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Âmbito: Informação Geral
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Sines Pólo prepara-se para as novas correntes do transporte mundial
PlanoestratégicodeSinesapontaparaumagrandeplataformadecarga edescargadecontentores
MIGUEL MANSO
Chineses fazem renascer o sonho de Sines
A nova “fábrica do mundo” estuda alternativas para colocar os seus produtos nos mercados
consumidores. A ambição nunca cumprida de Sines tem aqui uma nova oportunidade
a Quem chega à zona portuária de
Sines pela estrada marginal que acom-
panha a cidade ao longo da costa de-
para-se com outdoors onde se lê em
grandes letras: “Porta atlântica para
a Europa.” Porto de águas profundas,
com boas condições para receber na-
vios de grande calado e numa zona
geográfica privilegiada em termos ma-
rítimos, o maior porto português de
carga parece ter as condições neces-
sárias para ser um grande entreposto
marítimo.
No entanto, aqueles grandes carta-
zes continuam há vários anos no plano
das promessas. Sines continua a ter
algumas fragilidades no que respeita
aos acessos ferroviários e rodoviários
à Europa e debate-se com vários con-
correntes de peso na vizinha Espanha,
como Valência, Barcelona e Algeciras.
Uma das ambições é aliás transformar-
se num grande porto de alimentação e
escoamento de mercadorias da região
de Madrid (a grande plataforma logís-
tica da Península Ibérica). Singapura
e agora a China olham-no ainda assim
como uma possibilidade para coloca-
rem as suas exportações nas portas
da Europa.
O plano estratégico desenhado pela
administração portuária até 2015 tra-
ça o desenvolvimento do porto como
grande plataforma de carga e descarga
de contentores e de transhipment para
navios mais pequenos. A movimenta-
ção de contentores tem tido um for-
te ritmo de crescimento nos últimos
anos, embora Sines esteja ainda em
terceiro lugar entre os portos nacio-
nais, a seguir a Lisboa e ao porto de
Douro e Leixões (ver infografia).
O chamado terminal XXI começou
a ser construído há cerca de 10 anos
e é explorado desde 2004 pelas au-
toridades portuárias de Singapura,
numa concessão que tem um perío-
do de 30 anos renovável por outros
30. É ali, protegidos por um molhe do
mar aberto, que chegam duas vezes
por semana gigantescos navios por-
ta-contentores que ligam a Europa ao
Extremo Oriente através do chamado
Lion Service.
A capacidade actual é para 400 mil
TEU (unidade de medida que equiva-
le a um contentor de 20 pés), limite
que a administração espera alcançar
este ano. Mas não será por isso que a
capacidade fica esgotada – o cais do
terminal de contentores concessiona-
do à PSA está em obras de ampliação
para receber até 1,4 milhões de TEU
e já no próximo ano deve expandir a
capacidade para receber dois navios
de contentores ao mesmo tempo.
Mas a APS pretende também apro-
veitar a área que tem sob jurisdição,
contígua ao terminal XXI e ainda por
construir, que sai fora da concessão
da PSA. Entre o cais explorado pelas
autoridades de Singapura e a central
termoeléctrica de São Torpes, onde
terminam os terrenos do porto, há es-
paço ainda para receber mais um ou
dois terminais de contentores.
Esse projecto teria de passar por no-
vos parceiros e pelo lançamento de
concursos públicos, indicou ao PÚBLI-
CO a presidente da administração do
porto de Sines (APS), Lídia Sequeira.
O interesse das autoridades chinesas
pode passar por aí, tendo em vista que
o alargamento do canal do Panamá,
a concluir em 2014, aproximará mais
a China da Europa. O porto necessi-
ta por outro lado de diversificar os
armadores que serve, uma área em
que os chineses têm também já uma
presença importante.
Outra área de desenvolvimento po-
tencial é a zona logística que, juntando
a área intraportuária à zona exterior
ao porto (explorada pela AICEP Glo-
bal Parques), ultrapassa 200 hectares.
Afinal, pode ser que a promessa de
abrir a porta atlântica para a Europa
se escreva também em mandarim.
Inês Sequeira
Sines continua a ser,
essencialmente, um porto
de produtos petrolíferos e de
mercadorias destinadas à
indústria energética, a que não é
alheia a presença da refinaria da
Galp. É pelo terminal de granéis
líquidos que passa a maior
quantidade de mercadorias
deste porto, nomeadamente
crude, produtos petrolíferos
e derivados. O terminal de
granéis líquidos movimentou
13,6 milhões de toneladas em
2009, quatro vezes a quantidade
de mercadorias que foram
carregadas ou descarregadas no
terminal de contentores.
O “efeito Galp”
Contentores crescem
mas petróleo domina
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Transportes As vantagens geoestratégicas da frente atlântica
Comércio do Extremo Oriente coloca Sines na confluência
das rotas dos canais do Suez e do Panamá
Luísa Pinto
Porto tem condições para
assumir grande importância
na nova organização
mundial da distribuição
de carga, dizem
especialistas de transportes
a Os navios que vêm do Oriente pe-
lo canal do Suez têm, inevitavelmen-
te, que passar pelo Sul da Europa e
atravessar o estreito de Gibraltar. E
desde aqui até ao Norte da Europa,
até Roterdão, por exemplo, demo-
ram mais cinco dias de viagem – e
cinco dias de viagem num navio cus-
tam muito caro. Com o fim das obras
de expansão do canal do Panamá
(para permitir a passagem dos novos
gigantes transoceânicos de transpor-
te de contentores), em 2014, o mes-
mo navio até poderá fazer a circum-
navegação, dando a volta ao globo.
Num e em outro cenário, Sines está
estrategicamente colocado na con-
fluência destas rotas, nos pontos de
passagem entre o Norte e o Sul, e
entre o Leste e o Oeste.
“É aqui que reside o principal
trunfo de Sines, que se notará sobre-
tudo quando o movimento portuá-
rio nacional deixar de estar depen-
dente, como está, da variação e do
crescimento das trocas comerciais
exclusivamente portuguesas”, de-
fende o dirigente da associação de
empresários que se movimentam
no mundo da navegação, António
Belmar da Costa.
Para jogar este trunfo, Portugal
trá de se especializar a servir a Eu-
ropa, usando Sines como uma es-
pécie de ponta de lança do sistema
portuário nacional, como um hub
que tem todas as condições para ser
o porto de entrada e saída e de re-
distribuição das cargas europeias.
Sines pode, por isso, reunir condi-
ções para figurar na “primeira di-
visão” dos portos onde acostam os
grandes navios porta-contentores,
garante o director executivo da
Agepor – Agentes de Navegação de
Portugal. “Os armadores mundiais
procuram reduzir o peso do factor
custo de transporte através de eco-
nomias de escala, com navios com
cada vez maiores capacidades de
carga. E só Sines, em Portugal, po-
de dar resposta a este tipo de navios,
com calados de 18 metros”, explica
Belmar da Costa, para quem é igual-
mente claro que os portos do Sul
da Europa começam a ganhar cada
vez mais uma importância acresci-
da na nova organização mundial de
distribuição de carga. “Os grandes
fluxos mundiais mudaram muito.
Poucos se darão conta, mas o fluxo
que vem hoje do Extremo Oriente
para a Europa é já muito maior do
que alguma vez foi da Europa para
os EUA”, argumenta.
