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                                SEXTA-FEIRA, 9 DE NOVEMBRO DE 2012                                                                                                                                  O ESTADO DE S. PAULO




Economia             Fóruns Estadão BRASIL COMPETITIVO
                       estadão.com.br
                                                                                                                     & NEGÓCIOS
                                                                                                                                                                                                                   JONNE RORIZ/ESTADÃO




                                             EDUCAÇÃO
                                                                      FERRAMENTA PARA
                                                                     O DESENVOLVIMENTO
                                                                          Para não perder a corrida da competitividade,
                                                                                o País precisa enfrentar o desafio
                                                                             de investir na qualificação profissional




O
              Brasil corre para não perder espaço                     anos estão matriculados em escolas de ensino mé-      vimento do País – mesmo o Brasil tendo irrisórios   brecht e Embraer, por exemplo, têm experiências
              nocenáriomundial.Ogovernoanun-                          dio profissionalizante, afirmou o presidente do       15%dejovensingressandonoensinosuperior.“Te-         bem-sucedidas.“No ColégioEmbraerJuarezWan-
              cia planos para estimular a econo-                      Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Se-      mos problemas antigos de capacitação de mão de      derley, há módulos de pré-engenharia nos quais os
              mia. Os juros nunca estiveram tão                       nai), Rafael Lucchesi. Na avaliação dele, esse por-   obra que se devem à cultura bacharelesca, à ideia   alunos têm a oportunidade de conhecer a área an-
baixos. Para manter o crescimento, porém, falta                       centual é muito baixo se comparado à média de         de que apenas um diploma de ensino superior seja    tes de ingressar num curso superior. É uma forma
um elemento essencial: mão de obra qualificada.                       42% dos países da Organização para Cooperação e       capaz de garantir uma boa carreira profissional”,   de motivação”, disse Emilio Matsuo, engenheiro-
Investir em inovação e educação profissionalizan-                     Desenvolvimento Econômico (OCDE).                     disse James Wright, professor da Faculdade de       chefe da Embraer.
te é fundamental para aumentar a produtividade.                          Odesafio fica ainda maiorquandoconsiderada a       Economia,Administraçãoe Contabilidadeda Uni-          Este caderno especial é um convite ao aprofun-
   O tema foi debatido no terceiro encontro da sé-                    necessidade de o Brasil formar 7,2 milhões de pro-    versidade de São Paulo e coordenador do Progra-     damento do debate sobre um tema fundamental
rie Fóruns Estadão Brasil Competitivo, promovi-                       fissionais de nível técnico até 2015. Diante desse    madeEstudos doFuturoda Fundação Institutode         para que a economia brasileira mantenha a posi-
do pelo Grupo Estado em parceria com a Confede-                       quadro, especialistas apontam que a valorização       Administração da USP.                               ção de destaque que conquistou nos últimos anos
ração Nacional da Indústria (CNI).                                    do diploma universitário em detrimento do ensi-         Nessecenário,porém,existeminiciativasimpor-       eaumente suacompetitividade diantedosconcor-
   Apenas 6,6% dos jovens brasileiros de 15 a 19                      no técnico chega a ser prejudicial para o desenvol-   tantes do governo e da iniciativa privada. Ode-     rentes globais.
H2 Especial
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                                SEXTA-FEIRA, 9 DE NOVEMBRO DE 2012                                                                                                                                         O ESTADO DE S. PAULO



Fóruns Estadão BRASIL COMPETITIVO
                                                                                                                                                                                                       CLAYTON DE SOUZA/ESTADÃO-6/11/2012



                                                                                                                                                                                                      Debate. Paulo
                                                                                                                                                                                                      Quaresma, Rafael
                                                                                                                                                                                                      Lucchesi, Leandro
                                                                                                                                                                                                      Modé (‘Estado’) e
                                                                                                                                                                                                      Marcelo Feres




                                                                                                                     Educação (MEC), Marcelo Fe-          trabalhador brasileiro em 2011     da população universitária, para


Formação técnica                                                                                                     res, reforçou que vivemos uma
                                                                                                                     cultura que dá muito valor ao di-
                                                                                                                     ploma. Feres afirmou que o País
                                                                                                                     tem aproximadamente 6,5 mi-
                                                                                                                     lhõesdeestudantesnoensinosu-
                                                                                                                                                          gerava anualmente R$ 31.085 de
                                                                                                                                                          Produto Interno Bruto (PIB) em
                                                                                                                                                          relação à População Economica-
                                                                                                                                                          mente Ativa (PEA). Para atingir
                                                                                                                                                          a mesma produtividade que um
                                                                                                                                                                                             fins de comparação com outros
                                                                                                                                                                                             países, segundo o professor.
                                                                                                                                                                                                Dadosda OCDE mostram que
                                                                                                                                                                                             no Brasil a proporção de enge-
                                                                                                                                                                                             nheiros em relação ao total de


pode alavancar                                                                                                       perior e 1,3 milhão no ensino téc-
                                                                                                                     nico. “Isso não é sustentável pa-
                                                                                                                     ra uma economia que busca o
                                                                                                                     crescimento”, complementou
                                                                                                                     Feres.
                                                                                                                                                          mexicano em 2040, cada traba-
                                                                                                                                                          lhadorbrasileiro deverá gerar R$
                                                                                                                                                          120.545naqueleano.“Éumgran-
                                                                                                                                                          de desafio de produtividade.”
                                                                                                                                                                                             universitários é de apenas 4,6%,
                                                                                                                                                                                             enquanto essa relação é bem
                                                                                                                                                                                             maior em países como Chile
                                                                                                                                                                                             (13,7%), Japão (19%), Coreia do
                                                                                                                                                                                             Sul (23,2%) e Malásia (45%). Na


competitividade                                                                                                         O reitor da Unimonte, Ozires
                                                                                                                     Silva, também relacionou a edu-
                                                                                                                     cação com inovação e ganho de
                                                                                                                     competitividade. Ele apontou
                                                                                                                     que o “fanatismo” da Coreia do
                                                                                                                                                          Área técnica. Ele destacou ain-
                                                                                                                                                          da que o problema brasileiro não
                                                                                                                                                          é o número de formados na uni-
                                                                                                                                                          versidade, e sim o reduzido nú-
                                                                                                                                                          mero de pessoas com formação
                                                                                                                                                                                             média da OCDE, a proporção é
                                                                                                                                                                                             de12%.Lucchesiafirmouserpre-
                                                                                                                                                                                             ciso “melhorar a matriz educa-
                                                                                                                                                                                             cional”doPaís, com mais forma-
                                                                                                                                                                                             çãodeengenheiros. Wrightcom-
                                                                                                                     Sul por educação durante anos        na área de ciência, tecnologia e   plementou: “Precisamos orien-
Carência de mão de obra qualificada é apontada como um                                                               proporcionou a eleição de um         áreas técnicas. “Nossa propor-     tar nossos alunos para aprende-
dos gargalos mais complexos enfrentados pelas empresas                                                               veículo da montadora coreana
                                                                                                                     Hyundai como “carro do ano”
                                                                                                                                                          ção de engenheiros é extrema-
                                                                                                                                                          mente baixa”, afirmou Wright.
                                                                                                                                                                                             rem efetivamente matemática e
                                                                                                                                                                                             para uma formação técnica pro-
                                                                                                                     nos Estados Unidos este ano.         Segundoele, 40% dosmatricula-      fissional”. De acordo com o pre-
Beatriz Bulla                                viço Nacional de Aprendizagem        devem à cultura bacharelesca, à    “Nós temos parâmetros funda-         dos em cursos superiores estão     sidentedoSenai,contudo,avalo-
Francisco Carlos de Assis                    Industrial (Senai), Rafael Luc-      ideia de que apenas um diploma     mentais para dar um salto para o     cursando Administração, Direi-     rização do profissional técnico
Dayanne Sousa                                chesi, é muito baixo comparado       deensino superiorbasta para ga-    futuro. Por que não o Brasil?”,      toePedagogia, ante 7%dematrí-      tende a ser crescente no merca-
                                             à média dos países da Organiza-      rantir uma boa vida”, reforçou     indagou Ozires.                      culasemáreastécnicas.Onúme-        do profissional no País.
Com escassez de mão de obra                  ção para a Cooperação e Desen-       James Wright, professor da Fa-        Wright concorda que a forma-      ro deveria chegar próximo a 25%       “Na medida em que os novos
qualificada e baixa proporção de             volvimento          Econômico        culdade de Economia, Adminis-      ção profissional está essencial-                                        programas hoje estão aliados a
jovensquechegamàsuniversida-                 (OCDE),quechegaa42%.Inten-           tração e Contabilidade da Uni-     menteligada aoaumentoda pro-                                            uma política de valorização pro-
des, o Brasil vive hoje o desafio            sificar forças, tanto do governo     versidade de São Paulo (FEA-       dutividade nacional. “Temos          ● Cenário                          fissional, seguramente esse pro-
de aumentar sua produtividade                quanto da iniciativa privada no      USP) e coordenador do Progra-      um desafio enorme de melhorar                                           fissional técnico de nível médio
por meio de investimento em                  ensino profissionalizante se         madeEstudosdoFuturodaFun-          a produtividade, o que obvia-                                           começa a ter o valor salarial e o
inovaçãoeeducaçãoprofissiona-                mostra essencial para um país        dação Instituto de Administra-     mente envolve qualificação pro-                                         valor social do trabalho inclusi-
lizante. Essa avaliação da educa-            que,até2015, precisará de 7,2mi-     ção da USP (Profuturo-FIA).        fissional, infraestrutura e taxa                                        ve maiores do que em casos de
çãonacional foiconsensoduran-                lhões de profissionais de nível                                         de poupança, entre outros. Mas                                          profissional de nível superior”,
te o seminário “Educação e for-              técnico.                             Sem preparo. Lucchesi chama        odesafiofundamentalé odesen-                                            concordou Feres.
mação de mão de obra para o                     Diante do desafio, especialis-    a atenção para o futuro dos jo-    volvimento da educação”, afir-                                             O diretor ressaltou a impor-
crescimento”, terceiro da série              tas apontam que a valorização        vens que não chegam ao ensino      mou Wright. De acordo com ele,                                          tância dolançamento do Progra-
Fóruns Estadão Brasil Competi-               do diploma universitário em de-      superior atualmente e, de acor-    o Brasil vem perdendo a corrida                                         ma Nacional de Acesso ao Ensi-
tivo, realizado pelo Grupo Esta-             trimento do ensino técnico, cha-     do com ele, se deparam com o       da competitividade nos últimos                                          no Técnico e Emprego (Prona-
doemparceriacomaConfedera-                   mada de “cultura bacharelesca”,      mercado de trabalho sem prepa-     dez anos para outras economias       CARLOS ALBERTO                     tec), há um ano, como funda-
ção Nacional da Indústria                    é prejudicial para o desenvolvi-     ração profissional. “Todo o con-   emergentes, ao crescer à média       BARREIROS                          mental para ampliar a escolari-
(CNI).                                       mento do País, já que o número       teúdo de aprendizado é pensado     de 1,5% ao ano, ante os 9% da        DIRETOR DE COMUNICAÇÃO DA CNI      dade no nível técnico e em cur-
   O porcentual de 6,6% de jo-               de jovens que chega ao ensino        comosetodosfossem paraauni-        China ou até mesmo os 3% da          “É grave o problema de escassez    sos de tecnologia. “O Pronatec
vens brasileiros de 15 a 19 anos             superior no Brasil ainda é irrisó-   versidade, mas a maior parte não   Coreia. “A distância está aumen-     de mão de obra qualificada...      é um conjunto de iniciativas
matriculadosem escolasde ensi-               rio, cerca de 15% do total. “Te-     vai”, criticou. Também presente    tando em termos de geração de        O Brasil patina rumo ao            que visa a ampliação acelerada
no médio profissionalizante, de              mos problemas antigos de capa-       no evento, o diretor de integra-   renda”, lamentou.                    desenvolvimento.”                  da oferta de cursos técnicos e de
acordo com o presidente do Ser-              citação de mão de obra que se        ção de redes do Ministério da         O professor apontou que um                                           educação continuada.”


