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As Reformas Religiosas
-Manifestações de confronto com a Igreja de Roma, as quais deram origem a religiões e igrejas
(denominadas igrejas protestantes) que, embora cristãs, escapavam à doutrina e ao poder
impostos por Roma
-Referem-se às reações da Igreja à sua própria crise e ao avanço do protestantismo, a qual fora
denominada Contrarreforma
-Expressam a superação da estrutura religiosa medieval e feudal, não apenas no que toca à fé
católica, mas em seus aspectos econômico, sociais e políticos. Há, nas Reformas, a influência do
Renascimento Cultural, por exemplo, no sentido de romper com o monopólio cultural exercido
pela Igreja Católica na Idade Média
-Desde a Baixa Idade Média, a Igreja vinha sofrendo uma forte pressão, até mesmo interna, por
modificações na sua teologia e por uma abertura aos novos anseios intelectuais trazidos pelas
transformações que a Europa vinha conhecendo
-O Humanismo foi, em primeiro momento, absorvido pela própria Igreja, através das
universidades e pela nova teologia, representada pelo tomismo. As universidades foram um
canal por onde a influência do pensamento humanístico pode penetrar, ao mesmo tempo em que
o tomismo fundia a fé com elementos do racionalismo greco-romano
-Esses elementos mostram a pressão sobre a Igreja no sentido de uma modernização, ou seja, de
uma reforma
-Era percebida a inadequação da Instituição à modernidade, provocando uma reação dentro da
Igreja, como o movimento de Cluny. Há um intenso crescimento das críticas ao comportamento
da Igreja, opondo-se ao seu excessivo materialismo, envolvimento político, à sua excessiva
riqueza e a alguns dogmas fundamentais do pensamento católico
Fatores gerais das Reformas
->A Igreja
-Desvirtuamento da Igreja e sua incapacidade de dar resposta aos anseios espirituais dos fiéis,
em uma era marcada por profundas angústias e transformações, como a que a Europa visava,
pelo fato dela ser a principal possuidora de terras na Europa, bem como a instituição mais
poderosa politicamente, colocava-a ao lado da nobreza como a beneficiária e a responsável pela
manutenção da estrutura feudal
-Ainda contava com o celibato clerical (proibição dos membros do clero de casarem e terem
filhos), fazendo com que não houvessem herdeiros para as terras ocupadas pelos mesmos, as
quais eram de interesse para a nobreza, pois os lotes estavam escassos, prejudicando os nobres,
os quais necessitavam manter seus vínculos à Igreja, única instituição que tinha terras para doar.
Com isso, houve a criação da tradição de o segundo filho nobre se ingressar no clero
-Isso fez com que houvessem muitos nobres em meio ao clero. A tendência era que as
investiduras (nomeações para a ocupação de cargos na alta hierarquia da Igreja) obedecessem a
critérios que passavam muito longe da vocação ou formação religiosa, já que eram feitas em
consideração ao grau de riqueza, de poder e os benefícios que a aliança com que tal família
pudesse trazer à Igreja
-Essa prática levou a problemas decorrentes da constante disputa com os poderes temporais para
a ocupação de cargos e terras. Levou, também, a um clero inadequado às suas funções
religiosas, já que eram compostos por nobres com o intuito de conseguir cargos, levando ao
rompimento do celibato clerical
-Essa constante doação de terras e aumento de renda levou a Igreja a intensificar a venda de
cargos eclesiásticos e relíquias supostamente sagradas, ambas ações chamadas de simonia.