Há, porém, nesta visão alguns
constrangimentos. “Teremos sem-
pre um handicap face a outros por-
tos. O hinterland [área de influen-
cia do porto] é sempre importante e
Portugal, nesse aspecto, nunca será
competitivo. Temos de assumir que
não podemos desempenhar um pa-
pel semelhante ao de Roterdão, que
assumiu o hinterland da Alemanha
e que está ali para o servir”, argu-
menta Belmar da Costa.
Roterdão é, de resto, o único por-
to europeu que figura na lista dos
maiores portos mundiais, segundo
a OCDE, em décimo lugar – um lugar
conquistado quando se posicionou
e apetrechou para “oferecer” uma
porta de entrada e saída aos varia-
dos produtos alemães. No mesmo
ranking da OCDE, a China tem seis
portos no lugar cimeiro e o único
que, em 2009, no primeiro ano da
crise financeira que agora o globo
atravessa, registou taxas de variação
positivas – o porto de Guangzhou.
Este desempenho explica-se pelo
facto de a China continuar a ser a
fábrica do mundo, mas também, e
cada vez mais, uma importante con-
sumidora dos produtos europeus.
A região geográfica que o porto
de Sines pode servir tem, por outro
lado, concorrentes de peso, que se
apetrecharam antes – tem Valência e
Barcelona, no Sul de Espanha, tem o
novíssimo Tangermed do ouro lado
do Mediterrâneo. E o crescimento
dos portos não é ilimitado, e a mo-
vimentação da carga contentorizada
parece cada vez mais que sim – ape-
sar da travagem trazida com a crise
mundial.
Numa visita ao porto de
Barcelona, há cerca de dois anos,
a então secretária de Estado dos
Transportes, Ana Paula Vitorino,
sublinhou “a sorte” de aquela
zona logística portuária ter sido
a escolhida pela Honda para ali
instalar uma área industrial.
Portugal e o Porto de Sines
também precisam, muito, de
procurar esse tipo de “sorte”,
fazendo uma aposta comercial
e industrial integrada a nível
nacional.
Apesar de estar muito
vocacionado para o serviço de
transhipment (a carga entra e
sai do porto pela via marítima,
chega a bordo de um grande
porta-contentores e sai nos barcos
feeders, mais pequenos, que
fazem uma distribuição capilar,
para outros portos), Sines poderia
dar maior rentabilidade às
operações portuárias e alavancar
o crescimento da economia
nacional se tivesse oportunidade
de acrescentar valor ao contentor
que ali é descarregado, antes de
reembarcar a mercadoria para
outra zona do globo.
As situações mais evidentes em
que tal pode acontecer é fazendo
as operações de assemblage –
montar as peças, acrescentar-lhes
valor. A instalação de indústrias
no pólo logístico contíguo a
Sines torna-se, assim, crucial.
Para já, o porto enfrenta ainda
estrangulamentos, quer em
termos de capacidade (que será
resolvida com as ampliações que
estão em curso pela PSA) quer
em termos de acessibilidades.
Depois disso, Sines terá de crescer
em termos de escala comercial
integrada – não é Sines que tem
de se promover, mas sim o país.
A promoção dos portos nacionais
tem de estar acima de Sines. O
actual Governo comprometeu-
se a estudar a criação e
internacionalização da marca
“portos de Portugal”.
As apostas no futuro
Músculo do porto exige novas actividades de valor acrescentado
Carlos Cipriano
Tráfego para Espanha vale apenas 5%
Ferrovia não é um estrangulamento
a Não será por falta de infra-estrutu-
ras ferroviárias que o porto de Sines
ficará a ver navios. As linhas actuais
vão servindo e têm ainda capacida-
de de resposta para um aumento do
tráfego. Assim haja mercado.
E este é, por enquanto, reduzido
no que diz respeito ao eixo Sines-
Badajoz. Apenas cinco por cento das
mercadorias transportadas pela CP
Carga se destinam a Espanha. Os
restantes 95 por cento vão para o
mercado nacional e são esses que
justificam a média de 26 comboios
diários em cada sentido que servem
Sines.
O grande potencial do mercado
espanhol não tem passado disso
mesmo – potencial. Actualmente não
há um único comboio directo entre
Sines e a fronteira espanhola.
Por isso, a CP, o porto de Sines e
operadores logísticos estão a tentar
criar condições para captar mercado
que justifique pelo menos a criação
de dois ou três comboios directos
por semana entre Sines e Madrid. É
uma tentativa do tudo ou nada: ou
há massa crítica para realizar estes
serviços, ou Sines estará condena-
do a um tráfego apenas do mercado
interno.
Num cenário de grande crescimen-
to de tráfego, há estrangulamentos
por resolver. O principal é a travessia
da serra de Grândola, onde a CP é
obrigada a utilizar duas locomotivas
para rebocar os comboios, duplican-
do custos e penalizando a fluidez da
exploração.
Além deste problema orográfico,
a linha entre Sines e Ermidas inver-
te ligeiramente para sul quando o
destino é o Norte. Mas a constru-
ção de uma bissectriz entre Sines e
Grândola – no que constituiria um
atalho em terreno plano – foi chum-
bada após protestos dos municípios
da região.
Ficou assim adiada a linha que
iria ligar directamente à famosa
“variante de Alcácer”. Trata-se de
uma via-férrea de 29 quilómetros,
recentemente construída e prestes a
ser inaugurada, que acabou por pro-
tagonizar a alternativa ao tráfego de
comboios para o Sul do país, desde
que, em 27 de Outubro, o descarrila-
mento de uma composição de mer-
cadorias deixou a via interdita.
A viagem para Espanha faz-se
actualmente pelo Setil, Entronca-
mento e Abrantes e é tão longa que
já fez a CP perder alguns negócios –
há alguns anos falhou um projecto
para um transporte directo da Pe-
trogal de Sines para Madrid porque
de camião chega-se mais facilmente
a Badajoz.
Ainda assim, a vantagem do ca-
minho-de-ferro no transporte de
e para os portos é tão grande que,
malgrado os estrangulamentos da
ferrovia portuguesa, 90 por cento
das mercadorias de e para Sines são
transportados sobre carris e só 10
por cento por via rodoviária.
O movimento
portuário de
Sines obriga à
circulação de 26
comboios diários
em cada sentido.
Mas só 5% vão
para a Espanha
De Évora ao Caia são apenas 90
quilómetros e se houvesse uma
linha de caminho-de-ferro a CP
Carga pouparia 126 quilómetros
numa viagem entre Sines e a
fronteira espanhola.
Actualmente o labiríntico
percurso de Sines a Espanha faz-
se pelo ramal de Vendas Novas
até Setil, pela linha do Norte até
ao Entroncamento, pela linha
do Leste até Torre das Vargens
(Ponte de Sor) e pelo ramal de
Cáceres até à fronteira de Marvão.
Ao todo são 440 quilómetros. Mas
de Sines para Badajoz via Évora
seriam só 314 quilómetros, o que
significa poupanças enormes no
tempo de viagem (1h48 a menos
considerando uma velocidade
média de 70 km/h), em custos
de energia (a linha para Badajoz
seria toda electrificada) e na taxa
de uso a pagar à Refer, que seria
de menos 122 euros por comboio.
