SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 11
EXPERIÊNCIAS DE AMIZADE
A lógica familialista como semelhança e o
      Espaço Público como diferença


       Andressa Almada Marinho Pontes
        (Graduanda em Psicologia/UFS)

             Kleber Jean Matos Lopes
       (Professor Dr. Orientador DPS/UFS)
O que inspirou esta
 monografia? os objetivos desta monografia?
  Quais são
Refletir sobre as experiências de amizade na
sociedade ocidental para conhecer, problematizar e
suscitar questões sobre modo dominante de
organização da amizade.

De acordo com Ortega (2000), o ideal ocidental
predominante de amizade é aquele que se associa a
intimidade e sustenta a necessidade de familiaridade
entre os amigos. Foi resultado do processo de
esvaziamento do espaço público e conseqüente
despolitização da experiência nesse espaço.
Procurou-se observar também as peculiaridades de experiências de diferentes
períodos históricos:

• propostas de amizade do teórico Cícero;
• o conteúdo bibliográfico do século XVIII e XIX observado por Vicent-Buffault;
• e os discursos de uma pesquisa vinculada ao PIBIC realizada entre estudantes
recém-admitidos na Universidade Federal de Sergipe.
O ESPAÇO PÚBLICO COMO CONDIÇÃO PARA
A A DIFERENÇA
  partir da obra “Condição Humana” (1997), Arendt traz :

• Com a ascensão da esfera social no mundo moderno, as atividades
econômicas passam a ter importância pública;

• As formas de sociabilidade foram traduzidas em metáforas familiares, sob ideal
de intimidade, promove sensação de segurança e conforto;

• Mercantilismo promove a laborização – faz surgir a Sociedade de Massas –
homogeneização das condutas;

• Ação e discurso perdem a utilidade de revelar singularidades, pois ficam retidas
na esfera privada;

• Arendt acredita que o contexto intersubjetivo do espaço público é o lugar para
atuar, aprender a lidar com a diferença, cultivar a distância;

• Busca pela recuperação do espaço público, tendo a amizade como um
mecanismo para tanto.
PARA ALÉM DA LÓGICA FAMILIALISTA DE
 AMIZADE
• Com a obra Para uma política da amizade: Arendt, Derrida, Foucault,
Francisco Ortega trata principalmente sobre influência da semântica
familialista no modo de organizar a amizade no contemporâneo;

• Na Antiguidade Aristóteles acreditava que a percepção do amigo é uma
forma privilegiada da consciência de si, que iniciou o processo de
fraternização;

• A fraternidade se baseia em lógica particularista, que privilegia as
afinidades e marginaliza a diferença;

• A ênfase na esfera privada, a decomposição do espaço público, o
enaltecimento da idéia de intimidade provocam a fluidez e a fragilidade
dos laços humanos (Bauman);

• Ortega traz a questão: “Somos incapazes de pensar a amizade além da
• Levinás mostra o desafio que é do encontro com o outro em sua
alteridade, que provoca transformações, questionamentos, desestabiliza;

• Foucault e Ortega buscam por uma ética da amizade que visa
intensificar a experimentação, amizade como uma forma de vida livre, um
programa vazio de caráter imprevisível e inúmeras formas de ser;

• Procuram pensar na amizade como uma relação aberta ao outro em
sua alteridade, na troca de opiniões com o aprimoramento e relativização
do pensamento;

• A amizade se constitui como um espaço de experimentação política
imanente de irrupção do imprevisto, desde que seja deslocada da esfera
privada (intimidade), para o espaço público;
EXPERIÊNCIAS DISCURSIVAS DA AMIZADE

Sobre a Amizade em Cícero

A obra Lélio ou A Amizade traz uma série de considerações sobre a amizade:

• Afirma que amizade ultrapassa a morte, perpetuada na memória dos que vivem;

• Acredita que a amizade só se estabelece entre os homens de bem;

• Atrela amizade a virtude como inerente a natureza;

• Questiona o utilitarismo nas relações, sendo a reciprocidade uma manifestação
da amizade;

• Admite a vantagem de compartilhar tudo de si na amizade;