Houve, também, a venda de indulgências, ou seja, do perdão de Deus aos pecados cometidos
pelo homem, através das boas obras praticadas, como pagamento de dízimo
-A reação dos fiéis a esse desvirtuamento foi intensificada, manifestando-se no crescimento das
heresias, ou seja, do que é contrário aos dogmas da Igreja, ameaçando-a, fazendo com que a
mesma instituísse o Tribunal do Santo Ofício, ou Inquisição
-Houveram reações dentro do próprio clero, através do crescimento do clero regular, o qual
defendia uma vida baseada em uma rígida regra de conduta, estabelecida em votos como o de
castidade e pobreza
A política
-Os reis, ao buscarem se fortalecer politicamente, entraram em choque com o poder da Igreja,
fazendo-os romper com a mesma e criar uma nova Igreja sob seu comando, ou apoiar o
surgimento de novas Igrejas
-Com o crescimento do comércio, os dogmas da Igreja de condenação à usura e ao lucro
excessivo, representavam um forte obstáculo à burguesia, a qual queria romper, também, com a
instituição e criar uma nova religião para qual as suas práticas de lucro não fossem pecado, mas
sim dignificantes para o homem
A cultura
-Culturalmente, as reformas protestantes encontram suas origens no Renascimento Cultural, o
qual possuía o racionalismo desenvolvido e a ampliação do mundo
-Os pré-reformistas, como John Wycliff, o qual atacou o sistema eclesiástico e a opulência do
clero, pregando o confisco das propriedades eclesiásticas da Inglaterra e o retorno do clero à
condição de pobreza material do cristianismo primitivo, onde tudo era de todos e, portanto, a
Igreja deveria desapropriar as terras e doá-las ao povo
-John Huss seguiu as ideias de Wycliff, insistindo serem as Sagradas Escrituras a verdadeira
fonte de toda fé. Liderou os anseios de independência da Boêmia, que pertencia ao Sacro
Império, deflagrou sucessivas lutas regionais, transformando-se em herói nacional tcheco,
símbolo de liberdade política e religiosa
Reforma de Lutero
-Século XVI – Teve origem na Alemanha, liderado por um monge agostiniano chamado
Martinho Lutero
-O Sacro Império, criado no século XI, ainda tentou, durante o século XVI, oferecer alguma
resistência ao poder de Roma, porém a vitória do papado na Querela das Investiduras
aprofundou o poder político da Igreja na região
-Ao mesmo tempo, inúmeros governantes locais lutavam por maior autonomia política frente ao
Império e ao seu grande obstáculo, a Igreja. Isso deu origem a crises políticas, disputas locais e
reações contra o fato de a Igreja ser detentora de mais de um terço das terras cultiváveis, entre
outras manifestações
-Esse poder da Igreja propiciava a venda de indulgências e relíquias, fazendo com que o papa
Leão X encarregasse o dominicano John Tetzel de realizar uma maciça venda de indulgências
através do Sacro Império
-O duque Frederico da Saxônia se voltou contra essa prática, impedindo a entrada de tetzel em
seu território, sob alegação de a Igreja ter feito um acordo com o Fugger, família de banqueiros
alemães, no qual estes emprestavam à Igreja o dinheiro necessário em troca de garantia de
metade da renda obtida com a venda de indulgências
-Com o apoio de Frederico, Lutero, envolveu-se nesse conflito
-Em 1517, Lutero fixou na porta da catedral de Wittenberg, um documento intitulado As 95
teses contra as indulgências, no qual Lutero fez críticas severas às práticas da Igreja, denunciou
o uso do dinheiro das indulgências para financiar o luxo de clero, o desregramento, bem como
se posicionou contra alguns dogmas da Igreja
-Ao afirmar que as indulgências eram incorretas, pois a salvação do fiel dá-se pela fé e não
pelos atos por ele praticados, Lutero remontava às concepções de seu inspirador, Santo
Agostinho. Porém as concepções agostinianas, em parte, foram abandonadas pela Igreja
Medieval em favor do tomismo. Dessa forma, um dos dogmas mais fortes da Igreja era o de que
o fiel obtém a salvação pelas boas obras
