SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 24
Modernismo no Brasil
2ª geração – Poesia
2ª Geração (1930 – 1945)
• Fase de construção;
• Amadurecimento das conquistas modernistas;
• Poesia → retorno ao lirismo:
▫ Amor;
▫ Angústia;
▫ Social;
• Retomada de outras formas de poesia.
Contexto histórico
• Crise de 29:
▫ Afetou o mundo todo;
▫ Período de grande depressão;
▫ Queda da bolsa de NY;
▫ População não acompanhou o crescimento do
mercado.
• “Revolução” de 30 e Governo Vargas;
• Nazismo/Fascismo;
• 2ª Guerra Mundial;
• Bomba atômica.
Principais autores
• Manuel Bandeira:
▫ Ativo também na 1ª geração;
▫ Convívio com a Tuberculose;
▫ Caráter confidencial e autobiográfico;
▫ Estilo simples, linguagem confessional;
▫ Temáticas:
 Tom confessional;
 Infância;
 Fragilidade da vida;
 Melancolia;
 Presença constante da morte.
O que não tenho e desejo
É que melhor me enriquece.
Tive uns dinheiros — perdi-
os...
Tive amores — esqueci-os.
Mas no maior desespero
Rezei: ganhei essa prece.
Vi terras da minha terra.
Por outras terras andei.
Mas o que ficou marcado
No meu olhar fatigado,
Foram terras que inventei.
Gosto muito de crianças:
Não tive um filho de meu.
Um filho!... Não foi de jeito...
Mas trago dentro do peito
Meu filho que não nasceu.
Criou-me, desde eu menino
Para arquiteto meu pai.
Foi-se-me um dia a saúde...
Fiz-me arquiteto? Não pude!
Sou poeta menor, perdoai!
Não faço versos de guerra.
Não faço porque não sei.
Mas num torpedo-suicida
Darei de bom grado a vida
Na luta em que não lutei!
Testamento
Manuel Bandeira
Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
- Diga trinta e três.
- Trinta e três... trinta e três... trinta e três...
- Respire.
- O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o
pulmão direito infiltrado.
- Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
- Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
Pneumotórax
Manuel Bandeira
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu
quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
[...]
E quando eu estiver mais
triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra
Pasárgada.
Vou-me embora pra
Pasárgada
Manuel Bandeira
Principais autores
• Carlos Drummond de Andrade:
▫ Influências da 1ª geração;
▫ Múltiplas temáticas;
▫ Diferentes momentos:
 1º → + intimista, autoconhecimento;
 2º → + social, voltado para o mundo;
▫ Temáticas (1º momento):
 Autoconhecimento, passado, família, origens,
cotidiano;
▫ Temáticas (2º momento):
 Realidade social,existência, metalinguagem, amor,
amigos.
 1940 – Sentimento do mundo.
No meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra
No meio do caminho
Carlos Drummond de
Andrade
Elementos da 1ª
fase modernista
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos
outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José? [...]
José (trechos)
Carlos Drummond de Andrade
Influência da 1ª fase modernista
(poesia em fragmentos)
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse…
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?
Quando nasci um anjo torto
desses que vive na sombra
disse: Vai, Carlos! Ser gauche na vida.
[...]
O bonde passa cheio de pernas:
Pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus,
pergunta meu coração.
Porém meus olhos
nao perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do
bigode.
Poema de sete faces (trechos)
Carlos Drummond de Andrade
[...]
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma
solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
[...]
Não, meu coração não é maior que o
mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
por isso me grito,
por isso frequento os jornais, me exponho
[cruamente nas livrarias:
preciso de todos.
Sim, meu coração é muito pequeno.
Só agora vejo que nele não cabem os
homens.
Os homens estão cá fora, estão na rua.
A rua é enorme. Maior, muito maior do
que eu esperava.
Mas também a rua não cabe todos os
homens.
A rua é menor que o mundo.
O mundo é grande.
Mundo grande (trechos)
Carlos Drummond de Andrade
[...] Meu coração não sabe.
Estúpido, ridículo e frágil é meu
coração.
Só agora descubro
como é triste ignorar certas coisas.
(Na solidão de indivíduo
desaprendi a linguagem
com que homens se comunicam.)
[...] Então, meu coração também
pode crescer.
Entre o amor e o fogo,
entre a vida e o fogo,
meu coração cresce dez metros e
explode.
– Ó vida futura! Nós te criaremos
