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Auto da Barca do Inferno
O Fidalgo (Don Arnrique)

Adereços que o caracterizam:
- Pajem: representa todos àqueles que o serviam
- Manto com cauda: vaidoso
- Cadeira de espaldar: julgava-se importante e poderoso

Argumentos de Defesa:
 - Barca do Inferno é desagradável
l - Tem alguém na Terra a rezar por ele
 - É “fidalgo de solar” e por isso deve entrar na barca do Céu
 - É nobre e importante

Tipo:
- Nobreza

Argumentos de acusação:
 - Ter levado uma vida de prazeres, sem se importar com ninguém.
 - Ter sido tirano para com o povo
- Ser muito vaidoso
 - Desprezava o povo

Referência ao pai de Don Anrique por que:
 - É uma denuncia social, porque também o pai do Fidalgo já tinha entrado na Barca do
Inferno, isto é, toda a classe nobre tinha os mesmos pecados.

 A movimentação dele em cena:
 - 1º foi á barca do Diabo que lhe explica para onde vai a barca e falando sempre em tom de
ironia
 - Depois foi à barca do Paraíso para tentar a sua sorte, mas o Anjo acusa-o de tirania e diz-lhe
de que maneira nenhuma pode lá entrar.
 - O Fidalgo volta para a Barca do Inferno e o Diabo explica-lhe todos os seus pecados, fazendo
com que ele fique muito triste e arrependido.

Momentos psicológicos da personagem:
 - Ao princípio o Fidalgo está sereno e seguro que irá para o Paraíso - Dirige-se à barca do Anjo,
arrogante, e fica irritado porque ele não lhe responde e mostra-se arrependido e desanimado
por ter confiado no seu “Estado”.
 - No fim dirige-se ao Diabo, mais humilde, pedindo-lhe que o deixe regressar à Terra para ir
ter com a amante.
Crítica de Gil Vicente nesta cena:
 - Os nobres viviam como queriam (vida de luxúria)
- Pensavam que bastava rezar e ir à missa para ir para o Céu

Características dadas às mulheres desse tempo:
- Mentirosas
- Infiéis
- Falsas
- Fingidas
- Hipócritas

Caracterização do Fidalgo:
- Nobre (fidalgo de solar)
- Vaidoso
- Presunçoso do seu estado social
- O seu longo manto e o criado que carrega a cadeira representam bema sua vaidade e
ostentação
- A forma como reage perante o Diabo e o Anjo revelam a suaarrogância( de quem está
habituado a mandar e a ter tudo)
- Apresenta-se como alguém importante- Despreza a barca do Diabo chamando-lhe “cortiço”
- A sua conversa com o Diabo revela-nos que além da sua mulher tinhauma amante, mas que
ambas o enganavam, pois a mulher quando elemorreu chorava, mas era de felicidade e a
amante antes de elemorrerjá estava com outro.
- O Fidalgo é, pois, uma personagem tipo que representa a nobreza, osseus vícios, tirania,
vaidade, arrogância e presunção.

Desenlace:
- Inferno

O Onzeneiro (Usuário)

Símbolos cénicos:
- Bolsão: representa o dinheiro~

Tipo:
- Burguesia

“Oh! Que má-hora venhais,/ onzeneiro, meu parente!”:
- O Diabo revela, com este tratamento, que Onzeneiro tem semelhançascom ele, é como se
fossem membros da mesma família.
- O Diabo sempre o ajudou a fazer o mal, a enganar os outros.
- Agora os papéis invertem-se: é a vez de o Onzeneiro ajudar o Diabo
Argumentos de defesa:
- Ter morrido sem esperar.
- Não ter tido tempo de “apanhar” mais dinheiro (esta queixa mostraque para esta
personagem o dinheiro era importante).
- Jura ter o bolsão vazio.
-Precisa ir à Terra para ir buscar mais dinheiro (para comprar o Paraíso).

Argumentos de acusação:
- Anjo: acusa-o de levar um bolsão cheio de dinheiro e o coração cheiode pecados, cheio de
amor pelo dinheiro.
- Ser avarento.

O Onzeneiro é condenado pelo Anjo ao Inferno porque:
- Leva o coração cheio de pecados, cheio de amor pelo dinheiro e obolsão representa esse
dinheiro.

O Onzeneiro interpreta a recusa do Anjo com:
- Que por não ter dinheiro não pode entrar no Paraíso.
- Ele pensa que com o dinheiro pode comprar tudo e resolver tudo.

A vida do Onzeneiro:
- Avareza (só pensa em dinheiro).

Gil Vicente dá esta pobre caracterização à vida da personagemporque:
- Todas as personagens são personagens tipo.- Não podem representar características
pessoais.