O problema é que a linha de
mercadorias para o Caia está
embrulhada no mesmo pacote
da parceira público-privada do
troço Poceirão-Caia do TGV. A via
convencional segue paralela à
de alta velocidade precisamente
naquele troço, construída a um
custo marginal porque beneficia
das economias de escala de um
projecto de 1359 milhões de euros.
Se o TGV parar, ter-se-ia de
lançar um novo concurso, buscar
financiamento e pagar mais
caro por uma infra-estrutura que
esteve para ser mais barata.
Para a CP Carga isto é como
um naufrágio à vista do porto.
Em Maio, a electrificação chega a
Évora, mas de pouco servirá se os
comboios continuarem a ir pelo
Entroncamento para poderem
chegar a Espanha. C.C.
Alta velocidade
O que tem o TGV a ver com a linha Sines-Badajoz?
Tiragem: 50283
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
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Radiografia do porto de Sines
Fontes: Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos; Relatório e Contas do Porto de Sines (2009)
Contentores
(TEU)
Navios
(TEU)
Setúbal
Lisboa
Figueira
da Foz
Douro e
Leixões V. Castelo
Sines
26,5
33,5
0,1
0,9
3,1
35,9
Setúbal
Lisboa
Figueira
da Foz 4,7
Aveiro 9,6
Douro e
Leixões
V. Castelo
Sines
15,6
24,5
2
14
29,5
SINES
Lotes de
armazenagem
Porto de Serviços
Porto de Pesca
Porto de Recreio
Zalsines
Pólo-A
Parque de
contentores
Bacia de
rotação
Parque de
contentores
Zalsines
Pólo-B
Terminal de contentores
PSA Sines
Terminal de Gás Natural
R.E.N. Atlântico
Terminal XXI
(expansão)
Terminal
Multiusos
Terminal
Petroquímico
Terminal Granéis Líquidos
Número de navios
Média mensal
Contentores
(TEU) - Média mensal
Carga geral (fraccionada e contentores)
Toneladas - Média mensal
2000 2010*
* até Setembro
67
135
Jurisdição da APS
Expansão terrestre
Expansão marítima
Acessos rodoviários
Acessos ferroviários
4860
100000
200000
300000
400000
10*0806040200
364.185
Granéis sólidos (carvão e afins)
Toneladas - Média mensal
473.391
600.000
10*0806040200
209.162
Granéis líquidos (crude e afins)
Toneladas - Média mensal
1.750.000
10*0806040200
1.511.627
1.189.232
2010*
31.3662004
1601
TEU: Unidade
de medida
que equivale
a um contentor
de 20 pés
Carga Descarga
Mercado Externo
(Export./Import.)
Mercado Interno
(Cabotagem)
Em milhares de toneladas
Movimentação de mercadorias
Por terminais, em 2009
O maior porto nacional serve mais de um terço
das mercadorias que passam em Portugal por via marítima
1411
2989
206
125
284
2
20
1459
177
Total
3360
3293
8675
528
2
23822032
17048
631
1280
100
Sines comparado aos outros grandes portos nacionais
Janeiro - Setembro 2010 - (peso de cada um em %)
Setúbal
Lisboa
Figueira da Foz
Aveiro
Douro e Leixões
Viana do Castelo
Sines
Total de carga movimentada
38,7
0,9
22,6
6
2,6
18,3
10,9
Sines
Canal do Panamá
Xangai
Oceano
Atlântico
Oceano
Índico
Oceano
Pacífico
Oceano
Pacífico
China mais próxima em 2014
Principais origens e destinos
(em milhares de toneladas)
Portugal: 3936
DescargaCarga
6413295
União Europeia: 2723
DescargaCarga
11771546
Países terceiros: 17.719
DescargaCarga
15.8881830
O Plano de Marketing
do Aeroporto de Beja,
recentemente aprovado, aponta
três valências para estruturar
o seu desenvolvimento:
passageiros, carga aérea e
estacionamento de longa
duração. A ANA – Aeroportos de
Portugal, entidade que detém
a concessão da nova unidade
aeroportuária, já anunciou
estarem a ser “desenvolvidos
contactos” para colocar em
prática “o objectivo da carga
aérea”.
No entanto, indo um pouco
atrás no tempo, verifica-se que
as Orientações Estratégicas
para o Sistema Aeroportuário
Nacional, documento publicado
pelo Governo, em 2006,
considerava que só a longo
prazo se perspectiva para o
novo aeroporto o “transporte de
carga especial e/ou produtos
frescos da região”.
A opção de estabelecer um
hub de carga, prossegue o
documento, “é questionável”
dada a fase embrionária da
infra-estrutura, bem como a
“ausência de massa crítica”
empresarial da região. A
Empresa de Desenvolvimento
do Aeroporto de Beja, entidade
responsável pela construção da
infra-estrutura, admitia apenas
a possibilidade “de escoamento
de produtos tradicionais”.
Beja possui condições
naturais para a actividade com
cargueiros puros, podendo
nomeadamente operar 24 sobre
24 horas, oferecendo condições
que serão cada vez mais difíceis
de encontrar nos aeroportos
próximos dos centros urbanos. O
problema está na falta de infra-
estruturas rodo/ferroviárias,
fundamentais para rentabilizar
as mais-valias aeroportuárias.
A A2, com ligações directas a
Lisboa e ao Algarve, encontra-
se a 53 quilómetros e o IP8,
que ligará Sines a Beja e à
auto-estrada, ainda se encontra
na fase inicial de construção.
Por outro lado, a linha férrea
convencional que passa a cerca
de 1,5 quilómetros do terminal
de carga não está electrificada.
Decorrido que está um ano
da conclusão das obras do
“Aeroporto do Alentejo”, não
são conhecidos potenciais
investidores e a sua abertura
ao tráfego continua sem
data definida. Com efeito, a
Assembleia da República
revogou há cerca de dois
meses o diploma que atribui a
concessão do aeroporto à ANA,
“por não concordarmos com o
modelo de concessão”, justificou
Jorge Costa, deputado do PSD.
Carlos Dias
Conexões aéreas
Aeroporto de Beja
não entra no futuro
de Sines
Tiragem: 50283
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
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Sines Memória de um projecto que pretendia mudar o Alentejo e o país
Planeamento incapaz de prever o futuro
O pólo de desenvolvimento lançado há meio século que
nunca atingiu a medida da sua ambição
Lurdes Ferreira
Nada em Portugal terá
sido tão profundamente
planeado como o pólo
de Sines. O que faltou foi
planear a incerteza da
realidade
a A geração dos superpetroleiros
capazes de transportar 600 mil to-
neladas de crude de uma só vez foi a
grande promessa da engenharia mun-
dial do início da década de 1970. Sines
quis ser um dos primeiros portos do
mundo capazes de a receber, mas não
contava com o que vinha a seguir.
A crise petrolífera de 1973 eclodiu e
com ela caíram os gigantes do mar e o
sonho da expansão económica mun-
dial sem limites. Só houve tempo para
construir um desses navios brutais,
mas Sines nunca o viu atracar.