• Dificuldade em conservar as amizades quando decepcionam por não mais se
tolerar abusos e defeitos. Causa possível quando há temperamentos e interesses
divergentes entre as pessoas;
A Intimidade nas amizade dos séculos XVIII e XIX

• Com o livro Da Amizade , Vicent-Buffault    trata de correspondências,
diários íntimos, tratados, ensaios e autobiografias escritos de maneira
íntima dentro de um domínio privado;

• Tratados traziam normas e conselhos de boa conduta como um guia para
a vida em sociedade, pautado na Antiguidade, afim de aproximar as
pessoas e melhor conduzir as amizades;

• O Sistema Mercantil provocou a hierarquização dos laços sóciais e os
tratados colaboraram em distinguir e classificar as amizades em busca do
amigo ideal;

• Desaparecimento do discurso da amizade durante o séc. XIX, as
transformações econômicas trouxeram a rivalidade entre as pessoas, o que
limita o exercício da amizade e multiplicou-se a publicação de ensaios
Família como referência identitária no contemporâneo

• Projeto   “Psicologia, tecnologia   e   modos    de   subjetivação
contemporâneos” - plano de trabalho “Amizade mediada por dispositivos
tecnológicos”;

• Foram 19 alunos entrevistados entre 17 e 20 anos recém-ingressos na
UFS em 2007;

• A Família contribui: para produção de identidades individualizadas na
contemporaneidade, na formação do indivíduo, influenciando decisões e
ações e como uma forte referência identitária para as relações de amizade
como quando o sentimento que se tem por um amigo tal qual por alguém
da família;

• As amizades são consideradas como apoio ou ajuda;
CONSIDERAÇÕES FINAIS

• Destacam-se alguns pontos da análise:

   • A partir da idéia de Cícero que não existe amizade entre pessoas
   diferentes. Será que só entre pessoas semelhantes se constrói uma
   amizade duradoura?;

   • Amizade superando a morte - remete a lógica do epitáfio criticada por
   Derrida, pois reduz o amigo a si mesmo;

   • A importância do Espaço Público para Arendt;

   • Para oportunizar os encontros, torna-se interessante reabilitar o
   espaço público, estimular inclusive o exercício da amizade em
   espaços diferentes e assim desenvolver a arte de negociar as
   diferenças, nesse sentido, desvincular a amizade das metáforas
   familiares;
• Mostra-se difícil imaginar estabelecer uma relação de amizade com
alguém que não se tenha nada em comum;

   • Será que só é possível ser amigo de quem é intimo ou semelhante?;
   • Será possível ser amigo de alguém com quem não se tenha
   afinidades?;
   • Será que a amizade íntima também não traz benefícios para quem
   dela usufrui?;

• Não se pretende na monografia e nem se consegue definir amizade,
devido a pluralidade e plasticidade humana;

• Acredita-se ter concluído entre os propósitos desta monografia: o de
contribuir para compreensão das relações da amizade e complexificação
das relações humanas, problematizar e suscitar questões sobre o tema da
amizade, colaborando inclusive para a produção de novos trabalhos.
OBRIGADA PELA PRESENÇA DE TODOS!!

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a Apresentação monografia experiências de amizade

Um livro uma_historia_portugal
Um livro uma_historia_portugalUm livro uma_historia_portugal
Um livro uma_historia_portugal
Anabela Barreira
 
Apresentaçao Fundamentos do Programa de Leitura Fome de Ler
Apresentaçao Fundamentos do Programa de Leitura Fome de LerApresentaçao Fundamentos do Programa de Leitura Fome de Ler
Apresentaçao Fundamentos do Programa de Leitura Fome de Ler
Ana Paula Cecato
 
Multiculturalismo e a Política Educacional Brasileira
Multiculturalismo e a Política Educacional BrasileiraMulticulturalismo e a Política Educacional Brasileira
Multiculturalismo e a Política Educacional Brasileira
Adilson P Motta Motta
 

Semelhante a Apresentação monografia experiências de amizade (20)

Curriculo diferença cultural e dialogo
Curriculo diferença cultural e dialogoCurriculo diferença cultural e dialogo
Curriculo diferença cultural e dialogo
 