Desenlace:
- Inferno

O Parvo (Joanne)

Tipo:
- Povo (uma pessoa pobre de espírito)

Não tem referência ao passado porque:
- Não agiu com maldade
- Não tem pecados

Símbolos cénicos:
- Não traz porque os símbolos cénicos estão relacionados com a vidaTerrena e os pecados
cometidos
- O Parvo não tem qualquer tipo de pecados
Argumentos de defesa:
- Anjo: tudo o que fez foi sem maldade e é simples

O Parvo não usa qualquer tipo de argumento para convencer o Anjo adeixá-lo entrar no
Paraíso porque:
- Não teve tempo de dizer nada, a sua entrada naquela barca foiautorizada de imediato.
- O Anjo deixa-o entrar porque tudo o que fez foi sem maldade

“Quem és tu? / Samica alguém”:
- Revela a sua simplicidade
- A resposta está relacionada com o seu destino que é o Paraíso

Caracterização desta personagem:
- Não traz símbolos cénicos com ele porque não tem qualquer tipo depecados
- Só simplicidade, ingenuidade e graça, autocaracterizasse ao Diabocomo “tolo”.
- Queixa-se de ter morrido
- As suas atitudes ao longo da cena são descontraídas, o que irrita oDiabo que o quer na sua
barca.
- O Diabo é insultado por ele.
- Esses insultos revelam a sua pobreza de espírito.
- Apresenta-se ao Anjo com “Samica alguém” e este lhe diz que entrarána sua barca, porque
tudo o que fez foi sem maldade.

A minha opinião sobre esta cena:
- Tem uma intenção lúdica: fazendo divertir quem está a assistir a estapeça.
- Também tem uma intenção de crítica: dizendo que os parvos sãopessoas pobres de espírito e
não têm intenção de fazer mal.- Ajuda muito na crítica e faz os cómicos.

Desenlace:
- Fica no caís e entra com os Quatro Cavaleiros.

O Sapateiro (Joanatão)

 Símbolos Cénicos:
- Avental: simboliza a profissão
- Carregado se formas de sapatos: simbolizam a sua profissão e vemcarregado pelos seus
pecados

Tipo:
- Povo (artesão)

Argumentos de acusação:
- Roubava
- Enganava
- Religião mal praticada
Argumentos de defesa: (práticas religiosas)
- Rezava e ia à missa (o fidalgo usou a mesma defesa)
- Fazia ofertas à igreja
- Confessava-se
- Fez todas as práticas religiosas

Crítica feita por Gil Vicente a todas as rezas:
- Formas superficiais de como os católicos praticavam a religião
-Julgavam que as rezas, missas, comunhões, tinham mais valor quepraticar o bem.

Desenlace:
- Inferno



O Frade (Frei Babriel)

Símbolos cénicos:
- hábito de frade
- escudo
- capacete                     Equipamento de esgrima
- espada
- moça (Florença)

Críticas com esses símbolos:
- Desajuste entre a vida religiosa e a vida que ele levava ( vida mundana)
- Os símbolos representavam a vida de prazeres que ele levava, o que oafastava do seu dever à
crítica religiosa

Tipo:
- Clero (mundano)

Argumentos de Acusação:
- Era mundano
- Não respeitou os votos de castidade e de pobreza

O Frade não nega as acusações feitas, pois:
- Pensa que o facto de ser Frade e o seu hábito o vão salvar dos seuspecados

Argumentos de Defesa:
- Ser Frade
- Rezou muito

Apresenta-se cm cortesão
O que revela que ele frequentava a corte e os seus prazeres, era umfrade mundano.
“Gentil padre mundanal”:
- Contradição: encontra-se na palavra “mundanal” e “gentil”
- O Frade deveria ser uma pessoa dedicada à alma, ao espírito, mas émundanal, vive os
prazeres do mundo, por isso existe aqui umacontradição.

“Diabo-(...) E não os punham lá grosa / no vosso convento santo?Frade- E eles faziam outro
tanto!” revela que:
- Havia uma quebra de votos de castidade ao hábito comum entre eles.
- Esta afirmação alarga a crítica a toda a classe social, pois o Frade éuma personagem tipo,
representando toda uma classe social.