Seis anos mais tarde, o molhe do
porto desfez-se. Os temporais do In-
verno varreram a barreira de pedra
com blocos de 50 toneladas e foi pre-
ciso mais de uma década para a sua
reconstrução. Quando isso aconte-
ceu, estava o mundo a sair já de uma
segunda crise petrolífera.
Uma ironia, uma maldição, um ele-
fante branco. Nem todos concordarão
que estas são as palavras adequadas à
história de um porto que nunca che-
gou a ser o pólo de desenvolvimento
industrial ambicionado pelos seus
criadores. São, porém, expressões
frequentemente associadas ao que foi
a expectativa e o resultado do maior
projecto industrial de sempre do país.
Nada se assemelhou a ele nem antes
nem depois.
A tripla maldição
Maria Fernanda Rollo fala numa “tri-
pla maldição”. A crise petrolífera de
1973, a mudança de regime em 1974
e os temporais que destruíram o mo-
lhe do porto no Inverno de 1978/79
“condicionaram, de forma decisiva, o
ritmo e o conteúdo efectivo das dife-
rentes fases por que foi passando”.
Brandão Alves, economista do
ISEG com trabalho feito na área da
economia regional, diz que o signi-
ficado de pólo de desenvolvimento
na teoria económica é rico, mas que
foi “gradualmente desvirtuado para
justificar financiamentos”. Os pólos
industriais nascem da ideia de uma
“indústria motriz atrás da qual vem
tudo o resto”, mas, tal como os mo-
tores de um automóvel, precisam de
correias de transmissão. “Caso contrá-
rio, não se vai a lado nenhum”. E foi
o que aconteceu em Sines, segundo
este economista.
O país pegou num conceito eco-
nómico que resultou bem em outros
sítios do mundo e esqueceu-se de cui-
dar das correias de transmissão. “Os
portugueses são bons a imitar, mas os
modelos e as correias de transmissão
não se compram feitos”.
E o que são as correias de transmis-
são em Sines? Brandão Alves admite
que será a relação de dependência
do projecto com o exterior. Depen-
dia muito do exterior e do petróleo
enquanto nada no exterior dependia
de Sines. “É fazer com que as coisas
se agarrem ao terreno, senão esvaem-
se”; é fazer, diz mais à frente, com que
se criem sistemas de irrigação, uma
tese que aplica também à actualidade
e a iniciativas lançadas “a pretexto do
desenvolvimento do país”.
O que ficou claro, para este eco-
nomista, é que Sines não falhou no
planeamento, mas no confronto com
a realidade. “Terá havido demasiada
ambição inicial e esqueceu-se que o
planeamento se sujeita à incerteza”.
“Sines não é um elefante branco”,
defende João Salgueiro, que era sub-
secretário de Estado do Planeamento
Económico na época em que o pro-
jecto foi decidido. “Veja o número
de estabelecimentos que lá funciona
– petrolífero (terminal petrolífero e a
refinadora da Galp Energia), carvoeiro
(terminal de carvão e central eléctrica
da EDP a carvão), gás natural (termi-
nal de recepção), porto de contento-
res e uma infra-estrutura urbana im-
portante (Santo André)”. Sustenta este
economista que o planeamento foi um
factor valioso do projecto e “mesmo
os projectos bem estudados estão su-
jeitos à conjuntura mundial”.
“O método sério de estudos não
se usa hoje. O país regrediu na ma-
neira como os grandes projectos são
equacionados”, declarou. Salgueiro
lembra-se de que todos os estudos
foram publicados, enquanto, “hoje,
não se explicam as alternativas”. Fo-
ram estudadas quatro localizações
(Sines, Peniche, Arrábida e Lagos),
mas as duas últimas saíram da lista
por serem zonas de desenvolvimen-
to turístico. A decisão recaiu sobre o
Alentejo, “por não ter um pólo urbano
em crescimento”.
Quanto ao projecto propriamente
dito, nasceu de uma carência con-
creta. “A capacidade nacional de re-
finação estava quase esgotada. Cabo
Ruivo alimentava o Centro, Leixões o
Norte e faltava capacidade a sul. Sines
respondia a essa necessidade”. Foi fei-
to para dar refinação e um porto de
transhipment ao país, que levasse o
crude refinado para o resto da Europa,
tal como Roterdão. O sonho que hoje
até parece excessivo tinha outras bi-
tolas na época. Portugal tinha então o
maior estaleiro naval do mundo, com
11 mil trabalhadores.
De costas voltadas para o mar
José Poças Esteves, economista da
Saer, refere que a transformação de
Sines num projecto eminentemente
energético acabou por o condicionar.
“Na altura, pensava-se que teria outra
finalidade, mas na verdade estava-se
fundamentalmente preocupado com a
alimentação de energia ao país”.
Veio o 25 de Abril, o país “virou
costas ao mar e a economia passou
para segundo plano”. Quando voltou
a olhar para Sines, tinha na mão um
elefante branco. “O mundo tinha evo-
luído para a globalização competiti-
va”, uma boa parte da qual baseada
na economia do mar, o que se tradu-
zia muito mais em movimentações de
carga entre regiões do que na compo-
nente da energia. E para ser porto de
transbordo e plataforma logística da
globalização falta-lhe ainda hoje o que
sempre lhe faltou: um escoamento rá-
pido de mercadorias para o hinterland
(ver textos nas páginas anteriores).
O economista assume que Sines
deve conjugar as duas valências, de
centro de energia e de porto de carga,
porque “as duas são precisas”, e en-
contra hoje sinais positivos e de bom
senso nos decisores políticos sobre
esta matéria. O que espera é que os
sinais “sejam seguros”.
Na recente visita do chefe do es-
tado chinês a Portugal, Hu Jintao, o
projecto de Sines esteve à mesa das
conversações. Poças Esteves conside-
ra isso como “um sintoma a apontar
para uma nova visão”. Só falta saber
se vai provocar a mudança que falta. A
primeira grande infra-estrutura dedi-
cada ao transporte de carga em Sines,
nascida com o terminal XXI no início
da década de 2000, não foi capaz de
o fazer. A ambição foi mais uma vez
maior do que a realidade.
Sinesnoiníciodadécadadesetenta
Vistado porto em1989
Oportoecidadealentejanosnaactualidade
DR
DR
DR
O caminho até à decisão
de lançar o pólo de
desenvolvimento de Sines foi
preparado com método, como
mandam os manuais e não
como fazem os portugueses.
O Governo tinha uma visão de
política industrial para o país,
Rogério Martins, então ministro
da Indústria, era um dos seus
responsáveis.
A história não deu tempo
a Rogério Martins, lembra a
historiadora Fernanda Rollo,
mas a ambição estava à vista.
Não se projectava apenas
um novo pólo industrial;
desenhava-se também de raiz
uma nova cidade. Criou-se o
Gabinete da Área de Sines (GAS),
uma entidade com poderes
equiparados aos de uma câmara
municipal e na dependência
da Presidência do Conselho de
Ministros.
O decreto-lei que definiu
as suas competências previa
que parte da grande indústria
localizada no estuário do
Tejo passaria para Sines, e a
construção de um complexo
industrial de grandes
dimensões, capaz de responder
à fase de expansão económica
europeia e de aproveitar os
recursos nacionais.