Favela: Outsiders no Orkut
Favela: Outsiders no OrkutFavela: Outsiders no Orkut
Favela: Outsiders no Orkut
 
Abordagens sociopolíticas da educação
Abordagens sociopolíticas da educaçãoAbordagens sociopolíticas da educação
Abordagens sociopolíticas da educação
 
Artigo Interacao UFG
Artigo Interacao UFGArtigo Interacao UFG
Artigo Interacao UFG
 
Diretrizes Curriculares RME SL
Diretrizes Curriculares RME SLDiretrizes Curriculares RME SL
Diretrizes Curriculares RME SL
 
Gêneros textuais e ensino de língua materna
Gêneros textuais e ensino de língua maternaGêneros textuais e ensino de língua materna
Gêneros textuais e ensino de língua materna
 
Sociologia iii
Sociologia iiiSociologia iii
Sociologia iii
 
1º a, b antonia-sociologia
1º a, b antonia-sociologia1º a, b antonia-sociologia
1º a, b antonia-sociologia
 
Museologia e inovação social
Museologia e inovação socialMuseologia e inovação social
Museologia e inovação social
 
A dinâmica das relações humanas e sua influência no processo ensino-aprendizagem
A dinâmica das relações humanas e sua influência no processo ensino-aprendizagemA dinâmica das relações humanas e sua influência no processo ensino-aprendizagem
A dinâmica das relações humanas e sua influência no processo ensino-aprendizagem
 
Um livro uma_historia_portugal
Um livro uma_historia_portugalUm livro uma_historia_portugal
Um livro uma_historia_portugal
 
Encontro Programa Prazer em Ler 2013 - RBBC
Encontro Programa Prazer em Ler 2013 - RBBCEncontro Programa Prazer em Ler 2013 - RBBC
Encontro Programa Prazer em Ler 2013 - RBBC
 
Sociologiaa
SociologiaaSociologiaa
Sociologiaa
 
Apresentaçao Fundamentos do Programa de Leitura Fome de Ler
Apresentaçao Fundamentos do Programa de Leitura Fome de LerApresentaçao Fundamentos do Programa de Leitura Fome de Ler
Apresentaçao Fundamentos do Programa de Leitura Fome de Ler
 
No meio do caminho entre o privado e o público: um debate sobre o papel das m...
No meio do caminho entre o privado e o público: um debate sobre o papel das m...No meio do caminho entre o privado e o público: um debate sobre o papel das m...
No meio do caminho entre o privado e o público: um debate sobre o papel das m...
 
Multiculturalismo e a Política Educacional Brasileira
Multiculturalismo e a Política Educacional BrasileiraMulticulturalismo e a Política Educacional Brasileira
Multiculturalismo e a Política Educacional Brasileira
 
TRABALHO DE PSICOLOGIA MAPA CONCEITUAL DE PSICOLOGIA
TRABALHO DE PSICOLOGIA MAPA CONCEITUAL DE PSICOLOGIATRABALHO DE PSICOLOGIA MAPA CONCEITUAL DE PSICOLOGIA
TRABALHO DE PSICOLOGIA MAPA CONCEITUAL DE PSICOLOGIA
 
Reconhecimento Intersubjetivo em Redes Sociais na Internet
Reconhecimento Intersubjetivo em Redes Sociais na InternetReconhecimento Intersubjetivo em Redes Sociais na Internet
Reconhecimento Intersubjetivo em Redes Sociais na Internet
 
Plano de Trabalho EF 2013
Plano de Trabalho EF 2013Plano de Trabalho EF 2013
Plano de Trabalho EF 2013
 
Gt16 4226--int
Gt16 4226--intGt16 4226--int
Gt16 4226--int
 

Último

Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
azulassessoria9
 
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
azulassessoria9
 
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemáticaSlide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
sh5kpmr7w7
 
Sistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturas
Sistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturasSistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturas
Sistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturas
rfmbrandao
 
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
azulassessoria9
 
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptxOs editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
TailsonSantos1
 

Último (20)

Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptx
Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptxSlides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptx
Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptx
 
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
 
Novena de Pentecostes com textos de São João Eudes
Novena de Pentecostes com textos de São João EudesNovena de Pentecostes com textos de São João Eudes
Novena de Pentecostes com textos de São João Eudes
 
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
 
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemáticaSlide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
 
Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...
Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...
Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...
 
Sistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturas
Sistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturasSistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturas
Sistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturas
 
MESTRES DA CULTURA DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
MESTRES DA CULTURA DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfMESTRES DA CULTURA DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
MESTRES DA CULTURA DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
 
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
 
Apresentação | Símbolos e Valores da União Europeia
Apresentação | Símbolos e Valores da União EuropeiaApresentação | Símbolos e Valores da União Europeia
Apresentação | Símbolos e Valores da União Europeia
 
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfApresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
 
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
 
Falando de Física Quântica apresentação introd
Falando de Física Quântica apresentação introdFalando de Física Quântica apresentação introd
Falando de Física Quântica apresentação introd
 
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
 
Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptxEducação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
 
AULÃO de Língua Portuguesa para o Saepe 2022
AULÃO de Língua Portuguesa para o Saepe 2022AULÃO de Língua Portuguesa para o Saepe 2022
AULÃO de Língua Portuguesa para o Saepe 2022
 
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024
 
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptxOs editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
 
Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM POLÍGON...
Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM  POLÍGON...Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM  POLÍGON...
Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM POLÍGON...
 
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º anoCamadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º ano
 

Apresentação monografia experiências de amizade

  • 1. EXPERIÊNCIAS DE AMIZADE A lógica familialista como semelhança e o Espaço Público como diferença Andressa Almada Marinho Pontes (Graduanda em Psicologia/UFS) Kleber Jean Matos Lopes (Professor Dr. Orientador DPS/UFS)
  • 2. O que inspirou esta monografia? os objetivos desta monografia? Quais são Refletir sobre as experiências de amizade na sociedade ocidental para conhecer, problematizar e suscitar questões sobre modo dominante de organização da amizade. De acordo com Ortega (2000), o ideal ocidental predominante de amizade é aquele que se associa a intimidade e sustenta a necessidade de familiaridade entre os amigos. Foi resultado do processo de esvaziamento do espaço público e conseqüente despolitização da experiência nesse espaço. Procurou-se observar também as peculiaridades de experiências de diferentes períodos históricos: • propostas de amizade do teórico Cícero; • o conteúdo bibliográfico do século XVIII e XIX observado por Vicent-Buffault; • e os discursos de uma pesquisa vinculada ao PIBIC realizada entre estudantes recém-admitidos na Universidade Federal de Sergipe.
  • 3. O ESPAÇO PÚBLICO COMO CONDIÇÃO PARA A A DIFERENÇA partir da obra “Condição Humana” (1997), Arendt traz : • Com a ascensão da esfera social no mundo moderno, as atividades econômicas passam a ter importância pública; • As formas de sociabilidade foram traduzidas em metáforas familiares, sob ideal de intimidade, promove sensação de segurança e conforto; • Mercantilismo promove a laborização – faz surgir a Sociedade de Massas – homogeneização das condutas; • Ação e discurso perdem a utilidade de revelar singularidades, pois ficam retidas na esfera privada; • Arendt acredita que o contexto intersubjetivo do espaço público é o lugar para atuar, aprender a lidar com a diferença, cultivar a distância; • Busca pela recuperação do espaço público, tendo a amizade como um mecanismo para tanto.
  • 4. PARA ALÉM DA LÓGICA FAMILIALISTA DE AMIZADE • Com a obra Para uma política da amizade: Arendt, Derrida, Foucault, Francisco Ortega trata principalmente sobre influência da semântica familialista no modo de organizar a amizade no contemporâneo; • Na Antiguidade Aristóteles acreditava que a percepção do amigo é uma forma privilegiada da consciência de si, que iniciou o processo de fraternização; • A fraternidade se baseia em lógica particularista, que privilegia as afinidades e marginaliza a diferença; • A ênfase na esfera privada, a decomposição do espaço público, o enaltecimento da idéia de intimidade provocam a fluidez e a fragilidade dos laços humanos (Bauman); • Ortega traz a questão: “Somos incapazes de pensar a amizade além da
