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A Vida na Idade Média
                     - Geneviève D’Haurcourt -




               UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
                      UNEB – Campus XVIII

Disciplina: Europa Medieval: Imaginário, Cultura e Sociedade.

Docente: Maria Sandra Gama

Acadêmicos:     André Lima
                Dandara Silva
                Danilo Serafim
                José Odair
                Marcio Ramalho
                Marisa Martins
                Neide Gonçalves
                Priscilla Saturnino
                Zeny Sena




               A Vida na Idade Média
                     - Geneviève D’Haurcourt -
Introdução
        Genevieve Marie Gabrielle D'Haucourt nasceu 03 de dezembro de 1904 na França.
Estudou em um momento em que era rara a presença de mulheres no meio acadêmico.
Formou-se em Licenciatura em Direito e foi à primeira mulher advogada em Rennes, uma
comunidade francesa na região administrativa da Bretanha.
        Morou nos Estados Unidos por 30 anos onde trabalhou no FMI e foi professora
universitária em Chicago. Publicou em 1951 seu livro “A Vida na Idade Média” e teve outras
obras. Em 1970 voltou para a França e lá veio a falecer em 24 de setembro de 2000 aos 96
anos.
        No contexto histórico, o milênio que começa por volta do ano 500 e se estende até
cerca de 1500 assistiu ao nascimento da Europa, com eventos que vão desde as invasões
bárbaras até a queda do império Bizantino. Terminado este período, a maior parte das nações
modernas havia adquirido forma, nome e língua e estava cimentada por todo um passado
histórico particular. Esse período, que nos deixou tantos monumentos, tantos documentos
estudados por excelentes historiadores, é ainda muito mal conhecido pelo grande público, o
que traz à tona expressões tais como “Idade das Trevas” que na verdade não passam de mera
tolice.
        No livro “A Vida na Idade Média”, Geneviève D' Haucourt fala sobre o cotidiano europeu
no período que abrange a Idade Média, onde focaliza os pequenos detalhes do dia a dia
em cada esfera social. Na introdução do livro, a autora descreve aspectos importantes da
civilização e do Império Romano, segundo ela “uma magnífica criação política de Roma”; e
ressalta que a vocação romana era de ordem, de técnica, de organização, de direito e que os
romanos adaptavam sua arte e cultura à arte e cultura a dos gregos. Esta civilização alicerçada
sobre uma camada escrava que se alimentava por guerras e pelo comércio era urbana e
situava-se em belas cidades ornadas com lindas estátuas, fontes, termas; apreciada pela
aristocracia rica que era a classe social dominante uma vez que ocupavam os altos cargos
e títulos importantes. Estas cidades eram interligadas por meio de estradas, o que favorecia
o comércio entre elas e atraía comerciantes de diversas partes que vinham comprar e trazer
produtos e matéria-prima.
        No entanto, os saques eram inevitáveis. Com isso, as cidades construíram muralhas
ao seu redor, o que não impedia, mas dificultava o acesso de invasores. Como muitos da
aristocracia retornaram ao campo, posteriormente muitas invenções na área agrícola facilitaram
em muito a vida agrícola na Idade Média. A inserção da força dos animais, a manufatura do
ferro, as novas técnicas para o arado da terra, enfim, trouxe significativo progresso em uma
sociedade basicamente feudal que buscava sentido à vida na Igreja por meio dos costumes e
tradições religiosas.




                               Capítulo I - A VIDA MATERIAL

        No primeiro capítulo a autora nos trás alguns aspectos do cotidiano na idade média.
Toda a população desta época era rural. Independia que fosse nobre ou não. Ela conta que
diferentemente de hoje, as condições naturais se sobrepunham a todas as outras e o cidadão
tinha que se adaptar ao ritmo da natureza. Trabalhava-se mais durante o verão e repousava-se
mais no inverno. Não sendo a luz artificial de boa qualidade, a luz do sol indicava a extensão
da jornada de trabalho no campo e eram poucas as profissões que se permitia o trabalho
noturno. Durante o inverno usavam madeiras que havia em abundância nas florestas próximas
as suas moradias, para se aquecerem e davam preferência ao carvão pra cozerem seus
alimentos. Também usavam cobertores e se vestiam de roupas forradas para se protegerem
do frio. O verão era estação mais crucial para se vencer principalmente por conta das roupas
pesadas que usavam.
        A falta de segurança nas estradas, considerada um problema político foi superada a
partir do momento que se impôs um poder forte que criou uma milícia e tornou senhores
encarregados por territórios responsáveis por indenizarem as vítimas de ataques dos
salteadores.
        Adiante a autora analisa o problema das distancias considerando os caminhos e os
meios de transportes. Segundo ela, não faltavam pistas ou atalhos e que alguns destes
remontavam a época da pré-história e aos primeiros povoados, mas que a negligência com
falta de manutenção tornava-nas precárias durante as estações de chuvas que viajantes em
charretes preferiam usar os acostamentos. Os rios eram bastante aproveitados, sobretudo para
o transporte de materiais pesados como pedra, madeira, areia grãos, vinhos etc. Através dele o
transporte se fazia de um modo mais rápido. Aliás, a água, mar ou rio, representou um
importante meio de comunicação.
        As cidades só podiam se formar e expandir-se se houvesse meios de satisfazer suas
necessidades de sobrevivência. As pequenas eram muradas e em seus interiores eram
cultivado hortaliças e celeiros onde armazenavam as colheitas do ano. As maiores eram
povoadas não apenas por agricultores, mas por artesãos, comerciantes e administradores e
funcionavam como abastecedoras para os vilarejos vizinhos. A manutenção deste comércio era
feita a pé, a cavalo ou em charretes que percorriam distâncias de até 8 km até o destino final
das mercadorias. As cidades eram ricas o bastante para assegurar a manutenção dessas
estradas e das milícias protetoras.
        Para as aglomerações crescerem ainda mais era necessário que dependesse de uma
cidade inda maior, que tivesse solo fértil, boas relações com a cidade, transporte e ter
abundância de rios. Graças a estas qualidades Paris desta época conseguiu manter mais de
100.000 habitantes. Nesta época a força mecânica não era aproveitada nos meios de
transporte. No mar utilizava-se dos ventos nos rios a força humana ou animais.
        As guerras feudais até os tempos de São Luiz eram quase sempre lutas de um domínio
contra o outro. O serviço militar era obrigação dos súditos para com o seu suserano, mas era
estabelecido um período máximo de quarenta dias para este trabalho e podiam se recusar a
sair dos limites do feudo.
