Este documento descreve um trabalho acadêmico sobre laranjas produzido por Patricia Quiteria. O trabalho inclui dez capítulos que abordam a história, propriedades, usos e significado cultural da laranja, ilustrado com imagens e poesia. O trabalho foi produzido para o curso de Design de Comunicação e Metodologia de Projeto na Faculdade de Belas-Artes de Lisboa.
6. COMPENDIO BOTANICA
FORMATO: 16 X 24,4 CM
LIVRO DA REFERENCIA: PORTUGAL ILUSTRATED, 1829
AUTOR: REV. W. M. KINSEY
TIPOGRAFIA: BODONI HAND
NOME DO FABRICANTE:: KARATE GRAPHICS Ltd..
PROCESSO DE IMPRESSAO: TRANSFER POR ACETATO
10. O SABOR DA LARANJA;
EM
COMPENDIO BOTANICA
POR
PATRICIA RAQUEL CARREIRA QUITERIA
FACULDADE DE BELAS--ARTES
LISBOA :
PUBLICADO PELA EDITORA DA
FACULDADE DE BELAS ARTES
2014
11.
12. DEDICATORIA
Dedico este compendio ao autor The Rev. W.M. Kinsey,
B.D por me ter dado a possibilidade de seguir o mod-
elo do seu livro, incluindo tipografias e as medidas de
tipometro retiradas, com base no meu compendio de
botanica.
O meu trabalho so foi possivel devido ao contributo de
diversas personalidades e a quem sao devidos mereci-
dos agradecimentos.
A todos os professores que disponibilizaram o seu
temp
o e esforco para que fosse possivel a recolha da infor-
macao, nucleo central do projeto.
A todos, o meu muito obrigado.
13.
14. O patio da residencia dos meus pais tem duas
laranjeiras, onde eu brincava quando era pequena.
Desde muito cedo habituei-me a viver com as laranjas
que eu livremente e com alegria colhia e comia
diretamente da arvore.
A sombra das laranjeiras e o cheiro das laranjas sempre
me atrairam e quebravam a rotina do meu dia a dia.
Estas laranjeiras ainda hoje sao o ornamento da nossa
residencia.
A cor da laranja e algo de belo que hoje associo ao ouro.
Esta minha vivencia explica o gosto especial e diria
carinho pessoal por este trabalho.
P R E F A C I O
15.
16. Neste trabalho, procurei falar um pouco do saber
historico, do saber cientifico e do saber artistico sobre a laranja.
Tive a preocupacao de alargar o meu horizonte num universo
extenso dedicado a laranja. Fiz uma primeira abordagem a sua
origem, a sua chegada a Europa ate a importancia, que lhe foi
atribuida como arvore ornamental nos patios das casas abastadas
ate aimportanciaqueassumenaeconomiadevarios paises,entre
osquaisEspanha,Italia,RomeniaearegiaodoAlgarveemPortugal.
Curioso, foi tambem a origem do nome e da cor de laranja.
Vinda da Asia com o nome “narang”, o seu cultivo teve inicio
na Franca, que manteve o mesmo nome, apenas, associou
“or” a cor do ouro a cor da laranja, tendo ficado “orange”.
Outra particularidade interessante e o fato de, quando
o fruto esta maduro tem a cor alaranjada, mas existem
algumas especies, que permanecem na cor verde.
Como alimento e um fruto pouco calorico, com cerca
de 40 calorias por 100 gramas e rico em vitamina C.
Como objeto artistico surge associado a velas de cheiro e a certos
objetos de uso doméstico que assumem a forma de uma laranja.
INTRODUCAO
17.
18. INDICE
ILUSTRAÇÂO...........................................................1
I: HISTÒRIA DA LARANJA....................................2-3
PROPRIEDADES DA LARANJA.........................3-4
2 ILUSTRAÇOES......................................................5-6
II: DICIONARIO DA LARANJA.............................7
III: A LARANJA NA ESTÈTICA............................8
A LARANJA NOUTRAS LINGUAS..................8-9
IV: PROPRIEDADES ESPECIAIS .........................10-12
V: AS LARANJEIRAS DE LISBOA........................13-20
VI: A LARANJA NA ARTE.....................................21-26
VII: A LENDA DA LARANA..................................27-28
VIII: A POEMA DA LARANJA..............................29-31
IX: EXPERIENCIA SESNSORIAL..........................32-40
X: MANUAL DE INSTRUCOES DE DESCAMENTO
DA MINHA LARANJA............................................41-43
21. A laranja e um citrino e, como a grande maio-
ria dos citrinos, e originaria da Asia, a Sudeste dos
Himalaias, onde ainda hoje podemos encontrar es-
tas arvores em estado selvagem. Entre essas arvores
estao os limoeiros, as limeiras, as cidreiras, as pome-
leiras, laranjeiras amargas e doces e as toranjeiras.