PROPOSTAS
                                                                                                                                                                                                 FOTOS: CLAYTON DE SOUZA/ESTADÃO-6/11/2012




RAFAEL LUCCHESI                              PAULO QUARESMA                       MARCELO FERES                      EMILIO MATSUO                        JAMES WRIGHT                       OZIRES SILVA
PRESIDENTE DO SENAI                          DIRETOR DE PESSOAS E                 DIRETOR DE INTEGRAÇÃO              ENGENHEIRO-CHEFE DA EMBRAER          PROFESSOR DA FEA/USP               REITOR DA UNIMONTE
“Claramente, temos um                        ORGANIZAÇÃO DA ODEBRECHT             DE REDES DO MINISTÉRIO             “É possível ver alguma carência      “Segundo a OCDE,                   “Não conheço nenhum
problema na matriz educacional.              “Procuramos oferecer plano de        DA EDUCAÇÃO                        de motivação para seguir             o Brasil é o 5.º país              país em que educação
Há um desequilíbrio com relação              carreira aos profissionais de        “Temos identificado uma            carreiras técnicas ou de             na formação de bacharéis,          seja tributada. Aqui, os
à mão de obra qualificada                    nível técnico e valorizá-los da      necessidade de ampliar a oferta    engenharia, embora na                mas a proporção de                 alunos são tributados,
formada na universidade e a                  mesma forma que valorizamos          de cursos profissionalizantes e    Embraer eu não sinta                 engenheiros e gente com            cursos de capacitação de
demanda por profissionais                    os que têm graduação de ensino       até 2014 nossa meta é criar        tanta falta de mão de obra           formação técnica é                 empresas e doações a
técnicos nas empresas.”                      superior.”                           8 milhões de novas vagas.”         de engenheiros.”                     muito baixa.”                      escolas também.”
Especial H3
%HermesFileInfo:H-3:20121109:




O ESTADO DE S. PAULO                                                                                                                                              SEXTA-FEIRA, 9 DE NOVEMBRO DE 2012




Fóruns Estadão BRASIL COMPETITIVO
Tributar ensino prejudica qualificação
Investimentos de empresas em cursos de qualificação são entendidos como ‘salário indireto’ e sobre eles incide Imposto de Renda
                                                                                                                                                                    CLAYTON DE SOUZA/ESTADÃO
Francisco Carlos de Assis                No mundo moderno, comple-                                                                                                                             coerente com a própria iniciati-
Beatriz Bulla                         mentou o professor, deveriam                                                                                                                             va federal de estimular o ensino
Dayanne Sousa                         serestabelecidasgrandesdiretri-                                                                                                                          técnico e profissional”.
                                      zes de longo prazo. “O governo                                                                                                                              Paulo Quaresma, diretor de
A educação é problema de todos        interferirnocurtoprazo (comtri-                                                                                                                          Pessoas e Organização da Ode-
e as empresas podem, devem e          butos) acaba sendo pouco pro-                                                                                                                            brecht Infraestrutura, falou do
fazem o que compete a elas em         dutivo”, disse. Para ele, o gover-                                                                                                                       sucesso do Projeto Acreditar da
termosdequalificação profissio-       no poderia abrir mão da arreca-                                                                                                                          empresaque,emquatroanos, re-
nal. Este foi um dos pontos con-      dação sobre a educação.                                                                                                                                  cebeu investimentos de R$ 40
clusivos do seminário Educação           Para Ozires Silva, engenheiro                                                                                                                         milhões. “Não tivemos um real
e formação de mão de obra para        criadordaEmbraer,ex-presiden-                                                                                                                            do governo federal.” A Embraer
o crescimento, terceiro da série      te da Petrobrás, ex-ministro de                                                                                                                          também desenvolveu progra-
de Fóruns Estadão Brasil Com-         Estado eatual reitorda Unimon-                                                                                                                           mas de treinamento e especiali-
petitivo, promovido pelo Grupo        te, a tributação sobre cursos de                                                                                                                         zação de engenheiros, além de
EstadoemparceriacomaConfe-            capacitação de empregados é o                                                                                                                            treinamento de projetistas, con-
deração Nacional da Indústria         maior entrave para as compa-                                                                                                                             tou o engenheiro-chefe da Em-
(CNI). O que separa as posições       nhias investirem em educação.                                                                                                                            braer, Emilio Matsuo. Para de-
de empresários e acadêmicos do        “A empresa precisa efetivamen-                                                                                                                           senvolver os programas, a em-
governoéatributaçãodeinvesti-         te treinar os seus trabalhadores,                                                                                                                        presa contou com parceiros de
mentos empresariais na qualifi-       a gente não pode imaginar que a                                                                                                                          peso, como o Instituto Tecnoló-
cação profissional.                   escola vai entregar tudo pronto                                                                                                                          gico de Aeronáutica (ITA) e o
   “Na questão da qualificação        e acabado. A única coisa que la-                                                                                                                         Centro Paula Souza.
profissional, o papel do governo      mento é que no Brasil as empre-                                                                                                                             Para Marcelo Feres, diretor
deveria ser de apoiar com mais        sas são tributadas para fazer isso                                                                                                                       deIntegração de Redeserespon-
ênfase as iniciativas do setor pri-   e acredito que deveria ser o con-                                                                                                                        sável pelas ações do Programa
vado”, cobrou o professor da Fa-      trário, as empresas deveriam ser                                                                                                                         Nacional de Acesso ao Ensino
culdade de Economia e Arquite-        estimuladas.”                                                                                                                                            Técnico e Emprego (Pronatec),
tura (FEA) da Universidade de            Segundo Ozires, os custos de                                                                                                                          asempresasnãosubstituemogo-
São Paulo (USP) e coordenador         cursos oferecidos pelas empre-                                                                                                                           verno com essas ações. “Não en-
do Profuturo-FIA, James               sasaseus empregadossãoenten-                                                                                                                             tendemos que a empresa esteja
Wrigth. “A gente dá prerrogati-       didos pela Receita Federal como                                                                                                                          fazendo,no âmbitoeducacional,
vas muito grandes para a área         benefício do tipo “salário indire-                                                                                                                       o papel do governo. Acho que
econômica com uma visão mui-          to” e contabilizados para inci-                                                                                                                          são papéis complementares e,
to simplista, muito de curto pra-     dência de Imposto de Renda. Es-                                                                                                                          do ponto de vista de investimen-
zo. O imposto que é recolhido         tãonessamesmacategoriabene-                                                                                                                              tos,seguramenteogovernofede-
tributando ensino é muito pou-        fícioscomopagamentodedespe-                                                                                                                              ral tem feito o seu papel.”
co (ante o total da arrecadação no    sas de supermercado e cartões                                                                                                                               Feres concorda ser necessá-
País) e causa um grande dano,         de crédito, de aluguel de imóveis                                                                                                                        rio que outros atores sociais
porque desestimula o aprimora-        ou veículos e de mensalidades                                                                                                                            complementemeparticipemati-
mento da população.”                  de clubes e associações. O presi-                                                                                                                        vamentepara umprocessodeca-
                                      dente do Serviço Nacional de                                                                                                                             pacitação mais direcionado às
                                      Aprendizagem Industrial (Se-                                                                                                                             suas necessidades, às suas espe-
● Necessidade                         nai), Rafael Lucchesi, disse que a                                                                                                                       cificidades. “O Brasil é um país
                                      cobrança é uma forma de evitar                                                                                                                           de dimensão continental. Então
OZIRES SILVA                          irregularidades, mas prejudica a                                                                                                                         fica difícil a gente falar em cifras
REITOR DA UNIMONTE                    formação de funcionários. “Por                                                                                                                           como sendo muito ou pouco.
“A empresa precisa                    causade algumas poucas empre-                                                                                                                            Atualmente, o investimento do
efetivamente treinar seus             sas, todas são punidas.”                                                                                                                                 governo federal com relação ao
trabalhadores, a gente não               Outro exemplo, de acordo                                                                                                                              Pronatec é de milhões de reais
pode imaginar que a escola vai        com o presidente do Senai, é o                                                                                                                           por ano.Então, seguramente, te-
entregar tudo pronto e acabado.       Programa de Financiamento Es-                                                                                                                            mos investimentos realizados
A única coisa que lamento é que       tudantil (Fies), que oferece uma                                                                                                                         em grande medida. Mas, ainda
no Brasil as empresas são             modalidade de crédito para em-                                                                                                                           assim, as empresas podem e de-
tributadas para fazer isso            presas criarem cursos de forma-                                                                                                                          vem fazer também o seu aporte,
e acredito que deveria ser o          ção profissional com juros de                                                                                                                            tendo em vista que a intenção é
contrário, as empresas                3,4% ao ano. Apesar de conside-                                                                                                                          qualificar cada vez mais e me-
deveriam ser estimuladas.”            rarataxaatraente,Lucchesicriti-                                                                                                                          lhor para a competitividade na-
                                      ca a incidência de impostos, “in-    Prejudicial. Para Wright, ‘o governo poderia abrir mão da arrecadação (sobre a educação)’                           cional.”


