As derivações urinárias são procedimentos cirúrgicos usados para tratar disfunções vesicais e hidronefrose refratária. Existem vários tipos de derivações, incluindo condutos ileais não continentes, ureterostomias cutâneas e reservatórios continentes. Todas as opções apresentam vantagens e desvantagens, como complicações metabólicas, infecções e deterioração da função renal.
2. Indicações
Disfunções Vesicais
DERIVAÇÕES
URINÁRIAS
1. Hidronefrose progressiva e refractária
a terapêutica médica ou conservadora
2. Urossépsis recorrente
3. Falência de esvaziamento ou
armazenamento intratável ou quando
CIC é impossível
4. Hematúria persistente (ex: cistite de
irradiação)
5. (Carcinoma espinho-celular)
7. A. Conduto Ileal
Não Continente
DERIVAÇÕES
URINÁRIAS
• Mais comum e universal (1950)
• É a derivação urinária com segmento
intestinal mais simples e com menores
complicações intra e pós-operatórias
imediatas
• Alteração da imagem corporal
• Necessidade de receptáculo externo
• Leaks e potencial odor urina
• Refluxo urinário potencial ITU | Litíase
15. D. Neobexiga com
Anastomose Uretral
DERIVAÇÕES
URINÁRIAS
• Mimetiza uma bexiga normal
• Melhor QoL
• Manutenção da imagem corporal
• Não necessita de estoma
• Não necessita de receptáculo externo
• Baixo risco de refluxo VU
• Boa opção para doentes obesos
16. DERIVAÇÕES
URINÁRIAS
• Procedimento cirúrgico mais complexo
• Estado da uretra e esfíncter externo?
• Clearance creatinina > 60 mL/min.
• Potencial necessidade de autocateterismo
• Exige destreza manual
• Exige manutenção capacidade cognitiva
• Risco incontinência urinária (++ nocturna)
• Uso de dispositivos absorventes
• Alterações metabólicas mais significativas
• Obstrução por muco
• Litíase (+++ estase e muco)
• Hérnias incisionais ???
D. Neobexiga com
Anastomose Uretral
18. Complicações Metabólicas
DERIVAÇÕES
URINÁRIAS
Consequência da absorção alterada de
solutos através dos condutos intestinais
Dependem de:
1. Tipo de segmento utilizado
2. Área total do conduto exposta
3. Tempo de exposição
4. Concentração dos elementos na urina
5. Função renal prévia
6. pH urinário
7. Outras comorbilidades
21. Complicações Metabólicas
DERIVAÇÕES
URINÁRIAS
Acidose Metabólica Hiperclorémica
• Reabsorção de Cloreto de Amónio
• Excreção de CO2 e H2O, Na+ e Bicarbonato
• Tratamento: Alcalinização com Bicarbonato
de Sódio ou com Ácido Cítrico + Ci.Na + Ci.K
2. Balanço Ácido-Básico
McDougal WS. J Urol. 1986;135:698–701
23. Complicações Metabólicas
DERIVAÇÕES
URINÁRIAS
3. Distúrbios Hidroelectrolíticos
Segmentos
Ileais
• Elevação da Ureia e Creatinina
• Função renal alterada ou reabsorção ileal?
• Hipocaliémia
• Hipomagnesémia
• Hipocalcémia
Van der Aa F, Joniau S, Van Den Branden M, Van Poppel H. Adv Urol 2011
24. Complicações Metabólicas
DERIVAÇÕES
URINÁRIAS
4. Desmineralização Óssea
Segmentos
Ileais
• Compensação da Acidose Metabólica
• +++ em doentes com DRC
• Redução da absorção de Ca2+ intestinal
• Redução da absorção de Vitamina D
• Osso osteóide Osteomalacia
• Atraso de crescimento
• Risco de fracturas e complicações de
cirurgias ortopédicas
• Artralgias nas articulações de carga
• Miopatias proximais
Kawakita M et al. J Urol. 1996 Aug; 156 :355-9.
