SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 7
Downloaden Sie, um offline zu lesen
Universidade Federal do Espírito Santo - UFES
Pró-Reitoria de Extensão - P r o g r a m a I n s t i t u c i o n a l d e E x t e n s ã o
Boletim Técnico - PIE-UFES:02207 - Editado: 19.10.2007


                                    PROCESSAMENTO DO LEITE
                         Katiani Silva Venturini1 (e-mail: katiani_sv@hotmail.com)
                         Miryelle Freire Sarcinelli1 (e-mail: miryelle@hotmail.com)
                               Luís César da Silva2 (website: www.agais.com)




1. INTRODUÇÃO


           Com o aumento do consumo e da produção do leite, surgiu a necessidade de
aprimoramento de técnicas e de higienização na obtenção, transporte e conservação do
leite, com o objetivo de garantir um produto limpo e saudável e com maior tempo de
conservação. Por isso existem inúmeros processos que podem ser feitos ao leite para
melhora da qualidade e aumentar a vida de prateleira do produto.


2. HIGIENIZAÇÃO


           As tetas do animal a ser ordenhado devem sofrer prévia lavagem com água corrente,
seguindo-se secagem com toalhas descartáveis e início imediato da ordenha, com descarte
dos jatos iniciais de leite em caneca de fundo escuro ou em outro recipiente específico para
essa finalidade. Em casos especiais, como os de alta prevalência de mamite causada por
microrganismos do ambiente, pode-se adotar o sistema de desinfecção das tetas antes da
ordenha, mediante técnica e produtos desinfetantes apropriados, adotando-se cuidados
para evitar a transferência de resíduos desses produtos para o leite (secagem criteriosa das
tetas antes da ordenha).
           Após a ordenha, desinfetar imediatamente as tetas com produtos apropriados. Os
animais devem ser mantidos em pé pelo tempo necessário para que o esfíncter da teta volte
a se fechar. Para isso, recomenda-se oferecer alimentação no cocho após a ordenha;
           O leite obtido deve ser coado em recipiente apropriado de aço inoxidável, náilon,
alumínio ou plástico sem cheiro e refrigerado até a temperatura de 7°C em até 3 h (três
horas);
           A limpeza do equipamento de ordenha e do equipamento de refrigeração do leite
deve ser feita de acordo com instruções do fabricante, usando-se material e utensílios
adequados, bem como detergentes sem cheiro e incolores.



1
    Bolsista do P r o g r a m a I n s t i t u c i o n a l d e E x t e n s ã o
2
    Professor do Centro de Ciências Agrárias da UFES
Universidade Federal do Espírito Santo - UFES
Pró-Reitoria de Extensão - P r o g r a m a I n s t i t u c i o n a l d e E x t e n s ã o
Boletim Técnico - PIE-UFES:02207 - Editado: 19.10.2007

Observação: A filtragem e o resfriamento do leite imediatamente após a ordenha é uma
medida eficiente para diminuir o crescimento microbiano no leite e aumentar seu tempo de
conservação, isto é, leite sem acidificação. Não é possível, evidentemente, produzir um leite
isento de bactérias, mas é tanto possível como necessário produzir um leite com um mínimo
de bactérias.


3. PROCESSAMENTO


         O processamento do leite pode ser feito com duas finalidades:

                  Produção de leite para consumo (Leite pasteurizado ou leite UAT);

                  Produção de derivados.
         O processamento do leite e seus derivados em nível industrial requer a execução de
diferentes operações unitárias como esquematizado na figura 01.




  Figura 01 – Fluxograma das operações unitárias associadas ao beneficiamento do leite.




3.1 RESFRIAMENTO


       A temperatura do leite na ocasião da ordenha (± 35°C), é bastante favorável à
multiplicação dos germes e, conseqüentemente é prejudicial à fabricação de derivados.
       O resfriamento (Figura 02) do leite é uma medida bastante eficaz no que diz respeito à
contenção da acidificação causada pelas bactérias.
Universidade Federal do Espírito Santo - UFES
Pró-Reitoria de Extensão - P r o g r a m a I n s t i t u c i o n a l d e E x t e n s ã o
Boletim Técnico - PIE-UFES:02207 - Editado: 19.10.2007

       Para a fabricação de queijos, em nível de fazenda, a melhor opção é a transformação
imediata do leite logo após a ordenha, ficando o resfriamento restrito a um acidente qualquer
que por ventura impeça a fabricação do queijo no mesmo dia da ordenha.




