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Formação Contínua de Professores para uma Orientação
          CTS do Ensino de Química: Um Estudo de Caso




                                        Isabel Sofia Rebelo, Isabel P. Martins e Maria Arminda Pedrosa

                       Referem-se sumariamente características gerais da educação científica renovada emergente no limiar do século
                    XXI e alguns condicionalismos sócio-económicos que a contextualizam. Assume-se o movimento CTS como en-
                    quadrador de finalidades abrangentes que lhe subjazem e operacionalizador de metodologias e de abordagens
                    inovadoras de ensino de ciências promotoras de desenvolvimento de literacia científica e tecnológica dos alunos.
                    Descrevem-se as características e os resultados principais de um programa de formação contínua de professores de
                    ciências/química concebido para promover o seu desenvolvimento e a inovação de práticas em consonância.

                                         literacia científica, CTS, desenvolvimento profissional de professores


                                                         Recebido em 29/10/2007; aceito em 30/10/2007

30



     N
            as sociedades ocidentais,               a necessidade de se percorrer um             os alunos, visando simultaneamente
            cada vez mais se vem cons-              longo caminho para se conseguir a            a qualificação pessoal e obtenção de
            tatando a integração e interde-         tão almejada Sociedade do Conheci-           capital intelectual que sirva a socie-
     pendência sociocultural e econômica,           mento. Simultaneamente, estudos in-          dade. Emergem, neste início do sé-
     com reflexos nas linguagens dos                ternacionais revelam baixos níveis de        culo XXI, lógicas mais humanistas de
     próprios movimentos de reforma                 conhecimento científico de jovens na         educação científica, pelo menos nos
     educativa, em que se reconhecem                escolaridade obriga-                                          princípios orientado-
     lógicas da globalização actual que,            tória e uma tendência                                         res, podendo promo-
                                                                                    Na valoração do seu
     apoiando-se em políticas económicas            para se afastarem de                                          ver valores como os
                                                                                  trabalho, referiram-se a
     e modelos de gestão neoliberais,               áreas em científicas                                          de equidade, justiça
                                                                                 indicadores de aumento
     reguladas e controladas por princí-            e tecnológicas nos                                            social, diversidade
                                                                                 de motivação e melhoria
     pios neoconservadores, celebram a              seus percursos edu-                                           e sustentabilidade.
                                                                                  de atitudes dos alunos
     produtividade, a competitividade e             cativos posteriores                                           Visam estimular o
                                                                                para aprender Química, em
     o lucro (Carter, 2005). O desenvolvi-          (OECD, 2001).                                                 desenvolvimento de
                                                                                particular daqueles que se
     mento de sistemas, tecnologias e vias              Nas sociedades                                            literacias científicas
                                                                               comportavam pior e tinham
     de comunicação promove a circula-              ocidentais, têm-se                                            e tecnológicas e exer-
                                                                                    piores desempenhos
     ção abundante e quase instantânea              alterado perspecti-                                           cícios de cidadania
     de informação, ideias, mercadorias,            vas referentes a prá-                                         mais informados e
     produtos e serviços, conduzindo à              ticas de educação científica, a par          responsáveis nas sociedades de-
     generalização de tendências, gostos            com mudanças no reconhecimento               mocráticas actuais (Acevedo, 2004;
     e hábitos e repercutindo-se numa               social e político do papel das ciências      Cachapuz, Praia e Jorge, 2002).
     homogeneização cada vez maior e                e das tecnologias. Em particular, o              O movimento Ciência-Tecnologia-
     mais universal, que se reflecte em             ensino de ciências tem sido alvo de          Sociedade (CTS), movimento inter-
     mudanças de identidades pessoais               mudanças nas finalidades, nos con-           nacional de reforma do ensino das
     e sociais. Ciência e Tecnologia per-           teúdos curriculares e nas abordagens         ciências, que se tem desenvolvido
     passam a vida quotidiana dessas                recomendadas. À perspectivação da            desde meados da década de 1980,
     sociedades e alguns produtos de                educação científica vocacionada para         engloba ênfases curriculares que re-
     progressos científicos e tecnológicos          a formação de elites de cientistas e         querem metodologias e abordagens
     chegam, talvez como nunca, aos ci-             de engenheiros, foram-se seguindo            inovadoras de ensino de ciências
     dadãos. Continuam, porém, a existir            outras orientações mais vocaciona-           para efectivamente promoverem o
     bolsas de exclusão que evidenciam              das para a formação geral de todos           desenvolvimento de literacia científica

     QUÍMICA NOVA NA ESCOLA        Formação contínua de professores para uma orientação cts do ensino de química              N° 27, FEVEREIRO 2008
e tecnológica (Acevedo, Vásquez e             cias/química, necessários para que                práticas mobilizadas pelos PF, análise
Manassero, 2002).                             as reformas educativas actuais se                 e discussão de documentos escritos
                                              concretizem como se pretende e se                 e de videogramas, interacção com
Centralidade dos professores de ciên-         referiu, recorrendo a metodologias                oradores convidados, actividades de
cias/química na efectivação das reformas      de investigação-acção, desenvolveu-               exploração conceptual e actividades
    Os professores de ciências são,           se, implementou-se e avaliou-se um                de desenvolvimento e inovação cur-
nos sistemas educativos, determi-             programa de formação contínua de                  ricular em química. Adicionalmente
nantes para a melhoria qualitativa da         professores de química (PFC). Este                aos aspectos referidos na Tabela 1,
educação científica formal, estabele-         decorreu ao longo de seis meses,                  foram também objecto de reflexão do
cendo em última análise o sucesso             foi concluído por oito professores-               PFC dilemas com que os professores
ou o fracasso de qualquer reforma ou          formandos (PF), intitulou-se Perspec-             de ciências/química se debatem na
inovação curricular naquelas áreas.           tivas de Educação em Química no 3º                prática e motivações, preconceitos,
No quadro das finalidades que per-            Ciclo do Ensino Básico: exploração                aspirações e sentimentos que guiam,
cepcionam para a educação científica          de interrelações Ciência-Tecnologia-              legitimam e sustentam a sua actua-
formal e das experiências e vivências         Sociedade e enquadrou-se no quadro                ção profissional.