Mais tarde, foi trazida para a Europa pelos Portugueses,
por volta do seculo XVI, tendo-se iniciado o seu cul-
tivo em Franca, que passou a ser chamada de “orange”,
um nome semelhante ao seu nome asiatico, “narange”
mas iniciado com “or”, que significa ouro em frances.
So passados tres seculos e que as laranjeiras passaram a
ser consideradas como um excelente produto para com-
ercializar e uma grande oportunidade de fazer negocio.
Ainda hoje a comercializacao da laranja e muito impor-
tante para a economia de varios paises, entre os quais Es-
panha, Italia, Romenia e a regiao do Algarve em Portugal-
assou a ser cultivada, principalmente no sul da Europa,
.
COMPENDIO BOTANICA
CAPITULO I
HISTORIA DA LARANJA
2
22. A laranja e um fruto citrico, cujo sabor pode vari-
ar entre o doce e o acido leve, podendo conjugar os dois.
um fruto rico em sais minerais, como o calcio e o fer-
ro. A laranja e rica em vitamina C e tem, tambem vi-
tamina A. Ao comer duas laranjas por dia, ja se esta
a ingerir a quantidade diaria necessaria de vitami-
na C. E um fruto pouco calorico, em cada 100 gramas
de laranja existem 65 kcal, 0,6 g de proteinas, 1 g de
gorduras, 45 mg de calcio, 36 mg de Potassio, 21 mg
de Fosforo, 13 mg de Sodio, e ainda, em quantidades
inferiores, Enxofre, Magnesio, Cloro, Silicio e Ferro.
Em 100 g de laranja existem 48 mg de Vitamina C,
ou acido ascorbico. Alem dessa vitamina, podemos ain-
da encontrar na laranja as vitaminas A, B1, B2 e B3.
Fruto rico em suco, muitos tem tambem o
habito de a espremer para beber o seu sumo.
onde havia excelentes condicoes climatericas para a
producao e crescimento de novas variedades de citrinos.
A laranjeira era usada na Asia e no Medio Oriente como
arvore ornamental, sendo muito apreciada pelas suas be-
las flores. Nas casas arabes abastadas era muito comum
verem-seaslaranjeirasnospatiospertodefontesoulagos.
PROPRIEDADES DA LARANJA
COMPENDIO BOTANICA 3
23. A parte interna e formada por pequenas bolsin-
has (gomos), onde se encontra o suco. Normalmente e
comida ao natural, descascada e separada em gomos.
Desconhecido, por muitos a camada branca que
existe entre a casca e os gomos, tem um sabor ado-
cicado, e podera ser usada para se mastigar apos se
comer os gomos, de forma a tirar o sabor acido da
boca. E muito utilizada para a producao de sucos e
doces, aproveitando-se a casca da laranja tambem
para ornamentar alguns pratos culinarios e a sua
raspa e muitas vezes utilizada em muitas receitas.
Quando esta madura tem a cor alaranjada e, em
algumas especies, permanece com a cor verde.
A laranja doce foi trazida para a Europa pelos por-
tugueses, o primeiro povo europeu a chegar a
China, pais de onde a laranja doce e originaria.
Por esse motivo, em muitos paises a laranja doce e
conhecida como laranja portuguesa, sendo que laranja
em grego chama-se “portokali”; em turco “ portokal”;
em romeno e “portocalla” e em italiano” portogallo”.
E tambem em Portugal que se produz uma das laran-
jas mais apreciadas da Europa: a laranja do Algarve.
COMPENDIO BOTANICA 4
26. COMPENDIO BOTANICA 7
CAPITULO II
DICIONARIO DA LARANJA
A laranja corresponde por nome feminino e
traduz-se botanica, que e um fruto (hesperidio) da lar-
anjeira, arredondado, dividido em gomos sumarentos
e coberto por uma casca cuja cor varia entre o am-
arelo e a cor de laranja e por outrora, em botanica
tambem, variedade de pereira cultivada em Portugal.
