O documento discute as diretrizes para o pré-natal, incluindo a importância de consultas precoce e regular, exames complementares e sinais e sintomas comuns durante a gravidez. Ele fornece detalhes sobre a anamnese, exame físico, periodicidade das consultas, nutrição, exames complementares e queixas comuns.
1. Assistência pré-natal
Nosso breve, porém objetivo, estudo a respeito da assistência pré-natal se inicia
com a seguinte afirmativa: Quanto mais precoce a ida ao obstetra, melhores os
resultados alcançados e o prognóstico da gestação.
O número total de consultas preconizadas pela OMS, não deve ser inferior a
seis, abaixo disso já é considerado atendimento ineficiente.
*ANAMNESE:
A anamnese obstétrica é semelhante as anamneses da prática médica, ou seja
deve conter, HMA, Antec. Pessoais e familiares, história fisiológica e hábitos
sociais.
No entanto vamos estudar algumas peculiaridades:
Número de gestações, partos e abortos (GxPyAz), devemos saber que a
paridade não é maior se o parto é gemelar, nem menor se o feto já nasce
morto. É válido ressaltar que abortos são fetos com menos de 22-20 semanas
e/ou pesando menos de 500 g.
*EXAME FÍSICO:
A palpação abdominal é recomendada a partir do segundo trimestre! Através dos
quatro tempos das manobras de Leopold-Zweilfel.
1°tempo: delimita-se o fundo de útero e observa-se a posição que o pólo fetal
ocupa. Pode-se fazer o rechaço fetal.
2°tempo: visa determinar a situação fetal. Desliza-se as mãos do fundo em
direção ao pólo inferior para sentir o dorso fetal de um lado e os membros do
outro.
3°tempo: visa a exploração da mobilidade do pólo que se relaciona com o
estreito superior da pelve (apresentação). Procura-se apreender o pólo entre o
polegar e o dedo médio, imprimindo-lhe movimentos de lateralidade para
verificar o grau de penetração da apresentação na bacia. Quando ela está alta e
móvel, esse pólo balança de um lado para o outro.
4°tempo: Exploração da pelve. Coloca-se as mãos sobre as fossas ilíacas,
caminhando em direção ao hipogastro, paralelamente à arcada crural e
afastadas uma daoutra cerca de lO cm. Com a ponta dos dedos, procuramos
penetrar na pelve abarcando o pólo que aí se encontra, para saber se é cefálico
ou pélvico. Na apresentação córmica, a pelve está vazia. A entrada dos dedos
depende do grau de insinuação do pólo apresentado.
Muito útil e prático de memorizar: A partir do 2°trimestre, entre 18 e 32 semanas,
a medida do fundo uterino correlaciona bem com a idade gestacional. Um
centímetro é igual a uma semana.
*EXAMES COMPLEMENTARES:
Solicitar na primeira consulta os seguintes exames de rotina:
– Grupo sanguíneo e fator Rh, quando não realizado anteriormente;
2. – Sorologia para sífilis (VDRL);
– S. de urina (tipo I);
– Hemoglobina (Hb);
– HIV tipo I e II
– Glicemia de jejum
- U.S obstétrica. Deve ser realizada no 1°trimestre, entre 11 e 13 semanas e no
2ºtrimestre, entre 18 e 20 semanas. O exame no 1° trimestre visa calcular a idade
gestacional pelo comprimento cabeça-nádega e diâmetro do saco gestacional;
rastrear alterações cromossomiais, através da determinação da translucência
nucal; verificar a vitalidade fetal, através da ausculta dos batimentos cardíacos.
Entre 18 e 20 semanas, a US é morfológica, ou seja, visa reconhecer possível
má-formação.
- Toxoplasmose IgG e IgM
- HTLV tipo I e II
- AgHBS
* PERDIODICIDADE DO ACOMPANHAMENTO:
Na gestação de baixo risco, as consultas devem ser marcadas mensalmente até
28 semanas, a cada duas semanas até 36 semanas e depois semanalmente.
Em cada consulta o obstetra deverá seguir um protocolo mínimo, que consta de:
(1)Anamnese e exame físico geral.
(2)Medidas do peso e aferição da pressão arterial.
(3)Indagação sobre a percepção dos movimentos fetais (lembra que Isto só é
possível após 18 semanas).
(4)Determinação do fundo de útero.
(5)Ausculta dos batimentos cardíacos fetais (bcf).
Além disso, deve-se determinar a apresentação fetal, com 30 semanas.
