O documento discute urgências epidemiológicas relacionadas à dengue, incluindo sintomas, transmissão, diagnóstico e tratamento. A dengue é causada por um arbovírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, tendo quatro sorotipos conhecidos. Os sintomas incluem febre, dor de cabeça e manchas vermelhas na pele. O diagnóstico envolve exames como hemograma e sorologia, e o tratamento se baseia em hidratação e controle de complicações.
3. DENGUE
A dengue é uma doença infecciosa causada por
um arbovírus do gênero flavivírus.
São conhecidos quatro sorotipos: DENV1,
DENV2, DENV3 e DENV4.
Vetores hospedeiros: No Brasil: Aedes Aegypti
-Aedes Albopictus: importante vetor na Ásia.
A vida média de uma fêmea adulta é de 45 dias.
É importante lembrar que, uma vez infectada pelo
vírus, a fêmea permanecerá assim até o fim de
sua vida.
4. PERÍODO DE INCUBAÇÃO E
TRANSMISSIBILIDADE
Período de Incubação: Varia de 3 a 15 dias, sendo, em
média, de 5 a 6 dias.
Período de transmissibilidade: A transmissão ocorre
enquanto houver presença de vírus no sangue do homem
(período de viremia). Este período começa um dia antes do
aparecimento dos sintomas (febre) e vai até o 5º dia da
doença.
A infecção gera imunidade homóloga.
Os sintomas duram em torno de uma semana a dez dias;
Estima-se que cerca de 30 a 40% dos casos são
assintomáticos;
5. TRANSMISSIBILIDADE
A transmissão se faz pela picada da fêmea
do mosquito Ae. aegypti, no ciclo:
homem Ae. aegypti homem.→ →
Após um repasto de sangue infectado, o
mosquito está apto a transmitir o vírus,
depois de 8 a 12 dias de incubação
extrínseca.
Não há transmissão por contato direto de
um doente ou de suas secreções com uma
pessoa sadia, nem por fontes de água ou
alimento.
6. SINTOMAS
• 99% têm febre, que dura cerca de sete
dias. Pode ser branda ou muito alta.
• 50% têm dor retro-orbital.
• 60% têm cefaléia.
• 50% têm prostração, indisposição.
• 25% têm exantemas em todo o corpo.
7.
8.
9. Definição de Caso Suspeito:
Dengue Clássica:
• Doença febril aguda, de no
máximo 7 dias, acompanhado de
pelo menos dois outros sintomas
(cefaléia, dor retro-orbital, mialgia,
artralgia, prostração, exantema).
10. Definição de Caso Suspeito:
Febre Hemorrágica da Dengue
É todo caso suspeito de Dengue
Clássica que também apresente
manifestações hemorrágicas,
variando desde prova do laço
positiva, até fenômenos
hemorrágicos.
11. a) Grau I – febre acompanhada de sintomas
inespecíficos, em que a única manifestação hemorrágica
é a prova do laço positiva;
b) Grau II – além das manifestações do grau I,
hemorragias espontâneas leves (sangramento de pele,
epistaxe, gengivorragia e outros);
c) Grau III – colapso circulatório com pulso fraco e
rápido, estreitamento da pressão arterial ou hipotensão,
pele pegajosa e fria e inquietação;
d) Grau IV – Síndrome do Choque da Dengue (SCD), ou
seja, choque profundo com ausência de pressão arterial e
pressão de pulso imperceptível.
12. É todo caso grave que não se enquadra nos critérios
da OMS de FHD e quando a classificação de dengue
clássica é insatisfatória.
Caracteriza o quadro:
alterações graves do sistema nervoso
disfunção cardiorrespiratória
insuficiência hepática
plaquetopenia = ou < a 50.000/mm3
hemorragia digestiva
derrames cavitários
leucometria global igual ou inferior a 1.000/mm3
óbito.
delírio, sonolência, coma,
depressão, irritabilidade,
psicose,demência,
amnésia, sinais
meníngeos, paresias,
paralisias, polineuropatias,
síndrome de Reye,
sndrome de Guillain-Barré,
encefalite
13. DEFINIÇÃO DE CASO CONFIRMADO
Na rotina, aquele que apresente
sorologia ou isolamento viral
positivo. Em Epidemia também
utiliza-se o critério clínico
epidemiológico.