        As cidades maiores de 20.000 habitantes apresentavam uma auto-suficiência
econômica enquanto que as menores praticavam o somente o consumo local. A dificuldade
com o transporte e a distribuição econômica explica o porquê à economia era voltada para
satisfazer as necessidades locais e não para a venda ou lucro.
        Cada um vivia de acordo sua possibilidade. Mas por vezes sofriam dificuldades
conseqüentes dos obstáculos em estocarem seus alimentos. Nestas ocasiões eram socorridas
pelas abadias que eram empresas agrícolas ricas e que tinha por obrigação a prática da
caridade cristã. Foi a partir destas práticas pouco comerciais e não capitalista que considerava
o lucro como pecado e da dificuldade de alimentar os grupos não produtores de alimentos que
surgiu a prática da policultura (pág.20)


                               Capitulo II - O Ritmo do Tempo
       O dia da Idade Média começava para os clérigos à meia-noite, para os homens
do campo, de madrugada. O dia era regulado pelo sol, nas cidades e burgos com igrejas
colegiadas ou mosteiros pelo soar dos sinos, que eram basicamente o “despertador” da
sociedade medieval.
As horas canônicas eram de um modo geral a grande divisão do tempo, que podia ser
flexível conforme a estação do ano importava mais separar o dia de 24 horas em dia e noite
que dividi-lo em seções; os relógios, apesar de raros, não eram absolutamente desconhecidos,
quando se precisava medir o tempo, recorria-se a diversos meios: ampulhetas, velas que
dividiam a noite e serviam como duração para algumas preces.
        Ao acordar, faziam-se três sinais da cruz, em homenagem a Trindade, e uma prece.
Depois as pessoas se vestiam na seguinte ordem: vestia a camisa, calçava as ceroulas, vestia
uma espécie de colete, o capuz ridículo, calçava as meias, os sapatos, depois as roupas de
cima apertavam a correia (cinto). As pessoas só se lavavam depois de vestidas e então se
limitavam a limpar as partes do corpo que ainda permaneciam visíveis, ou seja, o rosto e as
mãos, muitas pessoas dividiam o mesmo quarto e não havia gabinetes privativos ou toaletes.
Uma toalete completa se fazia com o tronco nu diante de um balde de água.
        Muitos nas cortes senhoriais, nas cidades e vilarejos, começavam o seu dia com
preces na igreja e assistindo à missa, uma silenciosa, para os mortos, outra, cantada, para o
dia, tanto para um cristão comum quanto para um nobre religioso contava no seu programa
diário, missas, rezas, jejuns que não poderiam ser quebrados e quem o assim fizesse era
considerado um dissoluto. Tais costumes entravam tão eficazmente nos hábitos diários que já
nem constituía um indício de devoção, algumas praticas devocionais aliava-se a uma vida bem
mediocremente fervorosa. Ao voltar da igreja, por volta das seis horas, tomava-se o desjejum,
comia-se novamente às nove horas para começar então a jornada de trabalho, indefinidamente
variável segundo as condições, a fortuna, o sexo, o meio rural ou urbano.
        Na corte, dava-se audiência aos numerosos solicitantes que vinham lhe expor algum
caso, na cidade, o artesão comerciante abria sua loja, trabalhava com seus ajudantes ou
aprendizes, enquanto a mulher limpava a casa ou ia às compras ou ainda ajudava seu marido;
e as crianças com o alfabeto pendurado no cinto, partiam para a escola. Nas praças ficavam
os trabalhadores não especializados à procura de trabalho, o médico sai para as consultas,
o magistrado vai à audiência, os professores começam suas leituras. As ruas estreitas
ficam cheias de gente, os mercados abastecidos; os pequenos artesãos, que não tem lojas,
passam nas ruas com suas mercadorias nas costas, gritando para chamar a clientela, os
gritos publicitários se entrecruzam. Nas cidades menores é uma animação: as mulheres vão
buscar água na fonte, as moças vão ao lavadouro, ao mercado, pára-se para conversar com a
comadre devota que centraliza e distribui todos os mexericos.
        Por volta do meio-dia já era a hora do jantar. Em todo lugar, ao cair à noite, o trabalho
cessava, salvo raras exceções, as corporações, temiam os ricos de incêndio, a iluminação era
fortemente precária. Nos campos ou na cidade, as pessoas se contentavam com as chamas
irregulares da lareira. Os perigos de incêndio era um dos mais graves que podia ameaçar
as cidades que eram extremamente apertadas e construídas, em sua maioria, em madeira e
taipa. As pessoas na Idade Média dormiam nuas e muitas vezes aglomeradas; e por questão
de pudor só acabavam de se despir depois de deitadas. Durante a noite e a madrugada, os
monges levantavam uma ou duas vezes para cantar matinas e os vigias nas torres, muros e
ruas das cidades velavam pela segurança.
        O calendário medieval é o das festas da Igreja, o ano litúrgico começa no Natal, cujo
ciclo cerimonial começa com o Advento. Quanto ao ano civil, cada um tem seus costumes e
o calendário pode variar de acordo a região. O Natal é a mais alegre das festas, no inicio do
século XIII, São Francisco de Assis popularizou o presépio.
        Primeiro de janeiro, Festa da Circuncisão e do nome de Jesus, é também, desde a
Antiguidade, o dia dos presentes e das praticas supersticiosas. A Epifania, (décimo terceiro
dia) é o dia de Reis, a corte do rei celebra com brilho essa festa que serve de importante
ponto de referencia no calendário administrativo, é também uma das datas em que se
quitam os impostos. Até a quaresma, o mundo cristão permanecia festivo, compensando-se
antecipadamente das penitências que viriam.
Em fevereiro inicia-se o inverno. Numa data que dependia da contagem do ano litúrgico,
chegava a Quaresma “muito detestada pelos pobres”, onde exceto aos domingos, deviam
abster-se de carne e jejuar. Quarenta dias se seguiam nesta observação até chegar a Semana
Santa aberta pelo Domingo de Ramos, na Quinta-Feira Santa, os bispos, reis, senhores e
outros bons cristãos faziam questão de receber os pobres e lavava-lhes os pés e os convidava
para sua mesa. Finalmente explodia a alegria pascal: Páscoa da comunhão, também chamada
Páscoa da carne. Os cristãos absolvidos de seus pecados iam à igreja paroquial receber a
comunhão, quebrava-se o jejum de quarenta dias com refeições abundantes.