  • 5. • Levinás mostra o desafio que é do encontro com o outro em sua alteridade, que provoca transformações, questionamentos, desestabiliza; • Foucault e Ortega buscam por uma ética da amizade que visa intensificar a experimentação, amizade como uma forma de vida livre, um programa vazio de caráter imprevisível e inúmeras formas de ser; • Procuram pensar na amizade como uma relação aberta ao outro em sua alteridade, na troca de opiniões com o aprimoramento e relativização do pensamento; • A amizade se constitui como um espaço de experimentação política imanente de irrupção do imprevisto, desde que seja deslocada da esfera privada (intimidade), para o espaço público;
  • 6. EXPERIÊNCIAS DISCURSIVAS DA AMIZADE Sobre a Amizade em Cícero A obra Lélio ou A Amizade traz uma série de considerações sobre a amizade: • Afirma que amizade ultrapassa a morte, perpetuada na memória dos que vivem; • Acredita que a amizade só se estabelece entre os homens de bem; • Atrela amizade a virtude como inerente a natureza; • Questiona o utilitarismo nas relações, sendo a reciprocidade uma manifestação da amizade; • Admite a vantagem de compartilhar tudo de si na amizade; • Dificuldade em conservar as amizades quando decepcionam por não mais se tolerar abusos e defeitos. Causa possível quando há temperamentos e interesses divergentes entre as pessoas;
  • 7. A Intimidade nas amizade dos séculos XVIII e XIX • Com o livro Da Amizade , Vicent-Buffault trata de correspondências, diários íntimos, tratados, ensaios e autobiografias escritos de maneira íntima dentro de um domínio privado; • Tratados traziam normas e conselhos de boa conduta como um guia para a vida em sociedade, pautado na Antiguidade, afim de aproximar as pessoas e melhor conduzir as amizades; • O Sistema Mercantil provocou a hierarquização dos laços sóciais e os tratados colaboraram em distinguir e classificar as amizades em busca do amigo ideal; • Desaparecimento do discurso da amizade durante o séc. XIX, as transformações econômicas trouxeram a rivalidade entre as pessoas, o que limita o exercício da amizade e multiplicou-se a publicação de ensaios
  • 8. Família como referência identitária no contemporâneo • Projeto “Psicologia, tecnologia e modos de subjetivação contemporâneos” - plano de trabalho “Amizade mediada por dispositivos tecnológicos”; • Foram 19 alunos entrevistados entre 17 e 20 anos recém-ingressos na UFS em 2007; • A Família contribui: para produção de identidades individualizadas na contemporaneidade, na formação do indivíduo, influenciando decisões e ações e como uma forte referência identitária para as relações de amizade como quando o sentimento que se tem por um amigo tal qual por alguém da família; • As amizades são consideradas como apoio ou ajuda;
  • 9. CONSIDERAÇÕES FINAIS • Destacam-se alguns pontos da análise: • A partir da idéia de Cícero que não existe amizade entre pessoas diferentes. Será que só entre pessoas semelhantes se constrói uma amizade duradoura?; • Amizade superando a morte - remete a lógica do epitáfio criticada por Derrida, pois reduz o amigo a si mesmo; • A importância do Espaço Público para Arendt; • Para oportunizar os encontros, torna-se interessante reabilitar o espaço público, estimular inclusive o exercício da amizade em espaços diferentes e assim desenvolver a arte de negociar as diferenças, nesse sentido, desvincular a amizade das metáforas familiares;
  • 10. • Mostra-se difícil imaginar estabelecer uma relação de amizade com alguém que não se tenha nada em comum; • Será que só é possível ser amigo de quem é intimo ou semelhante?; • Será possível ser amigo de alguém com quem não se tenha afinidades?; • Será que a amizade íntima também não traz benefícios para quem dela usufrui?; • Não se pretende na monografia e nem se consegue definir amizade, devido a pluralidade e plasticidade humana; • Acredita-se ter concluído entre os propósitos desta monografia: o de contribuir para compreensão das relações da amizade e complexificação das relações humanas, problematizar e suscitar questões sobre o tema da amizade, colaborando inclusive para a produção de novos trabalhos.