                              Figura 02– Tanque de refrigeração (Crédito:
                            www.cnpgl.embrapa.br/jornaleite/fotos/331.jpg)

3.2 PADRONIZAÇÃO


         Padronização é a retirada parcial da gordura do leite. Mantém constante o teor no
produto final. O leite é padronizado tipo C e UHT é padronizado com 3% de gordura. Feita
por desnatadeiras centrífugas, o laticínio usa para si o creme retirado para a fabricação de
manteiga, requeijão, etc. Os leites tipo A e B não sofrem padronização, devem ser integrais.

3.3 PASTEURIZAÇÃO


       Pasteurizar consiste no aquecimento do leite a uma determinada temperatura, por um
determinado tempo, visando eliminar bactérias patogênicas e reduzir as deterioradoras,
seguido de resfriamento, aumentando a vida útil do leite, sem alteração sensível da sua
composição nutricional e sensorial.
       Nunca esquecer que a Pasteurização é um recurso, usado para retardar a
deterioração do leite. O processo, se bem executado, permite destruir a totalidade das
bactérias nocivas à saúde e reduzir muito aquelas que não fazem mal, que apenas azedam
o leite. O leite pasteurizado, portanto, dura mais e não oferece riscos para o consumo.
       A pasteurização é um tratamento indispensável e obrigatório. Além das vantagens
mencionadas, ajuda também na uniformização do produto final e melhora a ação dos
fermentos pela eliminação da concorrência de bactérias.
Universidade Federal do Espírito Santo - UFES
Pró-Reitoria de Extensão - P r o g r a m a I n s t i t u c i o n a l d e E x t e n s ã o
Boletim Técnico - PIE-UFES:02207 - Editado: 19.10.2007



3.3.1 Tipos principais


         Lenta: Baixa temperatura longo tempo – 650C por 30 minutos – Artesanal.
         Rápida: Alta temperatura curto tempo – 750C por 15 segundos – Industrial.


Pasteurização Lenta


       Consiste em aquecer o leite a 65°C e mantê-lo a esta temperatura por 30 minutos.
Durante este tempo, o leite deve ser agitado para: Evitar aderência às paredes do
recipiente, promover aquecimento uniforme de todas as suas partículas e, ao mesmo tempo,
evitar formação de espuma.
       Este processo é mais usado em pequenas indústrias onde o volume de produção não
justifica a aquisição de um pasteurizador de placas. Neste caso, é importante rapidez no
resfriamento. Lentidão, nesta fase, pode favorecer o aumento considerável de bactérias que
não fazem mal a saúde, porém acidificam o produto e também daquelas maléficas que
porventura possam entrar em contato com o produto durante o resfriamento.


Pasteurização Rápida


       Consiste em aquecer o leite a 75°C e mantê-lo, por 15 segundos, em um equipamento
com trocadores de calor de placas. É o processo mais usado em indústrias de médio e
grande porte.
       A temperatura e o tempo de pasteurização foram determinados em função de
destruição da bactéria Coxieta burnetti (agente infecciosa da febre Q), que é a bactéria
patogênica mais resistente à alta temperatura e que pode estar presente no leite.


3.4 HOMOGEINIZAÇÃO


         A homogeneização é o processo que consiste em passar o leite à pressão através de
um aparelho semelhante a um coador com buracos muito pequenos, reduzindo então o
Tamanho       dos glóbulos graxos, evitando portando a separação da gordura. A
homogeneização serve para impedir a formação de nata no leite pasteurizado, sendo
essencial para o leite Longa Vida, deixando o leite mais branco, melhorando o aspecto,
palatabilidade e digestão e ainda melhora a qualidade do queijo e iogurte.
Universidade Federal do Espírito Santo - UFES
Pró-Reitoria de Extensão - P r o g r a m a I n s t i t u c i o n a l d e E x t e n s ã o
Boletim Técnico - PIE-UFES:02207 - Editado: 19.10.2007

4. DERIVADOS


         A partir do leite é possível a elaboração de diversos derivados, agregando valor ao
produto. Os processos tecnológicos pelo qual o leite passa permite a elaboração de queijos,
doces, iogurtes e muitos outros produtos.


4.1 LEITE RECONSTITUÍDO


         É o produto resultante da dissolução em água, do adicionado ou não, de gordura
láctea, até atingir o teor gorduroso fixado para tipo, seguido de homogeneização e
pasteurização (Artigo 504 do RIISPOA).


4.2 CREME


         Entende-se por creme de leite o produto lácteo relativamente rico em gordura
retirada do leite por procedimento tecnologicamente adequado, que apresenta a forma de
uma emulsão de gordura em água (RIISPOA, Artigo 546).
         O creme obtido poderá ser submetido a pasteurização, a apertização ou ao
tratamento UAT (UHT), sendo nestes casos denominados e a ele não é permitida a adição
de nenhum aditivo ou coadjuvante para o creme pasteurizado, no entanto para os cremes
esterilizado e UAT podem conter os agentes espessantes e/ou estabilizantes, tais como:
ácido algínico e seus sais de cálcio, sódio, potássio e amônio; carboximetilcelulose e seu sal
de sódio, goma guar e pectina. Para informações complementar vide a Portaria N° 146 de
07.03.96 do Ministério da Agricultura.