        Nessa ocasião recomeçava o trabalho dos campos, pois chegara à primavera. No início
de maio desenrolam-se as pompas litúrgicas: rogações, procissões que passam pelos campos
benzendo as futuras colheitas. Corpus Christi é inaugurado no século XIII. O mês de junho
termina com as festas dos santos particularmente amados e celebrados: dia 24, São João
Batista e dia 29, São Pedro e São Paulo.
        As festas deram origem ao teatro. No século XI, a celebração do ofício de Páscoa, de
Natal, deu lugar aos primeiros dramas litúrgicos piedosamente representados pelos clérigos em
latim, depois a imaginação e às vezes o recurso aos apócrifos introduziram novas personagens
e cenas de comédia. No século XII começa-se a usar a língua vulgar, e o teatro sai da igreja
e é representado no adro, no século XIII desenvolve-se um teatro puramente profano com
representações misturadas a canções e no século XV são vistas moralidades alegóricas
e pantomimas. Mas é o teatro religioso o principal, no século XIV espalhou-se por toda a
cristandade e foram criadas companhias beneficentes pra representar todo o ano o mesmo
mistério, o repertório compreende historias de santos, mas principalmente mistérios extraídos
da história do homem desde sua queda até a Redenção e a Ressurreição, uma obra dirigida
com luxo e, sobretudo coletiva, da qual toda a cidade participa e atrai espectadores vindos
de longe. Jamais, desde a Idade Média, o teatro readquiriu o caráter que tivera no tempo
dos gregos, de arte para todos, do mais humilde ao senhor, do mais simples ao sábio, podia
comungar uma mesma grandiosa celebração. A Renascença separaria a elite do povo.
        O comércio itinerante prospera com a primavera, pequenas lojas e bancas são
montadas nos locais onde peregrinos se reúnem, onde ocorrem as festas que é muitas vezes
superada pela feira, que tem origens no século XIII, onde ocorre a maior manifestação do
comércio internacional. Os pregadores ambulantes precedidos de boa reputação viajam
seguidos por uma multidão devota. Os administradores também aproveitam do bom tempo
para fazer suas visitas de inspeção das quais virão prestar contas aos parlamentos do Dia de
Todos os Santos. A autoridade, munida de sua ordem de missão, se necessário, chega a uma
localidade, às vezes de improviso. Dirigem-se às personagens importantes da região, prefeito
ou síndico, conselheiros, jurados ou cônsules em exercício e honorários.
        No campo, o verão é a estação de grande atividade, da tosa dos animais a colheita dos
frutos a fim de guardá-los para o inverno. Os pobres não são excluídos da abundância da terra,
eles apanham os restos nos campos após a colheita. Cada qual garante para si as provisões
para o inverno e o dia de São Miguel é uma grande data para saldar as dívidas.
        O Dia de Finados e o de Todos os Santos são os últimos grandes pontos de referência
do ano. As escolas reabrem, no campo lavra-se e semeia-se, recolhe-se madeira, abatem-se
os porcos, engordam-se os gansos. E eis que novamente o mundo espera pelo Natal.



                              Capítulo III – O Ritmo da Vida
       A autora pontua que na idade média o nascimento de crianças era motivo de alegria, o
que segundo dizia Santo Aquino: “Nenhum lar em que falte o popular de crianças é perfeito”.
Ora, não era de se estranhar que as famílias tivessem muitos filhos, afinal era ela quem
fornecia homens para as cruzadas, mosteiros e inúmeras guerras do período. Ao nascer,
a criança tinha sua cabeça envolta com touca e era massageada para adquirir uma forma
elegante; O batizado era pensado três dias após o nascimento para que, em caso de morte,
herdasse o céu. Os padrinhos além de escolherem o nome da criança, que poderia ser de
Santo ou não, serviam de testemunhas posto que não houvesse nenhum tipo de registro de
nascimento ou de batismo na época.
         O resguardo da mãe durava aproximadamente três semanas e neste período, se fosse
rica, dispunha todo o seu tesouro à vista dos seus visitantes como forma de homenagem a
estes que por sua vez levavam presentes ao bebê. Após este período, fazia uma visita à igreja
onde recebia a prece da purificação.
          “A infância não é apenas a idade da brincadeira, é a época da formação”. (p.83). Na
idade média à exceção da formação religiosa, tida como fundamental, desde muito cedo o
ofício dos pais, seja artesão, doméstico ou camponês, era ensinado às crianças com o objetivo
de prepará-lo para viver de acordo sua classe social. A cultura pessoal se fazia através da
experiência. Mas a formação exigia uma educação mais aprimorada.
         O primogênito do camponês, do artesão, do magistrado, do grande proprietário,
auxiliava o pai para depois sucedê-lo. O camponês caçula só podia permanecer junto ao pai
ou irmão mais velho, se produzissem o suficiente para alimentá-lo, do contrário ele deveria
estabelecer-se na cidade como criado, aprendiz ou chefe de guerra na tropa de algum senhor.
Alguns se tornavam vendedores ambulantes, fato que os transformou em agentes de um
renascimento das trocas e de uma vida econômica ativa.
         Quanto às mulheres, as destinadas ao casamento deveriam ter um dote enquanto
outras permaneciam na casa da família como auxiliares dedicadas e não recebiam salário.
Aquelas destinadas à sociedade eram instruídas num convento, aprendiam a ler escrever,
bordar, cantar, tocar um instrumento. As destinadas à vida religiosa cresciam em mosteiros
onde também aprendiam a ler, escrever, contar e bordar. Aprendiam, inclusive, latim, grego
e hebraico.        Os meninos eram preparados para a vida militar desde pequenos, e seus
aprendizados iam sendo aprimorados.