-Do ponto de vista da Igreja, essa negação de Lutero levava à heresia, expondo-se assim à açõa
da Inquisição
-Excomungado como herege, em 1520, Lutero recusou-se também a se retratar na Dieta de
Worms (Parlamento), convocada pelo imperador Carlos V, e composta por todos os nobres
laicos e eclesiásticos do Sacro Império. Estes tinham interesse em apoiar Lutero, pois os nobres
sobrevivem dos impostos cobrados dos burgueses, porém a Igreja é contra a burguesia,
causando conflitos com a nobreza, além de serem interessados em limitar o poder do imperados,
defensor do catolicismo. Foram os príncipes da alta nobreza que ocultaram Lutero em um
castelo em Baviera, impedindo sua execução
-Durante 3 anos em que ficou oculto, Lutero traduziu a Bíblia para o alemão, para tornar o
conhecimento mais difundido para a população, provando o quanto a Igreja se afastou dos
propósitos cristãos. Grande parte dos príncipes alemães declarou-se adepta da nova religião,
fazendo com que o imperador Carlos V percebesse a ameaça contra seu poder, impondo o
catolicismo como religião oficial, fazendo os príncipes protestarem contra essa ação (por isso o
nome protestante), dando início a um longo processo de guerras de religião no Sacro Império
-Além do apoio da nobreza, Lutero também teve o apoio dos camponeses, já que viram nos
ataques à Igreja uma oportunidade de reduzirem o grau de desigualdade e exploração a que
estavam submetidos. Várias revoltas camponesas eclodiram, a principal delas foi liderada por
Thomas Muntzel. Influenciado pela reforma luterana, Muntzel organizou os camponeses alemãs
em uma revolta de grandes proporções, tentando confiscar terras notadamente da Igreja. A
crença no milenarismo (nos últimos dias antes do fim do mundo, Deus habitará a Terra trazendo
paz aos escolhidos) era um componente importante na ação de Muntzel, pois nela se pregava
uma segunda vinda de Cristo. O milenarismo havia gerado força no Sacro Império com os
anabatistas, uma seita também condenada por heresia e que tinha Muntzel como líder
-Lutero voltou-se violentamente contra esses movimentos, não apenas pelo fato de contrariarem
suas posições religiosas, mas também por estar dependente do apoio dos nobres
-Em 1527, Lutero, juntamente com Melanchton, elaborou a Confissão de Augsburgo que
estabelecia os princípios da nova doutrina, as Escrituras Sagradas eram o único dogma da nova
religião, a fé era vista como a única fonte da salvação, a livre interpretação da Bíblia era
possível, a negação da transubstanciação e a crença de que a presença de Cristo na eucaristia era
espiritual, a adoção do alemão e não mais do latim como idioma nos cultos religiosos, a
submissão da Igreja ao Estado e a manutenção de apenas dois sacramentos, o batismo e a
eucaristia
-A Dieta de Augsburgo permitiu que cada príncipe escolhesse sua religião, que passaria ser
também a de seus súditos
Reforma de Calvino
-Encontra suas raízes nas transformações sociais e de pensamento advindas da superação do
mundo feudal e do desenvolvimento de uma nova sociedade urbana e fortemente vinculada às
praticas mercantis
-A Suíça está localizada no centro geográfico da Europa, esse fato, aliado às montanhas que
cercam o país, tornando-o quase invulnerável a invasões, possibilitou uma grande concentração
de capitais na região. Algumas cidades particularmente Genebra, tornaram-se centros
financeiros desde a Idade Média, com grandes bancos e uma forte burguesia local. Além da
Suíça estando dividida em cantões politicamente autônomos
-As ideias reformistas de Lutero penetraram ali através de um discípulo dele, UlrichZwinglio,
recebendo forte acolhida junto à burguesia local. A pregação de Zwiglio já havia gerado um
violento conflito entre reformistas e católicos entre 1529 e 1531. Essa guerra civil fora
encerrada com a Paz de Kappel, que dava autonomia religiosa aos vários cantões suíços
-Essa situação atraiu, para as cidades suíças, vários líderes reformistas perseguidos na Europa.