Uso do facto de ser Frade naquele tempo:
- Pretende mostrar que o clero se mostrava superior
- Poderia fazer o que quisesse sem ser condenado
- Mal-estar na sociedade por serem cada vez mais frequente os Fradesricos e poderosos

O Anjo recusa-se a falar com o Frade porque:
- Tem vergonha do seu réu
- Não tinha coragem de falar com alguém do clero com tantos pecados (repugnante)

Frade aceita a sentença porque:
- Viu que o Anjo não quis falar com ele
- Porque não cumpriu as regras que deveria ter cumprido
- Se o Anjo se recusa a falar com ele é porque todos os seus pecadosforam graves

Caracterização do Frade:
- Autocaracterizasse “cortesão” (frequentava a corte) o que entra emcontradição com a sua
classe
- Sabe dançar tordilhão e esgrimir às qualidades típicas de um nobre
- É alegre, pois chega ao cais a cantar e a dançar.
- Tal como os outros Frades não cumpriu o voto de castidade nem depobreza, como se
comprovava com as suas palavras.
- Está convencido que por ser membro da Igreja tem entrada direta noParaíso.
- Personagem tipo através da qual se critica o clero

 Desenlace:
- Inferno
A Alcoviteira (Brízida Vaz)

Símbolos Cénicos:

 - Seiscentos virgos postiços (hímenes das virgens)
 - Três arcas de feitiços
- Três armários de mentir - Joias de vestir

 - Guarda-roupa
- Casa movediça
- Estrado de cortiça
- Dois coxins
 (todos estes símbolos representavam a sua actividade de alcoviteira ligada à prostituição)

Tipo:
- Alcoviteira

Quando o Diabo sabe que é Brízida Vaz que está no cais ele fica:
- Contente: sabe que ela tem muitos pecados e por isso é maispassageira para a sua barca
- Surpreso / admirado: não esperava por ela tão cedo
- Surpreendido

Com o campo semântico da mentira ela revela que:
- É hipócrita
- Tenta fazer-se de vítima perante o Diabo para convencê-lo do que lheinteressa
- Hábil mentirosa

Quando o Diabo a convida a entrar ela:
- Diz, com alguma arrogância, que não entra sem o Fidalgo.

Perante o Anjo, Brízida Vaz usa outras tácticas:
- A sedução: muda o seu tom de voz tentando seduzir o Anjo
- Usa vocabulário de cariz religioso: para o Anjo ter pena dela

Quando fala com o Anjo, ela usa um vocabulário de cariz religiosopara:
- Ele ter pena dela
- A deixar entrar na sua Barca
- A achar uma boa pessoa

Argumentos de Acusação:
- Viveu uma má vida (prostituição)

Argumentos de defesa:
- Diz que já sofreu muito
 - Que arranjou muitas “meninas” para elementos do clero

 Caracterização de Brízida Vaz:
- Chegando ao cais na barca do Inferno, recusa-se a entrar sem oFidalgo, provavelmente eram
conhecidos.
- Diz que não é a barca do Diabo que procura
- Leva vários elementos cénicos relacionados com a sua profissão dealcoviteira.
- Está sempre confiante de que vai entrar na barca do Anjo.
- Defende-se dizendo que sofreu muito, como ninguém, que arranjoumuitas “meninas” para
elementos do clero e que está orgulhosa por terarranjado “dono” para todas as suas
“meninas”.
- Quando vai à barca do Anjo muda completamente a sua atitude,usando mais o vocabulário
de cariz religioso e tentando seduzir o Anjo efazer-se de boa pessoa.

Desenlace:
- Inferno

Judeu (Semah Fará)

Símbolos Cénicos:
- Bode: representa a sua religião

Tipo:
- Judeu

Logo que chega ao cais o Judeu dirige-se para a barca do Infernoporque:
- Sabe que não será aceite na barca do Anjo, já que em vida nunca foiaceite nos lugares dos
Cristãos.
- Os Judeus eram muito mal vistos na época e nem poderia admitir ahipótese de entrar na
barca do Anjo

Para entrar na Barca do Inferno ele usa:
- O dinheiro

Ele usa o dinheiro porque:
- Era uma forma de mostrar que os Judeus tinham grande podereconómico e que estavam
ligados ao dinheiro

O Judeu recusa deixar o bode em terra porque:
- Quer ser reconhecido como Judeu
- Não recusa a sua religião

Argumentos de acusação (o Parvo acusa-o de):
- Roubar a cabra
- Ter cometido várias ofensas à religião cristã e à igreja, comendo carneno dia de jejum
- Ser Judeu

Em termos de contexto histórico essa acusação:
- Revela que os Cristãos odiavam os Judeus
- Acusavam-nos de enriquecer à custa de roubos de Natureza diversa
- Acusavam-nos de ofender a religião católica, cometendo diversasprofanações.

