, transformar e até mesmo fazer
proliferar o objeto inicial, transformando assim sua
identidade na comunidade. O jogo cientifico está
submetido a coerções
econômicas,sociais, políticas, particulamente sob o
aspecto dos "meios" necessários e dos "apoios"
antecipados ou afetivos.
A comunidade científica não constitui
verdades absolutas, os abjetos das ciências são
imanentes aos procedimentos técnicos que os
33. Capítulo 8
O Ciberespaço como Objeto
A extensão do ciberespaço representa o último dos
grandes surgimentos da inteligência coletiva.
Trata-se de um objeto comum, dinâmico,
construído, ou pelo menos alimentado, por todos os
que utilizam.
Ele faz uma ligação por ser ao mesmo tempo o
objeto comum de seus produtores e seus exploradores.
Não é apenas um território, mas sim um lugar de
objetos comuns.
Um dos orgulhos da comunidade que fez crescer a
Net é ter inventado uma maneira inédita de fazer
sociedade inteligentemente.
A questão não é portanto banir o comércio da
internet, mas preservar uma maneira original de
constituir coletivos inteligentes, diferente daquela que
o mercado capitalista induz.
34. Capítulo 8
O Ciberespaço como Objeto
Por outro lado, ciberespaço é compatível o
dinheiro, ele inclusive faz crescer a força virtualizante
e a velocidade de circulação dos objetos monetários e
científicos.
De todo o reino animal, é o homem que pratica em
mais alto grau o imperialismo territorial, a caça
impiedosa e implacável de dominação. Mas é também
no homem que esse tipo de relacionamento são
momentaneamente suspensos graças a relação com o
ciberespaço.
A tecnociência, o dinheiro e o ciberespaço fazem do
homem um caçador, mas os grandes objetos
contemporâneos só lhes confere esses poderes
forçando-o a submeter-se à experiência propriamente
humana da renúncia à presa, da deserção do poder e
do abandono da propriedade.
35. Capítulo 8
O que é um Objeto
Esse objeto deve ser o mesmo para todos.
Ele circula, física e metaforicamente, entre os
membros do grupo. Encontra-se nas mãos de todos.
O objeto permite não apenas levar o todo até o
indivíduo mas também implicar o indivíduo no todo.
O objeto só se mantém ao ser mantido por todos e
o grupo só se constitui ao fazer circular o objeto.
O objeto sustenta o virtual.
Pode se contar a história da humanidade como uma
sucessão de aparecimento de objetos. Então, todo
novo tipo de objeto induz um estilo particular de
inteligência coletiva e toda mudança social
consequente implica uma invenção do objeto.
A objetividade na escala humana do mundo só
surgirá se for mantida por todos, se circular entre as
nações e fizer a humanidade crescer em cultura.
36. Capítulo 8
O Objeto / O Humano
O objeto vem completar e unificar as três
virtualizações da relação com os seres, da relação com
os signos, da relação com as coisas.
A virtualização da violência não passa apenas pelo
contrato mas também pelo objeto, que induz ligações
sociais não violentas porque escapam à predação, à
apropriação exclusiva e à dominância.
Por outro lado, a virtualização do aqui e agora
operada pela linguagem estende o tempo e o espaço
para além da imediatez sensorial.
Tal é a questão da linguagem: a existência de um
mundo objetivo que liga os indivíduos e constitui os
sujeitos.
A técnica virtualiza a ação e as funções orgânicas.
O objeto é constitutivo do humano como sujeito
social, cognitivo e prático.