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CURSO PREPARATÓRIO PARA O ENEM
EDUCADORA CRISTIANE
LITERATURA
A CIDADE E AS SERRAS
TESTES
(FUVEST 2007)Texto para as questões 1 a 3
Já a tarde caía quando recolhemos muito lentamente. E toda essa adorável paz do céu, realmente
celestial, e dos campos, onde cada folhinha conservava uma quietação contemplativa, na luz
docemente desmaiada, pousando sobre as coisas com um liso e leve afago, penetrava tão
profundamente Jacinto, que eu o senti, no silêncio em que caíramos, suspirar de puro alívio.
Depois, muito gravemente:
- Tu dizes que na Natureza não há pensamento...
- Outra vez! Olha que maçada! Eu...
- Mas é por estar nela suprimido o pensamento que lhe está poupado o sofrimento! Nós,
desgraçados, não podemos suprimir o pensamento, mas certamente o podemos disciplinar e
impedir que ele se estonteie e se esfalfe, como na fornalha das cidades, ideando gozos que nunca
se realizam, aspirando a certezas que nunca se atingem!... E é o que aconselham estas colinas e
estas árvores à nossa alma, que vela e se agita - que viva na paz de um sonho vago e nada
apeteça, nada tema, contra nada se insurja, e deixe o mundo rolar, não esperando dele senão um
rumor de harmonia, que a embale e lhe favoreça o dormir dentro da mão de Deus. Hem, não te
parece, Zé Fernandes?
- Talvez. Mas é necessário então viver num mosteiro, com o temperamento de S. Bruno, ou ter
cento e quarenta contos de renda e o desplante de certos Jacintos...
Eça de Queirós, A cidade e as serras.
1. Considerado no contexto de A cidade e as serras, o diálogo presente no excerto revela que,
nesse romance de Eça de Queirós, o elogio da natureza e da vida rural
a) indica que o escritor, em sua última fase, abandonara o Realismo em favor do Naturalismo,
privilegiando, de certo modo, a observação da natureza em detrimento da crítica social.
b) demonstra que a consciência ecológica do escritor já era desenvolvida o bastante para fazê-lo
rejeitar, ao longo de toda a narrativa, as intervenções humanas no meio natural.
c) guarda aspectos conservadores, predominantemente voltados para a estabilidade social,
embora o escritor mantenha, em certa medida, a prática da ironia que o caracteriza.
d) serve de pretexto para que o escritor critique, sob certos aspectos, os efeitos da revolução
industrial e da urbanização acelerada que se haviam processado em Portugal nos primeiros anos
do Século XIX.
e) veicula uma sátira radical da religião, embora o escritor simule conservar, até certo ponto, a
veneração pela Igreja Católica que manifestara em seus primeiros romances.
2. Entre os seguintes fragmentos do excerto, aquele que, tomado isoladamente, mais se coaduna
com as idéias expressas na poesia de Alberto Caeiro é o que está em
a) “toda essa adorável paz do céu, realmente celestial”.
b) “cada folhinha conservava uma quietação contemplativa”.
c) “na Natureza não há pensamento”.
d) “dormir dentro da mão de Deus”.
e) “é necessário então viver num mosteiro”.
3. Considere as seguintes afirmações:
I. Assim como Jacinto, de A cidade e as serras, passa por uma verdadeira “ressurreição” ao
mergulhar na vida rural, também Augusto Matraga, de Sagarana, experimenta um “ressurgimento”
associado a uma renovação da natureza.
II. Também Fabiano, de Vidas secas, em geral pouco falante, experimenta uma transformação
ligada à natureza: a chegada das chuvas e a possibilidade de renovação da vida tornam-no
loquaz e desejoso de expressar-se.
III. Já Iracema, quando debilitada pelo afastamento de Martim, não encontra na natureza forças
capazes de salvar-lhe a vida.
Está correto o que se afirma em
a) I, somente.
b) II, somente.
c) I e III, somente.
d) II e III, somente.
e) I, II e III.
CURSO PREPARATÓRIO PARA O ENEM
EDUCADORA CRISTIANE
LITERATURA
A CIDADE E AS SERRAS
QUESTÕES DISCURSIVAS
1. (UNICAMP – 2008) O poema abaixo pertence a O Guardador de Rebanhos, de Alberto Caeiro:
Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...
Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.
(Fernando Pessoa, Obra Poética. Rio de Janeiro: Editora Nova Aguilar, 1983, p.142.)
O trecho abaixo pertence ao capítulo VIII de A cidade e as serras, em que se narra a viagem de
Jacinto a Tormes.
Trepávamos então alguma ruazinha de aldeia, dez ou doze casebres, sumidos entre figueiras,
onde se esgaçava, fugindo do lar pela telha-vã o fumo branco e cheiroso das pinhas. Nos cerros
remotos, por cima da negrura pensativa dos pinheirais, branquejavam ermidas. O ar fino e puro
entrava na alma, e na alma espalhava alegria e força. Um esparso tilintar de chocalhos de guizos
morria pelas quebradas...
Jacinto adiante, na sua égua ruça, murmurava:
- Que beleza!
E eu atrás, no burro de Sancho, murmurava:
- Que beleza!
Frescos ramos roçavam os nossos ombros com familiaridade e carinho.
(Eça de Queiroz, Obra Completa. Beatriz Berrini (org.). Rio de Janeiro:
Editora Nova Aguilar, 1997, Vol.II, pp. 561, grifos nossos.)
a) O que o trecho revela da visão de Jacinto sobre a aldeia e que afinidade existe entre essa visão
e a de Alberto Caeiro no poema da questão anterior?
Em sua viagem à terra natal, Jacinto reencontra o passado e vivencia as delícias da vida no
campo, à qual se integrará progressivamente. A imagem que o narrador, José Fernandes,
oferece da pequena aldeia, impregnada de ternura (“ruazinha”), sugere o encanto de
Jacinto diante daquela paisagem serrana pacata. A linguagem, repleta de lirismo e
comoção (“Que beleza!”), expressa a valorização da vida no ambiente campestre em
contraposição à civilização, representada pela cidade de Paris, que Jacinto abandona para
visitar o interior de Portugal. Tanto em Eça de Queirós quanto em Alberto Caeiro, o retorno
a certo ideal bucólico de felicidade,
marcado pela celebração dos prazeres da vida simples, serve de antítese para o sentimento
de tédio e opressão que o artificialismo da vida urbana impõe.
b) Explique a relação entre o protagonista e a paisagem nas duas frases sublinhadas.
Jacinto, caracterizado inicialmente como um homem parisiense, de gosto refinado,
entusiasta da filosofia e das ciências modernas, sente-se tocado pela paisagem rural do
interior. As frases citadas expressam o sentimento de alegria que o domina e a sensação
de aconchego experimentada em meio àquela paisagem, que se lhe mostra familiar, mas da
qual ele havia se distanciado. O encontro com as serras portuguesas revitaliza sua alma,
dá-lhe força e ânimo, ao mesmo tempo que lhe proporciona uma sensação de bem-estar.
2. (FUVEST 2009) Leia o trecho de A cidade e as serras, de Eça de Queirós, e responda ao que
se pede.
Então, de trás da umbreira da taverna, uma grande voz bradou, cavamente, solenemente:
- Bendito seja o Pai dos Pobres!
E um estranho velho, de longos cabelos brancos, barbas brancas, que lhe comiam a face cor de
tijolo, assomou no vão da porta, apoiado a um bordão, com uma caixa a tiracolo, e cravou em
Jacinto dois olhinhos de um brilho negro, que faiscavam. Era o tio João Torrado, o profeta da
serra... Logo lhe estendi a mão, que ele apertou, sem despegar de Jacinto os olhos, que se
dilatavam mais negros. E mandei vir outro copo, apresentei Jacinto, que corara, embaraçado.
- Pois aqui o tem, o senhor de Tormes, que fez por aí todo esse bem à pobreza.
O velho atirou para ele bruscamente o braço, que saía, cabeludo e quase negro, de uma manga
muito curta.
- A mão!
E quando Jacinto lha deu, depois de arrancar vivamente a luva, João Torrado longamente lha
reteve com um sacudir lento e pensativo, murmurando:
- Mão real, mão de dar, mão que vem de cima, mão já rara!
[...] Eu então debrucei a face para ele, mais em confidência:
- Mas, ó tio João, ouça cá! Sempre é certo você dizer por aí, pelos sítios, que el-rei D. Sebastião
voltara?