Desenlace:
- Fica no cais (porque ninguém o quer)
O Corregedor e O Procurador

Símbolos Cénicos:
- Corregedor: vara e processos
- Procurador: livros jurídicos

Tipo:
- Corregedor: Juiz corrupto
- Procurador: Funcionário da Coroa corrupto

O Diabo cumprimenta o Corregedor com “Oh amador de perdiz”porque:
- Era uma pessoa corrupta
- A perdiz era um símbolo de corrupção

A forma de como o Corregedor inicia diálogo com o Diabo aproxima-seda forma com o Fidalgo
também o fez

O Corregedor usa muito o Latim porque:
- É uma língua muito usada em direito

O Diabo responde-lhe em Latim Macarrónico porque:
- Era para ridicularizar a linguagem utilizada na justiça
- Para mostrar que essa linguagem não servia de nada
- Poderiam sobre falar bem Latim mas não sabiam aplicar as leis

O Corregedor pergunta “Há’ q-ui meirinho do mar?” porque:
- Ele estava habituado a ser servido

O Corregedor pergunta se o poder do barqueiro infernal é maior do que o do próprio Rei
porque:
- Ele na Terra tinha um grande poder
- Não admitia que mandassem nele

Argumentos de acusação do Procurador:
- Não tem tempo de se confessar

Argumentos de acusação do Corregedor (o Diabo acusa-o de):
- Ter aceitado subornos (ser corrupto)
- Ter aceitado subornos até de Judeus (muito mal vistos naquele tipo)
- Confessou-se, mas mentiu.

Argumentos de defesa do Corregedor:
- Era a sua mulher que aceitava os subornos

Acho que o argumento usado de defesa do réu foi:
- Errado
- O Diabo saberia de tudo
- Ele não deveria estar a mentir
- Não devia estar a acusar a sua mulher porque depois também ela eracondenada
“Irês ao lago dos danados / e verês os escrivães / coma estão tãoprosperados” quer dizer
que:
- O Corregedor, quando for para o Inferno, vai encontrar os seus colegas(Homens ligados à
justiça)

Gil Vicente julgou em simultâneo o Corregedor e o Procurador porque:
- Ambos passavam informação
- Ambos faziam parte da justiça
(havia cumplicidade entre a justiça e os assuntos do Rei, ambos eramcorruptos)

A confissão para eles:
- Não era importante: só se confessavam em situações de risco e nãodiziam a verdade

Quando o Corregedor e o Procurador se aproximam do Anjo, ele:
- Reage mal
- Fica irritado
- Manda-lhes uma praga: atitude nada normal do Anjo

O Parvo acusa-os de:
- Roubar coelhos e perdizes
- Profanar nos campanários: levavam a religião de uma forma superficial

Desenlace:
- Inferno

No Inferno o Corregedor dialoga com Brízida Vaz porque:
- Já se conheceriam da vida terrena

O Enforcado

Símbolos Cénicos:
- Baraço (corda que traz ao pescoço)

Tipo:
- Povo (criminoso condenado)

Argumentos de defesa:
- Ele havia sido perdoado por Deus ao morrer enforcado
- Já tinha sofrido o castigo na prisão
- Garcia Moniz tinha-lhe dito que se se enforcasse iria para o paraíso

Argumentos de Acusação:
- O crime que cometeu (ser criminoso)
 - Ser ingénuo

Os Quatro Cavaleiros

Símbolos Cénicos:
- Hábito da ordem de Cristo
- Espadas
Tipo:
- Cruzados

Argumentos de Defesa:
- Dizem que morreram a lutar contra os mouros em nome de Cristo

Quando chegam ao cais chegam a cantar. Essa cantiga mostra:
- Aos mortais que esta vida é uma passagem e que terão de passarsempre naquele cais onde
serão julgados

Os destinatários desta mensagem são:
- Os mortais.
- Os Homens pecadores.

Nessa cantiga está contida a moralidade da peça porque:
- Fala da transitoriedade da vida.
- Fala da inevitabilidade do destino final.
- Fala do destino final que está de acordo com aquilo que foi feito na vida Terrena

Os cavaleiros não foram acusados pelo Diabo porque:
- Merecem entrar na barca do Anjo.
- Morreram a lutar pela fé cristã, contra os infiéis, o que os livrou de todos os pecados.
- Esta cena revela a mentalidade medieval da apologia do espírito da cruzada.

 Desenlace:
- Barca do Anjo.

 ANJO– arrais, ou seja, navegante da barca celeste.
 DIABO E SEU COMPANHEIRO– conduzem a barca infernal.
FIDALGO – representa todos os nobres ociosos de Portugal.
ONZENEIRO – simboliza o pecado da usura e a classe dos agiotas.
PARVO – representa o povo português, rude e ignorante, porém bom de coração e temente a
Deus.
 FRADE– representa os maus sacerdotes.
BRÍSIDA VAZ– alcoviteira (cafetina), simboliza a degradação moral e a feitiçaria popular.
JUDEU – representa os infiéis, que são alheios à fé cristã.
CORREGEDOR E PROCURADOR– encarnam a burocracia jurídica da época.
 ENFORCADO– é o símbolo da falta de fé e da perdição.
QUATRO CAVALEIROS– representam as cruzadas contra os mouros e a força da fé católica.