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens
presentes,
a vida presente. Mãos dadas
Carlos Drummond de Andrade
Carlos, sossegue, o amor
é isso que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija,
depois de amanhã é domingo
e segunda-feira ninguém sabe
o que será.
Inútil você resistir
ou mesmo suicidar-se.
Não se mate, oh não se mate,
reserve-se todo para
as bodas que ninguém sabe
quando virão,
se é que virão. [...]
Não se mate (trechos)
Carlos Drummond de Andrade
Entretanto você caminha
melancólico e vertical.
Você é a palmeira, você é o grito
que ninguém ouviu no teatro
e as luzes todas se apagam.
O amor no escuro, não, no claro,
é sempre triste, meu filho,
Carlos,
mas não diga nada a ninguém,
ninguém sabe nem saberá.
Principais autores
• Vinícius de Moraes:
▫ 1º momento:
 Poesia “mística”;
 Resgate do movimento simbolista (+ Cecília
Meireles) – Explora a sonoridade;
▫ 2º momento:
 Celebra o amor e a mulher + sensualidade;
 Sonetos (resgata a forma clássica);
 Bossa nova (samba + jazz americano) com Tom
Jobim / João Gilberto.
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Soneto da Fidelidade
Vinícius de Moraes
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama
De repente não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente
Fez-se do amigo próximo, distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente
Soneto da Separação
Vinícius de Moraes
Principais autores
• Cecília Meireles:
▫ Intimista;
▫ Existencialismo;
▫ Transitoriedade da vida + passagem do tempo;
▫ Musicalidade / Sinestesia (“Neossimbolismo”);
▫ + Poema épico sobre a inconfidência mineira.
• Mário Quintana:
▫ + Pessimista;
▫ Morte;
▫ Ironia/Humor;
▫ Melancolia/solidão;
▫ Tristeza.
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?
Retrato
Cecília Meireles
Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser
sozinha.
Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo
arbitrário
inventou para meu uso.
Lua adversa
Cecília Meireles
E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com
ninguém
(tenho fases, como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...
Romance LXXXIV ou dos cavalos da inconfidência
Eles eram muitos cavalos,
ao longo dessas grandes serras,
de crinas abertas ao vento,
a galope entre águas e pedras.
Eles eram muitos cavalos,
donos dos ares e das ervas,
com tranqüilos olhos macios, [...]
Eles eram muitos cavalos:
e uns viram correntes e algemas,
outros, o sangue sobre a forca,
outros, o crime e as recompensas.
Eles eram muitos cavalos:
e alguns foram postos à venda,
outros ficaram nos seus pastos,
e houve uns que, depois da sentença
levaram o Alferes cortado
em braços, pernas e cabeça.
E partiram com sua carga
na mais dolorosa inocência.
Romanceiro da Inconfidência
(trechos) – Poema épico
Cecília Meireles
Eles eram muitos cavalos.
E morreram por esses montes,
esses campos, esses abismos,
tendo servido a tantos homens.
Eles eram muitos cavalos,
mas ninguém mais sabe os seus
nomes
sua pelagem, sua origem...
E iam tão alto, e iam tão longe!
E por eles se suspirava,
consultando o imenso horizonte!
- Morreram seus flancos robustos,
que pareciam de ouro e bronze. [...]
Da vez primeira em que me assassinaram,
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.
Depois, a cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha.
Hoje, dos meu cadáveres eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada.
Arde um toco de Vela amarelada,
Como único bem que me ficou.
Vinde! Corvos, chacais, ladrões de estrada!
Pois dessa mão avaramente adunca
Não haverão de arrancar a luz sagrada!
Aves da noite! Asas do horror! Voejai!
Que a luz trêmula e triste como um ai,
A luz de um morto não se apaga nunca!
Rua dos Cataventos
Mário Quintana
Do amoroso esquecimento
Eu agora — que desfecho!
Já nem penso mais em ti…
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?
Envelhecer
Antes, todos os caminhos iam.
Agora todos os caminhos vêm
A casa é acolhedora, os livros poucos.
E eu mesmo preparo o chá para os fantasmas.
Tic-tac
Esse tic-tac dos relógios
é a máquina de costura do Tempo
a fabricar mortalhas.
Mário Quintana
Cynthia Funchal
http://www.portuguesatodaprova.com.br
• A reprodução, alteração e utilização dos slides e textos é livre para fins
didáticos, porém, recomenda-se a citação da fonte. É expressamente
proibida, para distribuição comercial, a veiculação deste material.

