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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
FACULDADE DE LETRAS
Douglas Pereira Nazário
RESENHA SOBRE O ARTIGO
“TOWARDS A SEMIOTICS OF TYPOGRAPHY”
‘POR UMA SEMIÓTICA DA TIPOGRAFIA’
Resenha apresentada à disciplina Oficina de Leitura e Produção de
Textos da graduação em Letras da Universidade Federal de Minas
Gerais.
Professora: Clarice Lage Gualberto
BELO HORIZONTE
2013
O texto de Theo van Leeuwen, “Towards a semiotics of tipography”, ‘Por uma semiótica da
tipografia’, propõe uma abordagem semiótica em relação aos tipos de letras, isto é, fontes
tipográficas. Ele afirma que a escrita em si tem mudado até pelo fato de terem sido
desenvolvidas conceitos e técnicas para analisar a coerência do texto inglês. Segundo ele,
muito do trabalho coesivo que costumava ser feito pela língua é, agora, feito por meio do
layout, da cor e da tipografia.
Listo aqui as características tipográficas distintivas citadas por Leeuwen que definem as
fontes tipográficas: peso, expansão, inclinação, curvatura, conectividade, orientação e
regularidade (há ainda a questão das serifas, que é considerada característica não distintiva). O
primeiro parâmetro a ser considerado é o que ele chama de peso. É a diferença entre fontes
em negrito ou versões de um tipo de letra. O peso confere à fonte uma certa saliência, mas
pode ser usado metaforicamente para conotar significados ideacionais e interpessoais.
Leeuwen faz uma consideração sobre o negrito:
Bold can be made to mean ‘daring’, ‘assertive’, or ‘solid’ and ‘substantial’, for
instance, and its opposite can be made to mean ‘timid’, or ‘insubstantial’. But the
values may also be reversed. Boldness may have a more negative meaning. It may
be made to mean ‘domineer- ing’, ‘overbearing’. Other, co-present signifying
elements will narrow down the meaning potential and the values invoked, and make
them more specific. (LEEUWEN, 2006, p. 148).
Já a expansão é a característica que determina se a letra é condensada, estreita, ou se é
expandida, ampla, percebida na comparação entre Arial ou Arial Narrow. Já a inclinação se
refere à diferença entre cursivas, inclinadas ou tipos de letras com estilo de escrita manuscrita,
como vista na diferença entre Lucida Bright e Lucida Calligraphy.
Outro parâmetro é a curvatura. Segundo Leeuwen, a letra pode destacar a angularidade ou a
curvatura, como notado na comparação entre Copperplate e Century Gothic. Fontes como
Old English Text MT, chamadas por Leeuwen de ‘letras negras’, possuem angularidade. A
curvatura pode ser entendida, por um lado, como a diferença entre ascendentes e descendentes
arredondados como em Script MT Bold e em Pristina, ou, por outro lado, ascendentes e
descendentes predominantemente estreitos, como em Agency FB. Muitos tipos de letra misturam
e combinam os dois. Leeuwen esclarece esse ponto:
Although particular types, such as Old English Text MT, may have clear cultural
connotations, this feature also has experiential meaning potential, based both on our
experience of producing straight, angular forms, which requires controlled, brisk,
decisive movement, and round forms, which require a more gradual, ‘fluid’ control of
movement, and its significance may also be based on experiential and cultural
associations with essentially round or essentially angular objects. Round- edness can
come to signify ‘smooth’, ‘soft’, ‘natural’, ‘organic’, ‘maternal’, and so on, and
angularity ‘abrasive’, ‘harsh’, ‘technical’, ‘masculine’, and so on. Both may either be
positively or negatively valued. Modernity, rationality, functionality etc have often
favoured the values of angularity, as e.g. in the paintings of Mondrian, while post-
modernity has brought back round forms, for instance in car design and architecture.