         Além da educação doméstica, havia a possibilidade da formação escolar. As escolas
monásticas que se proliferaram limitavam-se ao ensino catequista, de canto, a leitura, a escrita
e um pouco de aritmética nas latinas, onde o latim era a única língua usada e o principal objeto
de estudo. O latim, língua viva, era considerado o instrumento universal da cultura religiosa,
literária, filosófica, jurídica e científica. Era compreendida e falada em toda Europa. Os alunos
pagavam uma contribuição que era utilizada para remuneração dos mestres, já os “indigentes”
eram dispensados. A autoridade religiosa era a responsável por promover a instrução e
disciplina. De modo que, segundo a autora, “Desde o início do século XII os vilarejos ingleses
tinham, diz-se, tantos professores quantos cobradores e funcionários reais.” (p. 92)
         Nas universidades, de Teologia, Direito Canônico, Medicina, Astronomia, Direito
Romano, Matemática entre outras, os professores utilizavam a metodologia do comentário,
analisando frase por frase a obra, cujo estudo servia de base ao ensino. Já as discussões,
que como conta a autora, “(...) eram para os imbecis a oportunidade de estabelecer catálogos
de opiniões diversas, ficando estes felizes por acompanharem cada enunciado de copiosas
citações (...)” (p.93), consistiam em confrontar as teses contrárias sobre o mesmo tema. Para o
comentário os professores utilizavam os textos clássicos de escritores renomados.
         Os exames consistiam em analogia às defesas de tese do século passado, através de
discussões com os examinadores. A finalização se dava com a colação de graus: bacharelado,
licenciatura, mestrado e doutorado. Assim, durante uma cerimônia religiosa, o novo doutor
recebia com o barrete quadrado, um anel, símbolo de sua união com a ciência.
         Através do casamento eram feitam alianças que garantiam a guerra ou a paz entre duas
   famílias de grandes proprietários ou de nobres. Logo ao nascer, a criança era prometida em
   casamento. Este, segundo a autora, para os nascidos da falta de ocupação representava
   uma formalidade social, para igreja um sacramento conferido aos cônjuges, já para a família
representava, sobretudo, algo de relevância econômica e até patrimonial, sendo muitas vezes
política. Contudo, nem sempre esta união resultava em um novo lar. Por questões financeiras,
o novo casal permanecia junto à família dos pais do noivo, caso a noiva tivesse irmãos, ela
então levaria um dote ou o adiantamento da herança; ou na casa dos pais da noiva, se esta
não possuísse irmãos, para que assim ajudassem nos negócios da família que constituía a
principal célula social, sendo responsável pelo pagamento dos impostos e serviço militar. Este
modelo de família em comunidade permaneceu até a Revolução Francesa.
       Quando a união se dava entre vassalos de senhores diferentes dizia-se do cônjuge que
este estava a empobrecer o seu senhor e a enriquecer outro. Isso se resolvia mediante um
pagamento.
       Em oposição a estas conveniências sociais a igreja proclama que o homem e a mulher
se unam por um sacramento indissolúvel e para tanto bastava apenas o consentimento
mútuo, independente de suas famílias. Em caso de intolerâncias faziam-se justificativas de
impedimento legal para se obter uma anulação dessa união, o que não significava sua
ruptura, mas sim a constatação de que nunca existiu. Houve resistência a esta imposição,
entretanto a igreja permaneceu convicta de seus princípios e jamais admitiu a ruptura da
união de um casal.
      Não era bem vista uma candidata a noiva que demonstrasse mais ousadia em conhecer
melhor o futuro noivo, esse tipo de comportamento provocava no candidato certa aversão a
aquela que poderia vir a ser a sua futura esposa.
       O noivado precisava ter aprovação da igreja que o formalizava seguindo um ritual
onde o casal trocava alianças, firmava-se um compromisso diante dos seus pais e do
representante da igreja. Após o noivado dava-se início período dos proclamas, que durava
aproximadamente 40 dias e cuja finalidade era investigar a vida dos noivos para ver se
havia algo que impedisse o casamento. Após este período o casamento era marcado. A
cerimônia religiosa era praticamente a repetição dos votos do noivado só que acontecia
diante da multidão. Festas para noivos da realeza, noivos camponeses, viúvos que se casam
novamente, entre outros casos tinham intensa participação popular, obviamente dentro de
suas camadas sociais.
       Da idade média para os dias atuais ainda há preservação no que se refere ao ritual da
cerimônia, os proclamas e a proibição do divórcio pela igreja. O relato da autora, mostra que
sobre as condições sanitárias da idade média sabe-se que de tempos em tempos vinha a
guerra e com ela muita penúria, fome, desnutrição e epidemias. A mais conhecida, a peste
(1348-49), que assolou a Europa, matando cerca de um terço de seus habitantes. As doenças
mais comuns eram: Lepra, varíola, malária, sífilis. O cultivo da fé religiosa a certeza da
imortalidade da alma e da existência do outro mundo, e a crença que os sofrimentos eram
transitórios fazia com tivessem as enfermidades com maior resignação.
       Os hospitais construídos a fim de abrigar doentes funcionavam também como hotel,
albergue que recebiam os peregrinos de passagem, asilo para velhos, maternidade para
mulheres e até moradia para estudantes necessitados. Neles havia normas orientando que
todos ali fossem bem cuidados.
       Médicos e cirurgiões também tratavam os doentes em suas casas, eles enfrentavam
concorrência com barbeiros, especialistas em sangria e charlatões de todo tipo. Também
os religiosos, especializavam nos “tratamentos” aos doentes em uma arte empírica onde, os
dons naturais, o uso de chás e ungüentos, misturavam fórmulas de devoção e superstição.
        Quando a morte se aproxima, o enfermo se prepara para a vida eterna purificando-
se dos seus erros através da confissão. Os que deviam chama então o notário e faz seu
testamento, onde ordena ao seu herdeiro restituir os bens adquiridos de forma duvidosa.
Quando a restituição se torna impossível, o doente faz uma doação. Perto do último suspiro,
os últimos sacramentos lhe eram concedidos. Após sua morte, religiosos ou vizinhos vinham
lavar o corpo e vesti-lo. O corpo era enterrado diretamente na terra ou em caixão de madeira
e até chumbo.
         Corpo enterrado restava agora, regulamentar o patrimônio do defunto. Se os defuntos
 deixassem dívidas, seus herdeiros as pagavam, tanto para manter a honra da família como
 para aliviar alma do defunto, que sofria enquanto a justiça não fosse cumprida.


                                        Conclusão
         A obra de Geneviève D’Haucourt traz vários aspectos da vida medieval, destacando
 detalhadamente cada ponto do cotidiano deste sistema social basicamente fundamentado
 no feudalismo. A “impregnação religiosa” como coloca a autora se faz presente no dia a dia
 europeu da época, onde o papel social, político e familiar da igreja eram exercidos quase que
 de forma absoluta, tendo sob seus domínios o rígido controle da manutenção ético-político-
 social.