ENTREVISTA

Ozires Silva, reitor da Unimonte
                                                                           equilibrar as contas tendo tan-      acréscimo de matrículas e evo-       são ruins e formam mal. Desone-           estratégia? Vencem os melho-
‘Imposto sobre escolas                                                     tos tributos. Na Europa, por
                                                                           exemplo, os países, com a crise,
                                                                                                                lução dos formados. É um qua-
                                                                                                                dro para analisar. Pode ser a
                                                                                                                                                     rá-las não pode beneficiar quem
                                                                                                                                                     oferece ensino ruim?
                                                                                                                                                                                               res. Aqui, temos de ajudar os
                                                                                                                                                                                               piores, é meio bruto dizer isso.
                                                                           discutem a retirada de incenti-      qualidade do ensino e o preço        Esse cara vai existir sempre. Os          O Brasil quer desenvolver o
não ajuda educação’                                                        vos dados às universidades.          de se formar. Temos de bater
                                                                                                                na mesma tecla, na prioridade
                                                                                                                                                     maus exemplos não podem ser
                                                                                                                                                     a regra. Temos de fazer da regra
                                                                                                                                                                                               País todo da mesma maneira.
                                                                                                                                                                                               Temos a ideia de que numa cor-
                                                                           ● Quais consequências disso?         da educação. Incentivar que os       os bons exemplos e coibir os              rida todos ficam em primeiro.
                                      sil na área de educação?             Hoje o nível de evasão é enor-       pais deem a melhor educação          maus. Não dá para garantir is-            Esquecem que a desigualdade é
Para Ozires Silva, os 30%             Temos de discutir como fabri-        me. Encarecendo a mensalida-         para os filhos e o governo, os in-   so, mas devemos oferecer uma              o projeto da natureza, não exis-
de tributos pagos pelas               car brasileiros vencedores, por-     de, 40% dos alunos que se ma-        centivos. A Coreia era um país       chance para o que o indivíduo             tem duas pessoas iguais.
                                      que não estamos fazendo isso.        triculam não se formam. Ele sai      pobre em 1970. Lançaram uma          seja um sucesso.
instituições de ensino não            Os sul-coreanos e chineses es-       sem a graduação e não postula        campanha de educação incrível                                                  ● Mas a educação não pode mu-
ajudam Tesouro e causam               tão, franceses e americanos con-     bons empregos. Por outro lado,       e hoje o carro do ano no mundo       ● O sr. acredita que esse otimis-         dar a desigualdade?
dano maior ao País                    tinuam. Esse é o ponto central.      é um prejuízo enorme. Uma es-        é o Hyundai. O investimento          mo possa influenciar a melhora            A desigualdade é projeto da na-
                                                                           timativa mostra que temos 7 mi-      forte em educação é fundamen-        da educação e do País?                    tureza, você não pode mudar.
Paulo Saldaña                         ● Mas quais são os desafios?         lhões de carteiras vazias. Em        tal, porque não se sobe uma es-      É o que constrói. O otimismo              Você tem de consagrar o me-
                                      O tributo às universidades parti-    um país precisando criar talen-      cada a partir do último degrau.      cria novas fronteiras e desafios.         lhor sempre. É claro que preci-
Criador da Embraer, ex-presi-         culares é uma punição. Como          tos e oportunidades, eles vão fa-                                                                                   sa oferecer todas as condições
dente da Petrobrás e ex-minis-        você vai cobrar um aluno quan-       zer falta e podem ser um poten-      ● O que o sr. acha do ProUni (pro-   ● O que o sr. acha das cotas nas          para que as pessoas sejam me-
tro de Estado, o engenheiro Ozi-      do cerca de 30% do que ele pa-       cial grande a ser explorado.         grama de bolsas a alunos em          universidades federais?                   lhores. Tem de dar estímulo, fa-
res Silva se declara “vítima” do      ga vai para o Tesouro Nacional?                                           instituições privadas)?              Acho horrível. Para uma mino-             lar para cada mãe e pai sempre
poder transformador do conhe-         Não acredito que tributação          ● Mas nas públicas gratuitas a       Tem um mérito, mas o custo da        ria de boa cabeça é positivo,             dar estímulo de sucesso, que
cimento. Aos 81 anos, reitor da       das escolas ajude o Tesouro,         evasão também é grande.              universidade continua. O gover-      mas para a maioria vai ter o sen-         eles têm de dar o melhor ponto
Unimonte (Santos), ele hoje ca-       mas causam dano enorme ao            É estranho, de fato. Há núme-        no abre mão do imposto desde         tido de ser discriminado. Há              de partida para os filhos, mas
pitaneia uma campanha pela            País. A escola privada tem qua-      ros que nos deixam preocupa-         que a gente forme o cara. Quem       uma diferença crucial entre Bra-          ele vai ter de vencer sozinho. A
isenção tributária dos cursos de      se 80% dos alunos de ensino su-      dos. Parece que os jovens não        ganha? O País. Mas quem paga?        sil e Austrália, por exemplo. Os          lei de cotas tem um risco enor-
profissionalização.                   perior e fica difícil pagar bem      procuram mais a escola e há          A escola.                            australianos são mais cultos, as          me, inclusive de procurar neu-
                                      para os professores, permitir        uma tendência de reduzir. Da-                                             escolas são melhores, o país              tralizar a competição sadia. Es-
● Qual é o maior desafio do Bra-      gastos em aperfeiçoamento e          dos do MEC indicam queda no          ● Muitas instituições privadas       mais desenvolvido. Sabe qual              se risco vamos correr.




                                                                                                                                                                                               obra, ampliando as chances de
Estudiosos apontam falhas nos cursos profissionalizantes                                                                                                                                       ocupação desses beneficiários”.
                                                                                                                                                                                                  As metas do governo para o
                                                                                                                                                                                               Pronatec são altas: criação de 8
                                      Aprendizagem Industrial (Se-         maior aposta do governo Dilma        em educação. O secretário de         ro momento, até temos oferta a            milhões de vagas e investimen-
Maiores críticas dizem                nai). Após o fim do curso de dois    Rousseff para a educação, o pro-     Educação Profissional e Tecno-       partir dos cursos disponíveis”.           tos de R$ 24 bilhões até 2014.
respeito à falta de                   meses, voltou ao status inicial:     grama prevê um conjunto de ini-      lógica do Ministério da Educa-         Durante o seminário da série               A professora da Faculdade de
                                      desempregado. “Ainda não te-         ciativas para ampliar e democra-     ção (MEC), Marco Antonio de          de fóruns Brasil Competitivo, o           Educação da USP Carmen Vidi-
‘monitoramento entre                  nho trabalho em vista.”              tizar a oferta de cursos técnicos,   Oliveira, admite: “Num primei-       diretor de integração de redes            gal Moraes diz que o programa
demanda e condições                      O zelador Luis Antonio da Sil-    mas recebe questionamentos                                                doMEC,Marcelo Feres,afirmou               não é voltado para uma educa-
de empregabilidade’                   va reforça o time dos desempre-      por não zelar pela qualidade do                                           que o governo está preparando             ção ampla e integrada. “Quem
                                      gados que começou um curso           ensino e pelo destino dos alunos     ● Questionamento                     um mapa da educação profissio-            controla, supervisiona e vai pen-
Desempregado desde julho, Ro-         técnico,sóquenoServiçoNacio-         no mercado de trabalho.                                                   nal num esforço para adequar a            sar um currículo integrado?”,
drigo Oliveira Brito se matricu-      nal de Aprendizagem Comercial           “Não se pode falar em ofere-      CARMEN VIDIGAL                       ofertadecursos àdemanda. “Te-             questiona. “Não temos um ob-
louemum cursotécnicodedese-           (Senac), mas também sem pers-        cerensinotécnicosemummoni-           MORAES                               mos expectativa de no final do            servatórionacionaldegestãopú-
nhista mecânico, que frequen-         pectiva de trabalho.                 toramentomuitopróximodade-           PROFESSORA DA FACULDADE DE           ano que vem já ter resultados             blica que permita um conheci-
tou gratuitamente até a última           A situação de ambos é mote        mandaedascondiçõesdeempre-           EDUCAÇÃODA USP                       desses estudos.” De acordo com            mento da economia.” O MEC,
segunda-feira.Antes,Britotraba-       paraascríticasfeitasporespecia-      gabilidade futura”, avalia Clau-     “Quem controla, supervisiona e       Feres, há ações iniciadas em par-         contudo,reforça queháumcatá-
lhava como torneiro mecânico e        listas ao Programa Nacional de       dio de Moura Castro, doutor em       vai pensar um currículo              ceriacom o Ministério do Traba-           logo nacional de cursos técnicos
procurououtraqualificaçãopro-         Acesso ao Ensino Técnico e Em-       economia pela Universidade de        integrado?”                          lho “para contribuir com a ques-          que define critérios e cargahorá-
fissional no Serviço Nacional de      prego (Pronatec). Tido como a        Vanderbilt (EUA) e pesquisador                                            tão da intermediação da mão de            ria para os cursos. / B.B.
H4 Especial
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                                         SEXTA-FEIRA, 9 DE NOVEMBRO DE 2012                                                                                                                                                                     O ESTADO DE S. PAULO



Fóruns Estadão BRASIL COMPETITIVO
                                                                                                                                                                                                  JOSÉ PAULO LACERDA/CNI-1/7/2011
                                                                                                                                                                                                                                    rante maior empregabilidade e
                                                                                                                                                                                                                                    ainda dá chance para galgarem
                                                                                                                                                                                                                                    novas posições”.
                                                                                                                                                                                                                                       A maior necessidade de pro-
                                                                                                                                                                                                                                    fissionais qualificados se con-
                                                                                                                                                                                                                                    centra nas Regiões Sudeste
                                                                                                                                                                                                                                    (57,6%) e Sul (20,9%), especial-
                                                                                                                                                                                                                                    mente nos Estados de São Pau-
                                                                                                                                                                                                                                    lo, Minas Gerais, Rio de Janeiro,
                                                                                                                                                                                                                                    Rio Grande do Sul e Paraná. Pe-
                                                                                                                                                                                                                                    lo estudo, nas demais regiões,
                                                                                                                                                                                                                                    aparece na frente o Nordeste
                                                                                                                                                                                                                                    (11,9%) seguido pelo Centro-
                                                                                                                                                                                                                                    Oeste (5,5%) e Norte (4,1%).
                                                                                                                                                                                                                                       A pesquisa indica que os cur-
                                                                                                                                                                                                                                    sos profissionalizantes de 200 a
                                                                                                                                                                                                                                    400 horas serão os mais requisi-
                                                                                                                                                                                                                                    tados, com destaque para a pre-
                                                                                                                                                                                                                                    paração para indústria de ali-
                                                                                                                                                                                                                                    mentos e de operadores para o
                                                                                                                                                                                                                                    setor de vestuário. Os cursos
                                                                                                                                                                                                                                    técnicos com duração média de
                                                                                                                                                                                                                                    18 a 24 meses com carga horária
                                                                                                                                                                                                                                    de 1.000 a 1.400 horas estarão
                                                                                                                                                                                                                                    voltados à formação de técni-
                                                                                                                                                                                                                                    cos de controle de produção.

                                                                                                                                                                                                                                    Novas vagas. As construtoras,
                                                                                                                                                                                                                                    fabricantes de veículos, indús-
                                                                                                                                                                                                                                    trias de máquinas e equipamen-
                                                                                                                                                                                                                                    tos, indústrias de alimentos, be-
                                                                                                                                                                                                                                    bidasevestuárioserãoresponsá-
                                                                                                                                                                                                                                    veis por cerca de 50% das novas
                                                                                                                                                                                                                                    vagas, algo em torno de 600 mil
                                                                                                                                                                                                                                    postos de trabalho.
                                                                                                                                                                                                                                       Entre os técnicos de nível mé-
                                                                                                                                                                                                                                    dio, a ocupação que lidera a de-
Corte e costura. Aula profissionalizante voltada para a indústria do vestuário: setor está entre os que mais precisam de formação de mão de obra qualificada                                                                        manda, com mais de 16 mil va-
                                                                                                                                                                                                                                    gas, é a de técnicos em constru-
                                                                                                                                                                                                                                    ção civil, responsáveis por de-


Indústria precisa                                                                                                             ÁREAS TÉCNICAS
                                                                                                                              Ocupações
                                                                                                                              Necessidade de capacitação                                            2012-2015
                                                                                                                                                                                                                                    senvolver levantamentos topo-
                                                                                                                                                                                                                                    gráficos, elaborar planilhas de
                                                                                                                                                                                                                                    orçamento, inspecionar a quali-
                                                                                                                                                                                                                                    dade de materiais e supervisio-
                                                                                                                                                                                                                                    nar as obras seguindo projetos e


de 7,2 milhões de
                                                                                                                              Técnicos de controle de produção                                      88.766
                                                                                                                              Técnicos em eletrônica                                                39.919                          normas.
                                                                                                                              Técnicos em eletricidade e eletrotécnica                              27.972                             Depois, vem o técnico de con-
                                                                                                                              Técnicos de desenvolvimento de sistemas e aplicações                  25.204                          trole de produção nas montado-
                                                                                                                              Técnicos em operação e monitoração de computadores                    21.677                          ras de veículos (9,5 mil). Esse
                                                                                                                                                                                                                                    profissional acompanha os pro-