profissionais que se lhes afigurem            legal da formação contínua em Por-                    No PFC, criou-se alternância e
relevantes, cabe-lhes reinterpretar e         tugal. Fundamentou-se em recomen-                 interactividade entre períodos de en-
implementar documentos oficiais e             dações de investigação em formação                volvimento intensivo e sustentado dos
recursos didácticos. Assim, a adequa-         de professores de ciências/química                PF em reflexões cooperativas sobre
ção de conhecimentos e crenças de             e contemplou aspectos inovadores                  os objectos de reflexão, em sessões
professores de ciências/química sobre         de finalidades e pressupostos da                  presenciais de formação (total de
ensino, aprendizagem e natureza das           educação em ciências, introduzidos                45h), com a presença da formadora-
ciências são cruciais para que as re-         na recente Reorganização Curricular               investigadora (1ª autora), e períodos
formas educativas actuais se concre-          do Ensino Básico, em Portugal (ver,               de introspecção e de realização
tizem nos sentidos necessários.               por exemplo, Ciências Físicas e Na-               de actividades complementares às
                                              turais. Orientações curriculares para             desenvolvidas nas sessões presen-        31
Formação contínua de professores              o 3º ciclo do ensino básico, Galvão               ciais, nos contextos profissionais dos
de ciências/química – papel e pres-           e col., 2002).                                    PF, sem a presença da formadora-
supostos                                          O PFC, cujos pressupostos e                   investigadora (total de 45h).
    Para que as reformas educativas           metodologias se consideram con-                       No PFC, pretendeu-se criar con-
tenham os reflexos desejados nas              sistentes com princípios sociocons-               dições e contextos que permitissem
escolas e, sobretudo, na vida dos             trutivistas, assumiu os PF como                   aos PF desenvolverem competências
alunos, é necessário agir ao nível            profissionais reflexivos e estimulou              (CCE, 2005) e, genericamente, ferra-
da formação e do desenvolvimento              o seu envolvimento em actividades                 mentas para explorarem novos cami-
profissional, pessoal e social dos            formativas de reflexão (ver Tabela                nhos de crescimento pessoal, social
professores, nomeadamente criando             1), em processos individualizados/                e profissional. Pretendeu-se também
oportunidades para promover ade-              diferenciados de aprendizagem mas                 que desenvolvessem inovações ade-
quada formação contínua em múl-               também, e em grande parte, em                     quadas aos seus contextos profis-
tiplas dimensões (Levy e Sanmartí,            trabalho cooperativo, em grupos de                sionais, aos seus estados e trajectos
2001; Mellado e col., 2006; Shulman           dimensão variável. As actividades                 de desenvolvimento profissional e
e Sherin, 2004; Shulman e Shulman,            incluíram partilha e discussão de re-             pessoal e aos seus interesses e suas
2004). Tal formação deverá constituir         flexões, de trabalhos realizados e de             motivações como profissionais.
um meio privilegiado para inovar o
ensino de ciências e, em última aná-          Tabela 1: Objectos de reflexão do programa de formação
lise, para a promover aprendizagens
mais significativas e mais relevantes          Aspectos sobre ciências e educação em ciências que, de forma geral e abrangen-
para a vida dos seus destinatários nas         te, podem condicionar as práticas lectivas dos professores de ciências/química:
sociedades contemporâneas.                       - Crenças e conhecimentos dos PF;
                                                 - Referenciais teóricos;
O estudo desenvolvido
                                                 - Resultados de investigação em Educação em Ciências.
Propósitos e metodologias                      Dimensões comtempladas:
    Com os propósitos de facilitar a             - Aprendizagem e ensino de ciências/química;
(re)construção de crenças e conhe-               - Conhecimento científico, empreendimentos científicos e cientistas;
cimentos relativos à educação formal             - Interrelações CTS em educação científica,
em química, de promover a inovação
                                                 - Propósitos do ensino formal de ciências/química;
de práticas lectivas compatíveis com
perspectivas CTS de ensino de ciên-              - Perspectivas de ensino CTS de química.


QUÍMICA NOVA NA ESCOLA        Formação contínua de professores para uma orientação cts do ensino de química      N° 27, FEVEREIRO 2008
A avaliação do PFC decorreu em             As intervenções e reflexões de-                    Os professores promoveram a
     dois momentos vistos como com-             senvolvidas pelos grupos de PF so-                exploração dos conceitos de ião,
     plementares. O primeiro, durante a         bre ensino CTS de ciências, quanto                composto iónico, substância, mistura
     sua implementação (ao longo do             ao papel que nele assumem os                      de substâncias, dureza da água e
     processo de investigação-acção)            conceitos científicos, orientaram-se,             precipitação de sais; introduziram a
     em que, tendo em conta pressupos-          inicialmente, segundo duas perspec-               noção de reacção química; e pro-
     tos e propósitos, foi se avaliando a       tivas: i) o ensino CTS corresponde                moveram a revisão dos conceitos de
     operacionalização do PFC e monito-         a formas de atribuir significado a                pureza (química), átomo, molécula,
     rizando a sua implementação, tendo         conceitos científicos, recorrendo à               substâncias elementares e compos-
     em vista informar, complementar e          sua contextualização em situações                 tas, símbolos e fórmulas químicas, já
     reformular actividades planeadas.          de aplicação; ii) os conceitos e as               introduzidos anteriormente.
     O segundo, após a implementa-              suas interrelações, no ensino CTS,                     A nível metodológico, a partir da
     ção do PFC, serviu para avaliar os         são veículos para compreender o                   análise de rótulos de águas de mesa
     produtos do envolvimento nele dos          que nos rodeia – não são um fim                   e de embalagens de detergentes,
     PF, procurando escrutinar as apren-        em si. Em resultado das actividades               promoveram discussões sobre a
     dizagens realizadas (entendidas            de exploração conceptual e meto-                  existência de iões em solução, em
     como (re)construção de crenças e           dológica desenvolvidas ao longo                   termos de que alguma coisa teve
     de conhecimentos relativos à edu-          do programa, os PF passaram a                     de se dissolver em água levando ao
     cação formal em ciências/química)          identificar um conjunto mais espe-                seu aparecimento, e averiguou-se o
     e também identificar as inovações          cífico de características de ensino               que poderia ter sido. Os professores
     em práticas lectivas concebidas e          CTS de ciências, designadamente                   promoveram discussão sobre a no-
     efectivadas, designadamente nas            as relacionadas com a importância                 ção de dureza da água e de formas
     actividades de desenvolvimento e           da responsabilização dos alunos                   de a alterar, a utilidade de cálcio
     inovação curricular.                       pela sua própria aprendizagem, a                  dissolvido em água e a formação
                                                relevância da promoção de literacia               de estalactites e de estalagmites
32
     Resultados                                 científica na formação dos alunos                 em grutas calcárias. Recorreram a
         Nas diversas actividades formati-      com vista à sua participação respon-              fontes de informação diversificadas,
     vas, os PF revelaram, genericamen-         sável na sociedade, por meio de te-               como a Carta Europeia da Água, um
     te, disponibilidade para se envol-         mas criteriosamente escolhidos para               poema de António Gedeão (um po-
     verem em processos de formação             contextualizar o ensino de ciências,              eta português) e fichas informativas
     e desenvolvimento. Ao longo do             e do recurso a abordagens inter e                 por si construídas, para além dos
     PFC, identificaram possibilidades de       transdisciplinares.                               rótulos já referidos. Estimularam o
     inovação, tanto em termos de con-              A título de exemplo, um dos                   envolvimento dos alunos em diver-
     cepções como de práticas. Embora           grupos envolvidos nas actividades                 sas actividades, solicitando, por
     individualmente diferenciados, reve-       de desenvolvimento e inovação                     exemplo, a localização e a análise
     laram envolvimento em inovação e           curricular em química concebeu e                  de informação em mapas (de Por-
     desenvolvimento de concepções de           implementou, com alunos do 8º ano                 tugal e planisfério, facultados por
     aprendizagem de ciências, indician-        (no sistema educativo português,                  professores de Geografia), sobre a
     do aproximação a modelos construti-        alunos com cerca de 13 anos e no                  ocorrência territorial de águas com
     vistas de aprendizagem, e de ensino        2º ano de estudo de química na dis-               diferentes durezas, de cursos e
     de ciências e, conseqüentemente,           ciplina curricular de Ciências Físico-            reservatórios de águas superficiais,
     afastamento de modelos transmissi-         Químicas), uma proposta de trabalho               de águas subterrâneas e de águas
     vos. Evidenciaram desenvolvimento          subordinada ao tema “A água”, cujo                minero-medicinais. Realizaram a
     na identificação e compreensão de          desenvolvimento incluiu a exploração              electrólise da água e solicitaram,
     características específicas de pro-        dos tópicos:                                      em fichas de trabalho (normalmente
     postas de ensino CTS de química,           1. A água tem iões dissolvidos;                   como trabalho de casa), sínteses
     bem como na compreensão e no               2. Importância da água para a vida;               de informação. Promoveram, ainda,
     compromisso com pressupostos,              3. Distribuição da água na Terra                  a realização de investigações e a
     princípios e finalidades renovadas             (ciclo da água; águas superficiais            elaboração de cartazes por grupos
     da educação científica, indiciando             e águas subterrâneas; águas                   de alunos.
     desenvolvimento nas compreensões               minero-medicinais);                                Os relatos dos PF que se en-
     dos conceitos de literacia científica      4. Usos da água (nível doméstico,                 volveram na implementação de
     e de educação para a cidadania.                municipal e industrial) e evolução            propostas de desenvolvimento e
     Revelaram também indicadores de                das necessidades e usos da água               inovação curricular permitiram iden-
     envolvimento em inovação e de-                 no último século;                             tificar, nos papéis que assumiram,
     senvolvimento de práticas lectivas,        5. Águas residuais (função e funcio-              aspectos que Acevedo e col. (2002)
     traduzidos em propostas de ensino              namento de Estações de Trata-                 consideram característicos da atua-
     CTS de química.                                mento de Águas Residuais).                    ção de professores envolvidos no

     QUÍMICA NOVA NA ESCOLA     Formação contínua de professores para uma orientação cts do ensino de química      N° 27, FEVEREIRO 2008
desenvolvimento de ensino CTS                                          suas práticas lectivas (re)construindo                                   Destaca-se, pois, a importância de
de ciências. Na valoração do seu                                       identidades profissionais.                                               os professores se envolverem em
trabalho, referiram-se a indicadores                                       Os processos e produtos desse                                        processos formativos e reflexivos
de aumento de motivação e me-                                          estudo (Rebelo, 2004) permitem                                           que promovam o estabelecimento de
lhoria de atitudes dos alunos para                                     realçar a importância da formação                                        pontes com a escola e com as suas
aprender Química, em particular                                        contínua de professores como um                                          práticas lectivas, e contribuam para
daqueles que se comportavam pior                                       meio para, numa perspectiva inclu-                                       criar comunidades de aprendizagem
e tinham piores desempenhos, mas                                       siva de educação, efectivar reformas                                     onde, de forma informada e susten-
também, e após algumas inseguran-                                      educativas, o que reclama inovações                                      tada, se envolvam em processos de
ças e resistências iniciais, por outros                                profundas em ensino de ciências/                                         desenvolvimento profissional que
que, tendo melhores desempenhos                                        química. Para a efectivação de                                           se repercutam na reconstrução de
em abordagens mais tradicionais,                                       tais inovações, assumirá um papel                                        identidades profissionais.
normalmente precisam de grande                                         importante a articulação com for-
                                                                                                                                                Isabel Sofia Rebelo (irebelo@esel.ipleiria.pt) é pro-
orientação no seu estudo. Os ga-                                       mação contínua que contribua para                                        fessora da Escola Superior de Educação do Insti-
nhos que os PF percepcionaram nos                                      ajudar os professores a elaborar                                         tuto Politécnico de Leiria, Portugal. Isabel P. Martins
alunos reflectiram-se em ganhos na                                     estratégias e recursos necessários                                       (imartins@dte.ua.pt) é professora do Departamento
                                                                                                                                                de Tecnologia Educativa da Universidade de Aveiro,
sua própria satisfação profissional                                    para enfrentarem, com segurança e                                        Portugal. Maria Arminda Pedrosa (apedrosa@ci.uc.pt)
e em motivação para superarem re-                                      conforto, as exigências acrescidas                                       é professora da Faculdade de Ciências e Tecnologia
sistências à mudança e dificuldades                                    que a sua concretização requer.                                          da Universidade de Coimbra, Portugal.
associadas às exigências acrescidas
que sentiram na preparação e no
desenvolvimento desse tipo de acti-                                      Referências                                                            REIRA, M. Ciências Físicas e Naturais.
                                                                                                                                                Orientações curriculares para o 3º ciclo
vidades com os alunos. A avaliação                                          ACEVEDO, J.A. Reflexiones sobre las
                                                                                                                                                do ensino básico. Lisboa: Ministério da
dos produtos do envolvimento dos                                         finalidades de la enseñanza de las cien-
                                                                                                                                                Educação, Departamento da Educação
PF no PFC revelou indicadores de                                         cias: educación científica para la ciuda-
                                                                                                                                                Básica, 2002.
desenvolvimento nas dimensões                                            dania. Revista Eureka sobre Enseñanza y                                                                                                  33
                                                                                                                                                   LEVY, M.I.; SANMARTÍ, N. Funda-
social, pessoal e profissional (Re-                                      Divulgación de las Ciencias, 1(1), 3 – 16,
                                                                                                                                                mentos de un modelo de formación
                                                                         2004. Disponível em http://www.apac-eu-
belo, 2004).                                                                                                                                    permanente del profesorado de ciencias
                                                                         reka.org/revista/Volumen1/Numero_1_1/                                  centrado en la reflexión dialógica sobre
Considerações finais                                                     Educa_cient_ciudadania.pdf.                                            las concepciones y las prácticas. En-
                                                                            ACEVEDO, J.A.; VÁSQUEz, A. e MA-                                    señanza de las Ciencias, 22(2), 269-283,
    No PFC desenvolvido, atribuiu-se                                     NASSERO, M.A. El movimiento ciencia-                                   2001.
aos PF papel preponderante na ex-                                        tecnología-sociedad y la enseñanza                                        MELLADO, V.; RUIz, C.; BERMEJO,
ploração e construção do seu próprio                                     de las Ciencias. 2002. Disponível em:                                  M.L.; JIMÉNEz, R. Contributions from
conhecimento profissional. Para isso,                                    http://www.campus-oei.org/salactsi/                                    the Philosophy of Science to the Edu-
foi importante ter-se procurado criar                                    acevedo13.htm.                                                         cation of Science Teachers. Science &
condições e promover ambientes                                              CAChAPUz, A.; PRAIA, J. e JORGE,                                    Education, 15, 419-445, 2006.
potenciadores do desenvolvimento                                         M. Ciência, Educação em Ciência e                                         OECD. Knowledge and skills for life:
de comunidades de aprendizagem                                           Ensino das Ciências. Lisboa: Ministério                                first results from PISA 2000, [e-Book
cooperativa e reflexiva, assumindo                                       da Educação, 2002.                                                     (PDF Format)]. 2001. Disponível em
                                                                            CARTER, L. Globalisation and Science                                http://www.oecd.org/publications/e-
a formadora papéis de orientadora,
                                                                         Education: rethinking Science Education                                book/9601141E.PDF [2003, 15.05].
facilitadora e estimuladora de explici-
                                                                         Reforms. Journal of Research in Science                                   REBELO, I.S. Desenvolvimento de
tação, descrição, exploração e nego-                                     Teaching, 42(5), 561 – 580, 2005.                                      um Modelo de Formação - Um Estudo
ciação de crenças e conhecimentos                                           CCE (Comissão das Comunidades                                       na Formação Contínua de Professores
e inovação de práticas.                                                  Europeias). Recomendação do Parla-                                     de Química. 2004. Tese (Doutorado).
    Os contextos e as actividades for-                                   mento Europeu e do Conselho sobre                                      Universidade de Aveiro, 2004.
mativas partiram de conhecimentos,                                       as competências-chave para a apren-                                       ShULMAN, L.; ShERIN, M. Fostering
crenças, valores, vivências e experi-                                    dizagem ao longo da vida. COM 548                                      communities of teachers as learners:
ências dos PF, e valorizaram dialéc-                                     final 2005/0221(COD). 2005. Disponível                                 disciplinary perspectives. Journal of Cur-
ticas entre contextos de aplicação e                                     em http://ec.europa.eu/education/poli-                                 riculum Studies, 36(2), 135-140, 2004.
referenciais teóricos. Contemplaram                                      cies/2010/doc/keyrec_pt.pdf.                                              ShULMAN, L.; ShULMAN, J. how and
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tada e fundamentada, os PF desen-
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volverem e avaliarem inovações nas
 Abstract: In-service Teachers’ Education Based on CTS Approach to Chemistry Teaching: a Case Study. This paper summarily exposes the general characteristics of the emergent science education
 in the threshold of the twenty century and some socio-economical conditions that contextualize it. It is supposed that its subjacent finalities frame in the STS movement and that this contributes to profile
 new methodologies and focus in science teaching, with the aim of the development pupils scientific (and technological) skills. The main characteristics and results of a science/chemistry teachers
 continuous program of formation are described and conceived to contribute making effective this goal of science education, by means of the support of an indispensable practical innovation.

 Keywords: scientific literacy, CTS, teachers’ professional development.


QUÍMICA NOVA NA ESCOLA                         Formação contínua de professores para uma orientação cts do ensino de química                                                  N° 27, FEVEREIRO 2008

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Formação de Professores Promove Ensino CTS Química

  • 1. Formação Contínua de Professores para uma Orientação CTS do Ensino de Química: Um Estudo de Caso Isabel Sofia Rebelo, Isabel P. Martins e Maria Arminda Pedrosa Referem-se sumariamente características gerais da educação científica renovada emergente no limiar do século XXI e alguns condicionalismos sócio-económicos que a contextualizam. Assume-se o movimento CTS como en- quadrador de finalidades abrangentes que lhe subjazem e operacionalizador de metodologias e de abordagens inovadoras de ensino de ciências promotoras de desenvolvimento de literacia científica e tecnológica dos alunos. Descrevem-se as características e os resultados principais de um programa de formação contínua de professores de ciências/química concebido para promover o seu desenvolvimento e a inovação de práticas em consonância. literacia científica, CTS, desenvolvimento profissional de professores Recebido em 29/10/2007; aceito em 30/10/2007 30 N as sociedades ocidentais, a necessidade de se percorrer um os alunos, visando simultaneamente cada vez mais se vem cons- longo caminho para se conseguir a a qualificação pessoal e obtenção de tatando a integração e interde- tão almejada Sociedade do Conheci- capital intelectual que sirva a socie- pendência sociocultural e econômica, mento. Simultaneamente, estudos in- dade. Emergem, neste início do sé- com reflexos nas linguagens dos ternacionais revelam baixos níveis de culo XXI, lógicas mais humanistas de próprios movimentos de reforma conhecimento científico de jovens na educação científica, pelo menos nos educativa, em que se reconhecem escolaridade obriga- princípios orientado- lógicas da globalização actual que, tória e uma tendência res, podendo promo- Na valoração do seu apoiando-se em políticas económicas para se afastarem de ver valores como os trabalho, referiram-se a e modelos de gestão neoliberais, áreas em científicas de equidade, justiça indicadores de aumento reguladas e controladas por princí- e tecnológicas nos social, diversidade de motivação e melhoria pios neoconservadores, celebram a seus percursos edu- e sustentabilidade. de atitudes dos alunos produtividade, a competitividade e cativos posteriores Visam estimular o para aprender Química, em o lucro (Carter, 2005). O desenvolvi- (OECD, 2001). desenvolvimento de particular daqueles que se mento de sistemas, tecnologias e vias Nas sociedades literacias científicas comportavam pior e tinham de comunicação promove a circula- ocidentais, têm-se e tecnológicas e exer- piores desempenhos ção abundante e quase instantânea alterado perspecti- cícios de cidadania de informação, ideias, mercadorias, vas referentes a prá- mais informados e produtos e serviços, conduzindo à ticas de educação científica, a par responsáveis nas sociedades de- generalização de tendências, gostos com mudanças no reconhecimento mocráticas actuais (Acevedo, 2004; e hábitos e repercutindo-se numa social e político do papel das ciências Cachapuz, Praia e Jorge, 2002). homogeneização cada vez maior e e das tecnologias. Em particular, o O movimento Ciência-Tecnologia- mais universal, que se reflecte em ensino de ciências tem sido alvo de Sociedade (CTS), movimento inter- mudanças de identidades pessoais mudanças nas finalidades, nos con- nacional de reforma do ensino das e sociais. Ciência e Tecnologia per- teúdos curriculares e nas abordagens ciências, que se tem desenvolvido passam a vida quotidiana dessas recomendadas. À perspectivação da desde meados da década de 1980, sociedades e alguns produtos de educação científica vocacionada para engloba ênfases curriculares que re- progressos científicos e tecnológicos a formação de elites de cientistas e querem metodologias e abordagens chegam, talvez como nunca, aos ci- de engenheiros, foram-se seguindo inovadoras de ensino de ciências dadãos. Continuam, porém, a existir outras orientações mais vocaciona- para efectivamente promoverem o bolsas de exclusão que evidenciam das para a formação geral de todos desenvolvimento de literacia científica QUÍMICA NOVA NA ESCOLA Formação contínua de professores para uma orientação cts do ensino de química N° 27, FEVEREIRO 2008
  • 2. e tecnológica (Acevedo, Vásquez e cias/química, necessários para que práticas mobilizadas pelos PF, análise Manassero, 2002). as reformas educativas actuais se e discussão de documentos escritos concretizem como se pretende e se e de videogramas, interacção com Centralidade dos professores de ciên- referiu, recorrendo a metodologias oradores convidados, actividades de cias/química na efectivação das reformas de investigação-acção, desenvolveu- exploração conceptual e actividades Os professores de ciências são, se, implementou-se e avaliou-se um de desenvolvimento e inovação cur- nos sistemas educativos, determi- programa de formação contínua de ricular em química. Adicionalmente nantes para a melhoria qualitativa da professores de química (PFC). Este aos aspectos referidos na Tabela 1, educação científica formal, estabele- decorreu ao longo de seis meses, foram também objecto de reflexão do cendo em última análise o sucesso foi concluído por oito professores- PFC dilemas com que os professores ou o fracasso de qualquer reforma ou formandos (PF), intitulou-se Perspec- de ciências/química se debatem na inovação curricular naquelas áreas. tivas de Educação em Química no 3º prática e motivações, preconceitos, No quadro das finalidades que per- Ciclo do Ensino Básico: exploração aspirações e sentimentos que guiam, cepcionam para a educação científica de interrelações Ciência-Tecnologia- legitimam e sustentam a sua actua- formal e das experiências e vivências Sociedade e enquadrou-se no quadro ção profissional. profissionais que se lhes afigurem legal da formação contínua em Por- No PFC, criou-se alternância e relevantes, cabe-lhes reinterpretar e tugal. Fundamentou-se em recomen- interactividade entre períodos de en- implementar documentos oficiais e dações de investigação em formação volvimento intensivo e sustentado dos recursos didácticos. Assim, a adequa- de professores de ciências/química PF em reflexões cooperativas sobre ção de conhecimentos e crenças de e contemplou aspectos inovadores os objectos de reflexão, em sessões professores de ciências/química sobre de finalidades e pressupostos da presenciais de formação (total de ensino, aprendizagem e natureza das educação em ciências, introduzidos 45h), com a presença da formadora- ciências são cruciais para que as re- na recente Reorganização Curricular investigadora (1ª autora), e períodos formas educativas actuais se concre- do Ensino Básico, em Portugal (ver, de introspecção e de realização tizem nos sentidos necessários. por exemplo, Ciências Físicas e Na- de actividades complementares às turais. Orientações curriculares para desenvolvidas nas sessões presen- 31 Formação contínua de professores o 3º ciclo do ensino básico, Galvão ciais, nos contextos profissionais dos de ciências/química – papel e pres- e col., 2002). PF, sem a presença da formadora- supostos O PFC, cujos pressupostos e investigadora (total de 45h). Para que as reformas educativas metodologias se consideram con- No PFC, pretendeu-se criar con- tenham os reflexos desejados nas sistentes com princípios sociocons- dições e contextos que permitissem escolas e, sobretudo, na vida dos trutivistas, assumiu os PF como aos PF desenvolverem competências alunos, é necessário agir ao nível profissionais reflexivos e estimulou (CCE, 2005) e, genericamente, ferra- da formação e do desenvolvimento o seu envolvimento em actividades mentas para explorarem novos cami- profissional, pessoal e social dos formativas de reflexão (ver Tabela nhos de crescimento pessoal, social professores, nomeadamente criando 1), em processos individualizados/ e profissional. Pretendeu-se também oportunidades para promover ade- diferenciados de aprendizagem mas que desenvolvessem inovações ade- quada formação contínua em múl- também, e em grande parte, em quadas aos seus contextos profis- tiplas dimensões (Levy e Sanmartí, trabalho cooperativo, em grupos de sionais, aos seus estados e trajectos 2001; Mellado e col., 2006; Shulman dimensão variável. As actividades de desenvolvimento profissional e e Sherin, 2004; Shulman e Shulman, incluíram partilha e discussão de re- pessoal e aos seus interesses e suas 2004). Tal formação deverá constituir flexões, de trabalhos realizados e de motivações como profissionais. um meio privilegiado para inovar o ensino de ciências e, em última aná- Tabela 1: Objectos de reflexão do programa de formação lise, para a promover aprendizagens mais significativas e mais relevantes Aspectos sobre ciências e educação em ciências que, de forma geral e abrangen- para a vida dos seus destinatários nas te, podem condicionar as práticas lectivas dos professores de ciências/química: sociedades contemporâneas. - Crenças e conhecimentos dos PF; - Referenciais teóricos; O estudo desenvolvido - Resultados de investigação em Educação em Ciências. Propósitos e metodologias Dimensões comtempladas: Com os propósitos de facilitar a - Aprendizagem e ensino de ciências/química; (re)construção de crenças e conhe- - Conhecimento científico, empreendimentos científicos e cientistas; cimentos relativos à educação formal - Interrelações CTS em educação científica, em química, de promover a inovação - Propósitos do ensino formal de ciências/química; de práticas lectivas compatíveis com perspectivas CTS de ensino de ciên- - Perspectivas de ensino CTS de química. QUÍMICA NOVA NA ESCOLA Formação contínua de professores para uma orientação cts do ensino de química N° 27, FEVEREIRO 2008