Eça de Queirós. A cidade e as serras.
a) No trecho, Jacinto é chamado, pelo velho, de “Pai dos Pobres”. Essa qualificação indica que
Jacinto mantinha com os pobres da serra uma relação democrática e igualitária? Justifique sua
resposta.
Apesar de ter sido chamado pelo velho de “Pai dos pobres”, não podemos considerar a
relação de Jacinto com eles como democrática e igualitária. Percebe-se, na obra, uma
transformação profunda do protagonista após a mudança para Tormes, mas ele vive a
consciência de ser Senhor das terras mantendo o status quo de que sempre desfrutou
b) Tendo em vista o contexto da obra, explique sucintamente por que o narrador, no final do
trecho, se refere a “el-rei D. Sebastião”.
D. Sebastião, rei de Portugal e esperança de reconstituição do Grande Império Português,
desapareceu em 1578 sem deixar herdeiros. Sua figura mítica permanece no imaginário do
povo, que espera seu retorno. Assim, a relação entre “El-rei” e Jacinto torna-se clara: por
proteger os pobres, a figura do protagonista pode ser tida como a realização da mitológica
volta do grande rei aos olhos da população esperançosa.
CURSO PREPARATÓRIO PARA O ENEM
EDUCADORA CRISTIANE
LITERATURA
A CIDADE E AS SERRAS
ENEM
1. Leia o trecho seguinte, pertencente ao romance A cidade e as serras, de Eça de Queirós:
Por uma conclusão bem natural, a idéia de Civilização, para Jacinto, não se separava da imagem
de Cidade, duma enorme Cidade, com todos os seus vastos órgãos funcionando poderosamente.
Nem este meu supercivilizado amigo compreendia que longe de armazéns servidos por três mil
caixeiros; e de Mercados onde se despejam os vergéis e lezírias de trinta províncias; e de Bancos
em que retine o ouro universal; e de Fábricas fumegando com ânsia, inventando com ânsia; e de
Bibliotecas abarrotadas, a estalar, com a papelada dos séculos; e de fundas milhas de ruas,
cortadas, por baixo e por cima, de fios de telégrafos, de fios de telefones, de canos de gases, de
canos de fezes; e da fila atroante dos ônibus, tramas, carroças, velocípedes, calhambeques,
parelhas de luxo; e de dois milhões duma vaga humanidade, fervilhando, a ofegar, através da
Polícia, na busca dura do pão ou sob a ilusão do gozo – o homem do século XIX pudesse
saborear, plenamente, a delícia de viver!
A partir da leitura do trecho acima, pode-se afirmar que, para Jacinto:
a) a ideia de civilização está associada à vida distanciada da balbúrdia da cidade, com seus
mercados, bancos, fábricas e bibliotecas.
b) a civilização é indissociável da cidade, que deve estar aparatada com o que há de mais
moderno em termos de técnica produzida pelo homem.
c) civilização e cidade são inseparáveis, apesar de Jacinto condenar o exagero de atividade
existente na cidade.
d) a busca dura do pão e a ilusão do gozo só podem se realizar plenamente quando a cidade
possui fios de telégrafos e de telefones e canos de gases e de fezes.
e) a delícia de viver, para o homem do século XIX, se manifesta na vida no campo, longe da
cidade e da civilização.
2. Leia os textos a seguir:
Aqui tens tu, Zé Fernandes - começou Jacinto, encostado à janela do mirante -, a teoria que me
governa, bem comprovada. Com estes olhos que recebemos da Madre natureza, lestos e sãos,
nós podemos apenas distinguir além, através da Avenida, naquela loja, uma vidraça alumiada.
Mais nada! Se eu, porém, aos meus olhos juntar os dois vidros simples dum binóculo de corridas,
percebo, por trás da vidraça, presuntos, queijos, boiões de geléia e caixas de ameixa seca.
Concluo, portanto, que é uma mercearia. Obtive uma noção: tenho sobre ti, que com os olhos
desarmados vês só o luzir da vidraça, uma vantagem positiva. Se agora, em vez destes vidros
simples, eu usasse os do meu telescópio, de composição mais científica, poderia avistar além, no
planeta Marte, os mares, as neves, os canais, o recorte dos golfos, toda a geografia dum astro
que circula a milhares de léguas dos Campos Elísios. É outra noção, e tremenda! Tens aqui, pois,
o olho primitivo, o da Natureza, elevado pela Civilização à sua máxima potência de visão. E desde
já, pelo lado do olho, portanto, eu, civilizado, sou mais feliz que o incivilizado, porque descubro
realidades do Universo que ele não suspeita e de que está privado.