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O Auto da Barca do Inferno

  • 1. Auto da Barca do Inferno O Fidalgo (Don Arnrique) Adereços que o caracterizam: - Pajem: representa todos àqueles que o serviam - Manto com cauda: vaidoso - Cadeira de espaldar: julgava-se importante e poderoso Argumentos de Defesa: - Barca do Inferno é desagradável l - Tem alguém na Terra a rezar por ele - É “fidalgo de solar” e por isso deve entrar na barca do Céu - É nobre e importante Tipo: - Nobreza Argumentos de acusação: - Ter levado uma vida de prazeres, sem se importar com ninguém. - Ter sido tirano para com o povo - Ser muito vaidoso - Desprezava o povo Referência ao pai de Don Anrique por que: - É uma denuncia social, porque também o pai do Fidalgo já tinha entrado na Barca do Inferno, isto é, toda a classe nobre tinha os mesmos pecados. A movimentação dele em cena: - 1º foi á barca do Diabo que lhe explica para onde vai a barca e falando sempre em tom de ironia - Depois foi à barca do Paraíso para tentar a sua sorte, mas o Anjo acusa-o de tirania e diz-lhe de que maneira nenhuma pode lá entrar. - O Fidalgo volta para a Barca do Inferno e o Diabo explica-lhe todos os seus pecados, fazendo com que ele fique muito triste e arrependido. Momentos psicológicos da personagem: - Ao princípio o Fidalgo está sereno e seguro que irá para o Paraíso - Dirige-se à barca do Anjo, arrogante, e fica irritado porque ele não lhe responde e mostra-se arrependido e desanimado por ter confiado no seu “Estado”. - No fim dirige-se ao Diabo, mais humilde, pedindo-lhe que o deixe regressar à Terra para ir ter com a amante.
  • 2. Crítica de Gil Vicente nesta cena: - Os nobres viviam como queriam (vida de luxúria) - Pensavam que bastava rezar e ir à missa para ir para o Céu Características dadas às mulheres desse tempo: - Mentirosas - Infiéis - Falsas - Fingidas - Hipócritas Caracterização do Fidalgo: - Nobre (fidalgo de solar) - Vaidoso - Presunçoso do seu estado social - O seu longo manto e o criado que carrega a cadeira representam bema sua vaidade e ostentação - A forma como reage perante o Diabo e o Anjo revelam a suaarrogância( de quem está habituado a mandar e a ter tudo) - Apresenta-se como alguém importante- Despreza a barca do Diabo chamando-lhe “cortiço” - A sua conversa com o Diabo revela-nos que além da sua mulher tinhauma amante, mas que ambas o enganavam, pois a mulher quando elemorreu chorava, mas era de felicidade e a amante antes de elemorrerjá estava com outro. - O Fidalgo é, pois, uma personagem tipo que representa a nobreza, osseus vícios, tirania, vaidade, arrogância e presunção. Desenlace: - Inferno O Onzeneiro (Usuário) Símbolos cénicos: - Bolsão: representa o dinheiro~ Tipo: - Burguesia “Oh! Que má-hora venhais,/ onzeneiro, meu parente!”: - O Diabo revela, com este tratamento, que Onzeneiro tem semelhançascom ele, é como se fossem membros da mesma família. - O Diabo sempre o ajudou a fazer o mal, a enganar os outros. - Agora os papéis invertem-se: é a vez de o Onzeneiro ajudar o Diabo
  • 3. Argumentos de defesa: - Ter morrido sem esperar. - Não ter tido tempo de “apanhar” mais dinheiro (esta queixa mostraque para esta personagem o dinheiro era importante). - Jura ter o bolsão vazio. -Precisa ir à Terra para ir buscar mais dinheiro (para comprar o Paraíso). Argumentos de acusação: - Anjo: acusa-o de levar um bolsão cheio de dinheiro e o coração cheiode pecados, cheio de amor pelo dinheiro. - Ser avarento. O Onzeneiro é condenado pelo Anjo ao Inferno porque: - Leva o coração cheio de pecados, cheio de amor pelo dinheiro e obolsão representa esse dinheiro. O Onzeneiro interpreta a recusa do Anjo com: - Que por não ter dinheiro não pode entrar no Paraíso. - Ele pensa que com o dinheiro pode comprar tudo e resolver tudo. A vida do Onzeneiro: - Avareza (só pensa em dinheiro). Gil Vicente dá esta pobre caracterização à vida da personagemporque: - Todas as personagens são personagens tipo.- Não podem representar características pessoais. Desenlace: - Inferno O Parvo (Joanne) Tipo: - Povo (uma pessoa pobre de espírito) Não tem referência ao passado porque: - Não agiu com maldade - Não tem pecados Símbolos cénicos: - Não traz porque os símbolos cénicos estão relacionados com a vidaTerrena e os pecados cometidos - O Parvo não tem qualquer tipo de pecados