Um projecto modelar
História não deu tempo
a Rogério Martins
Ler texto mais
desenvolvido em
www.publico.pt
Tiragem: 50283
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 1
Cores: Cor
Área: 5,51 x 6,87 cm²
Corte: 5 de 5ID: 32720579 14-11-2010
Pólodedesenvolvimento
Interesse chinês
faz regressar
esperançaaSines
a Quarenta anos depois, o possível
interesse da China em colocar o porto
de Sines na rota das suas exportações
faz regressar um velho sonho. Sines
tem potencial natural e geoestratégico,
mas há ainda muitas sombras a obscu-
recer o futuro. c Destaque, 3 a 6

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Anexos: Estratégia Europa 2020 Ponto de Situação das Metas em Portugal
 
UM ESTADO PORTUGUÊS MELHOR
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Sines prepara-se para novas correntes do transporte mundial

  • 1. Tiragem: 50283 País: Portugal Period.: Diária Âmbito: Informação Geral Pág: 3 Cores: Cor Área: 28,57 x 35,22 cm² Corte: 1 de 5ID: 32720579 14-11-2010 Sines Pólo prepara-se para as novas correntes do transporte mundial PlanoestratégicodeSinesapontaparaumagrandeplataformadecarga edescargadecontentores MIGUEL MANSO Chineses fazem renascer o sonho de Sines A nova “fábrica do mundo” estuda alternativas para colocar os seus produtos nos mercados consumidores. A ambição nunca cumprida de Sines tem aqui uma nova oportunidade a Quem chega à zona portuária de Sines pela estrada marginal que acom- panha a cidade ao longo da costa de- para-se com outdoors onde se lê em grandes letras: “Porta atlântica para a Europa.” Porto de águas profundas, com boas condições para receber na- vios de grande calado e numa zona geográfica privilegiada em termos ma- rítimos, o maior porto português de carga parece ter as condições neces- sárias para ser um grande entreposto marítimo. No entanto, aqueles grandes carta- zes continuam há vários anos no plano das promessas. Sines continua a ter algumas fragilidades no que respeita aos acessos ferroviários e rodoviários à Europa e debate-se com vários con- correntes de peso na vizinha Espanha, como Valência, Barcelona e Algeciras. Uma das ambições é aliás transformar- se num grande porto de alimentação e escoamento de mercadorias da região de Madrid (a grande plataforma logís- tica da Península Ibérica). Singapura e agora a China olham-no ainda assim como uma possibilidade para coloca- rem as suas exportações nas portas da Europa. O plano estratégico desenhado pela administração portuária até 2015 tra- ça o desenvolvimento do porto como grande plataforma de carga e descarga de contentores e de transhipment para navios mais pequenos. A movimenta- ção de contentores tem tido um for- te ritmo de crescimento nos últimos anos, embora Sines esteja ainda em terceiro lugar entre os portos nacio- nais, a seguir a Lisboa e ao porto de Douro e Leixões (ver infografia). O chamado terminal XXI começou a ser construído há cerca de 10 anos e é explorado desde 2004 pelas au- toridades portuárias de Singapura, numa concessão que tem um perío- do de 30 anos renovável por outros 30. É ali, protegidos por um molhe do mar aberto, que chegam duas vezes por semana gigantescos navios por- ta-contentores que ligam a Europa ao Extremo Oriente através do chamado Lion Service. A capacidade actual é para 400 mil TEU (unidade de medida que equiva- le a um contentor de 20 pés), limite que a administração espera alcançar este ano. Mas não será por isso que a capacidade fica esgotada – o cais do terminal de contentores concessiona- do à PSA está em obras de ampliação para receber até 1,4 milhões de TEU e já no próximo ano deve expandir a capacidade para receber dois navios de contentores ao mesmo tempo. Mas a APS pretende também apro- veitar a área que tem sob jurisdição, contígua ao terminal XXI e ainda por construir, que sai fora da concessão da PSA. Entre o cais explorado pelas autoridades de Singapura e a central termoeléctrica de São Torpes, onde terminam os terrenos do porto, há es- paço ainda para receber mais um ou dois terminais de contentores. Esse projecto teria de passar por no- vos parceiros e pelo lançamento de concursos públicos, indicou ao PÚBLI- CO a presidente da administração do porto de Sines (APS), Lídia Sequeira. O interesse das autoridades chinesas pode passar por aí, tendo em vista que o alargamento do canal do Panamá, a concluir em 2014, aproximará mais a China da Europa. O porto necessi- ta por outro lado de diversificar os armadores que serve, uma área em que os chineses têm também já uma presença importante. Outra área de desenvolvimento po- tencial é a zona logística que, juntando a área intraportuária à zona exterior ao porto (explorada pela AICEP Glo- bal Parques), ultrapassa 200 hectares. Afinal, pode ser que a promessa de abrir a porta atlântica para a Europa se escreva também em mandarim. Inês Sequeira Sines continua a ser, essencialmente, um porto de produtos petrolíferos e de mercadorias destinadas à indústria energética, a que não é alheia a presença da refinaria da Galp. É pelo terminal de granéis líquidos que passa a maior quantidade de mercadorias deste porto, nomeadamente crude, produtos petrolíferos e derivados. O terminal de granéis líquidos movimentou 13,6 milhões de toneladas em 2009, quatro vezes a quantidade de mercadorias que foram carregadas ou descarregadas no terminal de contentores. O “efeito Galp” Contentores crescem mas petróleo domina
  • 2. Tiragem: 50283 País: Portugal Period.: Diária Âmbito: Informação Geral Pág: 4 Cores: Cor Área: 29,32 x 35,44 cm² Corte: 2 de 5ID: 32720579 14-11-2010 Transportes As vantagens geoestratégicas da frente atlântica Comércio do Extremo Oriente coloca Sines na confluência das rotas dos canais do Suez e do Panamá Luísa Pinto Porto tem condições para assumir grande importância na nova organização mundial da distribuição de carga, dizem especialistas de transportes a Os navios que vêm do Oriente pe- lo canal do Suez têm, inevitavelmen- te, que passar pelo Sul da Europa e atravessar o estreito de Gibraltar. E desde aqui até ao Norte da Europa, até Roterdão, por exemplo, demo- ram mais cinco dias de viagem – e cinco dias de viagem num navio cus- tam muito caro. Com o fim das obras de expansão do canal do Panamá (para permitir a passagem dos novos gigantes transoceânicos de transpor- te de contentores), em 2014, o mes- mo navio até poderá fazer a circum- navegação, dando a volta ao globo. Num e em outro cenário, Sines está estrategicamente colocado na con- fluência destas rotas, nos pontos de passagem entre o Norte e o Sul, e entre o Leste e o Oeste. “É aqui que reside o principal trunfo de Sines, que se notará sobre- tudo quando o movimento portuá- rio nacional deixar de estar depen- dente, como está, da variação e do crescimento das trocas comerciais exclusivamente portuguesas”, de- fende o dirigente da associação de empresários que se movimentam no mundo da navegação, António Belmar da Costa. Para jogar este trunfo, Portugal trá de se especializar a servir a Eu- ropa, usando Sines como uma es- pécie de ponta de lança do sistema portuário nacional, como um hub que tem todas as condições para ser o porto de entrada e saída e de re- distribuição das cargas europeias. Sines pode, por isso, reunir condi- ções para figurar na “primeira di- visão” dos portos onde acostam os grandes navios porta-contentores, garante o director executivo da Agepor – Agentes de Navegação de Portugal. “Os armadores mundiais procuram reduzir o peso do factor custo de transporte através de eco- nomias de escala, com navios com cada vez maiores capacidades de carga. E só Sines, em Portugal, po- de dar resposta a este tipo de navios, com calados de 18 metros”, explica Belmar da Costa, para quem é igual- mente claro que os