Entre eles, João Calvino que, fugindo da perseguição aos protestantes na França, refugiou-se na
cidade de Genebra. Já em 1536, Calvino publicou na obra Instituição da Religião Cristã, na qual
ele apresentava uma ruptura bem mais sensível com os dogmas católicos do que as ideias de
Lutero e de Zwinglio. Segundo sua visão, a salvação só se alcança por meio da fé, mas ela é
concedida por Deus a alguns eleitos (predestinação), sendo o homem pecador por natureza. O
culto foi ainda mais simplificado, resumindo-se a comentários bíblicos feitos por sacerdotes em
uma igreja simples e sem imagens. Exemplo de Lutero, apenas o batismo e a eucaristia foram
conservados e, nesta última, também abandonando-se a ideia de transubstanciação
-Calvino foi aceito pela elite local, sendo elevado à condição de um líder religioso e político e,
por meio das Ordenações Eclesiáticas, implantou leis rígidas, que davam à sua Igreja o controle
total sobre a vida religiosa, moral e política dos cidadãos. A nova Igreja se dividiu em fiéis,
pastores e um conselho, o Consistório, que possuía amplos poderes
-O Consistório, composto por três pastores e doze representantes da sociedade local, eleitos por
um conselho municipal, tinha poderes para regular cada aspecto do comportamento do cidadão
-As ideias de Clavino difundiram-se rapidamente, muito mais do que as ideias luteranas, o que é
outra mostra de seu envolvimento com a sociedade urbana em formação. Na França, os
calvinistas foram chamados de huguenotes. Na Inglaterra, pelo tipo de comportamento
preconizado pelos calvinistas, foram chamados de puritanos
Reforma Anglicana
-Na Inglaterra, foi conduzida diretamente pelo rei Henrique VII, fazendo-se perceber que essa
reforma tinha um caráter muito mais político do que religioso
-A dinastia Tudor nasceu em um quadro de fortalecimento do poder real na Inglaterra, após o
esmagamento da nobreza na Guerra das Duas Rosas. O primeiro Tudor, Henrique VII, procurou
consolidar esse poder, esbarrando, porém, no forte poder político e econômico exercido pela
Igreja no país
-Foi seu filho, Henrique VIII, que vislumbrou a oportunidade de se voltar contra esse poder. Em
meio à crise provocada no Sacro Império pelo movimento luterano, Henrique VIII aproveitou-se
do momento para confrontar o papado
-Casado com Catarina de Aragão, Henrique VIII tivera uma filha, Mary. Porém Catarina estava
impossibilitada de ter outros filhos, colocando a sucessão do trono em risco, já que não tinha
filhos homens
-Henrique VIII alegava o risco de morrer sem um herdeiro, o que tornava o rei da Espanha e
Imperador do Sacro Império, Carlos V, sobrinho de Catarina, um dos pretendentes ao trono
inglês
-Alegando a necessidade de um herdeiro, Henrique solicitara ao papa a anulação de seu
casamento com Catarina, criando conflitos, já que Henrique tinha plena certeza que o papa não
iria contra Carlos V, seu principal aliado contra a reforma luterana
-Com a recusa do papa, Henrique VIII anulou por conta própria seu casamento, casando com
Ana Bolena. Excomungado pelo papa, Henrique reagiu, com o Ato de Supremacia, por meio do
qual criou uma igreja nacional, a Igreja Anglicana, da qual era chefe. Confiscou os bens do
clero na Inglaterra, distribuindo-os entre a gentry, a camada composta por pequenos e médios
proprietário rurais
-A reforma Anglicana completou-se no reinado de Elizabeth I, com a Lei dos 39 Artigos.
Adotou o calvinismo como conteúdo doutrinário, mas manteve a forma católica
A Reforma Católica e a Contrarreforma
-Impunha-se uma reforma para moralizar o clero e, ao mesmo tempo, desencadear o combate às
novas religiões, consideradas heresias
-Era impossível realizar uma ampla reforma sem convocar um concílio, mas sua convocação
implicaria na diminuição da autoridade pontificial, ou até mesmo na tutela do papa pelos bispos
-Houve, então, o surgimento da Companhia de Jesus por obra de Ignácio de Loyola. Os jesuítas,
os chamados (soldados de Cristo), devotando uma cega obediência ao papa, encarregaram-se de
organizar um concílio
-Enquanto aguardava a instalação do concílio, o Papa Paulo III tomou medidas para combater o
protestantismo, através da reativação da Inquisição (ou Tribunal do Santo Ofício)
-O Concílio de Trento produziu uma Igreja reformada, embora os dogmas católicos não
sofressem alteração: o princípio da salvação pelas boas obras foi confirmado; o culto à Virgem e
aos santos foi reafirmado. Além dos dogmas, foram mantidos a infalibilidade papal (escolhido
por Deus), o celibato clerical e a indissolubilidade do casamento. Graças às pressões dos
jesuítas, a autoridade papal foi reforçada e a disciplina do clero restabelecida: fixaram-se
condições e idades mínimas para o exercício das funções eclesiásticas, o acúmulo de bispados e
paróquias foi proibido, assim como a venda de indulgências
-Com a Igreja revigorada, os católicos dedicaram-se à Contrarreforma, com o combate às
religiões protestantes. Internamente, a Inquisição encarregou-se de manter o controle sobre as
populações católicas, perseguindo os heréticos e contendo a difusão de outras religiões
-Externamente, procurou-se reconquistar as áreas perdidas para os protestantes por meio da
educação, através dos jesuítas, que fundaram vários colégios na Europa
-O maior êxito deu-se pela difusão do catolicismo entre os povos pagãos por meio da catequese.