Weitere ähnliche Inhalte

Was ist angesagt?

2ª Fase do Modernismo (Poesia)
2ª Fase do Modernismo (Poesia)2ª Fase do Modernismo (Poesia)
2ª Fase do Modernismo (Poesia)
rkhelena
 
3ª Fase Modernista
3ª Fase Modernista   3ª Fase Modernista
3ª Fase Modernista
Ruth L
 

Was ist angesagt? (20)

2ª Fase do Modernismo (Poesia)
2ª Fase do Modernismo (Poesia)2ª Fase do Modernismo (Poesia)
2ª Fase do Modernismo (Poesia)
 
Parnasianismo brasileiro
Parnasianismo brasileiroParnasianismo brasileiro
Parnasianismo brasileiro
 
Barroco
BarrocoBarroco
Barroco
 
Guimarães rosa
Guimarães rosaGuimarães rosa
Guimarães rosa
 
Modernismo romance de 30
Modernismo   romance de 30Modernismo   romance de 30
Modernismo romance de 30
 
Romantismo no brasil
Romantismo no brasilRomantismo no brasil
Romantismo no brasil
 
Realismo e naturalismo no brasil completo
Realismo e naturalismo no brasil completoRealismo e naturalismo no brasil completo
Realismo e naturalismo no brasil completo
 
Romantismo - aula
Romantismo - aulaRomantismo - aula
Romantismo - aula
 
Modernismo (2ª fase) - Romance de 30
Modernismo (2ª fase) -  Romance de 30Modernismo (2ª fase) -  Romance de 30
Modernismo (2ª fase) - Romance de 30
 
2ª fase Modernismo (1930-1945)
2ª fase Modernismo (1930-1945) 2ª fase Modernismo (1930-1945)
2ª fase Modernismo (1930-1945)
 
Memórias póstumas de Brás Cubas
Memórias póstumas de Brás CubasMemórias póstumas de Brás Cubas
Memórias póstumas de Brás Cubas
 
A Poesia Marginal
A Poesia MarginalA Poesia Marginal
A Poesia Marginal
 
Humanismo - Literatura
Humanismo - LiteraturaHumanismo - Literatura
Humanismo - Literatura
 
Romantismo - poesia - brasil
Romantismo - poesia - brasilRomantismo - poesia - brasil
Romantismo - poesia - brasil
 
3ª Fase Modernista
3ª Fase Modernista   3ª Fase Modernista
3ª Fase Modernista
 
Realismo - Machado de assis
Realismo - Machado de assisRealismo - Machado de assis
Realismo - Machado de assis
 
Modernismo
Modernismo Modernismo
Modernismo
 
Triste fim de policarpo quaresma
Triste fim de policarpo quaresmaTriste fim de policarpo quaresma
Triste fim de policarpo quaresma
 
Romantismo Brasileiro - poesia e prosa
Romantismo Brasileiro - poesia e prosaRomantismo Brasileiro - poesia e prosa
Romantismo Brasileiro - poesia e prosa
 
ESCOLAS LITERÁRIAS.ppt
ESCOLAS LITERÁRIAS.pptESCOLAS LITERÁRIAS.ppt
ESCOLAS LITERÁRIAS.ppt
 

Andere mochten auch

Proposta de redação carta argumentativa
Proposta de redação carta argumentativaProposta de redação carta argumentativa
Proposta de redação carta argumentativa
Cynthia Funchal
 
Modernismo – 2ª fase – Romance de 30
Modernismo – 2ª fase – Romance de 30Modernismo – 2ª fase – Romance de 30
Modernismo – 2ª fase – Romance de 30
CrisBiagio
 

Andere mochten auch (20)

Modernismo 1ª fase
Modernismo 1ª faseModernismo 1ª fase
Modernismo 1ª fase
 
Pré modernismo
Pré modernismoPré modernismo
Pré modernismo
 
Planejamento de texto
Planejamento de textoPlanejamento de texto
Planejamento de texto
 
Proposta de redação carta argumentativa
Proposta de redação carta argumentativaProposta de redação carta argumentativa
Proposta de redação carta argumentativa
 
Planejamento de texto
Planejamento de textoPlanejamento de texto
Planejamento de texto
 
Parnasianismo e Simbolismo
Parnasianismo e SimbolismoParnasianismo e Simbolismo
Parnasianismo e Simbolismo
 
Coesão e operadores argumentativos
Coesão e operadores argumentativosCoesão e operadores argumentativos
Coesão e operadores argumentativos
 
Tipos e gêneros textuais
Tipos e gêneros textuaisTipos e gêneros textuais
Tipos e gêneros textuais
 