         Valores como o familiar e o religioso são os pontos norteadores desta sociedade,
 uma vez que ícones do cotidiano tais como o nascimento, a educação, o modo de se vestir,
 de se alimentar, o casamento e outros aspectos, giram em torno de heranças romanas e de
 construções ideológicas dentro de uma vida simples, até mesmo para os nobres.


                                        Referências

D’HACOURT, Geneviève. A vida na Idade Média. Trad. Marisa Déa. Martins Fontes. São
Paulo, 1994.

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A VIDA NA IDADE MÉDIA

  • 1. A Vida na Idade Média - Geneviève D’Haurcourt - UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA UNEB – Campus XVIII Disciplina: Europa Medieval: Imaginário, Cultura e Sociedade. Docente: Maria Sandra Gama Acadêmicos: André Lima Dandara Silva Danilo Serafim José Odair Marcio Ramalho Marisa Martins Neide Gonçalves Priscilla Saturnino Zeny Sena A Vida na Idade Média - Geneviève D’Haurcourt -
  • 2. Introdução Genevieve Marie Gabrielle D'Haucourt nasceu 03 de dezembro de 1904 na França. Estudou em um momento em que era rara a presença de mulheres no meio acadêmico. Formou-se em Licenciatura em Direito e foi à primeira mulher advogada em Rennes, uma comunidade francesa na região administrativa da Bretanha. Morou nos Estados Unidos por 30 anos onde trabalhou no FMI e foi professora universitária em Chicago. Publicou em 1951 seu livro “A Vida na Idade Média” e teve outras obras. Em 1970 voltou para a França e lá veio a falecer em 24 de setembro de 2000 aos 96 anos. No contexto histórico, o milênio que começa por volta do ano 500 e se estende até cerca de 1500 assistiu ao nascimento da Europa, com eventos que vão desde as invasões bárbaras até a queda do império Bizantino. Terminado este período, a maior parte das nações modernas havia adquirido forma, nome e língua e estava cimentada por todo um passado histórico particular. Esse período, que nos deixou tantos monumentos, tantos documentos estudados por excelentes historiadores, é ainda muito mal conhecido pelo grande público, o que traz à tona expressões tais como “Idade das Trevas” que na verdade não passam de mera tolice. No livro “A Vida na Idade Média”, Geneviève D' Haucourt fala sobre o cotidiano europeu no período que abrange a Idade Média, onde focaliza os pequenos detalhes do dia a dia em cada esfera social. Na introdução do livro, a autora descreve aspectos importantes da civilização e do Império Romano, segundo ela “uma magnífica criação política de Roma”; e ressalta que a vocação romana era de ordem, de técnica, de organização, de direito e que os romanos adaptavam sua arte e cultura à arte e cultura a dos gregos. Esta civilização alicerçada sobre uma camada escrava que se alimentava por guerras e pelo comércio era urbana e situava-se em belas cidades ornadas com lindas estátuas, fontes, termas; apreciada pela aristocracia rica que era a classe social dominante uma vez que ocupavam os altos cargos e títulos importantes. Estas cidades eram interligadas por meio de estradas, o que favorecia o comércio entre elas e atraía comerciantes de diversas partes que vinham comprar e trazer produtos e matéria-prima. No entanto, os saques eram inevitáveis. Com isso, as cidades construíram muralhas ao seu redor, o que não impedia, mas dificultava o acesso de invasores. Como muitos da aristocracia retornaram ao campo, posteriormente muitas invenções na área agrícola facilitaram em muito a vida agrícola na Idade Média. A inserção da força dos animais, a manufatura do ferro, as novas técnicas para o arado da terra, enfim, trouxe significativo progresso em uma sociedade basicamente feudal que buscava sentido à vida na Igreja por meio dos costumes e tradições religiosas. Capítulo I - A VIDA MATERIAL No primeiro capítulo a autora nos trás alguns aspectos do cotidiano na idade média. Toda a população desta época era rural. Independia que fosse nobre ou não. Ela conta que diferentemente de hoje, as condições naturais se sobrepunham a todas as outras e o cidadão tinha que se adaptar ao ritmo da natureza. Trabalhava-se mais durante o verão e repousava-se mais no inverno. Não sendo a luz artificial de boa qualidade, a luz do sol indicava a extensão da jornada de trabalho no campo e eram poucas as profissões que se permitia o trabalho
  • 3. noturno. Durante o inverno usavam madeiras que havia em abundância nas florestas próximas as suas moradias, para se aquecerem e davam preferência ao carvão pra cozerem seus alimentos. Também usavam cobertores e se vestiam de roupas forradas para se protegerem do frio. O verão era estação mais crucial para se vencer principalmente por conta das roupas pesadas que usavam. A falta de segurança nas estradas, considerada um problema político foi superada a partir do momento que se impôs um poder forte que criou uma milícia e tornou senhores encarregados por territórios responsáveis por indenizarem as vítimas de ataques dos salteadores. Adiante a autora analisa o problema das distancias considerando os caminhos e os meios de transportes. Segundo ela, não faltavam pistas ou atalhos e que alguns destes remontavam a época da pré-história e aos primeiros povoados, mas que a negligência com falta de manutenção tornava-nas precárias durante as estações de chuvas que viajantes em charretes preferiam usar os acostamentos. Os rios eram bastante aproveitados, sobretudo para o transporte de materiais pesados como pedra, madeira, areia grãos, vinhos etc. Através dele o transporte se fazia de um modo mais rápido. Aliás, a água, mar ou rio, representou um importante meio de comunicação. As cidades só podiam se formar e expandir-se se houvesse meios de satisfazer suas necessidades de sobrevivência. As pequenas eram muradas e em seus interiores eram cultivado hortaliças e celeiros onde armazenavam as colheitas do ano. As maiores eram povoadas não apenas por agricultores, mas por artesãos, comerciantes e administradores e funcionavam como abastecedoras para os vilarejos vizinhos. A manutenção deste comércio era feita a pé, a cavalo ou em charretes que percorriam distâncias de até 8 km até o destino final das mercadorias. As cidades eram ricas o bastante para assegurar a manutenção dessas estradas e das milícias protetoras. Para as aglomerações crescerem ainda mais era necessário que dependesse de uma cidade inda maior, que tivesse solo fértil, boas relações com a cidade, transporte e ter abundância de rios. Graças a estas qualidades Paris desta época conseguiu manter mais de 100.000 habitantes. Nesta época a força mecânica não era aproveitada nos meios de transporte. No mar utilizava-se dos ventos nos rios a força humana ou animais. As guerras feudais até os tempos de São Luiz eram quase sempre lutas de um domínio contra o outro. O serviço militar era obrigação dos súditos para com o seu suserano, mas era estabelecido um período máximo de quarenta dias para este trabalho e podiam se recusar a sair dos limites do feudo. As cidades maiores de 20.000 habitantes apresentavam uma auto-suficiência econômica enquanto que as menores praticavam o somente o consumo local. A dificuldade com o transporte e a distribuição econômica explica o porquê à economia era voltada para satisfazer as necessidades locais e não para a venda ou lucro. Cada um vivia de acordo sua possibilidade. Mas por vezes sofriam dificuldades conseqüentes dos obstáculos em estocarem seus alimentos. Nestas ocasiões eram socorridas pelas abadias que eram empresas agrícolas ricas e que tinha por obrigação a prática da caridade cristã. Foi a partir destas práticas pouco comerciais e não capitalista que considerava o lucro como pecado e da dificuldade de alimentar os grupos não produtores de alimentos que surgiu a prática da policultura (pág.20) Capitulo II - O Ritmo do Tempo O dia da Idade Média começava para os clérigos à meia-noite, para os homens do campo, de madrugada. O dia era regulado pelo sol, nas cidades e burgos com igrejas colegiadas ou mosteiros pelo soar dos sinos, que eram basicamente o “despertador” da sociedade medieval.