Graças ao controle ibérico sobre a maioria da América, as massas indígenas foram convertidas

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As reformas religiosas

  • 1. As Reformas Religiosas -Manifestações de confronto com a Igreja de Roma, as quais deram origem a religiões e igrejas (denominadas igrejas protestantes) que, embora cristãs, escapavam à doutrina e ao poder impostos por Roma -Referem-se às reações da Igreja à sua própria crise e ao avanço do protestantismo, a qual fora denominada Contrarreforma -Expressam a superação da estrutura religiosa medieval e feudal, não apenas no que toca à fé católica, mas em seus aspectos econômico, sociais e políticos. Há, nas Reformas, a influência do Renascimento Cultural, por exemplo, no sentido de romper com o monopólio cultural exercido pela Igreja Católica na Idade Média -Desde a Baixa Idade Média, a Igreja vinha sofrendo uma forte pressão, até mesmo interna, por modificações na sua teologia e por uma abertura aos novos anseios intelectuais trazidos pelas transformações que a Europa vinha conhecendo -O Humanismo foi, em primeiro momento, absorvido pela própria Igreja, através das universidades e pela nova teologia, representada pelo tomismo. As universidades foram um canal por onde a influência do pensamento humanístico pode penetrar, ao mesmo tempo em que o tomismo fundia a fé com elementos do racionalismo greco-romano -Esses elementos mostram a pressão sobre a Igreja no sentido de uma modernização, ou seja, de uma reforma -Era percebida a inadequação da Instituição à modernidade, provocando uma reação dentro da Igreja, como o movimento de Cluny. Há um intenso crescimento das críticas ao comportamento da Igreja, opondo-se ao seu excessivo materialismo, envolvimento político, à sua excessiva riqueza e a alguns dogmas fundamentais do pensamento católico Fatores gerais das Reformas ->A Igreja -Desvirtuamento da Igreja e sua incapacidade de dar resposta aos anseios espirituais dos fiéis, em uma era marcada por profundas angústias e transformações, como a que a Europa visava, pelo fato dela ser a principal possuidora de terras na Europa, bem como a instituição mais poderosa politicamente, colocava-a ao lado da nobreza como a beneficiária e a responsável pela manutenção da estrutura feudal -Ainda contava com o celibato clerical (proibição dos membros do clero de casarem e terem filhos), fazendo com que não houvessem herdeiros para as terras ocupadas pelos mesmos, as quais eram de interesse para a nobreza, pois os lotes estavam escassos, prejudicando os nobres, os quais necessitavam manter seus vínculos à Igreja, única instituição que tinha terras para doar. Com isso, houve a criação da tradição de o segundo filho nobre se ingressar no clero
  • 2. -Isso fez com que houvessem muitos nobres em meio ao clero. A tendência era que as investiduras (nomeações para a ocupação de cargos na alta hierarquia da Igreja) obedecessem a critérios que passavam muito longe da vocação ou formação religiosa, já que eram feitas em consideração ao grau de riqueza, de poder e os benefícios que a aliança com que tal família pudesse trazer à Igreja -Essa prática levou a problemas decorrentes da constante disputa com os poderes temporais para a ocupação de cargos e terras. Levou, também, a um clero inadequado às suas funções religiosas, já que eram compostos por nobres com o intuito de conseguir cargos, levando ao rompimento do celibato clerical -Essa constante doação de terras e aumento de renda levou a Igreja a intensificar a venda de cargos eclesiásticos e relíquias supostamente sagradas, ambas ações chamadas de simonia. Houve, também, a venda de indulgências, ou seja, do perdão de Deus aos pecados cometidos pelo homem, através das boas obras praticadas, como pagamento de dízimo -A reação dos fiéis a esse desvirtuamento foi intensificada, manifestando-se no crescimento das heresias, ou seja, do que é contrário aos dogmas da Igreja, ameaçando-a, fazendo com que a mesma instituísse o Tribunal do Santo Ofício, ou Inquisição -Houveram reações dentro do próprio clero, através do crescimento do clero regular, o qual defendia uma vida baseada em uma rígida regra de conduta, estabelecida em votos como o de castidade e pobreza A política -Os