Eça de Queirós. A cidade e as serras.
Essa busca insaciável pelas novidades eletrônicas se deve, em parte, à velocidade
impressionante com que produtos inovadores surgem no mercado e são alardeados pela
publicidade. Mais importante que isso, contudo, é que os aparelhos eletrônicos pessoais,
principalmente os celulares, deixaram de pertencer apenas à categoria das ferramentas utilitárias.
Exibi-los tornou-se uma forma de expressão pessoal, como no caso das roupas.
Carlos Rydlewski. “Tanta novidade até confunde.” Veja.com, jul. 2007.
Da comparação entre os textos pode-se concluir que:
a) ambos os textos valorizam a tecnologia, que permite que o homem se relacione de maneira
mais proveitosa com a realidade, permitindo que ele tenha uma visão mais completa e elevada do
mundo.
b) ambos os textos contêm a ideia de que a tecnologia é prejudicial ao homem, porque o afasta da
natureza, transformando sua relação com o mundo em algo excessivamente artificial.
c) o primeiro texto, do século XIX, destaca o caráter de manifestação da individualidade que a
tecnologia pode proporcionar ao homem; o segundo, do século XXI, exalta a praticidade e a
funcionalidade em que a tecnologia se transformou atualmente.
d) o primeiro texto, do século XIX, demonstra o entusiasmo com a tecnologia e as novas
possibilidades que ela proporcionou ao homem de se relacionar com o mundo; o segundo,
do século XXI, revela que houve uma transformação, pois a tecnologia deixou de ser
somente útil para se tornar símbolo de status.
e) o primeiro texto, do século XIX, veicula o preconceito da sociedade da época, que via a
tecnologia como algo prejudicial ao homem; o segundo, do século XXI, demonstra como o homem
se tornou melhor a partir do desenvolvimento tecnológico.

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A Baixa Idade Média
 

Possíveis exercícios de a cidade e as serras

  • 1. CURSO PREPARATÓRIO PARA O ENEM EDUCADORA CRISTIANE LITERATURA A CIDADE E AS SERRAS TESTES (FUVEST 2007)Texto para as questões 1 a 3 Já a tarde caía quando recolhemos muito lentamente. E toda essa adorável paz do céu, realmente celestial, e dos campos, onde cada folhinha conservava uma quietação contemplativa, na luz docemente desmaiada, pousando sobre as coisas com um liso e leve afago, penetrava tão profundamente Jacinto, que eu o senti, no silêncio em que caíramos, suspirar de puro alívio. Depois, muito gravemente: - Tu dizes que na Natureza não há pensamento... - Outra vez! Olha que maçada! Eu... - Mas é por estar nela suprimido o pensamento que lhe está poupado o sofrimento! Nós, desgraçados, não podemos suprimir o pensamento, mas certamente o podemos disciplinar e impedir que ele se estonteie e se esfalfe, como na fornalha das cidades, ideando gozos que nunca se realizam, aspirando a certezas que nunca se atingem!... E é o que aconselham estas colinas e estas árvores à nossa alma, que vela e se agita - que viva na paz de um sonho vago e nada apeteça, nada tema, contra nada se insurja, e deixe o mundo rolar, não esperando dele senão um rumor de harmonia, que a embale e lhe favoreça o dormir dentro da mão de Deus. Hem, não te parece, Zé Fernandes? - Talvez. Mas é necessário então viver num mosteiro, com o temperamento de S. Bruno, ou ter cento e quarenta contos de renda e o desplante de certos Jacintos... Eça de Queirós, A cidade e as serras. 1. Considerado no contexto de A cidade e as serras, o diálogo presente no excerto revela que, nesse romance de Eça de Queirós, o elogio da natureza e da vida rural a) indica que o escritor, em sua última fase, abandonara o Realismo em favor do Naturalismo, privilegiando, de certo modo, a observação da natureza em detrimento da crítica social. b) demonstra que a consciência ecológica do escritor já era desenvolvida o bastante para fazê-lo rejeitar, ao longo de toda a narrativa, as intervenções humanas no meio natural. c) guarda aspectos conservadores, predominantemente voltados para a estabilidade social, embora o escritor mantenha, em certa medida, a prática da ironia que o caracteriza. d) serve de pretexto para que o escritor critique, sob certos aspectos, os efeitos da revolução industrial e da urbanização acelerada que se haviam processado em Portugal nos primeiros anos do Século XIX. e) veicula uma sátira radical da religião, embora o escritor simule conservar, até certo ponto, a veneração pela Igreja Católica que manifestara em seus primeiros romances.