Do persa narang, “laranja”, pelo arabe naranja, “idem”
Portanto, e um fruto comestivel da laranjeira, de
forma esferica, casca dura e polpa dividida em sec-
coes, rodeadas por uma pelicula fina e em botanica,
E uma arvore da familia das rutaceas: a laranjeira.
E um substantivo masculino que indica a cor
da casca desse fruto, entre o amarelo inten-
so e o avermelhado que mostra a cor de laranja.
Em Brasil em linguagem informal, significa
que e uma pessoa simples ou ingenua e por out-
rora, significa tambem uma pessoa usada como
intermediaria em fraude e negocios suspeitos
E um adjetivo de dois generos e de dois numeros que
tem a cor do fruto da laranjeira, a cor da laranja.
27. A Laranja nutre e tonifica de forma natural sua
pele, unhas e cabelo, a fruta contem propriedades ad-
stringentes otimos para melhorar a textura da pele
e cabelo. A Laranja e uma rica fonte de vitamina C,
que tem varias propriedades que fazem bem para pele.
Quando usada como ingrediente de beleza,
tem qualidade antienvelhecimento e age fa-
zendo com a pele tenha mais elasticidade.
A casca da Laranja tambem contem varios nutrientes e
nao podem ser dispensados no tratamento caseiro da
belezataoutilparaapelequantoopropriosumodafruta.
CAPITULO III
COMPENDIO BOTANICA 8
A LARANJA NA ESTETICA
A LARANJA NOUTRAS LINGUAS
As laranjas sao consideradas as ma-
cas douradas noutras linguas.
Por exemplo, o termo latim pomum au-
rantium descrevem laranjas como macas..
28. COMPENDIO BOTANICA 9
Outras linguas como o alemao, finlandes, he-
braico e o russo possuem etimologias mais complexas
para a palavra laranja que possuem a mesma origem.
Uma das razoes para se considerar a laranja como
magica em tantas historias e o fato de dar flores e
frutas simultaneamente, diferente de outras frutas.
Frequentemente, o termo maca dourada e usado
para se referir ao marmelo, um fruto do Oriente
Medio. O tomate, desconhecido para os gregos an-
tigos, E conhecido como pomodoro em italiano,
significando maca de ouro (de pomo d’oro).
“
29. CAPITULO IV
PROPRIEDADES ESPECIAIS DA
LARANJA
COMPENDIO BOTANICA 10
Propriedades terapeuticas da Laranja
Sabia que consumir uma laranja por dia pode
impedir a manifestacao de certos tipos de can-
cro, de acordo com um novo estudo australiano.
O grupo do governo Organizacao de Pesquisa In-
dustrial e Cientifica da Comunidade Britanica
(CSIRO, na sigla em ingles) descobriu que con-
sumir frutas citricas pode reduzir o risco de can-
cro da boca, laringe e estomago em mais de 50%.
Uma porcao extra de frutas citricas por dia, alem das
cinco porcoes de frutas e vegetais recomendadas por dia
, pode tambem reduzir o risco de um derrame em 19%.
“As frutas citricas protegem o corpo pelas suas pro-
priedades antioxidantes e por fortalecer o siste-
ma imunologico, inibir o crescimento de tumores
e normalizar as celulas tumorosas”, disse em um re-
latorio Katrine Baghurst, pesquisadora da CSIRO.
31. COMPENDIO BOTANICA 12
O estudo australiano, baseado em outras 48 pes-
quisas internacionais sobre os beneficios das frutas
citricas a saude, tambem descobriu “indicios convin-
centes” de que esses alimentos podem reduzir o risco
de doencas cardiovasculares, obesidade e diabete.
Segundo Baghurst, a laranja e a fruta com o mais alto
nivel de antioxidantes, com mais de 170 diferentes
tipos de fitoquimicos, incluindo mais de 60 flavoni-
ides, que apresentam propriedades antiinflamatorias,
antitumor e inibe a formacao de coagulos no sangue.
Propriedades medcinais da casca da laranja
Quando comemos uma laranja suculenta, geral-
mente deitamos fora a casca, sem saber pensarmos
nas suas propriedades medicinais. A casca de lar-
anja ajuda a digestao, diminui as infeccoes, reduz
o colesterol e combate cancro da pele e da mama. E
um bom repelente de insetos e gatos e pode ser us-
ado para a limpeza e desodorizacao do ambiente.