reis, ao buscarem se fortalecer politicamente, entraram em choque com o poder da Igreja, fazendo-os romper com a mesma e criar uma nova Igreja sob seu comando, ou apoiar o surgimento de novas Igrejas -Com o crescimento do comércio, os dogmas da Igreja de condenação à usura e ao lucro excessivo, representavam um forte obstáculo à burguesia, a qual queria romper, também, com a instituição e criar uma nova religião para qual as suas práticas de lucro não fossem pecado, mas sim dignificantes para o homem A cultura -Culturalmente, as reformas protestantes encontram suas origens no Renascimento Cultural, o qual possuía o racionalismo desenvolvido e a ampliação do mundo -Os pré-reformistas, como John Wycliff, o qual atacou o sistema eclesiástico e a opulência do clero, pregando o confisco das propriedades eclesiásticas da Inglaterra e o retorno do clero à condição de pobreza material do cristianismo primitivo, onde tudo era de todos e, portanto, a Igreja deveria desapropriar as terras e doá-las ao povo -John Huss seguiu as ideias de Wycliff, insistindo serem as Sagradas Escrituras a verdadeira fonte de toda fé. Liderou os anseios de independência da Boêmia, que pertencia ao Sacro Império, deflagrou sucessivas lutas regionais, transformando-se em herói nacional tcheco, símbolo de liberdade política e religiosa
  • 3. Reforma de Lutero -Século XVI – Teve origem na Alemanha, liderado por um monge agostiniano chamado Martinho Lutero -O Sacro Império, criado no século XI, ainda tentou, durante o século XVI, oferecer alguma resistência ao poder de Roma, porém a vitória do papado na Querela das Investiduras aprofundou o poder político da Igreja na região -Ao mesmo tempo, inúmeros governantes locais lutavam por maior autonomia política frente ao Império e ao seu grande obstáculo, a Igreja. Isso deu origem a crises políticas, disputas locais e reações contra o fato de a Igreja ser detentora de mais de um terço das terras cultiváveis, entre outras manifestações -Esse poder da Igreja propiciava a venda de indulgências e relíquias, fazendo com que o papa Leão X encarregasse o dominicano John Tetzel de realizar uma maciça venda de indulgências através do Sacro Império -O duque Frederico da Saxônia se voltou contra essa prática, impedindo a entrada de tetzel em seu território, sob alegação de a Igreja ter feito um acordo com o Fugger, família de banqueiros alemães, no qual estes emprestavam à Igreja o dinheiro necessário em troca de garantia de metade da renda obtida com a venda de indulgências -Com o apoio de Frederico, Lutero, envolveu-se nesse conflito -Em 1517, Lutero fixou na porta da catedral de Wittenberg, um documento intitulado As 95 teses contra as indulgências, no qual Lutero fez críticas severas às práticas da Igreja, denunciou o uso do dinheiro das indulgências para financiar o luxo de clero, o desregramento, bem como se posicionou contra alguns dogmas da Igreja -Ao afirmar que as indulgências eram incorretas, pois a salvação do fiel dá-se pela fé e não pelos atos por ele praticados, Lutero remontava às concepções de seu inspirador, Santo Agostinho. Porém as concepções agostinianas, em parte, foram abandonadas pela Igreja Medieval em favor do tomismo. Dessa forma, um dos dogmas mais fortes da Igreja era o de que o fiel obtém a salvação pelas boas obras -Do ponto de vista da Igreja, essa negação de Lutero levava à heresia, expondo-se assim à açõa da Inquisição -Excomungado como herege, em 1520, Lutero recusou-se também a se retratar na Dieta de Worms (Parlamento), convocada pelo imperador Carlos V, e composta por todos os nobres laicos e eclesiásticos do Sacro Império. Estes tinham interesse em apoiar Lutero, pois os nobres sobrevivem dos impostos cobrados dos burgueses, porém a Igreja é contra a burguesia, causando conflitos com a nobreza, além de serem interessados em limitar o poder do imperados, defensor do catolicismo. Foram os príncipes da alta nobreza que ocultaram Lutero em um castelo em Baviera, impedindo sua execução