técnicos até 2015                                                                                                             ÁREAS DE MÉDIA QUALIFICAÇÃO
                                                                                                                              Ocupações
                                                                                                                              Necessidade de capacitação                                            2012-2015
                                                                                                                                                                                                                                    cessos de produção e suprimen-
                                                                                                                                                                                                                                    to de materiais, seguindo nor-
                                                                                                                                                                                                                                    mas e especificações.
                                                                                                                                                                                                                                       Operadores de máquinas de
                                                                                                                                                                                                                                    usinagem por controle numéri-
                                                                                                                              Trabalhadores da indústria de alimentos (cozinheiros industriais)     174.586
                                                                                                                                                                                                                                    co computadorizado (8,2 mil va-
Segundo estudo, 1,1 milhão vagas serão abertas nos próximos                                                                   Operadores de máquinas para costura de peças do vestuário             88.600
                                                                                                                                                                                                                                    gas)calculameajustamaalimen-
                                                                                                                              Preparadores e operadores de máquinas pesadas para a construção       81.817
três anos para jovens que estão chegando ao mercado de trabalho                                                               Mecânicos de manutenção de máquinas industriais                       62.866                          tação e a velocidade das máqui-
                                                                                                                                                                                                                                    nas e o tamanho e a posição dos
                                                                                                                              FONTE: Mapa do Trabalho Industrial 2012
                                                                                                                                                                                                                                    cortes para a criação de peças.
Daniela Rocha                                         de média qualificação para         Nacional de Aprendizagem In-         junto da Unidade de Estudos e                     cações de produtos.                                    Entre os trabalhadores forma-
ESPECIAL PARA O ESTADO                                atuar em 177 ocupações indus-      dustrial (Senai).                    Prospectiva do Senai.                               “Para elevar a competitivida-                     dos em cursos profissionalizan-
                                                      triais. Isso significa que a de-     Serão 1,1 milhão de novas             Além disso, o setor deverá ca-                 de da indústria é necessário                        tes, a maior demanda é por ope-
A necessidade de mão de obra                          manda por esses profissionais      oportunidades de emprego até         pacitar outros 6,1 milhões de                     atualizar também os trabalha-                       radores de máquina de vestuário
especializada na indústria é                          para os próximos três anos é       2015 para os jovens que vão in-      trabalhadores para acompa-                        dores que já estão no mercado”,                     (25 mil vagas), seguidos por ope-
crescente. Até 2015, o País terá                      24% maior que a de 2008 a 2011,    gressar no mercado de traba-         nhar os avanços tecnológicos e                    afirma Amorim. “Os profissio-                       radores de máquina de produtos
de formar 7,2 milhões de traba-                       aponta o Mapa do Trabalho In-      lho, destaca Marcio Guerra           a evolução das normas de quali-                   nais se beneficiam desse proces-                    plásticos e borracha (11 mil va-
lhadores em cursos técnicos e                         dustrial 2012 feito pelo Serviço   Amorim, gerente executivo ad-        dade, regulamentações e certifi-                  so porque o conhecimento ga-                        gas) e marceneiros (10 mil).



                                                                                                                                                                                                                                    formados.
Salário pode superar o de profissionais de nível superior                                                                                                                                                                              A crescente demanda por mão
                                                                                                                                                                                                                                    de obra especializada em Per-
                                                                                                                                                                                                                                    nambuco elevou os salários. A
                                                      ções das diretorias dos departa-   aumento do tempo de experiên-        por engenheiros mecatrônicos e                    ganham enfermeiros e biólogos.                      média recebida pelos técnicos é
Segundo pesquisa,                                     mentos regionais da instituição    cia”,enfatizaRafaelLucchesi,di-      farmacêuticos com o mesmo                           No caso do Rio de Janeiro, a                      deR$2,5mil,superioràsremune-
salário médio inicial de                              e dados do Cadastro Geral de       retor-geral do Senai.                tempo de serviço.                                 remuneração de um técnico em                        rações de médicos e analistas de
                                                      Empregados e Desempregados                                                No Estado de Minas Gerais, os                   mineração parte de R$ 8,6 mil.                      sistemas.
técnicos valorizados                                  (Caged) e da Relação Anual de      Profissões em alta. Em São           profissionais técnicos de nível                   Nesse mercado, o salário médio                         Os técnicos em manutenção
no mercado de trabalho                                Informações Sociais (Rais).        Paulo,enquantoostécnicospro-         médio mais demandados são os                      dos técnicos em início de carrei-                   de aeronaves são bastante de-
passa de R$ 2 mil                                       De acordo com a pesquisa, o      jetistas recebem no começo da        das áreas de mineração e de pe-                   ra é de R$ 2,5 mil, superior aos                    mandados em Estados como Ba-
                                                      salário médio inicial dos técni-   carreira R$ 4,1 mil e os técnicos    tróleoe gás, com saláriosmédios                   valores pagos aos nutricionistas                    hia, Goiás, Mato Grosso, Mato
Aremuneraçãomédiadas21ocu-                            cos que estão mais valorizados     em automação R$ 3,5 mil, os pro-     iniciais que chegam a R$ 4 mil. A                 e biólogos.                                         Grosso do Sul e Santa Catarina.
pações técnicas de nível médio                        no mercado de trabalho supera      fissionais de nível superior re-     remuneração média das ocupa-                        Os técnicos em energias reno-                     O salário na admissão chega a R$
que hoje estão entre as mais de-                      R$ 2 mil. Com dez anos de atua-    cém-formadosemAnálisedeSis-          ções técnicas na admissão é de                    váveis e em biocombustíveis es-                     3,1 mil em Goiás, muito acima
mandadaspelaindústriabrasilei-                        ção, esses profissionais atingem   temas e Desenho Industrial ga-       R$ 2,9 mil, superior ao que rece-                 tãosendointensamente recruta-                       dos valores pagos inicialmente a
ra é superior aos salários que re-                    uma remuneração média de           nham menos de R$ 2,8 mil. Mais       bem advogados e veterinários                      dos por empresas no Rio Grande                      analistas de sistemas e advoga-
cebem diversos profissionais                          maisdeR$5,6mil.“Asremunera-        um exemplo é que a remunera-         em início de carreira. Já o valor                 do Sul e os salários iniciais estão                 dos. O valor médio pago aos téc-
graduados.Éoquemostra levan-                          ções são atrativas na admissão e   ção média dos técnicos com dez       médio recebido por técnicos                       na faixa de R$ 3,2 mil. Esse valor                  nicosemmanutençãodeaerona-
tamento feito pelo Senai em 18                        essas ocupações apresentam ga-     anos de experiência atinge R$ 6      com mais de dez anos de traba-                    supera os pagamentos de nutri-                      ves com dez anos de experiência
Estados com base nas informa-                         nho salarial significativo com o   mil, valor acima do alcançado        lho é de R$ 5,7 mil, mais do que                  cionistasefarmacêuticosrecém-                       é de 6,7 mil. / D.R.


                                Artigo


                      Reinventar o mercado
                                                             O
                      É preciso premiar de                               tipo de educação que tere-     Kant chamou de uso público da razão.                     mos. Há aí uma grande lição. Boas insti-                 soé importante, não há dúvida. Mas é
                                                                         mos demanda primeiro uma       Espaço onde tudo é permitido, desde                      tuições universitárias prepararam os                     preciso dar a mesma prioridade para
                      forma sistemática                                  definiçãosobreo paísquede-     que submetido ao rigor da ciência e do                   alunos para o mercado. Instituições de                   atrair alunos do exterior para estu-
                      o mérito dos bons alunos                           sejamos ser. Se pretendemos    argumento analítico.                                     excelência preparam os alunos para                       dar no Brasil. Somos o maior merca-
                      e gerar uma cultura de                 serumpaís produtor de tecnologia,pre-         Preparar os alunos para o mercado é                   reinventar o mercado. Daí o sentido de                   do da América Latina e vamos sediar
                                                             cisamos formar profissionais não ape-      uma parte importante da vida acadêmi-                    premiar sistematicamente o mérito                        logo a seguir os dois maiores eventos
                      negócios e inovação                    nas bem preparados tecnicamente, mas       ca. Pode-se tratar de carreira profissio-                dos alunos, manter centros de em-                        esportivos do planeta. Há um claro
                                                             pessoas capazes de repensar paradig-       nal desde o primeiro semestre. As boas                   preendedorismo, participar de compe-                     potencial inexplorado de atração de
                                                             mas e inovar. Isso significa, em primei-   instituições fazem isso. Colocam seus                    tições internacionais e gerar uma cultu-                 alunos chineses, indianos e mesmo
                                                             ro lugar, uma aposta na excelência aca-    alunos frente a frente com os melhores                   ra de negócios e inovação entre os estu-                 europeus, que facilmente percebe-
                                                             dêmica. Qualé afórmula? Não creio que      CEOs, estudam e produzem casos em-                       dantes.                                                  rão no Brasil oportunidades mais se-
                                                             exista uma. Há um conjunto de práticas     presariais, fazem joint ventures para                       Porfim, penso quenão háoutro cami-                    dutoras que aquelas do Velho Conti-
                                                             que qualquer instituição pode seguir.      projetos, bolsas e bons laboratórios.                    nho, caso pretendamos dar um efetivo                     nente em crise. Temos desprezado,
                                                             Selecionar professores com isenção e       Mas essa é apenas uma parte da histó-                    salto de qualidade na nossa educação                     historicamente, o valor estratégico
                                                             critério acadêmico, investir em pesqui-    ria. Em grande medida, o mercado de                      superior, do que apostar em um forte                     da captação de jovens talentos para
                                                             sa,criar condiçõeseexigirque professo-     trabalho também é produzido pelos es-                    processodeinternacionalizaçãodenos-                      nosso desenvolvimento. Há um lon-
                                                             res preparem suas aulas meticulosa-        tudantes. Larry Page e Sergei Brin                       sasinstituiçõesnospróximos anos.Pre-                     go caminho a trilhar, mas não parece
                                                             mente. E sempre lembrar que uma aca-       eram estudantes de Stanford, no fim                      cisamos atrair professores do exterior,                  haver dúvidas sobre qual é a agenda a
                                                             demia é um espaço da ciência, não da       dos anos 90. Excelentes alunos. Brin                     ampliar a base de disciplinas em inglês                  perseguir.
                                                             ideologia.                                 era russo e chegou a Stanford com uma                    emnossas instituições,buscarcertifica-
                      ●
                      ✽                                        Qualquer gestor acadêmico deveria
                                                             ler o clássico de Weber, A Ciência como
                                                                                                        bolsa da National Science Foundation.
                                                                                                        Ambos poderiam arranjar bons empre-
                                                                                                                                                                 ções reconhecidas internacionalmente
                                                                                                                                                                 e melhorar nossa posição nos rankings
                                                                                                                                                                                                                          ✽
                                                                                                                                                                                                                          É DOUTOR EM FILOSOFIA E MESTRE EM
                      FERNANDO LUÍS                          Vocação. A universidade é um territó-      gos, mas resolveram criar uma empre-                     globais. No Brasil, fala-se muito em en-                 CIÊNCIAS POLÍTICAS (UFRGS) E DIRETOR-
                      SCHÜLER                                rio de liberdade, de exercício do que      sa. O resto da história, nós conhece-                    viar alunos para estudar no exterior. Is-                GERAL DO IBMEC/RJ
Especial H5
%HermesFileInfo:H-5:20121109:




O ESTADO DE S. PAULO                                                                                                                                          SEXTA-FEIRA, 9 DE NOVEMBRO DE 2012




Fóruns Estadão BRASIL COMPETITIVO
ENTREVISTA
                                                                                                                                                         CLAYTON DE SOUZA/ESTADÃO-6/11/2012
Rafael Lucchesi, presidente do Senai                                                                                                                                                          o salário médio chega a R$ 6
                                                                                                                                                                                              mil. Ou seja, os técnicos têm re-
                                                                                                                                                                                              munerações superiores às ofe-