  • 4. As horas canônicas eram de um modo geral a grande divisão do tempo, que podia ser flexível conforme a estação do ano importava mais separar o dia de 24 horas em dia e noite que dividi-lo em seções; os relógios, apesar de raros, não eram absolutamente desconhecidos, quando se precisava medir o tempo, recorria-se a diversos meios: ampulhetas, velas que dividiam a noite e serviam como duração para algumas preces. Ao acordar, faziam-se três sinais da cruz, em homenagem a Trindade, e uma prece. Depois as pessoas se vestiam na seguinte ordem: vestia a camisa, calçava as ceroulas, vestia uma espécie de colete, o capuz ridículo, calçava as meias, os sapatos, depois as roupas de cima apertavam a correia (cinto). As pessoas só se lavavam depois de vestidas e então se limitavam a limpar as partes do corpo que ainda permaneciam visíveis, ou seja, o rosto e as mãos, muitas pessoas dividiam o mesmo quarto e não havia gabinetes privativos ou toaletes. Uma toalete completa se fazia com o tronco nu diante de um balde de água. Muitos nas cortes senhoriais, nas cidades e vilarejos, começavam o seu dia com preces na igreja e assistindo à missa, uma silenciosa, para os mortos, outra, cantada, para o dia, tanto para um cristão comum quanto para um nobre religioso contava no seu programa diário, missas, rezas, jejuns que não poderiam ser quebrados e quem o assim fizesse era considerado um dissoluto. Tais costumes entravam tão eficazmente nos hábitos diários que já nem constituía um indício de devoção, algumas praticas devocionais aliava-se a uma vida bem mediocremente fervorosa. Ao voltar da igreja, por volta das seis horas, tomava-se o desjejum, comia-se novamente às nove horas para começar então a jornada de trabalho, indefinidamente variável segundo as condições, a fortuna, o sexo, o meio rural ou urbano. Na corte, dava-se audiência aos numerosos solicitantes que vinham lhe expor algum caso, na cidade, o artesão comerciante abria sua loja, trabalhava com seus ajudantes ou aprendizes, enquanto a mulher limpava a casa ou ia às compras ou ainda ajudava seu marido; e as crianças com o alfabeto pendurado no cinto, partiam para a escola. Nas praças ficavam os trabalhadores não especializados à procura de trabalho, o médico sai para as consultas, o magistrado vai à audiência, os professores começam suas leituras. As ruas estreitas ficam cheias de gente, os mercados abastecidos; os pequenos artesãos, que não tem lojas, passam nas ruas com suas mercadorias nas costas, gritando para chamar a clientela, os gritos publicitários se entrecruzam. Nas cidades menores é uma animação: as mulheres vão buscar água na fonte, as moças vão ao lavadouro, ao mercado, pára-se para conversar com a comadre devota que centraliza e distribui todos os mexericos. Por volta do meio-dia já era a hora do jantar. Em todo lugar, ao cair à noite, o trabalho cessava, salvo raras exceções, as corporações, temiam os ricos de incêndio, a iluminação era fortemente precária. Nos campos ou na cidade, as pessoas se contentavam com as chamas irregulares da lareira. Os perigos de incêndio era um dos mais graves que podia ameaçar as cidades que eram extremamente apertadas e construídas, em sua maioria, em madeira e taipa. As pessoas na Idade Média dormiam nuas e muitas vezes aglomeradas; e por questão de pudor só acabavam de se despir depois de deitadas. Durante a noite e a madrugada, os monges levantavam uma ou duas vezes para cantar matinas e os vigias nas torres, muros e ruas das cidades velavam pela segurança. O calendário medieval é o das festas da Igreja, o ano litúrgico começa no Natal, cujo ciclo cerimonial começa com o Advento. Quanto ao ano civil, cada um tem seus costumes e o calendário pode variar de acordo a região. O Natal é a mais alegre das festas, no inicio do século XIII, São Francisco de Assis popularizou o presépio. Primeiro de janeiro, Festa da Circuncisão e do nome de Jesus, é também, desde a Antiguidade, o dia dos presentes e das praticas supersticiosas. A Epifania, (décimo terceiro dia) é o dia de Reis, a corte do rei celebra com brilho essa festa que serve de importante ponto de referencia no calendário administrativo, é também uma das datas em que se quitam os impostos. Até a quaresma, o mundo cristão permanecia festivo, compensando-se antecipadamente das penitências que viriam.