  • 2. 2. Entre os seguintes fragmentos do excerto, aquele que, tomado isoladamente, mais se coaduna com as idéias expressas na poesia de Alberto Caeiro é o que está em a) “toda essa adorável paz do céu, realmente celestial”. b) “cada folhinha conservava uma quietação contemplativa”. c) “na Natureza não há pensamento”. d) “dormir dentro da mão de Deus”. e) “é necessário então viver num mosteiro”. 3. Considere as seguintes afirmações: I. Assim como Jacinto, de A cidade e as serras, passa por uma verdadeira “ressurreição” ao mergulhar na vida rural, também Augusto Matraga, de Sagarana, experimenta um “ressurgimento” associado a uma renovação da natureza. II. Também Fabiano, de Vidas secas, em geral pouco falante, experimenta uma transformação ligada à natureza: a chegada das chuvas e a possibilidade de renovação da vida tornam-no loquaz e desejoso de expressar-se. III. Já Iracema, quando debilitada pelo afastamento de Martim, não encontra na natureza forças capazes de salvar-lhe a vida. Está correto o que se afirma em a) I, somente. b) II, somente. c) I e III, somente. d) II e III, somente. e) I, II e III.
  • 3. CURSO PREPARATÓRIO PARA O ENEM EDUCADORA CRISTIANE LITERATURA A CIDADE E AS SERRAS QUESTÕES DISCURSIVAS 1. (UNICAMP – 2008) O poema abaixo pertence a O Guardador de Rebanhos, de Alberto Caeiro: Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo... Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer Porque eu sou do tamanho do que vejo E não do tamanho da minha altura... Nas cidades a vida é mais pequena Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro. Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave, Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o céu, Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar, E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver. (Fernando Pessoa, Obra Poética. Rio de Janeiro: Editora Nova Aguilar, 1983, p.142.) O trecho abaixo pertence ao capítulo VIII de A cidade e as serras, em que se narra a viagem de Jacinto a Tormes. Trepávamos então alguma ruazinha de aldeia, dez ou doze casebres, sumidos entre figueiras, onde se esgaçava, fugindo do lar pela telha-vã o fumo branco e cheiroso das pinhas. Nos cerros remotos, por cima da negrura pensativa dos pinheirais, branquejavam ermidas. O ar fino e puro entrava na alma, e na alma espalhava alegria e força. Um esparso tilintar de chocalhos de guizos morria pelas quebradas... Jacinto adiante, na sua égua ruça, murmurava: - Que beleza! E eu atrás, no burro de Sancho, murmurava: - Que beleza! Frescos ramos roçavam os nossos ombros com familiaridade e carinho. (Eça de Queiroz, Obra Completa. Beatriz Berrini (org.). Rio de Janeiro: Editora Nova Aguilar, 1997, Vol.II, pp. 561, grifos nossos.) a) O que o trecho revela da visão de Jacinto sobre a aldeia e que afinidade existe entre essa visão e a de Alberto Caeiro no poema da questão anterior? Em sua viagem à terra natal, Jacinto reencontra o passado e vivencia as delícias da vida no campo, à qual se integrará progressivamente. A imagem que o narrador, José Fernandes, oferece da pequena aldeia, impregnada de ternura (“ruazinha”), sugere o encanto de Jacinto diante daquela paisagem serrana pacata. A linguagem, repleta de lirismo e comoção (“Que beleza!”), expressa a valorização da vida no ambiente campestre em contraposição à civilização, representada pela cidade de Paris, que Jacinto abandona para