‘Ensino profissional                                                                                                                                                                          recidas para muitas ocupações
                                                                                                                                                                                              de nível universitário. É impor-
                                                                                                                                                                                              tante disseminar essa informa-
                                                                                                                                                                                              ção para que a juventude bus-

garante uma carreira                                                                                                                                                                          que esses cursos. Hoje vemos
                                                                                                                                                                                              uma onda de jovens de classe
                                                                                                                                                                                              média que busca a educação
                                                                                                                                                                                              profissional, mas esse número

estável e bem paga’                                                                                                                                                                           ainda pode aumentar muito.
                                                                                                                                                                                              Há muita oportunidade para
                                                                                                                                                                                              quem tem formação técnica.
                                                                                                                                                                                              Muitos desses profissionais
                                    A média dos 34 países da OCDE        Os governos estaduais têm am-                                                                                        conseguem colocação no mer-
Para diretor-geral do               (Organização para Cooperação         pliado os programas de educa-                                                                                        cado de trabalho mais rapida-
Senai, formação técnica             e Desenvolvimento Econômi-           ção profissional. São Paulo es-                                                                                      mente do que bacharéis em Di-
                                    co) é de 42%. Na Alemanha, a         tá aumentando a capacidade                                                                                           reito, por exemplo.
abre oportunidades e                média é de 53% e na Coreia do        de atendimento do Centro Pau-
eleva a produtividade               Sul e França, de mais de 40%.        la Souza de escolas técnicas. O                                                                                      ● A formação técnica deve ser
das empresas                        No Japão, o índice é de 55%.         governo federal também está                                                                                          associada com a universitária?
                                    Também temos baixa qualidade         expandindo sua rede de esco-                                                                                         Com certeza, uma não exclui a
Daniela Rocha                       no ensino básico (fundamental        las e estruturou o Pronatec                                                                                          outra. O aluno com boa forma-
ESPECIAL PARA O ESTADO              e médio), situação que precisa       (Programa Nacional de Acesso                                                                                         ção técnica de nível médio tem
                                    mudar. No ranking da OCDE, o         ao Ensino Técnico e Emprego)                                                                                         condições de seguir uma carrei-
O modelo educacional brasilei-      Brasil aparece na 53.ª posição       para aumentar notavelmente a                                                                                         ra sólida, e isso pode até orien-
ro está longe do que se vê nos      em um painel de 65 nações.           oferta de cursos técnicos de ní-                                                                                     tar melhor a formação universi-
países desenvolvidos e mesmo                                             vel médio, assim como os de                                                                                          tária dele posteriormente. Esse
de outros emergentes. Apesar        ● O ensino em outros países          formação inicial e continuada.                                                                                       caminho pode corrigir um ou-
de recentes avanços, o País ain-    bem posicionados nesse ranking       O Sistema S vem aumentando                                                                                           tro problema que temos no Bra-
da privilegia muito a educação      é mais direcionado ao ambiente       consideravelmente o número                                                                                           sil, que é o déficit de engenhei-
regular em detrimento da pro-       de negócios?                         de matrículas. O Senai está do-                                                                                      ros. A cada 100 graduados, ape-
fissionalizante. A avaliação é de   A abrangência do ensino univer-      brando o número de matrícu-                                                                                          nas 5 são engenheiros. Número
Rafael Lucchesi, presidente do      sitário é acima do brasileiro. Te-   las até 2014. Até lá serão 4 mi-                                                                                     muito menor do que o registra-
Serviço Nacional de Aprendiza-      mos só 14% da população no en-       lhões de matrículas por ano.                                                                                         do em diversos países. No Ja-
gem Industrial (Senai) em en-       sino superior, para uma média                                                                                                                             pão, são 25 engenheiros a cada
trevista ao Estado. Segundo         de 40%. Mas a grande diferença       ● Como o sr. avalia o Pronatec?                                                                                      100 formados. Na China, mais
ele, o investimento em forma-       é o fato de haver um grande          É uma política muito bem con-       Lacuna. Mercado exige técnicos e operadores, diz Lucchesi                        de 30. Temos enorme deficiên-
ção técnica ajuda a elevar a pro-   contingente de jovens que fa-        cebida. Mobiliza um conjunto                                                                                         cia também quando compara-
dutividade das empresas.            zem a educação geral de nível        de atores – redes públicas fede-    torneiros mecânicos. O Fundo       bém são beneficiadas com essa                 mos o nosso sistema educacio-
   A seguir, os principais tre-     médio com a educação profis-         ral e estaduais, rede de ensino     de Financiamento Estudantil é      facilidade de acesso ao crédito               nal universitário tecnológico
chos da entrevista.                 sionalizante. Isso cria um mer-      privado e o Sistema S. Busca        uma ideia bem estruturada que      a taxas baixas.                               com os de países desenvolvidos
                                    cado de trabalho mais funcio-        ampliar de forma ágil as vagas      faz parte do Pronatec, baseado                                                   ou de diversas nações emergen-
● Como o sr. vê o modelo educa-     nal. No ambiente de negócios,        para jovens na formação técni-      no mesmo modelo que alargou        ● Como estimular os jovens a                  tes. Acredito que a juventude
cional brasileiro?                  há necessidade de profissionais      ca de nível médio e aumentar a      a possibilidade de jovens caren-   ingressarem no ensino técnico?                pode buscar na educação profis-
Estamos muito centrados na          com formação universitária,          oferta de cursos de qualificação    tes financiarem sua educação       Fizemos um estudo consideran-                 sional técnica uma carreira está-
educação regular em vez do en-      mas também são requisitados          de curta duração, com cargas        superior. Os jovens podem fi-      do as 21 ocupações técnicas                   vel e bem-remunerada. Com is-
sino profissional. Apenas 6,6%      técnicos e operadores.               horárias de 200 a 400 horas, pa-    nanciar a sua educação técnica     mais demandadas em 18 Esta-                   so, vai conseguir melhores con-
dos brasileiros entre 15 e 19                                            ra formação de eletricistas, ope-   e, além disso, as empresas que     dos e ficou constatado que o sa-              dições para prosseguir os estu-
anos optam pela educação pro-       ● Que ações existem para am-         radores de máquinas indus-          financiam processos de qualifi-    lário médio inicial é de R$ 2                 dos buscando uma graduação
fissional técnica de nível médio.   pliar a estrutura educacional?       triais, cozinheiros, soldadores e   cação de seus funcionários tam-    mil. Com dez anos de carreira,                tecnológica.
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  • 1. H1 %HermesFileInfo:H-1:20121109: SEXTA-FEIRA, 9 DE NOVEMBRO DE 2012 O ESTADO DE S. PAULO Economia Fóruns Estadão BRASIL COMPETITIVO estadão.com.br & NEGÓCIOS JONNE RORIZ/ESTADÃO EDUCAÇÃO FERRAMENTA PARA O DESENVOLVIMENTO Para não perder a corrida da competitividade, o País precisa enfrentar o desafio de investir na qualificação profissional O Brasil corre para não perder espaço anos estão matriculados em escolas de ensino mé- vimento do País – mesmo o Brasil tendo irrisórios brecht e Embraer, por exemplo, têm experiências nocenáriomundial.Ogovernoanun- dio profissionalizante, afirmou o presidente do 15%dejovensingressandonoensinosuperior.“Te- bem-sucedidas.“No ColégioEmbraerJuarezWan- cia planos para estimular a econo- Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Se- mos problemas antigos de capacitação de mão de derley, há módulos de pré-engenharia nos quais os mia. Os juros nunca estiveram tão nai), Rafael Lucchesi. Na avaliação dele, esse por- obra que se devem à cultura bacharelesca, à ideia alunos têm a oportunidade de conhecer a área an- baixos. Para manter o crescimento, porém, falta centual é muito baixo se comparado à média de de que apenas um diploma de ensino superior seja tes de ingressar num curso superior. É uma forma um elemento essencial: mão de obra qualificada. 42% dos países da Organização para Cooperação e capaz de garantir uma boa carreira profissional”, de motivação”, disse Emilio Matsuo, engenheiro- Investir em inovação e educação profissionalizan- Desenvolvimento Econômico (OCDE). disse James Wright, professor da Faculdade de chefe da Embraer. te é fundamental para aumentar a produtividade. Odesafio fica ainda maiorquandoconsiderada a Economia,Administraçãoe Contabilidadeda Uni- Este caderno especial é um convite ao aprofun- O tema foi debatido no terceiro encontro da sé- necessidade de o Brasil formar 7,2 milhões de pro- versidade de São Paulo e coordenador do Progra- damento do debate sobre um tema fundamental rie Fóruns Estadão Brasil Competitivo, promovi- fissionais de nível técnico até 2015. Diante desse madeEstudos doFuturoda Fundação Institutode para que a economia brasileira mantenha a posi- do pelo Grupo Estado em parceria com a Confede- quadro, especialistas apontam que a valorização Administração da USP. ção de destaque que conquistou nos últimos anos ração Nacional da Indústria (CNI). do diploma universitário em detrimento do ensi- Nessecenário,porém,existeminiciativasimpor- eaumente suacompetitividade diantedosconcor- Apenas 6,6% dos jovens brasileiros de 15 a 19 no técnico chega a ser prejudicial para o desenvol- tantes do governo e da iniciativa privada. Ode- rentes globais.
