Seminário sobre hemorragia uterina disfuncional e neoplasias benignas de colo uterino apresentado durante o Internato de Ginecologia e Obstetrícia em 2009.
3. Hemorragia Uterina Disfuncional
Conceito
Hemorragia Uterina Disfuncional (HUD) é um distúrbio freqüente que
pode ocorrer em qualquer época do período reprodutivo da mulher,
mas concentra-se principalmente em seus extremos, ou seja, logo após a
menarca e no período perimenopausa. É definido como um
sangramento uterino irregular,proveniente da descamação e/ou
reepitelização inapropriada do endométrio causadas por transtornos das
taxas de esteróides sexuais. É, pois, um diagnóstico de exclusão, feito
após cuidadosa eliminação das causas orgânicas de sangramento uterino
representadas pela gravidez e suas complicações, patologias uterinas e
pélvicas benignas e malignas, e problemas extragenitais, como
distúrbios da coagulação, doenças sistêmicas, endocrinopatias extra-ovarianas,
ou uso de medicamentos que interferem com a ação
hormonal ou com os mecanismos de coagulação.
4. Terminologia
1- Alteração do intervalo entre os fluxos
Para mais: - proiomenorréia(intervalos acima de 35 dias)
Para menos: - polimenorréia (intervalos inferiores a 24 dias)
2- Alteração da intensidade do fluxo
Para mais: - menorragia
Para menos: - oligomenorréia
3- Alteração da duração do fluxo
Para mais: - hipermenorréia (mais que oito dias)
Para menos: - hipomenorréia (menos que três dias)
Interrupção brusca do fluxo: - menostase
4- Ausência de menstruação por um período de tempo equivalente pelo
menos à duração dos três últimos ciclos menstruais prévios ou por 180
dias: - amenorréia
5. Epidemiologia
• Adolescentes (menores que 21 anos): 5-7%
• Menacme( entre 21 e 40 anos): 20-30%
• Climatério (maiores que 40 anos): 60-70%
Etiologia
A HUD pode ser classificada em função do ciclo ovulatório em:
• Anovulatória
• Ovulatória
A HUD pode ainda ser classificada em aguda, esporádica ou crônica.
• Aguda: Condição caracterizada como urgência médica, sendo
necessária uma conduta ativa e imediata.
• Esporádica: O sangramento ocorre 1-2 vezes por ano.
• Crônica: O sangramento ocorre 3 ou mais vezes no período de 1 ano.
6.
7. Diagnóstico
É essencialmente clínico e baseia-se nos dados obtidos na anamnese,
exame físico e exame ginecológico.
8. Exames complementares poderão nos auxiliar na elaboração do
diagnóstico e serão solicitados dependendo da intensidade do
sangramento:
1. Sangramento leve ou moderado
- Hemograma
- Ultrassonografia pélvica (transvaginal)
- BHCG (vida sexual)
- Citologia oncológica
2. Sangramento intenso ou recidivante
- Hemograma completo + contagem de plaquetas
- Coagulograma
- Dosagens hormonais (FSH, LH, PRL, TSH, T4)
- Provas de função hepática
- Estudo do endométrio (Curetagem ou histeroscopia)
9. Diagnóstico Diferencial
• Afecções sistêmicas: discrasias sanguíneas (púrpura trombocitopênica,
síndrome de Minot von Villebrand, anemia, deficiência de plaquetas,
leucemias, deficiência de protrombina e outros fatores da coagulação...).
Mal-formações do aparelho genital, traumatismos genitais
(conseqüentes, por exemplo, a abuso sexual), presença de corpo
estranho.
• Vulvovaginais: vulvovaginites
• Cérvico-uterinas: pólipo cervical, câncer de colo uterino, cervicite
• Uterinas corpóreas: gestacionais (aborto, doença trofoblástica
gestacional, restos placentários, infecção puerperal, prenhez ectópica,...)
e não gestacionais (pólipo endometrial, leiomioma, adenomiose,
mioiperplasia, tuberculose genital câncer de endométrio, hiperplasia
endometrial atípica, DIU,...).