  • 4. Argumentos de defesa: - Anjo: tudo o que fez foi sem maldade e é simples O Parvo não usa qualquer tipo de argumento para convencer o Anjo adeixá-lo entrar no Paraíso porque: - Não teve tempo de dizer nada, a sua entrada naquela barca foiautorizada de imediato. - O Anjo deixa-o entrar porque tudo o que fez foi sem maldade “Quem és tu? / Samica alguém”: - Revela a sua simplicidade - A resposta está relacionada com o seu destino que é o Paraíso Caracterização desta personagem: - Não traz símbolos cénicos com ele porque não tem qualquer tipo depecados - Só simplicidade, ingenuidade e graça, autocaracterizasse ao Diabocomo “tolo”. - Queixa-se de ter morrido - As suas atitudes ao longo da cena são descontraídas, o que irrita oDiabo que o quer na sua barca. - O Diabo é insultado por ele. - Esses insultos revelam a sua pobreza de espírito. - Apresenta-se ao Anjo com “Samica alguém” e este lhe diz que entrarána sua barca, porque tudo o que fez foi sem maldade. A minha opinião sobre esta cena: - Tem uma intenção lúdica: fazendo divertir quem está a assistir a estapeça. - Também tem uma intenção de crítica: dizendo que os parvos sãopessoas pobres de espírito e não têm intenção de fazer mal.- Ajuda muito na crítica e faz os cómicos. Desenlace: - Fica no caís e entra com os Quatro Cavaleiros. O Sapateiro (Joanatão) Símbolos Cénicos: - Avental: simboliza a profissão - Carregado se formas de sapatos: simbolizam a sua profissão e vemcarregado pelos seus pecados Tipo: - Povo (artesão) Argumentos de acusação: - Roubava - Enganava - Religião mal praticada
  • 5. Argumentos de defesa: (práticas religiosas) - Rezava e ia à missa (o fidalgo usou a mesma defesa) - Fazia ofertas à igreja - Confessava-se - Fez todas as práticas religiosas Crítica feita por Gil Vicente a todas as rezas: - Formas superficiais de como os católicos praticavam a religião -Julgavam que as rezas, missas, comunhões, tinham mais valor quepraticar o bem. Desenlace: - Inferno O Frade (Frei Babriel) Símbolos cénicos: - hábito de frade - escudo - capacete Equipamento de esgrima - espada - moça (Florença) Críticas com esses símbolos: - Desajuste entre a vida religiosa e a vida que ele levava ( vida mundana) - Os símbolos representavam a vida de prazeres que ele levava, o que oafastava do seu dever à crítica religiosa Tipo: - Clero (mundano) Argumentos de Acusação: - Era mundano - Não respeitou os votos de castidade e de pobreza O Frade não nega as acusações feitas, pois: - Pensa que o facto de ser Frade e o seu hábito o vão salvar dos seuspecados Argumentos de Defesa: - Ser Frade - Rezou muito Apresenta-se cm cortesão O que revela que ele frequentava a corte e os seus prazeres, era umfrade mundano.
  • 6. “Gentil padre mundanal”: - Contradição: encontra-se na palavra “mundanal” e “gentil” - O Frade deveria ser uma pessoa dedicada à alma, ao espírito, mas émundanal, vive os prazeres do mundo, por isso existe aqui umacontradição. “Diabo-(...) E não os punham lá grosa / no vosso convento santo?Frade- E eles faziam outro tanto!” revela que: - Havia uma quebra de votos de castidade ao hábito comum entre eles. - Esta afirmação alarga a crítica a toda a classe social, pois o Frade éuma personagem tipo, representando toda uma classe social. Uso do facto de ser Frade naquele tempo: - Pretende mostrar que o clero se mostrava superior - Poderia fazer o que quisesse sem ser condenado - Mal-estar na sociedade por serem cada vez mais frequente os Fradesricos e poderosos O Anjo recusa-se a falar com o Frade porque: - Tem vergonha do seu réu - Não tinha coragem de falar com alguém do clero com tantos pecados (repugnante) Frade aceita a sentença porque: - Viu que o Anjo não quis falar com ele - Porque não cumpriu as regras que deveria ter cumprido - Se o Anjo se recusa a falar com ele é porque todos os seus pecadosforam graves Caracterização do Frade: - Autocaracterizasse “cortesão” (frequentava a corte) o que entra emcontradição com a sua classe - Sabe dançar tordilhão e esgrimir às qualidades típicas de um nobre - É alegre, pois chega ao cais a cantar e a dançar. - Tal como os outros Frades não cumpriu o voto de castidade nem depobreza, como se comprovava com as suas palavras. - Está convencido que por ser membro da Igreja tem entrada direta noParaíso. - Personagem tipo através da qual se critica o clero Desenlace: - Inferno