A casca da laranja tem mais fitonutrientes e flavonoides
que a polpa, dotando-a de propriedades anti-inflama-
torios que ajudam a fazer a digestao e aliviam os prob-
lemas gastrointestinais, como a azia e a flatulencia.
32. COMPENDIO BOTANICA 13
O metro faz parte da minha rotina diaria desde
9 ano, vivo na Linha Azul e quando vou para a es-
cola ou outro sitio, estou sempre atravessar metade
da linha e sempre passei na estacao das Laranjeiras.
A primeira vez que aprendi a andar de metro foi
quando andava na primaria e o meu irmao mais vel-
ho vinha me buscar no metro das Laranjeiras, pois
e onde ficava a minha escola que se chama escola
basica das Laranjeiras. E engracado porque agora es-
tou crescida e estou na faculdade no curso de Design
de Comunicacao e a tema e sobre tudo que tenha a
ver com Laranja e eu andei na primaria das Laran-
jeiras que faz parte do tema, E mesmo engracado.
E foi a partir dai que pus os pes, no metro pela
primeira vez foi na estacao das Laranjeiras. Ia
sempre com meu irmao e ficava sempre a ob-
servar os azulejos que continham as fotografi-
as da Laranja e davam me sempre muita sede. .
CAPITULO V
AS LARANJEIRAS DE LISBOA
33. COMPENDIO BOTANICA 14
Por isso a cor da Laranja estimula o apetite,
influencia nos na parte do cerebro criando um siste-
ma de recompensa, quer responder pelo prazer e ne-
cessidade de repeticao quer da experiencia prazerosa.
Quando chegava a casa, comia sempre as laranjas peque-
nas com cascas secas, que sao faceis de tirar e eram
sempre muito doces e trazem-me uma boa recordacao.
Um dia destes, ao regressar de faculdade, senta-
da no metro pensativa, a pensar sobre a Laranja
e, de repente ouvi uma voz a informar que esta-
vamos a chegar a estacao das Laranjeiras e fez-se
luz na minha cabeca, fiquei ansiosa de escrever so-
bre esta estacao entao sai e fui tirar fotografias.
Depois fui investigar a historia da estacao referida.
A estacao de metro das Laranjeiras, (Linha Azul) situa se
na Estrada da Luz na Rua Xavier de Araujo de Lisboa,
com freguesia Sao Domingos de Benfica e fica entre as es-
tacoes Alto dos Moinhos e Jardim Zoologico da linha azul.
Foi aberta ao publico a 14 de Outubro de 1988
depois de ser construida na zona de Benfica.
34. COMPENDIO BOTANICA
Neste mesmo dia, teve lugar a inauguracao do
prolongamento que fez ligacao com Sete Rios e Co-
legio Militar/Luz com tres novas estacoes, as Laran-
jeiras, Alto dos moinhos, assinada por Julio Pomar,
e Colegio Militar/Luz na qual interveio Manuel
Cargaleiro. Tambem abriu ao publico a estacao da
Cidade Universitaria, com intervencoes artisticas
da autoria de Vieira da Silva, e inserida no prolon-
gamento que ligou Entre Campos ao Campo Grande.
Estas novas 4 estacoes foram as primeiras a ser
construidas de raiz com um cais, com 105 metros
de extensao e obedeciam tambem a uma filoso-
fia que levava as intervencoes plasticas ate ao
seu cais. A rede aumentou assim 3,8 quilometros.
Por curiosidade, a ideia do metro surgiu desde 1888 como
um sistema de caminhos-de-ferro subterraneo, na cidade
de Lisboa, a semelhanca das que ja existiam em Londres
e Paris e essa ideia foi do engenheiro militar Henrique
de Lima e Cunha, que criou o projeto de uma rede com
varias linhas que poderia servir a capital portugue-
sa e que publicou na Revista Obras Publicas e Minas.
15
35. COMPENDIO BOTANICA 16
Mais tarde, no seculo 20, Lanoel d Aussenac e
Abel Coelho em 1923 e Jose Manteca Roger e Juan Luque
Argenti em 1924 apresentaram projetos para um sis-
tema metropolitano em Lisboa, mas foram rejeitados.