Recomenda-se ainda a repetição do hematócrito e da Sorologia para sífilis e HIV
(com a permissão da paciente) com 28-32semanas.
*NUTRIÇÃO:
Uma avaliação antropométrica é necessária durante o pré-natal. O método
rápido e simples que fornece esta avaliação é o índice de massa corpóreo, obtido
dividindo-se o peso pré-gestacional (em kg) pelo quadrado da altura (em m²).
Um valor obtido acima de 25 é caracteriza obesidade, entre 20 e25, a gestante
é considerada eutrófica, e abaixo de 20, desnutrida.
O ferro é o único nutriente cujas necessidades na gravidez não podem ser
supridas de forma satisfatória apenas pela dieta. Se o ferro não for reposto,
praticamente todas as gestantes terão depleção de suas reservas e grande parte
desenvolverá anemia ferropriva, que é a anemia mais freqüente em grávidas.
(em nossa prática, IPERBA/ADAB, usamos 40mg de Fe elementar/dia). As
fontes recomendam 30 a 60 mg de Fe elementar, por dia. Durante a gravidez
ocorre uma queda dos níveis de ácido fólico, porém raramente uma anemia
megaloblástica se instala. Mesmo assim, a reposição desta vitamina (0,8mg) é
3. recomendada, pois a sua deficiência está comprovadamente associada a
defeitos do tubo neural, como espinha bífida, anencefalia e onfaloncele.
A suplementação de vitamina B, principalmente a B6 (2,5mg) e a B12 (4mg) é
recomendada. Parece que a vitamina B também possui importante papel na
morfogênese do tubo neural.
*QUEIXA COMUNS:
1- NÁUSEAS E VÔMITOS
São comuns no 1°trimestre, sendo observados pela manhã. No entanto, em até
5% dos casos, estes episódios podem evoluir para uma forma grave: a
hiperêmese gravídica. Nessa situação, a gestante apresenta vômitos
incoercíveis e cursa com desidratação, desnutrição e distúrbios hidroeletrolíticos
e ácido-básicos. Nas formas mais graves desta desordem está indicada a
internação hospitalar. Em casos leves, a hiperêmese pode ser controlada com
dieta (menor quantidade e maior freqüência de alimentação) e antieméticos.
2- PIROSE
É um distúrbio muito comum, sendo leve na maioria das vezes. A pirose deve
ser tratada com antiácidos. Deve ser recomendado refeições pouco volumosas
e mais freqüentes.
3- CONSTIPAÇÃO
Decorre da atonia intestinal, comum na gravidez. Deve ser tratada com aumento
da ingestão de fibras e água. Laxativos leves podem ser recomendados em
alguns casos.
4- EDEMA GRAVITACONAL
Deriva do aumento da pressão hidrostática no leito venoso por compressão da
veia cava superior ocasionada pelo útero gravídico. Cede normalmente à noite,
com o decúbito lateral. Não está relacionado com retenção hídrica excessiva e
não tem qualquer importância clínica.
5- VARICOSIDADES
Decorrem do aumento da pressão venosa, inatividade, diminuição do tono
vascular e fraqueza congênita das paredes musculares das veias.
6- CÂIMBRAS
São comuns nos últimos meses e derivam de um estiramento súbito da
musculatura das pernas, possivelmente pela baixa do cálcio e elevação do
fósforo séricos. O uso de hidróxido de alumínio para diminuir a absorção
intestinal de fósforo e a ingestão de sais de cálcio sem fósforo, são medidas úteis
no controle dos sintomas.
4. 7- SINTOMAS URINÁRIOS
Freqüência e urgência urinárias são comuns no início da gravidez e ocorrem
devido à compressão vesical exercida pelo útero aumentado. No final da
gestação, a insinuação da apresentação fetal comprime a bexiga e dá origem
aos mesmos sintomas. O tratamento,quando necessário,é apenas sintomático.
8- FADIGA
Comum no final da gestação devido às alterações de postura e ao aumento de
peso. A anemia deve ser descartada quando os sintomas forem importantes. Na
ausência de distúrbios hematológicos, apenas o repouso é recomendado.
9- LEUCORRÉIA
É comum durante a gestação um aumento da secreção vaginal, que geralmente
não está relacionado a condição mórbida específica. A candidíase acomete até
25% das grávidas. Se for sintomática (prurido e desconforto), deve ser tratada
com Nistatina tópica (via vaginal) por três semanas.