4.3 MANTEIGA


         Entende-se por manteiga o produto gorduroso obtido exclusivamente pela bate ção e
malaxagem, com ou sem modificação biológica do creme pasteurizado, derivado
exclusivamente do leite de vaca, por processos tecnologicamente adequados. A matéria
gorda da manteiga deverá estar composta exclusivamente de gordura Láctea (RIISPOA,
Artigo 568).


4.4 QUEIJOS


“Entende-se por queo o produto fresco ou maturado que se obtém por separação parcial do
Universidade Federal do Espírito Santo - UFES
Pró-Reitoria de Extensão - P r o g r a m a I n s t i t u c i o n a l d e E x t e n s ã o
Boletim Técnico - PIE-UFES:02207 - Editado: 19.10.2007

soro do leite ou leite reconstituído (integral, parcial ou totalmente desnatado) ou de soros
lácteos, coagulados pela ação física do coalho, enzimas especificas de bactérias
específicas, de ácidos orgânicos, isolados ou combinados, todos de qualidade apta para uso
alimentar, com ou sem agregação de substâncias alimentícias e/ou especiarias e/ou
condimentos, aditivos especificamente indicados, substâncias aromatizantes e matérias
corantes” (Art. 598 do RIISPOA).
         Devido à diversidade de processos tecnológicos empregados existe uma variedade
de tipos de queijos tais como: Queijo Minas Frescal, Queijo Mussarela, Queijo Tipo
Parmesão, Queijo Provolone, Queijo Prato e Ricota.


4.5 LEITES DESIDRATADOS


         Entende-se por “Leite desidratado” o produto resultante da desidratação (remoção de
água) parcial ou total, em condições adequadas. Os produtos resultantes podem ser: o leite
concentrado, evaporado, condensado e o doce de leite.


a) Leite concentrado: produto resultante da desidratação de leite fluido, seguindo de
refrigeração       ou     tratamento       térmico       condizente        ao     fim      que   se   destina.


b) Leite evaporado: ou “leite condensado sem açúcar” produto resultante da desidratação
parcial do leite fluido, seguindo de homogeneização, enlatamento e esterilização
(apertização) (RIISPOA—Art. 654).


c) Leite condensado: ou “leite condensado com açúcar” produto resultante da desidratação
parcial do leite fluido ao qual é adicionado xarope (glicose ou sacarose) seguindo de
envasamento. São fases de fabricação de leite condensado: seleção do leite, padronização
dos teores de gordura e de sólidos totais, pré-aquecimento, adição de xarope (solução de
sacarose ou glicose), condensação, refrigeração, cristalização e enlatamento (RIISPOA—
Art. 657).


d) Doce de leite: produto, com ou sem adição de outras substâncias alimentícias, obtido por
concentração e ação do calor a pressão normal ou reduzida do leite ou leite reconstituído,
com ou sem adição de sólidos de origem láctea e/ou creme e adicionado de sacarose
(parcialmente substituída ou não por monossacarídeos e/ou outros dissacarídeos). É
proibido adicionar gorduras estranhas, gelificantes ou substâncias impróprias de qualquer
natureza, embora inócuas, exceto o Bicarbonato de Sódio em quantidades suficientes à
Universidade Federal do Espírito Santo - UFES
Pró-Reitoria de Extensão - P r o g r a m a I n s t i t u c i o n a l d e E x t e n s ã o
Boletim Técnico - PIE-UFES:02207 - Editado: 19.10.2007

redução da acidez do leite e estabilizadores de caseína (RIISPOA — Art. 659).


4.6 LEITE EM PÓ (RIISPOA—Artigos de 669 a 679; e Portaria N°146 de 07/03/1996)


         Entende-se por leite em pó o produto obtido por desidratação do leite de vaca
integral, desnatado ou parcialmente desnatado e apto para a alimentação humana,
mediante processos tecnologicamente adequados. Considera-se fase de fabricação do leite
em pó para consumo humano direto: seleção do leite, padronização dos teores de gordura e
de sólidos.


4.7 OUTROS DERIVADOS


         Existem outros diversos derivados e todos eles tem a necessidade de ser
processado seguindo as normas do RIISPOA.


5. PONDERAÇÕES FINAIS


         O processamento do leite e seus derivados exigem correta higienização evitando
assim a contaminação do produto garantindo a qualidade do produto final ao consumidor.