Adjunto adverbial, Adjunto adnominal e Complemento Nominal
Adjunto adverbial, Adjunto adnominal e Complemento NominalAdjunto adverbial, Adjunto adnominal e Complemento Nominal
Adjunto adverbial, Adjunto adnominal e Complemento Nominal
 
Aposto e vocativo
Aposto e vocativoAposto e vocativo
Aposto e vocativo
 
Romantismo
RomantismoRomantismo
Romantismo
 
Resumo e resenha
Resumo e resenhaResumo e resenha
Resumo e resenha
 
Arcadismo no brasil - autores e obras
Arcadismo no brasil  - autores e obrasArcadismo no brasil  - autores e obras
Arcadismo no brasil - autores e obras
 
Barroco
BarrocoBarroco
Barroco
 
3ª fase – modernismo brasileiro
3ª fase – modernismo brasileiro3ª fase – modernismo brasileiro
3ª fase – modernismo brasileiro
 
Conclusão - Dissertação
Conclusão - DissertaçãoConclusão - Dissertação
Conclusão - Dissertação
 
Quinhentismo
QuinhentismoQuinhentismo
Quinhentismo
 
Conclusao - Dissertação (ENEM)
Conclusao - Dissertação (ENEM)Conclusao - Dissertação (ENEM)
Conclusao - Dissertação (ENEM)
 
A Segunda Geração modernista brasileira: Poesia
A Segunda Geração modernista brasileira: PoesiaA Segunda Geração modernista brasileira: Poesia
A Segunda Geração modernista brasileira: Poesia
 
Modernismo – 2ª fase – Romance de 30
Modernismo – 2ª fase – Romance de 30Modernismo – 2ª fase – Romance de 30
Modernismo – 2ª fase – Romance de 30
 

Ähnlich wie Modernismo 2ª fase (Poesia)

Modernismo poesia - 2.a fase - Ose
Modernismo   poesia - 2.a fase - OseModernismo   poesia - 2.a fase - Ose
Modernismo poesia - 2.a fase - Ose
André Damázio
 
Principais poetas brasileiros
Principais poetas brasileirosPrincipais poetas brasileiros
Principais poetas brasileiros
Rafael Marques
 
Carlos drummond de andrade próprio
Carlos drummond de andrade   próprioCarlos drummond de andrade   próprio
Carlos drummond de andrade próprio
William Ferraz
 
Carlos drummond de andrade próprio
Carlos drummond de andrade   próprioCarlos drummond de andrade   próprio
Carlos drummond de andrade próprio
William Ferraz
 
Carlos drumond de andrade
Carlos drumond de andradeCarlos drumond de andrade
Carlos drumond de andrade
Rita Santana
 
Maísa Maria slide de carlos drummond
Maísa Maria slide de carlos drummondMaísa Maria slide de carlos drummond
Maísa Maria slide de carlos drummond
padrecoriolano
 

Ähnlich wie Modernismo 2ª fase (Poesia) (20)

Modernismo poesia - 2.a fase - Ose
Modernismo   poesia - 2.a fase - OseModernismo   poesia - 2.a fase - Ose
Modernismo poesia - 2.a fase - Ose
 
Caminhos modernistas - a geração poética de 30
Caminhos modernistas - a geração poética de 30Caminhos modernistas - a geração poética de 30
Caminhos modernistas - a geração poética de 30
 
MODERNISMO 2 (7) [Salvo automaticamente].ppt
MODERNISMO 2 (7) [Salvo automaticamente].pptMODERNISMO 2 (7) [Salvo automaticamente].ppt
MODERNISMO 2 (7) [Salvo automaticamente].ppt
 
A poesia de Drummond
A poesia de DrummondA poesia de Drummond
A poesia de Drummond
 
Keilla
KeillaKeilla
Keilla
 
Keilla
KeillaKeilla
Keilla
 
Principais poetas brasileiros
Principais poetas brasileirosPrincipais poetas brasileiros
Principais poetas brasileiros
 
Fanzine AMEOPOEMA Edição 063
Fanzine AMEOPOEMA Edição 063Fanzine AMEOPOEMA Edição 063
Fanzine AMEOPOEMA Edição 063
 
Carlos drummond de andrade próprio
Carlos drummond de andrade   próprioCarlos drummond de andrade   próprio
Carlos drummond de andrade próprio
 
Carlos drummond de andrade próprio
Carlos drummond de andrade   próprioCarlos drummond de andrade   próprio
Carlos drummond de andrade próprio
 
material sobre poesia de Hilda Hilst, poeta
material sobre poesia de Hilda Hilst, poetamaterial sobre poesia de Hilda Hilst, poeta
material sobre poesia de Hilda Hilst, poeta
 