Depois da Segunda Guerra Mundial, com a retoma da
economia nacional e a ajuda financeira do Plano Mar-
shall, conhecido oficialmente como Programa de Recu-
peracao Europeia, foi o principal plano dos Estados Uni-
dos para a reconstrucao dos paises aliados da Europa,
contribuiram fortemente o inicio da construcao do met-
ro e fundou-se uma sociedade em 1948 tendo como obje-
tivo o estudo da viabilidade tecnica e economica de um
sistema de transporte publico subterraneo na capital.
Os trabalhos de construcao iniciaram-se em 7 de ago-
sto de 1955 e, 4 anos depois, em 29 de Dezembro de
1959, o novo sistema de transporte foi inaugurado.
Retomando da estacao Laranjeiras, o seu projeto ar-
quitetonico foi da autoria do arquiteto Antonio J.
Mendes com intervencoes plasticas do pintor Rolando
Sa Nogueira, no que diz respeito ao revestimento azule-
jar, com a colaboracao do escultor Fernando Conduto.
36. COMPENDIO BOTANICA 17
O tratamento plastico desta estacao integra se
na trajetoria criadora em que passou a determina-
da altura a recorrer a fotografia, enquanto metodo
possivel de obter uma representacao hiper-realista.
Na arte dos espacos publicos e costume os artistas
atenderem as especificidades dos locais para dai ex-
trairem os temas para elaborarem os seus trabal-
hos. Neste caso, houve uma interpretacao literal
do nome da estacao, ou seja, o artista prestou aten-
cao as especificidades das Laranjeiras, que e o nome
que a toponimia conservou a heranca do local,
onde continha a estacao que era a area de quintas
de recreio, com jardins, arvores de fruto e pomares.
Para elaborar a tematica decorativa, interpretou lit-
eralmente o nome da estacao, na medida em que
surgem composicoes de laranjas e folhas de laranjeiras
reproduzidas nos azulejos de revestimento portanto o
Sa Nogueira realizou este trabalho na Fabrica de Ce-
ramica Rugo, onde recorreu ao processo serigrafico
para conseguir a transcricao de fotografia que e a tec-
nica habitualmente utilizada na producao industrial.
38. COMPENDIO BOTANICA 19
Em geral, Laranjeiras e um bairro de Lisboa
que pertence a freguesia de Sao Domingos de Ben-
fica e sobre a origem desta freguesia, ninguem tem
certeza, porque se atribuem varias teorias, pois a his-
toria da formacao desta freguesia e mais antiga, mas
dizem que ja existia no seculo XIII e consideram que
ja fora uma freguesia rural, embora com poucas pes-
soas, que ali viviam e que era de secundaria impor-
tancia economico-social para Lisboa. Sao Domingos
de Benfica tem as suas origens ligadas a uma lenda.
O rei D. Joao I doou a ordem religiosa dos dominicanos,
a pedido do doutor Joao das Regras, os terrenos onde em
tempos se erguera um palacio conhecido por Paco de Ben-
fica,moradadeVeraodetodosossoberanos,desdeD.Dinis,
Segundoalenda,oreiaovisitarolocal,destacoueelogioua
suabelezanaturalafirmando:“Aquibem-ficaoconvento”.
A antiga povoacao de Benfica era um dos locais mais
bonitos merecendo assim esta denominacao nao so
pela sua privilegiada situacao como pela abundan-
cia de agua e arvoredo que a tornavam num dos
mais deliciosos e poéticos lugares do Termo de Lisboa.
40. ALaranjaeumobjetoformadoporumaseriede
contentores modelados em forma de gomo, dispostos
circularmente em torno de um eixo central, ao qual
cada elemento apoia o seu lado retilineo, enquanto
todos os lados curvos, voltados par ao exterior,
produzem como forma global uma especie de esfera.
O conjunto destes gomos esta envolvido por
uma embalagem bem carateristica, tanto do
ponto de vista da materia como da cor: dura na
superficie externa e revestida no interior de
um acolchoado fofo, que serve para proteger do
exterior o conjunto dos contentores. Todo este
material e na sua origem da mesma natureza, mas
diferencia-se necessariamente segundo a funcao.
Cada contentor, por sua vez, e formado
por uma pelicula plastica, suficiente para
conter sumo, mas bastante maleavel quando
da sua decomposicao da forma global.