6. REFERÊNCIAS


ABREU, L. R. de – Tecnologia de Leite e Derivados – Processamento e Controle de
Qualidade em Carne, Leite, Ovos e Pescado, Lavras: UFLA/FAEPE, 2000.


BRASIL. Ministério da Agricultura. Regulamento da inspeção industrial e sanitária de
produtos de origem animal - RIISPOA. Disponível em: <http://www.agais.com>. Acesso em:
19 de outubro de 2007.


BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Regulamento da inspeção
tecnológica        e     higiênico-sanitária         de      carne       de      aves.     Disponível   em:
<http://www.agais.com/normas/>. Acesso em: 19 de outubro de 2007.


Embrapa Gado de Leite. Disponível em: www.cnpgl.embrapa.br/jornaleite/fotos/331.jpg>
Acesso em: 19 de outubro de 2007.

Weitere ähnliche Inhalte

Was ist angesagt?

qualidade do leite
qualidade do leitequalidade do leite
qualidade do leiteguestb24543c
 
Leite: a importancia da qualidade - Palestrante - Helena Fagundes Letti - Mus...
Leite: a importancia da qualidade - Palestrante - Helena Fagundes Letti - Mus...Leite: a importancia da qualidade - Palestrante - Helena Fagundes Letti - Mus...
Leite: a importancia da qualidade - Palestrante - Helena Fagundes Letti - Mus...Revista Cafeicultura
 
Implantação de uma Fábrica de Queijo de Coalho
Implantação de uma Fábrica de Queijo de CoalhoImplantação de uma Fábrica de Queijo de Coalho
Implantação de uma Fábrica de Queijo de Coalhoguest2b5d06
 
Processamento de Leite Condensado e Requeijão
Processamento de Leite Condensado e RequeijãoProcessamento de Leite Condensado e Requeijão
Processamento de Leite Condensado e RequeijãoJeniffer Kelly Rodrigues
 
Características do leite
Características do leiteCaracterísticas do leite
Características do leiteLoreta Vasco
 
Fluxograma Panificação
Fluxograma   PanificaçãoFluxograma   Panificação
Fluxograma PanificaçãoCássio Campos
 
Aula 1 masssas alimenticias
Aula 1   masssas alimenticiasAula 1   masssas alimenticias
Aula 1 masssas alimenticiasCristiane Santos
 

Was ist angesagt? (14)

qualidade do leite
qualidade do leitequalidade do leite
qualidade do leite
 
Qualidade do leite 25
Qualidade do leite 25Qualidade do leite 25
Qualidade do leite 25
 
Leite: a importancia da qualidade - Palestrante - Helena Fagundes Letti - Mus...
Leite: a importancia da qualidade - Palestrante - Helena Fagundes Letti - Mus...Leite: a importancia da qualidade - Palestrante - Helena Fagundes Letti - Mus...
Leite: a importancia da qualidade - Palestrante - Helena Fagundes Letti - Mus...
 
Queijo mussarela
Queijo mussarelaQueijo mussarela
Queijo mussarela
 
Queijo prato
Queijo pratoQueijo prato
Queijo prato
 
Implantação de uma Fábrica de Queijo de Coalho
Implantação de uma Fábrica de Queijo de CoalhoImplantação de uma Fábrica de Queijo de Coalho
Implantação de uma Fábrica de Queijo de Coalho
 
Processamento de Leite Condensado e Requeijão
Processamento de Leite Condensado e RequeijãoProcessamento de Leite Condensado e Requeijão
Processamento de Leite Condensado e Requeijão
 
Inspeção de Leite
Inspeção de LeiteInspeção de Leite
Inspeção de Leite
 
Características do leite
Características do leiteCaracterísticas do leite
Características do leite
 
Queijo parmesão
Queijo parmesãoQueijo parmesão
Queijo parmesão
 
Creme de leite
Creme de leiteCreme de leite
Creme de leite
 
Fluxograma Panificação
Fluxograma   PanificaçãoFluxograma   Panificação
Fluxograma Panificação
 
Aula 1 masssas alimenticias
Aula 1   masssas alimenticiasAula 1   masssas alimenticias
Aula 1 masssas alimenticias
 
Manteiga
ManteigaManteiga
Manteiga
 

Andere mochten auch

Ética um olhar sobre a formação e a prática arquivística
Ética um olhar sobre a formação e a prática arquivísticaÉtica um olhar sobre a formação e a prática arquivística
Ética um olhar sobre a formação e a prática arquivísticaMônica Guimarães
 
11 mais do que palavras - e-book autismo - fern sussman.pdf
11   mais do que palavras - e-book autismo - fern sussman.pdf11   mais do que palavras - e-book autismo - fern sussman.pdf
11 mais do que palavras - e-book autismo - fern sussman.pdfDébora Oliveira
 