portos do Sul da Europa começam a ganhar cada vez mais uma importância acresci- da na nova organização mundial de distribuição de carga. “Os grandes fluxos mundiais mudaram muito. Poucos se darão conta, mas o fluxo que vem hoje do Extremo Oriente para a Europa é já muito maior do que alguma vez foi da Europa para os EUA”, argumenta. Há, porém, nesta visão alguns constrangimentos. “Teremos sem- pre um handicap face a outros por- tos. O hinterland [área de influen- cia do porto] é sempre importante e Portugal, nesse aspecto, nunca será competitivo. Temos de assumir que não podemos desempenhar um pa- pel semelhante ao de Roterdão, que assumiu o hinterland da Alemanha e que está ali para o servir”, argu- menta Belmar da Costa. Roterdão é, de resto, o único por- to europeu que figura na lista dos maiores portos mundiais, segundo a OCDE, em décimo lugar – um lugar conquistado quando se posicionou e apetrechou para “oferecer” uma porta de entrada e saída aos varia- dos produtos alemães. No mesmo ranking da OCDE, a China tem seis portos no lugar cimeiro e o único que, em 2009, no primeiro ano da crise financeira que agora o globo atravessa, registou taxas de variação positivas – o porto de Guangzhou. Este desempenho explica-se pelo facto de a China continuar a ser a fábrica do mundo, mas também, e cada vez mais, uma importante con- sumidora dos produtos europeus. A região geográfica que o porto de Sines pode servir tem, por outro lado, concorrentes de peso, que se apetrecharam antes – tem Valência e Barcelona, no Sul de Espanha, tem o novíssimo Tangermed do ouro lado do Mediterrâneo. E o crescimento dos portos não é ilimitado, e a mo- vimentação da carga contentorizada parece cada vez mais que sim – ape- sar da travagem trazida com a crise mundial. Numa visita ao porto de Barcelona, há cerca de dois anos, a então secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, sublinhou “a sorte” de aquela zona logística portuária ter sido a escolhida pela Honda para ali instalar uma área industrial. Portugal e o Porto de Sines também precisam, muito, de procurar esse tipo de “sorte”, fazendo uma aposta comercial e industrial integrada a nível nacional. Apesar de estar muito vocacionado para o serviço de transhipment (a carga entra e sai do porto pela via marítima, chega a bordo de um grande porta-contentores e sai nos barcos feeders, mais pequenos, que fazem uma distribuição capilar, para outros portos), Sines poderia dar maior rentabilidade às operações portuárias e alavancar o crescimento da economia nacional se tivesse oportunidade de acrescentar valor ao contentor que ali é descarregado, antes de reembarcar a mercadoria para outra zona do globo. As situações mais evidentes em que tal pode acontecer é fazendo as operações de assemblage – montar as peças, acrescentar-lhes valor. A instalação de indústrias no pólo logístico contíguo a Sines torna-se, assim, crucial. Para já, o porto enfrenta ainda estrangulamentos, quer em termos de capacidade (que será resolvida com as ampliações que estão em curso pela PSA) quer em termos de acessibilidades. Depois disso, Sines terá de crescer em termos de escala comercial integrada – não é Sines que tem de se promover, mas sim o país. A promoção dos portos nacionais tem de estar acima de Sines. O actual Governo comprometeu- se a estudar a criação e internacionalização da marca “portos de Portugal”. As apostas no futuro Músculo do porto exige novas actividades de valor acrescentado Carlos Cipriano Tráfego para Espanha vale apenas 5% Ferrovia não é um estrangulamento a Não será por falta de infra-estrutu- ras ferroviárias que o porto de Sines ficará a ver navios. As linhas actuais vão servindo e têm ainda capacida- de de resposta para um aumento do tráfego. Assim haja mercado. E este é, por enquanto, reduzido no que diz respeito ao eixo Sines- Badajoz. Apenas cinco por cento das mercadorias transportadas pela CP Carga se destinam a Espanha. Os restantes 95 por cento vão para o mercado nacional e são esses que justificam a média de 26 comboios diários em cada sentido que servem Sines. O grande potencial do mercado espanhol não tem passado disso mesmo – potencial. Actualmente não há um único comboio directo entre Sines e a fronteira espanhola. Por isso, a CP, o porto de Sines e operadores logísticos estão a tentar criar condições para captar mercado que justifique pelo menos a criação de dois ou três comboios directos por semana entre Sines e Madrid. É uma tentativa do tudo ou nada: ou há massa crítica para realizar estes serviços, ou Sines estará condena- do a um tráfego apenas do mercado interno. Num cenário de grande crescimen- to de tráfego, há estrangulamentos por resolver. O principal é a travessia da serra de Grândola, onde a CP é obrigada a utilizar duas locomotivas para rebocar os comboios, duplican- do custos e penalizando a fluidez da exploração. Além deste problema orográfico, a linha entre Sines e Ermidas inver- te ligeiramente para sul quando o destino é o Norte. Mas a constru- ção de uma bissectriz entre Sines e Grândola – no que constituiria um atalho em terreno plano – foi chum- bada após protestos dos municípios da região. Ficou assim adiada a linha que iria ligar directamente à famosa “variante de Alcácer”. Trata-se de uma via-férrea de 29 quilómetros, recentemente construída e prestes a ser inaugurada, que acabou por pro- tagonizar a alternativa ao tráfego de comboios para o Sul do país, desde que, em 27 de Outubro, o descarrila- mento de uma composição de mer- cadorias deixou a via interdita. A viagem para Espanha faz-se actualmente pelo Setil, Entronca- mento e Abrantes e é tão longa que já fez a CP perder alguns negócios – há alguns anos falhou um projecto para um transporte directo da Pe- trogal de Sines para Madrid porque de camião chega-se mais facilmente a Badajoz. Ainda assim, a vantagem do ca- minho-de-ferro no transporte de e para os portos é tão grande que, malgrado os estrangulamentos da ferrovia portuguesa, 90 por cento das mercadorias de e para Sines são transportados sobre carris e só 10 por cento por via rodoviária. O movimento portuário de Sines obriga à circulação de 26 comboios diários em cada sentido. Mas só 5% vão para a Espanha De Évora ao Caia são apenas 90 quilómetros e se houvesse uma linha de caminho-de-ferro a CP Carga pouparia 126 quilómetros numa viagem entre Sines e a fronteira espanhola. Actualmente o labiríntico percurso de Sines a Espanha faz- se pelo ramal de Vendas Novas até Setil, pela linha do Norte até ao Entroncamento, pela linha do Leste até Torre das Vargens (Ponte de Sor) e pelo ramal de Cáceres até à fronteira de Marvão. Ao todo são 440 quilómetros. Mas de Sines para Badajoz via Évora seriam só 314 quilómetros, o que significa poupanças enormes no tempo de viagem (1h48 a menos considerando uma velocidade média de 70 km/h), em custos de energia (a linha para Badajoz seria toda electrificada) e na taxa de uso a pagar à Refer, que seria de menos 122 euros por comboio. O problema é que a linha de mercadorias para o Caia está embrulhada no mesmo pacote da parceira público-privada do troço Poceirão-Caia do TGV. A via convencional segue paralela à de alta velocidade precisamente naquele troço, construída a um custo marginal porque beneficia das economias de escala de um projecto de 1359 milhões de euros. Se o TGV parar, ter-se-ia de lançar um novo concurso, buscar financiamento e pagar mais caro por uma infra-estrutura que esteve para ser mais barata. Para a CP Carga isto é como um naufrágio à vista do porto. Em Maio, a electrificação chega a Évora, mas de pouco servirá se os comboios continuarem a ir pelo Entroncamento para poderem chegar a Espanha. C.C. Alta velocidade O que tem o TGV a ver com a linha Sines-Badajoz?