  • 2. H2 Especial %HermesFileInfo:H-2:20121109: SEXTA-FEIRA, 9 DE NOVEMBRO DE 2012 O ESTADO DE S. PAULO Fóruns Estadão BRASIL COMPETITIVO CLAYTON DE SOUZA/ESTADÃO-6/11/2012 Debate. Paulo Quaresma, Rafael Lucchesi, Leandro Modé (‘Estado’) e Marcelo Feres Educação (MEC), Marcelo Fe- trabalhador brasileiro em 2011 da população universitária, para Formação técnica res, reforçou que vivemos uma cultura que dá muito valor ao di- ploma. Feres afirmou que o País tem aproximadamente 6,5 mi- lhõesdeestudantesnoensinosu- gerava anualmente R$ 31.085 de Produto Interno Bruto (PIB) em relação à População Economica- mente Ativa (PEA). Para atingir a mesma produtividade que um fins de comparação com outros países, segundo o professor. Dadosda OCDE mostram que no Brasil a proporção de enge- nheiros em relação ao total de pode alavancar perior e 1,3 milhão no ensino téc- nico. “Isso não é sustentável pa- ra uma economia que busca o crescimento”, complementou Feres. mexicano em 2040, cada traba- lhadorbrasileiro deverá gerar R$ 120.545naqueleano.“Éumgran- de desafio de produtividade.” universitários é de apenas 4,6%, enquanto essa relação é bem maior em países como Chile (13,7%), Japão (19%), Coreia do Sul (23,2%) e Malásia (45%). Na competitividade O reitor da Unimonte, Ozires Silva, também relacionou a edu- cação com inovação e ganho de competitividade. Ele apontou que o “fanatismo” da Coreia do Área técnica. Ele destacou ain- da que o problema brasileiro não é o número de formados na uni- versidade, e sim o reduzido nú- mero de pessoas com formação média da OCDE, a proporção é de12%.Lucchesiafirmouserpre- ciso “melhorar a matriz educa- cional”doPaís, com mais forma- çãodeengenheiros. Wrightcom- Sul por educação durante anos na área de ciência, tecnologia e plementou: “Precisamos orien- Carência de mão de obra qualificada é apontada como um proporcionou a eleição de um áreas técnicas. “Nossa propor- tar nossos alunos para aprende- dos gargalos mais complexos enfrentados pelas empresas veículo da montadora coreana Hyundai como “carro do ano” ção de engenheiros é extrema- mente baixa”, afirmou Wright. rem efetivamente matemática e para uma formação técnica pro- nos Estados Unidos este ano. Segundoele, 40% dosmatricula- fissional”. De acordo com o pre- Beatriz Bulla viço Nacional de Aprendizagem devem à cultura bacharelesca, à “Nós temos parâmetros funda- dos em cursos superiores estão sidentedoSenai,contudo,avalo- Francisco Carlos de Assis Industrial (Senai), Rafael Luc- ideia de que apenas um diploma mentais para dar um salto para o cursando Administração, Direi- rização do profissional técnico Dayanne Sousa chesi, é muito baixo comparado deensino superiorbasta para ga- futuro. Por que não o Brasil?”, toePedagogia, ante 7%dematrí- tende a ser crescente no merca- à média dos países da Organiza- rantir uma boa vida”, reforçou indagou Ozires. culasemáreastécnicas.Onúme- do profissional no País. Com escassez de mão de obra ção para a Cooperação e Desen- James Wright, professor da Fa- Wright concorda que a forma- ro deveria chegar próximo a 25% “Na medida em que os novos qualificada e baixa proporção de volvimento Econômico culdade de Economia, Adminis- ção profissional está essencial- programas hoje estão aliados a jovensquechegamàsuniversida- (OCDE),quechegaa42%.Inten- tração e Contabilidade da Uni- menteligada aoaumentoda pro- uma política de valorização pro- des, o Brasil vive hoje o desafio sificar forças, tanto do governo versidade de São Paulo (FEA- dutividade nacional. “Temos ● Cenário fissional, seguramente esse pro- de aumentar sua produtividade quanto da iniciativa privada no USP) e coordenador do Progra- um desafio enorme de melhorar fissional técnico de nível médio por meio de investimento em ensino profissionalizante se madeEstudosdoFuturodaFun- a produtividade, o que obvia- começa a ter o valor salarial e o inovaçãoeeducaçãoprofissiona- mostra essencial para um país dação Instituto de Administra- mente envolve qualificação pro- valor social do trabalho inclusi- lizante. Essa avaliação da educa- que,até2015, precisará de 7,2mi- ção da USP (Profuturo-FIA). fissional, infraestrutura e taxa ve maiores do que em casos de çãonacional foiconsensoduran- lhões de profissionais de nível de poupança, entre outros. Mas profissional de nível superior”, te o seminário “Educação e for- técnico. Sem preparo. Lucchesi chama odesafiofundamentalé odesen- concordou Feres. mação de mão de obra para o Diante do desafio, especialis- a atenção para o futuro dos jo- volvimento da educação”, afir- O diretor ressaltou a impor- crescimento”, terceiro da série tas apontam que a valorização vens que não chegam ao ensino mou Wright. De acordo com ele, tância dolançamento do Progra- Fóruns Estadão Brasil Competi- do diploma universitário em de- superior atualmente e, de acor- o Brasil vem perdendo a corrida ma Nacional de Acesso ao Ensi- tivo, realizado pelo Grupo Esta- trimento do ensino técnico, cha- do com ele, se deparam com o da competitividade nos últimos no Técnico e Emprego (Prona- doemparceriacomaConfedera- mada de “cultura bacharelesca”, mercado de trabalho sem prepa- dez anos para outras economias CARLOS ALBERTO tec), há um ano, como funda- ção Nacional da Indústria é prejudicial para o desenvolvi- ração profissional. “Todo o con- emergentes, ao crescer à média BARREIROS mental para ampliar a escolari- (CNI). mento do País, já que o número teúdo de aprendizado é pensado de 1,5% ao ano, ante os 9% da DIRETOR DE COMUNICAÇÃO DA CNI dade no nível técnico e em cur- O porcentual de 6,6% de jo- de jovens que chega ao ensino comosetodosfossem paraauni- China ou até mesmo os 3% da “É grave o problema de escassez sos de tecnologia. “O Pronatec vens brasileiros de 15 a 19 anos superior no Brasil ainda é irrisó- versidade, mas a maior parte não Coreia. “A distância está aumen- de mão de obra qualificada... é um conjunto de iniciativas matriculadosem escolasde ensi- rio, cerca de 15% do total. “Te- vai”, criticou. Também presente tando em termos de geração de O Brasil patina rumo ao que visa a ampliação acelerada no médio profissionalizante, de mos problemas antigos de capa- no evento, o diretor de integra- renda”, lamentou. desenvolvimento.” da oferta de cursos técnicos e de acordo com o presidente do Ser- citação de mão de obra que se ção de redes do Ministério da O professor apontou que um educação continuada.” PROPOSTAS FOTOS: CLAYTON DE SOUZA/ESTADÃO-6/11/2012 RAFAEL LUCCHESI PAULO QUARESMA MARCELO FERES EMILIO MATSUO JAMES WRIGHT OZIRES SILVA PRESIDENTE DO SENAI DIRETOR DE PESSOAS E DIRETOR DE INTEGRAÇÃO ENGENHEIRO-CHEFE DA EMBRAER PROFESSOR DA FEA/USP REITOR DA UNIMONTE “Claramente, temos um ORGANIZAÇÃO DA ODEBRECHT DE REDES DO MINISTÉRIO “É possível ver alguma carência “Segundo a OCDE, “Não conheço nenhum problema na matriz educacional. “Procuramos oferecer plano de DA EDUCAÇÃO de motivação para seguir o Brasil é o 5.º país país em que educação Há um desequilíbrio com relação carreira aos profissionais de “Temos identificado uma carreiras técnicas ou de na formação de bacharéis, seja tributada. Aqui, os à mão de obra qualificada nível técnico e valorizá-los da necessidade de ampliar a oferta engenharia, embora na mas a proporção de alunos são tributados, formada na universidade e a mesma forma que valorizamos de cursos profissionalizantes e Embraer eu não sinta engenheiros e gente com cursos de capacitação de demanda por profissionais os que têm graduação de ensino até 2014 nossa meta é criar tanta falta de mão de obra formação técnica é empresas e doações a técnicos nas empresas.” superior.” 8 milhões de novas vagas.” de engenheiros.” muito baixa.” escolas também.”
  • 3. Especial H3 %HermesFileInfo:H-3:20121109: O ESTADO DE S. PAULO SEXTA-FEIRA, 9 DE NOVEMBRO DE 2012 Fóruns Estadão BRASIL COMPETITIVO Tributar ensino prejudica qualificação Investimentos de empresas em cursos de qualificação são entendidos como ‘salário indireto’ e sobre eles incide Imposto de Renda CLAYTON DE SOUZA/ESTADÃO Francisco Carlos de Assis No mundo moderno, comple- coerente com a própria iniciati- Beatriz Bulla mentou o professor, deveriam va federal de estimular o ensino Dayanne Sousa serestabelecidasgrandesdiretri- técnico e profissional”. zes de longo prazo. “O governo Paulo Quaresma, diretor de A educação é problema de todos interferirnocurtoprazo (comtri- Pessoas e Organização da Ode- e as empresas podem, devem e butos) acaba sendo pouco pro- brecht Infraestrutura, falou do fazem o que compete a elas em dutivo”, disse. Para ele, o gover- sucesso do Projeto Acreditar da termosdequalificação profissio- no poderia abrir mão da arreca- empresaque,emquatroanos, re- nal. Este foi um dos pontos con- dação sobre a educação. cebeu investimentos de R$ 40 clusivos do seminário Educação Para Ozires Silva, engenheiro milhões. “Não tivemos um real e formação de mão de obra para criadordaEmbraer,ex-presiden- do governo federal.” A Embraer o crescimento, terceiro da série te da Petrobrás, ex-ministro de também desenvolveu progra- de Fóruns Estadão Brasil Com- Estado eatual reitorda Unimon- mas de treinamento e especiali- petitivo, promovido pelo Grupo te, a tributação sobre cursos de zação de engenheiros, além de EstadoemparceriacomaConfe- capacitação de empregados é o treinamento de projetistas, con- deração Nacional da Indústria maior entrave para as compa- tou o engenheiro-chefe da Em- (CNI). O que separa as posições nhias investirem em educação. braer, Emilio Matsuo. Para de- de empresários e acadêmicos do “A empresa precisa efetivamen- senvolver os programas, a em- governoéatributaçãodeinvesti- te treinar os seus trabalhadores, presa contou com parceiros de mentos empresariais na qualifi- a gente não pode imaginar que a peso, como o Instituto Tecnoló- cação profissional. escola vai entregar tudo pronto gico de Aeronáutica (ITA) e o “Na questão da qualificação e acabado. A única coisa que la- Centro Paula Souza. profissional, o papel do governo mento é que no Brasil as empre- Para Marcelo Feres, diretor deveria ser de apoiar com mais sas são tributadas para fazer isso deIntegração de Redeserespon- ênfase as iniciativas do setor pri- e acredito que deveria ser o con- sável pelas ações do Programa vado”, cobrou o professor da Fa- trário, as empresas deveriam ser Nacional de Acesso ao Ensino culdade de Economia e Arquite- estimuladas.” Técnico e Emprego (Pronatec), tura (FEA) da Universidade de Segundo Ozires, os custos de asempresasnãosubstituemogo- São Paulo (USP) e coordenador cursos oferecidos pelas empre- verno com essas ações. “Não en- do Profuturo-FIA, James sasaseus empregadossãoenten- tendemos que a empresa esteja Wrigth. “A gente dá prerrogati- didos pela Receita Federal como fazendo,no âmbitoeducacional, vas muito grandes para a área benefício do tipo “salário indire- o papel do governo. Acho que econômica com uma visão mui- to” e contabilizados para inci- são papéis complementares e, to simplista, muito de curto pra- dência de Imposto de Renda. Es- do ponto de vista de investimen- zo. O imposto que é recolhido tãonessamesmacategoriabene- tos,seguramenteogovernofede- tributando ensino é muito pou- fícioscomopagamentodedespe- ral tem feito o seu papel.” co (ante o total da arrecadação no sas de supermercado e cartões Feres concorda ser necessá- País) e causa um grande dano, de crédito, de aluguel de imóveis rio que outros atores sociais porque desestimula o aprimora- ou veículos e de mensalidades complementemeparticipemati- mento da população.” de clubes e associações. O presi- vamentepara umprocessodeca- dente do Serviço Nacional de pacitação mais direcionado às Aprendizagem Industrial (Se- suas necessidades, às suas espe- ● Necessidade nai), Rafael Lucchesi, disse que a cificidades. “O