COMPENDIO BOTANICA
CAPITULO VI
A LARANJA NA ARTE
21
41. COMPENDIO BOTANICA 22
Cada gomo mantem-se ligado aos outros por
um adesivo muito fragil. A embalagem, como e hoje
corrente, nao tem de ser devolvida ao fabricante.
Cada gomo tem exatamente a forma da disposi-
cao dos dentes na boca humana e, uma vez extrai-
do da embalagem pode ser encostado aos dentes
que, com uma ligeira pressao, o rompe, e dele
extraem o seu sumo. Os gomos contem, alem do
sumo, pequenas sementes da mesma planta que
engendrou o fruto: uma pequena homenagem da
producao ao consumidor, no caso de este desejar
ter uma producao pessoal desses objetos. Observe-se
o desinteresse economico dessa ideia e, por outro
lado, a ligacao psicologica que se estabelece entre
consumo e producao: ninguem, ou muito poucos,
semearao laranjas, mas esta concessao, altamente
altruista, a ideia de se poder faze-lo, liberta o con-
sumidor do complexo de castracao e estabelece
uma relacao de confianca autonoma reciproca.
Por isso a laranja e um objeto quase per-
feito, encontrando-se nele uma total co-
erencia entre forma, funcao e consumo..
42. COMPENDIO BOTANICA 23
GOOD DESIGN, Bruno Munari
Tambem a cor e exata; se fosse azul, estaria
completamente errado.A unica concessao decorativa,
se assim se pode dizer, consiste na pesquisa
“materia” da superfecie da embalagem, tratada
como “casca de laranja” Talvez para evocar a polpa
interna dos gomos. Por vezes e admissivel um
minimo de decoracao, se perfeitamente justificado
44. COMPENDIO BOTANICA 25
Catalogo de Armando Alves, Ernesto de Sousa
(1964, “Artes Graficas, Veiculo de Intimidade, As
Artes Graficas e a Cidade”
O que e uma laranja? Suponhamos que devo
fazer compreender a alguem o que e uma laranja;
e forcosamente, o que e uma laranja para mim.
Como e obvio, posso fazer duas ordens de coisas,
distintas, mas que porventura se completam e se
exigem mutuamente. Proporciono a esse alguem a
experiencia da laranja. Explico-lhe o que e a laranja.
Os termos daquela experiencia porem podem ser
diversos, e variados os seus limites: comprei a
laranja, ou fui colhe-la a um pomar? Ensinei ou nao
a descasca-la? Ha um numero infinito de coisas que
uma laranja e, experimentalmente. Por outro lado,
que terei dito para explicar que coisa e a laranja,
limitado como e obvio, pelo que eu proprio sei? Que
eumfrutodetalespeciedearvore;detaletalfamilia
botanica Que contem vitamina C, que se colhe
em determinada epoca do ano, em determinadas
regioes. A sua importancia economica, cultural...
45. COMPENDIO BOTANICA 26
Enfim, a verdade e que com estas duas opera-
coes, nao terei dito ou feito experimentar tudo o
que a laranja e para mim. O cha de laranja, a flor da
laranjeira, as laranjas de certo quadro de Manet, e as
laranjas pintadas de branco do ultimo filme de Anto-
nioni, tambem sao para mim, a laranja.
“Un bar aux Folies-Bergeres, Eduard Manet, 1882
46. COMPENDIO BOTANICA
CAPITULO VII
A LENDA DA LARANJA
27
Esta lenda portuguesa ”A Lenda da Rapariga das
Laranjas” e contada nos Acores.. Segundo a lenda, a ra-
pariga era uma jovem que vivia perdida na solidao, no
e nos sonhos. Esta rapariga passava os dias a espera de
um dia reencontrar o seu querido principe encantado,
que as adversidades da vida um dia lho levaram para
longe. Dada a sua tristeza, os deuses tiveram pena dela
e fizeram com que ela fosse consultar um oraculo para
a aconselhar e ajudar. Durante a consulta a sibila con-
seguiu, com a sua sabedoria e simpatia, leva-la para um
local bonito e cheio de luz, onde a Menina das Laranjas
poderia reerguer-se, com o nascer de uma obra de arte.
Depois de ter saido da tristeza em que se encontrava, a
Rapariga das Laranjas percebeu que nenhuma das por-
tas, que a rodeavam e que pensava estarem fechadas
para sempre, nao tinham qualquer tipo de fechadura.