14. DEFINIÇÃO DE CASO CONFIRMADO
Febre Hemorrágica da Dengue:
Febre
Plaquetas abaixo de 100.000
Tendência hemorrágica evidenciada por:
sangramentos ou petéquias ou prova do
laço positiva ou equimoses.
Valores de hematócrito superiores a 45%
em crianças, 48% em mulheres e 54%
em homens, ou aumento de 20%
referente ao valor basal.
Confirmação laboratorial
15. Sinais de alerta
- Dor abdominal
- Vômitos persistentes;
- Hipotensão e hipotensão postural;
- PA convergente (<20 mmHg);
- Hepatomegalia;
- Hematêmese ou melena;
- Extremidade frias ou cianose;
- Pulso filiforme;
- Diminuição da diurese;
- Hipotermia;
- Desconforto respiratório.
- Plaquetas < 20.000
16. Diagnóstico diferencial
Dengue clássico: Considerando que a dengue tem um
amplo aspecto clínico, as principais doenças a serem
consideradas no diagnóstico diferencial são: gripe,
rubéola, sarampo, e outras infecções virais, bacterianas
e exantemáticas.
Febre hemorrágica da dengue - F.H.D: leptospirose,
febre amarela, malária, hepatite infecciosa, influenza,
bem como outras febres hemorrágicas transmitidas por
mosquito ou carrapatos.
17. IMPORTANTE:
Atentar para presença de sinais de
complicações e garantir assistência.
Notificar o caso (preencher a FIE)
Garantir coleta de amostra laboratorial
(hemograma para avaliação e sorologia),
atentando para data de início de sintomas.
Orientar o paciente quanto à importância do
aumento de ingesta hídrica e possíveis sinais
de complicações.
Garantir envio oportuno das informações, pois
delas dependem as ações de controle.
18. Diagnóstico Laboratorial
Isolamento Viral: Até o quinto dia do início dos
sintomas, não é o teste de escolha, utilizado
apenas para acompanhamento de sorotipos
circulantes, e monitoramento de introdução de
novos sorotipos. Orienta-se coletar apenas dos
casos mais graves. Depois de coletado, se
armazenado entre 2° e 8°C suporta até 3 dias em
boas condições para processamento do exame.
19. Diagnóstico Laboratorial
Sorologia: É o teste de escolha, deve ser
coletado após o sétimo dia do início dos sintomas,
a coleta antes deste prazo pode acarretar um
falso negativo. Depois de coletado, se
armazenado entre 2° e 8°C suporta até 7 dias em
boas condições para processamento do exame.
20.
21. Caracterização
a) Febre por até sete dias, acompanhada de
pelo menos dois sinais e sintomas inespecíficos
(cefaléia, prostração, dor retro-orbitária,
exantema, mialgias e artralgias), e história
epidemiológica compatível; lembrar que, nos
lactentes, alguma irritabilidade e choro
persistente podem ser a expressão de
sintomas como cefaléia e algias;
b) Prova do laço negativo e ausência de
manifestações hemorrágicas espontâneas;
c) Ausência de sinais de alarme.
22. a) Hidratação oral:
Crianças: orientar hidratação no domicílio, de
forma precoce e abundante, com SRO (um
terço das necessidades basais), oferecido com
frequência sistemática, independentemente da
vontade da criança;
completar a hidratação oral com líquidos
caseiros tais como água, sucos de frutas
naturais, chás e água de coco; evitar uso de
refrigerantes;
Para crianças <2 anos, oferecer 50-100 ml (¼
a ½ copo) de cada vez;
para crianças >2 anos, 100-200 ml (½ a 1
copo) de cada vez;
23. Hidratação oral:
Adolescentes: calcular o volume de
líquidos em 60 a 80 ml/kg/dia,
sendo um terço contendo sais de
reidratarão oral e os dois terços
restantes formados por líquidos
caseiros, tais como água, sucos de
frutas naturais, chás e água de coco;
evitar uso de refrigerantes.
24. Caracterização
a) Febre por até sete dias, acompanhada de
pelo menos dois sinais e sintomas inespecíficos
(cefaléia, prostração, dor retro-orbitária,
exantema, mialgias e artralgias), e história
epidemiológica compatível;
b) Prova do laço positiva ou manifestações
hemorrágicas espontâneas, sem repercussão
hemodinâmica;
c) Ausência de sinais de alarme;
d) HT aumentado entre 10% e 20% do valor
basal ou maior que 38%, com ou sem
plaquetopenia.