25. Complicações Metabólicas
DERIVAÇÕES
URINÁRIAS
5. Formação de Cálculos
Segmentos
Ileais
• 10-12% em condutos ileais
• Acidose metabólica hiperclorémica
• Infecções urinárias crónicas por Proteus,
Klebsiella e Pseudomonas
• Corpos estranhos (suturas, agrafes)
• Hipercalciúria e Hiperoxalúria (absorptiva)
• Segmento intestinal longo
• Estase urinária e obstrução por muco
• Desidratação Terai A, J Urol. 1995 Jan; 153(1):37-41
Terai A, J Urol. 1996 Jan; 155(1):66-8
- A utilização de derivações urinárias supravesicais é, habitualmente, o último recurso no tratamento das disfunções vesicais;
- São mais frequentemente utilizadas após cistectomias por motivos oncológicos (carcinoma invasivo da bexiga);
DOENTES COM DERIVAÇÕES URINÁRIAS POR DISFUNÇÃO VESICAL SÃO MAIS SUJEITOS A COMPLICAÇÕES A-LA-LONG UMA VEZ QUE TÊM UMA SOBREVIDA MAIS LONGA
TVM’s, Espinha Bífida e outras disrafias espinhais, Bexiga neurogénica de outras causas,...
Remonta a 1950 (Bricker) larga experiência.
Utiliza 10 a 15 cm de um segmento de íleo que é removido a 10 a 15 cm da válvula íleo-cecal;
Regra geral a bexiga é removida mas em casos não oncológicos poderá ser apenas funcionalmente excluída;
Diversas técnicas: Bricker, Wallace, de acordo com o tipo de anastomoses a que se procede;
1 estoma: ureterostomia “em cano de espingarda” | transuretero-ureterostomias
1 estoma: ureterostomia “em cano de espingarda”
Estoma no UMBIGO ou ABAIXO DA LINHA DO BIKINI.
Estoma no UMBIGO ou ABAIXO DA LINHA DO BIKINI.
Destreza manual, capacidade cognitiva e MOTIVAÇÃO!
Estoma no UMBIGO ou ABAIXO DA LINHA DO BIKINI.
Perda do GUARDING REFLEX.
Doentes muito bem seleccionados.
Perda do GUARDING REFLEX.
Autocateterismo
Lavagem vesical impactação de muco
Completar o esvaziamento do reservatório
Não existem maneiras de determinar se este ou aquele paciente vão ou não desenvolver complicações metabólicas após a derivação urinária uma vez que dependem da capacidade compensatória de cada um. O que se sabe é que, de acordo com a derivação utilizada e comorbilidades existentes, a probabilidade de desenvolver consequências metabólicas é maior.
Complicações metabólicas são raras ou praticamente ausentes com condutos ileais não continentes mas são frequentes em neobexigas ileais em que quer a área, quer o tempo de exposição intestinal à urina são francamente maiores (50-55 vs. 10-12 cm).
A vitamina B12 é absorvida no íleo terminal no entanto, devido às reservas elevadas de vitamina B12, os sintomas podem ser apenas evidentes anos mais tarde.
Colestiramina é uma resina que neutraliza dos ácidos biliares e a sua acção “irritativa” no cólon (4-8 mg 2id)
Quando a urina está em contacto com a mucosa intestinal verifica-se reabsorção de (...) o que resulta numa carga ácida crónica elevada.
Terapêutica oral: O Bicarbonato pode ser relativamente mal tolerado pela produção de gás intestinal que pode promover e pode ser incomportável em doentes obstipados.
Uralyt-U: Citrato de Potássio, Citrato de Sódio e Ácido Cítrico (se não houver CONTRA-INDICAÇÕES CARDÍACAS OU RENAIS ao uso de potássio e que poderá ser até desejável em doentes com neobexigas que possam apresentar algum grau de hipocaliémia (embora a hipocaliémia seja rara com segmentos ileais).
Se não tratada a acidose metabólica será compensada pelo carbonato ósseo num processo que promove a libertação de cálcio ósseo e uma hipercalciúria.
As perdas de potássio, magnésio e cálcio podem ser agravadas pela acidose metabólica severa (segmentos ileais).
A correção da acidose pode também conduzir a uma depleção acentuada de potássio se não for devidamente compensada.
Se não tratada a acidose metabólica será compensada pelo carbonato, cálcio e sódio ósseos com hipercalciúria e consequente hipocalcémia.
Factores de Risco Litogénico
Bactérias produtoras de urease
Cálculos: +++ Estruvite e Oxalato de Cálcio
EPITAXIA
Bacteriúria: 3/4 das colheitas urinárias de condutos estão infectadas. O intestino, ao contrário do urotélio, é incapaz de inibir o crescimento e desenvolvimento bacteriano!
Recomendada terapêutica ativa se as culturas forem puras para Proteus ou Pseudomonas mais susceptíveis a deterioração renal.
Culturas mistas assintomáticas observação!
Pielonefrites predominantemente de causa ascendente.
Mantém-se a polémica acerca de se existe diferença entre técnicas refluxivas ou não refluxivas e o seu impacto na função renal.