  • 4. visitar o interior de Portugal. Tanto em Eça de Queirós quanto em Alberto Caeiro, o retorno a certo ideal bucólico de felicidade, marcado pela celebração dos prazeres da vida simples, serve de antítese para o sentimento de tédio e opressão que o artificialismo da vida urbana impõe. b) Explique a relação entre o protagonista e a paisagem nas duas frases sublinhadas. Jacinto, caracterizado inicialmente como um homem parisiense, de gosto refinado, entusiasta da filosofia e das ciências modernas, sente-se tocado pela paisagem rural do interior. As frases citadas expressam o sentimento de alegria que o domina e a sensação de aconchego experimentada em meio àquela paisagem, que se lhe mostra familiar, mas da qual ele havia se distanciado. O encontro com as serras portuguesas revitaliza sua alma, dá-lhe força e ânimo, ao mesmo tempo que lhe proporciona uma sensação de bem-estar. 2. (FUVEST 2009) Leia o trecho de A cidade e as serras, de Eça de Queirós, e responda ao que se pede. Então, de trás da umbreira da taverna, uma grande voz bradou, cavamente, solenemente: - Bendito seja o Pai dos Pobres! E um estranho velho, de longos cabelos brancos, barbas brancas, que lhe comiam a face cor de tijolo, assomou no vão da porta, apoiado a um bordão, com uma caixa a tiracolo, e cravou em Jacinto dois olhinhos de um brilho negro, que faiscavam. Era o tio João Torrado, o profeta da serra... Logo lhe estendi a mão, que ele apertou, sem despegar de Jacinto os olhos, que se dilatavam mais negros. E mandei vir outro copo, apresentei Jacinto, que corara, embaraçado. - Pois aqui o tem, o senhor de Tormes, que fez por aí todo esse bem à pobreza. O velho atirou para ele bruscamente o braço, que saía, cabeludo e quase negro, de uma manga muito curta. - A mão! E quando Jacinto lha deu, depois de arrancar vivamente a luva, João Torrado longamente lha reteve com um sacudir lento e pensativo, murmurando: - Mão real, mão de dar, mão que vem de cima, mão já rara! [...] Eu então debrucei a face para ele, mais em confidência: - Mas, ó tio João, ouça cá! Sempre é certo você dizer por aí, pelos sítios, que el-rei D. Sebastião voltara? Eça de Queirós. A cidade e as serras. a) No trecho, Jacinto é chamado, pelo velho, de “Pai dos Pobres”. Essa qualificação indica que Jacinto mantinha com os pobres da serra uma relação democrática e igualitária? Justifique sua resposta. Apesar de ter sido chamado pelo velho de “Pai dos pobres”, não podemos considerar a relação de Jacinto com eles como democrática e igualitária. Percebe-se, na obra, uma transformação profunda do protagonista após a mudança para Tormes, mas ele vive a consciência de ser Senhor das terras mantendo o status quo de que sempre desfrutou b) Tendo em vista o contexto da obra, explique sucintamente por que o narrador, no final do trecho, se refere a “el-rei D. Sebastião”. D. Sebastião, rei de Portugal e esperança de reconstituição do Grande Império Português, desapareceu em 1578 sem deixar herdeiros. Sua figura mítica permanece no imaginário do povo, que espera seu retorno. Assim, a relação entre “El-rei” e Jacinto torna-se clara: por proteger os pobres, a figura do protagonista pode ser tida como a realização da mitológica volta do grande rei aos olhos da população esperançosa.