  • 5. Em fevereiro inicia-se o inverno. Numa data que dependia da contagem do ano litúrgico, chegava a Quaresma “muito detestada pelos pobres”, onde exceto aos domingos, deviam abster-se de carne e jejuar. Quarenta dias se seguiam nesta observação até chegar a Semana Santa aberta pelo Domingo de Ramos, na Quinta-Feira Santa, os bispos, reis, senhores e outros bons cristãos faziam questão de receber os pobres e lavava-lhes os pés e os convidava para sua mesa. Finalmente explodia a alegria pascal: Páscoa da comunhão, também chamada Páscoa da carne. Os cristãos absolvidos de seus pecados iam à igreja paroquial receber a comunhão, quebrava-se o jejum de quarenta dias com refeições abundantes. Nessa ocasião recomeçava o trabalho dos campos, pois chegara à primavera. No início de maio desenrolam-se as pompas litúrgicas: rogações, procissões que passam pelos campos benzendo as futuras colheitas. Corpus Christi é inaugurado no século XIII. O mês de junho termina com as festas dos santos particularmente amados e celebrados: dia 24, São João Batista e dia 29, São Pedro e São Paulo. As festas deram origem ao teatro. No século XI, a celebração do ofício de Páscoa, de Natal, deu lugar aos primeiros dramas litúrgicos piedosamente representados pelos clérigos em latim, depois a imaginação e às vezes o recurso aos apócrifos introduziram novas personagens e cenas de comédia. No século XII começa-se a usar a língua vulgar, e o teatro sai da igreja e é representado no adro, no século XIII desenvolve-se um teatro puramente profano com representações misturadas a canções e no século XV são vistas moralidades alegóricas e pantomimas. Mas é o teatro religioso o principal, no século XIV espalhou-se por toda a cristandade e foram criadas companhias beneficentes pra representar todo o ano o mesmo mistério, o repertório compreende historias de santos, mas principalmente mistérios extraídos da história do homem desde sua queda até a Redenção e a Ressurreição, uma obra dirigida com luxo e, sobretudo coletiva, da qual toda a cidade participa e atrai espectadores vindos de longe. Jamais, desde a Idade Média, o teatro readquiriu o caráter que tivera no tempo dos gregos, de arte para todos, do mais humilde ao senhor, do mais simples ao sábio, podia comungar uma mesma grandiosa celebração. A Renascença separaria a elite do povo. O comércio itinerante prospera com a primavera, pequenas lojas e bancas são montadas nos locais onde peregrinos se reúnem, onde ocorrem as festas que é muitas vezes superada pela feira, que tem origens no século XIII, onde ocorre a maior manifestação do comércio internacional. Os pregadores ambulantes precedidos de boa reputação viajam seguidos por uma multidão devota. Os administradores também aproveitam do bom tempo para fazer suas visitas de inspeção das quais virão prestar contas aos parlamentos do Dia de Todos os Santos. A autoridade, munida de sua ordem de missão, se necessário, chega a uma localidade, às vezes de improviso. Dirigem-se às personagens importantes da região, prefeito ou síndico, conselheiros, jurados ou cônsules em exercício e honorários. No campo, o verão é a estação de grande atividade, da tosa dos animais a colheita dos frutos a fim de guardá-los para o inverno. Os pobres não são excluídos da abundância da terra, eles apanham os restos nos campos após a colheita. Cada qual garante para si as provisões para o inverno e o dia de São Miguel é uma grande data para saldar as dívidas. O Dia de Finados e o de Todos os Santos são os últimos grandes pontos de referência do ano. As escolas reabrem, no campo lavra-se e semeia-se, recolhe-se madeira, abatem-se os porcos, engordam-se os gansos. E eis que novamente o mundo espera pelo Natal. Capítulo III – O Ritmo da Vida A autora pontua que na idade média o nascimento de crianças era motivo de alegria, o que segundo dizia Santo Aquino: “Nenhum lar em que falte o popular de crianças é perfeito”. Ora, não era de se estranhar que as famílias tivessem muitos filhos, afinal era ela quem fornecia homens para as cruzadas, mosteiros e inúmeras guerras do período. Ao nascer,
  • 6. a criança tinha sua cabeça envolta com touca e era massageada para adquirir uma forma elegante; O batizado era pensado três dias após o nascimento para que, em caso de morte, herdasse o céu. Os padrinhos além de escolherem o nome da criança, que poderia ser de Santo ou não, serviam de testemunhas posto que não houvesse nenhum tipo de registro de nascimento ou de batismo na época. O resguardo da mãe durava aproximadamente três semanas e neste período, se fosse rica, dispunha todo o seu tesouro à vista dos seus visitantes como forma de homenagem a estes que por sua vez levavam presentes ao bebê. Após este período, fazia uma visita à igreja onde recebia a prece da purificação. “A infância não é apenas a idade da brincadeira, é a época da formação”. (p.83). Na idade média à exceção da formação religiosa, tida como fundamental, desde muito cedo o ofício dos pais, seja artesão, doméstico ou camponês, era ensinado às crianças com o objetivo de prepará-lo para viver de acordo sua classe social. A cultura pessoal se fazia através da experiência. Mas a formação exigia uma educação mais aprimorada. O primogênito do camponês, do artesão, do magistrado, do grande proprietário, auxiliava o pai para depois sucedê-lo. O camponês caçula só podia permanecer junto ao pai ou irmão mais velho, se produzissem o suficiente para alimentá-lo, do contrário ele deveria estabelecer-se na cidade como criado, aprendiz ou chefe de guerra na tropa de algum senhor. Alguns se tornavam vendedores ambulantes, fato que os transformou em agentes de um renascimento das trocas e de uma vida econômica ativa. Quanto às mulheres, as destinadas ao casamento deveriam ter um dote enquanto outras permaneciam na casa da família como auxiliares dedicadas e não recebiam salário. Aquelas destinadas à sociedade eram instruídas num convento, aprendiam a ler escrever, bordar, cantar, tocar um instrumento. As destinadas à vida religiosa cresciam em mosteiros onde também aprendiam a ler, escrever, contar e bordar. Aprendiam, inclusive, latim, grego e hebraico. Os meninos eram preparados para a vida militar desde pequenos, e seus aprendizados iam sendo aprimorados. Além da educação doméstica, havia a possibilidade da formação escolar. As escolas monásticas que se proliferaram limitavam-se ao ensino catequista, de canto, a leitura, a escrita e um pouco de aritmética nas latinas, onde o latim era a única língua usada e o principal objeto de estudo. O latim, língua viva, era considerado o instrumento universal da cultura religiosa, literária, filosófica, jurídica e científica. Era compreendida e falada em toda Europa. Os alunos pagavam uma contribuição que era utilizada para remuneração dos mestres, já os “indigentes” eram dispensados. A autoridade religiosa era a responsável por