Brasil é um país cobrança é uma forma de evitar de dimensão continental. Então OZIRES SILVA irregularidades, mas prejudica a fica difícil a gente falar em cifras REITOR DA UNIMONTE formação de funcionários. “Por como sendo muito ou pouco. “A empresa precisa causade algumas poucas empre- Atualmente, o investimento do efetivamente treinar seus sas, todas são punidas.” governo federal com relação ao trabalhadores, a gente não Outro exemplo, de acordo Pronatec é de milhões de reais pode imaginar que a escola vai com o presidente do Senai, é o por ano.Então, seguramente, te- entregar tudo pronto e acabado. Programa de Financiamento Es- mos investimentos realizados A única coisa que lamento é que tudantil (Fies), que oferece uma em grande medida. Mas, ainda no Brasil as empresas são modalidade de crédito para em- assim, as empresas podem e de- tributadas para fazer isso presas criarem cursos de forma- vem fazer também o seu aporte, e acredito que deveria ser o ção profissional com juros de tendo em vista que a intenção é contrário, as empresas 3,4% ao ano. Apesar de conside- qualificar cada vez mais e me- deveriam ser estimuladas.” rarataxaatraente,Lucchesicriti- lhor para a competitividade na- ca a incidência de impostos, “in- Prejudicial. Para Wright, ‘o governo poderia abrir mão da arrecadação (sobre a educação)’ cional.” ENTREVISTA Ozires Silva, reitor da Unimonte equilibrar as contas tendo tan- acréscimo de matrículas e evo- são ruins e formam mal. Desone- estratégia? Vencem os melho- ‘Imposto sobre escolas tos tributos. Na Europa, por exemplo, os países, com a crise, lução dos formados. É um qua- dro para analisar. Pode ser a rá-las não pode beneficiar quem oferece ensino ruim? res. Aqui, temos de ajudar os piores, é meio bruto dizer isso. discutem a retirada de incenti- qualidade do ensino e o preço Esse cara vai existir sempre. Os O Brasil quer desenvolver o não ajuda educação’ vos dados às universidades. de se formar. Temos de bater na mesma tecla, na prioridade maus exemplos não podem ser a regra. Temos de fazer da regra País todo da mesma maneira. Temos a ideia de que numa cor- ● Quais consequências disso? da educação. Incentivar que os os bons exemplos e coibir os rida todos ficam em primeiro. sil na área de educação? Hoje o nível de evasão é enor- pais deem a melhor educação maus. Não dá para garantir is- Esquecem que a desigualdade é Para Ozires Silva, os 30% Temos de discutir como fabri- me. Encarecendo a mensalida- para os filhos e o governo, os in- so, mas devemos oferecer uma o projeto da natureza, não exis- de tributos pagos pelas car brasileiros vencedores, por- de, 40% dos alunos que se ma- centivos. A Coreia era um país chance para o que o indivíduo tem duas pessoas iguais. que não estamos fazendo isso. triculam não se formam. Ele sai pobre em 1970. Lançaram uma seja um sucesso. instituições de ensino não Os sul-coreanos e chineses es- sem a graduação e não postula campanha de educação incrível ● Mas a educação não pode mu- ajudam Tesouro e causam tão, franceses e americanos con- bons empregos. Por outro lado, e hoje o carro do ano no mundo ● O sr. acredita que esse otimis- dar a desigualdade? dano maior ao País tinuam. Esse é o ponto central. é um prejuízo enorme. Uma es- é o Hyundai. O investimento mo possa influenciar a melhora A desigualdade é projeto da na- timativa mostra que temos 7 mi- forte em educação é fundamen- da educação e do País? tureza, você não pode mudar. Paulo Saldaña ● Mas quais são os desafios? lhões de carteiras vazias. Em tal, porque não se sobe uma es- É o que constrói. O otimismo Você tem de consagrar o me- O tributo às universidades parti- um país precisando criar talen- cada a partir do último degrau. cria novas fronteiras e desafios. lhor sempre. É claro que preci- Criador da Embraer, ex-presi- culares é uma punição. Como tos e oportunidades, eles vão fa- sa oferecer todas as condições dente da Petrobrás e ex-minis- você vai cobrar um aluno quan- zer falta e podem ser um poten- ● O que o sr. acha do ProUni (pro- ● O que o sr. acha das cotas nas para que as pessoas sejam me- tro de Estado, o engenheiro Ozi- do cerca de 30% do que ele pa- cial grande a ser explorado. grama de bolsas a alunos em universidades federais? lhores. Tem de dar estímulo, fa- res Silva se declara “vítima” do ga vai para o Tesouro Nacional? instituições privadas)? Acho horrível. Para uma mino- lar para cada mãe e pai sempre poder transformador do conhe- Não acredito que tributação ● Mas nas públicas gratuitas a Tem um mérito, mas o custo da ria de boa cabeça é positivo, dar estímulo de sucesso, que cimento. Aos 81 anos, reitor da das escolas ajude o Tesouro, evasão também é grande. universidade continua. O gover- mas para a maioria vai ter o sen- eles têm de dar o melhor ponto Unimonte (Santos), ele hoje ca- mas causam dano enorme ao É estranho, de fato. Há núme- no abre mão do imposto desde tido de ser discriminado. Há de partida para os filhos, mas pitaneia uma campanha pela País. A escola privada tem qua- ros que nos deixam preocupa- que a gente forme o cara. Quem uma diferença crucial entre Bra- ele vai ter de vencer sozinho. A isenção tributária dos cursos de se 80% dos alunos de ensino su- dos. Parece que os jovens não ganha? O País. Mas quem paga? sil e Austrália, por exemplo. Os lei de cotas tem um risco enor- profissionalização. perior e fica difícil pagar bem procuram mais a escola e há A escola. australianos são mais cultos, as me, inclusive de procurar neu- para os professores, permitir uma tendência de reduzir. Da- escolas são melhores, o país tralizar a competição sadia. Es- ● Qual é o maior desafio do Bra- gastos em aperfeiçoamento e dos do MEC indicam queda no ● Muitas instituições privadas mais desenvolvido. Sabe qual se risco vamos correr. obra, ampliando as chances de Estudiosos apontam falhas nos cursos profissionalizantes ocupação desses beneficiários”. As metas do governo para o Pronatec são altas: criação de 8 Aprendizagem Industrial (Se- maior aposta do governo Dilma em educação. O secretário de ro momento, até temos oferta a milhões de vagas e investimen- Maiores críticas dizem nai). Após o fim do curso de dois Rousseff para a educação, o pro- Educação Profissional e Tecno- partir dos cursos disponíveis”. tos de R$ 24 bilhões até 2014. respeito à falta de meses, voltou ao status inicial: grama prevê um conjunto de ini- lógica do Ministério da Educa- Durante o seminário da série A professora da Faculdade de desempregado. “Ainda não te- ciativas para ampliar e democra- ção (MEC), Marco Antonio de de fóruns Brasil Competitivo, o Educação da USP Carmen Vidi- ‘monitoramento entre nho trabalho em vista.” tizar a oferta de cursos técnicos, Oliveira, admite: “Num primei- diretor de integração de redes gal Moraes diz que o programa demanda e condições O zelador Luis Antonio da Sil- mas recebe questionamentos doMEC,Marcelo Feres,afirmou não é voltado para uma educa- de empregabilidade’ va reforça o time dos desempre- por não zelar pela qualidade do que o governo está preparando ção ampla e integrada. “Quem gados que começou um curso ensino e pelo destino dos alunos ● Questionamento um mapa da educação profissio- controla, supervisiona e vai pen- Desempregado desde julho, Ro- técnico,sóquenoServiçoNacio- no mercado de trabalho. nal num esforço para adequar a sar um currículo integrado?”, drigo Oliveira Brito se matricu- nal de Aprendizagem Comercial “Não se pode falar em ofere- CARMEN VIDIGAL ofertadecursos àdemanda. “Te- questiona. “Não temos um ob- louemum cursotécnicodedese- (Senac), mas também sem pers- cerensinotécnicosemummoni- MORAES mos expectativa de no final do servatórionacionaldegestãopú- nhista mecânico, que frequen- pectiva de trabalho. toramentomuitopróximodade- PROFESSORA DA FACULDADE DE ano que vem já ter resultados blica que permita um conheci- tou gratuitamente até a última A situação de ambos é mote mandaedascondiçõesdeempre- EDUCAÇÃODA USP desses estudos.” De acordo com mento da economia.” O MEC, segunda-feira.Antes,Britotraba- paraascríticasfeitasporespecia- gabilidade futura”, avalia Clau- “Quem controla, supervisiona e Feres, há ações iniciadas em par- contudo,reforça queháumcatá- lhava como torneiro mecânico e listas ao Programa Nacional de dio de Moura Castro, doutor em vai pensar um currículo ceriacom o Ministério do Traba- logo nacional de cursos técnicos procurououtraqualificaçãopro- Acesso ao Ensino Técnico e Em- economia pela Universidade de integrado?” lho “para contribuir com a ques- que define critérios e cargahorá- fissional no Serviço Nacional de prego (Pronatec). Tido como a Vanderbilt (EUA) e pesquisador tão da intermediação da mão de ria para os cursos. / B.B.
  • 4. H4 Especial %HermesFileInfo:H-4:20121109: SEXTA-FEIRA, 9 DE NOVEMBRO DE 2012 O ESTADO DE S. PAULO Fóruns Estadão BRASIL COMPETITIVO JOSÉ PAULO LACERDA/CNI-1/7/2011 rante maior empregabilidade e ainda dá chance para galgarem novas posições”. A maior necessidade de pro- fissionais qualificados se con- centra nas Regiões Sudeste (57,6%) e Sul (20,9%), especial- mente nos Estados de São Pau- lo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Paraná. Pe- lo estudo, nas demais regiões, aparece na frente o Nordeste (11,9%) seguido pelo Centro- Oeste (5,5%) e Norte (4,1%). A pesquisa indica que os cur- sos profissionalizantes de 200 a 400 horas serão os mais requisi- tados, com destaque para a pre- paração para indústria de ali- mentos e de operadores para o setor de vestuário. Os cursos técnicos com duração média de 18 a 24 meses com carga horária de 1.000 a 1.400 horas estarão voltados à formação de técni- cos de controle de produção. Novas vagas. As construtoras, fabricantes de veículos, indús- trias de máquinas e equipamen- tos, indústrias de alimentos, be- bidasevestuárioserãoresponsá- veis por cerca de 50% das novas vagas, algo em torno de 600 mil postos de trabalho. Entre os técnicos de nível mé- dio, a ocupação que lidera a de- Corte e costura. Aula profissionalizante voltada para a indústria do vestuário: setor está entre os que mais precisam de formação de mão de obra qualificada manda, com mais de 16 mil va- gas, é a de técnicos em constru- ção civil, responsáveis por de- Indústria precisa ÁREAS TÉCNICAS Ocupações Necessidade de capacitação 2012-2015 senvolver levantamentos topo- gráficos, elaborar planilhas de orçamento, inspecionar a quali- dade de materiais e supervisio- nar as obras seguindo projetos e de 7,2 milhões de Técnicos de controle de produção 88.766 Técnicos em eletrônica 39.919 normas. Técnicos em eletricidade e eletrotécnica 27.972 Depois, vem o técnico de con- Técnicos de desenvolvimento de sistemas e aplicações 25.204 trole de produção nas montado- Técnicos em operação e monitoração de computadores 21.677 ras de veículos (9,5 mil). Esse profissional acompanha os pro- técnicos até 2015 ÁREAS DE MÉDIA QUALIFICAÇÃO Ocupações Necessidade de capacitação 2012-2015 cessos de produção e suprimen- to de materiais, seguindo nor- mas e especificações. Operadores de máquinas de usinagem por controle numéri- Trabalhadores da indústria de alimentos (cozinheiros industriais) 174.586 co computadorizado (8,2 mil va- Segundo estudo, 1,1 milhão vagas serão abertas nos próximos Operadores de máquinas para costura de peças do vestuário 88.600 gas)calculameajustamaalimen- Preparadores e operadores de máquinas pesadas para a construção 81.817 três anos para jovens que estão chegando ao mercado de trabalho Mecânicos de manutenção de máquinas industriais 62.866 tação e a velocidade das máqui- nas e o tamanho e a posição dos FONTE: Mapa do Trabalho Industrial 2012 cortes para a criação de peças. Daniela Rocha de média qualificação para Nacional de Aprendizagem In- junto da Unidade de Estudos e cações de produtos. Entre os trabalhadores forma- ESPECIAL PARA O ESTADO atuar em 177 ocupações indus- dustrial (Senai). Prospectiva do Senai. “Para elevar a competitivida- dos em cursos profissionalizan- triais. Isso significa que a de- Serão 1,1 milhão de novas Além disso, o setor deverá ca- de da indústria é necessário tes, a maior demanda é por ope- A necessidade de mão de obra manda por esses profissionais oportunidades de emprego até pacitar outros 6,1 milhões de atualizar também os trabalha- radores de máquina de vestuário especializada na indústria é para os próximos três anos é 2015 para os jovens que vão in- trabalhadores para acompa- dores que já estão no mercado”, (25 mil vagas), seguidos por ope- crescente. Até 2015, o País terá 24% maior que a de 2008 a 2011, gressar no mercado de traba- nhar