Clearly the field of possibilities is very wide. But it will be narrowed down by other, co-
present features, and by the context generally – a particularly important feature of the
context is the genre in which a font occurs, and the expectations this sets up in the
reader. (LEEUWEN, 2006, p. 149).
Quanto à ideia de conectividade, as letras podem conectar-se umas às outras, como na escrita
corrente e têm base curva a qual se estende a vários graus para a próxima letra, ou quase a
toca. A falta de uma dessas características causa uma separação e uma independência entre as
letras, como em Lucida Handwriting, Lucida Calligraphy e Lucida Console. A
conexão também pode ser interna, dentro das formas de letra, como em Bauhaus 93.
Há ainda um parâmetro de orientação. Segundo Leeuwen, os tipos de letra podem também ser
orientados por uma dimensão horizontal, por ser comparativamente ‘achatados’, segundo
palavras dele, como na fonte Bodoni MT Black, ou por uma dimensão vertical, por ser
comparativamente alongados, estreitos na direção vertical, como em Onyx. Outro aspecto da
orientação é a diferença entre tipo de letra com ascendentes e descendentes curtos que se
estendem duramente além da ‘linha x’ e da ‘linha de base’, como Bernard MT Condensed, e tipos
de letra com ascendentes e descendentes longos, como em High Tower Text. Há também a
diferença entre uma orientação por baixo, no qual os descendentes são mais longos que os
ascendentes, como em Viner Hand ITC, e uma orientação por cima, no qual os ascendentes
são mais longos do que os descendentes como em Poor Richard.
Quanto às irregularidades, muitos tipos de letra as têm por meio de uma aparente distribuição
aleatória de características específicas, como a curvatura, e por meio da entasis, palavra dada
por Leeuwen que pode ser interpretada em termos de regularidade – em alguns casos as
diferentes partes de uma forma de letra diferem em peso, e em outros não. A entasis pode ser
tanto bastante regular e sistemática, no sombreamento oblíquo ‘tradicional’ e sombreamento
vertical ‘moderno’, como pode diferir dessas duas formas padrão, como na fonte Chiller. A
irregularidade também pode ser criada para não estar dentro das linhas, como em Kristen ITC,
ou por variação de inclinação, como em Ravie (e. g. t e l).
Para van Leeuwen há, por outro lado, as características não distintivas. Segundo ele, não há
necessidade de considerar determinadas formas de letra como um caso à parte, embora se
possa dizer que suas características contribuem com a legibilidade, como no caso das serifas.
A tipografia desenvolveu uma ampla variedade de floreados caligráficos, ligaduras e adições
caprichosas, como na fonte Edwardian Script IT,a qual é mais arredondada e expansiva, e na
fonte Curlz MT, que é irregular, possui finais enlaçados em forma de pérola, pontos circulares
sobre os i’s e as cavidades do ‘o’, do ‘p’, do ‘g’ e do ‘q’.
Analisando essas características, é possível enxergar a tipografia de modo semiótico, e como
Leeuwen mesmo diz, “sistemático, multimodal e capaz de não só perceber o significado
textual, mas também ideacional e interpessoal” (LEEUWEN, 2006, p. 154). Ele sugere que se
desenvolva um estudo crítico dessa semiótica de modo que possa ser integrado com a teoria e
os métodos de outros modos semióticos. A verdadeira proposta é ver além da linguística, e
essa é a principal característica da era da ‘nova escrita’.
REFERÊNCIAS
VAN LEEUWEN, Theo. Towards a semiotics of typography. Information Design Journal +
Document Design, John Benjamins Publishing Company, 2006. Disponível em:
http://ixdcth.se/courses/2012/tda492/sites/default/files/files/Reading_Towards_a_Semiotics_o
f_typography.pdf. Acessado em: 03 de abril de 2014.
JURY, David. O que é a tipografia? Editorial Gustavo Gili, Barcelona, Espanha. 2008.