promover a instrução e disciplina. De modo que, segundo a autora, “Desde o início do século XII os vilarejos ingleses tinham, diz-se, tantos professores quantos cobradores e funcionários reais.” (p. 92) Nas universidades, de Teologia, Direito Canônico, Medicina, Astronomia, Direito Romano, Matemática entre outras, os professores utilizavam a metodologia do comentário, analisando frase por frase a obra, cujo estudo servia de base ao ensino. Já as discussões, que como conta a autora, “(...) eram para os imbecis a oportunidade de estabelecer catálogos de opiniões diversas, ficando estes felizes por acompanharem cada enunciado de copiosas citações (...)” (p.93), consistiam em confrontar as teses contrárias sobre o mesmo tema. Para o comentário os professores utilizavam os textos clássicos de escritores renomados. Os exames consistiam em analogia às defesas de tese do século passado, através de discussões com os examinadores. A finalização se dava com a colação de graus: bacharelado, licenciatura, mestrado e doutorado. Assim, durante uma cerimônia religiosa, o novo doutor recebia com o barrete quadrado, um anel, símbolo de sua união com a ciência. Através do casamento eram feitam alianças que garantiam a guerra ou a paz entre duas famílias de grandes proprietários ou de nobres. Logo ao nascer, a criança era prometida em casamento. Este, segundo a autora, para os nascidos da falta de ocupação representava uma formalidade social, para igreja um sacramento conferido aos cônjuges, já para a família
  • 7. representava, sobretudo, algo de relevância econômica e até patrimonial, sendo muitas vezes política. Contudo, nem sempre esta união resultava em um novo lar. Por questões financeiras, o novo casal permanecia junto à família dos pais do noivo, caso a noiva tivesse irmãos, ela então levaria um dote ou o adiantamento da herança; ou na casa dos pais da noiva, se esta não possuísse irmãos, para que assim ajudassem nos negócios da família que constituía a principal célula social, sendo responsável pelo pagamento dos impostos e serviço militar. Este modelo de família em comunidade permaneceu até a Revolução Francesa. Quando a união se dava entre vassalos de senhores diferentes dizia-se do cônjuge que este estava a empobrecer o seu senhor e a enriquecer outro. Isso se resolvia mediante um pagamento. Em oposição a estas conveniências sociais a igreja proclama que o homem e a mulher se unam por um sacramento indissolúvel e para tanto bastava apenas o consentimento mútuo, independente de suas famílias. Em caso de intolerâncias faziam-se justificativas de impedimento legal para se obter uma anulação dessa união, o que não significava sua ruptura, mas sim a constatação de que nunca existiu. Houve resistência a esta imposição, entretanto a igreja permaneceu convicta de seus princípios e jamais admitiu a ruptura da união de um casal. Não era bem vista uma candidata a noiva que demonstrasse mais ousadia em conhecer melhor o futuro noivo, esse tipo de comportamento provocava no candidato certa aversão a aquela que poderia vir a ser a sua futura esposa. O noivado precisava ter aprovação da igreja que o formalizava seguindo um ritual onde o casal trocava alianças, firmava-se um compromisso diante dos seus pais e do representante da igreja. Após o noivado dava-se início período dos proclamas, que durava aproximadamente 40 dias e cuja finalidade era investigar a vida dos noivos para ver se havia algo que impedisse o casamento. Após este período o casamento era marcado. A cerimônia religiosa era praticamente a repetição dos votos do noivado só que acontecia diante da multidão. Festas para noivos da realeza, noivos camponeses, viúvos que se casam novamente, entre outros casos tinham intensa participação popular, obviamente dentro de suas camadas sociais. Da idade média para os dias atuais ainda há preservação no que se refere ao ritual da cerimônia, os proclamas e a proibição do divórcio pela igreja. O relato da autora, mostra que sobre as condições sanitárias da idade média sabe-se que de tempos em tempos vinha a guerra e com ela muita penúria, fome, desnutrição e epidemias. A mais conhecida, a peste (1348-49), que assolou a Europa, matando cerca de um terço de seus habitantes. As doenças mais comuns eram: Lepra, varíola, malária, sífilis. O cultivo da fé religiosa a certeza da imortalidade da alma e da existência do outro mundo, e a crença que os sofrimentos eram transitórios fazia com tivessem as enfermidades com maior resignação. Os hospitais construídos a fim de abrigar doentes funcionavam também como hotel, albergue que recebiam os peregrinos de passagem, asilo para velhos, maternidade para mulheres e até moradia para estudantes necessitados. Neles havia normas orientando que todos ali fossem bem cuidados. Médicos e cirurgiões também tratavam os doentes em suas casas, eles enfrentavam concorrência com barbeiros, especialistas em sangria e charlatões de todo tipo. Também os religiosos, especializavam nos “tratamentos” aos doentes em uma arte empírica onde, os dons naturais, o uso de chás e ungüentos, misturavam fórmulas de devoção e superstição. Quando a morte se aproxima, o enfermo se prepara para a vida eterna purificando- se dos seus erros através da confissão. Os que deviam chama então o notário e faz seu testamento, onde ordena ao seu herdeiro restituir os bens adquiridos de forma duvidosa. Quando a restituição se torna impossível, o doente faz uma doação. Perto do último suspiro, os últimos sacramentos lhe eram concedidos. Após sua morte, religiosos ou vizinhos vinham lavar o corpo e vesti-lo. O corpo era enterrado diretamente na terra ou em caixão de madeira
  • 8. e até chumbo. Corpo enterrado restava agora, regulamentar o patrimônio do defunto. Se os defuntos deixassem dívidas, seus herdeiros as pagavam, tanto para manter a honra da família como para aliviar alma do defunto, que sofria enquanto a justiça não fosse cumprida. Conclusão A obra de Geneviève D’Haucourt traz vários aspectos da vida medieval, destacando detalhadamente cada ponto do cotidiano deste sistema social basicamente fundamentado no feudalismo. A “impregnação religiosa” como coloca a autora se faz presente no dia a dia europeu da época, onde o papel social, político e familiar da igreja eram exercidos quase que de forma absoluta, tendo sob seus domínios o rígido controle da manutenção ético-político- social. Valores como o familiar e o religioso são os pontos norteadores desta sociedade, uma vez que ícones do cotidiano tais como o nascimento, a educação, o modo de se vestir, de se alimentar, o casamento e outros aspectos, giram em torno de heranças romanas e de construções ideológicas dentro de uma vida simples, até mesmo para os nobres. Referências D’HACOURT, Geneviève. A vida na Idade Média. Trad. Marisa Déa. Martins Fontes. São Paulo, 1994. ESTE TRABALHO FOI FEITO EM EQUIPE PELOS DISCENTES: