A reencarnação fazia parte dos dogmas dos judeus sob o nome de ressurreição, embora sua compreensão fosse vaga.
A ressurreição da carne, segundo o Cristianismo, é uma alegoria da reencarnação, que é compatível com a ciência ao contrário da ressurreição literal do corpo.
Inferno, purgatório e céu não são locais físicos, mas estados espirituais atrelados ao grau de evolução, onde as provas e expiações ocorrem na Terra ou
A reencarnação na Bíblia e a verdadeira natureza do céu, inferno e purgatório
1.
2. • O dogma da ressurreição da carne é a
consagração da reencarnação ensinada pelos
Espíritos. Conforme sucede com tantas outras,
estas palavras só parecem despropositadas,
no entender de algumas pessoas, porque as
tomam ao pé da letra. Levam, por isso, à
incredulidade.
• Dai-lhes uma interpretação lógica e os que
chamais livres pensadores as admitirão sem
dificuldades, precisamente pela razão de que
refletem. Porque, não vos enganeis, esses
livres pensadores o que mais pedem e
desejam é crer. Têm, como os outros, ou,
3. • A doutrina da pluralidade das existências é
consentânea com a justiça de Deus; só ela
explica o que, sem ela, é inexplicável. Como
havíeis de pretender que o seu princípio não
estivesse na própria religião?
• Assim, pelo dogma da ressurreição da
carne, a própria Igreja ensina a doutrina da
reencarnação. Demais essa doutrina decorre
de muitas coisas que têm passado
despercebidas e que dentro em pouco se
compreenderão neste sentido. Reconhecer-se-
4. • Os Espíritos, portanto, não vêm
subverter a religião, como alguns o
pretendem. Vêm, ao contrário, confirmá-la,
sancioná-la por provas irrecusáveis. Como,
porém, são chegados os tempos de não mais
empregarem linguagem figurada, eles se
exprimem sem alegorias e dão às coisas sentido
claro e preciso, que não possa estar sujeito a
qualquer interpretação falsa.
• Eis por que, daqui a algum tempo, muito maior
5. • Efetivamente, a Ciência demonstra a
impossibilidade da ressurreição, segundo a
idéia vulgar. Se os despojos do corpo humano se
conservassem homogêneos, embora dispersos e
reduzidos a pó, ainda se conceberia que
pudessem reunir-se em dado momento. As
coisas, porém, não se passam assim. O corpo é
formado de elementos diversos:
• o oxigênio,
• hidrogênio,
• azoto,
• carbono,
6. • Pela decomposição, esses elementos se
dispersam, mas para servir à formação de novos
corpos, de tal sorte que uma mesma molécula,
de carbono, por exemplo, terá entrado na
composição de muitos milhares de corpos
diferentes (falamos unicamente dos corpos
humanos, sem ter em conta os dos animais);
• Que um indivíduo tem talvez em seu corpo
moléculas que já pertenceram a homens das
primitivas idades do mundo; que essas mesmas
moléculas orgânicas que absorveis nos
7. • Existindo em quantidade definida a matéria e
sendo indefinidas as suas combinações, como
poderia cada um daqueles corpos reconstituir-se
com os mesmos elementos? Há aí
impossibilidade material.
• Racionalmente, pois, não se pode admitir a
ressurreição da carne, senão como uma
figura simbólica do fenômeno da reencarnação.
E, então, nada mais há que aberre da razão, que
esteja em contradição com os dados da Ciência
8. • É exato que, segundo o dogma, essa
ressurreição só no fim dos tempos se dará, ao
passo que, segundo a doutrina Espírita, ocorre
todos os dias.
• Mas, nesse quadro do julgamento final, não
haverá uma grande e bela imagem a ocultar, sob
o véu da alegoria, uma dessas verdades
imutáveis, em presença das quais deixará de
haver cépticos, desde que lhes seja restituída a
verdadeira significação?
9. Dignem-se de meditar a teoria espírita sobre
o futuro das almas, e sobre a sorte que lhes
cabe, por efeito das diferentes provas que lhes
cumpre sofrer, e verão que, exceção feita da
simultaneidade, o juízo que as condena ou
absolve não é uma ficção, como pensam os
incrédulos.
Notemos mais que aquela teoria é a
conseqüência natural da
pluralidade dos mundos, hoje perfeitamente
admitida, enquanto que, segundo a doutrina do
10. • Os Gnósticos ao ridicularizarem a idéia da
ressurreição do corpo, com freqüência
desvalorizam o corpo, e consideram suas ações
(relações sexuais, por exemplo) sem importância
para a pessoa “espiritual”. Segundo o
Evangelho de Tomé, por exemplo, Jesus diz: Se o
espírito volta à vida em função do corpo, é a
maravilha das maravilhas. Na verdade, estou
admirado como essa grande riqueza [o espírito] fez
sua morada na pobreza [o corpo].
• Como os gnósticos permaneceram próximos à
tradição filosófica grega (e, por esse motivo, à
11. A reencarnação fazia parte dos dogmas dos
judeus, sob o nome de ressurreição .
Só os saduceus, cuja crença era a de que tudo
acaba com a morte, não acreditavam nisso.
As idéias dos judeus sobre esse ponto, como
sobre muitos outros, não eram claramente
definidas, porque apenas tinham vagas e
incompletas noções acerca da alma e da sua
ligação com o corpo.