• Anexiais e/ou peritoneais: endometriose, câncer de ovário, prenhez
ectópica, doença inflamatória pélvica, tuberculose genital,...
10. Tratamento
O tratamento da HUD pode ser medicamentoso ou cirúrgico,
dependendo da intensidade do sangramento e da característica aguda
ou crônica da anormalidade .
• Clínico
- Anticoncepcional
- Anti-inflamatório não hormonal
- Anti-fibrinolíticos
• Cirúrgico
- Curetagem
- Ablação endometrial:corrente elétrica, laser e destruição térmica do
endométrio.
- Histerectomia:pode ser feita por via transvaginal ou abdominal.
12. Neoplasias Benignas de Colo Uterino
Conceito
O leiomioma uterino é a neoplasia benigna de células musculares lisas
do miométrio,responsiva aos hormônios ovarianos.
Epidemiologia
O leiomioma uterino é o tumor pélvico sólido mais frequente do trato
genital feminino.
Está presente entre 20 a 30% das mulheres em idade fértil, como
também em mais de 40% das mulheres acima de 40 anos, tornando-se
assintomático em apenas 50% dos casos.É raro antes do menacme e
geralmente regride após a menopausa.
Etiopatogenia
A variação dos efeitos hormonais sobre o leiomioma está relacionada em
parte ao seu crescimento autônomo.O desenvolvimento e crescimento
dos leiomiomas resulta de uma complexa interação entre hormônios
esteróides(estrógenos e progestágenos),fatores de crescimento,citocinas
e mutações somáticas.
13. Classificação
1. Em relação ao volume, os leiomiomas podem ser classificados em
pequenos, médios e grandes:
• Leiomiomas pequenos - Não ultrapassam a púbis
• Leiomiomas médios - São aqueles que saem dos limites da pelve
pequena, porém não ultrapassam o ponto médio linha que vai do
umbigo a púbis.
• Leiomiomas grandes - São os leiomiomas que ultrapassam o ponto
médio da linha que vai do umbigo ao púbis.
2.Em relação ao local do útero em que o mioma se localiza, podem ser:
• Cervicais - São aqueles que estão no cérvix uterino, ocorrendo em
2,6% dos casos e no geral se desenvolvem para dentro da vagina,
causando hemorragia e infecções freqüentes e em grande parte das vezes
dificultam a abordagem cirúrgica.
• Istmícos - São tumores que se localizam no istmo uterino perfazem
7,2% dos casos e são os que, com maior freqüência, apresentam
sintomas dolorosos e repercussões sobre o sistema urinário.
14. • Corpóreo - Os leiomiomas que se localizam no corpo uterino são os
tumores de maior freqüência (91,2% dos casos) e podem atingir
grandes volumes e não apresentar nenhuma manifestação clínica.
3. Em relação a camada uterina,eles podem ser:
• Submucosos
• Intramurais
• Subserosos
15. Manifestações Clínicas Locais
Irregularidade menstrual,dor pélvica,corrimento,infertilidade,aumento
do volume abdominal,alterações urinárias,alterações
intestinais,distúrbios venosos.
Alterações Clínicas Gerais
Anemia,hipertermia,náuseas,vômitos e derrames cavitários.
Diagnóstico
Como toda doença ou distúrbio orgânico, a elucidação se faz através de
uma anamnese cuidadosa, com exame físico acurado e exames
complementares específicos. Na anamnese é importante averiguar dados
epidemiológicos (raça, idade, paridade, etc.) es suas manifestações
clínicas, que também é importante para se fazer o diagnóstico
diferencial. O exame ginecológico é de extrema importância sendo
responsável em 90% dos diagnósticos de tumoração.
Os exames complementares para fazer o diagnóstico de leiomioma são
os seguintes: ultrassonografia, radiologia (com e sem contraste),
histeroscopia, laparoscopia, curetagem uterina, toque sob anestesia e
laparotomia, a ressonância é usada em casos excepcionais.
16. Tratamento
• Clínico
- Anti-inflamatório não hormonal
- Progestágenos
- Análogos do GnRH
• Cirúrgico
- Miomectomia
- Histerectomia
- Embolização das Artérias Uterinas