As portas abriam-se quando ela se aproximava.
47. COMPENDIO BOTANICA 28
Pos-se a deambular por detras das portas, ate
que ao chegar a uma dessas portas encontrou caida no
chao uma bela laranja coberta de ouro. Depois disso, a
Rapariga das Laranjas nunca mais parou de procurar
o laranjal referido pela sibila durante a consulta ao
oraculo que lhe revelara existir um esplendido laranjal,
local de onde teria vindo a laranja que encontrara.
A Rapariga das Laranjas deu inicio a um longo
caminho na tentativa de encontrar o laranjal, que era
tido por ser o mais paradisiaco lugar que alguma vez
imaginara ou sonhara encontrar. Quando finalmente
o encontrou, sentiu-se livre da laranja de ouro, que
sempre conservara na mao. Esta imanou uma luz, que
lhe permitiu ver a presenca do seu amado principe,
que ha muito se tinha ausentado. Foi, assim, que pode
de novo e finalmente voltar a acreditar no amor.
48. COMPENDIO BOTANICA
CAPITULO VIII
A POEMA DA LARANJA
29
Diz uma lenda antiga, que o criador um dia,
Depois de muito estudo, e dum pensar profundo,
Teve esta original, estranha fantasia,
P’ra dar a felicidade, o amor e a paz ao mundo.
Cortou muitas laranjas. Depois arremessou
Com tudo ca p’ra baixo, e satisfeito diz:
“Metade sao do homem, e aquele que acertou
achar outra metade, sera muito feliz”.
E assim passamos nos a vida a procurar
Onde para a ideal, a terna companheira,
Que tem essa metade que deve completar
Com aquela que temos, a tal laranja inteira.
E, quanta, quanta vez, em dias bons, serenos,
Nos julgamos por fim ter atingido a meta.
Depois surge o engano, uma ilusao a menos,
49. COMPENDIO BOTANICA 30
Uma laranja mais que nao se completa.
Porem na minha vida um dia tu surgiste
E tudo se mudou a minha volta, amor.
Passou a ser alegre o que antes fora triste,
O sol brilhou mais alto e o ceu teve mais cor.
E consegui por fim a tal laranja inteira,
Essas duas metades perfeitamente unidas.
E desde entao para ca, o terna companheira,
A mesma perfeicao fundiu as nossas vidas.
E hoje, ao ver que e certa essa tal lenda antiga,
Eu quero perguntar-te, aqui, muito em segredo,
Porque tardaste tanto, o minha doce amiga?
A vida e tao pequena, devias ter vindo mais cedo.
Fernando Vieira,
in “Poesias”, edicaoo de Autor
52. COMPENDIO BOTANICA
CAPITULO IX
EXPERIENCIA SENSORIAL
32
Tapo os olhos, oico alguns barulhos desconhecidos
e oico algum a posar sobre a mesa a minha frente.
Sinto o cheiro de algo natural, e comeco a pousar as maos
sobre a mesa procurando sentir algo, por fim, acabei por
tocar em qualquer coisa, com textura macia, curvas e
concavidades, ainda com mais rigidez externa, ao tocar
as minhas maos que se fecharam diante aquele objeto
desconhecido como se fosse pegar uma esfera, entao
peguei-o depois cheirei. Com aquele cheiro perfumante,
que era um cheiro citrico inconfundivel com a sua
forma esferica. Logo percebi que era uma laranja,
Vejo uma laranja...
Uma esfera perfeita sem principio nem fim, toda
continua, e o interior equilibrado e organizado, sem
imperfeicoes.... com o seu brilho da cor laranja cuja
palavra e a mesma do fruto, tem a cor do proprio nome,
e unica, original, pura e verdadeira.
53. COMPENDIO BOTANICA 33
Vemos que a volta da laranja ha uma casca
rugosa e fina que rodeia e protege a laranja toda. Nao
vemos o que esta por dentro porque esta escondida
pela camada protetora. Na sua pele grossa ao mesmo
tempo fina, e facil de tirar e de arrancar, mas ao mesmo
tempo temos de utilizar a nossa forca.
Quando arrancamos a casca, solta-se o som de tique, de
arrancar, e suave mas sente-se.
Estou a procura de algo belo que maravilhe a minha
alma e eleve o meu espirito com a nova descoberta.