Reuters: Pictures of the Year 2016 (Part 2)
Reuters: Pictures of the Year 2016 (Part 2)Reuters: Pictures of the Year 2016 (Part 2)
Reuters: Pictures of the Year 2016 (Part 2)maditabalnco
 
The Six Highest Performing B2B Blog Post Formats
The Six Highest Performing B2B Blog Post FormatsThe Six Highest Performing B2B Blog Post Formats
The Six Highest Performing B2B Blog Post FormatsBarry Feldman
 
The Outcome Economy
The Outcome EconomyThe Outcome Economy
The Outcome EconomyHelge Tennø
 

Andere mochten auch (6)

Camomilina C
Camomilina CCamomilina C
Camomilina C
 
Ética um olhar sobre a formação e a prática arquivística
Ética um olhar sobre a formação e a prática arquivísticaÉtica um olhar sobre a formação e a prática arquivística
Ética um olhar sobre a formação e a prática arquivística
 
11 mais do que palavras - e-book autismo - fern sussman.pdf
11   mais do que palavras - e-book autismo - fern sussman.pdf11   mais do que palavras - e-book autismo - fern sussman.pdf
11 mais do que palavras - e-book autismo - fern sussman.pdf
 
Reuters: Pictures of the Year 2016 (Part 2)
Reuters: Pictures of the Year 2016 (Part 2)Reuters: Pictures of the Year 2016 (Part 2)
Reuters: Pictures of the Year 2016 (Part 2)
 
The Six Highest Performing B2B Blog Post Formats
The Six Highest Performing B2B Blog Post FormatsThe Six Highest Performing B2B Blog Post Formats
The Six Highest Performing B2B Blog Post Formats
 
The Outcome Economy
The Outcome EconomyThe Outcome Economy
The Outcome Economy
 

Ähnlich wie B022 processamento bovinoleite

Ähnlich wie B022 processamento bovinoleite (20)

Embrapa queijo prato
Embrapa queijo pratoEmbrapa queijo prato
Embrapa queijo prato
 
Queijo prato
Queijo pratoQueijo prato
Queijo prato
 
Queijo mussarela
Queijo mussarelaQueijo mussarela
Queijo mussarela
 
leite e derivados.vacas e homens pdf
leite e derivados.vacas e homens     pdfleite e derivados.vacas e homens     pdf
leite e derivados.vacas e homens pdf
 
Leite e derivados
Leite e derivadosLeite e derivados
Leite e derivados
 
Queijo parmes--o
Queijo parmes--oQueijo parmes--o
Queijo parmes--o
 
Embrapa queijo parmesão
Embrapa queijo parmesãoEmbrapa queijo parmesão
Embrapa queijo parmesão
 
Queijo parmesão
Queijo parmesãoQueijo parmesão
Queijo parmesão
 
Embrapaqueijoparmeso 170822133505
Embrapaqueijoparmeso 170822133505Embrapaqueijoparmeso 170822133505
Embrapaqueijoparmeso 170822133505
 
Embrapa queijo frescal
Embrapa queijo frescalEmbrapa queijo frescal
Embrapa queijo frescal
 
Fluxograma do queijo minas frescal
Fluxograma do queijo minas frescalFluxograma do queijo minas frescal
Fluxograma do queijo minas frescal
 
EXERCICIO LEITE
EXERCICIO LEITEEXERCICIO LEITE
EXERCICIO LEITE
 
exercício leite
exercício leite exercício leite
exercício leite
 
Apresentação de defesa do técnico em agroindustria
Apresentação de defesa do técnico em agroindustriaApresentação de defesa do técnico em agroindustria
Apresentação de defesa do técnico em agroindustria
 
Senar produção de leite conforme in 62
Senar   produção de leite conforme in 62Senar   produção de leite conforme in 62
Senar produção de leite conforme in 62
 
290481009-Processamento-Creme-de-Leite-Manteiga-e-Margarina.pptx
290481009-Processamento-Creme-de-Leite-Manteiga-e-Margarina.pptx290481009-Processamento-Creme-de-Leite-Manteiga-e-Margarina.pptx
290481009-Processamento-Creme-de-Leite-Manteiga-e-Margarina.pptx
 
Como fazer Iogurte.
Como fazer Iogurte.Como fazer Iogurte.
Como fazer Iogurte.
 