Literatura Wellington Soares
Literatura   Wellington SoaresLiteratura   Wellington Soares
Literatura Wellington Soares
 
A Rosa do Povo - Carlos Drummond de Andrade
A Rosa do Povo - Carlos Drummond de AndradeA Rosa do Povo - Carlos Drummond de Andrade
A Rosa do Povo - Carlos Drummond de Andrade
 
Carlos drumond de andrade
Carlos drumond de andradeCarlos drumond de andrade
Carlos drumond de andrade
 
Maísa Maria slide de carlos drummond
Maísa Maria slide de carlos drummondMaísa Maria slide de carlos drummond
Maísa Maria slide de carlos drummond
 
Aula - A poesia brasileira de 1930 a 1945.pptx
Aula - A poesia brasileira de 1930 a 1945.pptxAula - A poesia brasileira de 1930 a 1945.pptx
Aula - A poesia brasileira de 1930 a 1945.pptx
 
2° fase modernismo
2° fase   modernismo2° fase   modernismo
2° fase modernismo
 
Antologia poética e alguns de seus poetas
Antologia poética e alguns de seus poetas Antologia poética e alguns de seus poetas
Antologia poética e alguns de seus poetas
 
Fragmentos
FragmentosFragmentos
Fragmentos
 
Fragmentos
FragmentosFragmentos
Fragmentos
 

Mehr von Cynthia Funchal

Mehr von Cynthia Funchal (11)

Parágrafos expositivo x argumentativo
Parágrafos   expositivo x argumentativoParágrafos   expositivo x argumentativo
Parágrafos expositivo x argumentativo
 
Concordância verbal e concordância nominal
Concordância verbal e concordância nominalConcordância verbal e concordância nominal
Concordância verbal e concordância nominal
 
Pontuação em redação
Pontuação em redaçãoPontuação em redação
Pontuação em redação
 
Realismo e Naturalismo - Literatura
Realismo e Naturalismo - LiteraturaRealismo e Naturalismo - Literatura
Realismo e Naturalismo - Literatura
 
Versificação - Noções básicas
Versificação - Noções básicasVersificação - Noções básicas
Versificação - Noções básicas
 
Romantismo no Brasil - Prosa
Romantismo no Brasil - ProsaRomantismo no Brasil - Prosa
Romantismo no Brasil - Prosa
 
Proposta de Intervenção - Competência 5 ENEM
Proposta de Intervenção - Competência 5 ENEMProposta de Intervenção - Competência 5 ENEM
Proposta de Intervenção - Competência 5 ENEM
 
Análise Sintática (Orações Subordinadas) - Exercícios
Análise Sintática (Orações Subordinadas) - ExercíciosAnálise Sintática (Orações Subordinadas) - Exercícios
Análise Sintática (Orações Subordinadas) - Exercícios
 
Figuras de linguagem
Figuras de linguagemFiguras de linguagem
Figuras de linguagem
 
ARGUMENTAÇÃO - Enem (Competência 3)
ARGUMENTAÇÃO - Enem (Competência 3)ARGUMENTAÇÃO - Enem (Competência 3)
ARGUMENTAÇÃO - Enem (Competência 3)
 
Texto narrativo
Texto narrativoTexto narrativo
Texto narrativo
 

Kürzlich hochgeladen

ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
azulassessoria9
 
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemáticaSlide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
sh5kpmr7w7
 
Aprender as diferentes formas de classificar as habilidades motoras é de extr...
Aprender as diferentes formas de classificar as habilidades motoras é de extr...Aprender as diferentes formas de classificar as habilidades motoras é de extr...
Aprender as diferentes formas de classificar as habilidades motoras é de extr...
azulassessoria9
 
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdfatividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
Autonoma
 
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
azulassessoria9
 
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
azulassessoria9
 

Kürzlich hochgeladen (20)

MESTRES DA CULTURA DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
MESTRES DA CULTURA DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfMESTRES DA CULTURA DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
MESTRES DA CULTURA DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
 
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
 
Quiz | Dia da Europa 2024 (comemoração)
Quiz | Dia da Europa 2024  (comemoração)Quiz | Dia da Europa 2024  (comemoração)
Quiz | Dia da Europa 2024 (comemoração)
 
Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptx
Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptxSlides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptx
Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptx
 
Aula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .ppt
Aula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .pptAula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .ppt
Aula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .ppt
 
Novena de Pentecostes com textos de São João Eudes
Novena de Pentecostes com textos de São João EudesNovena de Pentecostes com textos de São João Eudes
Novena de Pentecostes com textos de São João Eudes
 
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemáticaSlide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
 
O que é arte. Definição de arte. História da arte.
O que é arte. Definição de arte. História da arte.O que é arte. Definição de arte. História da arte.
O que é arte. Definição de arte. História da arte.
 