  • 4. -Durante 3 anos em que ficou oculto, Lutero traduziu a Bíblia para o alemão, para tornar o conhecimento mais difundido para a população, provando o quanto a Igreja se afastou dos propósitos cristãos. Grande parte dos príncipes alemães declarou-se adepta da nova religião, fazendo com que o imperador Carlos V percebesse a ameaça contra seu poder, impondo o catolicismo como religião oficial, fazendo os príncipes protestarem contra essa ação (por isso o nome protestante), dando início a um longo processo de guerras de religião no Sacro Império -Além do apoio da nobreza, Lutero também teve o apoio dos camponeses, já que viram nos ataques à Igreja uma oportunidade de reduzirem o grau de desigualdade e exploração a que estavam submetidos. Várias revoltas camponesas eclodiram, a principal delas foi liderada por Thomas Muntzel. Influenciado pela reforma luterana, Muntzel organizou os camponeses alemãs em uma revolta de grandes proporções, tentando confiscar terras notadamente da Igreja. A crença no milenarismo (nos últimos dias antes do fim do mundo, Deus habitará a Terra trazendo paz aos escolhidos) era um componente importante na ação de Muntzel, pois nela se pregava uma segunda vinda de Cristo. O milenarismo havia gerado força no Sacro Império com os anabatistas, uma seita também condenada por heresia e que tinha Muntzel como líder -Lutero voltou-se violentamente contra esses movimentos, não apenas pelo fato de contrariarem suas posições religiosas, mas também por estar dependente do apoio dos nobres -Em 1527, Lutero, juntamente com Melanchton, elaborou a Confissão de Augsburgo que estabelecia os princípios da nova doutrina, as Escrituras Sagradas eram o único dogma da nova religião, a fé era vista como a única fonte da salvação, a livre interpretação da Bíblia era possível, a negação da transubstanciação e a crença de que a presença de Cristo na eucaristia era espiritual, a adoção do alemão e não mais do latim como idioma nos cultos religiosos, a submissão da Igreja ao Estado e a manutenção de apenas dois sacramentos, o batismo e a eucaristia -A Dieta de Augsburgo permitiu que cada príncipe escolhesse sua religião, que passaria ser também a de seus súditos Reforma de Calvino -Encontra suas raízes nas transformações sociais e de pensamento advindas da superação do mundo feudal e do desenvolvimento de uma nova sociedade urbana e fortemente vinculada às praticas mercantis -A Suíça está localizada no centro geográfico da Europa, esse fato, aliado às montanhas que cercam o país, tornando-o quase invulnerável a invasões, possibilitou uma grande concentração de capitais na região. Algumas cidades particularmente Genebra, tornaram-se centros financeiros desde a Idade Média, com grandes bancos e uma forte burguesia local. Além da Suíça estando dividida em cantões politicamente autônomos -As ideias reformistas de Lutero penetraram ali através de um discípulo dele, UlrichZwinglio, recebendo forte acolhida junto à burguesia local. A pregação de Zwiglio já havia gerado um violento conflito entre reformistas e católicos entre 1529 e 1531. Essa guerra civil fora encerrada com a Paz de Kappel, que dava autonomia religiosa aos vários cantões suíços
  • 5. -Essa situação atraiu, para as cidades suíças, vários líderes reformistas perseguidos na Europa. Entre eles, João Calvino que, fugindo da perseguição aos protestantes na França, refugiou-se na cidade de Genebra. Já em 1536, Calvino publicou na obra Instituição da Religião Cristã, na qual ele apresentava uma ruptura bem mais sensível com os dogmas católicos do que as ideias de Lutero e de Zwinglio. Segundo sua visão, a salvação só se alcança por meio da fé, mas ela é concedida por Deus a alguns eleitos (predestinação), sendo o homem pecador por natureza. O culto foi ainda mais simplificado, resumindo-se a comentários bíblicos feitos por sacerdotes em uma igreja simples e sem imagens. Exemplo de Lutero, apenas o batismo e a eucaristia foram conservados e, nesta última, também abandonando-se a ideia de transubstanciação -Calvino foi aceito pela elite local, sendo elevado à condição de um líder religioso e político e, por meio das Ordenações Eclesiáticas, implantou leis rígidas, que davam à sua Igreja o controle total sobre a vida religiosa, moral e política dos cidadãos. A nova Igreja se dividiu em fiéis, pastores e um conselho, o Consistório, que possuía amplos poderes -O Consistório, composto por três pastores e doze representantes da sociedade local, eleitos por um conselho