Resumo
ResumoResumo
Resumo
 
Caminhos Do Leite
Caminhos Do LeiteCaminhos Do Leite
Caminhos Do Leite
 
Queijo coalho
Queijo coalhoQueijo coalho
Queijo coalho
 

B022 processamento bovinoleite

  • 1. Universidade Federal do Espírito Santo - UFES Pró-Reitoria de Extensão - P r o g r a m a I n s t i t u c i o n a l d e E x t e n s ã o Boletim Técnico - PIE-UFES:02207 - Editado: 19.10.2007 PROCESSAMENTO DO LEITE Katiani Silva Venturini1 (e-mail: katiani_sv@hotmail.com) Miryelle Freire Sarcinelli1 (e-mail: miryelle@hotmail.com) Luís César da Silva2 (website: www.agais.com) 1. INTRODUÇÃO Com o aumento do consumo e da produção do leite, surgiu a necessidade de aprimoramento de técnicas e de higienização na obtenção, transporte e conservação do leite, com o objetivo de garantir um produto limpo e saudável e com maior tempo de conservação. Por isso existem inúmeros processos que podem ser feitos ao leite para melhora da qualidade e aumentar a vida de prateleira do produto. 2. HIGIENIZAÇÃO As tetas do animal a ser ordenhado devem sofrer prévia lavagem com água corrente, seguindo-se secagem com toalhas descartáveis e início imediato da ordenha, com descarte dos jatos iniciais de leite em caneca de fundo escuro ou em outro recipiente específico para essa finalidade. Em casos especiais, como os de alta prevalência de mamite causada por microrganismos do ambiente, pode-se adotar o sistema de desinfecção das tetas antes da ordenha, mediante técnica e produtos desinfetantes apropriados, adotando-se cuidados para evitar a transferência de resíduos desses produtos para o leite (secagem criteriosa das tetas antes da ordenha). Após a ordenha, desinfetar imediatamente as tetas com produtos apropriados. Os animais devem ser mantidos em pé pelo tempo necessário para que o esfíncter da teta volte a se fechar. Para isso, recomenda-se oferecer alimentação no cocho após a ordenha; O leite obtido deve ser coado em recipiente apropriado de aço inoxidável, náilon, alumínio ou plástico sem cheiro e refrigerado até a temperatura de 7°C em até 3 h (três horas); A limpeza do equipamento de ordenha e do equipamento de refrigeração do leite deve ser feita de acordo com instruções do fabricante, usando-se material e utensílios adequados, bem como detergentes sem cheiro e incolores. 1 Bolsista do P r o g r a m a I n s t i t u c i o n a l d e E x t e n s ã o 2 Professor do Centro de Ciências Agrárias da UFES
  • 2. Universidade Federal do Espírito Santo - UFES Pró-Reitoria de Extensão - P r o g r a m a I n s t i t u c i o n a l d e E x t e n s ã o Boletim Técnico - PIE-UFES:02207 - Editado: 19.10.2007 Observação: A filtragem e o resfriamento do leite imediatamente após a ordenha é uma medida eficiente para diminuir o crescimento microbiano no leite e aumentar seu tempo de conservação, isto é, leite sem acidificação. Não é possível, evidentemente, produzir um leite isento de bactérias, mas é tanto possível como necessário produzir um leite com um mínimo de bactérias. 3. PROCESSAMENTO O processamento do leite pode ser feito com duas finalidades: Produção de leite para consumo (Leite pasteurizado ou leite UAT); Produção de derivados. O processamento do leite e seus derivados em nível industrial requer a execução de diferentes operações unitárias como esquematizado na figura 01. Figura 01 – Fluxograma das operações unitárias associadas ao beneficiamento do leite. 3.1 RESFRIAMENTO A temperatura do leite na ocasião da ordenha (± 35°C), é bastante favorável à multiplicação dos germes e, conseqüentemente é prejudicial à fabricação de derivados. O resfriamento (Figura 02) do leite é uma medida bastante eficaz no que diz respeito à contenção da acidificação causada pelas bactérias.
  • 3. Universidade Federal do Espírito Santo - UFES Pró-Reitoria de Extensão - P r o g r a m a I n s t i t u c i o n a l d e E x t e n s ã o Boletim Técnico - PIE-UFES:02207 - Editado: 19.10.2007 Para a fabricação de queijos, em nível de fazenda, a melhor opção é a transformação imediata do leite logo após a ordenha, ficando o resfriamento restrito a um acidente qualquer que por ventura impeça a fabricação do queijo no mesmo dia da ordenha. Figura 02– Tanque de refrigeração (Crédito: www.cnpgl.embrapa.br/jornaleite/fotos/331.jpg) 3.2 PADRONIZAÇÃO Padronização é a retirada parcial da gordura do leite. Mantém constante o teor no produto final. O leite é padronizado tipo C e UHT é padronizado com 3% de gordura. Feita por desnatadeiras centrífugas, o laticínio usa para si o creme retirado para a fabricação de manteiga, requeijão, etc. Os leites tipo A e B não sofrem padronização, devem ser integrais. 