os avanços tecnológicos e afirma Amorim. “Os profissio- radores de máquina de produtos de formar 7,2 milhões de traba- aponta o Mapa do Trabalho In- lho, destaca Marcio Guerra a evolução das normas de quali- nais se beneficiam desse proces- plásticos e borracha (11 mil va- lhadores em cursos técnicos e dustrial 2012 feito pelo Serviço Amorim, gerente executivo ad- dade, regulamentações e certifi- so porque o conhecimento ga- gas) e marceneiros (10 mil). formados. Salário pode superar o de profissionais de nível superior A crescente demanda por mão de obra especializada em Per- nambuco elevou os salários. A ções das diretorias dos departa- aumento do tempo de experiên- por engenheiros mecatrônicos e ganham enfermeiros e biólogos. média recebida pelos técnicos é Segundo pesquisa, mentos regionais da instituição cia”,enfatizaRafaelLucchesi,di- farmacêuticos com o mesmo No caso do Rio de Janeiro, a deR$2,5mil,superioràsremune- salário médio inicial de e dados do Cadastro Geral de retor-geral do Senai. tempo de serviço. remuneração de um técnico em rações de médicos e analistas de Empregados e Desempregados No Estado de Minas Gerais, os mineração parte de R$ 8,6 mil. sistemas. técnicos valorizados (Caged) e da Relação Anual de Profissões em alta. Em São profissionais técnicos de nível Nesse mercado, o salário médio Os técnicos em manutenção no mercado de trabalho Informações Sociais (Rais). Paulo,enquantoostécnicospro- médio mais demandados são os dos técnicos em início de carrei- de aeronaves são bastante de- passa de R$ 2 mil De acordo com a pesquisa, o jetistas recebem no começo da das áreas de mineração e de pe- ra é de R$ 2,5 mil, superior aos mandados em Estados como Ba- salário médio inicial dos técni- carreira R$ 4,1 mil e os técnicos tróleoe gás, com saláriosmédios valores pagos aos nutricionistas hia, Goiás, Mato Grosso, Mato Aremuneraçãomédiadas21ocu- cos que estão mais valorizados em automação R$ 3,5 mil, os pro- iniciais que chegam a R$ 4 mil. A e biólogos. Grosso do Sul e Santa Catarina. pações técnicas de nível médio no mercado de trabalho supera fissionais de nível superior re- remuneração média das ocupa- Os técnicos em energias reno- O salário na admissão chega a R$ que hoje estão entre as mais de- R$ 2 mil. Com dez anos de atua- cém-formadosemAnálisedeSis- ções técnicas na admissão é de váveis e em biocombustíveis es- 3,1 mil em Goiás, muito acima mandadaspelaindústriabrasilei- ção, esses profissionais atingem temas e Desenho Industrial ga- R$ 2,9 mil, superior ao que rece- tãosendointensamente recruta- dos valores pagos inicialmente a ra é superior aos salários que re- uma remuneração média de nham menos de R$ 2,8 mil. Mais bem advogados e veterinários dos por empresas no Rio Grande analistas de sistemas e advoga- cebem diversos profissionais maisdeR$5,6mil.“Asremunera- um exemplo é que a remunera- em início de carreira. Já o valor do Sul e os salários iniciais estão dos. O valor médio pago aos téc- graduados.Éoquemostra levan- ções são atrativas na admissão e ção média dos técnicos com dez médio recebido por técnicos na faixa de R$ 3,2 mil. Esse valor nicosemmanutençãodeaerona- tamento feito pelo Senai em 18 essas ocupações apresentam ga- anos de experiência atinge R$ 6 com mais de dez anos de traba- supera os pagamentos de nutri- ves com dez anos de experiência Estados com base nas informa- nho salarial significativo com o mil, valor acima do alcançado lho é de R$ 5,7 mil, mais do que cionistasefarmacêuticosrecém- é de 6,7 mil. / D.R. Artigo Reinventar o mercado O É preciso premiar de tipo de educação que tere- Kant chamou de uso público da razão. mos. Há aí uma grande lição. Boas insti- soé importante, não há dúvida. Mas é mos demanda primeiro uma Espaço onde tudo é permitido, desde tuições universitárias prepararam os preciso dar a mesma prioridade para forma sistemática definiçãosobreo paísquede- que submetido ao rigor da ciência e do alunos para o mercado. Instituições de atrair alunos do exterior para estu- o mérito dos bons alunos sejamos ser. Se pretendemos argumento analítico. excelência preparam os alunos para dar no Brasil. Somos o maior merca- e gerar uma cultura de serumpaís produtor de tecnologia,pre- Preparar os alunos para o mercado é reinventar o mercado. Daí o sentido de do da América Latina e vamos sediar cisamos formar profissionais não ape- uma parte importante da vida acadêmi- premiar sistematicamente o mérito logo a seguir os dois maiores eventos negócios e inovação nas bem preparados tecnicamente, mas ca. Pode-se tratar de carreira profissio- dos alunos, manter centros de em- esportivos do planeta. Há um claro pessoas capazes de repensar paradig- nal desde o primeiro semestre. As boas preendedorismo, participar de compe- potencial inexplorado de atração de mas e inovar. Isso significa, em primei- instituições fazem isso. Colocam seus tições internacionais e gerar uma cultu- alunos chineses, indianos e mesmo ro lugar, uma aposta na excelência aca- alunos frente a frente com os melhores ra de negócios e inovação entre os estu- europeus, que facilmente percebe- dêmica. Qualé afórmula? Não creio que CEOs, estudam e produzem casos em- dantes. rão no Brasil oportunidades mais se- exista uma. Há um conjunto de práticas presariais, fazem joint ventures para Porfim, penso quenão háoutro cami- dutoras que aquelas do Velho Conti- que qualquer instituição pode seguir. projetos, bolsas e bons laboratórios. nho, caso pretendamos dar um efetivo nente em crise. Temos desprezado, Selecionar professores com isenção e Mas essa é apenas uma parte da histó- salto de qualidade na nossa educação historicamente, o valor estratégico critério acadêmico, investir em pesqui- ria. Em grande medida, o mercado de superior, do que apostar em um forte da captação de jovens talentos para sa,criar condiçõeseexigirque professo- trabalho também é produzido pelos es- processodeinternacionalizaçãodenos- nosso desenvolvimento. Há um lon- res preparem suas aulas meticulosa- tudantes. Larry Page e Sergei Brin sasinstituiçõesnospróximos anos.Pre- go caminho a trilhar, mas não parece mente. E sempre lembrar que uma aca- eram estudantes de Stanford, no fim cisamos atrair professores do exterior, haver dúvidas sobre qual é a agenda a demia é um espaço da ciência, não da dos anos 90. Excelentes alunos. Brin ampliar a base de disciplinas em inglês perseguir. ideologia. era russo e chegou a Stanford com uma emnossas instituições,buscarcertifica- ● ✽ Qualquer gestor acadêmico deveria ler o clássico de Weber, A Ciência como bolsa da National Science Foundation. Ambos poderiam arranjar bons empre- ções reconhecidas internacionalmente e melhorar nossa posição nos rankings ✽ É DOUTOR EM FILOSOFIA E MESTRE EM FERNANDO LUÍS Vocação. A universidade é um territó- gos, mas resolveram criar uma empre- globais. No Brasil, fala-se muito em en- CIÊNCIAS POLÍTICAS (UFRGS) E DIRETOR- SCHÜLER rio de liberdade, de exercício do que sa. O resto da história, nós conhece- viar alunos para estudar no exterior. Is- GERAL DO IBMEC/RJ
  • 5. Especial H5 %HermesFileInfo:H-5:20121109: O ESTADO DE S. PAULO SEXTA-FEIRA, 9 DE NOVEMBRO DE 2012 Fóruns Estadão BRASIL COMPETITIVO ENTREVISTA CLAYTON DE SOUZA/ESTADÃO-6/11/2012 Rafael Lucchesi, presidente do Senai o salário médio chega a R$ 6 mil. Ou seja, os técnicos têm re- munerações superiores às ofe- ‘Ensino profissional recidas para muitas ocupações de nível universitário. É impor- tante disseminar essa informa- ção para que a juventude bus- garante uma carreira que esses cursos. Hoje vemos uma onda de jovens de classe média que busca a educação profissional, mas esse número estável e bem paga’ ainda pode aumentar muito. Há muita oportunidade para quem tem formação técnica. Muitos desses profissionais A média dos 34 países da OCDE Os governos estaduais têm am- conseguem colocação no mer- Para diretor-geral do (Organização para Cooperação pliado os programas de educa- cado de trabalho mais rapida- Senai, formação técnica e Desenvolvimento Econômi- ção profissional. São Paulo es- mente do que bacharéis em Di- co) é de 42%. Na Alemanha, a tá aumentando a capacidade reito, por exemplo. abre oportunidades e média é de 53% e na Coreia do de atendimento do Centro Pau- eleva a produtividade Sul e França, de mais de 40%. la Souza de escolas técnicas. O ● A formação técnica deve ser das empresas No Japão, o índice é de 55%. governo federal também está associada com a universitária? Também temos baixa qualidade expandindo sua rede de esco- Com certeza, uma não exclui a Daniela Rocha no ensino básico (fundamental las e estruturou o Pronatec outra. O aluno com boa forma- ESPECIAL PARA O ESTADO e médio), situação que precisa (Programa Nacional de Acesso ção técnica de nível médio tem mudar. No ranking da OCDE, o ao Ensino Técnico e Emprego) condições de seguir uma carrei- O modelo educacional brasilei- Brasil aparece na 53.ª posição para aumentar notavelmente a ra sólida, e isso pode até orien- ro está longe do que se vê nos em um painel de 65 nações. oferta de cursos técnicos de ní- tar melhor a formação universi- países desenvolvidos e mesmo vel médio, assim como os de tária dele posteriormente. Esse de outros emergentes. Apesar ● O ensino em outros países formação inicial e continuada. caminho pode corrigir um ou- de recentes avanços, o País ain- bem posicionados nesse ranking O Sistema S vem aumentando tro problema que temos no Bra- da privilegia muito a educação é mais direcionado ao ambiente consideravelmente o número sil, que é o déficit de engenhei- regular em detrimento da pro- de negócios? de matrículas. O Senai está do- ros. A cada 100 graduados, ape- fissionalizante. A avaliação é de A abrangência do ensino univer- brando o número de matrícu- nas 5 são engenheiros. Número Rafael Lucchesi, presidente do sitário é acima do brasileiro. Te- las até 2014. Até lá serão 4 mi- muito menor do que o registra- Serviço Nacional de Aprendiza- mos só 14% da população no en- lhões de matrículas por ano. do em diversos países. No Ja- gem Industrial (Senai) em en- sino superior, para uma média pão, são 25 engenheiros a cada trevista ao Estado. Segundo de 40%. Mas a grande diferença ● Como o sr. avalia o Pronatec? 100 formados. Na China, mais ele, o investimento em forma- é o fato de haver um grande É uma política muito bem con- Lacuna. Mercado exige técnicos e operadores, diz Lucchesi de 30. Temos enorme deficiên- ção técnica ajuda a elevar a pro- contingente de jovens que fa- cebida. Mobiliza um conjunto cia também quando compara- dutividade das empresas. zem a educação geral de nível de atores – redes públicas fede- torneiros mecânicos. O Fundo bém são beneficiadas com essa mos o nosso sistema educacio- A seguir, os principais tre- médio com a educação profis- ral e estaduais, rede de ensino de Financiamento Estudantil é facilidade de acesso ao crédito nal universitário tecnológico chos da entrevista. sionalizante. Isso cria um mer- privado e o Sistema S. Busca uma ideia bem estruturada que a taxas baixas. com os de países desenvolvidos cado de trabalho mais funcio- ampliar de forma ágil as vagas faz parte do Pronatec, baseado ou de diversas nações emergen- ● Como o sr. vê o modelo educa- nal. No ambiente de negócios, para jovens na formação técni- no mesmo modelo que alargou ● Como estimular os jovens a tes. Acredito que a juventude cional brasileiro? há necessidade de profissionais ca de nível médio e aumentar a a possibilidade de jovens caren- ingressarem no ensino técnico? pode buscar na educação profis- Estamos muito centrados na com formação universitária, oferta de cursos de qualificação tes financiarem sua educação Fizemos um estudo consideran- sional técnica uma carreira está- educação regular em vez do en- mas também são requisitados de curta duração, com cargas superior. Os jovens podem fi- do as 21 ocupações técnicas vel e bem-remunerada. Com is- sino profissional. Apenas 6,6% técnicos e operadores. horárias de 200 a 400 horas, pa- nanciar a sua educação técnica mais demandadas em 18 Esta- so, vai conseguir melhores con- dos brasileiros entre 15 e 19 ra formação de eletricistas, ope- e, além disso, as empresas que dos e ficou constatado que o sa- dições para prosseguir os estu- anos optam pela educação pro- ● Que ações existem para am- radores de máquinas indus- financiam processos de qualifi- lário médio inicial é de R$ 2 dos buscando uma graduação fissional técnica de nível médio. pliar a estrutura educacional? triais, cozinheiros, soldadores e cação de seus funcionários tam- mil. Com dez anos de carreira, tecnológica.