12. Criam eles que um homem que vivera podia
reviver, sem saberem precisamente de que
maneira o fato poderia dar-se. Designavam pelo
termo ressurreição o que o Espiritismo, mais
judiciosamente, chama reencarnação.
Com efeito, a ressurreição dá idéia de voltar à
vida o corpo que já está morto, o que a Ciência
demonstra ser materialmente impossível,
sobretudo quando os elementos desse corpo já
se acham desde muito tempo dispersos e
absorvidos.
13. A reencarnação é a volta da alma ou Espírito à
vida corpórea, mas em outro corpo
especialmente formado para ele e que nada tem
de comum com o antigo.
A palavra ressurreição podia assim aplicar-se a
Lázaro, mas não a Elias, nem aos outros
profetas. Se, portanto, segundo a crença deles,
João Batista era Elias, o corpo de João não
podia ser o de Elias, pois que João fora visto
criança e seus pais eram conhecidos. João, pois,
podia ser Elias reencarnado, porém, não
14. Evang. De MARCOS: E soube disso o rei
Herodes (porque o nome de Jesus se tornara
célebre), e disse: João, o Batista, ressuscitou
dos mortos; e por isso estes poderes
milagrosos operam nele.
Mas outros diziam: É Elias. E ainda outros
diziam: É profeta como um dos profetas.
Herodes, porém, ouvindo isso, dizia: É João,
aquele a quem eu mandei degolar: ele
ressuscitou
15. Evang. De MATEUS:
Naquele tempo Herodes, o tetrarca, ouviu a
fama de Jesus,
E disse aos seus cortesãos: Este é João, o
Batista; ele ressuscitou dentre os mortos, e
por isso estes poderes milagrosos operam nele.
16. Deste modo, tem-se que enquanto a
ressurreição da carne preconiza a volta à vida do
corpo decomposto, a reencarnação apresenta-se
como um ressurgimento do Espírito na matéria,
porém em um novo corpo, modificado e
melhorado segundo suas necessidades
evolutivas.
O fato de desconhecerem o mecanismo que liga
o Espírito à matéria é que levou os povos
antigos a interpretações que não sobrevivem ao
17. Mas, com o advento da Doutrina Espírita, o
termo ressurreição pode ser analisado
cientificamente, eliminando-se assim sua
linguagem dúbia e figurada.
Não se pode, portanto, racionalmente, admitir a
ressurreição da carne, senão como uma figura
simbolizando o fenómeno da reencarnação. E
então nada há que choque a razão, nada que
esteja em contradição com os dados da ciência
(LÊ, 1010a).
18.
19. A localização de regiões das penas e das
recompensas só na imaginação do homem
existe. Provem de sua tendência de materializar
as coisas que não compreende.
Penas e gozos são inerentes ao grau de
perfeição de cada Espírito.
Paraíso, Inferno e Purgatório são apenas
alegorias.
O purgatório é quase sempre na Terra, onde
expiamos nossas faltas.
20. Quando os espíritos nos dizem que estão sofrendo
as dores do purgatório ou do inferno, estão se
referindo as provas e expiações por que estão
passando. Não significa que eles estejam num
lugar "fechado" chamado purgatório ou inferno.
O céu não é um lugar onde os bons espíritos se
reúnem, sem outra preocupação que a de gozar
uma felicidade
passiva, por toda a eternidade. São os planetas, as
estrelas e todos os mundos superiores, onde os
espíritos gozam plenamente suas faculdades, sem
as tribulações da vida material nem as angústias
peculiares à inferioridade.
21. Comentário de Allan Kardec:
" O mesmo ocorre com outras expressões
análogas, tais como: cidade das flores, cidade dos
eleitos, primeira,
segunda ou terceira esfera, etc., que apenas são
alegorias usadas por alguns Espíritos, quer como
figuras, quer, algumas vezes, por ignorância da
realidade das coisas, e até das mais simples
noções científicas. De acordo com a idéia restrita
que se fazia outrora dos lugares das penas e das
recompensas e, sobretudo, de acordo com a
opinião de que a Terra era o centro do Universo,
de que o firmamento formava uma abóbada e que
22. Daí as expressões: subir ao céu, estar no mais
alto dos céus, ser precipitado nos infernos.
Hoje, que a Ciência demonstrou ser a Terra
apenas, entre tantos milhões de outros, uns dos
menores mundos, sem importância especial;
que traçou a história da sua formação e lhe
descreveu a constituição; que provou ser infinito
o espaço, não haver alto nem baixo no Universo,
teve-se que renunciar a situar o céu acima das
nuvens e o inferno nos lugares inferiores.
23. Quanto ao purgatório, nenhum lugar lhe fora
designado. Estava reservado ao Espiritismo dar
de tudo isso a explicação mais racional, mais
grandiosa e, ao mesmo tempo, mais
consoladora para a humanidade.
Pode-se assim dizer que trazemos em nós
mesmos o nosso inferno e o nosso paraíso. O
purgatório, achamo-lo na encarnação, nas vidas
corporais ou físicas.“
24. Quando o Cristo disse "meu reino não é deste
mundo", quis dizer, em sentido figurado, que
o seu reinado se exerce unicamente sobre os
corações puros e desinteressados, onde quer
que domine o amor do bem.
O bem reinará na Terra quando ela for
habitada por espíritos predominantemente
bons, que farão reine o amor e a justiça. O
homem atrairá para a Terra os bons espíritos
por meio do progresso moral e praticando as
leis de Deus. Os maus espíritos se afastarão da
Terra, quando estiverem banidos o orgulho e o