  • 3. Tiragem: 50283 País: Portugal Period.: Diária Âmbito: Informação Geral Pág: 5 Cores: Cor Área: 29,25 x 33,11 cm² Corte: 3 de 5ID: 32720579 14-11-2010 Radiografia do porto de Sines Fontes: Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos; Relatório e Contas do Porto de Sines (2009) Contentores (TEU) Navios (TEU) Setúbal Lisboa Figueira da Foz Douro e Leixões V. Castelo Sines 26,5 33,5 0,1 0,9 3,1 35,9 Setúbal Lisboa Figueira da Foz 4,7 Aveiro 9,6 Douro e Leixões V. Castelo Sines 15,6 24,5 2 14 29,5 SINES Lotes de armazenagem Porto de Serviços Porto de Pesca Porto de Recreio Zalsines Pólo-A Parque de contentores Bacia de rotação Parque de contentores Zalsines Pólo-B Terminal de contentores PSA Sines Terminal de Gás Natural R.E.N. Atlântico Terminal XXI (expansão) Terminal Multiusos Terminal Petroquímico Terminal Granéis Líquidos Número de navios Média mensal Contentores (TEU) - Média mensal Carga geral (fraccionada e contentores) Toneladas - Média mensal 2000 2010* * até Setembro 67 135 Jurisdição da APS Expansão terrestre Expansão marítima Acessos rodoviários Acessos ferroviários 4860 100000 200000 300000 400000 10*0806040200 364.185 Granéis sólidos (carvão e afins) Toneladas - Média mensal 473.391 600.000 10*0806040200 209.162 Granéis líquidos (crude e afins) Toneladas - Média mensal 1.750.000 10*0806040200 1.511.627 1.189.232 2010* 31.3662004 1601 TEU: Unidade de medida que equivale a um contentor de 20 pés Carga Descarga Mercado Externo (Export./Import.) Mercado Interno (Cabotagem) Em milhares de toneladas Movimentação de mercadorias Por terminais, em 2009 O maior porto nacional serve mais de um terço das mercadorias que passam em Portugal por via marítima 1411 2989 206 125 284 2 20 1459 177 Total 3360 3293 8675 528 2 23822032 17048 631 1280 100 Sines comparado aos outros grandes portos nacionais Janeiro - Setembro 2010 - (peso de cada um em %) Setúbal Lisboa Figueira da Foz Aveiro Douro e Leixões Viana do Castelo Sines Total de carga movimentada 38,7 0,9 22,6 6 2,6 18,3 10,9 Sines Canal do Panamá Xangai Oceano Atlântico Oceano Índico Oceano Pacífico Oceano Pacífico China mais próxima em 2014 Principais origens e destinos (em milhares de toneladas) Portugal: 3936 DescargaCarga 6413295 União Europeia: 2723 DescargaCarga 11771546 Países terceiros: 17.719 DescargaCarga 15.8881830 O Plano de Marketing do Aeroporto de Beja, recentemente aprovado, aponta três valências para estruturar o seu desenvolvimento: passageiros, carga aérea e estacionamento de longa duração. A ANA – Aeroportos de Portugal, entidade que detém a concessão da nova unidade aeroportuária, já anunciou estarem a ser “desenvolvidos contactos” para colocar em prática “o objectivo da carga aérea”. No entanto, indo um pouco atrás no tempo, verifica-se que as Orientações Estratégicas para o Sistema Aeroportuário Nacional, documento publicado pelo Governo, em 2006, considerava que só a longo prazo se perspectiva para o novo aeroporto o “transporte de carga especial e/ou produtos frescos da região”. A opção de estabelecer um hub de carga, prossegue o documento, “é questionável” dada a fase embrionária da infra-estrutura, bem como a “ausência de massa crítica” empresarial da região. A Empresa de Desenvolvimento do Aeroporto de Beja, entidade responsável pela construção da infra-estrutura, admitia apenas a possibilidade “de escoamento de produtos tradicionais”. Beja possui condições naturais para a actividade com cargueiros puros, podendo nomeadamente operar 24 sobre 24 horas, oferecendo condições que serão cada vez mais difíceis de encontrar nos aeroportos próximos dos centros urbanos. O problema está na falta de infra- estruturas rodo/ferroviárias, fundamentais para rentabilizar as mais-valias aeroportuárias. A A2, com ligações directas a Lisboa e ao Algarve, encontra- se a 53 quilómetros e o IP8, que ligará Sines a Beja e à auto-estrada, ainda se encontra na fase inicial de construção. Por outro lado, a linha férrea convencional que passa a cerca de 1,5 quilómetros do terminal de carga não está electrificada. Decorrido que está um ano da conclusão das obras do “Aeroporto do Alentejo”, não são conhecidos potenciais investidores e a sua abertura ao tráfego continua sem data definida. Com efeito, a Assembleia da República revogou há cerca de dois meses o diploma que atribui a concessão do aeroporto à ANA, “por não concordarmos com o modelo de concessão”, justificou Jorge Costa, deputado do PSD. Carlos Dias Conexões aéreas Aeroporto de Beja não entra no futuro de Sines
  • 4. Tiragem: 50283 País: Portugal Period.: Diária Âmbito: Informação Geral Pág: 6 Cores: Cor Área: 29,18 x 35,44 cm² Corte: 4 de 5ID: 32720579 14-11-2010 Sines Memória de um projecto que pretendia mudar o Alentejo e o país Planeamento incapaz de prever o futuro O pólo de desenvolvimento lançado há meio século que nunca atingiu a medida da sua ambição Lurdes Ferreira Nada em Portugal terá sido tão profundamente planeado como o pólo de Sines. O que faltou foi planear a incerteza da realidade a A geração dos superpetroleiros capazes de transportar 600 mil to- neladas de crude de uma só vez foi a grande promessa da engenharia mun- dial do início da década de 1970. Sines quis ser um dos primeiros portos do mundo capazes de a receber, mas não contava com o que vinha a seguir. A crise petrolífera de 1973 eclodiu e com ela caíram os gigantes do mar e o sonho da expansão económica mun- dial sem limites. Só houve tempo para construir um desses navios brutais, mas Sines nunca o viu atracar. Seis anos mais tarde, o molhe do porto desfez-se. Os temporais do In- verno varreram a barreira de pedra com blocos de 50 toneladas e foi pre- ciso mais de uma década para a sua reconstrução. Quando isso aconte- ceu, estava o mundo a sair já de uma segunda crise petrolífera. Uma ironia, uma maldição, um ele- fante branco. Nem todos concordarão que estas são as palavras adequadas à história de um porto que nunca che- gou a ser o pólo de desenvolvimento industrial ambicionado pelos seus criadores. São, porém, expressões frequentemente associadas ao que foi a expectativa e o resultado do maior projecto industrial de sempre do país. Nada se assemelhou a ele nem antes nem depois. A tripla maldição Maria Fernanda Rollo fala numa “tri- pla maldição”. A crise petrolífera de 1973, a mudança de regime em 1974 e os temporais que destruíram o mo- lhe do porto no Inverno de 1978/79 “condicionaram, de forma