3.3 PASTEURIZAÇÃO Pasteurizar consiste no aquecimento do leite a uma determinada temperatura, por um determinado tempo, visando eliminar bactérias patogênicas e reduzir as deterioradoras, seguido de resfriamento, aumentando a vida útil do leite, sem alteração sensível da sua composição nutricional e sensorial. Nunca esquecer que a Pasteurização é um recurso, usado para retardar a deterioração do leite. O processo, se bem executado, permite destruir a totalidade das bactérias nocivas à saúde e reduzir muito aquelas que não fazem mal, que apenas azedam o leite. O leite pasteurizado, portanto, dura mais e não oferece riscos para o consumo. A pasteurização é um tratamento indispensável e obrigatório. Além das vantagens mencionadas, ajuda também na uniformização do produto final e melhora a ação dos fermentos pela eliminação da concorrência de bactérias.
  • 4. Universidade Federal do Espírito Santo - UFES Pró-Reitoria de Extensão - P r o g r a m a I n s t i t u c i o n a l d e E x t e n s ã o Boletim Técnico - PIE-UFES:02207 - Editado: 19.10.2007 3.3.1 Tipos principais Lenta: Baixa temperatura longo tempo – 650C por 30 minutos – Artesanal. Rápida: Alta temperatura curto tempo – 750C por 15 segundos – Industrial. Pasteurização Lenta Consiste em aquecer o leite a 65°C e mantê-lo a esta temperatura por 30 minutos. Durante este tempo, o leite deve ser agitado para: Evitar aderência às paredes do recipiente, promover aquecimento uniforme de todas as suas partículas e, ao mesmo tempo, evitar formação de espuma. Este processo é mais usado em pequenas indústrias onde o volume de produção não justifica a aquisição de um pasteurizador de placas. Neste caso, é importante rapidez no resfriamento. Lentidão, nesta fase, pode favorecer o aumento considerável de bactérias que não fazem mal a saúde, porém acidificam o produto e também daquelas maléficas que porventura possam entrar em contato com o produto durante o resfriamento. Pasteurização Rápida Consiste em aquecer o leite a 75°C e mantê-lo, por 15 segundos, em um equipamento com trocadores de calor de placas. É o processo mais usado em indústrias de médio e grande porte. A temperatura e o tempo de pasteurização foram determinados em função de destruição da bactéria Coxieta burnetti (agente infecciosa da febre Q), que é a bactéria patogênica mais resistente à alta temperatura e que pode estar presente no leite. 3.4 HOMOGEINIZAÇÃO A homogeneização é o processo que consiste em passar o leite à pressão através de um aparelho semelhante a um coador com buracos muito pequenos, reduzindo então o Tamanho dos glóbulos graxos, evitando portando a separação da gordura. A homogeneização serve para impedir a formação de nata no leite pasteurizado, sendo essencial para o leite Longa Vida, deixando o leite mais branco, melhorando o aspecto, palatabilidade e digestão e ainda melhora a qualidade do queijo e iogurte.
  • 5. Universidade Federal do Espírito Santo - UFES Pró-Reitoria de Extensão - P r o g r a m a I n s t i t u c i o n a l d e E x t e n s ã o Boletim Técnico - PIE-UFES:02207 - Editado: 19.10.2007 4. DERIVADOS A partir do leite é possível a elaboração de diversos derivados, agregando valor ao produto. Os processos tecnológicos pelo qual o leite passa permite a elaboração de queijos, doces, iogurtes e muitos outros produtos. 4.1 LEITE RECONSTITUÍDO É o produto resultante da dissolução em água, do adicionado ou não, de gordura láctea, até atingir o teor gorduroso fixado para tipo, seguido de homogeneização e pasteurização (Artigo 504 do RIISPOA). 4.2 CREME Entende-se por creme de leite o produto lácteo relativamente rico em gordura retirada do leite por procedimento tecnologicamente adequado, que apresenta a forma de uma emulsão de gordura em água (RIISPOA, Artigo 546). O creme obtido poderá ser submetido a pasteurização, a apertização ou ao tratamento UAT (UHT), sendo nestes casos denominados e a ele não é permitida a adição de nenhum aditivo ou coadjuvante para o creme pasteurizado, no entanto para os cremes esterilizado e UAT podem conter os agentes espessantes e/ou estabilizantes, tais como: ácido algínico e seus sais de cálcio, sódio, potássio e amônio; carboximetilcelulose e seu sal de sódio, goma guar e pectina. Para informações complementar vide a Portaria N° 146 de 07.03.96 do Ministério da Agricultura. 4.3 MANTEIGA Entende-se por manteiga o produto gorduroso obtido exclusivamente pela bate ção e malaxagem, com ou sem modificação biológica do creme pasteurizado, derivado exclusivamente do leite de vaca, por processos tecnologicamente adequados. A matéria gorda da manteiga deverá estar composta exclusivamente de gordura Láctea (RIISPOA, Artigo 568). 4.4 QUEIJOS “Entende-se por queo o produto fresco ou maturado que se obtém por separação parcial do