Sistema de Bibliotecas UCS - Cantos do fim do século
Sistema de Bibliotecas UCS  - Cantos do fim do séculoSistema de Bibliotecas UCS  - Cantos do fim do século
Sistema de Bibliotecas UCS - Cantos do fim do século
 
Acessibilidade, inclusão e valorização da diversidade
Acessibilidade, inclusão e valorização da diversidadeAcessibilidade, inclusão e valorização da diversidade
Acessibilidade, inclusão e valorização da diversidade
 
Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 2)
Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 2)Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 2)
Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 2)
 
Aprender as diferentes formas de classificar as habilidades motoras é de extr...
Aprender as diferentes formas de classificar as habilidades motoras é de extr...Aprender as diferentes formas de classificar as habilidades motoras é de extr...
Aprender as diferentes formas de classificar as habilidades motoras é de extr...
 
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdfatividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
 
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
 
Aula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de Led
Aula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de LedAula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de Led
Aula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de Led
 
Questões de Língua Portuguesa - gincana da LP
Questões de Língua Portuguesa - gincana da LPQuestões de Língua Portuguesa - gincana da LP
Questões de Língua Portuguesa - gincana da LP
 
Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptxEducação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
 
Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!
Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!
Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!
 
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024
 
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
 

Modernismo 2ª fase (Poesia)