decisiva, o ritmo e o conteúdo efectivo das dife- rentes fases por que foi passando”. Brandão Alves, economista do ISEG com trabalho feito na área da economia regional, diz que o signi- ficado de pólo de desenvolvimento na teoria económica é rico, mas que foi “gradualmente desvirtuado para justificar financiamentos”. Os pólos industriais nascem da ideia de uma “indústria motriz atrás da qual vem tudo o resto”, mas, tal como os mo- tores de um automóvel, precisam de correias de transmissão. “Caso contrá- rio, não se vai a lado nenhum”. E foi o que aconteceu em Sines, segundo este economista. O país pegou num conceito eco- nómico que resultou bem em outros sítios do mundo e esqueceu-se de cui- dar das correias de transmissão. “Os portugueses são bons a imitar, mas os modelos e as correias de transmissão não se compram feitos”. E o que são as correias de transmis- são em Sines? Brandão Alves admite que será a relação de dependência do projecto com o exterior. Depen- dia muito do exterior e do petróleo enquanto nada no exterior dependia de Sines. “É fazer com que as coisas se agarrem ao terreno, senão esvaem- se”; é fazer, diz mais à frente, com que se criem sistemas de irrigação, uma tese que aplica também à actualidade e a iniciativas lançadas “a pretexto do desenvolvimento do país”. O que ficou claro, para este eco- nomista, é que Sines não falhou no planeamento, mas no confronto com a realidade. “Terá havido demasiada ambição inicial e esqueceu-se que o planeamento se sujeita à incerteza”. “Sines não é um elefante branco”, defende João Salgueiro, que era sub- secretário de Estado do Planeamento Económico na época em que o pro- jecto foi decidido. “Veja o número de estabelecimentos que lá funciona – petrolífero (terminal petrolífero e a refinadora da Galp Energia), carvoeiro (terminal de carvão e central eléctrica da EDP a carvão), gás natural (termi- nal de recepção), porto de contento- res e uma infra-estrutura urbana im- portante (Santo André)”. Sustenta este economista que o planeamento foi um factor valioso do projecto e “mesmo os projectos bem estudados estão su- jeitos à conjuntura mundial”. “O método sério de estudos não se usa hoje. O país regrediu na ma- neira como os grandes projectos são equacionados”, declarou. Salgueiro lembra-se de que todos os estudos foram publicados, enquanto, “hoje, não se explicam as alternativas”. Fo- ram estudadas quatro localizações (Sines, Peniche, Arrábida e Lagos), mas as duas últimas saíram da lista por serem zonas de desenvolvimen- to turístico. A decisão recaiu sobre o Alentejo, “por não ter um pólo urbano em crescimento”. Quanto ao projecto propriamente dito, nasceu de uma carência con- creta. “A capacidade nacional de re- finação estava quase esgotada. Cabo Ruivo alimentava o Centro, Leixões o Norte e faltava capacidade a sul. Sines respondia a essa necessidade”. Foi fei- to para dar refinação e um porto de transhipment ao país, que levasse o crude refinado para o resto da Europa, tal como Roterdão. O sonho que hoje até parece excessivo tinha outras bi- tolas na época. Portugal tinha então o maior estaleiro naval do mundo, com 11 mil trabalhadores. De costas voltadas para o mar José Poças Esteves, economista da Saer, refere que a transformação de Sines num projecto eminentemente energético acabou por o condicionar. “Na altura, pensava-se que teria outra finalidade, mas na verdade estava-se fundamentalmente preocupado com a alimentação de energia ao país”. Veio o 25 de Abril, o país “virou costas ao mar e a economia passou para segundo plano”. Quando voltou a olhar para Sines, tinha na mão um elefante branco. “O mundo tinha evo- luído para a globalização competiti- va”, uma boa parte da qual baseada na economia do mar, o que se tradu- zia muito mais em movimentações de carga entre regiões do que na compo- nente da energia. E para ser porto de transbordo e plataforma logística da globalização falta-lhe ainda hoje o que sempre lhe faltou: um escoamento rá- pido de mercadorias para o hinterland (ver textos nas páginas anteriores). O economista assume que Sines deve conjugar as duas valências, de centro de energia e de porto de carga, porque “as duas são precisas”, e en- contra hoje sinais positivos e de bom senso nos decisores políticos sobre esta matéria. O que espera é que os sinais “sejam seguros”. Na recente visita do chefe do es- tado chinês a Portugal, Hu Jintao, o projecto de Sines esteve à mesa das conversações. Poças Esteves conside- ra isso como “um sintoma a apontar para uma nova visão”. Só falta saber se vai provocar a mudança que falta. A primeira grande infra-estrutura dedi- cada ao transporte de carga em Sines, nascida com o terminal XXI no início da década de 2000, não foi capaz de o fazer. A ambição foi mais uma vez maior do que a realidade. Sinesnoiníciodadécadadesetenta Vistado porto em1989 Oportoecidadealentejanosnaactualidade DR DR DR O caminho até à decisão de lançar o pólo de desenvolvimento de Sines foi preparado com método, como mandam os manuais e não como fazem os portugueses. O Governo tinha uma visão de política industrial para o país, Rogério Martins, então ministro da Indústria, era um dos seus responsáveis. A história não deu tempo a Rogério Martins, lembra a historiadora Fernanda Rollo, mas a ambição estava à vista. Não se projectava apenas um novo pólo industrial; desenhava-se também de raiz uma nova cidade. Criou-se o Gabinete da Área de Sines (GAS), uma entidade com poderes equiparados aos de uma câmara municipal e na dependência da Presidência do Conselho de Ministros. O decreto-lei que definiu as suas competências previa que parte da grande indústria localizada no estuário do Tejo passaria para Sines, e a construção de um complexo industrial de grandes dimensões, capaz de responder à fase de expansão económica europeia e de aproveitar os recursos nacionais. Um projecto modelar História não deu tempo a Rogério Martins Ler texto mais desenvolvido em www.publico.pt
  • 5. Tiragem: 50283 País: Portugal Period.: Diária Âmbito: Informação Geral Pág: 1 Cores: Cor Área: 5,51 x 6,87 cm² Corte: 5 de 5ID: 32720579 14-11-2010 Pólodedesenvolvimento Interesse chinês faz regressar esperançaaSines a Quarenta anos depois, o possível interesse da China em colocar o porto de Sines na rota das suas exportações faz regressar um velho sonho. Sines tem potencial natural e geoestratégico, mas há ainda muitas sombras a obscu- recer o futuro. c Destaque, 3 a 6