  • 6. Universidade Federal do Espírito Santo - UFES Pró-Reitoria de Extensão - P r o g r a m a I n s t i t u c i o n a l d e E x t e n s ã o Boletim Técnico - PIE-UFES:02207 - Editado: 19.10.2007 soro do leite ou leite reconstituído (integral, parcial ou totalmente desnatado) ou de soros lácteos, coagulados pela ação física do coalho, enzimas especificas de bactérias específicas, de ácidos orgânicos, isolados ou combinados, todos de qualidade apta para uso alimentar, com ou sem agregação de substâncias alimentícias e/ou especiarias e/ou condimentos, aditivos especificamente indicados, substâncias aromatizantes e matérias corantes” (Art. 598 do RIISPOA). Devido à diversidade de processos tecnológicos empregados existe uma variedade de tipos de queijos tais como: Queijo Minas Frescal, Queijo Mussarela, Queijo Tipo Parmesão, Queijo Provolone, Queijo Prato e Ricota. 4.5 LEITES DESIDRATADOS Entende-se por “Leite desidratado” o produto resultante da desidratação (remoção de água) parcial ou total, em condições adequadas. Os produtos resultantes podem ser: o leite concentrado, evaporado, condensado e o doce de leite. a) Leite concentrado: produto resultante da desidratação de leite fluido, seguindo de refrigeração ou tratamento térmico condizente ao fim que se destina. b) Leite evaporado: ou “leite condensado sem açúcar” produto resultante da desidratação parcial do leite fluido, seguindo de homogeneização, enlatamento e esterilização (apertização) (RIISPOA—Art. 654). c) Leite condensado: ou “leite condensado com açúcar” produto resultante da desidratação parcial do leite fluido ao qual é adicionado xarope (glicose ou sacarose) seguindo de envasamento. São fases de fabricação de leite condensado: seleção do leite, padronização dos teores de gordura e de sólidos totais, pré-aquecimento, adição de xarope (solução de sacarose ou glicose), condensação, refrigeração, cristalização e enlatamento (RIISPOA— Art. 657). d) Doce de leite: produto, com ou sem adição de outras substâncias alimentícias, obtido por concentração e ação do calor a pressão normal ou reduzida do leite ou leite reconstituído, com ou sem adição de sólidos de origem láctea e/ou creme e adicionado de sacarose (parcialmente substituída ou não por monossacarídeos e/ou outros dissacarídeos). É proibido adicionar gorduras estranhas, gelificantes ou substâncias impróprias de qualquer natureza, embora inócuas, exceto o Bicarbonato de Sódio em quantidades suficientes à
  • 7. Universidade Federal do Espírito Santo - UFES Pró-Reitoria de Extensão - P r o g r a m a I n s t i t u c i o n a l d e E x t e n s ã o Boletim Técnico - PIE-UFES:02207 - Editado: 19.10.2007 redução da acidez do leite e estabilizadores de caseína (RIISPOA — Art. 659). 4.6 LEITE EM PÓ (RIISPOA—Artigos de 669 a 679; e Portaria N°146 de 07/03/1996) Entende-se por leite em pó o produto obtido por desidratação do leite de vaca integral, desnatado ou parcialmente desnatado e apto para a alimentação humana, mediante processos tecnologicamente adequados. Considera-se fase de fabricação do leite em pó para consumo humano direto: seleção do leite, padronização dos teores de gordura e de sólidos. 4.7 OUTROS DERIVADOS Existem outros diversos derivados e todos eles tem a necessidade de ser processado seguindo as normas do RIISPOA. 5. PONDERAÇÕES FINAIS O processamento do leite e seus derivados exigem correta higienização evitando assim a contaminação do produto garantindo a qualidade do produto final ao consumidor. 6. REFERÊNCIAS ABREU, L. R. de – Tecnologia de Leite e Derivados – Processamento e Controle de Qualidade em Carne, Leite, Ovos e Pescado, Lavras: UFLA/FAEPE, 2000. BRASIL. Ministério da Agricultura. Regulamento da inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal - RIISPOA. Disponível em: <http://www.agais.com>. Acesso em: 19 de outubro de 2007. BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Regulamento da inspeção tecnológica e higiênico-sanitária de carne de aves. Disponível em: <http://www.agais.com/normas/>. Acesso em: 19 de outubro de 2007. Embrapa Gado de Leite. Disponível em: www.cnpgl.embrapa.br/jornaleite/fotos/331.jpg> Acesso em: 19 de outubro de 2007.