  • 1. Modernismo no Brasil 2ª geração – Poesia
  • 2. 2ª Geração (1930 – 1945) • Fase de construção; • Amadurecimento das conquistas modernistas; • Poesia → retorno ao lirismo: ▫ Amor; ▫ Angústia; ▫ Social; • Retomada de outras formas de poesia.
  • 3. Contexto histórico • Crise de 29: ▫ Afetou o mundo todo; ▫ Período de grande depressão; ▫ Queda da bolsa de NY; ▫ População não acompanhou o crescimento do mercado. • “Revolução” de 30 e Governo Vargas; • Nazismo/Fascismo; • 2ª Guerra Mundial; • Bomba atômica.
  • 4. Principais autores • Manuel Bandeira: ▫ Ativo também na 1ª geração; ▫ Convívio com a Tuberculose; ▫ Caráter confidencial e autobiográfico; ▫ Estilo simples, linguagem confessional; ▫ Temáticas:  Tom confessional;  Infância;  Fragilidade da vida;  Melancolia;  Presença constante da morte.
  • 5. O que não tenho e desejo É que melhor me enriquece. Tive uns dinheiros — perdi- os... Tive amores — esqueci-os. Mas no maior desespero Rezei: ganhei essa prece. Vi terras da minha terra. Por outras terras andei. Mas o que ficou marcado No meu olhar fatigado, Foram terras que inventei. Gosto muito de crianças: Não tive um filho de meu. Um filho!... Não foi de jeito... Mas trago dentro do peito Meu filho que não nasceu. Criou-me, desde eu menino Para arquiteto meu pai. Foi-se-me um dia a saúde... Fiz-me arquiteto? Não pude! Sou poeta menor, perdoai! Não faço versos de guerra. Não faço porque não sei. Mas num torpedo-suicida Darei de bom grado a vida Na luta em que não lutei! Testamento Manuel Bandeira
  • 6. Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos. A vida inteira que podia ter sido e que não foi. Tosse, tosse, tosse. Mandou chamar o médico: - Diga trinta e três. - Trinta e três... trinta e três... trinta e três... - Respire. - O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado. - Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax? - Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino. Pneumotórax Manuel Bandeira
  • 7. Vou-me embora pra Pasárgada Lá sou amigo do rei Lá tenho a mulher que eu quero Na cama que escolherei Vou-me embora pra Pasárgada Vou-me embora pra Pasárgada Aqui eu não sou feliz Lá a existência é uma aventura De tal modo inconseqüente Que Joana a Louca de Espanha Rainha e falsa demente Vem a ser contraparente Da nora que nunca tive [...] E quando eu estiver mais triste Mas triste de não ter jeito Quando de noite me der Vontade de me matar — Lá sou amigo do rei — Terei a mulher que eu quero Na cama que escolherei Vou-me embora pra Pasárgada. Vou-me embora pra Pasárgada Manuel Bandeira
  • 8. Principais autores • Carlos Drummond de Andrade: ▫ Influências da 1ª geração; ▫ Múltiplas temáticas; ▫ Diferentes momentos:  1º → + intimista, autoconhecimento;  2º → + social, voltado para o mundo; ▫ Temáticas (1º momento):  Autoconhecimento, passado, família, origens, cotidiano; ▫ Temáticas (2º momento):  Realidade social,existência, metalinguagem, amor, amigos.  1940 – Sentimento do mundo.
  • 9. No meio do caminho No meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra. Nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minhas retinas tão fatigadas. Nunca me esquecerei que no meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho no meio do caminho tinha uma pedra No meio do caminho Carlos Drummond de Andrade Elementos da 1ª fase modernista
  • 10. E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José? e agora, você? você que é sem nome, que zomba dos outros, você que faz versos, que ama, protesta? e agora, José? [...] José (trechos) Carlos Drummond de Andrade Influência da 1ª fase modernista (poesia em fragmentos) Se você gritasse, se você gemesse, se você tocasse a valsa vienense, se você dormisse, se você cansasse, se você morresse… Mas você não morre, você é duro, José! Sozinho no escuro qual bicho-do-mato, sem teogonia, sem parede nua para se encostar, sem cavalo preto que fuja a galope, você marcha, José! José, para onde?
  • 11. Quando nasci um anjo torto desses que vive na sombra disse: Vai, Carlos! Ser gauche na vida. [...] O bonde passa cheio de pernas: Pernas brancas pretas amarelas. Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração. Porém meus olhos nao perguntam nada. O homem atrás do bigode é sério, simples e forte. Quase não conversa. Tem poucos, raros amigos o homem atrás dos óculos e do bigode. Poema de sete faces (trechos) Carlos Drummond de Andrade [...] Mundo mundo vasto mundo, se eu me chamasse Raimundo seria uma rima, não seria uma solução. Mundo mundo vasto mundo, mais vasto é meu coração. [...]
  • 12. Não, meu coração não é maior que o mundo. É muito menor. Nele não cabem nem as minhas dores. Por isso gosto tanto de me contar. Por isso me dispo, por isso me grito, por isso frequento os jornais, me exponho [cruamente nas livrarias: preciso de todos. Sim, meu coração é muito pequeno. Só agora vejo que nele não cabem os homens. Os homens estão cá fora, estão na rua. A rua é enorme. Maior, muito maior do que eu esperava. Mas também a rua não cabe todos os homens. A rua é menor que o mundo. O mundo é grande. Mundo grande (trechos) Carlos Drummond de Andrade [...] Meu coração não sabe. Estúpido, ridículo e frágil é meu coração. Só agora descubro como é triste ignorar certas coisas. (Na solidão de indivíduo desaprendi a linguagem com que homens se comunicam.) [...] Então, meu coração também pode crescer. Entre o amor e o fogo, entre a vida e o fogo, meu coração cresce dez metros e explode. – Ó vida futura! Nós te criaremos