  • 3. A avaliação do PFC decorreu em As intervenções e reflexões de- Os professores promoveram a dois momentos vistos como com- senvolvidas pelos grupos de PF so- exploração dos conceitos de ião, plementares. O primeiro, durante a bre ensino CTS de ciências, quanto composto iónico, substância, mistura sua implementação (ao longo do ao papel que nele assumem os de substâncias, dureza da água e processo de investigação-acção) conceitos científicos, orientaram-se, precipitação de sais; introduziram a em que, tendo em conta pressupos- inicialmente, segundo duas perspec- noção de reacção química; e pro- tos e propósitos, foi se avaliando a tivas: i) o ensino CTS corresponde moveram a revisão dos conceitos de operacionalização do PFC e monito- a formas de atribuir significado a pureza (química), átomo, molécula, rizando a sua implementação, tendo conceitos científicos, recorrendo à substâncias elementares e compos- em vista informar, complementar e sua contextualização em situações tas, símbolos e fórmulas químicas, já reformular actividades planeadas. de aplicação; ii) os conceitos e as introduzidos anteriormente. O segundo, após a implementa- suas interrelações, no ensino CTS, A nível metodológico, a partir da ção do PFC, serviu para avaliar os são veículos para compreender o análise de rótulos de águas de mesa produtos do envolvimento nele dos que nos rodeia – não são um fim e de embalagens de detergentes, PF, procurando escrutinar as apren- em si. Em resultado das actividades promoveram discussões sobre a dizagens realizadas (entendidas de exploração conceptual e meto- existência de iões em solução, em como (re)construção de crenças e dológica desenvolvidas ao longo termos de que alguma coisa teve de conhecimentos relativos à edu- do programa, os PF passaram a de se dissolver em água levando ao cação formal em ciências/química) identificar um conjunto mais espe- seu aparecimento, e averiguou-se o e também identificar as inovações cífico de características de ensino que poderia ter sido. Os professores em práticas lectivas concebidas e CTS de ciências, designadamente promoveram discussão sobre a no- efectivadas, designadamente nas as relacionadas com a importância ção de dureza da água e de formas actividades de desenvolvimento e da responsabilização dos alunos de a alterar, a utilidade de cálcio inovação curricular. pela sua própria aprendizagem, a dissolvido em água e a formação relevância da promoção de literacia de estalactites e de estalagmites 32 Resultados científica na formação dos alunos em grutas calcárias. Recorreram a Nas diversas actividades formati- com vista à sua participação respon- fontes de informação diversificadas, vas, os PF revelaram, genericamen- sável na sociedade, por meio de te- como a Carta Europeia da Água, um te, disponibilidade para se envol- mas criteriosamente escolhidos para poema de António Gedeão (um po- verem em processos de formação contextualizar o ensino de ciências, eta português) e fichas informativas e desenvolvimento. Ao longo do e do recurso a abordagens inter e por si construídas, para além dos PFC, identificaram possibilidades de transdisciplinares. rótulos já referidos. Estimularam o inovação, tanto em termos de con- A título de exemplo, um dos envolvimento dos alunos em diver- cepções como de práticas. Embora grupos envolvidos nas actividades sas actividades, solicitando, por individualmente diferenciados, reve- de desenvolvimento e inovação exemplo, a localização e a análise laram envolvimento em inovação e curricular em química concebeu e de informação em mapas (de Por- desenvolvimento de concepções de implementou, com alunos do 8º ano tugal e planisfério, facultados por aprendizagem de ciências, indician- (no sistema educativo português, professores de Geografia), sobre a do aproximação a modelos construti- alunos com cerca de 13 anos e no ocorrência territorial de águas com vistas de aprendizagem, e de ensino 2º ano de estudo de química na dis- diferentes durezas, de cursos e de ciências e, conseqüentemente, ciplina curricular de Ciências Físico- reservatórios de águas superficiais, afastamento de modelos transmissi- Químicas), uma proposta de trabalho de águas subterrâneas e de águas vos. Evidenciaram desenvolvimento subordinada ao tema “A água”, cujo minero-medicinais. Realizaram a na identificação e compreensão de desenvolvimento incluiu a exploração electrólise da água e solicitaram, características específicas de pro- dos tópicos: em fichas de trabalho (normalmente postas de ensino CTS de química, 1. A água tem iões dissolvidos; como trabalho de casa), sínteses bem como na compreensão e no 2. Importância da água para a vida; de informação. Promoveram, ainda, compromisso com pressupostos, 3. Distribuição da água na Terra a realização de investigações e a princípios e finalidades renovadas (ciclo da água; águas superficiais elaboração de cartazes por grupos da educação científica, indiciando e águas subterrâneas; águas de alunos. desenvolvimento nas compreensões minero-medicinais); Os relatos dos PF que se en- dos conceitos de literacia científica 4. Usos da água (nível doméstico, volveram na implementação de e de educação para a cidadania. municipal e industrial) e evolução propostas de desenvolvimento e Revelaram também indicadores de das necessidades e usos da água inovação curricular permitiram iden- envolvimento em inovação e de- no último século; tificar, nos papéis que assumiram, senvolvimento de práticas lectivas, 5. Águas residuais (função e funcio- aspectos que Acevedo e col. (2002) traduzidos em propostas de ensino namento de Estações de Trata- consideram característicos da atua- CTS de química. mento de Águas Residuais). ção de professores envolvidos no QUÍMICA NOVA NA ESCOLA Formação contínua de professores para uma orientação cts do ensino de química N° 27, FEVEREIRO 2008