  • 5. CURSO PREPARATÓRIO PARA O ENEM EDUCADORA CRISTIANE LITERATURA A CIDADE E AS SERRAS ENEM 1. Leia o trecho seguinte, pertencente ao romance A cidade e as serras, de Eça de Queirós: Por uma conclusão bem natural, a idéia de Civilização, para Jacinto, não se separava da imagem de Cidade, duma enorme Cidade, com todos os seus vastos órgãos funcionando poderosamente. Nem este meu supercivilizado amigo compreendia que longe de armazéns servidos por três mil caixeiros; e de Mercados onde se despejam os vergéis e lezírias de trinta províncias; e de Bancos em que retine o ouro universal; e de Fábricas fumegando com ânsia, inventando com ânsia; e de Bibliotecas abarrotadas, a estalar, com a papelada dos séculos; e de fundas milhas de ruas, cortadas, por baixo e por cima, de fios de telégrafos, de fios de telefones, de canos de gases, de canos de fezes; e da fila atroante dos ônibus, tramas, carroças, velocípedes, calhambeques, parelhas de luxo; e de dois milhões duma vaga humanidade, fervilhando, a ofegar, através da Polícia, na busca dura do pão ou sob a ilusão do gozo – o homem do século XIX pudesse saborear, plenamente, a delícia de viver! A partir da leitura do trecho acima, pode-se afirmar que, para Jacinto: a) a ideia de civilização está associada à vida distanciada da balbúrdia da cidade, com seus mercados, bancos, fábricas e bibliotecas. b) a civilização é indissociável da cidade, que deve estar aparatada com o que há de mais moderno em termos de técnica produzida pelo homem. c) civilização e cidade são inseparáveis, apesar de Jacinto condenar o exagero de atividade existente na cidade. d) a busca dura do pão e a ilusão do gozo só podem se realizar plenamente quando a cidade possui fios de telégrafos e de telefones e canos de gases e de fezes. e) a delícia de viver, para o homem do século XIX, se manifesta na vida no campo, longe da cidade e da civilização.
  • 6. 2. Leia os textos a seguir: Aqui tens tu, Zé Fernandes - começou Jacinto, encostado à janela do mirante -, a teoria que me governa, bem comprovada. Com estes olhos que recebemos da Madre natureza, lestos e sãos, nós podemos apenas distinguir além, através da Avenida, naquela loja, uma vidraça alumiada. Mais nada! Se eu, porém, aos meus olhos juntar os dois vidros simples dum binóculo de corridas, percebo, por trás da vidraça, presuntos, queijos, boiões de geléia e caixas de ameixa seca. Concluo, portanto, que é uma mercearia. Obtive uma noção: tenho sobre ti, que com os olhos desarmados vês só o luzir da vidraça, uma vantagem positiva. Se agora, em vez destes vidros simples, eu usasse os do meu telescópio, de composição mais científica, poderia avistar além, no planeta Marte, os mares, as neves, os canais, o recorte dos golfos, toda a geografia dum astro que circula a milhares de léguas dos Campos Elísios. É outra noção, e tremenda! Tens aqui, pois, o olho primitivo, o da Natureza, elevado pela Civilização à sua máxima potência de visão. E desde já, pelo lado do olho, portanto, eu, civilizado, sou mais feliz que o incivilizado, porque descubro realidades do Universo que ele não suspeita e de que está privado. Eça de Queirós. A cidade e as serras. Essa busca insaciável pelas novidades eletrônicas se deve, em parte, à velocidade impressionante com que produtos inovadores surgem no mercado e são alardeados pela publicidade. Mais importante que isso, contudo, é que os aparelhos eletrônicos pessoais, principalmente os celulares, deixaram de pertencer apenas à categoria das ferramentas utilitárias. Exibi-los tornou-se uma forma de expressão pessoal, como no caso das roupas. Carlos Rydlewski. “Tanta novidade até confunde.” Veja.com, jul. 2007. Da comparação entre os textos pode-se concluir que: a) ambos os textos valorizam a tecnologia, que permite que o homem se relacione de maneira mais proveitosa com a realidade, permitindo que ele tenha uma visão mais completa e elevada do mundo. b) ambos os textos contêm a ideia de que a tecnologia é prejudicial ao homem, porque o afasta da natureza, transformando sua relação com o mundo em algo excessivamente artificial. c) o primeiro texto, do século XIX, destaca o caráter de manifestação da individualidade que a tecnologia pode proporcionar ao homem; o segundo, do século XXI, exalta a praticidade e a funcionalidade em que a tecnologia se transformou atualmente. d) o primeiro texto, do século XIX, demonstra o entusiasmo com a tecnologia e as novas possibilidades que ela proporcionou ao homem de se relacionar com o mundo; o segundo, do século XXI, revela que houve uma transformação, pois a tecnologia deixou de ser somente útil para se tornar símbolo de status. e) o primeiro texto, do século XIX, veicula o preconceito da sociedade da época, que via a tecnologia como algo prejudicial ao homem; o segundo, do século XXI, demonstra como o homem se tornou melhor a partir do desenvolvimento tecnológico.