  • 7. A Alcoviteira (Brízida Vaz) Símbolos Cénicos: - Seiscentos virgos postiços (hímenes das virgens) - Três arcas de feitiços - Três armários de mentir - Joias de vestir - Guarda-roupa - Casa movediça - Estrado de cortiça - Dois coxins (todos estes símbolos representavam a sua actividade de alcoviteira ligada à prostituição) Tipo: - Alcoviteira Quando o Diabo sabe que é Brízida Vaz que está no cais ele fica: - Contente: sabe que ela tem muitos pecados e por isso é maispassageira para a sua barca - Surpreso / admirado: não esperava por ela tão cedo - Surpreendido Com o campo semântico da mentira ela revela que: - É hipócrita - Tenta fazer-se de vítima perante o Diabo para convencê-lo do que lheinteressa - Hábil mentirosa Quando o Diabo a convida a entrar ela: - Diz, com alguma arrogância, que não entra sem o Fidalgo. Perante o Anjo, Brízida Vaz usa outras tácticas: - A sedução: muda o seu tom de voz tentando seduzir o Anjo - Usa vocabulário de cariz religioso: para o Anjo ter pena dela Quando fala com o Anjo, ela usa um vocabulário de cariz religiosopara: - Ele ter pena dela - A deixar entrar na sua Barca - A achar uma boa pessoa Argumentos de Acusação: - Viveu uma má vida (prostituição) Argumentos de defesa: - Diz que já sofreu muito - Que arranjou muitas “meninas” para elementos do clero Caracterização de Brízida Vaz: - Chegando ao cais na barca do Inferno, recusa-se a entrar sem oFidalgo, provavelmente eram conhecidos. - Diz que não é a barca do Diabo que procura - Leva vários elementos cénicos relacionados com a sua profissão dealcoviteira. - Está sempre confiante de que vai entrar na barca do Anjo.
  • 8. - Defende-se dizendo que sofreu muito, como ninguém, que arranjoumuitas “meninas” para elementos do clero e que está orgulhosa por terarranjado “dono” para todas as suas “meninas”. - Quando vai à barca do Anjo muda completamente a sua atitude,usando mais o vocabulário de cariz religioso e tentando seduzir o Anjo efazer-se de boa pessoa. Desenlace: - Inferno Judeu (Semah Fará) Símbolos Cénicos: - Bode: representa a sua religião Tipo: - Judeu Logo que chega ao cais o Judeu dirige-se para a barca do Infernoporque: - Sabe que não será aceite na barca do Anjo, já que em vida nunca foiaceite nos lugares dos Cristãos. - Os Judeus eram muito mal vistos na época e nem poderia admitir ahipótese de entrar na barca do Anjo Para entrar na Barca do Inferno ele usa: - O dinheiro Ele usa o dinheiro porque: - Era uma forma de mostrar que os Judeus tinham grande podereconómico e que estavam ligados ao dinheiro O Judeu recusa deixar o bode em terra porque: - Quer ser reconhecido como Judeu - Não recusa a sua religião Argumentos de acusação (o Parvo acusa-o de): - Roubar a cabra - Ter cometido várias ofensas à religião cristã e à igreja, comendo carneno dia de jejum - Ser Judeu Em termos de contexto histórico essa acusação: - Revela que os Cristãos odiavam os Judeus - Acusavam-nos de enriquecer à custa de roubos de Natureza diversa - Acusavam-nos de ofender a religião católica, cometendo diversasprofanações. Desenlace: - Fica no cais (porque ninguém o quer)