  • 4. desenvolvimento de ensino CTS suas práticas lectivas (re)construindo Destaca-se, pois, a importância de de ciências. Na valoração do seu identidades profissionais. os professores se envolverem em trabalho, referiram-se a indicadores Os processos e produtos desse processos formativos e reflexivos de aumento de motivação e me- estudo (Rebelo, 2004) permitem que promovam o estabelecimento de lhoria de atitudes dos alunos para realçar a importância da formação pontes com a escola e com as suas aprender Química, em particular contínua de professores como um práticas lectivas, e contribuam para daqueles que se comportavam pior meio para, numa perspectiva inclu- criar comunidades de aprendizagem e tinham piores desempenhos, mas siva de educação, efectivar reformas onde, de forma informada e susten- também, e após algumas inseguran- educativas, o que reclama inovações tada, se envolvam em processos de ças e resistências iniciais, por outros profundas em ensino de ciências/ desenvolvimento profissional que que, tendo melhores desempenhos química. Para a efectivação de se repercutam na reconstrução de em abordagens mais tradicionais, tais inovações, assumirá um papel identidades profissionais. normalmente precisam de grande importante a articulação com for- Isabel Sofia Rebelo (irebelo@esel.ipleiria.pt) é pro- orientação no seu estudo. Os ga- mação contínua que contribua para fessora da Escola Superior de Educação do Insti- nhos que os PF percepcionaram nos ajudar os professores a elaborar tuto Politécnico de Leiria, Portugal. Isabel P. Martins alunos reflectiram-se em ganhos na estratégias e recursos necessários (imartins@dte.ua.pt) é professora do Departamento de Tecnologia Educativa da Universidade de Aveiro, sua própria satisfação profissional para enfrentarem, com segurança e Portugal. Maria Arminda Pedrosa (apedrosa@ci.uc.pt) e em motivação para superarem re- conforto, as exigências acrescidas é professora da Faculdade de Ciências e Tecnologia sistências à mudança e dificuldades que a sua concretização requer. da Universidade de Coimbra, Portugal. associadas às exigências acrescidas que sentiram na preparação e no desenvolvimento desse tipo de acti- Referências REIRA, M. Ciências Físicas e Naturais. Orientações curriculares para o 3º ciclo vidades com os alunos. A avaliação ACEVEDO, J.A. Reflexiones sobre las do ensino básico. Lisboa: Ministério da dos produtos do envolvimento dos finalidades de la enseñanza de las cien- Educação, Departamento da Educação PF no PFC revelou indicadores de cias: educación científica para la ciuda- Básica, 2002. desenvolvimento nas dimensões dania. Revista Eureka sobre Enseñanza y 33 LEVY, M.I.; SANMARTÍ, N. Funda- social, pessoal e profissional (Re- Divulgación de las Ciencias, 1(1), 3 – 16, mentos de un modelo de formación 2004. Disponível em http://www.apac-eu- belo, 2004). permanente del profesorado de ciencias reka.org/revista/Volumen1/Numero_1_1/ centrado en la reflexión dialógica sobre Considerações finais Educa_cient_ciudadania.pdf. las concepciones y las prácticas. En- ACEVEDO, J.A.; VÁSQUEz, A. e MA- señanza de las Ciencias, 22(2), 269-283, No PFC desenvolvido, atribuiu-se NASSERO, M.A. El movimiento ciencia- 2001. aos PF papel preponderante na ex- tecnología-sociedad y la enseñanza MELLADO, V.; RUIz, C.; BERMEJO, ploração e construção do seu próprio de las Ciencias. 2002. Disponível em: M.L.; JIMÉNEz, R. Contributions from conhecimento profissional. Para isso, http://www.campus-oei.org/salactsi/ the Philosophy of Science to the Edu- foi importante ter-se procurado criar acevedo13.htm. cation of Science Teachers. Science & condições e promover ambientes CAChAPUz, A.; PRAIA, J. e JORGE, Education, 15, 419-445, 2006. potenciadores do desenvolvimento M. Ciência, Educação em Ciência e OECD. 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Os contextos e as actividades for- mento Europeu e do Conselho sobre Universidade de Aveiro, 2004. mativas partiram de conhecimentos, as competências-chave para a apren- ShULMAN, L.; ShERIN, M. Fostering crenças, valores, vivências e experi- dizagem ao longo da vida. COM 548 communities of teachers as learners: ências dos PF, e valorizaram dialéc- final 2005/0221(COD). 2005. Disponível disciplinary perspectives. Journal of Cur- ticas entre contextos de aplicação e em http://ec.europa.eu/education/poli- riculum Studies, 36(2), 135-140, 2004. referenciais teóricos. Contemplaram cies/2010/doc/keyrec_pt.pdf. ShULMAN, L.; ShULMAN, J. how and oportunidades para, de forma susten- GALVãO, C.; NEVES, A.; FREIRE, what teachers learn: a shifting perspec- A.M.; LOPES, A.M.; SANTOS, M.C.; tive. Journal of Curriculum Studies, 36(2), tada e fundamentada, os PF desen- VILELA, M. C., OLIVEIRA, M.T. e PE- 257-271, 2004. volverem e avaliarem inovações nas Abstract: In-service Teachers’ Education Based on CTS Approach to Chemistry Teaching: a Case Study. This paper summarily exposes the general characteristics of the emergent science education in the threshold of the twenty century and some socio-economical conditions that contextualize it. It is supposed that its subjacent finalities frame in the STS movement and that this contributes to profile new methodologies and focus in science teaching, with the aim of the development pupils scientific (and technological) skills. The main characteristics and results of a science/chemistry teachers continuous program of formation are described and conceived to contribute making effective this goal of science education, by means of the support of an indispensable practical innovation. Keywords: scientific literacy, CTS, teachers’ professional development. 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