Disponível em: http://dialnet.unirioja.es/servlet/libro?codigo=308522. Acessado em: 03 de
abril de 2014.

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Resenha sobre artigo Towards a Semiotics of Typography

  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE LETRAS Douglas Pereira Nazário RESENHA SOBRE O ARTIGO “TOWARDS A SEMIOTICS OF TYPOGRAPHY” ‘POR UMA SEMIÓTICA DA TIPOGRAFIA’ Resenha apresentada à disciplina Oficina de Leitura e Produção de Textos da graduação em Letras da Universidade Federal de Minas Gerais. Professora: Clarice Lage Gualberto BELO HORIZONTE 2013
  • 2. O texto de Theo van Leeuwen, “Towards a semiotics of tipography”, ‘Por uma semiótica da tipografia’, propõe uma abordagem semiótica em relação aos tipos de letras, isto é, fontes tipográficas. Ele afirma que a escrita em si tem mudado até pelo fato de terem sido desenvolvidas conceitos e técnicas para analisar a coerência do texto inglês. Segundo ele, muito do trabalho coesivo que costumava ser feito pela língua é, agora, feito por meio do layout, da cor e da tipografia. Listo aqui as características tipográficas distintivas citadas por Leeuwen que definem as fontes tipográficas: peso, expansão, inclinação, curvatura, conectividade, orientação e regularidade (há ainda a questão das serifas, que é considerada característica não distintiva). O primeiro parâmetro a ser considerado é o que ele chama de peso. É a diferença entre fontes em negrito ou versões de um tipo de letra. O peso confere à fonte uma certa saliência, mas pode ser usado metaforicamente para conotar significados ideacionais e interpessoais. Leeuwen faz uma consideração sobre o negrito: Bold can be made to mean ‘daring’, ‘assertive’, or ‘solid’ and ‘substantial’, for instance, and its opposite can be made to mean ‘timid’, or ‘insubstantial’. But the values may also be reversed. Boldness may have a more negative meaning. It may be made to mean ‘domineer- ing’, ‘overbearing’. Other, co-present signifying elements will narrow down the meaning potential and the values invoked, and make them more specific. (LEEUWEN, 2006, p. 148). Já a expansão é a característica que determina se a letra é condensada, estreita, ou se é expandida, ampla, percebida na comparação entre Arial ou Arial Narrow. Já a inclinação se refere à diferença entre cursivas, inclinadas ou tipos de letras com estilo de escrita manuscrita, como vista na diferença entre Lucida Bright e Lucida Calligraphy. Outro parâmetro é a curvatura. Segundo Leeuwen, a letra pode destacar a angularidade ou a curvatura, como notado na comparação entre Copperplate e Century Gothic. Fontes como Old English Text MT, chamadas por Leeuwen de ‘letras negras’, possuem angularidade. A curvatura pode ser entendida, por um lado, como a diferença entre ascendentes e descendentes arredondados como em Script MT Bold e em Pristina, ou, por outro lado, ascendentes e descendentes predominantemente estreitos, como em Agency FB. Muitos tipos de letra misturam e combinam os dois. Leeuwen esclarece esse ponto: Although particular types, such as Old English Text MT, may have clear cultural connotations, this feature also has experiential meaning potential, based both on our experience of producing straight, angular forms, which requires controlled, brisk, decisive movement, and round forms, which require a more gradual, ‘fluid’ control of movement, and its significance may also be based on experiential and cultural associations with essentially round or essentially angular objects. Round- edness can