25. Hidratação oral: crianças
Caso ocorra hemoconcentração (Hto
>38%), 50 ml/kg por um período de
quatro a seis horas
Hidratação venosa: crianças
Fase de expansão
Soro fisiológico – 20 ml/kg em duas horas,
podendo ser repetida até três vezes.
Repetir o hemograma em seguida
26. 5.3.1 Caracterização
a) Febre por até sete dias, acompanhada de pelo
menos dois sinais e sintomas inespecíficos (cefaléia,
prostração, dor retro-orbitária, exantema, mialgias e
artralgias) e história epidemiológica compatível;
b) Manifestações hemorrágicas presentes ou ausentes;
c) Disfunção orgânica presente ou ausente;
d) O Grupo C/D é caracterizado pela síndrome de
extravasamento plasmático;
e) A presença de algum sinal de alarme e/ou derrame
cavitário caracteriza o Grupo C;
f) Presença de choque, com ou sem hipotensão,
caracteriza o Grupo D.
27. Hidratação do Grupo C - crianças
• Fase de expansão
Soro fisiológico ou Ringer Lactato: 20
ml/kg/h, podendo ser repetida até três
vezes;
Fazer reavaliação clínica horária e
hematócrito após duas horas;
28. Hidratação do Grupo D - crianças
• Iniciar imediatamente a etapa rápida,
com SF a 0,9%, ou Ringer lactato, na base
de 20 ml/kg, em até 20 minutos em bolus,
com reavaliação clínica contínua e
hematócrito após duas horas
Utilizar expansores plasmáticos (albumina
0,5-1 g/kg; preparar solução de albumina a
5%: para cada 100 ml desta solução, usar
25 ml de albumina a 20% e 75 ml de SF a
0,9%); na falta desta, usar colóides
sintéticos – 10 ml/kg/hora;
29. Oferecer O2 em todas as situações de choque (cateter,
máscara, ventilação não-invasiva, ventilação
mecânica);
o acompanhamento da reposição volêmica é feita pelo
HT, diurese e sinais vitais;
Evitar procedimentos invasivos desnecessários;
Acesso venoso profundo e intubação traqueal devem
ser realizados nos pacientes graves e por equipe
capacitada e experiente devido ao risco de
sangramento.
A via intraóssea pode ser escolha para administração
de líquidos e medicamentos durante a RCP ou
tratamento do choque descompensado
Monitoração hemodinâmica minimamente invasiva,
como oximetria de pulso.
30. Conduta terapêutica - adulto
Orientar 60 a 80 ml/kg/dia sendo
um terço para solução salina (soro
oral) e os dois terços restantes
líquidos caseiros (chá, água de
coco, sucos, etc.);
Primeiro dia: 80 ml/kg/dia; a partir
do segundo dia 60 ml/kg/dia;
31. Roteiro de atendimento
Histórico de enfermagem (entrevista e
exame físico): Atentar para sinais de
alarme e realizar prova do laço (em todos
os casos suspeitos)
32. Histórico de epidemiologia: presença de
casos semelhantes no local de moradia ou
de trabalho e história de deslocamento nos
últimos 15 dias para área de transmissão de
dengue.
Orientações aos pacientes e familiares:
aparecimento de sinais de alarme,
retornar entre o 2º e 6º dia,“Cartão de
Identificação do Paciente com
Dengue”.
33.
34. a) Presença de sinais de alarme.
b) Recusa na ingesta de alimentos e líquido.
c) Comprometimento respiratório: dor torácica,
dificuldade respiratória, diminuição do murmúrio
vesicular ou outros sinais de gravidade.
d) Plaquetas <20.000/mm3, independentemente de
manifestações hemorrágicas.
e) Impossibilidade de seguimento ou retorno a
unidade de saúde.
f) Co-morbidades descompensadas como diabetes
mellitus, hipertensão arterial, insuficiência cardíaca,
uso de dicumarinicos, crise asmática, etc.
g) Outras situações a critério médico.
35. As medidas de controle se restringem ao
vetor Ae. Aegypti.
O combate ao vetor envolve ações
continuadas de inspeções domiciliares,
eliminação e tratamento de criadouros,
associadas a atividades de educação em saúde
e mobilização social.
Em situações de epidemias:
Intensificação das ações de controle,
prioritariamente a eliminação de criadouros e
o tratamento focal.
aplicação espacial de inseticida a ultra-baixo
volume (UBV).