municipal, tinha poderes para regular cada aspecto do comportamento do cidadão -As ideias de Clavino difundiram-se rapidamente, muito mais do que as ideias luteranas, o que é outra mostra de seu envolvimento com a sociedade urbana em formação. Na França, os calvinistas foram chamados de huguenotes. Na Inglaterra, pelo tipo de comportamento preconizado pelos calvinistas, foram chamados de puritanos Reforma Anglicana -Na Inglaterra, foi conduzida diretamente pelo rei Henrique VII, fazendo-se perceber que essa reforma tinha um caráter muito mais político do que religioso -A dinastia Tudor nasceu em um quadro de fortalecimento do poder real na Inglaterra, após o esmagamento da nobreza na Guerra das Duas Rosas. O primeiro Tudor, Henrique VII, procurou consolidar esse poder, esbarrando, porém, no forte poder político e econômico exercido pela Igreja no país -Foi seu filho, Henrique VIII, que vislumbrou a oportunidade de se voltar contra esse poder. Em meio à crise provocada no Sacro Império pelo movimento luterano, Henrique VIII aproveitou-se do momento para confrontar o papado -Casado com Catarina de Aragão, Henrique VIII tivera uma filha, Mary. Porém Catarina estava impossibilitada de ter outros filhos, colocando a sucessão do trono em risco, já que não tinha filhos homens -Henrique VIII alegava o risco de morrer sem um herdeiro, o que tornava o rei da Espanha e Imperador do Sacro Império, Carlos V, sobrinho de Catarina, um dos pretendentes ao trono inglês -Alegando a necessidade de um herdeiro, Henrique solicitara ao papa a anulação de seu casamento com Catarina, criando conflitos, já que Henrique tinha plena certeza que o papa não iria contra Carlos V, seu principal aliado contra a reforma luterana
  • 6. -Com a recusa do papa, Henrique VIII anulou por conta própria seu casamento, casando com Ana Bolena. Excomungado pelo papa, Henrique reagiu, com o Ato de Supremacia, por meio do qual criou uma igreja nacional, a Igreja Anglicana, da qual era chefe. Confiscou os bens do clero na Inglaterra, distribuindo-os entre a gentry, a camada composta por pequenos e médios proprietário rurais -A reforma Anglicana completou-se no reinado de Elizabeth I, com a Lei dos 39 Artigos. Adotou o calvinismo como conteúdo doutrinário, mas manteve a forma católica A Reforma Católica e a Contrarreforma -Impunha-se uma reforma para moralizar o clero e, ao mesmo tempo, desencadear o combate às novas religiões, consideradas heresias -Era impossível realizar uma ampla reforma sem convocar um concílio, mas sua convocação implicaria na diminuição da autoridade pontificial, ou até mesmo na tutela do papa pelos bispos -Houve, então, o surgimento da Companhia de Jesus por obra de Ignácio de Loyola. Os jesuítas, os chamados (soldados de Cristo), devotando uma cega obediência ao papa, encarregaram-se de organizar um concílio -Enquanto aguardava a instalação do concílio, o Papa Paulo III tomou medidas para combater o protestantismo, através da reativação da Inquisição (ou Tribunal do Santo Ofício) -O Concílio de Trento produziu uma Igreja reformada, embora os dogmas católicos não sofressem alteração: o princípio da salvação pelas boas obras foi confirmado; o culto à Virgem e aos santos foi reafirmado. Além dos dogmas, foram mantidos a infalibilidade papal (escolhido por Deus), o celibato clerical e a indissolubilidade do casamento. Graças às pressões dos jesuítas, a autoridade papal foi reforçada e a disciplina do clero restabelecida: fixaram-se condições e idades mínimas para o exercício das funções eclesiásticas, o acúmulo de bispados e paróquias foi proibido, assim como a venda de indulgências -Com a Igreja revigorada, os católicos dedicaram-se à Contrarreforma, com o combate às religiões protestantes. Internamente, a Inquisição encarregou-se de manter o controle sobre as populações católicas, perseguindo os heréticos e contendo a difusão de outras religiões -Externamente, procurou-se reconquistar as áreas perdidas para os protestantes por meio da educação, através dos jesuítas, que fundaram vários colégios na Europa -O maior êxito deu-se pela difusão do catolicismo entre os povos pagãos por meio da catequese. Graças ao controle ibérico sobre a maioria da América, as massas indígenas foram convertidas