  • 3. come to signify ‘smooth’, ‘soft’, ‘natural’, ‘organic’, ‘maternal’, and so on, and angularity ‘abrasive’, ‘harsh’, ‘technical’, ‘masculine’, and so on. Both may either be positively or negatively valued. Modernity, rationality, functionality etc have often favoured the values of angularity, as e.g. in the paintings of Mondrian, while post- modernity has brought back round forms, for instance in car design and architecture. Clearly the field of possibilities is very wide. But it will be narrowed down by other, co- present features, and by the context generally – a particularly important feature of the context is the genre in which a font occurs, and the expectations this sets up in the reader. (LEEUWEN, 2006, p. 149). Quanto à ideia de conectividade, as letras podem conectar-se umas às outras, como na escrita corrente e têm base curva a qual se estende a vários graus para a próxima letra, ou quase a toca. A falta de uma dessas características causa uma separação e uma independência entre as letras, como em Lucida Handwriting, Lucida Calligraphy e Lucida Console. A conexão também pode ser interna, dentro das formas de letra, como em Bauhaus 93. Há ainda um parâmetro de orientação. Segundo Leeuwen, os tipos de letra podem também ser orientados por uma dimensão horizontal, por ser comparativamente ‘achatados’, segundo palavras dele, como na fonte Bodoni MT Black, ou por uma dimensão vertical, por ser comparativamente alongados, estreitos na direção vertical, como em Onyx. Outro aspecto da orientação é a diferença entre tipo de letra com ascendentes e descendentes curtos que se estendem duramente além da ‘linha x’ e da ‘linha de base’, como Bernard MT Condensed, e tipos de letra com ascendentes e descendentes longos, como em High Tower Text. Há também a diferença entre uma orientação por baixo, no qual os descendentes são mais longos que os ascendentes, como em Viner Hand ITC, e uma orientação por cima, no qual os ascendentes são mais longos do que os descendentes como em Poor Richard. Quanto às irregularidades, muitos tipos de letra as têm por meio de uma aparente distribuição aleatória de características específicas, como a curvatura, e por meio da entasis, palavra dada por Leeuwen que pode ser interpretada em termos de regularidade – em alguns casos as diferentes partes de uma forma de letra diferem em peso, e em outros não. A entasis pode ser tanto bastante regular e sistemática, no sombreamento oblíquo ‘tradicional’ e sombreamento vertical ‘moderno’, como pode diferir dessas duas formas padrão, como na fonte Chiller. A irregularidade também pode ser criada para não estar dentro das linhas, como em Kristen ITC, ou por variação de inclinação, como em Ravie (e. g. t e l). Para van Leeuwen há, por outro lado, as características não distintivas. Segundo ele, não há necessidade de considerar determinadas formas de letra como um caso à parte, embora se possa dizer que suas características contribuem com a legibilidade, como no caso das serifas. A tipografia desenvolveu uma ampla variedade de floreados caligráficos, ligaduras e adições caprichosas, como na fonte Edwardian Script IT,a qual é mais arredondada e expansiva, e na
  • 4. fonte Curlz MT, que é irregular, possui finais enlaçados em forma de pérola, pontos circulares sobre os i’s e as cavidades do ‘o’, do ‘p’, do ‘g’ e do ‘q’. Analisando essas características, é possível enxergar a tipografia de modo semiótico, e como Leeuwen mesmo diz, “sistemático, multimodal e capaz de não só perceber o significado textual, mas também ideacional e interpessoal” (LEEUWEN, 2006, p. 154). Ele sugere que se desenvolva um estudo crítico dessa semiótica de modo que possa ser integrado com a teoria e os métodos de outros modos semióticos. A verdadeira proposta é ver além da linguística, e essa é a principal característica da era da ‘nova escrita’.
  • 5. REFERÊNCIAS VAN LEEUWEN, Theo. Towards a semiotics of typography. Information Design Journal + Document Design, John Benjamins Publishing Company, 2006. Disponível em: http://ixdcth.se/courses/2012/tda492/sites/default/files/files/Reading_Towards_a_Semiotics_o f_typography.pdf. Acessado em: 03 de abril de 2014. JURY, David. O que é a tipografia? Editorial Gustavo Gili, Barcelona, Espanha. 2008. Disponível em: http://dialnet.unirioja.es/servlet/libro?codigo=308522. Acessado em: 03 de abril de 2014.