  • 9. O Corregedor e O Procurador Símbolos Cénicos: - Corregedor: vara e processos - Procurador: livros jurídicos Tipo: - Corregedor: Juiz corrupto - Procurador: Funcionário da Coroa corrupto O Diabo cumprimenta o Corregedor com “Oh amador de perdiz”porque: - Era uma pessoa corrupta - A perdiz era um símbolo de corrupção A forma de como o Corregedor inicia diálogo com o Diabo aproxima-seda forma com o Fidalgo também o fez O Corregedor usa muito o Latim porque: - É uma língua muito usada em direito O Diabo responde-lhe em Latim Macarrónico porque: - Era para ridicularizar a linguagem utilizada na justiça - Para mostrar que essa linguagem não servia de nada - Poderiam sobre falar bem Latim mas não sabiam aplicar as leis O Corregedor pergunta “Há’ q-ui meirinho do mar?” porque: - Ele estava habituado a ser servido O Corregedor pergunta se o poder do barqueiro infernal é maior do que o do próprio Rei porque: - Ele na Terra tinha um grande poder - Não admitia que mandassem nele Argumentos de acusação do Procurador: - Não tem tempo de se confessar Argumentos de acusação do Corregedor (o Diabo acusa-o de): - Ter aceitado subornos (ser corrupto) - Ter aceitado subornos até de Judeus (muito mal vistos naquele tipo) - Confessou-se, mas mentiu. Argumentos de defesa do Corregedor: - Era a sua mulher que aceitava os subornos Acho que o argumento usado de defesa do réu foi: - Errado - O Diabo saberia de tudo - Ele não deveria estar a mentir - Não devia estar a acusar a sua mulher porque depois também ela eracondenada
  • 10. “Irês ao lago dos danados / e verês os escrivães / coma estão tãoprosperados” quer dizer que: - O Corregedor, quando for para o Inferno, vai encontrar os seus colegas(Homens ligados à justiça) Gil Vicente julgou em simultâneo o Corregedor e o Procurador porque: - Ambos passavam informação - Ambos faziam parte da justiça (havia cumplicidade entre a justiça e os assuntos do Rei, ambos eramcorruptos) A confissão para eles: - Não era importante: só se confessavam em situações de risco e nãodiziam a verdade Quando o Corregedor e o Procurador se aproximam do Anjo, ele: - Reage mal - Fica irritado - Manda-lhes uma praga: atitude nada normal do Anjo O Parvo acusa-os de: - Roubar coelhos e perdizes - Profanar nos campanários: levavam a religião de uma forma superficial Desenlace: - Inferno No Inferno o Corregedor dialoga com Brízida Vaz porque: - Já se conheceriam da vida terrena O Enforcado Símbolos Cénicos: - Baraço (corda que traz ao pescoço) Tipo: - Povo (criminoso condenado) Argumentos de defesa: - Ele havia sido perdoado por Deus ao morrer enforcado - Já tinha sofrido o castigo na prisão - Garcia Moniz tinha-lhe dito que se se enforcasse iria para o paraíso Argumentos de Acusação: - O crime que cometeu (ser criminoso) - Ser ingénuo Os Quatro Cavaleiros Símbolos Cénicos: - Hábito da ordem de Cristo - Espadas
  • 11. Tipo: - Cruzados Argumentos de Defesa: - Dizem que morreram a lutar contra os mouros em nome de Cristo Quando chegam ao cais chegam a cantar. Essa cantiga mostra: - Aos mortais que esta vida é uma passagem e que terão de passarsempre naquele cais onde serão julgados Os destinatários desta mensagem são: - Os mortais. - Os Homens pecadores. Nessa cantiga está contida a moralidade da peça porque: - Fala da transitoriedade da vida. - Fala da inevitabilidade do destino final. - Fala do destino final que está de acordo com aquilo que foi feito na vida Terrena Os cavaleiros não foram acusados pelo Diabo porque: - Merecem entrar na barca do Anjo. - Morreram a lutar pela fé cristã, contra os infiéis, o que os livrou de todos os pecados. - Esta cena revela a mentalidade medieval da apologia do espírito da cruzada. Desenlace: - Barca do Anjo. ANJO– arrais, ou seja, navegante da barca celeste. DIABO E SEU COMPANHEIRO– conduzem a barca infernal. FIDALGO – representa todos os nobres ociosos de Portugal. ONZENEIRO – simboliza o pecado da usura e a classe dos agiotas. PARVO – representa o povo português, rude e ignorante, porém bom de coração e temente a Deus. FRADE– representa os maus sacerdotes. BRÍSIDA VAZ– alcoviteira (cafetina), simboliza a degradação moral e a feitiçaria popular. JUDEU – representa os infiéis, que são alheios à fé cristã. CORREGEDOR E PROCURADOR– encarnam a burocracia jurídica da época. ENFORCADO– é o símbolo da falta de fé e da perdição. QUATRO CAVALEIROS– representam as cruzadas contra os mouros e a força da fé católica.