Assim como a laranja e macia e terna, solida e firme,
assim gostaria que fosse o mundo, para a Humanidade,
seriamos mais felizes. Ao tocar esta camada grossa,
sentimos a sua pele grossa, escamada e rugosa ou seja
forte. So com toque sentimos vontade de arrancar e
tirar a camada. A sua casca protege-a como a mae
protege um filho.
Pega-se na laranja na palma da mao que a acolhe como
se fosse protege-la pois e um fruto inocente e ingenuo.
Nada como o amor pela laranja.
54. COMPENDIO BOTANICA 34
Ao por a laranja na palma da mao, ao observa-
la tem uma silhueta perfeita, uma estrutura firme,
saudavel, estavel, nutritiva e deliciosa.
Ao arrancar a casca com certa espessura que e branca
por dentro e cor-de-laranja por fora e era tao brilhante
que parecia o vidro a brilhar e depois solta-se o cheiro
agradavel, penetrante e intenso. Mas ao tirar esta
camada protetora, estamos a desfazer as defesas da
laranja, e como se estivissemos a desvendar um tesouro
escondido a espera de ser descoberto. Depois de tirar a
casca, vemos a forma da sua alma interior, admiramos
a beleza da polpa simetrica, pois esta divida em secoes
como se soubesse que nos a iriamos comer e e estranho
e curioso.
Temos mesmo tantas perguntas que e quase impossivel
de obter as respostas.
Ao sentir na laranja nua cheia de veias brancas nas
maos, aperto o fruto e solta se o sumo saboroso, e retiro
um dos gomos fofos, e como-o, nao ha palavras que
consigam transmitir vos o que eu senti na lingua.
E muito saborosa e doce, no mais puro dos sentidos.
56. COMPENDIO BOTANICA 36
Tiramos a pequena parte fragil da polpa, escorre-
se na mao o sumo refrescante trazendo um cheiro
natural.
A laranja e magica e com sabor intenso e incorporado,
afeta sensitivamente o nosso olfato e tato e enche-
nos de sensasoes suaves. O sabor e fantastico, satisfaz
maravilhosamente a nossa saciedade. E sensacional e
vivido quando sentimos o sabor da laranja. E nutritiva
e faz parte da natureza. Aquele sabor vem do natural
e e unico, pois surge naturalmente e por mais que
tentemos e impossivel criar um sabor igual aquele.
E um dos frutos maravilhosos da Natureza. O sabor
e desconhecido, misterioso, muito curiosa pois nem
sabemos como nasceram, a planta e a arvore.
Como surgiram?e um misterio. E refrescante e hidrata-
nos. E boa e positiva.
E agradavel para aos sentidos, e quando provamos e
acida e incorporada, ha sempre um momento em que
relaxamos e apreciamos o seu sabor e a sua textura,
aprendemos como viver melhor, saborear a vida.
Construi-se com base no nosso tato.
57. COMPENDIO BOTANICA 37
Mas tudo que eu sei e sinto sobre a laranja
nao passa simplesmente para o universo de palavras,
portanto o melhor e sentir e deixar-nos invadir pela
sua totalidade, porque nao ha palavras exatas.
E saudavel e apetitosa, ajuda-nos a seguir em frente
com mais forca, o seu acido escorre na nossa lingua
refrescando-nos e nos saboreamos-lho e sentimo-nos,
curiosos e exploradores. Aguca a nossa curiosidade e o
nosso espirito analatico, sentimo-nos a caminhar para o
infinito celestial. Direciona-nos no sentido sensacional
e excecional, onde vemos um pequeno mundo, dentro
do mundo, faz-nos um convite para realcar o bom e o
belo. A laranja e algo de belo e inacessivel que podemos
utilizar e que tem inspirado muitas empresas.
Utilizando a textura da laranja para pintar o quarto
com um piso escuro e os objetos decorativos cor de
marfim, esquecemos o feio e mau e parece que o Sol
esta sempre radiante junto de nos a inspirar-nos e
iluminar os nossos atos.
60. COMPENDIO BOTANICA 40
Por fim, esta experiencia, a minha perspetiva
sobre laranjas mudou e abri os olhos e comecei a
aprender para saborear melhor e foi apaixonante.
Quando se abre os olhos, abre a mente e fica mais leve
e mais aberto e termino o texto da prova de contacto
com um ditado “A beleza esta nos olhos de quem a ve”.
Botanical Fruit -Oranges, SATSMA