  • 13. Não serei o poeta de um mundo caduco. Também não cantarei o mundo futuro. Estou preso à vida e olho meus companheiros. Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças. Entre eles, considero a enorme realidade. O presente é tão grande, não nos afastemos. Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas. Não serei o cantor de uma mulher, de uma história, não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela, não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida, não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins. O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente. Mãos dadas Carlos Drummond de Andrade
  • 14. Carlos, sossegue, o amor é isso que você está vendo: hoje beija, amanhã não beija, depois de amanhã é domingo e segunda-feira ninguém sabe o que será. Inútil você resistir ou mesmo suicidar-se. Não se mate, oh não se mate, reserve-se todo para as bodas que ninguém sabe quando virão, se é que virão. [...] Não se mate (trechos) Carlos Drummond de Andrade Entretanto você caminha melancólico e vertical. Você é a palmeira, você é o grito que ninguém ouviu no teatro e as luzes todas se apagam. O amor no escuro, não, no claro, é sempre triste, meu filho, Carlos, mas não diga nada a ninguém, ninguém sabe nem saberá.
  • 15. Principais autores • Vinícius de Moraes: ▫ 1º momento:  Poesia “mística”;  Resgate do movimento simbolista (+ Cecília Meireles) – Explora a sonoridade; ▫ 2º momento:  Celebra o amor e a mulher + sensualidade;  Sonetos (resgata a forma clássica);  Bossa nova (samba + jazz americano) com Tom Jobim / João Gilberto.
  • 16. De tudo ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento. Quero vivê-lo em cada vão momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento E assim, quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angústia de quem vive Quem sabe a solidão, fim de quem ama Eu possa me dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure. Soneto da Fidelidade Vinícius de Moraes
  • 17. De repente do riso fez-se o pranto Silencioso e branco como a bruma E das bocas unidas fez-se a espuma E das mãos espalmadas fez-se o espanto De repente da calma fez-se o vento Que dos olhos desfez a última chama E da paixão fez-se o pressentimento E do momento imóvel fez-se o drama De repente não mais que de repente Fez-se de triste o que se fez amante E de sozinho o que se fez contente Fez-se do amigo próximo, distante Fez-se da vida uma aventura errante De repente, não mais que de repente Soneto da Separação Vinícius de Moraes
  • 18. Principais autores • Cecília Meireles: ▫ Intimista; ▫ Existencialismo; ▫ Transitoriedade da vida + passagem do tempo; ▫ Musicalidade / Sinestesia (“Neossimbolismo”); ▫ + Poema épico sobre a inconfidência mineira. • Mário Quintana: ▫ + Pessimista; ▫ Morte; ▫ Ironia/Humor; ▫ Melancolia/solidão; ▫ Tristeza.
  • 19. Eu não tinha este rosto de hoje, assim calmo, assim triste, assim magro, nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo. Eu não tinha estas mãos sem força, tão paradas e frias e mortas; eu não tinha este coração que nem se mostra. Eu não dei por esta mudança, tão simples, tão certa, tão fácil: - Em que espelho ficou perdida a minha face? Retrato Cecília Meireles
  • 20. Tenho fases, como a lua Fases de andar escondida, fases de vir para a rua... Perdição da minha vida! Perdição da vida minha! Tenho fases de ser tua, tenho outras de ser sozinha. Fases que vão e que vêm, no secreto calendário que um astrólogo arbitrário inventou para meu uso. Lua adversa Cecília Meireles E roda a melancolia seu interminável fuso! Não me encontro com ninguém (tenho fases, como a lua...) No dia de alguém ser meu não é dia de eu ser sua... E, quando chega esse dia, o outro desapareceu...
  • 21. Romance LXXXIV ou dos cavalos da inconfidência Eles eram muitos cavalos, ao longo dessas grandes serras, de crinas abertas ao vento, a galope entre águas e pedras. Eles eram muitos cavalos, donos dos ares e das ervas, com tranqüilos olhos macios, [...] Eles eram muitos cavalos: e uns viram correntes e algemas, outros, o sangue sobre a forca, outros, o crime e as recompensas. Eles eram muitos cavalos: e alguns foram postos à venda, outros ficaram nos seus pastos, e houve uns que, depois da sentença levaram o Alferes cortado em braços, pernas e cabeça. E partiram com sua carga na mais dolorosa inocência. Romanceiro da Inconfidência (trechos) – Poema épico Cecília Meireles Eles eram muitos cavalos. E morreram por esses montes, esses campos, esses abismos, tendo servido a tantos homens. Eles eram muitos cavalos, mas ninguém mais sabe os seus nomes sua pelagem, sua origem... E iam tão alto, e iam tão longe! E por eles se suspirava, consultando o imenso horizonte! - Morreram seus flancos robustos, que pareciam de ouro e bronze. [...]
  • 22. Da vez primeira em que me assassinaram, Perdi um jeito de sorrir que eu tinha. Depois, a cada vez que me mataram, Foram levando qualquer coisa minha. Hoje, dos meu cadáveres eu sou O mais desnudo, o que não tem mais nada. Arde um toco de Vela amarelada, Como único bem que me ficou. Vinde! Corvos, chacais, ladrões de estrada! Pois dessa mão avaramente adunca Não haverão de arrancar a luz sagrada! Aves da noite! Asas do horror! Voejai! Que a luz trêmula e triste como um ai, A luz de um morto não se apaga nunca! Rua dos Cataventos Mário Quintana
  • 23. Do amoroso esquecimento Eu agora — que desfecho! Já nem penso mais em ti… Mas será que nunca deixo De lembrar que te esqueci? Envelhecer Antes, todos os caminhos iam. Agora todos os caminhos vêm A casa é acolhedora, os livros poucos. E eu mesmo preparo o chá para os fantasmas. Tic-tac Esse tic-tac dos relógios é a máquina de costura do Tempo a fabricar mortalhas. Mário Quintana
  • 24. Cynthia Funchal http://www.portuguesatodaprova.com.br • A reprodução, alteração e utilização dos slides e textos é livre para fins didáticos, porém, recomenda-se a citação da fonte. É expressamente proibida, para distribuição comercial, a veiculação deste material.